Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sampaio Ferraz
O Pioneiro da Meteorologia Sinótica
CEFET-RJ
A Nossa Primeira Escola
Meteorologia
CONAME, PEC 12/2003 e os Novos Rumos do Setor
C I R R U S
U N E M E T – Brasil
Ano I – Número 3 – Julho – Agosto 2005 S umário
Memória
Conselho Diretor
22 A Contribuição de Sampaio Ferraz
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ)
Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP)
José de Lima Filho (UFAL)
Curiosidades
Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ) 26 Luz: onda ou partícula?
Maria Céli Santos de Lima (UFAL)
Nossas Escolas
Conselho Fiscal 28 CEFET-RJ, onde tudo começou
José Luiz Cabral da Silva Junior (UFV)
Gustavo Bastos Lyra (ESALQ/USP) Reflexões
Sylvia Elaine Marques de Farias (INPE) 30 Por que sabotam a nossa Lei
Conselho Editorial
Alailson Venceslau Santiago (ESALQ/USP) Redação
Ednaldo Oliveira dos Santos (COPPE/UFRJ) Cartas para o editor, sugestões de temas, opiniões
José Francisco de Oliveira Júnior (COPPE/UFRJ) ou dúvidas sobre o conteúdo editorial de CIRRUS.
Rodrigo Santos Costa (COPPE/UFRJ) info@unemet.al.org.br
Alexandre Silva dos Santos (UFAL)
Paulo Ricardo Teixeira da Silva (UFAL)
Publicidade
Revista Cirrus, dos aficionados por
Anuncie em CIRRUS e fale com o mundo.
Meteorologia, é uma publicação da União Nacional info@unemet.al.org.br
dos Estudiosos em Meteorologia - UNEMET,
distribuída gratuitamente aos usuários
cadastrados no site.
UNEMET – Brasil
A revista não se responsabiliza por opiniões Rua Dona Alzira Aguiar, 280 - Pajuçara
emitidas pelos entrevistados e por artigos 57030-270 – Maceió – Alagoas - Brasil
assinados. Fone: (82) 377-0268
info@unemet.al.org.br
Reprodução permitida desde que citada a fonte. www.unemet.al.org.br
2
C orreio
CIRRUS EM ESPANHOL
Muito obrigado por essa deferência para
NOTA
conosco de compartilhar o novo volume da
Revista Cirrus. Não tenha dúvida que a Devido ao grande volume de matérias
leremos e fiquem certos que enviaremos pendentes para a Edição de Jul-Ago, o Corpo
nossas apreciações. Muito obrigado Editorial da Revista tomou a liberdade de
novamente por nos informarmos e poder suprimir uma pagina dessa Seção. Pedimos
compartilhar informações como uma das assim a compreensão dos nossos leitores.
formas de intercambiar experiências em Lembramos que todas as mensagens foram
Meteorologia. prontamente respondidas e as sugestões já
estão sendo avaliadas pelo Corpo Editorial.
SANDRA JEANNETTE CARRANZA AYALA
SNET, El Salvador OS EDITORES
3
E ditorial
C
hegamos no meio do ano de 2005 e talvez estejamos presenciando um momento único
para a ciência meteorológica brasileira. Os motivos são os mais diversos, o principal deles,
talvez seja a criação do Conselho Nacional de Meteorologia e Climatologia (CONAME) pela
Presidência da República, cuja finalidade será coordenar a formulação e acompanhar a
execução da Política Nacional de Meteorologia e Climatologia, bem como, promover sua
articulação com as ações do governo nas áreas espacial, de hidrologia, oceanografia e de meio
ambiente.
Uma outra boa notícia é a aprovação disciplinas constantes nos currículos dos
da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) cursos de Graduação em Meteorologia,
0002/2003, pelo Senado Federal, que conforme estabelecidas em Lei.
objetiva definir a competência da União para
O que tem acontecido muitas vezes é
ordenar e legislar sobre a Meteorologia e
que diversos profissionais formados em
Climatologia. Assim, a comunidade
Meteorologia - e até mesmo instituições -
meteorológica brasileira deve refletir,
que deveriam estar lutando e fiscalizando o
discutir, sugerir, e principalmente, formular
exercício profissional, acabam se omitindo
propostas para a Política Nacional de
ou até mesmo se curvando diante das
Meteorologia e Climatologia que permita
ilegalidades existentes e, por conseqüência,
uma visão geral do setor, com vistas na
atuando inadvertidamente como um grande
democratização tanto do uso da informação
desagregador da profissão.
como da gestão do Sistema Nacional de
Meteorologia – SNM. Desta maneira, nós Assim, a comunidade meteorológica
temos a oportunidade e estamos num brasileira deve refletir e é importante
momento especial de fazermos a diferença. salientar que todo direito que existe no
Não devemos deixar passar em branco esse mundo - e a da nossa profissão não é
momento para contribuirmos efetivamente diferente - foi alcançado através de muita
para melhorar a nossa profissão. luta, onde seus postulados mais importantes
tiveram de ser conquistados num combate
No entanto, ao mesmo tempo em que
contra diversos opositores.
vemos com bons olhos todas essas
discussões, que são de extrema importância Gostaríamos de indagar a todos os
para a Meteorologia em nosso país, ficamos colegas meteorologistas se devemos lutar
abismados e tristes com o descumprimento, para sermos profissionais que honrem e
em todos os níveis, da Lei n° 6.385 que dignifiquem a nossa profissão ou
regulamenta a Profissão de Meteorologista continuaremos a ver outros profissionais
(aprovada em 14/10/1980), principalmente ocupando nossos lugares e, o que é pior,
nas áreas acadêmica e operacional. Por quê? impedindo-nos de atuarmos. Afinal de
contas, o mundo precisa de profissionais que
Ultimamente, estão sendo realizados
façam a diferença e que sejam lembrados
inúmeros concursos, em diversas instituições
não pela ambição do poder, mas pelo
brasileiras (públicas e privadas), para
heroísmo de lutar contra a correnteza da
disciplinas de Meteorologia e Climatologia e
devastação moral, da corrupção e da
percebemos que a grande maioria infringe a
indiferença do homem para com o homem.
