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FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – UNIPAC

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

HENRIQUE AZEVEDO DOS SANTOS


KARINE GOMES DE AMARAL
LIBNE MARTINS ALVES
TALES JARDIM DA SILVA BITTENCOURT

PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEO RESIDUAL DE


FRITURA

IPATINGA
2013
HENRIQUE AZEVEDO DOS SANTOS
KARINE GOMES DE AMARAL
LIBNE MARTINS ALVES
TALES JARDIM DA SILVA BITTENCOURT

PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEO RESIDUAL DE


FRITURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Engenharia Química da Faculdade
Presidente Antônio Carlos de Ipatinga, como
requisito parcial para obtenção do título de
bacharel em Engenharia Química.

Orientador: Prof. Willian Argolo Saliba

IPATINGA
2013
RESUMO

Biodiesel é um combustível de fontes renováveis que vem demonstrando ser uma promissora
alternativa ao diesel, combustível de origem fóssil. Desde 2010 todo o diesel comercializado
no Brasil recebe a adição de 5% de Biodiesel em volume, mas grande parte deste
biocombustível é produzido a partir do óleo de soja in natura. A produção a partir de óleos de
frituras possuem vantagens em relação ao óleo in natura, sendo o maior deles o custo, além
da destinação à este resíduo, que comumente recebe descarte inadequado, causando
problemas ambientais, entre outros. No presente trabalho, produziu-se Biodiesel a partir de
óleo residual reciclado. Para tanto, as amostras de óleo foram recolhidas em uma empresa
coletora situada na região do Vale do Aço - MG. Para definir o melhor método de produção,
foram analisados dados cinéticos e termodinâmicos de autores que estudaram e avaliaram
diferentes condições de processo, com diversos reagentes e catalisadores. Dessa maneira
foram definidas as rotas metílica e etílica a serem abordadas, na concentração de 1:12 molar
de óleo residual por álcool e a quantidade de 1,5% de catalisador no processo. Foi
confeccionada, pelos autores deste trabalho, uma planta piloto com materiais alternativos,
onde a produção foi realizada. Para certificar e validar o método, analisou-se o produto gerado
através de sua viscosidade e densidade, comparando-a com dados obtidos em normas
técnicas, inferindo que o produto resultante da rota metílica é Biodiesel.

Palavras-chave: Biodiesel. Óleo de fritura. Biocombustível. Planta piloto.


ABSTRACT

Biodiesel is a renewable fuel that demonstrates to be a promising alternative to diesel, fuel of


fossil origin. Since 2010 all diesel sold in Brazil receives the addition of 5% biodiesel by
volume, but much of this biofuel is produced from soybean oil fresh. The production from
frying oils has advantages over fresh oil, the largest being the cost, in addition to the
allocation of this residue, which commonly receives improper disposal, causing
environmental problems, among others. In the present work, was produced biodiesel from
waste oil recycled. To this end, the oil samples were collected in a collecting company
situated in the Vale do Aço - MG. To determine the best method of production, were analyzed
kinetic and thermodynamic information of authors who have studied and evaluated different
process conditions, with various reagents and catalysts. In this way were defined routes
methyl and ethyl being addressed in 1:12 molar concentration of residual oil by alcohol 1.5%
and the amount of catalyst in the process. Was made by the authors of this work, a pilot plant
with alternative materials, where production was carried out. To certify and validate the
method, we analyzed the product generated by its viscosity and density, comparing it with
data from technical standards, implying that the product resulting from the methyl route is
Biodiesel.

Keywords: Biodiesel. Frying oil. Biofuel. Pilot plant.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Distribuição do mercado de combustíveis em 2010.....................................12


FIGURA 2 - O ciclo do gás carbônico na queima de combustíveis de origem vegetal.....14
FIGURA 3 - Mapa das regiões e das culturas para a produção do biocombustível..........18
FIGURA 4 - Algumas reações que ocorrem durante o processo de craqueamento...........21
FIGURA 5 - Equação geral da transesterificação de um triacilglicerídeo.........................22
FIGURA 6 - Mecanismo proposto para transesterificação ácida......................................24
FIGURA 7 - Mecanismo proposto para transesterificação básica.....................................25
FIGURA 8 - Etapas da transesterificação via catálise básica............................................26
FIGURA 9 – Reação de saponificação..............................................................................27
FIGURA 10 – Processo de obtenção Biodiesel por transesterificação etílica do óleo residual
de fritura.............................................................................................................................28
FIGURA 11 - Picnômetro..................................................................................................36
FIGURA 12 – Viscosímetro modelo Copo Ford...............................................................36
FIGURA 13 – Desenho esquemático da planta................................................................37
FIGURA 14 – Frasco utilizado no decantador...................................................................38
FIGURA 15 - Misturador...................................................................................................39
FIGURA 16 – (a) aquecedor 1; (b) aquecedor 2................................................................39
FIGURA 17 – (a) condensador; (b) visualizador de fases.................................................40
FIGURA 18 – Tanques de inox.........................................................................................40
FIGURA 19 – Reatores de aço carbono oxidados.............................................................41
FIGURA 20 – Interruptores da rede..................................................................................41
FIGURA 21 – Etapas da lavagem......................................................................................43
FIGURA 22 – a) mistura retirada do reator; b) separação Biodiesel/glicerina..................49
FIGURA 23 – Biodiesel etílico após repouso....................................................................50
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

TABELA 1 - Comparação entre as propriedades do Diesel e Biodiesel...........................15


TABELA 2 - Características de culturas oleaginosas no Brasil........................................17
GRÁFICO 1 - Produção nacional de Biodiesel puro - B100 (bep) de janeiro/2012 à
março/2013.........................................................................................................................31
TABELA 3 - Ensaio de umidade.......................................................................................44
TABELA 4 – Índice de acidez...........................................................................................46
TABELA 5 – Densidade da matéria-prima........................................................................46
TABELA 6 – Viscosidade da matéria-prima.....................................................................47
TABELA 9 – Densidade e viscosidade encontrados.........................................................51
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGL – Ácidos Graxos Livres

ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

ASTM – (American Society for Testing and Materials) Sociedade Americana para Teste de
Materiais

bep – barris equivalentes de petróleo

DAG – Diacilgliceróis

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

FAME – (Fatty Acids Methyl Ester) Metil Éster de Ácidos Graxos

HC – Hidrocarbonetos

MAG – Monoacilgliceróis

P.A – Para Análise

PVC – (Polyvinyl chloride) Policloreto de polivinila

TAG – Triacilgliceróis
LISTA DE SÍMBOLOS

°C – grau Celsius (temperatura)

C – carbono

cm – centímetro

CO2 – dióxido de carbono

g – grama

h – hora

H – hidrogênio

ha – hectare (10 000 m²)

L – litro

m² – metros quadrados (unidade de área)

m³ – metros cúbicos (unidade de volume)

mg – miligrama

mL – mililitro

N – normal (mol/L)

Na – sódio

NaOH – Hidróxido de sódio

NOx – óxidos de nitrogênio (em geral)

O – oxigênio

R – radical

S – enxofre

SO2 – dióxido de enxofre

V – volt

W - watt
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................10
2 DESENVOLVIMENTO......................................................................................12
2.1 Revisão de literatura............................................................................................12
2.1.1 Diesel......................................................................................................................13
2.1.2 Biodiesel.................................................................................................................14
2.1.2.1 Propriedades físicas e químicas.............................................................................15
2.1.2.2 Matérias-primas.....................................................................................................16
2.1.2.3 Óleo de frituras.......................................................................................................18
2.1.3 Métodos de obtenção..............................................................................................20
2.1.3.1 Processo de craqueamento.....................................................................................20
2.1.3.2 Processo de transesterificação................................................................................21
2.1.4 Etapas da produção industrial por transesterificação.............................................27
2.1.4.1 Separação das fases................................................................................................28
2.1.4.2 Recuperação do álcool, glicerina e ésteres.............................................................28
2.1.4.3 Desidratação do álcool...........................................................................................29
2.1.4.4 Purificação dos ésteres...........................................................................................29
2.1.4.5 Destilação da glicerina...........................................................................................29
2.1.5 Mercado brasileiro de Biodiesel.............................................................................30
2.1.6 Vantagens e desvantagens......................................................................................31
2.1.6.1 Vantagens...............................................................................................................31
2.1.6.2 Desvantagens.........................................................................................................32
2.1.7 Meio ambiente........................................................................................................33
3 METODOLOGIA................................................................................................35
3.1 Análises físico-químicas da matéria-prima........................................................35
3.1.1 Umidade.................................................................................................................35
3.1.2 Índice de acidez......................................................................................................35
3.1.3 Densidade e viscosidade........................................................................................35
3.2 Pré-tratamento do óleo........................................................................................37

3.3 Planta piloto..........................................................................................................37


3.4 Produção de Biodiesel..........................................................................................41
3.4.1 Mistura catalisador e metanol................................................................................42
3.4.2 Mistura catalisador e etanol...................................................................................42
3.5 Lavagem do Biodiesel..........................................................................................42
3.6 Caracterização do Biodiesel................................................................................43
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................44
4.1 Análises físico-químicas da matéria-prima........................................................44
4.1.1 Umidade.................................................................................................................44
4.1.2 Índice de acidez......................................................................................................45
4.1.3 Densidade e viscosidade........................................................................................46
4.2 Pré-tratamento para transesterificação.............................................................47
4.3 Produção de Biodiesel..........................................................................................48
4.3.1 Biodiesel rota metílica............................................................................................49
4.3.2 Biodiesel rota etílica...............................................................................................49
4.4 Pós-tratamento do Biodiesel metílico.................................................................50
4.5 Caracterização do Biodiesel................................................................................51
5 CONCLUSÃO......................................................................................................52
REFERÊNCIAS...............................................................................................................53
GLOSSÁRIO....................................................................................................................60
10

1 INTRODUÇÃO

Grande parte da energia consumida mundialmente tem origem do petróleo, que é


limitado e não renovável. O aumento da poluição atmosférica e da ocorrência de chuva ácida
é consequência também do alto consumo dos derivados do petróleo (SANTOS; PINTO, 2008)
e as maiores jazidas estão localizadas em regiões conturbadas politicamente, provocando
constantes variações em seu valor (OLIVEIRA et al, 2008). Por isso é de suma importância a
busca por novas fontes de energia e os óleos vegetais aparecem como uma alternativa para a
substituição ao óleo diesel, mas algumas propriedades físicas limitam sua utilização direta em
motores, como alta viscosidade e baixa volatilidade, podendo causar danos e até combustão
incompleta. Para melhorar suas propriedades para uso, vem sendo consideradas algumas
alternativas onde, através de processos simples, promove a obtenção de um combustível com
propriedades similares à do óleo diesel, chamado Biodiesel (FERRARI; SCABIO, 2005;
RINALDI et al, 2007; GERIS et al, 2007).
Rudolf Diesel (1858-1913), criador da máquina que recebeu seu nome, teve um
interesse neste tipo de combustível e em seus artigos históricos (no último capítulo de seu
livro “Combustíveis Líquidos”) afirmou sobre o uso de óleos vegetais para tal fim (KNOTHE,
2006):

[...] nos idos de 1900, óleos vegetais já vinham sendo utilizados em máquinas diesel
com sucesso. Durante a Exposição de Paris de 1900, a companhia francesa Otto
demonstrou o funcionamento de um pequeno motor diesel com óleo de amendoim.
Esta experiência foi tão bem sucedida que apenas alguns dos presentes perceberam
as circunstâncias em que a mesma havia sido conduzida. O motor, que havia sido
construído para consumir petróleo, operou com óleos vegetais sem qualquer
modificação. Também foi observado que o consumo de óleo vegetal resultou em um
aproveitamento do calor literalmente idêntico ao do petróleo (DIESEL, 1937 apud
KNOTHE, 2006).

