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PSICOTERAPIA PSICODRAMÁTICA COM PACIENTES DIAGNOSTICADOS


COM TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE1
PSYCHODRAMATIC PSYCHOTHERAPY WITH DIAGNOSED PATIENTS WITH
BORDERLINE PERSONALITY DISORDER

Ana Paula Da Silva de Jesus2


Viviane Oliveira de Almeida Jeremias3

Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar como é realizado o processo de psicoterapia


psicodramática com pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade borderline, na
perspectiva de psicoterapeutas psicodramatistas. Na investigação, questionou-se como acontece
a relação terapeuta-paciente no que diz respeito ao vínculo e contrato; como é o enquadramento
das sessões; e, de que forma o Psicodrama intervém e avalia psicoterapicamente o seu
tratamento. Para alcançar tais indagações, utilizou-se como metodologia a pesquisa de campo
de caráter qualitativo, com aplicação de entrevista semiestruturada com cinco psicoterapeutas
psicodramatistas. Os resultados obtidos mostram que a psicoterapia psicodramática, com
pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade borderline, é um processo lento e
difícil, porém, por meio do Psicodrama, que é um método muito efetivo na recuperação da
espontaneidade e criatividade do sujeito, é possível ter uma melhora significativa desses
pacientes.

Palavras-chave: Psicodrama. Psicoterapia. Borderline.

Abstract: The purpose of this article is to present how the process of psychodramatic
psychotherapy is performed with patients diagnosed with borderline personality disorder from
the perspective of psychodramatist psychotherapists. The research questioned how the
therapist-patient relationship with regard to bond and contract; how the sessions are framed;
and, how Psychodrama intervenes and psychotropically evaluates its treatment. In order to
reach such questions, a qualitative field research was used as methodology, using a semi-
structured interview with five psychodramatist psychotherapists. The results show that
psychodramatic psychotherapy with patients diagnosed with borderline personality disorder is
a slow and difficult process, but through Psychodrama, which is a very effective method in
recovering the spontaneity and creativity of the subject, it is possible to have an effectiveness
in the improvement of these patients.

1
Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso de graduação em Psicologia da Universidade do Sul de
Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo (a).
2
Acadêmico (a) do curso de Psicologia. E-mail: anapaula_sj@hotmail.com
3
Professor (a) orientador. Mestre em Teatro (Universidade do Sul do Estado de Santa Catarina). E-mail:
viviane.almeida@unisul.br
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Keywords: Psychodrama. Psychotherapy. borderline.

1 INTRODUÇÃO

O Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos Mentais – DSM 5 da American


Psychiatric Association (2014), define o transtorno de personalidade como um comportamento
que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível,
surge no início da vida adulta e causa sofrimentos ou prejuízos.
O transtorno de personalidade borderline, tem como característica essencial o
padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem, de afetos e de
impulsividade acentuada, que surge no começo da vida adulta e está presente em vários
contextos.
Para Padovan (2016), o indivíduo diagnosticado com transtorno de personalidade
borderline tem a sensação de sempre estar insatisfeito. Essa insatisfação vem do mundo externo
para o mundo interno. Está sempre se colocando como vítima ou se mostra revoltado, porque
não recebeu do mundo o que esperava, seu discurso está sempre direcionado ao outro.
Esse transtorno apresenta características muito semelhantes a outros transtornos de
personalidade, como o transtorno bipolar, narcisista, entre outros, dificultando assim seu
diagnóstico. Devido a essa semelhança, acreditava-se que o transtorno borderline estava muito
distante da prática clínica, porém, a incidência deste transtorno era mais recorrente do que o
imaginado. O que acontece, muitas vezes, é que o paciente chega com diagnóstico de outro
transtorno, como transtorno de humor ou de impulso, por exemplo, já medicado, não dando ao
terapeuta possibilidades de questionamentos que poderiam auxilia-lo no reconhecimento do
transtorno borderline. (PADOVAN, 2016).
Sabendo-se da importância de um acompanhamento terapêutico no tratamento do
transtorno, é de extrema necessidade o aprofundamento nos estudos sobre o mesmo. Tendo
diversas abordagens, a Psicologia possui muitas possibilidades de intervenção. Uma delas é o
Psicodrama, criado por Jacob Levy Moreno, que nos instiga a prosseguir nos estudos de seu
método.
A palavra Psicodrama deriva do grego, sendo que drama significa ação e psi
significa alma. Desta forma, o Psicodrama pode ser definido como uma representação de algo
feito à psique e com a psique, ou seja, a coloca em ação. É a ciência que investiga a verdade da
alma por meio de métodos dramáticos. (MORENO, 2014).
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Esta pesquisa é de grande importância para os psicoterapeutas psicodramatistas,