Lei nos seus princípios básicos. Às vezes,
essa situação se torna pior ainda, e Para que possam refletir: Queremos
inacreditável, quando em alguns casos os que a nossa Lei seja cumprida
Editais sabotam integralmente a Lei de efetivamente. Ou será que esta é mais
Regulamentação, chegando ao absurdo de uma em nosso País “que não pegou”?
impedirem que Meteorologistas possam
inscrever-se em concursos, onde são para Os Editores
4
R adar
Fique Antenado
Fonte:www.uea.edu.br Fonte:www.dpf.gov.br
5
E ntrevista
F
undada em 29 de dezembro de 1958, ações deste grupo tão motivado de
a SBMET (Sociedade Brasileira de profissionais.
Meteorologia) já passou por diversas CIRRUS - Quais são as metas e os planos
mudanças e até foi desativada no da SBMET na atual gestão?
período de 1962 a 1974. Porém em 1975, a Profa. Justi - São aquelas que tivemos
luta e o empenho de alguns profissionais, oportunidade de divulgar durante o último
dentre eles a recém graduada Maria Congresso. Resumidamente podem ser
Gertrudes Alvarez Justi, conseguiram que organizadas em ações a serem realizadas
uma nova diretoria fosse eleita e a SBMET dentro de três temas principais, assim
finalmente reativada. Trinta anos depois, discriminados:
aquela recém graduada, hoje Professora da
UFRJ, ainda não perdeu o espírito de luta e, • A Meteorologia, suas Potencialidades e
recentemente, tornou-se na terceira mulher Aplicações: As ações programadas para este
a assumir a presidência da entidade. tema são: a presença nos meios de
Detentora de uma vasta experiência e comunicação, com artigos em revistas de
dedicação à Meteorologia brasileira, a divulgação científica e entrevistas por
Professora Justi, como é mais conhecida, ocasião de eventos notórios; simpósios
vem mobilizando e conduzindo debates em temáticos (clima, mesoescala ...) alternando
torno da Política Nacional de Meteorologia. com os congressos; criação de um portal na
Tema que trata com maestria, entre outros internet, voltado para o público, com
assuntos, em entrevista concedida informações úteis e links para os sites de
especialmente a nossa redação. previsão e serviços especializados; estimular
encontros de estudantes, apoiando-os na
CIRRUS - Por que a senhora quis ser busca de recursos e na organização.
presidente da SBMET?
• Valorização Profissional: Neste tema as
Profa. Justi - Existem várias razões, uma ações programadas são: promover cursos e
delas é o desejo que sempre tive de ajudar oficinas de trabalho para treinamento e
na consolidação da SBMET. Já participei diversificação de conhecimentos, com a
várias vezes de diretorias anteriores onde colaboração de instituições de ensino;
exerci alguns cargos. Recentemente, meu profissionalizar a infra-estrutura da SBMET
envolvimento como Diretora do Núcleo (secretaria e finanças); incentivar e apoiar a
Regional do Rio de Janeiro, hoje denominada criação de novas Diretorias Regionais, para
de Diretoria Regional, me estimulou a descentralizar as ações e aproximar a
compor uma chapa para concorrer a SBMET dos sócios; manter a regularidade
Diretoria Executiva da SBMET no biênio das publicações da Revista Brasileira de
2005/2006. Aliás, devo enfatizar que entre Meteorologia e do Boletim da SBMET;
os diretores atuais da SBMET, a maioria estimular a participação dos sócios mais
deles possui experiência para ser Presidente jovens na direção da SBMET e buscar novas
da SBMET, foi uma honra para mim acabar modalidades de captação de recursos.
me tornando a Presidente e poder liderar as
6
“ No momento estou começando a acreditar
que temos que lançar mão do Ministério
Público já que o Sistema CREA/CONFEA não é
suficiente, ou não tem todos os mecanismos
necessários, para resolver este problema
”
• Presença na Política Nacional: As ações Tem sido uma batalha constante e, como já
aqui programadas são: participar das disse, frustrante. No momento estou
discussões sobre o Sistema Nacional de começando a acreditar que temos que lançar
Meteorologia e a Política Nacional de mão do Ministério Público já que o Sistema
Meteorologia; participar do processo da CREA/CONFEA não é suficiente, ou não tem
Reforma Universitária e da reforma e todos os mecanismos necessários, para
adequação curricular dos cursos existentes; resolver este problema.
aumentar a relação com outras entidades no
Brasil e no exterior, além das instituições CIRRUS - Por que a SBMET tem atuado de
que atuam na Meteorologia. maneira pouco eficiente na luta contra a
invasão de outros profissionais na nossa
CIRRUS – Após 240 dias na presidência, profissão?
