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#SBCTPARATODOS
 Editorial Mensagem do Presidente

C aros toraceanos,
P rezados colegas,

Não temos como começar esta edição sem reluzir o Tórax2023. A
começar pela capa, o congresso vem com a força desvairada da
Pauliceia de Mário de Andrade. É chegar, cruzar a Ipiranga com
São João e seguir para Pinheiros; é instalar-se no centro de con-
venções Rebouças para desfrutar de todo o conhecimento cien-
tífico dos convidados nacionais e internacionais. O presidente
Paulo Pêgo Fernandes já martelou: será um congresso de peso
para a SBCT.
Ainda neste número traremos os jovens Mauro Razuk Filho e Pau-
la D'Ambrosio, destacando os primeiros passos para se escalar a
montanha íngreme da nossa especialidade. O texto é impecável
e tem sonoridade percussiva dos passos por essa extenuante via.
O texto conecta-se ao de JJ Camargo, na mesma edição: “Não se
sabe quantos médicos do futuro serão desempregados, mas de-
pois que se aprendeu que o ponto fraco da medicina robotizada
é lidar com os sentimentos humanos, porque esses, pela subje-
tividade das informações, não se conseguem incluir fluxogramas
que alimentam a máquina, ficou fácil identificar os profissionais
que serão precocemente substituídos pelo robô: aqueles que, por
rigidez afetiva, mais se pareçam com ele.”
Que tal revisitar um relicário da literatura médica estampada na
capa do Annals of thoracic surgery: “Concerning the Pancoast tu-
mor: what is the superior pulmonary sulcus?” O editorial de Jesse
Teixeira fará 40 anos em 2023. Discute não só a nomina anatômi-
ca do sulco pulmonar “superior” e sua relevância semântica, mas
também a digressão linguística. Não obstante, enaltece a contri-
buição do argentino Tobias para a descrição desta particularidade
anatômica peculiar ao câncer de pulmão. Propõem-se dupla au-
toria: Tobias-Pancoast. Um gesto de pura nobreza. Guardando as
devidas proporções, o editorial fez-nos lembrar o prêmio Nobel de
1962, pela estrutura e propriedades de DNA, que não reconheceu
Rosalind Franklin.
Porém. Ah, porém (escrevo no período momesco)... Seria um
editorial apenas de princípio estético? Sabe-se que Jesse Teixei-
ra sempre foi um cirurgião elegante, culto, mas o termo já é de
domínio público, e faz lembrar o ligamento pulmonar “inferior”,
revisitado nesta edição pelo Prof. Miguel Tedde (USP). Ele revisa
a eterna discussão se o ligamento pulmonar [...] deve ou não ser
liberado durante lobectomias superiores.
José Saramago, expressão da nossa língua, sobre tal discussão di-
ria: seria o mesmo que implantar novos braços na Vênus de Milos,
ou esperar que eles cresçam espontaneamente.
Boa leitura e bom congresso na terra da garoa...
Roger Normando
Editor do Jornal da SBCT – PA
Urge que façamos a revisão do nosso estatuto, e é imprescindível a participação de todos os associados. Para tal, dis-
ponibilizamos a redação do novo texto aberto a novas propostas e ideias, no site da SBCT (www.sbct.org.br/estatuto/),
onde ficará disponível até 17/03/2023. As sugestões de mudanças deverão ser encaminhadas por e-mail para
secretaria.andrea@sbct.org.br. Participe! Suas proposições serão muito valiosas e bem-vindas. O texto final será subme-
tido a aprovação em uma assembleia extraordinária, que será convocada para esse fim.
Estamos prontos para realizar mais um grande congresso da SBCT. Com a presidência do Dr. Paulo Pêgo, o Tórax 2023, jun-
to com a nossa diretoria e uma equipe de colegas voluntários, desenvolveu um programa com temas muito interessantes
e atuais que certamente atenderá às expectativas e exigências do nosso corpo de associados.
Finalmente, nosso belo livro “Manual de Oncologia Torácica”, parceria SBCT/GBOT, está pronto para ser consumido numa
leitura agradável e atualizada. Não deixe a oportunidade de adquirir essa obra magnífica, criada com muito esforço e
dedicação de todos os autores. Um sonho concluído.
E por falar em oncologia, ouvi, por esses dias, muito falar em tumor do sulco superior, aí lembrei-me do Prof. Jesse Tei-
xeira, que escreveu um editorial para o “The Annals of Thoracic Surgery”, em 1983. Bastou colocar um mote desses e
pedir para o nosso editor apreciar sobre o assunto. O resultado está ai, esse belo imperdível editorial, trazido por Roger
Normando.
Artur Gomes Neto
Presidente da SBCT – AL

Expediente Índice
Diretoria da SBCT
Presidente: Artur Gomes Neto
04 Inteligência emocional, a falta que faz
Por: JJ Camargo
Vice-presidente: Francisco Martins Neto
Secretário-Geral: Carlos Antonio Stabel Daudt
Tesoureira: Letícia Engber Odilon Villiger 06 A vida profissional depois da residência médica
Por: Paula Duarte D’Ambrosio, Mauro Razuk Filho
Diretor Científico: Daniel Oliveira Bonomi
Secretária de Assuntos Internacionais: Paula A. Ugalde
Endereço
08 Novo material nacional para o reparo minimamente inva-
sivo do pectus excavatum (MIRPE) Por: Miguel Tedde
Av. Paulista, 2073, Horsa I, cj. 518 | São Paulo/SP
CEP: 01311-300
Fone/fax: (11) 3253-0202
10 Um elo da Cirurgia Torácica mundial
Por: Paulo Manuel Pêgo Fernandes, Daniel Bonomi
Celular / WhatsApp: (11) 97036-9528
secretaria@sbct.org.br
www.sbct.org.br 14 O ligamento pulmonar inferior e as evidências científicas
Por: Miguel Tedde

