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Módulo 3

CONCORDÂNCIA
VERBAL E NOMINAL

Sumário

Concordância verbal .................................................................................................... 3

Regras Gerais ............................................................................................................... 3

Casos especiais.............................................................................................................. 6
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CONCORDANCIA VERBAL
Regras gerais

1. Sujeito simples

Quando o sujeito é simples, o verbo concorda em número e pessoa com ele.

Sujeito verbo

Eu cheguei.

Tu chegaste.

O aluno chegou.

Os alunos chegaram.

2. Sujeito composto

Quando o sujeito é composto, o verbo deve ir para o plural.

O técnico e os jogadores chegaram.

sujeito composto

Chegaram o técnico e os jogadores.

sujeito composto

Se o sujeito composto vier posposto, porém, o verbo poderá concordar com o núcleo mais próximo
(concordância atrativa).

Chegou o técnico e os jogadores.

“Depois veio a claridade, os grandes céus, a paz dos campos (...)”


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Há também casos em que o sujeito composto, mesmo anteposto, admite o verbo no singular:

a) quando os núcleos do sujeito são sinônimos ou quase sinônimos:

O rancor e o ódio deixou-o perplexo.

b) quando os núcleos do sujeito vêm dispostos em gradação:

Uma indignação, uma raiva profunda, um ódio mortal dominava-o.

c) quando o sujeito é formado de dois infinitivos:

Trabalhar e estudar fazia dele um homem feliz.

 Caso os infinitivos exprimam ideias opostas, ocorrerá o plural.

Rir e chorar se alternam.

2.1 Sujeito composto resumido por pronome indefinido

Quando o sujeito composto vem resumido por palavras como tudo, nada, ninguém, etc., o
verbo concorda obrigatoriamente com a palavra resumitiva.

Alunos, mestres, diretores, ninguém faltou.


A casa, os móveis, a roupa, tudo estava fora de lugar.
Alunos, mestres, diretores, funcionários, todos foram ao casamento.

2.2 Sujeito composto formado de pessoas diferentes

Quando o sujeito composto é formado de pessoas diferentes e entre elas há primeira


pessoa do singular, o verbo vai obrigatoriamente para a primeira pessoa do plural.

Eu, tu e ele resolvemos o exercício.


O professor, tu e eu saímos apressados.

No caso de o sujeito composto ser formado de segunda e terceira pessoas do singular, o


verbo poderá ir para a segunda ou para a terceira pessoa do plural.

Tu e teu colega chegastes cedo.


Tu e teu colega chegaram cedo.
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2.3 Núcleos do sujeito ligados por ou

Quando os núcleos do sujeito vêm ligados pela conjunção ou, podemos distinguir dois casos:

 se a conjunção ou tiver valor excludente, o verbo ficará no singular.


Roma ou Viena será a sede da próxima Olimpíada.

 se a conjunção ou não tiver valor excludente, o verbo irá para o plural.


Roma ou Viena são excelentes locais para as próximas Olimpíadas.

 Um ou outro/Nem um nem outro

As expressões um ou outro e nem um nem outro exigem verbo no singular.

Um ou outro jogador marcará o gol.


Nem um nem outro aluno fez o exercício.

 Um e outro
Já na expressão um e outro, o verbo pode ir para o plural (construção preferível), ou ficar no
singular.

Um e outro ambiente incomodam-me (ou incomoda-me).

2.4 Núcleos do sujeito ligados por com

Quando os núcleos do sujeito estão ligados por com, o verbo vai para o plural.

Eu com outros amigos consertamos a cerca.

3. Sujeito coletivo

Quando o sujeito é um coletivo, o verbo fica no singular.

A multidão aplaudiu com entusiasmo a linda jogada.

sujeito verbo
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 Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no singular (conforme a regra), ou ir para o
plural.

A multidão de fanáticos torcedores aplaudiu (ou aplaudiram) a linda jogada.

sujeito verbo

 Isso se aplica também aos coletivos partitivos.

A maioria dos torcedores aplaudiu (ou aplaudiram) a jogada.

sujeito verbo

Grande parte dos torcedores aplaudiu (ou aplaudiram) a jogada.

sujeito verbo

CASOS ESPECIAIS

1. Sujeito é substantivo que só se usa no plural

Quando o sujeito é um substantivo que só se usa no plural, e não vem precedido de artigo, o
verbo fica no singular. Caso venha antecipado de artigo, o verbo concorda com ele (o artigo).

Alagoas possui lindas praias ou As Alagoas possuem lindas praias.