pois é indispensável aprofundar os estudos sobre a psicopatologia psicodinâmica de seus
pacientes, para que possam desenvolver um tratamento efetivo aos portadores de transtorno de
personalidade borderline. Segundo Padovan (2016), só é possível desenvolver um processo de
psicoterapia adequado tendo os conhecimentos necessários para tal.
Este estudo busca contribuir com o Psicodrama, estimulando cada vez mais a
produção de conhecimento sobre o transtorno de personalidade borderline em seu segmento,
desenvolvendo seu método e afirmando-o como um instrumento efetivo na recuperação da
espontaneidade e criatividade do sujeito, sendo assim, um tratamento reconhecido como eficaz,
na visão dos psicodramatistas. Partindo do pressuposto de que os psicoterapeutas se apropriem
do conhecimento transmitido por meio dessa pesquisa, os portadores desse transtorno terão
benefício, ainda que indireto, pois quanto mais conhecimentos adquiridos, mais qualificados
serão os profissionais terapeutas, que poderão assim, auxilia-los em seu sofrimento.
Em pesquisa nas bases de dados como Scielo, Pepsic, LILACS, Portal BVS, e na
própria literatura, usando as palavras chaves: psicodrama; borderline; transtorno;
personalidade; e, limítrofe, notou-se uma escassez de estudos sobre psicoterapia psicodramática
com pacientes portadores do transtorno de personalidade borderline. Foram encontradas apenas
psicoterapia em outras abordagens, como Terapia Cognitivo Comportamental e Psicanálise,
reforçando a necessidade da realização dessa pesquisa, tendo como objetivo analisar as
contribuições da psicoterapia psicodramática, em casos de pacientes diagnosticados com
transtorno de personalidade borderline, na perspectiva de psicoterapeutas psicodramatistas,
verificando como acontece a relação terapeuta-paciente e, de que forma os psicoterapeutas
psicodramatistas avaliam o tratamento nesses casos.

1.1 TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE (TPB)

O psicanalista Adolph Stern foi o primeiro a utilizar o termo “borderline” em 1938,


para descrever pacientes que não se encaixavam nas categorias neurose ou psicose e que não
apresentavam melhoras com a psicanálise clássica. Depois de muitos anos, o termo borderline
evoluiu e, passou a ser usado para descrever uma estrutura de organização de personalidade
com um nível grave de funcionamento. (ADES, SANTOS, 2012).
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Essa estrutura de organização de personalidade foi cunhada por Otto Kernberg em


1967, que a descreve como uma forma bastante peculiar de enfrentar realidades desagradáveis,
através de comportamentos imaturos e impulsivos. (PADOVAN, 2016).
Várias foram as tentativas de classificar esses sintomas e comportamentos. Entre
elas, focando nas experiências breves dos indivíduos, quando estes apresentavam algumas
características psicóticas, os portadores do transtorno de personalidade borderline eram
classificados no espectro da esquizofrenia, nos anos 60 e 70. Já nos anos 80, focando no humor
disfórico e na ausência de estabilidade emocional, foram encaixados no espectro dos transtornos
afetivos. Em 1990, a personalidade borderline foi situada no espectro do transtorno de impulsos,
devido ao comportamento abusivo de substancias. Nessa mesma época, foi proposto que se
situasse no espectro dos transtornos provenientes de traumas, devido ao fato de que, vários
estudos encontraram uma taxa elevada de TPB em indivíduos que sofreram abuso sexual na
infância. (ADES, SANTOS, 2012).
Apesar de todas essas tentativas, o transtorno de personalidade borderline hoje tem
um diagnóstico bem definido. As características que definem o TPB foram descritas por
Gunderson e Kolb em 1978 e ocupam um lugar importante na classificação psiquiátrica oficial.
(ADES, SANTOS, 2012).
Em 1980, o quadro foi incluído no Manual Diagnóstico e Estatística – DSM III, da
Associação Americana de Psiquiatria. Inicialmente, esse Manual listou oito critérios,
acrescentando um na revisão seguinte, dos quais, cinco devem estar presentes para que se faça
o diagnóstico de transtorno de personalidade borderline. (CUKIER, MARMELSZTEJN, 2017).
Hoje, já se pode contar com o DSM V, o qual define o transtorno de personalidade
como um padrão de variação nos relacionamentos e na autoimagem, e, que deve apresentar
cinco ou mais critérios como: o medo do abandono; instabilidade nos relacionamentos e na
percepção de si mesmo; impulsividades que acarretam prejuízos; comportamentos suicidas e
automutilantes; sentimentos de vazio, raiva acentuada ou dificuldade em conte-la e ideação
paranoide relacionado ao estresse ou a sintomas dissociativos. (AMERICAN PSYCHIATRIC
ASSOCIATION, 2014).
Borderline significa fronteiriço ou a linha que compõe a margem, uma faixa que
limita ou circunda alguma coisa. Desta forma, pode-se entender que o funcionamento mental
de indivíduos com essa personalidade, mantém estreita relação com o limite. A personalidade
borderline vive no limite de um sangramento emocional, que às vezes sangra a alma e o corpo.
É por essa razão, que a afetividade é um de seus sintomas mais difíceis de ser estruturado.
(SILVA, 2013).
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Uma pessoa portadora do transtorno de personalidade borderline pode apresentar