No Brasil, em 1983, Expedito José de Sá Parente (1940-2011), engenheiro químico


formado na Universidade Federal do Ceará, teve a primeira patente brasileira de Biodiesel
utilizando óleo de algodão (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - UNICAMP,
2007). Podem ser utilizadas também outras espécies vegetais para sua fabricação como
mamona, palma (dendê), girassol, babaçu, pinhão manso e soja (VASCONCELOS, 2011;
FERNANDES et al, 2008).
O Biodiesel está inserido como aditivo na matriz energética, descrito na Lei Federal
nº 11.097, de 13.01.2005, estabelecendo mistura obrigatória de 2% a partir de janeiro de 2005
e de 5% em janeiro de 2013, em todo o território nacional (CHRISTOFF, 2006; DIB, 2010).
11

Mas, segundo a empresa de combustíveis Petrobrás 1, desde 2010 todo o diesel comercializado
no Brasil já contém os 5% citados na lei descrita.
Resultou-se em uma crescente necessidade de desenvolver fontes de energias
renováveis de menor impacto ambiental que os meios tradicionais existentes devido à alta
demanda de energia no mundo industrializado e no setor doméstico, bem como os problemas
de poluição causados devido ao vasto uso de combustíveis fósseis (GERIS et al, 2007).
Diante do contexto apresentado, o objetivo deste trabalho foi produzir Biodiesel, em
pequena escala, através de reação de transesterificação do óleo de fritura com os álcoois
metanol e etanol, utilizando-se protótipo de planta química construído com materiais
alternativos no laboratório de engenharia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga.
A matéria-prima utilizada no processo foi óleo residual reciclado fornecido por uma empresa
coletora, localizada na região do Vale do Aço - MG. Objetivou-se também na pesquisa avaliar
os parâmetros físico-químicos acidez, umidade, densidade e viscosidade da matéria-prima
utilizada, além de caracterizar o produto obtido no processo pelas análises de densidade e
viscosidade.

2 DESENVOLVIMENTO

1
http://www.petrobras.com.br/pt/energia-e-tecnologia/fontes-de-energia/biocombustiveis/
12

2.1 Revisão de literatura

O setor de transportes é responsável por quase metade do consumo de derivados de


petróleo no Brasil, e devido ao seu grande peso na economia brasileira deu-se como
consequência o maior consumo de óleo diesel no país (PROGRAMA NACIONAL DA
RACIONALIZAÇÃO DO USO DOS DERIVADOS DO PETRÓLEO E DO GÁS
NATURAL - CONPET, 2012).
De acordo com a FIG. 1, no acumulado de 2010 os combustíveis renováveis
equivaleram a 22,9% do total do mercado de distribuição de combustíveis (MARCONDES,
2011).

FIGURA 1 - Distribuição do mercado de combustíveis em 2010.

Fonte: MARCONDES, 2011.

2.1.1 Diesel

O óleo mineral tornou-se, no início do século XX, o combustível mais utilizado em


motores de combustão interna a pistões, devido a melhores propriedades físico-químicas e ao
seu menor custo em comparação com os óleos vegetais (RINALDI et al, 2007). O óleo
13

mineral é comumente chamado óleo diesel em reconhecimento a Rudolf Diesel (1858-1913),


criador do motor-reator (RINALDI, 2007; MENEZES, 2009).
O diesel é um combustível derivado do petróleo constituído por, predominantemente,
hidrocarbonetos alifáticos contendo de 9 (nove) a 28 átomos de carbono na cadeia (BRAUN;
APPEL; SCHMAL, 2003). Alguns compostos presentes no óleo diesel, além de apresentar
carbono e hidrogênio trazem também enxofre, nitrogênio e compostos metálicos em sua
composição (CONPET, 2006). O diesel é utilizado para gerar energia e movimentar máquinas
e motores de grande porte, em motores de combustão interna e ignição por compressão, tais
como: trator, caminhão, automóveis de passeio, furgões, ônibus, pequenas embarcações
marítimas, locomotivas, navios, entre outras (GONÇALVES, 2010).
De acordo com a Resolução nº 14 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), de 11.05.2012, existem algumas classificações de óleo diesel:

 Óleo Diesel A: combustível produzido por processos de refino de petróleo e


processamento de gás natural destinado a veículos dotados de motores do ciclo Diesel,
de uso rodoviário, sem adição de Biodiesel.
 Óleo Diesel B: mesmo conceito de “Óleo Diesel A”, mas com adição de Biodiesel no
teor estabelecido pela legislação vigente.
 Óleo Diesel A e B S50: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 50 mg/kg.
 Óleo Diesel A e B S500: combustíveis com teor de enxofre, máximo, de 500 mg/kg.

Na atualidade já se encontra o óleo Diesel S10 (teor máximo de enxofre de 10


mg/kg) disponível desde 1º (primeiro) de janeiro de 2013 para comercialização em postos de
revenda, conforme Plano de Abastecimento definido pela ANP (2013).
Existe grande preocupação quanto ao alto índice de poluição gerada pelos
combustíveis de origem fóssil, porque emitem grande quantidade de dióxido de carbono e
óxidos de enxofre gases estes que produzem o efeito estufa durante a queima e quando
ocorrem acidentes durante seu transporte, logo ocorrem os derramamentos e seus resíduos
contaminam o solo e a água. Outro problema econômico e também político é que o petróleo
por não ser renovável pode se esgotar (SILVA; FREITAS, 2008). Alternativas para substituí-
lo são os combustíveis renováveis, aqueles que são de origem vegetal, como o Biodiesel.

2.1.2 Biodiesel
14

Rudolf Diesel (1858-1913) e Henry Ford (1863-1947) descobriram nos óleos


vegetais, em 1895, um combustível e um caminho para o desenvolvimento industrial.
Diversos combustíveis foram pesquisados, de modo que pudessem ser utilizados em motores,
entre eles o álcool produzido a partir de biomassa. Mas houve um rápido avanço da indústria
do petróleo e o sonho de desenvolver combustíveis de biomassa tiveram que ser adiados, mas
deixaram sementes férteis. Cerca de cem anos mais tarde, a associação dos óleos vegetais com
o álcool, em um processo químico onde é possível a separação da glicerina do óleo vegetal,
pôde viabilizar um novo combustível de origem renovável para o Brasil: o éster de óleo
vegetal, também conhecido como Biodiesel (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2006).
Segundo a Lei nº 11097, de 13 de janeiro de 2005, Biodiesel é um biocombustível
derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por
compressão, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente
combustível de origem fóssil (ANP, 2012).
Além de ser derivado de matéria-prima renovável, este biocombustível tem como
vantagem menor emissão de gases poluentes. Todos os combustíveis de origem vegetal
possuem esta vantagem, pois os gases produzidos na combustão (dióxido de carbono - CO 2)
são reabsorvidos pelas plantas levando em conta seu balanço global, através da fotossíntese,
impedindo a permanência desse gás na atmosfera, minimizando o efeito estufa (FABRÍCIO,
2012), como mostrado na FIG. 2:

FIGURA 2 - O ciclo do gás carbônico na queima de combustíveis de origem vegetal.

Fonte: FABRÍCIO, 2012.

2.1.2.1 Propriedades físicas e químicas


15

Os óleos vegetais aparecem como uma alternativa para a substituição do óleo diesel,
entretanto algumas propriedades físicas limitam sua utilização direta em motores, como alta
viscosidade e baixa volatilidade, podendo causar danos e até combustão incompleta. Para
melhorar suas propriedades para uso, vem sendo consideradas algumas alternativas onde,
através de processos simples, promove a obtenção do Biodiesel com propriedades similares à
do óleo diesel (FERRARI; SCABIO, 2005; RINALDI et al, 2007; GERIS et al, 2007). Na
TAB. 1 a seguir podem ser observadas as comparações de tais propriedades:

TABELAentre
TABELA 2 - Comparação 1 - Comparação entredoasDiesel
as propriedades propriedades do Diesel e Biodiesel
e Biodiesel.
Propriedades Diesel Biodiesel
Método ASTM D975 ASTM D6751
a
Composição HC (C10 - C21) FAMEb (C12 - C22)
Viscosidade cinemática (mm2/s) a 40°C 1,9-4,1 1,9-6,0
Massa específica (g/mL) 0,85 0,88
Ponto de ignição 60 - 80 100 - 170
Ponto de névoa -15 a 5 -3 a 12
Ponto de fulgor -35 a -15 -15 a 16
Água (% volume) 0,05 0,05
Carbono (% massa) 87 77
Hidrogênio (% massa) 13 12
Oxigênio(% massa) 0 11
Enxofre (% massa) 0,05 0,05
Número de cetano 40 - 55 48 - 60
a: Hidrocarbonetos b: metil éster de ácidos graxos
Fonte: COSTA, 2009.

