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CUIABÁ - MT
2021
LETÍCIA LUIZA AMARAL CASTELLO
CUIABÁ - MT
2021
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, а Deus, pоr tеr permitido que eu tivesse saúde е determinação para
não desanimar durante todos os meus anos de estudos.
A minha família, pelo amor incondicional, por me incentivaram nos momentos difíceis
e compreenderem a minha ausência enquanto eu me dedicava aos estudos.
Aos amigos, que sempre estiveram ao meu lado, demonstrando que apesar de estar
longe da minha família eu não estava sozinha e pelo apoio demonstrado ao longo de todo o
período de tempo em que me dediquei a faculdade.
Ao professor Dr. André Luiz Agnes Stein, por ter sido meu orientador e ter
desempenhado tal função com dedicação e amizade.
Aos professores que me fizeram chegar até aqui, pelas correções e ensinamentos que
me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação profissional
ao longo do curso.
ii
RESUMO
iii
ABSTRACT
Glycerol is the main co-product of biodiesel and with the increase in biodiesel production to
13% in 2021, thanks to the measure provided for in Resolution 16, of 2018, of the National
Energy Policy Council (CNPE), which authorizes the National Agency of Oil, Natural Gas and
Biofuels (ANP) to increase this percentage to 15% in 2023, there was a significant increase in
its production. Thus, with the excess of glycerol in the market, thanks to the transesterification
process for the production of biodiesel, new technological routes will be needed to sell this
product. Therefore, glycerochemistry with its various ways to increase the added value of raw
glycerol will be presented throughout the work, as purified glycerol is widely used in the
market, with several studies of treated transformations, but it has a costly treatment cost. for
industries. Despite several studies that have been and are still being conducted on glycerol,
which have several advantages for its physical-compound properties and for being a raw
material of renewable origin, there is still a need for greater investments in research in the field
of glycerochemistry.
iv
LISTA DE FIGURAS
v
LISTA DE TABELAS
vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
vii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1
1.1 Justificativa ................................................................................................................................. 2
1.2 Objetivos ..................................................................................................................................... 3
1.2.1 Objetivo geral ...................................................................................................................... 3
1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................... 3
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................................... 4
2.1 Biodiesel ...................................................................................................................................... 4
2.2 Glicerol ........................................................................................................................................ 8
2.3 Rotas produtivas de biodiesel e glicerol .................................................................................. 12
2.4 Principais Destinos do Glicerol................................................................................................ 14
2.4.1 Alimentação animal .......................................................................................................... 16
2.4.2 Propeno ............................................................................................................................. 17
2.4.3 Etanol ................................................................................................................................ 17
3 METODOLOGIA ........................................................................................................................... 19
3.1 Gliceroquímica ......................................................................................................................... 19
3.1.1 Acetais da glicerina........................................................................................................... 21
3.1.2 Eterificação da glicerina ................................................................................................... 22
3.1.3 Epicloridrina ..................................................................................................................... 23
3.1.4 Ácido acrílico .................................................................................................................... 24
3.1.5 Ácido fórmico.................................................................................................................... 25
3.1.6 Glicerol como solvente em transformações orgânicas ................................................... 26
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 29
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................... 31
viii
1 INTRODUÇÃO
Nesse contexto, surge a importâncias da gliceroquímica, que pode ser definida como
uma área que estuda diversas formas de aumentar o valor agregado da glicerina bruta
proveniente das industrias de biodiesel, sendo uma alternativa de recuperação da glicerina com
grande ascensão no mercado. Já que só no ano de 2018, gerou-se 440,6 mil m³ de glicerol
proveniente do biodiesel, sendo as regiões Sul e Centro-Oeste responsáveis por mais de 80%
da produção brasileira (ANP, 2019). Esse fato se deve ao crescimento da produção do biodiesel
1
a partir da lei que estabelece seu progressivo aumento, acarretando, consequentemente, um
aumento da produção de glicerol.