Férias faz bem ou As férias fazem bem.
Pêsames não traz conforto ou Os pêsames não trazem conforto.
Os Estados Unidos enviaram poderoso reforço.
O Amazonas fica longe.
As primaveras são poemas românticos.

2. Sujeito é pronome de tratamento

Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica sempre na terceira pessoa.

Vossa Alteza sabe o lugar.

Vossas Altezas sabem o lugar.


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Vossa Excelência pediu calma.

Vossas Excelências pediram calma.

3. Sujeito é o pronome relativo que

Quando o sujeito é o pronome relativo que, o verbo concorda com o antecedente do pronome
relativo.

Fu i eu que falei.

Foste tu que falaste.

Foi o menino que falou.

Fomos nós que falamos.

antecedente sujeito verbo

4. Sujeito é o pronome relativo quem

Quando o sujeito é o pronome relativo quem, o verbo deve ficar na terceira pessoa do singular,
concordando com ele.

Fui eu quem falou.

Foste tu quem falou.

São, porém, frequentes os exemplos em que o verbo concorda com o antecedente do pronome
relativo quem. Essa concordância não é aceita por muitos gramáticos conceituados. E têm razão,
pois, se quem significa aquele que, ficará estranha a concordância Fui eu aquele que falei.

Fui eu quem falei.

Fomos nós quem falamos.

antecedente sujeito verbo


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5. Sujeito é formado das expressões mais de um/mais de dois

Quando o sujeito é formado pela expressão mais de um, mais de dois etc., o verbo concorda
com o numeral empregado na expressão.

Mais de um aluno faltou.


Mais de dois alunos faltaram.

 Porém, se o verbo der a ideia de reciprocidade, faz-se a concordância normalmente.


Mais de um casal abraçaram-se.

6. Sujeito é formado das expressões alguns de nós/poucos de nós

Quando o sujeito é formado de um pronome indefinido no plural – alguns, poucos, muitos,


quantos, quais etc. – seguido dos pronomes pessoais nós ou vós, o verbo concordará com o
indefinido plural, ou com o pronome pessoal.

Alguns de nós resolveram (ou resolvemos) os problemas.


Quais de vós receberam (ou recebestes) o prêmio?
Muitos dentre nós saíram (ou saímos).

É importante notar que, quando o pronome indefinido está no singular, o verbo


obrigatoriamente fica no singular, concordando com ele.

Algum de nós resolveu o problema.


“Qual de nós dois inventou o outro?”
Qual de vós saiu?

7. Sujeito oracional

Quando o sujeito é uma oração subordinada, o verbo deve ficar na terceira pessoa do singular.

Ainda falta resolver vários exercícios.

Verbo suj. oracional


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8. Verbo com índice de indeterminação do sujeito

Quando vem acompanhado pelo índice de indeterminação do sujeito se, o verbo fica
obrigatoriamente no singular.

Precisa-se de digitadores.
Acredita-se em marcianos.
Trabalha-se em lugares poluídos.

[Observe que, quando funciona como índice de indeterminação do sujeito, a partícula se sempre
está ligada a um verbo que não é transitivo direto (transitivo indireto, de ligação, intransitivo).]

9. Verbo com partícula apassivadora


Quando vem acompanhado pela partícula apassivadora se, o verbo concorda normalmente
com o sujeito expresso na oração.

Vende-se uma casa na praia.

Vendem-se casas na praia.

Consertam-se sapatos.

Plastificam-se documentos.

Observe que, como partícula apassivadora, a palavra se está sempre ligada a um verbo transitivo
direto.

10. Verbos dar, bater e soar na indicação de horas

Na indicação de horas, os verbos dar, bater e soar concordam normalmente com o sujeito.

O relógio deu duas horas.


sujeito verbo

Os sinos da igreja bateram uma hora.


sujeito verbo

A mesma regra deve ser seguida quando não está expresso na frase quem deu as horas. Nesse
caso, o sujeito passa a ser as horas dadas.

Deu uma hora no relógio da igreja.


verbo sujeito
10

Deram duas horas no relógio da igreja.


verbo sujeito

11. Verbos impessoais haver e fazer

Os verbos haver, no sentido de existir e de tempo decorrido, e fazer, no sentido de tempo


decorrido, são impessoais. Devem, portanto, ficar na terceira pessoa do singular.

Quando um verbo auxiliar se juntar a eles, esses verbos também ficarão no singular.

Havia sérios compromissos.


Fazia dez anos que ele não vinha a São Paulo.
Deve haver sérios compromissos.
Vai fazer dez anos que ele não vem a São Paulo.

? - O verbo existir também é impessoal?