quadros de depressão e euforia com duração variável. Sendo que, pode deprimir-se
imediatamente frente a uma frustração, principalmente se estiver ligada à rejeição. Da mesma
forma, pode apresentar euforia indevida, diante de uma possibilidade emocional que é
interpretada por ela como aceitação ou aprovação. Isso acontece porque são totalmente
dependentes desse apoio imediato e por terem dificuldades de se autoavaliarem. (SILVA,
2013).
Padovan (2016) aponta um conjunto de fatores que podem causar esse transtorno.
Um fator importante é a questão da separação e perda materna ou paterna, onde é relevante
observar a idade da criança no momento do ocorrido e quem cuidou da criança na ausência
desses pais. Outro forte fator no desenvolvimento do transtorno é o abuso na infância, em que
devem ser observadas as características do abuso, os tipos, a gravidade destes e, a idade da
criança. Levando em conta que o ambiente familiar tem grande influência na adaptação
saudável do indivíduo, podem-se associar sintomas do TPB e a gravidade destes, a um contexto
de aspectos caóticos, não educativo, de negligencia, e, de abuso emocional e físico. A autora
ressalta ainda que: “uma infância marcada por traumas está profundamente associada à questão
borderline” (p.83).
Para Cukier e Marmelsztejn (2017), três fatores são sugeridos na busca de uma
explicação etiológica do transtorno: desenvolvimento emocional inapropriado, fatores
constitucionais e fatores socioculturais. No que diz respeito ao desenvolvimento emocional, as
autoras citam o abuso físico, sexual e emocional sofridos durante a infância, no qual
comportamentos de autodestruição apresentados pelo paciente portador do transtorno de
personalidade borderline aparecem como forma inconsciente de conservar esses pais abusivos.
Referindo-se aos fatores constitucionais, as autoras sugerem que, pacientes portadores do
transtorno borderline foram crianças hipersensíveis, com busca exagerada por atenção,
intolerantes à frustração e com reações muito intensas. Em relação aos fatores socioculturais,
apontam a carência de núcleos familiares compostos de pai e mãe, responsáveis pelo cuidado
saudável de suas crianças, como um dos pontos mais destacados de sua análise. Além disso, a
influência tecnológica contribui para que as pessoas se tornem cada vez mais autossuficientes,
tendo práticas mais solitárias.