Textos e Edição
Roger Normando 16 Por que fazer a prova de título de especialista?
Por: Juliana Dias
Editor do Jornal
Cinthya Brandão – Jornalista DRT/BA 2397
www.cinthyabrandao.com.br 18 Concerning the Pancoast Tumor: What Is the Superior
Pulmonary Sulcus? - Por: Jesse P. Teixeira, M.D.
Criação – D27 Design e Comunicação
www.d27.com.br

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SBCT.ORG.BR #SBCTPARATODOS
Inteligência emocional, a falta que faz
D e acordo com a psicologia moderna,
inteligência emocional é a capacida-
de de identificar e lidar com emoções e
sentimentos, nossos e dos outros. Se atri-
bui a Darwin, a primeira referência a essa
forma diferenciada de inteligência, ainda
que ele tenha se referido a ela como “ex-
pressão emocional”.
O principal autor que organizou concei-
tos e hierarquizou critérios de reconheci-
mento, foi Daniel Goleman, no seu famo-
so best seller, Emotional Intelligence, de
1995. O autor apresentou resultados de
novos estudos sobre a mente humana,
associando diversos aspectos da nossa
personalidade às habilidades cognitivas.
Entre as suas principais contribuições téc-
nicas, está a criação do conceito de Quo-
ciente Emocional (QE), que funcionaria
como um complemento ao Quociente de
Inteligência (QI). Segundo ele, a capacida-
de de uma pessoa de lidar com suas emo-
ções é muito mais importante que a sua
competência de processar informações.
É conhecida a experiência de empresas
que ao selecionarem candidatos a postos
de executivos incluíam entre as perguntas
formais algum relato que envolvia emo-
ção, para avaliar a reação dos entrevis-
tados, que ignoravam que um poderoso
4 5
zoom estava de tocaia a flagrar os olhos
secos, que deviam ser sumariamente eli-
minados.
Ora se inteligência emocional é festejada
como um pré-requisito de quem preten-
da interagir positivamente com colegas
ou comandados, ajudando-os a alcançar
um equilíbrio harmonioso no microcosmo
que eles frequentam, imagine-se então
que o alvo dessa dependência, seja um
paciente, com necessidades e carências
dos seres humanos normais, acrescido
da angústia do sofrimento, e do medo do
desconhecido. E concluiremos que não
há nenhuma atividade humana tão exi-
gente de inteligência emocional, quanto
a medicina.
Durante boa parte da minha formação
médica, ouvi professores de renome, re-
comendarem que devíamos manter uma
certa distância dos sentimentos dos pa-
cientes para que não comprometêssemos
a neutralidade indispensável nas tomadas
de decisão. Demorei anos para perceber
que estávamos diante de uns rígidos de
afeto, aliviados por terem encontrado
uma justificativa tola para a irrecuperável
falta de empatia.
Como ocorre com todas as mudanças de
SBCT.ORG.BR
comportamento, essa que é uma das ta-
refas mais desafiadoras da espécie huma-
na, foram necessários muitos anos para
que se percebessem os equívocos e se
recrutassem consciência e coragem para
mudar o rumo. Sem contar que, não raro,
estes atributos só são despertados pela
chegada de novos desafios, como tem
ocorrido na última década com os pro-
gressos desconcertantes da Inteligência
Artificial, e a certeza de que quem não se
adequar aos novos tempos, será atrope-
lado por ela.
Não se sabe quantos médicos do futuro
serão desempregados, mas depois que se
aprendeu que o ponto fraco da medicina
robotizada é lidar com os sentimentos hu-
manos, porque esses, pela subjetividade
das informações, não se conseguem in-
cluir fluxogramas que alimentam a máqui-
na, ficou fácil identificar os profissionais
que serão precocemente substituídos
pelo robô: aqueles que, por rigidez afeti-
va, mais se pareçam
com ele.
JJ Camargo
Ex-presidente da SBCT – RS
#SBCTPARATODOS
 A vida profissional depois
da residência médica
S ejamos diretos: a vida profissional depois da
residência médica só pode ser definida como
caótica. No entanto, se você pensa que isso é
muito ruim: alto lá! Muito pelo contrário. Sim,
as horas são longas e o dinheiro é, digamos, me-
nos que o desejado. Mas isso faz parte do cres-
cimento pessoal e profissional de cada um de
nós médicos.
A Medicina é um desafio honroso, como outros
na história. John F. Kennedy soube interpretar
como as ações dos nossos antepassados tem
o poder de influenciar na nossa vida atual. Em
um de seus memoráveis discursos ele descreve
como William Bradford, em sua fala, em 1630,
sobre a fundação da Colônia de Plymouth Bay,
disse que “todas as grandes e honrosas ações
são acompanhadas por grandes dificuldades, e
ambas devem ser empreendidas e superadas
com coragem que inspira confiança”. Mas por
que fazer Medicina? Por que fazer cirurgia? Por
que fazer Cirurgia Torácica? Em 1924, um jorna-
lista perguntou ao explorador britânico George
Mallory, antes de sua fatídica escalada ao Mon-
te Everest, do porquê ele queria escalá-lo. Ele
disse: "Porque está lá”. A Medicina, a cirurgia,
a Cirurgia Torácica estão lá para serem conquis-
tadas por residentes que se tornarão especialis-
tas. Assim sendo, escolhemos nos especializar-
mos justamente não por ser fácil, mas por ser
árduo. Afinal, isso torna o profissional que faz
residência diferenciado, mesmo que o começo
de sua carreira pareça seguir em passos mais
lentos quando comparadas a profissionais que
não passaram por esse processo.
Existem vários caminhos que podem ser cur-
sados após uma residência médica. Isso é uma
escolha individual, com base na aptidão e dispo-
sição de cada um de nós. Enquanto uns podem
escolher trabalhar, outros optam por fazer mes-
trado ou doutorado. Ao mesmo tempo existem
possibilidades de seguirmos nos aprimorando
por meio de novas residências e fellows ou ain-
da através de intercâmbios em outros serviços
e países.
Optar por um desses caminhos não é uma deci-
são fácil. São decisões pontuais, que moldarão
nossa vida e devem ser devidamente pondera-
das. Para um bom residente, não haverá falta de
oportunidades de trabalho, de possibilidades de
ingressar na equipe de um dos assistentes ou de
colegas de especialidade. Esse é o caminho que
a maioria de nós toma. É um caminho sensato,
que permite a criação de um plano de cresci-
mento profissional. É também um caminho se-
guro, pois, por melhor que seja nossa residên-
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SBCT.ORG.BR
cia, nada supera a experiência de um médico,
especialmente de um cirurgião. Dessa forma, o
ingresso em uma equipe promove aprendizado