Assim, é possível observar a importância de se estudar esse tema, pelo fato de ter
grande relevância em nossa atualidade, já que o glicerol utilizado como matéria-prima possui
diversas vantagens, como a utilização de uma fonte de matéria prima renovável que produz
menor emissão de dióxido de carbono (𝐶𝑂2 ), substituição de matérias-primas de origem fóssil
esgotáveis, atendimento às demandas da COP21 e possibilidade da implantação de conceitos
da Química Verde, uma vez que o glicerol possui propriedades físico-químicas e dielétricas
importantes (LEMOS, 2018).
No entanto, um problema relacionado a esse tema é que até pouco tempo, existia uma
situação de estabilidade entre a demanda e o consumo do glicerol, também conhecido como
glicerina, com a diferença do glicerol se aplicar ao composto químico puro, e a glicerina a
produtos comerciais com pelo menos 95% de glicerol (DOMINGUES, 2014). Mas o aumento
da produção do biodiesel e consequentemente a produção da glicerina, introduziu uma nova
variável na equação: a produção de glicerol em grandes quantidades. Apesar desta substância
já possuir numerosas aplicações indústrias, como aditivos para indústria farmacêutica, de
cosméticos e indústria química em geral, o seu excedente está levando a queda do seu valor
monetário e a estocagem de glicerol sem destino, já que o coproduto não pode ser descartado
livremente no meio ambiente, devido ao fato de possuir compostos poluentes, podendo levar
indústrias químicas abandonar a produção do glicerol (SANTOS, 2014).
1.1 Justificativa
2
Com a finalidade de tornar a produção de biodiesel mais competitiva e prevenir
problemas relacionados ao seu acúmulo, torna-se necessário o aumento de pesquisas
relacionadas ao uso desse glicerol bruto produzido, gerando produtos com maior valor agregado
nos diversos ramos industriais.
O que justifica o objetivo deste estudo, que é realizar uma revisão da literatura sobre
as rotas de consumo do glicerol e a gliceroquímica, atuando em sua valorização, com base em
artigos científicos, livros e sites.
1.2 Objetivos
O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo geral de realizar uma revisão da
literatura de rotas de utilização da glicerina oriunda do processo de produção de biodiesel e
abordar a gliceroquímica, com o intuito de informar maneiras de aumentar o seu valor agregado.
3
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Biodiesel
Desde o fim dos anos 90 para começo do ano 2000, iniciou uma maior preocupação
com o meio ambiente e a escassez de energias não renováveis, derivadas de combustíveis
fósseis. Assim, em 1997 foi assinado o Protocolo de Kyoto, onde muitos países se
comprometeram em reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa. Desta forma,
estudos referentes a alternativas de substituir combustíveis fosseis por biocombustíveis estão
cada vez mais avançadas, sendo o biodiesel considerado um dos combustíveis de fonte
renovável mais viável, por contribuir para o ciclo do carbono, reduzindo as principais emissões
de gases de exaustão, possuir um alto ponto de fulgor e apresentar alta lubricidade (PINHEIRO;
CÉSAR; BATALHA, 2010).
4
vapor inferior à 5ºC, e insolúvel em água (YAAKOB et al., 2013). Possui como principal meio
de obtenção a transesterificação de óleos vegetais com álcoois de baixa massa mola, como pode
ser visto na Figura 1 (MOTA, SILVA, GONÇALVES, 2009).
Logo após a transesterificação, é formada uma massa reacional composta por duas
fases. A fase mais pesada é composta por glicerina bruta e a fase mais leve por mistura de
ésteres metílicos.
5
Figura 2 - Fluxograma do Processo de Produção do Biodiesel.
6
Figura 3 - Mapa das plantas de biodiesel autorizadas até o mês de junho de 2021.
7,2%
44,5%
39,6%
2.2 Glicerol
8
Figura 6 - Estrutura do glicerol.
Na sua forma pura e anidra, o glicerol apresenta um ponto de fusão de 18,2ºC e ponto
de ebulição a 290ºC à pressão atmosférica, sua densidade especifica é de 1,261 𝑔. 𝑚−1
(PEITER et al., 2016). Na Tabela 1 são apresentadas as propriedades físico-químicas do
glicerol.