qual a avaliação que a senhora faz da nova Profa. Justi - Somos poucos. Como os
gestão da SBMET? cerca de 1.000 profissionais formados da
Profa. Justi - Acho que muitos dos planos área vão fazer frente às demandas da
elaborados pela Diretoria Executiva da sociedade como um todo? Como dar conta
SBMET já tiveram seu início. Aparentemente de todo o trabalho que se espera nas
a SBMET está começando há aparecer um questões ambientais relacionadas à
pouco mais para os sócios, se fazendo atmosfera? Existem várias profissões que
presente e tratando de algumas questões têm um sombreamento de atividades
relevantes para estes sócios. De qualquer conosco, como é o caso de Geógrafos,
maneira falta muito a ser feito e o tempo é Engenheiros Agrônomos e Químicos, por
bem curto. exemplo. Como pedir para a sociedade
esperar para resolver seus problemas
CIRRUS - Nos últimos meses surgiram somente depois que tivermos um número
vários concursos para a área de significativo de profissionais? Por outro lado,
Meteorologia no Brasil, mas infelizmente mesmo naquelas cidades onde já há um
apenas em um único concurso realizado o número razoável de meteorologistas em
edital (promovido pelo CEFET-RJ) respeita a atuação, na minha maneira de ver, acredito
Lei nº 6.835, que regulamenta o exercício da que estes têm se comportado de uma forma
profissão de Meteorologista no Brasil. Desta bastante tímida, não buscando alternativas
forma, qual a avaliação que a senhora faz de atuação que levem ao reconhecimento de
acerca da defesa dos direitos profissionais suas capacidades. Lembrar que a SBMET é a
dos meteorologistas no Brasil e o que a soma de seu corpo social e este corpo social
SBMET pretende fazer para coibir este tipo tem sido tímido.
de arbitrariedade?
Profa. Justi - Parece que a falta de vontade CIRRUS - O que a senhora acha que se
de não cumprir a lei não tem sido um deve fazer objetivamente para que todos os
privilégio dos órgãos que abrem concurso profissionais de Meteorologia sejam
para a área de Meteorologia e nem muito incentivados a obter o registro do
menos um problema recente. A lei existe, e CREA/CONFEA?
nos últimos anos a SBMET tem feito gestões Profa. Justi - Bom, talvez o que fizemos no
firmes através do Sistema CREA/CONFEA Rio de Janeiro: trouxemos as atividades e
para fazer com que os editais sejam eventos para dentro do CREA-RJ. Neste
redigidos adequadamente e que profissionais aspecto tanto os profissionais da área de
habilitados preencham as vagas oferecidas. Meteorologia passam a conhecer o CREA e
Mesmo tendo conseguido alguns sucessos seus objetivos como os demais profissionais
pontuais devo confessar que me sinto do sistema passam a perceber que existem
frustrada nesta questão. Nem nas situações meteorologistas. A Diretoria Regional de
mais óbvias a lei é cumprida com facilidade. Meteorologia do Rio de Janeiro da SBMET
7
“ Por incrível que possa parecer, as palavras
Meteorologia e Climatologia não constam de
nossa constituição. Sem que essa inserção
seja feita não se pode criar leis para tratar
das questões relativas à Política Nacional de
Meteorologia
”
é a única entidade com representação no Profa. Justi - Acho que não muito porque é
CREA do Brasil. Onde há representantes, necessário que a Proposta de Emenda à
estes são por entidades de ensino. A atual Constituição (PEC) nº 12, de 2003, que está
Diretoria da SBMET está investindo na no senado, seja aprovada. Por incrível que
criação de mais Diretorias Regionais e possa parecer, as palavras Meteorologia e
tentando com isso aumentar a ligação com o Climatologia não constam de nossa
sistema CREA/CONFEA em mais estados. constituição. Sem que essa inserção seja
feita não se pode criar leis para tratar das
CIRRUS - Qual a posição da SBMET em questões relativas à Política Nacional de
relação à reformulação das atribuições das Meteorologia.
carreiras no CONFEA?
Profa. Justi - Esse é um assunto polêmico CIRRUS - Quais são as propostas da SBMET
mesmo entre as demais carreiras. No nosso para a implementação da Política Nacional
caso, que temos uma profissão de Meteorologia no Brasil, que terá como
regulamentada há dúvidas se o CONFEA objetivo central, ordenar e legislar as
pode introduzir qualquer mudança nas atividades desenvolvidas no âmbito da
atribuições de um meteorologista através de Meteorologia?
uma resolução apenas. Da maneira que as Profa. Justi - Existe no Portal da SBMET o
coisas estão sendo encaminhadas podemos documento na íntegra em que é explicitado
ter mais problemas ainda de garantir que as quais são as propostas da nossa Sociedade
atividades de Meteorologia sejam realmente para esta política. Este documento foi
realizadas por Meteorologistas, elaborado consultando toda a comunidade e
principalmente em Estados onde o número julgo interessante que todos leiam este
de profissionais de nossa área é pequeno ou documento e tomem ciência do mesmo.
onde não temos uma representação nos
Colegiados do sistema CREA/CONFEA. Uma CIRRUS - Qual o cenário dos próximos vinte
série de questões podem passar a ser anos para a profissão de Meteorologista que
decididas em plenárias destes órgãos sem a senhora imagina?
que sejamos ouvidos. Profa. Justi - Acho que o número de
profissionais crescerá, onde as demandas
CIRRUS - Qual o posicionamento da SBMET serão muitas, que várias ações precisam ser
no que tange a criação do Conselho Nacional iniciadas agora para que tenhamos
de Meteorologia e Climatologia – CONAME? profissionais adequadamente preparados
Profa. Justi - A SBMET produziu um para atender aos desafios que as questões
excelente trabalho com sugestões à Política do meio ambiente e do planejamento do país
Nacional de Meteorologia e uma de suas vão exigir.
propostas seria a criação do CONAME.
