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GRANDE ORIENTE DO BRASIL - SANTA CATARINA

GOB-SC
A∴R∴L∴S∴ RENOVAÇÃO Nº 3387
RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

CÂMARA DE REFLEXÃO

A∴M∴ Jorge Artur Cameu - CIM: 324840

Or∴ de Florianópolis, 26 de fevereiro de 2022, da E∴V∴

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SUMÁRIO

Capa:.................................................................................................................. 1
Sumário:............................................................................................................ 2
Introdução:........................................................................ ................................. 3
Desenvolvimento: .............................................................................................. 4
Conclusão:.......................................................................................................... 5
Referências Bibliográficas:................................................................................... 6

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INTRODUÇÃO

A transição do profano para o futuro maçom, no processo de sua iniciação passa


pela Câmara de Reflexão, cuja denominação já define seu objetivo. Trata-se de uma sala
escura carregada de símbolos e frases que provocam uma reflexão profunda sobre a vida,
sobre os valores, levando o profano a questionar sobre sua decisão de se tornar um
maçom, gerando expectativas sobre a sua vida futura. É a oportunidade de rever sua
decisão, de seguir em frente ou não. Neste trabalho pretende-se esclarecer sobre a sua
origem, qual o significado dos símbolos, das frases que a compõem, e qual a sua
importância na vida do maçom.

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DESENVOLVIMENTO

CÂMARA DE REFLEXÃO

Na Maçonaria, mais precisamente, no Rito Escocês Antigo e Aceito, a


iniciação nos Augustos Mistérios Maçônicos é feita a partir de um compartimento da loja,
denominado Câmara de Reflexão, onde o candidato deverá passar por uma morte
simbólica de sua vida profana e renascer um novo homem, livre de preconceitos e paixões
mundanas, disposto à lapidação de sua pedra bruta, para que um dia possa vir a fazer parte
da Arte Real.

Sua origem remonta à lenda dos três assassinos do Mestre Hiram Abiff que, após
cometerem o crime, refugiaram-se em uma caverna para evitar que fossem descobertos e,
posteriormente, presos pelos emissários do Rei Salomão. Naquele momento eles
refletiram sobre o ato que cometeram e sobre suas condições humanas.

O primeiro contato real que o candidato tem com a Maçonaria é através da Câmara
de Reflexão. A Maçonaria oferece aos que ali se encerram, um conjunto de símbolos que
os levam a mais profunda meditação, de modo a induzi-los a sentirem uma verdadeira
catarse, promovendo uma transformação interior. Cada um daqueles símbolos tem, como
veremos, uma explicação própria. Todavia, importa mesmo o significado do conjunto.

Construída em local discreto da Loja, representa um “túmulo” onde o candidato


será “enterrado”. Eis que vai “morrer” um homem cheio de vícios, para “renascer” um
Maçom com virtudes a serem aprimoradas e buriladas. Com paredes forradas de preto e
pintadas de emblemas fúnebres, impede a penetração de qualquer luz do exterior. Uma
vela ou uma pequena lâmpada a ilumina. Nesta câmara, haverá um esqueleto humano, ou
pelo menos, um crânio, um pedaço de pão, uma bilha com água, sal, enxofre, mercúrio,
uma cadeira, uma mesa, uma campainha, papel e uma caneta. Sobre a mesa a figura de um
galo e uma ampulheta. Debaixo do galo, as palavras: VIGILÂNCIA E
PERSEVERANÇA. Nas paredes expressões e advertências quanto à curiosidade e outras
possíveis fraquezas humanas, além de uma particularidade intrigante: V.I.T.R.I.O.L.

Assim, é a Câmara de Reflexão.

Vamos procurar interpretar seu simbolismo.

O candidato morreu para as coisas do mundo: luxo, vaidade, gozos transitórios.