Valores
Propriedades
Peso Molecular 92,09
Densidade (100% pureza a 25ºC) 1,261 𝑔. 𝑚𝐿−1
Ponto de Ebulição 290ºC
Ponto de Fusão 18ºC
63,4 𝑚𝑁. 𝑚−1
Tensão Superficial (20ºC)
Calor específico (99,96% de pureza, 26ºC) 2,435 𝐽. 𝑔−1
Calor de Evaporação (55ºC) 5,8 𝐽. 𝑚𝑜𝑙 −1
Calor de Dissolução 667,8 𝐽. 𝑚𝑜𝑙 −1
Viscosidade (20ºC) 939 cps
Fonte: adaptado de PERRY, GREEN e MALONEY, 1997.
Esse mesmo levantamento foi realizado pela ANP, 2021, assim foi observado que
produção de glicerina entre os anos de 2019 e 2020 teve um aumento de 13,26%. Ainda
segundo a ANP, 2021, entre os anos de 2011 a 2020 a produção de glicerina no Brasil quase
dobrou, sendo produzido no ano de 2011 o total de 273.353m³, enquanto no ano de 2020 foi
produzido o total de 580.070m³, é possível observar esse aumento na Figura 7.
600.000
Glicerina gerada (m³)
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
-
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Anos
Em relação as regiões brasileiras que mais produziram glicerina entre os anos de 2011
e 2020 a ANP, 2021 catalogou que segue sendo a região Centro-Oeste a maior produtora do
subproduto, produzindo o total de 245.297m³ no ano de 2020, sendo 13,56% maior a produção
que no ano anterior. Essa evolução da produção das regiões brasileiras é observada na Figura 8
à baixo.
11
Figura 8 - Glicerina gerada na produção de biodiesel (B100), segundo grandes regiões -
2011-2020.
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Anos
Para tornar a produção de biodiesel mais rentável e com intuito de impedir o acúmulo
indesejado de glicerina, é sempre importante a busca de alternativas para o uso da glicerina
bruta, com pesquisas no ramo tecnológico de como reaproveitar esse subproduto, gerando
produtos com valor agregado que promovam a comercialização deste nos diversos ramos
industriais.
No estudo Peiter et al. (2016), foi demostrado que a principal rota de obtenção do
biodiesel é a partir da transesterificação de óleos vegetais com álcoois (metanol e etanol),
usando catálise básica. O mesmo destaca a relevância da purificação da glicerina a fim de
viabilizar seu emprego nos diversos setores, principalmente, no industrial, através de pesquisas
técnico-científicas, para o desenvolvimento de novas aplicações.
14
produção de etanol por processos biotecnológicos, produção de ácido fórmico a partir da
oxidação do glicerol, além de outros produtos, como éteres, acroleína, gás de síntese e
epicloridrina. Já a glicerina farmacêutica que tem grande aplicação nos setores de higiene
pessoal, alimentos, fumo, medicamentos e cosméticos. Sendo usada também quando realizada
transformações químicas, como na produção de explosivos (nitroglicerina) e resinas alquídicas
(PEITER et al., 2016). Na Figura 10 ad diversas aplicações do glicerol.
Aplicações
Terapêuticas
Agente
Agente Purgativo
Crioprotetor
Glicerol
Agente Agente
Termorregulador Hidratante
Aplicações Agente
Industriais Osmorregulador
•Maquiagem •Estabilizante
•Xaropes •Antioxidante
•Pasta de •Umectante
dente •Emulsificante
•Cosméticos Indústria •Sequestrante
Farmacêutica
e Cosmética Alimentar
Outras
Química
Indústrias
•Adesivos
•Detergentes •Têxtil
•Tinta •Tabaco
•Papel •Explosivos
15
Dentre os setores industriais que utilizam o glicerol, serão descritos nos subtítulos a
baixo a produção de ração para alimentação animal, propanodiol e a produção de etanol.
Dessa forma, o glicerol pode ser usado na dieta dos suínos, com o intuito de melhorar
a qualidade dos peletes das rações, tendo resultados favoráveis com a adição de 3 a 6% de
glicerol (GROESBECK, 2002). Reduz também o pó das dietas, suprimentos minerais e
vitamínicos dos suínos, além de melhorar o sabor das dietas, graças ao seu sabor adocicado
(PIESKER E DERSJANT-LI, 2006).