Consideramos um grande avanço, enviamos
propostas para ajudar na elaboração do Ficha Técnica
texto de criação do conselho assim como de
sua constituição, algumas delas foram • Bacharel em Meteorologia pela UFRJ
aceitas e incorporadas. Sugiro a todos que (1975);
acessem o Portal da SBMET • Mestre em Matemática pelo IMPA
(www.sbmet.org.br) onde, através do (1979);
Informativo n° 1, todas as questões • Doutora em Ciências Atmosféricas pela
relevantes e documentos importantes sobre COPPE/UFRJ (2003);
o assunto estão compilados e acessíveis. • Presidente da SBMET (Gestão: 2005-06),
eleita em 02/09/2004 e empossada em
CIRRUS - Até o momento o que foi 12/09/2004.
desenvolvido em termos de Política Nacional
de Meteorologia no Brasil?
8
M eteorologia em Foco
9
P onto de Vista
O
nível do mar nas zonas costeiras está determinado por muitos fatores
ambientais globais que operam em uma ampla faixa de escalas temporais:
desde horas (as marés) até milhões de anos (mudanças nas bacias marinhas
devido à sedimentação e à tectônica). Em escalas temporais que vão de décadas a
séculos, muitas das influências sobre os níveis médios do mar estão diretamente ligadas
ao clima e aos processos climáticos.
10
AUMENTO PREVISTO DO NÍVEL DO MAR: A do mar: as medições com marégrafos, que
faixa prevista de aumento global do nível do em alguns casos tem mais de um século, e
mar durante o próximo século está agora as medições com altímetros de satélites, que
entre 9 e 88 cm comparado com 13 - 94 cm estão disponíveis desde a última década.
no Segundo Informe de Avaliação do IPCC. As figuras 1 e 2 mostram uma
FUSÃO DE GELOS: Os glaceares e os gelos comparação entre os valores médios globais
polares seguirão fundindo-se, e continuará a e regionais do nível do mar entre ambos os
ocorrer a diminuição da cobertura de neve e sistemas desde a metade até o final do
gelo do hemisfério Norte. século passado.
Não existe certeza sobre a distribuição
GROENLÂNDIA: As camadas de gelo
regional futura do aumento do nível do mar
continuarão sofrendo reações ao
e a velocidade com que ocorrerá dado que
aquecimento climático e contribuirão para o
os processos climáticos são de grande
aumento do nível do mar durante milhares
interatividade e complexidade, e alguns
de anos mesmo após o clima se estabilizar.
aspectos do clima que afetam os oceanos
Os modelos de camadas de gelo estimam
(como por exemplo, o ciclo hidrológico), são
que um aquecimento local maior de 3ºC, que
muito variáveis regionalmente. A rotação da
por acaso se mantenha durante milênios,
Terra, as variações de certos litorais e as
levará praticamente a uma fusão completa
mudanças nas correntes oceânicas fariam
da camada de gelo da Groenlândia, com um
com que a elevação do nível médio do mar
aumento do nível do mar resultante de
não fosse igual em todas as costas. Isto gera
aproximadamente 7 metros. "É provável que
grande incerteza sobre os efeitos nas costas
o aquecimento em torno da Groenlândia
de cada país.
seja de 1 a 3 vezes maior do que o
aquecimento médio mundial, que como se Uma análise simples nos valores de
indica mais adiante estima-se que esteja na elevação não indicam que seja muito
faixa de 1,4 a 5,8 ºC, portanto, um grande. No entanto, uma elevação da
aquecimento de 3 ºC ao redor da magnitude que se prevê representa uma
Groenlândia provavelmente ocorra dentro do ameaça real para as regiões costeiras baixas
próximo século". e as pequenas ilhas. Alguns dos efeitos
associados a este incremento do nível do
ANTÁRTICA: "Os atuais modelos de dinâmica mar seriam: possíveis danos na infra-
do gelo sugerem que a Camada de Gelo da estrutura turística, a salinização das águas
Antártica Ocidental poderia contribuir com subterrâneas, uma redução nas regiões de
até 3 metros para a elevação do nível do manguezais e de terras agrícolas localizadas
mar ao longo dos próximos 1000 anos". nos deltas dos rios, e um aumento dos
danos causados pelos furacões e pelas
Existe essencialmente dois tipos de tormentas tropicais devido as inundações
observações que medem diretamente o nível costeiras.
Figura 1 - Variação média global do nível do mar entre janeiro de 1950 e dezembro de 2000 através de
reconstruções, ou seja, métodos indiretos, e o nível médio do mar global através de altímetro do satélite
TOPEX/Poseidon. Fonte: Extraída de J. A. Church et al., BAMS, Vol. 85, N° 7, Julho de 2004.