Dali sairá com o propósito de se transformar em um novo homem, humilde, puro, sincero,
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Justo e Perfeito. Enfim, um Maçom. No entanto, tem o candidato a oportunidade de
reconsiderar a sua decisão de tornar-se um Maçom ou voltar ao mundo profano. Seguir
adiante deve ser, acima de tudo, uma decisão consciente.

Como em tudo na vida, as tomadas de decisões impensadas podem gerar sérias


consequências no futuro. É preciso ponderar e agir com convicção e sabedoria para evitar
arrependimento e sofrimento desnecessários.

O pão e a água

O pão é um símbolo do alimento essencial ao ser humano. Simboliza o laço que


deve unir os Maçons fraternalmente. A água representa a fonte da vida; da purificação,
símbolo da Mãe Natureza. Ambos são indispensáveis à vida material e espiritual.

O enxofre, o sal e o mercúrio

Estes elementos tomam o sentido alquímico, referindo-se às leis herméticas e a


criação da Pedra Filosofal. O enxofre é o símbolo do espírito. Também simboliza o
masculino. O mercúrio, o feminino e o sal simboliza a sabedoria e a ciência, o elemento
neutro de ligação entre os dois anteriores.
Apresentados em taças separadas indicam que o candidato, deve estar sempre
cheio de entusiasmo, mas moderado, a fim de que o ardor não o leve a cometer excessos.

A ampulheta

É um antigo instrumento para medir o tempo. Sugere a necessidade de aproveitar o


tempo com coisas úteis para si próprio e para a humanidade. Que o Maçom não deve
dedicar seu tempo somente com acúmulo de bens materiais e gozos dos prazeres
mundanos, desperdiçando sua vida.

O galo

O galo sugere audácia e vigilância. Induz à meditação, lembrando que um novo


dia se aproxima trazendo ao candidato uma nova aurora. Ele deve vigiar os seus defeitos,
corrigindo-os e procurando tornar-se puro para se tornar digno da aurora que se aproxima,
quando então irá conhecer a luz da verdade maçônica.

Vigilância e perseverança

Estas duas Palavras são uma mensagem ao candidato, concitando-o a manter,


quando for recebido Maçom, uma vigilância constante e uma atenção aguçada para

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aprender, através de acurada investigação, todos os sentidos dos diversos símbolos com
que lhe será dado deparar. Conhecimento, aliás, que lhe dará a possibilidade de trabalhar
na construção do seu Templo interior. Mas, para tanto, não basta apenas a vigilância,
necessita também, de férrea perseverança. Lembrando que Jesus recomendou a Pedro,
Tiago e João: Vigiai e orai, para não cairdes em tentação; o espírito, na verdade, está
pronto, mas a carne é fraca. (Mt. 26:41; Mc. 14:38). Recomendação, aliás, que
permanece atualizada para todos nós.

A foice

A ceifadeira traz a ideia do trabalho. Serve também para cortar as ervas daninhas e
assim sugere ao candidato que todos os seus vícios e todas as suas imperfeições serão
eliminados à mercê de seu trabalho e de sua dedicação.

O Crânio

O crânio simboliza que nossa vida aqui na matéria é passageira, a morte corporal
inevitável, sendo o prelúdio de uma nova vida. Riqueza, glória, miséria, fome, tristeza,
tudo terá um dia o seu fim. Por isso, a Maçonaria apresenta alguns símbolos mortuários
para lembrar aos maçons que a matéria é efêmera e nossa essência, transcendental,
imortal.

V∴I∴T∴R∴I∴O∴L∴

As letras desta Palavra são as iniciais de uma frase em latim que significa: “Visita
o Interior da Terra e Nele, Retificando-te, Encontrarás a Pedra Oculta ou Filosofal”.
Um convite ao candidato para, em silêncio e meditação, pesquisar nos escaninhos de sua
própria alma, a fim de encontrar o seu EU mais profundo. O homem verdadeiro que
habita o corpo material. A pedra oculta que todos nós temos necessidade de conhecer e
que estaria no “interior da terra”, isto é, dentro de nós mesmos, no mais íntimo do nosso
ser, cujo conhecimento somente será possível se conseguirmos agir “retificando” os
nossos pensamentos, os nossos costumes, os nossos vícios e nossa moral.
Remete-nos ao aforismo encontrado por Sócrates no pórtico de entrada do deus
Apolo, na cidade de Delfos, na Grécia, no século IV a.C. “Conhece-te a ti mesmo”, nos
mostrando a importância do autoconhecimento.