16
glicerina bruta não deve ultrapassar 150 ppm para uso na alimentação animal, valor estabelecido
para não prejudicar os mesmos (MENTEN et al., 2008).
2.4.2 Propeno
2.4.3 Etanol
17
Figura 12 - Esquema geral da produção de etanol a partir da glicerina, gerando um ciclo.
Porém, apesar de ser uma rota alternativa para o escoamento do glicerol produzido em
excesso, deve ser levado em consideração o fato do Brasil já ser um grande produtor de etanol
a partir da cana-de-açúcar, podendo causar o aumento do preço da gasolina, decorrente ao
aumento desenfreado da produção do etanol.
18
3 METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido através de uma revisão bibliográfica como tema
principal a gliceroquímica, onde foi abordado primeiramente a cadeia produtiva do biodiesel e
do glicerol, abordando seu desenvolvimento, suas respectivas rotas tecnológicas de produção,
capacidade produtiva, além da influência que o co-produto glicerol tem no mercado nacional,
com o aumento de sua produção.
A segunda parte da pesquisa trata-se da revisão bibliográfica das principais rotas que
o glicerol pode ser aproveitado através da gliceroquímica, expondo novos ramos de pesquisa
para esse co-produto gerado em grande escala, com o aumento da adição do biodiesel no
mercado, esses níveis foram largamente dilatados.
3.1 Gliceroquímica
A gliceroquímica é o estudo de diversas rotas químicas pelas quais o glicerol pode ser
convertido em produtos com maior valor agregado, de modo que, toda a cadeia de produção do
biodiesel seja economicamente viável, possibilitando a expansão do produto no mercado. A
gliceroquimica é voltada particularmente quando ocorre transformações químicas (Domingues,
2014). A indústria gliceroquímica, cria uma opção renovável ao petróleo, gerando um ciclo
sustentável, partindo da produção de biodiesel até à matéria-prima para a produção de produtos
do cotidiano (Nascimento, 2018).
Segundo Lemos et. al. 2018, as rotas propostas para usar o glicerol são ambientalmente
corretas, minimizam o número de estágios do processo e são viáveis técnica e economicamente,
pois o glicerol apresenta a versatilidade de poder ser usado tanto como matéria-prima em
processos, quanto como produto em variados sistemas devido as suas propriedades físicas.
Mendes et. al. 2012 destaca que são muitas as contribuições acerca do tratamento da glicerina,
no entanto, ainda possui um elevado custo das tecnologias para esse tratamento.
O fato do glicerol possuir um grupo 𝑂𝐻 ligado a cada um dos três átomos de carbono
o torna um candidato a diversas reações químicas (UMPIERRE; MACHADO, 2012). A Figura
13 demonstra diversas reações químicas a base de glicerol que podem aumentar o seu valor
agregado.
19
Figura 13 - Produtos da valorização do glicerol.
MOTA et al. 2009 aborda sobre algumas transformações químicas possíveis para a
glicerina, visando a utilização como matéria-prima para a produção de insumos da cadeia
petroquímica e produtos com aplicações no setor de combustível, concluindo que o glicerol
pode ser transformado em éteres, acetais e ésteres com grandes aplicações industriais. Os éteres
oriundos da reação do glicerol com isobuteno são potenciais aditivos para diesel e biodiesel, já
os acetais e cetais da glicerina também podem ser misturados a combustíveis, sobretudo ao
diesel e biodiesel visando a melhoria de propriedades de fluidez e diminuição de particulados.
20
Figura 14 - Transformações catalíticas da glicerina.
Eterificação
Acetilização Epicloridrina
Gliceroquímica
Ácido Ácido
fórmico acrílico
21
Figura 15 – Reação da glicerina com aldeídos. Produção de acetais cíclicos.