Não. Existir concorda normalmente com o sujeito expresso na oração.

Existem sérios compromissos.


sujeito

Devem existir sérios compromissos.


sujeito

? - E o verbo, ter?

Também não. Considera-se errado o emprego do verbo ter como impessoal. Assim, não se
diz:

Tinha vários alunos na sala de aula.


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A forma correta é :

Havia vários alunos na sala de aula.

12. Haja vista

Com a expressão haja vista há três construções possíveis:

Haja vista os problemas.


Haja vista aos problemas.
Hajam vista os problemas.

Observe que o substantivo vista fica sempre no feminino, como nas expressões ponto de vista,
tenham em vista.

13. Verbo parecer + infinitivo

Com o verbo parecer seguido de um infinitivo, flexiona-se este verbo, ou o infinitivo.

Os alunos pareciam chegar.


Os alunos parecia chegarem.

14. Flexão do infinitivo

Como se trata de uma das questões mais polêmicas e controvertidas da língua portuguesa, é
impossível formular normas inflexíveis para a distinção entre o infinitivo pessoal (flexionado) e o
impessoal (não flexionado).

As regras abaixo expressam, de forma geral, o consenso de boa parte dos gramáticos, tanto
“tradicionais” quanto “modernos”, a respeito do assunto.

1) Flexionado

 Regra Básica

Flexiona-se o infinitivo quando o seu sujeito e o do verbo principal são diferentes:


Acreditamos todos (nós) serem os candidatos (eles) muito bons.
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Peço-lhes (eu) o favor de não chegarem (vocês) atrasados.


Convém saírem vocês primeiro.
O chefe julgava estarem seus empregados superados.

Se o sujeito for o mesmo, o infinitivo não será flexionado:


Temos (nós) o prazer de lhe participar (nós) ...
Declararam (eles) estar (eles) prontos.

Exceção:

Com os verbos deixar, fazer, mandar, ver, ouvir e sentir o infinitivo fica no singular, mesmo
que haja mais de um sujeito na frase:

Deixai vir a mim as criancinhas.


Mandei-os começar o serviço.
Senti-os exalar o último suspiro.
Faça-os sair depressa.
Vi tantos homens perder o juízo.
Ouviu os mestres explicar a questão.

 Regra complementar

Se você tiver dúvidas na aplicação da regra básica, apele para esta outra (no fundamental as
duas coincidem):

o infinitivo é flexionado quando pode ser substituído por um tempo finito (indicativo ou
subjuntivo, em geral):

É preciso saírem logo (saírem= que saiam).


O coronel intimou-os a se renderem (a que se rendessem).
É tempo de partires (de que partas).
Não compete a vocês queixarem-se de nós (que se queixem).
Convém chegarmos ao fundo da questão (que cheguemos).

 Outros casos de infinitivo flexionado

a) Quando o sujeito é indeterminado:


Vi executarem os criminosos.
Ouvi cantarem o hino de várias formas.

b) Quando o infinitivo é o sujeito:


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O quereres tudo me surpreende.


O morrerem pela pátria é sina de alguns soldados.

2) Não flexionado

 Infinitivo usado com verbos impessoais ou com outros, pessoais, mas empregados de
forma impessoal:

Viver é lutar.
É proibido proibir.
É possível haver dúvidas.

 Infinitivo com valor de imperativo:

Meia-volta, volver!
Honrar pai e mãe.

 Infinitivo em locução verbal:

As peças estavam estragadas, devendo ser (e nunca serem) substituídas.


Lamentando não poder atendê-lo, desejamos...
Costumavam os filhos reunir-se (e não reunirem-se).

 Com preposição

 Não se flexiona o infinitivo com preposição que funcione como complemento de


substantivo, adjetivo ou do próprio verbo principal:

O pai convenceu os filhos a voltar cedo.


Continuamos dispostos a comprar a casa.
Remédios ruins de tomar.
As emissoras conquistaram o direito de transmitir todos os jogos de vôlei.
Eram exercícios fáceis de resolver.

 Não se flexiona o infinitivo com preposição que apareça depois de um verbo na voz
passiva:

Os jornalistas foram forçados a sair da sala.


As pessoas eram obrigadas a esperar em fila.

 Não se flexiona o infinitivo com preposição que tenha o valor de gerúndio:

Os trabalhadores estavam a comer. (= comendo).


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Estavam a cantar. (= cantando).

 Nos demais casos de preposição (ou locução prepositiva) mais infinitivo, são
opcionais flexionar ou não o infinitivo. Quando ela vier antes do verbo principal, é
preferível usar a forma flexionada:

Por serem milionários, tudo lhes parecia barato.