A especificação dos padrões de qualidade do Biodiesel no Brasil foi realizada


segundo a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sendo regulamentada
pela ANP em 2008. Várias propriedades físicas e químicas foram padronizadas, tais como
viscosidade, densidade, lubricidade, ponto de fulgor, poder calorífico, teor de enxofre,
biodegradabilidade, toxicidade, dentre outras. É de grande importância que o Biodiesel
brasileiro atenda às especificações mínimas de qualidade, pois preservaria a integridade dos
veículos automotores e também atenderia aos padrões internacionais do produto (DIB, 2010).
A seguir, a descrição de algumas dessas propriedades:

 Propriedades físicas
16

a) Viscosidade e densidade: a densidade é um parâmetro importante quando se trata de


combustível, pois diferentes densidades requerem diferentes proporções de oxigênio
para uma queima ideal. A viscosidade é importante pois está ligada à capacidade de
um material fluir quando submetido a diferentes forças e temperaturas (BATISTA,
2008);

b) Lubricidade: característica que causa diferença no atrito sob condições de


lubrificação da camada limite quando os demais fatores do sistema são mantidos
constantes. Quanto maior a lubricidade, menor o atrito (JOAQUIM, 2007);

c) Ponto de fulgor: temperatura onde o óleo libera vapores e em contato com o


oxigênio podem entrar em combustão momentânea, na presença de uma fonte de
calor;

d) Poder calorífico: indica a quantidade de energia desenvolvida pelo combustível por


unidade de massa, quando ele é queimado (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS
GERAIS - UFMG, 200x);

 Propriedades químicas

a) Teor de enxofre: O enxofre existe na maioria dos combustíveis sólidos, líquidos e


gasosos, mas o Biodiesel é um combustível limpo, sendo completamente isento desse
elemento (UFMG, 200x; DIB, 2010);

b) Biodegradabilidade e Toxicidade: biodegradabilidade é a característica de algumas


substâncias químicas que podem ser usadas, por microorganismos, como substratos
(FORNASARI et al, 2008). O Biodiesel é uma fonte de energia que possui alto
potencial de biodegradabilidade e toxicidade relativamente baixa (MEYER, 2011).

2.1.2.2 Matérias-primas

Existem diversos tipos de matérias-primas para obtenção do Biodiesel, entretanto, o


óleo vegetal é a principal fonte hoje para sua produção (FERNANDES et al, 2008). Os óleos
são compostos orgânicos formados por cadeias longas de ácidos carboxílicos, classificados
17

como saturados (gordura animal) ou insaturados (gordura vegetal). Óleos de girassol,


mamona, milho, soja, além de óleo de fritura, são matérias-primas usuais para a produção de
Biodiesel (MEIRA, 2011; OLIVEIRA, 2008; KNOTHE, 2006). Podem ser utilizadas também
outras espécies vegetais como: palma (dendê), babaçu e pinhão manso (VASCONCELOS,
2011; FERNANDES et al, 2008).
Mota e Pestana (2011) comentam que óleos provenientes de vegetais como a soja,
babaçu, mamona e canola podem ser utilizados na fabricação de Biodiesel por meio de sua
reação com álcool de cadeia curta por catálise básica através da transesterificação, produzindo
como co-produto, a glicerina.
A TAB. 2 apresenta as características de algumas plantas oleaginosas com potencial
de uso para fins energéticos com destaque para o dendê, coco e girassol, devido ao
rendimento em óleo e a cultura da mamona pela sua resistência à seca (HOLANDA, 2004):

TABELA 2 - Características de culturas oleaginosas no Brasil.

Rendimento
Espécie Origem do óleo Teor de óleo (%)
(t óleo/ha)
Dendê/ Palma Amêndoa 22,0 3,0 - 6,0
Coco Fruto 55,0 - 60,0 1,3 - 1,9
Babaçu Amêndoa 66,0 0,1 - 0,3
Girassol Grão 38,0 - 48,0 0,5 - 1,9
Colza/ Canola Grão 40,0 - 48,0 0,5 - 0,9
Mamona Grão 45,0 - 50,0 0,5 - 0,9
Amendoim Grão 40,0 - 43,0 0,6 - 0,8
Soja Grão 18,0 0,2 - 0,4
Algodão Grão 15,0 0,1 - 0,2

Fonte: CHRISTOFF, 2006.

A produtividade de culturas agrícolas depende de fatores, como clima, irrigação,


nutrientes no solo, entre outros. Percebe-se claramente no quadro anterior que a soja possui
uma produtividade muito baixa em lipídeos, demandando enormes quantidades de terra para
suprir o mercado de biocombustíveis. No entanto, a soja corresponde hoje a aproximadamente
90% da produção brasileira de óleos, o que faz com que seja a matéria-prima preferencial da
indústria de Biodiesel (SUAREZ et al, 2009). Na FIG. 3 a seguir pode-se observar a
distribuição das matérias-primas pelo território nacional:
18

FIGURA 3 - Mapa das regiões e das culturas para a produção do biocombustível.

Fonte: MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA - MME, 2004.

Segundo Dias (2007), as matérias-primas representam 85% do custo da fabricação do


Biodiesel, sendo necessários investimentos maciços em pesquisas e projetos pilotos
objetivando novas tecnologias. Assim, futuramente a produção industrial do Biodiesel ficará
com preços ainda mais competitivos aos dos combustíveis fósseis.

2.1.2.3 Óleo de frituras

Uma alternativa de matéria-prima para produzir o Biodiesel é a reciclagem de


resíduo de processos agro-industriais, como o óleo de fritura. Além do aspecto inerente ao
baixo custo, tem-se também um apelo para evitar o descarte de tais materiais no meio
ambiente (SOUZA, 2006).
Neto et al (2000) afirma que devido a uma redução de fumaça significativa, obtida
em teste com Biodiesel de óleo usado, demonstrou-se que é importante reutilizar o óleo
descartado de frituras para a produção desse combustível. Assim, identifica-se um destino
mais adequado a este resíduo agro-industrial que, no Brasil, é desprezado e/ou parcialmente
aproveitado de maneira muitas vezes inadequada. O autor também ressalta que um programa
de substituição parcial do óleo diesel por Biodiesel de óleo de fritura dependeria da criação de
19

um sistema de coleta de óleos usados eficiente. Mas devido a uma compatibilidade observada
dentre os ésteres obtidos de óleo novo e usado, pode-se perfeitamente recomendar que, em
processos industriais de produção de Biodiesel, óleos vegetais de descarte sejam diretamente
incorporados ao óleo bruto, anteriormente ao processo de transesterificação.
Segundo Cvengros e Cvengrosova (2004) o processo de fritura consiste em aquecer o
óleo a temperaturas entre 160 e 220 ºC na presença de ar durante longos períodos de tempo.
Com esse aquecimento o óleo tem suas propriedades físico-químicas alteradas como:

 Aumento da viscosidade;
 Aumento do calor específico;
 Diminuição do número de iodo (número proporcional ao teor de insaturação do
composto);
 Mudança na tensão superficial;
 Mudança no aspecto (cor);
 Aumento da acidez devido à formação de ácidos graxos livres;
 Odor desagradável (ranço);
 Aumento da tendência do óleo em formar espuma.

Para Choe e Min (2007), a degradação do óleo de fritura está associada às reações de
hidrólise, oxidação e polimeração. A maioria dos compostos voláteis formados na degradação
é evaporada enquanto que as substâncias remanescentes reagem novamente ou são absorvidas
pelo óleo. Por fim, os compostos não-voláteis formados afetam as propriedades físico-
químicas do óleo residual produzido.
Na reação de hidrólise, o vapor de água produzido durante a fritura dos alimentos
ataca a ligação do éster dos triacilgliceróis formando ácidos graxos livres, glicerol, mono e
diacilgliceróis. Os ácidos graxos insaturados podem reagir com oxigênio molecular via radical
livre. Os hidroperóxidos e radicais alcóxi formados são precursores de diversos outros
compostos (KULKARNI; DALAI, 2006).
Quanto à oferta, os óleos de frituras representam um potencial surpreendente,
superando, as mais otimistas expectativas. Tais óleos têm origem em determinadas indústrias
de produção de alimentos, nos restaurantes comerciais e institucionais, e ainda, nas
lanchonetes (PARENTE, 2003).
20

2.1.3 Métodos de obtenção

O Biodiesel é um biocombustível que pode ser obtido por processos


transesterificação (mais usado industrialmente) por diferentes rotas catalíticas. Outra forma de
obter um produto semelhante é através de craqueamento catalítico, porém o material
resultante deste processo não se enquadra na definição de Biodiesel e, portanto não é
considerado como tal (VASCONCELOS, 2011). No entanto, será abordado nesse estudo o
craqueamento como base de comparação e diferenciação dos processos.

2.1.3.1 Processo de craqueamento

Consiste na quebra das moléculas do óleo ou gordura, formando uma mistura de


hidrocarbonetos e de compostos oxigenados, semelhantes ao diesel convencional. Como
possui propriedades físico-químicas muito próximas às do combustível fóssil, é possível seu
uso direto em motores do ciclo diesel (OLIVEIRA et al, 2008). Ocorre em temperaturas
acima de 350 °C, na presença ou ausência de catalisador. Apesar da simplicidade do uso de
apenas altas temperaturas para realizar o craqueamento, a grande desvantagem é a obtenção
de compostos oxigenados no produto final, os quais o tornam levemente ácido (SUAREZ et
al, 2007).
Um esquema representando as reações de craqueamento pode ser observado na FIG.
4, que consiste em: primeira etapa (1), chamada craqueamento primário, são formadas duas
moléculas de ácidos carboxílicos, uma molécula de ceteno e acroleína. A mistura formada é
instável e reage rapidamente (2), formando novos ácidos carboxílicos, hidrocarbonetos,
aldeídos e cetonas. Numa segunda etapa (craqueamento secundário) verifica-se a
desoxigenação dos produtos formados no craqueamento primário, principalmente os ácidos
carboxílicos. Estes ácidos formados durante o craqueamento primário e reações de rearranjo
são desoxigenados no craqueamento secundário, que pode ocorrer por duas rotas distintas:
descarboxilação (3) e descarbonilação (4) (SUAREZ et al, 2009).

FIGURA 4 - Algumas reações que ocorrem durante o processo de craqueamento.


21

Fonte: SUAREZ
et al, 2009.

De acordo com Suarez et al (2009) as reações são complexas, sendo colocados


apenas exemplos ilustrativos, pois mais de 500 produtos podem ser formados durante o
craqueamento de um triglicerídeo simples.