Outros ótimos aditivos quando adicionados ao diesel e biodiesel são os éteres terc-
butílicos de glicerina, que proporcionam uma redução significativa de materiais particulados,
monóxido de carbono e hidrocarbonetos, que são solúveis em combustíveis não polares. Os
métodos para obter éteres de glicerina são variados, sendo os mais conhecidos a síntese de
Williamson (que envolve o uso de alcóxidos e agentes alquilantes), eterificação com alcenos
(com catalizadores ácidos) e eterificação com alcoóis (primários ou secundários) (MOTA,
2009).
22
Na Figura 16 é apresentada a reação entre o glicerol e o etanol, catalisada por sólidos
ácidos (zeólitas, argilas e resinas sulfônicas), formando éteres etílicos derivados da glicerina.
Esses éteres podem ser usados como potencial aditivo para melhoramento das propriedades de
fluxo e frio no biodiesel, sendo considerado 100% renovável, já que o etanol advém da
fermentação do açúcar (MOTA; PINTO, 2016).
3.1.3 Epicloridrina
23
Figura 17 - Produção de epicloridrina a partir de glicerol.
O Brasil importa ácido fórmico da China e Estados Unidos para ser utilizado na
indústria têxtil, como agente de tingimento, na indústria química como formamide ou
dimetilformamide, antioxidante, na indústria farmacêutica é usado na produção de aminoácidos
t, cafeína, vitamina B1 e usado na coagulação do látex da indústria de borracha. Esse ácido,
apresentado na Figura 19, é produzido a partir do glicerol, coproduto que o próprio Brasil
exporta para a China para produção do ácido fórmico, que volta para o país com um alto valor
agregado, desvalorizando a economia nacional (TCHE QUIMICA, 2006).
25
Segundo BiodieselBR (2014), o Brasil ainda não produz ácido fórmico, por isso a
necessidade de importação, porém produz em abundancia o glicerol (coproduto do biodiesel),
principalmente após o aumento percentual do biodiesel no diesel, aumentando a produção do
biocombustível e consequentemente do glicerol.
A escolha pelo nióbio se deu pelo fato de possuir uma grande quantidade desse mineral
no Brasil, tornando um insumo viável economicamente. Apesar de ser um método vantajoso
para o uso na indústria de curtume e de plástico, não poderá substituir a destilação, pois durante
esse método se obtém a glicerina purificada, usada na indústria farmacêutica (LAGES, 2020).
26
Lenardão et al. (2016) realizou experimentos usando o glicerol como solvente verde
e reciclável, onde estudou a reação de adição de tiós alquenos não ativados, como apresentado
na Figura 20 a baixo. Durante o experimento não foi utilizado catalisadores e constatou-se que
a reação pode ocorrer em temperatura de 25 ou 60 ºC, com duração de 4 a 10h, formando de
maneira seletiva o aduto anti-Makovnikov, com rendimento de 41 a 94%. Os autores destacam
que o glicerol utilizado pode ser reutilizado e reciclado em diversas reações sem necessidade
de pré tratamento, graças a alta polaridade e baixa pressão de vapor do solvente.
27
Figura 22 – Redução de 𝛽-cetoéteres por 𝑁𝑎𝐵𝐻4 em glicerol.
28
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo das rotas de produção através da gliceroquímica vêm mostrando uma forma
rentável economicamente e ambientalmente correta de escoar esse coproduto, que tem se
tornado um desafio para a indústria química brasileira. Através da conversão do glicerol em
produtos com maior valor agregado, o desenvolvimento tecnológico da gliceroquímica é capaz
de agregar valor à cadeia do glicerol, possibilitando a expansão do produto no mercado, sendo
voltada particulamente para a ocorrencia de transformações químicas. Aumentando as rotas de
trasformação e consumo do glicerol, há um maior incentivo para o crescimento da cadeia
produtiva de biodiesel.
29
Ainda há espaço para novos estudos em gliceroquímica, um exemplo são àqueles que
advém das reações de acetilação do glicerol, pois, esses insumos encontram-se em quantidades
cada vez maiores por conta do aumento crescente do acréscimo de biodiesel no diesel, além de
obedecerem aos termos da Química Verde, não fazendo uso de solventes e atendendo o
desenvolvimento de métodos alternativos para transformação da matéria-prima.
30
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
31
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