e aprimoramento de uma forma mais íntima
que durante a residência.
Seguir carreira solo é um caminho possível, po-
rém difícil. Em grandes cidades, onde o merca-
do já está saturado, é quase impossível. Consi-
derando os gastos de criação de um consultório
e o tempo para um retorno desse investimento,
não é um caminho prático. Além disso, um cirur-
gião solo é mais vulnerável que um membro de
uma equipe especializada e respeitada.
GRAMPEADOR ELETRÔNICO
Por fim, ingressar em novas residências e fellows
possibilita um contato com pacientes de alta
complexidade e um aprendizado diferenciado
SMART
para quem pretende se tornar um especialista,
ou mesmo se aprofundar de em um dos muitos
braços de uma especialidade.
Se seguirmos na analogia de que a medicina e
suas especialidades são uma montanha, deve-
mos nos considerar seus exploradores. No en-
tanto, assim como George Mallory morreu no
NOVO!
Everest, nunca vamos atingir seu cume. Sempre
haverá novas descobertas e novos desafios,
como, por exemplo, foram o aparecimento da
videocirurgia e atualmente da cirurgia robótica.
Sistema de leitura de
Estas constantes mudanças nos farão trocar a
rota “atual” por uma melhor. A residência per-
impedância de tecido
mite que esse explorador tenha as ferramentas
adequadas para seguir nas novas rotas e chegar
cada vez mais perto do cume.
Fechamento, abertura e
Para os mestres, que nos ajudam a subir a mon-
tanha, nosso muito obrigado e para os amigos disparo “One Touch System”
que estão nessa escalada conosco, muito boa
sorte e lembrem-se de que juntos somos mais
fortes.
Sistema de disparo eletrônico
Paula Duarte D’Ambrosio
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tamanho de 30, 45 e 60mm
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#SBCTPARATODOS
Novo material nacional para o reparo
minimamente invasivo do pectus
excavatum (MIRPE)
E mbora alterações cardiorrespiratórias provocadas pelo pec-
tus excavatum (PE) não sejam frequentes, os sérios danos
psicológicos provocados, principalmente quando os pacientes
estão na fase de formação da personalidade, exigem que o PE
seja tratado. Nesse sentido, o reparo minimamente invasivo do
pectus excavatum (MIRPE) se tornou o estado da arte.
Ainda assim, dois pontos principais necessitavam melhora: a) o
material importado, disponível em nosso meio para essa cirur-
gia, ser precário; b) o problema de ocorrer deslocamento das
barras metálicas implantadas, com graves consequências para
os pacientes.
A Disciplina de Cirurgia Torácica do Instituto do Coração (In-
Cor) decidiu se debruçar sobre esse problema. Sob a liderança
do Prof. Paulo Pego, e com envolvimento de todo o grupo, fo-
ram conduzidos dois projetos de pesquisa* juntamente com
uma indústria nacional (Traumec Tecnologia e Implantes) que
resultaram no desenvolvimento de um novo material para rea-
lizar MIRPE. Esse material modificou substancialmente alguns
aspectos da cirurgia. Para que os colegas fiquem a par destas
novas possibilidades, iremos destacar características que com-
põe esse novo material:
a) Parafusos que são aplicados no esterno e permitem a sua
elevação (manobra de Crane). Essa manobra aumenta a segu-
rança da dissecção do túnel retroesternal e facilita a rotação
das barras, com impacto positivo no desfecho anatômico dos
casos.
8 9
SBCT.ORG.BR
Fig. 1 – Chave e parafusos de esterno que permitem a realização da
manobra de Crane.
O novo material também possibilita três técnicas diferentes para
fixar as barras metálicas:
b) Estabilizadores. São dois modelos, perpendiculares e oblí-
quos, em três tamanhos diferentes. Dessa forma, quando o ci-
rurgião optar por fixar a barra com estabilizadores, ele terá seis
opções diferentes para testar qual melhor se adapta ao tórax do
paciente.
Fig. 2 – Conjunto de estabilizadores perpendiculares e oblíquos nos for-
matos longo, assimétrico e curto.
c) Barras em sandwich. Conjunto de duas barras fixadas entre si
para serem colocadas acima e abaixo do osso esterno, impedin-
do o deslocamento das barras.
d) Pontes (bridges). Sistema dedicado para fixar duas ou mais
barras metálicas que podem ser implantadas em paralelo ou
em “X”. Esse sistema também permite corrigir pectus carinatum
(duas barras abaixo do esterno sustentado uma barra acima
pressionando o osso).
Fig. 3 – Barras em paralelo com extremidade direita fixada por pontes,
parafusos em “T” e porcas.
Como esse material é implantável, outra característica é muito
importante:
e) Todo o material foi desenvolvido em titânio, que reduz a chan-
ce de reações alérgicas.
O uso desse novo material tem dois resultados imediatos. O pri-
meiro é que, ao praticamente eliminar o risco de deslocamento
#SBCTPARATODOS
das barras metálicas, o procedimento se torna mais seguro. Com
isso, pacientes que procuravam por métodos não invasivos (que
não tem comprovação de eficácia) tenderão a optar mais pela
cirurgia.
E, em segundo lugar, os resultados obtidos com a cirurgia pas-
sam a ser muito melhores do ponto de vista anatômico e esté-
tico. Esse novo material tem permitido que casos que antes só
eram operados por técnica aberta (Ravitch) possam agora ser
corrigidos por MIRPE.
Dessa forma, os projetos desenvolvidos no InCor não só torna-
ram o MIRPE mais seguro e efetivo, mas também substituíram,
com vantagens, o material importado que era utilizado nessa
cirurgia. Sem dúvida se tratou de um caso de parceria universi-
dade/indústria que trouxe resultados concretos para a medicina
nacional. Entretanto, ainda há muito por fazer.
Por exemplo, esse material abre a possibilidade de correção de
pectus carinatum por via minimamente invasiva, e essa técnica
não está estabelecida. Além disso, um outro aspecto carece de
solução. Embora o novo material represente um avanço signifi-
cativo para o MIRPE, há que lembrar que esse material só está
disponível para os pacientes da saúde suplementar.
A busca por uma solução cirúrgica para o enorme contingente
de pacientes do SUS, ou de estabelecer uma técnica minima-
mente invasiva para o pectus carinatum, são desafios a serem
suplantados e o caminho para isso envolve novos projetos de
pesquisa. Isso representa oportunidades de
pesquisa cirúrgica que os colegas com inte-
resse em Parede Torácica têm pela frente.
* Projetos de pesquisa tiveram apoio financeiro
da Fapesp processo nº 2014/15290-7 e do Hos-
pital Alemão Oswaldo Cruz.
Miguel Tedde
Cirurgião Torácico - SP