2.1.3.2 Processo de transesterificação

A transesterificação consiste na reação química de triglicerídeos com álcoois na


presença de um catalisador (ácido, básico ou enzimático), resultando na substituição do grupo
éster do glicerol pelo grupo etanol ou metanol (MENESES et al, 2012) e está representada na
FIG. 5:
22

FIGURA 5 - Equação geral da transesterificação de um triacilglicerídeo

Fonte: GERIS et al, 2007.

A reação de transesterificação de triacilgliceróis (TAG) é composta de três reações


consecutivas e reversíveis, onde são formados diacilglicerídeos (DAG) e monoacilglicerídeos
(MAG), como intermediários (ALVES, 2007).
Apesar dessa estequiometria geral da equação, a reversibilidade das reações exige
um excesso de álcool no meio reacional para promover um aumento no rendimento e deslocar
o equilíbrio da reação no sentido de formação dos produtos (VASCONCELOS, 2011). Para a
transesterificação ter rendimento máximo, o álcool deve ser isento de umidade e o teor de
ácidos graxos livres (AGL) do óleo deve ser inferior a 0,5%. A ausência de umidade na
reação de transesterificação é importante para que possa ocorrer a hidrólise dos ésteres
alquílicos sintetizados a AGL (KNOTHE et al, 2006).
Os álcoois mais empregados no processo de transesterificação de óleos e gorduras
são o metanol e o etanol. O metanol é mais aplicado na produção de Biodiesel em escala
comercial, pois é mais reativo e implica em menor temperatura e tempo de reação. Já o etanol,
além de ter produção em grande escala no Brasil, é consideravelmente menos tóxico, é
renovável e produz Biodiesel com maior número de cetano e lubricidade (LÔBO;
FERREIRA; CRUZ, 2009).
Garcia (2006) expõe sua opinião sobre a utilização desses álcoois, afirmando que o
metanol é vantajoso, pois permite a separação espontânea do glicerol, o processo empregado é
mais simples, o rendimento é muito alto (empregando tanto metóxidos quanto hidróxidos de
sódio ou potássio) e apresenta teor de umidade inferior ao do etanol. Em contrapartida, o
metanol apresenta elevada toxicidade. A transesterificação utilizando o etanol é mais
trabalhosa, pois o uso do álcool etílico, mesmo que anidro, implica em problemas na
separação do glicerol do meio reacional.
23

O autor supracitado também afirma que a razão molar álcool / óleo vegetal não
interfere nos índices de acidez, de peróxidos, de saponificação e de iodo, mas é um dos
principais fatores que influenciam a extensão da reação de transesterificação. Um excesso de
álcool favorece a formação de produtos, mas, uma quantidade excessiva desse reagente
dificulta a separação do glicerol.

a) Catálise enzimática

Vem aumentando gradativamente o interesse por tecnologias enzimáticas


(catalisadores biológicos de alta eficiência). As enzimas possuem alto grau de especificidade
por seus substratos, aceleram reações químicas específicas e, em alguns casos, funcionam
tanto em solventes orgânicos quanto em soluções aquosas (GAMBA, 2009).
Esta catálise permite a recuperação do glicerol de maneira simples, realizando a
transesterificação total dos ácidos graxos livres, e o uso de condições brandas no processo,
com rendimentos de no mínimo 90%, tornando-se uma alternativa rentável comercialmente.
Ela faz com que não ocorram reações colaterais de formações de subprodutos (como o sabão),
o que ameniza custos com purificações posteriores. Algumas enzimas necessitam de co-
fatores, como íons metálicos ou compostos orgânicos (coenzimas) para realizarem suas
tarefas (PASTRO; SUFFREDINI, 2009).

b) Catálise ácida

Ramos (2011) explica em seu trabalho que a transesterificação pode ser conduzida
em meio ácido possuindo vantagem evidente em relação ao uso de catalisadores alcalinos,
pois a quantidade de ácidos graxos livres no meio não é relevante (estes podem ser
esterificados no mesmo vaso de reação). Isto possibilita o uso de matérias-primas de menor
valor agregado no processo. Porém, a transesterificação ácida requer condições de trabalho
mais enérgicas em relação à alcoólise em meio alcalino.
As reações devem ser conduzidas com elevadas razões molares, sendo comum o uso
de 30:1. Também devem ser realizadas em temperaturas próximas da temperatura de ebulição
do álcool utilizado como agente na reação. Sua cinética também é menos favorecida, sendo
comum o uso de pelo menos 3 h de reação. Os catalisadores mais comuns para uso na
alcoólise em meio ácido são os ácidos de Brönsted-Lowry, como os ácidos sulfúrico e
sulfônico (RAMOS, 2011).
24

Na reação de transesterificação via catálise ácida, o TAG reage com álcool na


presença de ácido, produzindo uma mistura de monoalquil ésteres e glicerol. O processo
completo é uma sequência de três reações consecutivas e reversíveis. O mecanismo da
catálise ácida, apresentado na FIG. 6 abaixo, ocorre via protonação da carbonila do TAG,
levando à formação do carbocátion (reação V), que sofre ataque nucleofílico do álcool,
produzindo o intermediário (reação VI), esse por sua vez elimina uma molécula de DAG e
uma de monoalquil éster (reação VII). Reações similares irão ocorrer com os DAGs
formados, produzindo MAGs, os quais, em processos similares, formarão finalmente a
glicerina e os monoalquil ésteres (RODRIGUES, 2008).

FIGURA 6 - Mecanismo proposto para transesterificação ácida.

Fonte: VASCONCELOS, 2011

c) Catálise básica

A transesterificação de óleos vegetais na presença de catalisadores alcalinos


homogêneos de baixo custo é uma reação relativamente simples, que ocorre à pressão
atmosférica, em temperatura amena e com menor razão molar óleo/álcool (variando de 1:3 à
1:6) comparado com a catálise ácida homogênea. A taxa de reação é cerca de 4000 vezes mais
25

rápida do que a catálise ácida quando utilizado a mesma quantidade de catalisador (LOTERO,
2005).
A FIG. 7 a seguir demonstra o mecanismo da reação catalisada por base onde a
espécie ativa é um alcóxido, que é formado pela reação do mono-álcool com a base, conforme
a reação (I). Então, uma carbonila de um triacilglicerídeo (TAG) sofre um ataque nucleofílico
do alcóxido, conforme a reação (II), formando um intermediário tetraédrico. A partir de uma
decomposição deste intermediário (reação III), formam-se o éster de mono-álcool e o ânion
(reação III) o qual, após a desprotonação do ácido conjugado formado na reação (I), regenera
a base de partida e produz, neste caso, um diacilglicerídeo (DAG), reação (IV). Reações
similares irão ocorrer com os DAGs formados, produzindo monoacilgricerídeos (MAGs), os
quais, em processos similares, formarão finalmente a glicerina e os monoalquil ésteres
(RODRIGUES, 2008).

FIGURA 7 - Mecanismo proposto para transesterificação básica.

Fonte: VASCONCELOS, 2011

As condições operacionais mais brandas tornam o meio reacional menos corrosivo à


superfície dos reatores. Todos estes fatores tornaram a transesterificação de óleo vegetais via
26

catálise básica mais aplicada mundialmente para produção de Biodiesel nos processos
industriais (SOLDI, 2006). Na FIG. 8 têm-se as etapas do processo de transesterificação via
catálise básica.

FIGURA 8 - Etapas da transesterificação via catálise básica.

Fonte: DIB, 2010

A presença dos catalisadores melhora a solubilidade do álcool na solução reacional e


sua aplicação depende da matéria-prima a ser utilizada. Por exemplo, os óleos vegetais são as
matérias-primas de menores teores de ácidos graxos livres e, neste caso, tanto a
transesterificação por meio de catálise básica ou ácida podem ser utilizadas. Porém, os
hidróxidos são os catalisadores mais recomendados para conversão de matérias-primas com
baixo índice de acidez por contribuírem com menores períodos de conversão da matéria-
prima em ésteres. Já as gorduras animais contêm um teor considerável índice de acidez, ou
alto teor de AGL na composição da matéria-prima, que poderiam reagir com os catalisadores
alcalinos, formando sabões, como mostra a FIG. 9, prejudicando, portanto, a obtenção dos
ésteres (DIB, 2010).
27

FIGURA 9 – Reação de saponificação

Fonte: DIB, 2010.

A saponificação apresenta-se como um problema no processo de transesterificação


para obtenção do Biodiesel. O excesso de ácidos graxos livres reage com boa parte do
catalisador empregado no processo, o que implica em aumento do consumo dos hidróxidos e,
consequentemente, na formação de sabões que, por sua vez, implica em uma maior
emulsificação entre os ésteres e o glicerol, dificultando a separação de ambos através da
decantação. Em alguns casos, é necessário um pré-tratamento da matéria-prima para reduzir o
teor destes ácidos graxos e a partir daí, prosseguir a produção através da transesterificação
alcalina (DIB, 2010).
O governo brasileiro incentiva a obtenção de Biodiesel através deste método. Em
escala industrial, catalisadores alcalinos são mais utilizados devido a suas condições
operacionais adequadas: fácil instalação, baixo custo e também sua alta taxa de reação
(MENESES et al, 2012; SILVA; FREITAS, 2008).

2.1.4 Etapas da produção industrial por transesterificação

Vários processos tecnológicos estão sendo utilizados para obtenção do Biodiesel via
transesterificação. Christoff (2006) destaca na FIG. 10 (próxima página) um destes processos
para a produção de Biodiesel a partir de óleo residual de fritura, constituído por etapas de pré-
tratamento da matéria-prima, reação de transesterificação e de purificação do Biodiesel
obtido.
28

FIGURA 10 – Processo de obtenção Biodiesel por transesterificação etílica do óleo residual de fritura

Fonte: Christoff, 2006.

2.1.4.1 Separação das fases

Após a reação de transesterificação que converte a matéria graxa em ésteres


(Biodiesel), a massa reacional final é constituída de duas fases, separáveis por decantação
e/ou por centrifugação. A fase mais pesada é composta de glicerina bruta, impregnada com
álcool, água e impurezas inerentes à matéria-prima. A fase menos densa é constituída de uma
mistura de ésteres metílicos ou etílicos, conforme a natureza do álcool originalmente adotado,
também impregnada de excessos reacionais de álcool e de impurezas.

