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Abstract: The purpose of this article is to present how the process of psychodramatic
psychotherapy is performed with patients diagnosed with borderline personality disorder from
the perspective of psychodramatist psychotherapists. The research questioned how the
therapist-patient relationship with regard to bond and contract; how the sessions are framed;
and, how Psychodrama intervenes and psychotropically evaluates its treatment. In order to
reach such questions, a qualitative field research was used as methodology, using a semi-
structured interview with five psychodramatist psychotherapists. The results show that
psychodramatic psychotherapy with patients diagnosed with borderline personality disorder is
a slow and difficult process, but through Psychodrama, which is a very effective method in
recovering the spontaneity and creativity of the subject, it is possible to have an effectiveness
in the improvement of these patients.
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Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação em Psicologia da Universidade do Sul de
Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo (a).
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Acadêmico (a) do curso de Psicologia. E-mail: anapaula_sj@hotmail.com
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Professor (a) orientador. Mestre em Teatro (Universidade do Sul do Estado de Santa Catarina). E-mail:
viviane.almeida@unisul.br
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1 INTRODUÇÃO
hippies, etc., mostrando grande facilidade em se moldar ao ambiente e às pessoas ao seu redor.
Sendo assim, devido a essa inconstância, tendem a adquirir comportamentos ou características
físicas, de pessoas que convivem com mais frequência. (SILVA, 2013).
A agressividade é comum em pacientes com personalidade borderline, pois quando
contrariados, tem dificuldades de admitir limites, não conseguindo controlar os seus impulsos.
Em geral, acabam tendo explosões em situações consideradas evitáveis, mas lhe falta o controle.
É comum sentirem-se arrependidos após esses episódios. (HEGENBERG, 2013).
O paciente com personalidade borderline tem comportamentos explosivos e
impulsivos porque tem medo de perder sua figura de apoio. Ele acredita precisar dessa figura,
para preencher o vazio existencial, porém, quando não recebe o apoio esperado, chega a agredir-
se, ou até mesmo agredir outras pessoas. Esse “ódio” também aparece, quando se sente
pressionado a fazer algo que julga não ter capacidade. Sendo assim, não podendo expressar-se
por medo da perda dessas figuras (que muitas vezes podem ser os pais), os portadores desse
transtorno acabam entrando em depressão, ou praticando a autoagressão, como forma de
expressão. (HEGENBERG, 2013).
Por apresentarem dificuldades de controle em relação à impulsividade, o paciente
com personalidade borderline está mais propenso ao suicídio do que os indivíduos em geral. As
ameaças são muito frequentes, quase que diárias. O suicídio pode ser algo muito interessante
aos olhos do portador do transtorno, pois na maioria das vezes o seu sofrimento é tão intenso
que acaba tornando-se insuportável. (HEGENBERG, 2013).
Pessoas com esse transtorno, também, apresentam desequilíbrio na sua percepção
do outro e se autoavaliam de maneira bastante variável. Mudanças são muito frequentes na vida
desses indivíduos, pois vivem trocando de opinião, de emprego, de amizades e até mesmo de
parceiros sexuais. Mesmo mostrando dificuldades nas suas relações amorosas, pode-se dizer
que nenhuma delas é entediante, pois, se tratando de borderline, emoções e intensidade são
fatores sempre presentes. (SILVA, 2013).
1.3 O PSICODRAMA
anjos e, um deles solicitou que voasse. Moreno no ápice do desempenho de seu papel, tentou
voar, lançando-se ao espaço, caindo no chão e quebrando o braço direito. (ROJAS-
BERMUDEZ, 2016).
Quando estudante, Moreno tinha costume de passear pelos jardins de Viena, nesses
passeios reunia crianças e formava grupos para que pudessem atuar por meio do improviso.
Nesses encontros, Moreno permitia que as crianças brincassem de Deus, caso quisessem. E
quando estas falhavam, Moreno tratava de seus problemas, assim como foi tratado quando
quebrou o braço, permitindo ainda que atuassem de improviso, o que denominou de
psicoterapia para deuses caídos. A partir disso, Moreno foi induzido por professores e pais a
abrir um teatro para crianças. (MORENO, 2014).