O XXIII Congresso da Sociedade Brasilei-
ra de Cirurgia Torácica – Tórax 2023,
considerado o maior evento de Cirurgia
Torácica da América Latina, está se aproxi-
mando. O Congresso acontecerá nos dias
17 a 19 de maio de 2023, na cidade de
São Paulo, no Centro de Convenções Re-
bouças com formato totalmente presen-
cial, seguindo todas as recomendações e
medidas de segurança da OMS contra a
covid-19.
A programação científica foi elaborada
com grande cuidado para atender aos
interesses de todos: do jovem cirurgião
torácico que está iniciando na carreira, ao
pesquisador sênior que deseja apresentar
e dividir suas experiências com a finalida-
de de contribuir para o avanço da Cirurgia
Torácica em nosso país. Nossa programa-
ção contará com sessões interativas e di-
nâmicas, além da transmissão de cirurgias
Convidados Internacionais
Convidados Nacionais
ADRIAN SCHNER (Florianópolis / SC)
AIRTON SCHNEIDER (Porto Alegre / RS)
ALAN BRENO MOURA PONTES (Fortaleza / CE)
ALESSANDRO MARIANI (São Paulo / SP)
ALTAIR DA SILVA COSTA JR (São Paulo / SP)
ANA PAULA COIMBRA ISRAEL (Divinópolis / MG)
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Um elo da Cirurgia
Torácica mundial
ao vivo. Serão três dias intensos de ativi-
dades voltadas para o aprimoramento e
discussões sobre nossa prática clínica.
Vale destacar o pré-congresso, que esse
ano tem programação tão ou mais atra-
tiva que o próprio congresso. O curso de
ECMO, Ultrassom, Endoscopia e Proce-
dimentos Minimamente Invasivos serão
compostos por módulos teóricos e práti-
cos com estações de ensino e Instrutores
experientes que facilitarão a discussão e
o aprendizado tornando os seus inscritos
aptos a realizar novos procedimentos em
sua prática clínica. Os cursos de Trauma
Torácico e Cirurgia Torácica Pediátrica se-
rão realizados no Centro de Convenções
Rebouças.
Contamos com a participação de ilustres
convidados nacionais e vários convidados
internacionais, entre eles: David E. Ost,
Dominique Gossot, Isabelle Opitz, Joszef
ANDERSON DE OLIVEIRA (São Paulo / SP)
ANDRE MIOTTO (São Paulo / SP)
ANTERO GOMES NETO (Fortaleza / CE)
ANTÔNIO JOSÉ MARIA CATANEO (Botucatu / SP)
ARTUR GOMES NETO (Maceio / AL)
BENOIT BIBAS (São Paulo / SP)
SBCT.ORG.BR
Furak, Korkut Bostanci, Marcelo Cypel,
Paula Ugalde Figueroa, Rafael Andrade,
Valerie Rusch.
Aproveitem também e façam sua inscri-
ção que está com o preço reduzido.
A cidade de São Paulo e a SBCT estão pre-
paradas para recebê-los.
Participe, inscreva-se!
TORAX2023.COM.BR
Paulo Manuel Pêgo Fernandes
Presidente do Tórax 2023 – SP
BERNARDO NICOLA (Recife / PE)
CAMILA GREGGIANIN (Porto Alegre / RS)
CARLA MARIA SILVA E ALVES (Belo Horizonte / MG)
CARLOS ALBERTO ARAUJO (Natal / RN)
CARLOS ANTÔNIO STABEL DAUDT (Joinville / SC)
CARLOS EDUARDO TEIXEIRA LIMA (Rio de Janeiro / RJ)
CELSO MURILO NALIO MATIAS DE FARIA (São José do Rio Preto / SP)
CRISTIANO FEIJÓ ANDRADE (Porto Alegre / RS)
DANIEL BONOMI (Belo Horizonte / MG)
DANIELE CATANEO (Botucatu / SP)
DARCY PINTO (Caxias do Sul / RS)
DIEGO ADAO FANTI SILVA (São Paulo / SP)
EDUARDO WEREBE (São Paulo / SP)
ELIAS AMORIM (São Luís / MA)
ESERVAL ROCHA JUNIOR (São Paulo / SP)
FÁBIO BISCEGLI JATENE (São Paulo / SP)
FÁBIO EITI MINAMOTO (São Paulo / SP)
FÁBIO JOSE HADDAD (São Paulo / SP)
FABÍOLA PERIN (Porto Alegre / RS)
FEDERICO ENRIQUE GARCIA CIPRIANO (São Paulo / SP)
FELIPE BRAGA (Rio de Janeiro / RJ)