2.1.4.2 Recuperação do álcool, glicerina e ésteres

Para a remoção do álcool residual da glicerina pode ser utilizado o processo de


destilação, eliminando-se da glicerina bruta os constituintes voláteis, cujos vapores são
liquefeitos num condensador apropriado. A glicerina bruta, emergente do processo, mesmo
com suas impurezas convencionais, já constitui um co-produto vendável. O álcool residual é
recuperado da fase mais leve (Biodiesel) da mesma forma, liberando para as etapas seguintes,
os ésteres metílicos ou etílicos.
29

2.1.4.3 Desidratação do álcool

Os excessos residuais de álcool, após os processos de recuperação, contém


quantidades significativas de água, necessitando de uma secagem. A desidratação do álcool
pode ser realizada por destilação (BOUAID et al., 2005).
No caso da desidratação do metanol, a destilação é bastante simples e fácil de ser
conduzida, uma vez que a volatilidade relativa dos constituintes dessa mistura é muito grande,
e ademais, inexiste o fenômeno da azeotropia para dificultar a completa separação.
Diferentemente, a desidratação do etanol se complica em razão da azeotropia, associada à
volatilidade relativa não tão acentuada como é o caso da separação da mistura metanol-água
(PARENTE, 2003).

2.1.4.4 Purificação dos ésteres

Os ésteres deverão ser lavados com água destilada, retirando as impurezas existentes,
resultando finalmente o Biodiesel. Esse Biodiesel deverá ter suas características enquadradas
nas especificações das normas técnicas estabelecidas para esse biocombustível como
combustível para uso em motores do ciclo diesel, que atende aos parâmetros fixados pelas
normas ASTM D6751 (AMERICAN STANDARD TESTING METHODS, 2003), DIN
14214 (DEUTSCHES INSTITUT FÜR NORMUNG, 2003) ou pela portaria nº 255/03 de
15.09.2003 da ANP.
O produto comercializado deve estar acompanhado de um Certificado de Qualidade
de acordo com a especificação brasileira para Biodiesel. O responsável pela produção de
Biodiesel deverá enviar mensalmente à ANP informações sobre movimentação de matérias-
primas e de produtos.

2.1.4.5 Destilação da glicerina

A glicerina bruta, emergente do processo, mesmo com suas impurezas


convencionais, já constitui um co-produto vendável. No entanto, o mercado é muito mais
favorável à comercialização da glicerina purificada, quando o seu valor é realçado. A
purificação da glicerina bruta é feita por destilação a vácuo, resultando um produto límpido e
transparente, denominado comercialmente de glicerina destilada. A glicerina pode ser vendida
na sua forma bruta (glicerina natural), sem qualquer purificação. São comercializados dois
30

tipos de glicerina. O primeiro impõe uma especificação de 80% de glicerol, enquanto o


segundo impõe como especificação a faixa entre 88 a 91%. Quanto à glicerina purificada é
classificada em glicerina técnica, com 99,5% de glicerol, ou glicerina farmacêutica, com 86
ou 99,5% (CHRISTOFF, 2006).

2.1.5 Mercado brasileiro de Biodiesel

O governo brasileiro a partir de 1975 deu inicio a programa nacional do etanol o Pró-
álcool, a idéia era produzir etanol ou etil álcool com combustível (MASIERO; LOPES, 2008).
Desde então o etanol passou a ser misturado com a gasolina isto permitiu que mais de 110
milhões de toneladas de gás carbônico não fosse liberada na atmosfera. Somente em 1983 o
governo passou a investir em um programa para a produção de óleos vegetais com fins
energéticos algo par substituir os óleos derivados do petróleo, quando Expedito José de Sá
Parente (1940-2011), engenheiro químico formado na Universidade Federal do Ceará, teve a
primeira patente brasileira de Biodiesel utilizando óleo de algodão. Porém com a diminuição
do preço do petróleo o programa foi abandonado e retomado em 2003, quando criou-se o
programa nacional de produção e uso do Biodiesel. Isto aconteceu devido à crescente
conscientização mundial referente aos grandes problemas ambientais, econômicos e a
produção de energia já que as fontes de combustíveis fósseis estão acabando (UNICAMP,
2007; LIMA, 2008).
O Brasil introduziu o Biodiesel na matriz energética como aditivo com as condições
de mercado e a produção regulamentados pela Lei nº 11097, estabelecendo mistura
obrigatória de 2% de Biodiesel em diesel (B2) a partir de janeiro de 2005 e de 5% (B5) em
janeiro de 2013, em todo o território nacional (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS - SEBRAE, 2008; CHRISTOFF, 2006; DIB, 2010).
Mas, segundo a empresa de combustíveis Petrobrás, desde 2010 todo o diesel comercializado
no Brasil já contém os 5% (cinco por cento) citados na lei descrita.
A introdução do biocombustível no mercado brasileiro começou em 2005, com
capacidade produtiva autorizada de 72,7 mil m³. Em 2006, o país triplicou sua produção e, em
2007, atingiu a marca de 2.010,38 mil m³, com mais 34 empresas. Em setembro de 2008, a
capacidade produtiva autorizada pela ANP chegou a 61 empreendimentos, com produção
anual instalada de 3.036,8 mil m³, comparável à produção dos maiores países produtores de
Biodiesel – Alemanha e Estados Unidos, primeiro e segundo lugar, respectivamente
(SEBRAE, 2009).
31

O GRÁF. 1 a seguir apresenta a produção de Biodiesel de janeiro de 2012 até o mês


de março de 2013 em todo território nacional, mostrando que os maiores volumes ultrapassam
1,5 milhão m³:

GRÁFICO 1 - Produção nacional de Biodiesel puro - B100 (bep) de janeiro/2012 à março/2013.

1,600,000
1,500,000
1,400,000
1,300,000
m3

1,200,000
1,100,000
1,000,000
900,000
800,000
ro ro o il io o o to ro ro ro ro ro ro o
n ei rei arç Abr Ma unh Julh gos mb tub mb mb nei rei arç
Ja ev e M J A ete Ou ove eze Ja ev e M
F S N D F
Mês 2013

Fonte: ANP, 2013.

2.1.6 Vantagens e desvantagens

O Biodiesel apresenta vantagens ambientais e sociais, mas ainda não é viável


economicamente. Lista-se abaixo os pós e contras abordados por alguns autores.

2.1.6.1 Vantagens

O Biodiesel apresenta vantagens ambientais frente ao diesel de petróleo. Ele permite


que se estabeleça um ciclo fechado de carbono (a planta que será utilizada como matéria-
prima, enquanto em fase de crescimento, absorve o CO 2 e o libera novamente quando o
Biodiesel é queimado na combustão do motor). Segundo estudos, com esse ciclo fechado
estabelecido, o Biodiesel reduz em até 78% as emissões líquidas de CO2 (COLETTI, 2005).
Lima (2008) aponta o Biodiesel, como sendo: renovável, pois é produzido a partir de
fontes não-esgotáveis como óleos vegetais ou gordura animal, é biodegradável e não tóxico, a
combustão deste emite quantidades desprezíveis de compostos contendo enxofre, diminuição
32

na importação de diesel e, apesar da produção de petróleo no país ser maior que o consumo, o
Brasil é historicamente dependente da importação de óleo diesel.
Knothe (2006) aponta outra vantagem em relação ao atraso de ignição, pois o
Biodiesel possui maior número de cetano. Para motores a diesel, baixo número de cetano
resulta em maior tempo de atraso de ignição, o que provoca aumento rápido de pressão na
câmara de combustão e um forte ruído característico (batida diesel), além de acúmulo de
combustível na câmara, com isso combustíveis com maior número de cetano proporcionam
melhores ignição e rendimento.
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) analisou em 2002 as
emissões da combustão do Biodiesel e constataram menor emissão de material particulado,
que pode ser reduzido em até 48% com o B100 (puro) e que o Biodiesel é essencialmente
alifático, enquanto o diesel de petróleo contém de 20 a 40% em volume de material
aromático.
Barnwal e Sharma (2005) analisaram a emissão de gases poluentes pelas combustões
de B100 e concluíram que o dióxido de enxofre (SO 2) é totalmente eliminado, a fuligem
diminui em 60%, o monóxido de carbono e os hidrocarbonetos diminuem em 50%, os
hidrocarbonetos poliaromáticos são reduzidos em mais de 70% e os gases aromáticos em
15%.
Os dióxidos e monóxidos de carbono emitidos na combustão são absorvidos durante
o crescimento das oleaginosas, reduzindo de maneira global esses gases. A substituição de
diesel de petróleo por Biodiesel podem reduzir em até 78% as emissões de CO 2 atmosférico.
Propriedades lubrificantes podem facilmente recuperar a lubricidade do diesel com baixo teor
de enxofre, o que favorece o funcionamento de partes móveis do motor e da bomba de
combustível (BIODIESEL HANDLING AND USE GUIDELINES, 2006).

2.1.6.2 Desvantagens

Apesar das várias vantagens atribuídas à este biocombustível, alguns autores


comentam sobre algumas desvantagens, como podem ser observadas a seguir:

 Maior ponto de névoa: Knothe et al (2006) cita como uma grande desvantagem, pois
pode acarretar vários problemas operacionais como entupimento do filtro de combustível e
dificuldade de bombeamento do combustível do tanque para o motor, congelando ou
formando géis quando a temperatura aproxima-se de 0 °C;
33

 Maior emissão de NOx: Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA),
analisou em 2002 o B100, e detectou que emissões de NOx podem aumentar em até 10%.
Misturas de metil éster de girassol/diesel foram analisadas por Muñoz et al (2004), nas
concentrações B25, B50, B75 e B100 utilizadas por em motor diesel automotivo, para
determinação dos níveis de emissão de poluentes. Nos testes realizados, a concentração de
NOx com Biodiesel puro se apresentou sempre maior do que com o diesel. As temperaturas
alcançadas na câmara de combustão provoca o aumento da formação de NOx. É necessário o
uso de catalisadores para redução destas emissões (HOEKMAN; ROBBINS, 2012);
 Aumento do preço da soja: Damé (2007) estimou que em torno de 80% do Biodiesel
produzido no país foi proveniente do óleo de soja, durante o ano de 2007, a soja acumulou um
aumento de 60%, atingindo na bolsa de Chicago o valor mais alto desde 1974. Foi necessária
a inclusão de matérias primas não concorrentes com alimentos (LIMA, 2008).