1.2 PSICODINÂMICA DO PORTADOR DE TRANSTORNO BORDERLINE


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Quanto à psicodinâmica do paciente portador do transtorno de personalidade


borderline, Padovan (2016) infere que, quando a relação da mãe com seu bebê é inadequada,
várias de suas atitudes poderão ser expressivas para o trauma que desenvolverá a personalidade
borderline. Entre elas, podemos citar: privações, abuso físico, sexual, emocional, psicológico e
violência, resultando na falta de proteção e cuidado para com o seu bebê. Isso também
influenciará na formação do superego. Essa ausência de relacionamento saudável e afetivo com
pais e mães fará com que haja uma fragilidade na formação do superego, onde os limites não
serão reconhecidos.
Cukier e Marmelsztejn (2017) comparam o funcionamento do indivíduo portador
do transtorno de personalidade borderline, com uma pessoa que supostamente por um erro
constitucional, nasceu sem pele. Qualquer toque por menor que fosse, causaria muita dor e
reações intensas. O paciente com transtorno borderline tem falta dessa “pele emocional”. Uma
criança hipersensível em contato com um ambiente disfuncional e muito abusivo tende a se
comportar de maneira defensiva, construindo assim, as características próprias desse transtorno.
Diante das manifestações emocionais desses indivíduos, essas famílias disfuncionais acabam
lidando de forma duvidosa. Muitas das vezes ignoram, minimizam ou anulam. É por essa
atuação duvidosa que as crianças buscam concentrar suas energias em algo grandioso, onde
possam ser vistas e ter a atenção que desejam. Dessa forma, acabam tornando-se mais
incompetentes, mais dependentes e menos responsáveis. Quando crescem, reproduzem as
características disfuncionais do meio por qual foram criadas, invalidando suas experiências
emocionais e buscando no outro um esclarecimento sobre a realidade. É por essa razão que,
quando se torna um adulto, o paciente com transtorno de personalidade borderline busca a todo
custo ter um cuidador para si.
Apresentam esforços acentuados para evitar que as pessoas que tem grande
significado em sua vida os abandone, mostrando ainda uma intolerância à ausência/separação,
pois têm grande necessidade de afeto contínuo, que surge em forma de exigência. São
habilidosos para conseguirem o que querem, pois têm a expectativa de que o outro atenderá
todas as suas necessidades. Em inícios de relacionamento, exigem atenção e intimidade
demasiadas, aumentando a chance de se frustrarem, pois, suas expectativas são descabidas. Por
essa razão, muitos de seus relacionamentos podem ser intensos, difíceis ou caóticos. (ADES,
SANTOS, 2012).
Os pacientes com transtorno de personalidade borderline apresentam instabilidade
no que diz respeito à sua identidade. Criam conflitos consigo mesmos, por se sentirem
incompletos, e assim, vivem buscando se encaixar em algum grupo como roqueiros, pagodeiros,
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hippies, etc., mostrando grande facilidade em se moldar ao ambiente e às pessoas ao seu redor.
Sendo assim, devido a essa inconstância, tendem a adquirir comportamentos ou características
físicas, de pessoas que convivem com mais frequência. (SILVA, 2013).
A agressividade é comum em pacientes com personalidade borderline, pois quando
contrariados, tem dificuldades de admitir limites, não conseguindo controlar os seus impulsos.
Em geral, acabam tendo explosões em situações consideradas evitáveis, mas lhe falta o controle.
É comum sentirem-se arrependidos após esses episódios. (HEGENBERG, 2013).
O paciente com personalidade borderline tem comportamentos explosivos e
impulsivos porque tem medo de perder sua figura de apoio. Ele acredita precisar dessa figura,
para preencher o vazio existencial, porém, quando não recebe o apoio esperado, chega a agredir-
se, ou até mesmo agredir outras pessoas. Esse “ódio” também aparece, quando se sente
pressionado a fazer algo que julga não ter capacidade. Sendo assim, não podendo expressar-se
por medo da perda dessas figuras (que muitas vezes podem ser os pais), os portadores desse
transtorno acabam entrando em depressão, ou praticando a autoagressão, como forma de
expressão. (HEGENBERG, 2013).
Por apresentarem dificuldades de controle em relação à impulsividade, o paciente
com personalidade borderline está mais propenso ao suicídio do que os indivíduos em geral. As
ameaças são muito frequentes, quase que diárias. O suicídio pode ser algo muito interessante
aos olhos do portador do transtorno, pois na maioria das vezes o seu sofrimento é tão intenso
que acaba tornando-se insuportável. (HEGENBERG, 2013).
Pessoas com esse transtorno, também, apresentam desequilíbrio na sua percepção
do outro e se autoavaliam de maneira bastante variável. Mudanças são muito frequentes na vida
desses indivíduos, pois vivem trocando de opinião, de emprego, de amizades e até mesmo de
parceiros sexuais. Mesmo mostrando dificuldades nas suas relações amorosas, pode-se dizer
que nenhuma delas é entediante, pois, se tratando de borderline, emoções e intensidade são
fatores sempre presentes. (SILVA, 2013).