11
Figura 2 - Distribuição regional estimada do aumento do nível do mar entre janeiro de 1950 e dezembro de
2000. A linha sólida indica 2 mm por ano, e o intervalo dos contornos é 0,5 mm por ano. Fonte: Extraída de J.
A. Church et al., BAMS, Vol. 85, N° 7, Julho de 2004.
12
Os reservatórios continentais mais processos geológicos naturais, tais como os
importantes são as águas congeladas nos lentos movimentos do manto terrestre e os
glaceares e nas camadas de gelo2 (a deslocamentos tectônicos da crosta, podem
mudança no nível do mar devido à massa de ter efeitos no nível do mar local que são
água agregada, ou removida, dos oceanos comparáveis aos impactos relacionados ao
como resultado do intercâmbio de massas clima. Finalmente, em escala de tempo
entre os oceanos e outros reservatórios sazonal, interanual e decadal, o nível do mar
continentais chamado de "eustático"). responde às mudanças na dinâmica
atmosférica e oceânica (o exemplo mais
O nível do mar também é influenciado
evidente é o fenômeno “El Niño”).
por processos que não se relacionam
explicitamente com a mudança do clima. O Vejamos na Tabela 1 as estimativas
armazenamento terrestre da água (e das distintas contribuições dos fatores
portanto, o nível do mar) pode ser reduzido considerados significativos para a mudança
pela extração da água subterrânea, a no nível do mar dadas pelo IPCC (2001).
construção de reservas aqüíferas, a
Portanto, as observações através de
mudança no escoamento superficial, e a
marégrafos diferem de um fator 2 com
extração em aqüíferos profundos para
relação as estimativas das contribuições
reservatórios e irrigação. Assim, estes
climáticas, situação esta que tem sido
fatores podem contribuir com a diminuição
chamado de "enigma" da mudança no nível
do nível do mar e, por conseguinte
do mar. A componente estérica (devida à
compensar o aumento deste devido à
expansão térmica) é somente 0,5 mm/ano e
expansão térmica e a fusão dos glaciares.
as devidas ao derretimento dos glaceares é
Além disso, o afundamento costeiro em
ainda menor.
regiões de deltas fluviais também pode
influenciar o nível do mar local. Os Há dois enfoques para resolver este
movimentos verticais da terra causados por dilema. Um sugere que as observações com
marégrafos possuem incertezas na ordem de
2 2 ou 3 devido à baixa resolução espacial do
Uma camada de gelo normalmente é um glacial que
ocupa uma zona extensa, relativamente plana da terra e instrumento. Isto implicaria em uma
que exibe um deslocamento desde seu centro até a aceleração enorme em tempos recentes, do
periferia. São encontradas somente na Antártica e aumento no nível do mar para chegar a um
Groenlândia, e são massas enormes de gelo glacial e valor corrigido de 2,8 (± 0,4) mm/ano
neve. observado por altimetria de satélite.
Tabela 1 - Estimativas dos Fatores considerados Significativos para a Mudança no Nivel do Mar. Extraído do
IPCC (2001).
3 2
Geleira confinada entre montanhas, com área de 10 – 10.000 km .
4
O "permafrost" é uma camada de solo quase impermeável impregnada de gelo e que representa 20% da superfície da
Terra (no Ártico e Antártica). Ele é somente polar e está congelado perpetuamente em profundidade (às vezes até 1.000 m) e
só degela parcialmente na superfície durante o verão.
13
Alternativamente se sugeriu que os Para saber mais:
marégrafos não estão inclinados e que a
contribuição eustática é de • Cazenave, A. & Nerem, R.S., 2004. Present-
aproximadamente 1,3 mm/ano, o que está Day Sea Level Change: Observations and
Causes. Reviews of Geophysics, Vol. 42, No.
de acordo com as estimativas recentes da
3, September 2004.
renovação oceânica ("freshening"). Isto
implicaria em uma taxa histórica de 1,8 • http://www.ucar.edu/news/index.jsp
mm/ano, que ainda requer uma aceleração • http://earthobservatory.nasa.gov/Newsroom/
considerável para alcançar a taxa altimétrica MediaAlerts/2005/2005031718563.html
observada na última década. • http://yosemite.epa.gov/oar/globalwarming.n
sf/content/ResourceCenterPublicationsSeaLev
Há fortes argumentos para apoiar elRiseIndex.html
ambos os enfoques e está claro que no
futuro as medições altimétricas, obtidas Gustavo Victor Necco
mediante satélites, serão cada vez mais Meteorologista
importantes, porém isto não implica que as Foi Diretor do Inter-American
observações maregráficas e hidrográficas Institute for Global Change
convencionais não sejam imprescindíveis. A Research - IAI (2002-2004),
compreensão das limitações de ambos os Diretor do Departamento de
conjuntos de dados será então uma Educação e Treinamento da
componente critica na problemática da OMM/ONU (1985-2002) e
Prof. da Univ. de Buenos
estimativa das mudanças no nível médio do
Aires, Argentina (1974-1985)
mar.
14
A genda
Programe-se
C
onfira aqui o resumo dos principais eventos, no Brasil e no mundo, já
programados para esse e também para o próximo ano. Se você quiser divulgar
algum evento relacionado com a área de Meteorologia, e/ou áreas afins, é só
enviar um e-mail para info@unemet.al.org.br.