Outras frases espalhadas pelas paredes são estímulos que servem para instruir e
reanimar o candidato, fazendo-lhe vislumbrar os princípios maçônicos que adotará se
persistir no seu propósito de se tornar maçom, dando-lhe, em caso contrário, inclusive, a
oportunidade de interromper a Iniciação e de se retirar.

Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te!

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A Maçonaria não pode servir de campo experimental para satisfação de uma
simples curiosidade. Inteiramente dedicada ao estudo de problemas fundamentais e de
grandes ensinamentos, todo elemento possuído por uma simples curiosidade, longe de lhe
ser útil, seria um perigo. Sendo manifesto o desejo da Maçonaria de participar ao mundo a
sua utilidade por meios sábios e discretos ensinamentos e por elevados exemplos, ela
reprime a louca afeição ao superficial, ao fútil, engrandecendo no homem o desejo de
instruir-se através de estudos sadios, sérios e proveitosos.

Se queres bem empregar a tua vida, pensa na morte.

Sendo a morte o fim da existência corporal, a sua aproximação será o castigo ou a


recompensa da vida, de acordo com o emprego que lhe foi dado e a direção que lhe foi
impressa. O homem deve refletir sobre a morte para valorizar e lapidar a sua vida. Sendo
assim, o maçom deve fazer de sua vida um caminho laborioso, superando obstáculos, com
a máxima valorização intrínseca de si mesmo. Pode-se entender, ainda, a morte, como
sendo o fim da vida profana e o nascimento na vida maçônica, na qual o iniciado começa
a glorificar a verdade e a justiça, levantando Templos à virtude e cavando masmorras ao
vício.

Se tens receio que se descubram os teus defeitos, não estarás bem entre nós.

O ensinamento que essa frase encerra é fundamentalmente proveitoso. O homem


não pode alcançar um grau de elevada perfeição, senão pelo constante estudo de si mesmo
e com o conhecimento mais amplo de seus próprios defeitos. O maçom, para seguir o seu
caminho de constante aprendizado, precisa transparecer, sem receios, todos os seus
defeitos, por mais amargo que isso venha a ser, pois é através desta exteriorização que se
pode lapidar a verdadeira pedra bruta.

Se és apegado às distinções mundanas, retira-te! Nós aqui, não conhecemos.

A Maçonaria respeita as hierarquias do mundo profano e as distinções exigidas


pela ordem social. No entanto, dentro de seus templos, isso é desprezado pelo princípio da
igualdade que deve reinar entre todos os seres, sem mais distinções que as merecidas pela
virtude, nobreza e talento; da mesma forma em que os trabalhos dos aprendizes maçons
iniciam-se ao meio-dia, fazendo com que os irmãos trabalhem sem fazer sombra uns aos
outros. Esse sentimento de igualdade traz, por conseguinte, uma evolução em conjunto
muito mais forte e duradoura, fazendo com que o sentimento de desprezo ou o próprio
individualismo não sejam bem quistos na Ordem Maçônica.

Se fores dissimulado, serás descoberto.

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A hipocrisia é uma das causas principais que fazem progredir o mal no mundo,
devendo o maçom fazer sempre o possível para desmascará-la, combatendo-a por toda a
parte onde ela se encontre. Todo aquele que finge, aquele que oculta, cedo ou tarde será
desmascarado e seus vícios expostos à luz do Sol, à luz da verdade.