Em 1º de abril de 1921, Moreno dirigiu uma dramatização na presença de um grande
número de pessoas, onde tinha como único cenário um trono vermelho e uma coroa dourada
que deveria ser usada por quem desempenhasse o papel de rei. Tal papel ficaria a encargo do
público, que era convidado a subir ao palco e apresentar propostas dignas de um rei, enquanto
os demais seriam os jurados. De todos que se apresentaram como rei, nenhum foi aprovado.
Essa data foi considerada a primeira sessão oficial do psicodrama. (ROJAS-BERMUDEZ,
2016).
Ainda de acordo com Rojas-Bermudez (2016), durante o trabalho de teatro
espontâneo, mediante o caso “Bárbara e Jorge”, aconteceu o que caracterizou o início do Teatro
Terapêutico. Bárbara era uma atriz experiente em atuar papéis ingênuos e meigos, que tempo
depois vem a se casar com Jorge, um de seus admiradores, que todas as noites assistia às suas
improvisações. Semanas depois, Jorge procura Moreno, relatando que em casa Bárbara se
mostrava muito agressiva e violenta, e nada tinha a ver com a Bárbara que atuava no palco.
Sendo assim, Moreno elabora um plano utilizando a dramatização, dando à Bárbara papeis em
que ela poderia mostrar no palco, aspectos íntimos de sua vida. Enquanto isso, Jorge vai
atualizando Moreno sobre os comportamentos de Bárbara em casa, dizendo que seus
comportamentos de ira iam diminuindo à medida que as encenações iam acontecendo. Após
esse fato, Jorge passou a ser ator e representava com Bárbara cenas de sua vida familiar, fazendo
com que a atenção fosse centrada sobre suas famílias, planos futuros, momentos pessoais, dando
a ambos uma visão integral do casal. As mudanças obtidas com esse procedimento deram
origem ao Psicodrama como técnica terapêutica.
O método do Psicodrama é a ação que define o campo do trabalho dramático.
Porém, esta, só aparece quando a palavra perde seu sentido, ou quando há um nível muito
grande de tensão que bloqueia a comunicação verbal. Sendo assim, a ação tem o objetivo de
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Como método psicoterápico, o Psicodrama pode ser utilizado tanto para tratamentos
individuais, quanto para casais, famílias ou grupos. O tratamento psicoterápico é
psicodramático quando usa a dramatização como um dispositivo indispensável da terapia,
buscando resgatar a espontaneidade e a catarse de integração como instrumento básico de cura.
(ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
As sessões de Psicodrama passam por três etapas de grande importância. A primeira
delas é o aquecimento, que se subdivide em aquecimento específico e aquecimento inespecífico.
No aquecimento inespecífico o terapeuta auxilia o paciente a desligar-se de fatores aleatórios,
para poder estar inteiro nos assuntos que serão trabalhados na sessão. Pois o mesmo chega à
sessão, carregado de tensões, não só intrapsíquicas, como também de outros fatores, como
trânsito, mau humor do chefe, uma dor física, etc. Essa etapa serve também para o terapeuta,
pois, a cada paciente atendido é necessário se desfazer de seus conteúdos, para estar inteiro para
o próximo que irá entrar. Já o aquecimento específico, é a preparação do paciente para a cena,
com objetivos e consignas mais precisos. Nessa etapa, é importante que o protagonista descreva
com maior número possível de detalhes o espaço, as pessoas e os objetos que compõem a cena,
de modo que ele vá se colocando em contato com as lembranças e emoções associadas a essa
vivencia. (CUKIER, 2018).
A segunda etapa é a dramatização, que acontece após a montagem do cenário em
que a ação se desenrola. Pode ser uma situação que o protagonista vá enfrentar, ou algo que já
tenha acontecido e que de alguma forma ainda lhe causa algum sofrimento. A dramatização é a
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interação dos personagens que compõem a cena, que é dirigida pelo terapeuta com todas as
técnicas do Psicodrama conforme a necessidade para a intervenção. (CUKIER, 2018).