TW 2005
20 Jul-06 Ago http://my.unidata.ucar.edu/content/events/2005TrainingWorkshop/
IAMAS 2005
02-11/Ago/05 http://www.iamas2005.com
XI SBGFA
04-09/Set/05 http://www.sbgfa.com.br
WSN05
05-09/Set/05 http://www.meteo.fr/cic/wsn05/
15
ICB2005
05-09/Set/05 http://www.phoeppe.de/ICB2005
FITABES 2005
18-22/Set/05 http://www.fitabes.com.br
ICDC7
25-30/Set/05 http://www.cmdl.noaa.gov/info/icdc7
IX CONGREMET
03-07/Out/05 http://www.atmo.at.fcen.uba.ar/~congremet
SIC 2005
23-27/Out/05 http://www.sbmet.org.br
IV CBB
24-26/Out/05 http://www.iz.sp.gov.br/4cbb
16
VI FFM
25-27/Out/05 http://www.ametsoc.org/meet/fainst/fireandforest.html
II RCGC
06-10/Nov/05 http://www.acquaviva.com.br/mudglobais
III CCM
05-09/Dez/05 http://www.met.inf.cu
IV WBM
14-16/Dez/05 http://coralx.ufsm.br/meteorologia/workshop/
ICUC6
12-16/Jun/06 http://www.gvc.gu.se/icuc6
Nota: Se você quiser divulgar algum evento relacionado com a área de Meteorologia,
ou áreas correlatas, é só enviar um e-mail para:
info@unemet.al.org.br
17
C apa
R
ecentemente, estamos presenciando um momento único de discussões em prol
da formulação de uma Política Nacional de Meteorologia no país. Percebendo isso,
Cirrus - uma Revista de vanguarda - quer mais uma vez contribuir com a
comunidade meteorológica nacional. Nosso intuito é incentivar a participação de todos
nestas discussões, bem como, fornecer subsídios para que nossa comunidade, além de
refletir, possa apontar e sugerir contribuições na busca de um modelo mais abrangente
que culmine com a verdadeira Política Nacional de Meteorologia que tanto sonhamos.
18
Este debate alcançou o seu ápice no parte deste GTI representantes do
final de 2002 e motivou a apresentação, em CPTEC/INPE e do INMET. Esse GTI buscou
2003, de uma Proposta de Emenda à idealizar mecanismos de integração e
Constituição pelo senador Osmar Dias (PEC coordenação entre o Centro de Previsão de
12/2003), assessorado pela SBMET e Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC do
membros da comunidade, que tinha como Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -
objetivo alterar os artigos 21 e 22 da INPE e o Instituto Nacional de Meteorologia
Constituição Federal para definir a – INMET. Na verdade, o objetivo real era
competência da União no ordenamento do mais o de apaziguar os dois principais
Sistema Nacional de Meteorologia e órgãos federais dedicados às atividades
Climatologia. ligadas à Meteorologia no país e que ao
longo dos últimos anos estavam se
Esta boa iniciativa em maio de 2004 desentendendo.
recebeu o parecer favorável da Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania daquela A evolução dos debates também
casa (Parecer 466, de 2004), na redação culminou com a proposição de se criar um
proposta pela Comissão e não apenas Conselho Nacional de Meteorologia e
explicitava como competências da União Climatologia – CONAME, com o objetivo de
organizar e manter os serviços oficiais de formular a Política Nacional de Meteorologia,
Meteorologia e Climatologia, como também propor mecanismos para ordenar o setor e
instituía o Sistema Nacional de Meteorologia gerenciar suas ações, nos diversos
e Climatologia e legislava exclusivamente segmentos: Público, Privado, Federal e
sobre política e sistema nacionais de Estadual, envolvendo inclusive a participação
Meteorologia e Climatologia. E em 06 de formal desses diversos segmentos.
maio último foi aprovado pela Comissão de
Constituição e Justiça do Senado, estando Recentemente a SBMET elaborou um
aguardando a inclusão na ordem do dia do documento contendo suas contribuições ao
Plenário do Senado para aprovação final. decreto do MCT-MAPA para a criação do
Conselho Nacional de Meteorologia e
Em novembro de 2004 foi instituído Climatologia (CONAME). No documento a
um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) SBMET informa que apóia a iniciativa, porém
com o objetivo de elaborar proposta para este apoio estaria vinculado à criação de um
integração, coordenação e o aprimoramento Conselho que deva atender minimamente
de ações em Meteorologia e Climatologia, a aos preceitos da Política já consensuados
serem conduzidas pelos Ministérios da pela comunidade meteorológica brasileira.
Ciência e Tecnologia (MCT) e da Agricultura, Um breve resumo das principais criticas e
Pecuária e Abastecimento (MAPA). Fizeram sugestões encontram-se nos quadros abaixo.
Em março de 2005 o GTI elaborou um relatório contendo todas discussões e sugestões enviadas pela
comunidade meteorológica. As principais sugestões e conclusões citadas neste relatório foram:
19
Principais críticas da SBMET ao decreto do MCT-MAPA para a criação do CONAME:
• Segundo a compreensão da SBMET, antes • O outro aspecto, que segundo a SBMET, seria
que se altere a constituição, a União não mais crítico do Decreto se refere a incoerência
teria competência para ordenar ou legislar entre a conceituação dos objetivos do Conselho
sobre serviços do setor de Meteorologia e em contrapartida com o detalhamento de suas
Climatologia. Este documento menciona que atribuições. Assim, o Conselho estaria sendo
a SBMET teria dúvidas sobre a armado como de caráter Nacional. Então, para
constitucionalidade de um Decreto que venha que essa conceituação prevaleça, vários incisos
a criar um Conselho com funções devem sofrer alterações para compatibilidade
deliberativas nacionais. Desta maneira, é com a proposta. Ou seja, estaria havendo
sugerido que sejam feitas consultas a esse incoerência entre a conceituação do Conselho e
respeito, para que o Decreto não seja atribuições de seus membros de acordo com o
considerado inconstitucional e interrompa o documento da SBMET.
processo.