Se tens medo, não vás adiante!

Embora a Maçonaria não pretenda despertar o terror ao iniciante, essa inscrição


existe para indicar que no momento de perigo, o homem carente de fé e de valor, que se
deixa dominar pelo terror e a superstição, não consegue exteriorizar a sua pedra bruta. O
sentimento de medo faz com que o homem bloqueie seu caminho a ser triunfado, inibindo
a sua coragem, perseverança, autoestima, valor e fé, que é justamente o que o iniciante
está precisando exteriorizar nesse momento.

O testamento
Sobre a mesa encontra-se material próprio para que o candidato redija o seu
testamento moral e filosófico. Ele não se refere à disposição de bens materiais após a
morte. Trata-se, isto sim, de uma afirmação de novos princípios, segundo os quais, ele
deverá renunciar à sua vida profana. Várias questões fundamentais são formuladas
naquele momento:

• Quais os deveres do Homem para com DEUS?


• Quais os deveres do Homem para com a Humanidade?
• Quais os deveres do Homem para com a Pátria?
• Quais os deveres do Homem para com a Família?
• Quais os deveres do Homem para consigo mesmo?

As respostas a estas perguntas constituem o testamento. Como se vê, englobam todas as


situações em que se deve envolver um homem de bem, um maçom. As suas respostas
claras e precisas possibilitarão aos IIr∴ uma avaliação do candidato.

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CONCLUSÃO

Podemos chegar à conclusão que somente a meditação profunda é o único


caminho capaz de levar o homem a um reencontro consigo mesmo. Os grandes iniciados,
os verdadeiros guias espirituais da humanidade, em todos os tempos, recorreram,
invariavelmente, à meditação prolongada e profunda, inteiramente isolados do mundo,
procurando um reencontro íntimo que os tornasse capazes de exercer o seu ministério
junto aos homens.

Santo Agostinho é um grande exemplo e nos propõe um exame de consciência


diário. Ele recomenda que ao final de cada dia façamos uma retrospectiva dos nossos atos.
Faça para você mesmo a seguinte pergunta: Será que neste dia cumpri com todos
os meus deveres, profissionais, sociais e familiares? Durante o dia não terei dado motivo
para alguém se queixar de mim?

Fui bom colega de trabalho, profissional correto, cidadão honrado, pai


compreensivo, esposo amável?
Terei feito alguma coisa que se fosse feita por outra pessoa eu censuraria?
Pratiquei alguma ação que tenho vergonha de confessar a quem quer que seja?
Finalmente, se Deus me chamasse agora, estaria preparado para adentrar o mundo
espiritual?

Analisando cada ato do nosso dia, procurando, se possível, reparar os erros


cometidos e aprimorar os nossos acertos, estaremos caminhando na direção da formação
de um verdadeiro Homem de bem, e podemos dizer, um verdadeiro Maçom.

A Câmara de Reflexão é a transição da vida profana para a vida Maçônica, que usa
de seus elementos e simbolismos para preparar o iniciante para essa nova e frutífera vida.
Portanto, constatamos que a Câmara de Reflexão tem como fundamento maior fazer com
que o iniciante consiga exteriorizar, expor a sua pedra bruta, para que dessa forma, a
mesma possa ser permanentemente lapidada, intuito este, inerente à Maçonaria.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS

 Camino, Rizzardo da – O Aprendizado Maçônico – Editora Maçônica A Trolha Ltda


Londrina/PR– 2013;
 GOB, Rit∴ Apr∴ Maçom – R∴E∴A∴A∴ – Edição 2009;
 Bíblia: Novo Testamento:
 Adaptação da Questão 919a, O Livro dos Espíritos, Editora FEB - Internet:
 https://focoartereal.blogspot.com/camara-de-reflexoes
 https://opontodentrocirculo.com/o-simbolismo-da-camara-de-reflexoes
 https://macomcenter.com.br/blog/index./a-camara-de-reflexoes

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