1.3 O PSICODRAMA

Jacob Levy Moreno nasceu em 18 de maio de 1889, numa travessia de navio de


Bósforo para Constança. Mudou-se com sua família para Viena, aos cinco anos de idade. Nessa
época improvisou com seus amigos o jogo de ser Deus. Empilharam vários caixotes sobre a
mesa, com uma cadeira no alto, que seria o trono. As crianças ajudaram o menino a subir na
cadeira mais alta, para desempenhar o papel de Deus. Os amigos interpretavam os papéis de
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anjos e, um deles solicitou que voasse. Moreno no ápice do desempenho de seu papel, tentou
voar, lançando-se ao espaço, caindo no chão e quebrando o braço direito. (ROJAS-
BERMUDEZ, 2016).
Quando estudante, Moreno tinha costume de passear pelos jardins de Viena, nesses
passeios reunia crianças e formava grupos para que pudessem atuar por meio do improviso.
Nesses encontros, Moreno permitia que as crianças brincassem de Deus, caso quisessem. E
quando estas falhavam, Moreno tratava de seus problemas, assim como foi tratado quando
quebrou o braço, permitindo ainda que atuassem de improviso, o que denominou de
psicoterapia para deuses caídos. A partir disso, Moreno foi induzido por professores e pais a
abrir um teatro para crianças. (MORENO, 2014).
Em 1º de abril de 1921, Moreno dirigiu uma dramatização na presença de um grande
número de pessoas, onde tinha como único cenário um trono vermelho e uma coroa dourada
que deveria ser usada por quem desempenhasse o papel de rei. Tal papel ficaria a encargo do
público, que era convidado a subir ao palco e apresentar propostas dignas de um rei, enquanto
os demais seriam os jurados. De todos que se apresentaram como rei, nenhum foi aprovado.
Essa data foi considerada a primeira sessão oficial do psicodrama. (ROJAS-BERMUDEZ,
2016).
Ainda de acordo com Rojas-Bermudez (2016), durante o trabalho de teatro
espontâneo, mediante o caso “Bárbara e Jorge”, aconteceu o que caracterizou o início do Teatro
Terapêutico. Bárbara era uma atriz experiente em atuar papéis ingênuos e meigos, que tempo
depois vem a se casar com Jorge, um de seus admiradores, que todas as noites assistia às suas
improvisações. Semanas depois, Jorge procura Moreno, relatando que em casa Bárbara se
mostrava muito agressiva e violenta, e nada tinha a ver com a Bárbara que atuava no palco.
Sendo assim, Moreno elabora um plano utilizando a dramatização, dando à Bárbara papeis em
que ela poderia mostrar no palco, aspectos íntimos de sua vida. Enquanto isso, Jorge vai
atualizando Moreno sobre os comportamentos de Bárbara em casa, dizendo que seus
comportamentos de ira iam diminuindo à medida que as encenações iam acontecendo. Após
esse fato, Jorge passou a ser ator e representava com Bárbara cenas de sua vida familiar, fazendo
com que a atenção fosse centrada sobre suas famílias, planos futuros, momentos pessoais, dando
a ambos uma visão integral do casal. As mudanças obtidas com esse procedimento deram
origem ao Psicodrama como técnica terapêutica.
O método do Psicodrama é a ação que define o campo do trabalho dramático.
Porém, esta, só aparece quando a palavra perde seu sentido, ou quando há um nível muito
grande de tensão que bloqueia a comunicação verbal. Sendo assim, a ação tem o objetivo de
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expandir a interpretação do nível simbólico de comunicação e não de excluí-lo. (BUSTOS,