Em breve: www.unemet.org.br
20
L inks
Google Earth
1 http://earth.google.com
O Google anunciou no último dia 28 de junho o lançamento do Google Earth, serviço que
combina imagens de satélite com a engenharia de busca do Google, e construções em 3D.
O novo produto permite que o usuário voe no espaço e se aproxime até chegar a
panorâmicas de ruas e obter informações geográficas para explorar espaços ao redor do
mundo. O serviço promete a possibilidade de mudar a perspectiva, o ângulo e fazer
rotações das construções em 3D oferecidas. Montanhas, vales e cânions também foram
projetados. Por enquanto somente as maiores cidades dos Estados Unidos contam com as
construções em 3D.
Fonte: Fator Gis
ABRACOS on-line
2 ftp://lba.cptec.inpe.br/lba_archives/Pre-lba/abracos/book/
O livro do ABRACOS, Amazonian Deforestation and Climate, foi digitalizado e já pode ser
acessado on-line pelo endereço acima. Notar que os direitos autorais do Amazonian
Deforestation and Climate pertence ao Centre for Ecology and Hydrology. Permissões para
publicar figuras podem ser obtidas com:
Head of Process Hydrology Section
Centre for Ecology and Hydrology
Wallingford OX10 8BB, UK
Fonte: LBA Dis
GrADS em Português
3 http://www.cptec.inpe.br/ManualGrADS/
MIT OpenCourseWare
4 http://www.universiabrasil.net/mit/
21
M emória
E
ste segundo artigo, da série “Os Primórdios da Meteorologia no Brasil”, retrata
a obra de mais um pioneiro no estudo do tempo e do clima no país. Trata-se de
Joaquim de Sampaio Ferraz, formado em engenharia, já que em sua época
ainda não havia a profissão de Meteorologista e, nem tão pouco, a existência
de cursos regulares para a formação nessa fascinante Ciência.
22
ações importantes, destacando-se: âmbito de um projeto de nação em que o
campo e as atividades agrícolas se tornavam
• A expansão da rede climatológica; crescentemente valorizadas.
• Publicações dos boletins de prognósticos de
tempo anuais; Sampaio Ferraz foi o primeiro a pensar,
• Desenvolvimento do serviço de previsão de em subdividir a Meteorologia em
tempo abrangendo toda a região sul do Brasil;
Meteorologia Pura (conhecida atualmente
• Instalação de vários postos semafóricos (de
alarme) para avisos de temporais; como Meteorologia Básica) e Meteorologia
• Criação de um posto de sondagem, em Aplicada. Realizou inúmeras pesquisas e
Alegrete (RS), onde iniciaram-se as primeiras participou de todos os fóruns, nacionais e
observações aerológicas por meio de internacionais, de discussões dos problemas
papagaios (pipas) celulares; de Meteorologia da época. Foi membro
• Reativação do serviço meteorológico da honorário da Royal Meteorological Society
Marinha; (Reino Unido); membro da Sociedade
• Criação dos indispensáveis Serviços de
Meteorológica da França; sócio da American
Meteorologia Agrícola e de Previsão de
Enchentes de Rios. Meteorological Society (AMS); sócio da
American Geographysical Society; sócio
honorário da Sociedade Nacional de
Agricultura do Brasil e da Sociedade de
Geografia e Estatítica do México. Além disso,
recebeu algumas comendas: Grã-Cruz da
Ordem de Isabel, a Católica da Espanha e,
da Ordem Militar de São Tiago da Espada,
em Portugal.
23
• “Sir Gilbert Walker’s formula for Ceara’s Para saber mais:
droughts. Suggestions for its physical
explanation” que foi publicado na The Biblioteca do INMET, Eixo Monumental, Via S1
Meteorological Magazine em maio de 1929; Sudoeste, Brasília-DF.
• “A Influência das Florestas sobre as Chuvas”,
volume 2 da Revista Florestal, publicado em DUARTE, R.H., 2004. "Em todos os lares, o
1930; e conforto moral da ciência e da arte": a Revista
• “Causas Prováveis das Secas no Nordeste Nacional de Educação e a divulgação científica no
Brasileiro” publicado em 1948 no Boletim Brasil (1932-34). História, Ciências, Saúde-
Geográfico. Manguinhos, Vol. 11, n. 1, Jan/Abr, 2004.
No período que permaneceu a frente da SANT’ANNA NETO, J.L., 2001. Por uma
Diretoria de Meteorologia (1921 a 1930), Geografia do Clima Antecedentes Históricos,
concedeu-lhe uma verdadeira estrutura de Paradigmas Contemporâneos e uma Nova Razão
para um Novo Conhecimento. Terra Livre, São
Serviço Nacional, destacando-se a:
Paulo, n. 17, p. 49-62.
• Instalação e obtenção de observações por
meio de radiossondas; Sugestões de Leitura
• Organização da previsão sistemática do
tempo; FERRAZ, J. de Sampaio, 1948. Causas
• Criação de uma biblioteca contendo um prováveis das secas no Nordeste Brasileiro.
acervo com os melhores periódicos do mundo. Boletim Geográfico (CNG), n. 63, p.210-228. Rio
de Janeiro.