A terceira etapa é o compartilhamento. Essa é a etapa final, na modalidade de
Psicodrama de grupo, é quando todos os participantes compartilham de seus sentimentos e
emoções com o protagonista, relatando o que aquela vivencia os causou. Já no Psicodrama
bipessoal ou individual, esse compartilhar deve ser cauteloso. O terapeuta só deve compartilhar
um ou outro detalhe de sua vida pessoal, se for pertinente e totalmente relacionado ao material
trazido na sessão, pois o terapeuta deve sempre avaliar se esse compartilhamento está a serviço
do paciente ou dele mesmo. (CUKIER, 2018).
Como em todo trabalho de psicoterapia, a sessão compõe o campo de ação, onde se
aplicam as técnicas com os objetivos determinados. No caso do Psicodrama, para se atuar,
levam-se em conta três etapas: aquecimento inespecífico e especifico; dramatização; e
compartilhamento, já acima citados, três contextos: social; grupal; e dramático, cinco
instrumentos fundamentais: protagonista ou paciente; cenário; ego auxiliares; diretor ou
terapeuta; e auditório.
O contexto social compreende o espaço onde o protagonista vive e onde ocorrem
os fatos trazidos por ele. O contexto grupal é formado pelo próprio grupo, que apesar do enfoque
terapêutico ser o mesmo constantemente para todos os participantes, cada um tem seus
costumes, leis e normas particulares. Nesse contexto, deve haver um compromisso de todos os
participantes frente ao grupo. Já o contexto dramático é a cena montada pelo protagonista e pelo
diretor. Neste lugar, há muitas significações para o protagonista, que durante o processo
desempenha e interpreta papeis de uma maneira particular. As cenas podem ser feitas e desfeitas
e as situações podem ser modificadas, a fim de auxiliar o protagonista na diminuição de suas
tensões intrapsíquicas. (ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
Em relação aos cinco instrumentos fundamentais, temos o protagonista ou paciente,
que é a pessoa em torno do qual a dramatização acontece. É o protagonista que traz o conteúdo
para dramatizar e ao mesmo tempo o faz. É ele quem constrói e dá as diretivas para as cenas
dramáticas. Nos psicodramas grupais, o protagonista emerge do grupo, ou pode ser o próprio
grupo, nesse caso denomina-se Sociodrama. O cenário é o lugar onde a dramatização acontece,
nele, se produz o contexto dramático e se atua com as técnicas especiais. Outros instrumentos
fundamentais são os Ego Auxiliares, que são os integrantes da equipe terapêutica, mas que
possuem conhecimentos psicológicos e treinamento psicodramático. Os Ego Auxiliares
colaboram diretamente com o protagonista, interpretando personagens e criando o clima
necessário para o desenvolvimento da terapia. O Diretor é o responsável pelo Psicodrama, que
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deve ter uma formação psicodramática sólida para que possa alcançar uma eficácia no processo.
Cabe a ele, iniciar a sessão, realizar o aquecimento inespecífico e específico, intervir na
dramatização, dirigir os Ego Auxiliares, aplicar as técnicas necessárias e encerrar a sessão. O
auditório refere-se ao conjunto de pessoas que compõem o grupo e que se encontram fora do
contexto terapêutico (cenário). Do auditório participam tanto pacientes, quando Egos
Auxiliares. (ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
missão de tornar válidos os sentimentos do paciente, evitando tornar-se responsável por ele,
acreditando que o paciente tem total capacidade de mudança. Empatia e suporte são elementos
fundamentais nesse processo, pois, sem eles o paciente não se atenta para as colocações do
terapeuta, se sentindo mal compreendido, podendo até vir a brigar com o mesmo. (CUKIER,
MARMELSZTEJN 2017).
Apesar de todas as dificuldades apresentadas, os terapeutas psicodramatistas podem
contar com a grande ferramenta, que é o Psicodrama, que além de seus recursos técnicos
capazes de acessar sutilmente o campo das defesas intrapsíquicas, também oferece a chance de
“corrigir ao vivo”, as formas de relacionar-se. É uma espécie de mergulho na vida psíquica,
onde as feridas do passado encontram-se armazenadas. O paciente com transtorno de
personalidade borderline surpreende-se com o Psicodrama, pois não pode prever quais as ações
do terapeuta e nem as suas próprias reações. Essa é uma vantagem para o terapeuta, que deve,
portanto, ser cauteloso com o momento e a sensibilidade do paciente. Uma técnica preciosa,
porém, perigosa é o Duplo. Os cuidados se referem ao momento do paciente, já citado
anteriormente, pois o mesmo pode negar o duplo, se este não estiver em concordância com sua
instabilidade. O melhor Duplo com um paciente irritado é aquele que afirma a tristeza, a mágoa
e a decepção que levaram à defesa, como resposta. Outra técnica muito útil é o Espelho, que
permite uma visão à distância daquilo que a cena mostra e que provavelmente o paciente ainda
não se deu conta. Seria uma reformulação daquilo que o paciente interpretou de outra forma.