Para nos mantermos em forma, fazemos ginastica diariamente.

 Quando colocados depois, prefira a forma não flexionada:

Viemos aqui para cumprimentar o ancião.


Aceitaram o trabalho sem hesitar.

Observações finais

Use o bom senso e o ouvido: o ritmo da frase, a eufonia e a clareza em muitos casos se
sobrepõe a qualquer regra, neste assunto.
Em caso de dúvida, siga este conselho do gramático Napoleão Mendes de Almeida: “Devemos
limitar a flexão do infinitivo aos casos de real necessidade de identificação do seu sujeito. Não
verificada essa necessidade, deixemos intacto o infinitivo”.

15. Verbo ser

Não é fácil sistematizar a concordância do verbo ser, já que, muitas vezes, ele deixa de concordar
com o sujeito para concordar com o predicativo. Vejamos, pois, os casos mais comuns.

a) O verbo ser concordará obrigatoriamente com o predicativo quando o sujeito for um dos
pronomes interrogativos quem ou que.

Que são parônimos?


sujeito predicativo

Quem foram os artilheiros do campeonato ?


sujeito predicativo
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b) O verbo ser concordará obrigatoriamente com o predicativo quando indicar tempo, data
ou distância.

É uma hora.
São duas horas.
É um quilômetro.
São dois quilômetros.
É primeiro de maio.
São dez de julho.

 Note que, na indicação de tempo ou distância, o verbo ser concorda com o primeiro
numeral que aparece.

É uma hora e trinta minutos.


É bem mais de uma hora.
Já são dez para a uma.

c) O verbo ser concordará obrigatoriamente com o predicativo quando este for um pronome
pessoal ou nome de pessoa.

Os culpados somos nós.


As esperanças do time era Isabel.

 Havendo dois substantivos comuns de números diferentes, o verbo ser concordará, de


preferência, com aquele que estiver no plural.

O mundo são estas ilusões.

Faz-se, no entanto, a concordância com o sujeito quando se quer dar destaque a esse elemento.

“O rebanho é meus pensamentos.” (Fernando Pessoa)

 Quando o sujeito do verbo ser for o pronome indefinido tudo, ou os demonstrativos neutros
isto, isso, aquilo, o, a concordância se fará, de preferência, com o predicativo, embora seja
admissível concordar com o sujeito.
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Tudo são flores.


Isto são sintomas menos graves.
Aquilo eram lembranças de um triste passado.
O que nos preocupava eram as atitudes daquele rapaz.

 Quando aparece nas expressões é muito, é pouco, é suficiente, é bastante, que denotam
quantidade, distância, peso, etc., o verbo ser fica sempre no singular.

Cem metros é muito.


Dois reais é pouco.
Dez quilos é suficiente.

d) Concordância do verbo ser com a expressão é que

 Quando a expressão de realce é que aparece antes do sujeito ou do objeto direto, o verbo
ser deve concordar com esses termos:

São esses alunos que resolveram aqueles exercícios na última semana.


São aqueles exercícios que os alunos resolveram na última semana.

 Quando, porém, a expressão é que enfatiza qualquer outra função sintática, o verbo ser
deve ficar invariável.

É em momentos difíceis que se conhecem os verdadeiros amigos.


É de jogadores talentosos que o time precisa para ser campeão.

 Veja ainda que, quando empregamos a expressão é que, normalmente não utilizamos a
vírgula que separa a circunstância colocada antes do sujeito.

Com muito trabalho, conseguiremos bons resultados.


É com muito trabalho que conseguiremos bons resultados.

 Essa expressão pode aparecer em vários tempos de acordo com outro(s) verbo(s) da frase.

Era naquele lugar que ele passava as férias.


Será no Japão que se realizarão os Jogos Olímpicos.
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Referências:
ANDRÉ, Hildebrando. Gramática Ilustrada. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 1990.

BECHARA, Evanildo. Lições de Português pela análise sintática. 16ª ed. Rio de Janeiro:
Lucerna.

CADORE, Luís Agostinho – Curso Prático de Português, Literatura. Gramática. Redação.

CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 30 ed. São Paulo:
Nacional, 1998.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de


Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

EPSTEIN, Isaac. Gramática do poder. São Paulo: Ática, 1993.

KURY, Adriano da Gama. Português Básico. Rio de janeiro: Nova Fronteira, p.150.

LIMA, Carlos Henrique da Rocha. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 42ª ed. Rio de
Janeiro: José Olympio, 2002.

TERRA, Ernani. Curso Prático de Gramática. São Paulo: Scipione. 1996.

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