2005).
O Psicodrama é um método de psicoterapia direta que se realiza no “aqui e agora”,
reunindo os elementos emocionais da situação a ser trabalhada, reconstruindo a cena no
contexto em que ela se desenvolveu e colocando o indivíduo em movimento fazendo uso da
dramatização. A dramatização permite uma visão das interações e influencias desse indivíduo.
(ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
Bustos (2005) relata que todos os conceitos criados por Moreno se sustentam em
sua filosofia do momento, onde tudo está sendo, ou seja, tudo é válido somente no momento.
Moreno denominava como “estar sendo”, o momento do ato da criação e não quando já foi
criado.
Gonçalves et al. (1988) descrevem que Moreno vê o homem como um agente
espontâneo, que traz consigo desde o nascimento a espontaneidade, a criatividade e a
sensibilidade. Entretanto, esses recursos inatos do homem podem ser perturbados por ambientes
ou sistemas constrangedores. E o que resta é a possibilidade de recuperação desses aspectos
essenciais através do aperfeiçoamento das relações afetivas e da atuação renovadora do meio.
A espontaneidade é a capacidade de um indivíduo adaptar-se a uma nova situação.
O exercício da espontaneidade permite ao indivíduo uma adequação ao ambiente por livre
vontade, trazendo um enriquecimento não somente para ele, como também para o meio, sem
significar destruição ou perda de liberdade. (ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
A criatividade é a possibilidade de desfazer as conservas já existentes, ou seja, a
cristalização dos atos espontâneos e criativos, tendo novas ideias, novas formas, tendo novas
invenções. Assim sendo, o indivíduo que se dedica a elaborar novas experiências, com intuito
de que elas possam modificar o mundo à sua volta, está vinculado a um ciclo continuo de
criatividade. (MORENO, 2014).
Outro conceito do Psicodrama é a Matriz de Identidade, chamada de placenta social
da criança. Assim como um embrião é implantado na placenta, se tornando dependente dela
para se nutrir, o recém-nascido é inserido no grupo social do qual depende para satisfazer suas
necessidades fisiológicas, sociais e psicológicas. Nesse ambiente, o recém-nascido passa a se
desenvolver a partir de um contato vivencial que lhe permite incorporar as características deste
grupo, e assim, compreender as regras de seu meio. (ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
O termo “tele”, foi utilizado por Moreno para descrever a capacidade de percepção
que permite ao indivíduo valorizar corretamente o seu ambiente. O indivíduo chega ao auge da
tele, quando é capaz de comunicar-se perfeitamente. Tele está relacionado à percepção mútua.
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Já, quando ocorrem alterações psicopatológicas desta tele, denomina-se transferência. O


significado do termo transferência em Psicodrama se difere do termo utilizado por Freud em
psicanálise. Para o Psicodrama, quando os vínculos e as apreciações não são deformados por
projeções do paciente, essas apreciações são feitas pelo sistema tele. (ROJAS-BERMUDEZ,
2016).
Para Moreno, o encontro vai além de uma relação interpessoal. Significa que, uma
ou mais pessoas se encontram para viver e experienciar-se mutuamente, e não apenas para
confrontarem entre si. Num encontro, as duas pessoas estão com todas as suas forças e fraquezas
e, cada uma com suas aspirações e seus diversos papeis. As pessoas que se encontram
mutuamente são as responsáveis pela existência social. (MORENO, 2014).
A teoria Moreniana descreve os papeis como unidades culturais de atuação. É algo
já definido e que possui elementos que o caracterizam e o diferenciam. Os papeis em seu
desenvolvimento passam por três fases: o Role-Playing que é o processo de aprendizagem, ou
o treinamento do papel; o Role-Taking, que é o desempenho do papel, consistindo no fato de
atender às suas características; e o Role-Creating que é executar o papel de forma criativa,
enriquecendo-o e modificando-o. (ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
Filosofia do momento é um conceito do Psicodrama, o qual traz que todo fato está
ligado a três preceitos caracterizados como: matriz, lócus e status nascendi. A matriz é aquilo
que dá a origem, por exemplo, no caso do homem, é o ovo fecundado. Toda matriz possui um
lócus, que é o conjunto de condicionamentos que envolvem a matriz, que no exemplo dado é a
placenta, pois essa nutre o ovo fecundado. O terceiro preceito é o status nascendi, caracterizado
como processo de crescimento, de evolução. Nesse caso seria o período de gestação. Desta
forma, na análise de um sintoma, importa buscar sua matriz (fatos que o geraram), seu lócus
(circunstancias ou conjunto de fatores que o nutre) e, seu status nascendi, ou seja, processo no
qual esse sintoma se estrutura. (BUSTOS, 2005).
Outro conceito do Psicodrama é a catarse de Integração, descrita como o efeito de
uma sequência de procedimentos, distante no seu início, que convergem em determinado
momento, inter-relacionando-se e produzindo um resultado final em comum, diferente de cada
um de seus propósitos parciais. É através da catarse de integração que o paciente consegue a
sua cura. (ROJAS-BERMÚDEZ, 2016).
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1.3.1 Técnicas do Psicodrama