FERNANDO LUIZ WESTPHAL (Manaus / AM)
FERNANDO VANNUCCI (Rio de Janeiro / RJ)
FLÁVIO BRITO FILHO (Brasília / DF)
FLÁVIO POLA DOS REIS (São Paulo / SP)
FRANCISCO MARTINS NETO (Fortaleza / CE)
GERALDO ANTONIO DE MEDEIROS (João Pessoa / PB)
GIBRAN RIBEIRO DA ROCHA (Vitoria da Conquista / BA)
GUILHERME SOARES VELOSO (Itaperuna / RJ)
GUSTAVO FORTUNATO (Salvador / BA)
GUSTAVO GATTÁS (Rio de Janeiro / RJ)
HÉLIO MINAMOTO (São Paulo / SP)
HENRIQUE JOSÉ DA MOTA (NATAL / RN)
HENRIQUE NIETMANN (São José do Rio Preto / SP)
HUGO WEYSFIELD MENDES (Araguaina / TO)
HUMBERTO ALVES DE OLIVEIRA (Brasília / DF)
HYLAS PAIVA FERREIRA (Natal / RN)
ISAAC RODRIGUES (São Paulo / SP)
ISABELE ALVES CHIRICHELA (São Paulo / SP)
ISRAEL MEDEIROS (Fortaleza / CE)
IURY ANDRADE MELO (Salvador / BA)
JACQUELINE ARANTES GIANNINI PERLINGEIRO (São Paulo / SP)
JEFFERSON GROSS (São Paulo / SP)
JOÃO ALESSIO JULIANO PERFEITO (São Paulo / SP)
JOSÉ CARLOS FELICETTI (Porto Alegre / RS)
JOSÉ CORREA LIMA NETTO (Manaus / AM)
JOSÉ JESUS PEIXOTO CAMARGO (Porto Alegre / RS)
JOSÉ RIBAS MILANEZ DE CAMPOS (São Paulo / SP)
JULIANA MOL TRINDADE (São Paulo / SP)
JÚLIO DE OLIVEIRA ESPINEL (Porto Alegre / RS)
KAREN GUERRA (Campo Grande / MS)
LEONARDO BRAND RODRIGUES (Belo Horizonte / MG)
LEONARDO CRUZ PEIXOTO (Belo Horizonte / MG)
#SBCTPARATODOS
LETÍCIA LAURICELLA (São Paulo / SP)
LETÍCIA VILLIGER (São Paulo / SP)
LUCAS MATOS FERNANDES (São Paulo / SP)
LÚCIA HELENA MORELLO PACHECO PRATA (Campinas / SP)
LUÍS CARLOS LOSSO (São Paulo / SP)
LUÍS GUSTAVO ABDALLA (São Paulo / SP)
LUIZ CARLOS DE LIMA (Manaus / AM)
LUIZ FELIPPE JUDICE (Niteroi / RJ)
LUIZ GUILHERME SANTOS MAKSOUD (São Paulo / SP)
LUZIÉLIO SIDNEY FILHO (VitóriA / ES)
MAIRA KALIL FERNANDES (Salvador / BA)
MARCELO CUNHA FATURETO (Uberaba / MG)
MÁRCIO BOTTER (São Paulo / SP)
MÁRCIO OLIVEIRA LUCAS (Rio de Janeiro / RJ)
MARCOS ALEXANDRE BALIEIRO (Rio de Janeiro / RJ)
MARIA RIBEIRO MORARD (Rio de Janeiro / RJ)
MARIA TERESA RUIZ TSUKAZAN SCHWARZ (Porto Alegre / RS)
MARIANA CREMONESE (São Paulo / SP)
MARIANA SCHETTINI (São Paulo / SP)
MÁRIO GHEFTER (São Paulo / SP)
MATHEUS IGNACIO DE SOUZA ROSA (São Paulo / SP)
MAURICIO GUIDI SAUERESSIG (Porto Alegre / RS)
MIGUEL LIA TEDDE (São Paulo / SP)
PAULA DUARTE D' AMBROSIO (Vitória / ES)
PAULO BOSCARDIM (Curitiba / PR)
PAULO CARDOSO (São Paulo / SP)
PAULO HENRIQUE PEITL GREGORIO (São Paulo / SP)
PAULO MANUEL PEGO FERNANDES (São Paulo / SP)
PEDRO HENRIQUE X. NABUCO (São Paulo / SP)
PETRUCIO ABRANTES SARMENTO (João Pessoa / PB)
RAFAEL AUGUSTO OLIVEIRA SODRE LEAL (Vitória da Conquista / BA)
RENATO DE OLIVEIRA (São Paulo / SP)
RICARDO BEYRUTI (São Paulo / SP)
RICARDO KALAF (Campinas / SP)
RICARDO OLIVEIRA (Salvador / BA)
RICARDO SALES DOS SANTOS (São Paulo / SP)
RICARDO TERRA (São Paulo / SP)
ROBERTO GONÇALVES (São Paulo / SP)
ROBERTO SAAD JUNIOR (São Paulo / SP)
RODRIGO CAETANO DE SOUZA (São Paulo / SP)
RÔMULO RIBEIRO DO AMARAL (Varginha / MG)
ROSSANO KEPLER ALVIM FIORELLI (Rio de Janeiro / RJ)
SAMUEL LUCAS DOS SANTOS (São Paulo / SP)
SÉRGIO TADEU LIMA FORTUNATO PEREIRA (Salvador / BA)
SPENCER CAMARGO (Porto Alegre / RS)
STEPHAN SODER (Porto Alegre / RS)
TADEU DINIZ FERREIRA (Rio de Janeiro / RJ)
TARSO ACCORSI (São Paulo / SP)
VICENTE DORGAN NETO (São Paulo / SP)
VIVIANE FIGUEREDO (São Paulo / SP)
WANDER MATTOS CARDOSO (Maceió / AL)
WOLFGANG WILLIAM SCHMIDT AGUIAR (Recife / PE)
11