2.1.7 Meio ambiente

Dabdoub (2006) comenta que a pequena solubilidade dos óleos vegetais na água
constitui um fator negativo no que se refere à sua degradação em unidades de tratamento de
despejos por processos biológicos e, quando presentes em mananciais utilizados para
abastecimento público, causam problemas no tratamento da água. A presença deste material,
além de acarretar problemas de origem estética, diminui a área de contato entre a superfície da
água e o ar atmosférico impedindo a transferência do oxigênio da atmosfera para a água e, os
óleos e graxas em seu processo de decomposição, reduzem o oxigênio dissolvido elevando a
demanda bioquímica de oxigênio (DBO), causando alterações no ecossistema aquático.
Fernandes et al (2008) completa, afirmando que este descarte incorreto dos resíduos
de óleo vegetal é um problema antigo. É sabido que cada litro de óleo despejado no esgoto
tem capacidade para poluir cerca de um milhão de litros de água. Ao ser jogado no esgoto
encarece o tratamento dos resíduos em até 45%. Sua presença nos rios cria uma barreira que
dificulta a entrada de luz e a oxigenação da água, comprometendo assim, a base da cadeia
alimentar aquática e contribuindo para a ocorrência de enchentes. Além disso, a
decomposição do óleo de cozinha emite metano na atmosfera, uma espécie de gás inodoro,
incolor, que quando adicionado ao ar atmosférico transforma-se em mistura de alto teor
explosivo. O metano é um dos principais gases que causam o efeito estufa contribuindo para o
aquecimento da Terra.
34

No caso do Biodiesel de fritura, caracteriza-se por um grande apelo ambiental. Tem


preço de mercado relativamente superior ao diesel comercial, entretanto, se o processo de
recuperação e aproveitamento dos subprodutos (glicerina e catalisador) forem otimizados, a
produção de Biodiesel pode ser obtida a um custo competitivo com o preço comercial do óleo
diesel, verificado nas bombas dos postos de abastecimento (MENEZES, 2009), diminuindo os
descartes incorretos no meio ambiente.
35

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada na produção do biodiesel foi baseada em artigos e trabalhos


acadêmicos obtidos na revisão de literatura. A matéria-prima utilizada no processo de
transesterificação foi óleo residual de fritura fornecido por uma empresa da região. Os ensaios
de umidade, viscosidade, acidez foram realizados nos laboratórios de Engenharia da
Faculdade Presidente Antônio Carlos de Ipatinga/MG.

3.1 Análises físico-químicas da matéria-prima

3.1.1 Umidade

O óleo residual foi deixado em estufa durante um período de uma hora e meia em
uma temperatura de 105 °C, pesando-se a amostra a cada 30 minutos até estabilização da
massa. Esse procedimento foi realizado com cinco repetições (DIB, 2010).

3.1.2 Índice de acidez

O índice de acidez, segundo o método oficial AOCS Ca 5a-40, é determinado pelo


princípio de titulação ácido/base. Para realizar o procedimento, preparou-se uma solução de
hidróxido de sódio (NaOH) de concentração 0,025 N. Posteriormente titulou-se cinco
amostras contendo 1,0 mL de óleo residual, 9,0 mL de álcool isopropílico e 10 gotas do
indicador fenolftaleína utilizando-se como titulante a solução de hidróxido de sódio
anteriormente preparada. As amostras foram tituladas com a solução de NaOH até atingirem
uma coloração rosada até que esta permanecesse por 10 segundos sob agitação.

3.1.3 Densidade e viscosidade

Para estabelecer a densidade utilizou um picnômetro de 25 mL (FIG. 11),


previamente calibrado. Pesou o picnômetro vazio em balança analítica. Posteriormente
encheu o mesmo com óleo residual e pesou-o. Subtraiu-se a massa do picnômetro com óleo
da massa do picnômetro vazio, obtendo-se a massa do óleo. Mediu-se a temperatura da água
36

com auxílio de um termômetro. Calculou-se a densidade do líquido (óleo residual) na


temperatura medida, dividindo-se a massa do óleo pelo volume do picnômetro. Repetiu-se o
procedimento mais quatro vezes. Essa metodologia foi proposta com base nos conhecimentos
adquiridos durante a graduação.

FIGURA 11 - Picnômetro

Fonte: Autores

Já para a viscosidade, aqueceu-se 200 ml do óleo filtrado no bico de Bunsen até a


temperatura de 45 ºC. Posteriormente, verteu-o em viscosímetro Copo Ford de 125 mL (FIG.
12) atingindo a temperatura de 40 °C e o nível padrão especificado. Por fim, mediu-se o
tempo de escoamento. Esse procedimento foi repetido mais duas vezes. Essa metodologia foi
proposta com base nos conhecimentos adquiridos durante a graduação.

FIGURA 12 – Viscosímetro modelo Copo Ford


37

Fonte: Autores

3.2 Pré-tratamento do óleo

O processo de pré-tratamento do óleo residual foi realizado em duas etapas.


Na primeira, aqueceu-se o óleo de fritura até a temperatura aproximada de 40 °C, para
diminuir a viscosidade da amostra, facilitando dessa forma a segunda etapa, que
consistiu na filtração a vácuo do óleo para retirada de impurezas sólidas.

3.3 Planta piloto

O protótipo utilizado na produção do Biodiesel foi confeccionado baseado no


desenho esquemático do trabalho de Brasil et al (2012), onde o mesmo utilizou inox para
confecção do modelo de planta química.
Neste trabalho, o protótipo foi confeccionado com materiais alternativos, como
mostrado nas FIG. 13 a seguir:

FIGURA 13 – Desenho esquemático da planta

Fonte: Autores

Onde:
38

1 e 2 – tanques receptores de matéria-prima: (1) óleo; (2) álcool + catalisador


3 – misturador
4 – reator batelada
5 – aquecedor 1
6 – decantador
7 – destilador de álcool (com funil de vidro)
8 – aquecedor 2
9 – condensador de álcool
10 – tanque receptor de Biodiesel

Para os tanques receptores de matéria-prima, decantador e tanque receptor de


Biodiesel foram utilizados frascos de plástico de 16 cm de altura e 9,5 cm de diâmetro, com
capacidade volumétrica de 1,13 L. Foram adaptadas válvulas em pontos estratégicos para
controle de vazão (FIG. 14).

FIGURA 14 – Frasco utilizado no decantador

Fonte: Autores

Para o misturador do reator batelada (FIG. 15) foi utilizada uma furadeira de 110 V,
400 W e 2800 rpm da Skil, onde foi adaptada uma pá de batedeira para uma melhor
homogeneidade na mistura das matérias-primas.
39

FIGURA 15 - Misturador

Fonte: Autores

Para o aquecedor 1 foi utilizado um aquecedor magnético de 220 V e 250 W da


Quimis (FIG. 16 - a), situado logo abaixo do reator batelada. Para o aquecedor 2, foi utilizado
um ebulidor de alumínio de 110 V, 1000 W e 6 cm de diâmetro, situado à 2 cm do fundo do
destilador, como mostrado na FIG. 16 - b:

FIGURA 16 – (a) aquecedor 1; (b) aquecedor 2

Fonte: Autores

Foi utilizado um condensador de vidro acoplado ao destilador por uma mangueira de


borracha (FIG. 17 - a). Utilizou-se canos de PVC de 3/4" 2 de diâmetro como tubulações, com
exceção da parte inferior ao decantador, onde foi utilizado uma mangueira rígida, transparente
e incolor de 6 cm de altura e 2,5 cm de diâmetro interno (FIG. 17 - b), para a visualização das
fases e controle da passagem da mistura.

2
3/4 de uma polegada: equivalente à, aproximadamente, 2 cm.
40

FIGURA 17 – (a) condensador; (b) visualizador de fases

Fonte: Autores

Para o reator batelada e destilador foram confeccionados recipientes cilíndricos de


inox (FIG. 18), com 13,1 e 10,0 cm de diâmetro, 12,2 e 11,8 cm de altura, gerando
capacidades volumétricas de 1644 e 927 mL, respectivamente. Ao destilador foi adaptado um
funil de vidro para auxiliar na captação do álcool presente na glicerina.

FIGURA 18 – Tanques de inox

Fonte: Autores

Anteriormente, a planta havia sido testada com recipientes de aço carbono nas
mesmas dimensões, mas houve oxidação das paredes dos mesmos, sendo estes substituídos
pelos de inox citados acima, para evitar quaisquer tipos de interferências que poderiam
influenciar no resultado final do produto, como mostrado na FIG. 19 abaixo:
41

FIGURA 19 – Reatores de aço carbono oxidados

Fonte: Autores

Montou-se na planta um circuito elétrico com interruptores utilizados para acionar o


misturador (furadeira) e os aquecedores 1 e 2 (FIG. 20):

FIGURA 20 – Interruptores da rede

Fonte: Autores

3.4 Produção de Biodiesel

Após o pré-tratamento, 276 g (300 mL) do óleo residual de fritura foi transferido
para o tanque receptor de matéria-prima correspondente. Abriu-se a válvula para o
escoamento deste no reator, no qual foi aquecido entre 45 – 55 ºC. Sob agitação mecânica,
adicionou a mistura catalisador/álcool, previamente preparada, para reagir durante 45
minutos.
42

3.4.1 Mistura catalisador e metanol

Para a mistura catalisador/metanol, pesou-se 124 g (157 mL) de metanol (anidro) e


4,2 g de NaOH (P.A). Em um erlenmeyer, o catalisador (NaOH) foi dissolvido em metanol,
formando o metóxido de sódio como mostrado na equação:

NaOH(s) + CH3OH(l) NaOCH3(aq) + H2O(l)


hidróxido de sódio + metanol metóxido de sódio + água

3.4.2 Mistura catalisador e etanol

Para a mistura catalisador/etanol, pesou-se 176 g (217 mL) de etanol (95%) e 4,2 g
de NaOH (P.A). Em um erlenmeyer, o catalisador (NaOH) foi dissolvido em etanol, formando
o etóxido de sódio como mostrado na equação:

NaOH(s) + CH3CH2OH(l) NaOCH2CH3(aq) + H2O(l)


hidróxido de sódio + etanol etóxido de sódio + água

3.5 Lavagem do Biodiesel

Para lavagem do biodiesel produzido pela reação de transesterificação, utilizou-se 20


mL de água destilada quente (80 ºC), adicionada posteriormente ao Biodiesel que se
encontrava em um funil de separação e a mistura foi seguida de agitação manual para permitir
um melhor contato. Em seguida, deixou-a em repouso até promover a separação de fases. A
fase inferior, contendo os componentes a serem removidos, foi retirada do funil por
escoamento. Este procedimento foi repetido 3 vezes até completa remoção dos contaminantes,
que foi monitorada pela coloração da fase inferior, que no início da lavagem se apresentava
branca e no decorrer, com a remoção dos contaminantes, tornou-se incolor (FIG. 21).
43

FIGURA 21 – Etapas da lavagem

Fonte: Autores

3.6 Caracterização do Biodiesel

Determinou-se a densidade e a viscosidade do biodiesel produzido conforme


procedimentos descritos por DIB (2010), Lima (2008) e Garcia (2006), visando caracterizar o
biodiesel. A metodologia para obtenção da densidade e da viscosidade do biodiesel foi o
mesmo utilizado para análise da matéria-prima (procedimento 3.1.3).
44

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A apresentação dos resultados com as respectivas discussões encontra-se dividida em


itens, onde serão analisadas e explicadas as técnicas abordadas. Apresentar-se-ão, em
conjunto, comparações com outras referências e normas técnicas.