O Psicodrama possui várias técnicas com aplicações muito específicas. As técnicas


básicas são: Inversão de Papéis, Solilóquio, Espelho, Duplo e Interpolação de Resistência. E
outras técnicas bastante utilizadas, consideradas não clássicas, são a concretização, o
desdobramento do eu e a maximização. A inversão de papéis talvez seja uma das técnicas
clássicas mais utilizadas no Psicodrama. Consiste em pedir ao protagonista para assumir o papel
do outro, a quem está falando ou se referindo, e então represente esse alguém ao invés de apenas
falar sobre ele. Essa vivencia psicodramática de troca de papéis, permite uma percepção a
respeito do ser do outro. Apesar de ser muito importante, a técnica de inversão de papeis nem
sempre é recomendada. É preciso aguardar até que seu uso seja necessário, permitindo assim,
um crescimento para os protagonistas. (GONÇALVES, 1998).
O Espelho é a técnica que melhor favorece um insight. O terapeuta assume a postura
física do protagonista, numa espécie de imitação, para que este se perceba de fora da cena,
tornando-o um espectador de si mesmo. Quando bem empregada, essa técnica facilita a
percepção de sentimentos e atitudes escondidos pela conduta. (CUKIER, 2018).
A técnica do Solilóquio consiste em dizer em voz alta o que se está pensando. Em
algumas ocasiões esta técnica é utilizada para revelar o pensamento do protagonista, quando
este não consegue verbalizar. (ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
A técnica do Duplo é utilizada quando o protagonista está impossibilitado de
expressar verbalmente suas emoções. Nesse caso, o terapeuta deve tomar a mesma postura e
expressão corporal do protagonista, e então, falar, a partir de sentimentos que foram captados
por ele. Muitos terapeutas utilizam essa técnica quando percebem que o protagonista está
comunicando algo com uma expressão insuficiente, ou até mesmo sem consciência.
(MONTEIRO et al., 1998).
A Interpolação de Resistência é a alteração por parte do terapeuta da cena proposta
pelo protagonista. O terapeuta modifica as características da situação, de tal maneira que o
protagonista se sinta estimulado a atuar “aqui e agora”, da mesma forma que o faria em sua
vida real. Assim, graças a esse recurso técnico, obtém-se a forma habitual de atuação do
protagonista em determinados contextos. (ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
O Desdobramento do Eu é uma técnica onde o ego auxiliar coloca-se ao lado do
protagonista, adotando ao máximo a sua postura física e afetiva, a fim de expressar os
pensamentos e sentimentos que o protagonista por alguma razão não está conseguindo
expressar. (ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
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A técnica da Maximização consiste em pedir ao protagonista que maximize um


movimento, um gesto, uma fala, um comportamento, enfim, qualquer sinal divergente do
restante de sua comunicação, quando esta soa de alguma forma estereotipada ou improdutiva
para o terapeuta. (CUKIER, 2018).
A Concretização consiste em materializar através de imagens, movimentos ou falas
dramáticas, as emoções, conflitos, doenças, sentimentos que o protagonista possa trazer. O
terapeuta pede ao protagonista que tome o papel da emoção, ou conflito trazido, e lhe mostre
concretamente o que essas coisas lhe provocam e como o fazem. Se esta técnica for bem
conduzida, consegue promover uma catarse de integração, ou seja, uma transformação. Caso
contrário, produz somente uma descarga física, sem nenhum valor terapêutico. (CUKIER,
2018).