É fascinante ver a inserção de novas tec-
nologias no arsenal do cirurgião torácico
para a sua prática clínica, visando a segu-
rança assistencial dos nossos pacientes.
Pensando nisso e, principalmente, na
atualização cientifica das diversas áreas
de atuação dentro da Cirurgia Torácica
organizamos para o Congresso Brasileiro
de Cirurgia Torácica 2023, um pré-con-
gresso especial.
Nos cursos trataremos sobre cirurgia
minimamente invasiva vídeo assistida e
robótica com ênfase em dicas e truques.
Teremos a oportunidade do curso hands
on, no qual teremos uma interação maior
com a cirurgia robótica e cirurgia ao vivo.
Cursos Pré-Congresso
Cirurgia Minimamente Invasiva – Teórico
Data: 17/05/2023, quarta-feira
Horário: 8h às 16h
Local: Hospital Albert Einstein
Vagas: 100
Valor: R$ 600,00(Valor especial para inscritos no Congresso TÓRAX 2023: R$ 500,00)
Objetivo: Cirurgia Robótica (Plataforma Xi) ao vivo com transmissão 3D
Cirurgia Minimamente Invasiva – Prático
Data: 17/05/2023, quarta-feira
Horário: 12h45 às 15h45
Local: Hospital Albert Einstein
Vagas: 24
Valor: R$ 2.200,00 (Valor especial para inscritos no Congresso TÓRAX 2023: R$ 2.000,00)
Objetivo: Cirurgia Robótica (Plataforma Xi) ao vivo com transmissão 3D
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Não esquecemos da Cirurgia Torácica
Pediátrica, onde será possível conversar
sobre as principais afecções pediátricas e
discutir casos clínicos. O curso hands on
de ECMO, ferramenta maravilhosa cada
vez mais presente em nossa prática clíni-
ca, não só na abordagem e no manejo do
paciente do transplante de pulmão, e em
cirurgias complexas da via aérea, como
também no paciente selecionado em
terapia intensiva com insuficiência res-
piratória aguda. Discutiremos a endos-
copia respiratória e suas intervenções
endoscópicas, laser, colocação de stent,
ecobroncoscopia, dilatação de estenose
com balão e traqueostomia percutânea.
Falaremos também sobre trauma toráci-
SBCT.ORG.BR
Cirurgia Torácica Pediátrica
Data: 17/05/2023, quarta-feira
Horário: 9h às 16h45
Local: Centro de Convenções Rebouças - Sala Turquesa 03
Vagas: 180
Valor Curso: R$ 450,00 (Valor especial para inscritos no Congresso TÓRAX 2023: R$ 350,00)
ECMO
Data: 17/05/2023, quarta-feira
Horário: 9h às 17h
Local: InCor
Vagas: 20
co. Teremos a oportunidade do hands on
Valor Curso: R$ 2.200,00 (Valor especial para inscritos no Congresso TÓRAX 2023: R$ 2.000,00)
com uso do ultrassom que tem auxiliado Objetivo: Ao final do curso, o estudante deverá ser capaz de:
os pequenos procedimentos da Cirurgia 1) Identificar conceitos de ECMO: tipos, circuitos, indicações, manejo, complicações
Torácica. 2) Uso de ECMO em cirurgia torácica
3) Tipos de Circuitos e Membranas
Não perca! Participe! Faça a sua inscri-
ção.
4) ECMO e pneumopatias avançadas
5) Habilidade básica de instalação dos circuitos
Venha para o Tórax
2023! Aguardamos
você lá!
Endoscopia Respiratória
Data: 17/05/2023, quarta-feira
Daniel Bonomi Horário: 9h às 17h
Comissão Científica do Tórax 2023 e Diretor Local: Centro de Convenções Rebouças - Sala Turquesa 06
Científico da SBCT
Vagas: 24
Valor Curso: R$ 2.200,00 (Valor especial para inscritos no Congresso TÓRAX 2023: R$ 2.000,00)
Objetivo: Hands on com transmissão de casos ao vivo
Trauma Torácico
Data: 17/05/2023, quarta-feira
Horário: 9h às 16h45
Local: Centro de Convenções Rebouças - Sala Turquesa 02
Vagas: 180
Valor Curso: R$ 450,00 (Valor especial para inscritos no Congresso TÓRAX 2023: R$ 350,00)
Ultrassom Point of Care na Cirurgia Torácica
Data: 17/05/2023, quarta-feira
Horário: 9h às 16h30
Local: InCor
Vagas: 25
Valor Curso: R$ 2.200,00 (Valor especial para inscritos no Congresso TÓRAX 2023: R$ 2.000,00)
Objetivo: Introduzir aos médicos cirurgiões torácicos os principais aspectos do funcionamento do
equipamento portátil de ultrassom e prepará-los para que iniciem o uso do equipamento como ferramenta
de apoio em procedimentos e diagnósticos relevantes para esta especialidade
13
#SBCTPARATODOS
O ligamento pulmonar inferior e as
evidências científicas
N a história da medicina há vários pro-
cedimentos que ao longo do tempo
tiveram suas indicações alteradas. Exem-
plos não faltam: lobectomia frontal, ele-
troconvulsoterapia, tonsilectomia, endar-
terectomia de carótida, para ficar apenas
em alguns.
Esse é um fenômeno conhecido, e apa-