4.1 Análises físico-químicas da matéria-prima

O sucesso de todo o processo de produção de biodiesel está ligado diretamente à


qualidade da matéria-prima e ao tipo de catalisador utilizado na reação de transesterificação
(HAAS et al, 2006). Para controle de qualidade do óleo residual utilizado nos experimentos
realizou-se as análises de densidade, viscosidade e acidez. Os sólidos suspensos foram
removidos da amostra por filtração a vácuo.

4.1.1 Umidade

A presença de água na transesterificação favorece a reação de hidrólise dos ésteres


presentes e dos glicerídeos formando ácidos graxos livres que, por sua vez, consomem
catalisador e saponificam parte do óleo que será utilizado para produzir o biodiesel (SUAREZ
et al, 2009). Por isso, deve-se fazer o controle de umidade da matéria-prima. Na TAB. 3
encontram-se os resultados dos ensaios de umidade.

TABELA 3 - Ensaio de umidade


Amostra Água presente na amostra Umidade (%)
1 0,020 0,1801
2 0,035 0,3759
3 0,029 0,2229
4 0,039 0,3739
5 0,031 0,2569
Média - 0,2820
Desvio Padrão - 0,0891
Fonte: Autores
O valor médio da porcentagem de umidade encontrado na matéria-prima foi de
0,28% com desvio padrão igual a 0,089%. Segundo Garcia (2006) não é necessário secar o
óleo com essa porcentagem de umidade, pois esse teor de água não irá interferir de maneira
significante no rendimento da reação. A metodologia utilizada para determinação do teor de
45

umidade apresentou baixa variabilidade de acordo com o desvio padrão referente aos dados da
amostra.

4.1.2 Índice de acidez

Ácidos graxos livres (AGL) indicam o grau de deterioração do óleo de fritura e sua
presença nos óleos e gorduras é proveniente da hidrólise de moléculas de triacilglicerol e pode
ser expressa de diversas formas. A maneira mais conveniente de expressar o teor de ácidos
graxos livres é em percentual, supondo que a massa molar dos ácidos graxos livres é
semelhante à massa molar do ácido linoléico (CHRISTOFF, 2006).
Como no presente trabalho, o AGL foi tratado com excesso de NaOH (catalisador).
Após calcular em porcentagem, considerar-se-á o índice de acidez, que corresponde à
quantidade (em mg) de base necessária para neutralizar os ácidos graxos livres presentes em 1
g de gordura.
Para determinação do AGL usou-se o método da titulação e, assim como Lima
(2008), os resultados foram expressos como percentual de ácido oléico. Em conformidade
com este autor, a quantidade de AGL foi calculada de acordo com a equação:

28,2V . N
P=
M
onde:
P – é o percentual de acidez (%);
M – a massa da amostra (g);
N – a normalidade da solução de hidróxido de sódio;
V – o volume de hidróxido de sódio gasto na titulação (mL);

Na TAB. 4 têm-se os resultados dos índices de acidez:


46

TABELA 4 – Índice de acidez


Amostra NaOH (mL) AGL (%) NaOH/ g de óleo (g)
1 4,00 3,049 0,004
2 4,50 3,430 0,005
3 4,25 3,239 0,005
4 5,00 3,811 0,005
5 4,00 3,049 0,004
Média 4,3500 3,3156 0,0047
Desvio Padrão 0,4183 0,3188 0,0005

Fonte: Autores

Segundo Freedman et al (1984), a acidez do óleo deve ser menor que 1% de ácido
graxo livre para que a reação de transesterificação básica ocorra sem desativação do
catalisador e formação excessiva de sabão. Porém o óleo utilizado como matéria-prima do
processo de transesterificação desse trabalho possui índice de acidez médio no valor de 3,3%
de AGL. Este valor está acima do preconizado pelo autor citado anteriormente, no entanto não
descartou-se a possibilidade de utilizar a amostra analisada, visto que vários trabalhos
reportados na literatura utilizaram óleo residual na produção de biodiesel com acidez acima de
1% (TOMASEVIC & SILER-MARINKOVIC, 2003; DORADO et al, 2004; LEUNG &
GUO, 2006; PHAN & PHAN, 2008)..

4.1.3 Densidade e viscosidade

Para a densidade, utilizou-se a razão massa/volume de acordo com os dados obtidos


no método utilizando o picnômetro, na temperatura de 24,5 °C, e obteve-se os seguintes
valores (TAB. 5):

TABELA 5 – Densidade da matéria-prima


Amostra Densidade (g/cm³)
1 0,9146
2 0,9145
3 0,9148
4 0,9149
5 0,9145
Média 0,9146
Desvio Padrão 0,0002
Fonte: Autores
47

Para o cálculo da viscosidade, foi medido o tempo (t) de escoamento e calculado de


acordo com a equação proposta pela ABNT, na NR 5849, a seguir:

Viscosidade = [(2,388 x t) – (0,007 x t²) – 57,008]

Segue na TAB. 6 a seguir os dados obtidos:

TABELA 6 – Viscosidade da matéria-prima


Amostra tempo (s) Viscosidade (mm²/s)
1 51,26 46,950
2 51,32 47,100
3 51,02 46,600
Média 46,8833
Desvio Padrão 0,2566
Fonte: Autores

Os valores de viscosidade cinemática encontrados para o óleo residual estão


próximos daqueles reportados na literatura, como Lima (2008) que encontrou uma média de
46 mm²/s. O mesmo autor esclarece que a viscosidade do óleo residual tende a ser maior do
que a do seu respectivo óleo virgem devido à presença de materiais poliméricos de maior
massa molar resultantes da degradação do óleo.

4.2 Pré-tratamento para transesterificação

A eficiência da reação de transesterificação está relacionada com a qualidade do óleo


utilizado (matéria-prima), ou seja, com os conteúdos de água e de ácidos graxos livres. Estes
agentes são responsáveis pela desativação do catalisador e pela indesejável reação de
saponificação (LIMA, 2008).
Proveniente do processo de fritura, o óleo estudado apresentava características típicas
de resíduos gordurosos como odor rançoso e coloração escura. Visto que, o processo de
transesterificação alcalina requer matérias-primas de alta pureza, ou seja, praticamente isenta
de ácidos graxos livres e água, o pré-tratamento deste óleo torna-se interessante para não
comprometer o processo final de conversão.
Primeiramente, o óleo foi filtrado para retirada dos resíduos sólidos. A umidade,
como dito anteriormente, não constituiu um problema pelos teores baixos encontrados.
Porém, como a análise do índice de acidez apresentou valor médio igual a 3,3% (4,7 mg de
48

NaOH por grama de óleo a ser reagido) acima do recomendado por Freedman et al (1984)
adicionou-se excesso de NaOH para neutralizar os ácidos graxos livres. Tal procedimento é
recomendado nas literaturas utilizadas para a realização do trabalho. O cálculo encontra-se
descrito a seguir:

(quantidade de óleo utilizado) x (quantidade de NaOH) = valor de NaOH em excesso

Como foi utilizado 276 g de óleo de fritura no processo e encontrou-se 0,0047 g de


NaOH/g de óleo, logo, obteve-se 1,29 g de NaOH que será utilizado em excesso para
neutralização do AGL.

4.3 Produção de Biodiesel

Como o óleo residual de fritura à base de soja possui ácidos graxos de diversas
naturezas e em diferentes quantidades em sua composição, o cálculo preciso da massa molar
deste óleo para obter a relação molar óleo/álcool desejada para reação de transesterificação é
complexo. Considerou-se a massa molar da amostra utilizada na pesquisa sendo 866,45 g/mol.
Este valor foi utilizado no trabalho científico de Christoff (2006). O motivo de se adotar o
mesmo valor de massa molar encontrado no trabalho deste autor foi a semelhança no valor da
densidade do óleo utilizado como matéria-prima neste trabalho em relação ao valor da
densidade da matéria-prima utilizada pelo autor anteriormente citado.
Na reação de transesterificação utilizou-se a proporção de 1:12 (óleo:álcool) nas duas
rotas utilizadas para a produção de biodiesel (rota metílica e etílica). Essa proporção foi
baseada no trabalho de Lima (2008).
Quanto à quantidade de catalisador, temperatura e tempo de reação, para ambas as
rotas, adotou-se as mesmas condições dos estudos cinéticos de reação de transesterificação
feitas por Lima (2008), em que o autor alcançou os melhores rendimentos no tempo de reação
igual a 45 minutos, na faixa de temperatura de 45 a 55 ºC, utilizando-se 1,5% em massa de
catalisador por grama de óleo.
O biodiesel foi produzido nas duas rotas com os mesmos parâmetros com o objetivo
de fornecer dados para uma posterior análise comparativa dos métodos.
49

4.3.1 Biodiesel rota metílica

Após o término do tempo de reação o produto foi vertido diretamente do reator


batelada em um funil de separação (FIG. 22 - a) a fim de minimizar possíveis erros, e
verificou-se separação nítida das fases Biodiesel/glicerina após 15 minutos em repouso (FIG.
22 - b). Contudo, para garantir melhor eficiência na separação deu-se continuidade nos
procedimentos seguintes após 24 horas.

FIGURA 22 – a) mistura retirada do reator; b) separação Biodiesel/glicerina

Fonte: Autores

Diante do fato resultante, Lima (2008) salienta que a metanólise de triacilgliceróis


geralmente resulta em duas fases após a reação. A separação ocorre de forma natural em um
decantador ou funil de separação, pois o metanol possui uma pequena parte apolar, um grupo
metil, ligado a uma parte muito polar, o grupo hidroxila. Após a metanólise, o metanol migra
para a fase glicerina e a separação de fases se dá naturalmente.