(CUKIER, MARMELSZTEJN 2017).
As autoras enfatizam ainda, que atender pacientes com transtorno de personalidade
borderline é muito desafiador, uma vez que as dores de uma infância desprovida de cuidados
fazem com que se tornem adultos desconfiados, exigentes e eternamente insatisfeitos. Sendo
que, a difícil tarefa para o terapeuta é manter um equilíbrio entre a aceitação, validação dos
sentimentos e suporte, e, a imposição de limites que estruturam a realidade. É importante que
se construa uma “pele emocional”, que possa colaborar com o paciente na sua busca por
organizar suas emoções e conte-las, e isso se dá, através de um vínculo terapêutico criativo que
possa lhe permitir um crescimento e desenvolvimento saudável. (CUKIER, MARMELSZTEJN
2017).
É importante aceitar e validar os sentimentos do paciente diagnosticado com
transtorno de personalidade borderline, e ao mesmo tempo, saber a melhor forma e o melhor
momento de impor os limites que eles necessitam. Ao terapeuta, cabe essa difícil missão que é
alcançar um equilíbrio no processo terapêutico.
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2 MÉTODO
2.1 PARTICIPANTES
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
regras. Dessa forma, o terapeuta precisa fazer um acolhimento mais longo durante as sessões,
exercendo a escuta, a maternagem e ter muita cautela nas intervenções, para que assim, o
paciente possa vê-lo como alguém em quem possa confiar.
Ao apresentar de que forma o Psicodrama intervém psicoterapicamente e avalia seu
tratamento com pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade borderline, pode-se
perceber a riqueza de ferramentas que a abordagem do Psicodrama possui. A utilização das
técnicas nas intervenções, e a forma como essa abordagem foca na relação, apoiam e afirmam
o Psicodrama como um instrumento muito efetivo no tratamento desses pacientes, ajudando-os
a conquistar a sua autonomia e desenvolver atividades nas quais antes possuíam dificuldades.
Foi possível também, entender que o Duplo e o Espelho são as técnicas mais
efetivas e mais utilizadas no tratamento do transtorno de personalidade borderline.
A partir desses relatos, foi possível constatar quer a psicoterapia psicodramática é
muito eficaz no tratamento do transtorno de personalidade borderline, atuando na recuperação
da criatividade e espontaneidade e auxiliando no desenvolvimento do sujeito.
Este estudo incita o aprofundamento no tema e a realização de mais pesquisas, como
através de estudos de casos, contribuindo assim, para o crescimento e desenvolvimento do
Psicodrama e dos pacientes com o transtorno de personalidade borderline.
REFERÊNCIAS
CUKIER, Rosa. Psicodrama Bipessoal: sua técnica, seu terapeuta, seu paciente. 6. ed. São
Paulo: Ágora, 2018.
GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre:
Ufrgs, 2009.
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HEGENBERG, Mauro. borderline: Clínica Psicanalítica. 7. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2013.
MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. 1. ed. 14ª reimpressão. São Paulo: Cultrix, 2014.
*OBS.: Somente serão aceitos projetos de pesquisa que se enquadrem nos itens acima e/ou estão
em fase de submissão à editais de fomento externo com o pré-requisito de haver aprovação ética
para submissão, neste caso, anexar solicitação/edital destacando o pedido.
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Assinatura do pesquisador responsável (UNISUL)
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Assinatura do responsável pela instituição proponente (UNISUL)
(Coordenador de Curso)
*assinatura e carimbo institucional
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Assinatura do responsável da instituição co-participante
*assinatura e carimbo
Nome do responsável:
Cargo do responsável:
Instituição:
CNPJ ou CPF do responsável:
Local e Data
AGRADECIMENTOS