rentemente bem aceito por nós, até por-
que os exemplos citados não fazem parte
da prática da Cirurgia Torácica. Entretan-
to, como você reagiria se alguém lhe dis-
sesse que ao fazer uma lobectomia supe-
rior, o ligamento pulmonar não deve ser
seccionado?
Um grupo da Sichuan University, da Chi-
na, se debruçou sobre o assunto (1). Na
verdade, revisitou o problema já avaliado
previamente (2). A finalidade da pesquisa
era encontrar a melhor evidência cientí-
fica para saber se o ligamento pulmonar
deve ou não ser seccionado após uma lo-
bectomia superior.
O problema específico enfrentado pelas
especialidades cirúrgicas é que a evidên-
cia que existe frequentemente não é de
qualidade e, em consequência, grande
parte das avaliações críticas tende a des-
cartar trabalhos devido a falhas metodo-
lógicas ou desenhos inadequados para
seus padrões. A tentativa de solução para
esse problema foi a revisão das "melho-
res evidências disponíveis". O processo foi
formalizado pela criação de Best Evidence
Topics (BestBETs).
Os BestBETs foram desenvolvidos como
uma ferramenta educacional para o ensi-
no de competências da medicina baseada
14
em evidências, mas logo se transforma-
ram em um meio de identificar a neces-
sidade de mudanças da prática baseadas
em evidências. Desde então, os BestBETs
estão listados e atualizados em um site
dedicado (http://www.bestbets.org) (3).
O site é reconhecido como um recurso
importante para a prática baseada em
evidências. Dois motivos justificam visitar
o site. Primeiro porque lá estão listados
BETs de todas as áreas, inclusive de Cirur-
gia Torácica. Mais do que isso, porque o
site estimula que os cirurgiões escrevam
BETs e as publiquem no próprio site, se-
guindo a metodologia apresentada. As
cinco etapas que devem ser seguidas
na construção de um BET são: 1) fazer a
pergunta certa; 2) buscar as evidências;
3) avaliar; 4) resumir e 5) revisar essas
evidências. É uma oportunidade para os
interessados em realizar pesquisa clínica.
No presente caso a questão formulada
foi: “A divisão do ligamento pulmonar in-
ferior (LPI) na lobectomia superior resulta
em melhores resultados clínicos a curto
prazo e maior sobrevida a longo prazo?”
A maioria dos estudos avaliados cons-
tatou que não há diferença significativa
entre os grupos nos quais o LPI foi seccio-
nado ou que foi preservado, em termos
de tempo e volume de drenagem, espa-
ço morto pós-operatório e complicações.
Três estudos de coorte revelaram piora
da função pulmonar pós-operatória nos
grupos nos quais o LPI foi seccionado,
incluindo volume pulmonar, capacidade
vital forçada e volume expiratório forçado
em 1s. Uma meta-análise e um estudo de
coorte também descobriram que a secção
SBCT.ORG.BR
do LPI pode levar a torção do ângulo do
brônquio. Além disso, dois estudos de co-
orte mostraram que a secção do LPI não
melhorou a sobrevida a longo prazo dos
pacientes submetidos à lobectomia supe-
rior. As evidências atuais mostraram que
seccionar o LPI não resulta em benefícios
clínicos, mas pode levar à diminuição da
função pulmonar. Portanto, a recomenda-
ção atual é que o LPI não seja seccionado
rotineiramente durante a lobectomia su-
perior.
Seccionar o ligamento pulmonar nas lo-
bectomias talvez fosse um dos conceitos
cirúrgicos mais sólidos dos cirurgiões.
Mas, até que se conduza um trial clinico
randomizado que demonstre o contrário,
essa prática deve ser revista.
Referências:
1. Wang YF, Deng HY, Huang W, Zhou Q. Does the
division of the inferior pulmonary ligament in upper
lobectomy result in improved short-term clinical
outcomes and long-term survival? Interact Cardio-
Vasc Thorac Surg 2022;35(6), ivac272. https://doi.
org/10.1093/icvts/ivac272
2. Khanbhai M, Dunning J, Yap KH, Rammohan KS.
Dissection of the pulmonary ligament during upper
lobectomy: is it necessary? Interact CardioVasc Tho-
rac Surg 2013;17:403–6.
3. Dunning J, Prendergast B, Mackway JK. Towards
evidence-based medicine in cardiothoracic sur-
gery: best BETS. Interact
CardioVasc Thorac Surg
2003;2:405–9.
Miguel Tedde
Cirurgião Torácico - SP
15
#SBCTPARATODOS
 Na AstraZeneca, nós nos comprometemos com
os avanços científicos na medicina de precisão,
para aprofundar a compreensão do câncer de
pulmão e oferecer medicamentos que mudem
a vida dos pacientes que mais precisam.1