4.3.2 Biodiesel rota etílica

Ao final do procedimento na planta, a exemplo da rota metílica, a mistura foi vertida


no funil de separação. Após 15 minutos de repouso não evidenciou a separação das fases
(FIG. 23).
50

FIGURA 23 – Biodiesel etílico após repouso

Fonte: Autores

Visto que a separação de fases não ocorreu com 45 minutos, aguardou-se 24 horas
para nova avaliação. Após este período não obteve-se êxito na separação de fases.
Em relação ao fenômeno observado, Lima (2008) esclarece que o etanol possui um
grupo apolar maior que o metil, o grupo etil, ligado a hidroxila e, portanto, a solubilização
tanto em glicerina (polar) quanto em ésteres etílicos (apolar) é mais comum, dificultando
assim a separação.
Também, conforme o mesmo autor descreve, é possível obter a separação da mistura,
através do principio “semelhante dissolve semelhante”, com o processo unitário de extração
líquido-líquido. O mesmo autor sugere a utilização de 10% de glicerina P.A, em massa de
óleo processado, a 80 ºC. Análogo ao afirmado, acrescentou-se à mistura 50 ml de glicerina,
transferiu-a para um béquer, permanecendo sob agitação contínua, a 75 – 85 °C, por 15
minutos. Em sequência a este procedimento, aguardou-se em repouso de 15 minutos no funil
de separação. Aguardou-se outras 24 horas para confirmar a observação anterior.
Em contradição, assim como DIB (2010), não obteve-se sucesso nesta separação,
observando que o volume da glicerina que se formou no fundo do recipiente após o processo
de transesterificação foi exatamente igual ao volume adicionado de glicerina P.A.

4.4 Pós-tratamento do Biodiesel metílico

Com a finalidade de remover o excesso de álcool metílico, catalisador, glicerina e


sabão formado durante a reação, o Biodiesel passou por um processo consecutivo de lavagens
(utilizando 20 mL de água destilada em cada uma) e foi efetuado em um funil de separação.
51

Após a lavagem, procedeu-se a secagem do produto em estufa, a 115 °C, durante o


período de uma hora e trinta minutos (pesando-as a cada 30 minutos), até a estabilidade da
massa. Encontrou-se 187,3 g do produto final seco.

4.5 Caracterização do Biodiesel

Com o objetivo de certificar a transesterificação e acrescentar na validação do


produto final, foi analisada a densidade e a viscosidade do produto final, o Biodiesel. A
resolução da ANP n° 4 (2010) estipula a viscosidade cinemática do Biodiesel a 40 °C entre
3,0 e 6,0 mm²/s e densidade (massa específica) a 20 °C entre 0,85 e 0,90 g/cm³.
Para o cálculo de tais parâmetros, foram utilizados os mesmos métodos do item 4.1.3
deste trabalho, feito para a matéria-prima (viscosidade à 40 °C e densidade à 20 °C). Segue
abaixo na TAB. 9 os resultados encontrados:

TABELA 9 – Densidade e viscosidade encontrados


Amostra Viscosidade (mm²/s) Densidade (g/cm³)
1 6,410 0,8727
2 6,310 0,8730
3 6,670 0,8735
Média 6,4633 0,8731
Desvio Padrão 0,1858 0,0004
Fonte: Autores.

Os valores médios obtidos estão próximos aos valores preconizados pela ANP. A
densidade encontra-se dentro dos valores estabelecidos, já a viscosidade apresenta-se
ligeiramente acima da faixa, provavelmente devido à presença de subprodutos.
52

5 CONCLUSÃO

Constatou-se, no presente trabalho, a produção de Biodiesel por


transesterificação metílica do óleo residual de fritura via catálise básica. Tal
observação foi baseada na diminuição da viscosidade final (6,46 mm 2/s) em relação à
matéria prima (46 mm2/s). Em relação à densidade do produto (0,87 g/cm 3), a mesma
encontra-se dentro da faixa estabelecida pela ANP (0,85 e 0,90 g/cm3). Contudo a
viscosidade encontrada ficou pouco acima do estabelecido pela ANP (3,0 – 6,0
mm2/s), infere-se que ocorreu devido aos subprodutos de característica apolar que
permaneceram na fase biodiesel não sendo retirados na lavagem.
Em contrapartida na rota etílica não se evidenciou a separação das fases
Biodiesel/Glicerol, essa afirmação evidenciado visto que o éster etílico formado,por
possuir uma cadeia maior do que a do metílico, possui afinidade tanto com a fase
superior como com a fase inferior, dificultando assim a separação das fases. Outro foi
o índice de acidez 3,3% encontrado na matéria prima, acima do recomendado de 1%,
porém, como diversos autores utilizaram valores acima do recomendado, usou-se o
mesmo.
Podemos citar também o valor da umidade encontrada 0,28% de acordo com a
literatura é um valor baixo e que, portanto não é necessária sua secagem.
Com ambos os resultados é possível inferir também que a planta piloto
confeccionada pelos autores com materiais alternativos usada no experimento não
interferiu no processo de transesterificação. Recomenda-se a utilização de um frasco
incolor como decantador para facilitar a visualização da separação das fases, e novos
estudos para avaliar o sistema de recuperação do álcool empregado em excesso,
presente na glicerina.
Sugere-se a substituição do metanol por etanol no processo, visto que o
mercado brasileiro possui grande oferta do álcool etílico e isto facilitaria sua utilização
em escala industrial.
53

REFERÊNCIAS

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GLOSSÁRIO

Ácido carboxílico: ácidos orgânicos caracterizados pela presença do grupo carboxila


(–COOH).

Ácidos de Brönsted-Lowry: qualquer espécie química que exiba tendência a ceder íons
H+.

Ácido graxo: são ácidos monocarboxílicos de cadeia normal que apresentam o grupo
carboxila ligado a uma longa cadeia alquílica, saturada ou insaturada.

Alcoxi: grupo alquilo ligado a um átomo de oxigênio.

Acroleína: composto de aldeído etilênico obtido pela desidratação da glicerina por


bactérias.

Anidro: não contém água na composição.


61

Ataque nucleofílico: reação em que um núcleo reage com um íon que atua por
intermédio de um par de elétrons disponível.

Azeótropo: mistura de duas ou mais substâncias que, a uma certa composição, possui
um ponto de ebulição constante e fixo, não podendo, por isso, seus componentes
serem separados por processo de destilação simples.

Biomassa: material constituído principalmente de substâncias de origem orgânica, ou


seja, de animais e vegetais. A energia é obtida através da combustão da lenha, bagaço
de cana-de-açúcar, resíduos florestais, resíduos agrícolas, casca de arroz, excrementos
de animais, entre outras matérias orgânicas.

Catalisador: atua numa reação ou processo químico, alterando sua velocidade seja
positiva ou negativamente.

Cetano: o número de cetano mede a qualidade de ignição de um combustível para


máquina diesel e tem influência direta na partida do motor e no seu funcionamento sob
carga. Quanto menor o número de cetano maior será o retardo da ignição.

Ceteno: produzido pela pirólise de ácido acético ou acetona e usado como agente de
acetilação.

Chuva ácida: ocorre quando existe na atmosfera um número muito grande de enxofre
(SO2) e óxidos de nitrogênio (NO, NO2, N2O5) que, quando em contato com o
hidrogênio em forma de vapor, formam ácidos como o ácido nítrico (HNO 3), ou o
ácido sulfúrico (H2SO4).

Combustão: reação química entre dois ou mais reagentes (combustíveis e


comburentes) com grande liberação de energia na forma de calor; queima.

Combustíveis fósseis: grupo de substâncias formadas de compostos de carbono,


usados para alimentar a combustão (ex: petróleo, carvão mineral, gás natural e xisto
betuminoso).

Densidade: razão entre a massa de um material e o volume por ele ocupado; específico
de cada material.

Descarbonilação: quando ácidos carboxílicos são desoxigenados formando monóxido


de carbono, água e alcenos terminais.

Descarboxilação: quando ácidos carboxílicos são desoxigenados formando dióxido de


carbono e alcanos lineares.

Éster: compostos orgânicos obtidos através da reação com ácidos e álcoois de cadeia
curta.

Glicerol: (glicerina) composto orgânico pertencente à função álcool.

Hidrocarbonetos alifáticos: compostos que apresentam em sua composição átomos de


carbono e hidrogênio e apresentam cadeia aberta com ligações simples.
62

Hidrólise: reação química de quebra de uma molécula por água.

Hidroperóxidos: produtos estáveis formados durante a peroxidação de lipídios


insaturados, como ácidos graxos e colesterol

Jazida: toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, de valor


econômico, aflorando à superfície ou existente no interior da terra.

Matriz energética: quantidade de recursos energéticos oferecidos por um país ou por


uma região.

Mol: unidade de base do Sistema Internacional de Unidades (SI) para a grandeza


quantidade de matéria.

Motor-reator: motor a combustão interna a pistões que explorava os efeitos de uma


reação química, que acontece quando óleo é injetado num recipiente com oxigênio,
causando uma explosão.

Oxidação: perda de elétrons.

Patente: título de registro de invenção, de marca de fábrica, de nome de produtos


comerciais e industriais.

Pistão: (ou êmbolo) peça cilíndrica normalmente feita de alumínio ou liga de alumínio,
que se move longitudinalmente no interior do cilindro dos motores de explosão.

Planta industrial: unidade industrial, ou mesmo setor dentro de uma indústria, que
produza algum composto químico específico.

Polimeração: reação química orgânica onde moléculas de menor tamanho se


combinam com outras, através de valência, para formar outras moléculas maiores.

Protonação: reação química que ocorre quando um próton (H+) liga-se a um átomo,
uma molécula ou um íon.

Refino de petróleo: separação dos diversos tipos de hidrocarbonetos do petróleo em


várias substâncias úteis, como gasolina, querosene, óleo diesel, etc.

Tensão superficial: efeito físico que ocorre na camada superficial de um líquido que
leva a sua superfície a se comportar como uma membrana elástica.

Toxicidade: qualidade que caracteriza o grau de nocividade para um organismo vivo


ou para uma parte específica desse organismo.

Viscosidade: Medida da resistência interna ou fricção interna de uma substância ao


fluxo quando submetida a uma tensão.

Volatilidade: facilidade que a substância tem de passar do estado líquido para o


gasoso.
63

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