Desta maneira, a atuação de Sampaio
FERRAZ, Joaquim de Sampaio. A Meteorologia
Ferraz foi decisiva - e extremamente no Brasil. In: FERRI, Mario Guimarães,
importante - para que o INMET esteja MOTOYAMA, Shozo (Coords.). História das ciências
atualmente prestando seus serviços à no Brasil. São Paulo: EDUSP, 1979.
sociedade brasileira. Desta forma, podemos
dizer que todas as ações idealizadas por ele SEREBRENICK, S. Notas sobre o clima do
constituem marcos importantes para a Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da
Meteorologia nacional. Agricultura/Serviço de Documentação, 1945. 33 p.
Temas em C&T
http://www.mct.gov.br/Temas/mch/
24
S ala de Leitura
Lançamentos
Este livro é único em seu gênero ao Stephen Hawking, um dos mais famosos
reunir a interpretação das imagens do vapor físicos da atualidade e considerado o mais
d’água, os campos de vorticidade potencial e de brilhante físico teórico desde Einstein (autor do
diagnóstico modelo como guia para validar as best-seller ''Uma Breve História do Tempo''),
análises dos modelos numéricos de prognósticos oferece agora em português a versão ilustrada de
de curto e curtíssimo prazo. 'Os Gênios da Ciência' um olhar apurado das mais
revolucionárias idéias e descobertas das mentes
Uma característica interessante do livro é mais brilhantes da física e da astronomia.
a multiplicidade de ilustrações baseadas em
situações reais, que mostram imagens do vapor Se não fosse por cinco cientistas geniais -
d’água com campos meteorológicos superpostos Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Johannes
observados e analisados. Kepler, Isaac Newton e Albert Einstein - a física e
a ciência não seriam o que são hoje. Esses cinco
Foi desenvolvido na Meteo-France em homens que viveram em épocas distintas
parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia revolucionaram o mundo com suas idéias,
e Hidrologia da Bulgária. descobertas e teorias.
O livro está dirigido para servir de guia Uma obra fascinante não apenas pela
para a interpretação de padrões considerados nas genialidade dos cientistas escolhidos, mas
imagens do vapor d’água em termos dos também pela facilidade que o leitor encontrará
processos dinâmicos que ocorrem dentro da para compreender quem foram esses homens e os
atmosfera e de sua relação com o diagnóstico desafios que precisaram enfrentar para
disponível da previsão numérica do tempo. divulgarem suas idéias.
25
C uriosidades
O
que é exatamente a luz? Como ela é produzida? De que ela é feita? Nos últimos
quatro séculos essas perguntas atormentaram os cientistas. Uma das primeiras
pistas importantes sobre o que era a luz surgiu a partir de uma experiência
muito simples realizada por Isaac Newton no final do século XVII.
26
Por volta de 1801 a comunidade Afinal, o que é a luz?
científica ficou convencida de que a luz era
realmente uma onda graças às experiências Hoje sabemos que a luz é a parte
realizadas pelo físico inglês Thomas Young. Sua visível da radiação eletromagnética que se
experiência era bem simples. Ele fez com que propaga em qualquer meio e até mesmo no
um feixe de luz, após passar por um anteparo vácuo. Mas, para chegar a essa compreensão,
opaco onde haviam duas fendas estreitas e foram necessários muitos anos de pesquisas.
paralelas, incidisse sobre uma superfície branca
situada a alguma distância dessas fendas. Se a Várias experiências mostraram que
luz fosse formada por partículas, idéia uma carga elétrica é circundada por um campo
defendida por Newton, os dois feixes de luz elétrico e que um objeto magnetizado é
provenientes das duas fendas formariam circundado por um campo magnético. No início
simplesmente imagens brilhantes das fendas do século XIX várias experiências
sobre a superfície branca. demonstraram que uma carga elétrica que se
desloca produz um campo magnético e que o
movimento em um campo magnético dá origem
a um campo elétrico. Mesmo assim,
considerava-se naquela época que existiam
duas ciências independentes: a ciência da
eletricidade e a ciência do magnetismo.
Thomas Young (1773-
1829) o primeiro a
Em meados do século XIX o físico e
provar as propriedades
matemático escocês James Clerk Maxwell
ondulatórias da luz
mostrou que todos os fenômenos elétrico e
No entanto, não era isso que magnético podiam ser descritos por um
acontecia. Ao realizar sua experiência Young conjunto básico de apenas quatro equações.
notou que na superfície branca do anteparo era Essas equações mostravam que a força elétrica
formada uma distribuição regular de bandas e a força magnética eram apenas duas
claras e escuras que se alternavam manifestações diferentes de um único
regularmente. Isso era exatamente o que se fenômeno físico que hoje conhecemos como
esperava acontecer se a luz tivesse eletromagnetismo.
propriedades ondulatórias.
27
N ossas Escolas
A
educação de meteorologistas no Brasil teve início em 1958, com a criação do
primeiro Curso de Meteorologia (em nível de 2° grau), na Escola Técnica Federal
Celso Suckov da Fonseca, hoje, Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio
de Janeiro, CEFET – RJ.
28
Quadro 1 - Veja os principais prêmios conquistados pelo Curso do CEFET-RJ nos últimos dois anos:
29
R eflexões
30
SAIBA MAIS: LEI Nº 6.835, DE 14 OUTUBRO DE 1980*.
Dispõe sobre o exercício da profissão de Meteorologista, e dá outras providências.
JOÃO FIGUEIREDO
Presidente da República
31
33