Fique por dentro dos nossos mais novos conteúdos:

Por que fazer a prova de título de

especialista? CONHEÇA NOSSAS AULAS
O futuro da cirurgia oncológica torácica na era da medicina de precisão
Dr. Sérgio Tadeu (CRM BA 6157), ex-presidente da SBCT (2017 – 2019)

A tualmente, a legislação brasileira per-

mite que o indivíduo portador de re-
gistro no Conselho Regional de Medicina
de maio, durante o Tórax 2023. O edital
completo será publicado na homepage
da SBCT (https://www.sbct.org.br). Neste
Em um mercado de trabalho tão desafia-
dor e competitivo, o Título de Especialista
aumenta sua credibilidade perante os pa-
Dr. Artur Neto (CRM AL 2503), atual presidente da SBCT (2021 – 2023)

Interpretando estudos clínicos: como isso muda minha prática clínica?

realize qualquer procedimento médico,
independente da complexidade do mes-
mo e da sua especialidade. Entretanto,
é óbvio que é impossível um médico de-
senvolver com competência e segurança
a grande diversidade de procedimentos
envolvidos na Medicina contemporânea.
Apesar dessa possibilidade de atuação,
o médico só é considerado especialista
em uma das 55 especialidades médicas
reconhecidas pelo Conselho Federal de
Medicina (CFM) e apto a receber o Regis-
tro de Qualificação de Especialista (RQE)
quando apresentar Certificado de Con-
clusão de Residência Médica, credencia-
da pela Comissão Nacional de Residência
Médica (CNRM) ou Título de Especialista.
O Título de Especialista somente pode ser
emitido pela Sociedade de Especialidade
formalmente ligada à Associação Médica
Brasileira (AMB) e o processo de avalia-
ção e concessão do Título deve atender
às exigências estabelecidas no convênio
firmado pela AMB e CFM, em 10/02/89,
e na Normativa de Regulamentação para
Obtenção de Títulos Especialista da AMB
datada de 27/03/98.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Toráci-
ca (SBCT) é o órgão oficialmente autori-
zado a conceder o Título de Especialista
em Cirurgia Torácica (TECT). A prova para
concessão do TECT ocorre uma vez por
ano, alternando sua realização durante
o Congresso Brasileiro de Cirurgia Torá-
cica e Congresso Brasileiro de Pneumo-
logia. Em 2023 a primeira fase da prova
acontecerá em São Paulo, SP, no dia 17
16
dia serão realizadas provas teórica e oral,
cujas notas, em associação com avaliação
do currículo, determinarão a aprovação
e habilitação para a última fase, que é a
prova prática. Esta consiste na realização
de uma cirurgia de grande porte da espe-
cialidade, e deverá ser efetivada no prazo
máximo de seis meses após o candida-
to ser oficialmente comunicado que foi
aprovado na primeira fase, com a presen-
ça de um membro da comissão julgadora
ou um membro titular da SBCT por ela
designado e que não trabalhe no mesmo
serviço do candidato.
Em última conferência realizada em janei-
ro, a SBCT possui 847 associados, sendo
137 mulheres (16,1%). Destes 847, ape-
nas 339 (40%) tem Título de Especialista,
sendo entre as mulheres uma porcenta-
gem ainda menor: apenas 6% das asso-
ciadas têm TECT. Em São Paulo, estado
com maior número absoluto de cirurgiões
torácicos, menos da metade possuem
TECT. Nos últimos cinco anos, apenas 78
homens e 17 mulheres se submeteram
à prova, com uma aprovação de 57,7% e
29,4%, respectivamente. A Diretoria da
SBCT tem investido em um Programa de
Educação Continuada à Distância, que
permite uma atualização na especialida-
de, e tem como um dos seus objetivos es-
timular médicos não titulares a realizarem
a prova.
Mas você, com certificado de residência
médica, pode estar se perguntando por
que fazer a prova se já conseguiu seu RQE.
SBCT.ORG.BR
cientes e até mesmo instituições e convê-
nios. Muitos deles tem exigido o título a
fim de garantir segurança para a institui-
ção e para o paciente. Alguns concursos
públicos também podem exigir essa titu-
lação para inscrição. Além disso, a posse
do TECT credencia o cirurgião a participar
mais ativamente da SBCT. Atualmente,
somente membros titulares podem ser
candidatos a Diretoria da sociedade ou
integrar a comissão do TECT. Importan-
te lembrar também que a divulgação de
especialidade médica que não possa ser
comprovada se caracteriza infração ética.
O artigo 114 do vigente código de ética
diz: “Todo aquele que mediante anúncios,
placas, cartões ou outros meios quaisquer
se propuser ao exercício da medicina, em
qualquer dos ramos ou especialidades,
fica sujeito às penalidades aplicáveis ao
exercício ilegal da profissão, se não estiver
devidamente registrado”.
Desta forma, aproveitamos essa edição
do jornal para convidar todos os médicos
habilitados para fazer a prova conforme as
condições descritas no edital a participar
da próxima prova de TECT, com o objetivo
de fortalecer nossa especialidade com a
adequada qualificação,
permitindo seu cresci-
mento.
Referência: 1. Oncologia – AZMED – Disponível em: https://www.astrazeneca.com.br/nossas-areas-terapeuticas/oncologia.html
Material destinado exclusivamente à classe médica. BR-21007 - Material produzido em outubro/2022.
Juliana Dias
Membro SBCT - MG
Dr. Ricardo Sales (CRM SP 85436) cirurgião torácico
Oncologia de Precisão para Cirurgiões: O que o cirurgião torácico precisa saber sobre imunologia?
Curso de conceitos básicos em Dr. Alessandro Mariani (CRM SP 116960) cirurgião torácico
imunoterapia e terapia-alvo Dr. Niels Olsen (CRM SP 72541) professor de imunologia da USP/SP
Nesta série de 5 episódios, especialistas Imunoterapia na (neo)adjuvância: um novo desafio para o cirurgião torácico
de renome nacional e internacional Dra. Paula Ugalde (CRM BA 12325) cirurgiã torácica
Dr. Pedro de Marchi (CRM RJ 164694) oncologista clínico
apresentam e discutem sobre o progresso
no tratamento sistêmico com imunoterapia O papel das mutações driver na conduta do câncer de pulmão ressecável:
e terapias-alvo para o câncer de pulmão o que o cirurgião precisa saber
e como o emprego dessas terapias Dr. Humberto de Oliveira (CRM DF 9646) cirurgião torácico
no cenário perioperatório impactam a Dr. Igor Morbeck (CRM DF 12068) oncologista clínico
conduta do cirurgião torácico. Não perca!
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Ou por meio do nosso portal:
https://www.azplay.com.br/app/series/oncologia-de-precisao-
para-cirurgioes
GUIA PRÁTICO PARA DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER DE PULMÃO:
nódulos pulmonares incidentais
Neste guia, elaborado por especialistas de diversas áreas de expertise
como cirurgia torácica, pneumologia e oncologia, são discutidas as Acesse aqui!
principais ações que contribuem para a identificação e manejo de
nódulos pulmonares incidentais, com o objetivo de colaborar com o
diagnóstico precoce do câncer de pulmão.
17
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 RELICÁRIO LITERÁRIO Ano 1983
Fonte: Annals of thoracic surgery (Ann Thorac Surg. 1983 Jun;35(6):577-8. doi: 10.1016/s0003-4975(10)61065-x.)

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20
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