1.3.2 Psicoterapia Psicodramática

Como método psicoterápico, o Psicodrama pode ser utilizado tanto para tratamentos
individuais, quanto para casais, famílias ou grupos. O tratamento psicoterápico é
psicodramático quando usa a dramatização como um dispositivo indispensável da terapia,
buscando resgatar a espontaneidade e a catarse de integração como instrumento básico de cura.
(ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
As sessões de Psicodrama passam por três etapas de grande importância. A primeira
delas é o aquecimento, que se subdivide em aquecimento específico e aquecimento inespecífico.
No aquecimento inespecífico o terapeuta auxilia o paciente a desligar-se de fatores aleatórios,
para poder estar inteiro nos assuntos que serão trabalhados na sessão. Pois o mesmo chega à
sessão, carregado de tensões, não só intrapsíquicas, como também de outros fatores, como
trânsito, mau humor do chefe, uma dor física, etc. Essa etapa serve também para o terapeuta,
pois, a cada paciente atendido é necessário se desfazer de seus conteúdos, para estar inteiro para
o próximo que irá entrar. Já o aquecimento específico, é a preparação do paciente para a cena,
com objetivos e consignas mais precisos. Nessa etapa, é importante que o protagonista descreva
com maior número possível de detalhes o espaço, as pessoas e os objetos que compõem a cena,
de modo que ele vá se colocando em contato com as lembranças e emoções associadas a essa
vivencia. (CUKIER, 2018).
A segunda etapa é a dramatização, que acontece após a montagem do cenário em
que a ação se desenrola. Pode ser uma situação que o protagonista vá enfrentar, ou algo que já
tenha acontecido e que de alguma forma ainda lhe causa algum sofrimento. A dramatização é a
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interação dos personagens que compõem a cena, que é dirigida pelo terapeuta com todas as
técnicas do Psicodrama conforme a necessidade para a intervenção. (CUKIER, 2018).
A terceira etapa é o compartilhamento. Essa é a etapa final, na modalidade de
Psicodrama de grupo, é quando todos os participantes compartilham de seus sentimentos e
emoções com o protagonista, relatando o que aquela vivencia os causou. Já no Psicodrama
bipessoal ou individual, esse compartilhar deve ser cauteloso. O terapeuta só deve compartilhar
um ou outro detalhe de sua vida pessoal, se for pertinente e totalmente relacionado ao material
trazido na sessão, pois o terapeuta deve sempre avaliar se esse compartilhamento está a serviço
do paciente ou dele mesmo. (CUKIER, 2018).
Como em todo trabalho de psicoterapia, a sessão compõe o campo de ação, onde se
aplicam as técnicas com os objetivos determinados. No caso do Psicodrama, para se atuar,
levam-se em conta três etapas: aquecimento inespecífico e especifico; dramatização; e
compartilhamento, já acima citados, três contextos: social; grupal; e dramático, cinco
instrumentos fundamentais: protagonista ou paciente; cenário; ego auxiliares; diretor ou
terapeuta; e auditório.
O contexto social compreende o espaço onde o protagonista vive e onde ocorrem
os fatos trazidos por ele. O contexto grupal é formado pelo próprio grupo, que apesar do enfoque
terapêutico ser o mesmo constantemente para todos os participantes, cada um tem seus
costumes, leis e normas particulares. Nesse contexto, deve haver um compromisso de todos os
participantes frente ao grupo. Já o contexto dramático é a cena montada pelo protagonista e pelo
diretor. Neste lugar, há muitas significações para o protagonista, que durante o processo
desempenha e interpreta papeis de uma maneira particular. As cenas podem ser feitas e desfeitas
e as situações podem ser modificadas, a fim de auxiliar o protagonista na diminuição de suas
tensões intrapsíquicas. (ROJAS-BERMUDEZ, 2016).
Em relação aos cinco instrumentos fundamentais, temos o protagonista ou paciente,
que é a pessoa em torno do qual a dramatização acontece. É o protagonista que traz o conteúdo
para dramatizar e ao mesmo tempo o faz. É ele quem constrói e dá as diretivas para as cenas
dramáticas. Nos psicodramas grupais, o protagonista emerge do grupo, ou pode ser o próprio
grupo, nesse caso denomina-se Sociodrama. O cenário é o lugar onde a dramatização acontece,
nele, se produz o contexto dramático e se atua com as técnicas especiais. Outros instrumentos
fundamentais são os Ego Auxiliares, que são os integrantes da equipe terapêutica, mas que
possuem conhecimentos psicológicos e treinamento psicodramático. Os Ego Auxiliares
colaboram diretamente com o protagonista, interpretando personagens e criando o clima
necessário para o desenvolvimento da terapia. O Diretor é o responsável pelo Psicodrama, que
14

deve ter uma formação psicodramática sólida para que possa alcançar uma eficácia no processo.
Cabe a ele, iniciar a sessão, realizar o aquecimento inespecífico e específico, intervir na
dramatização, dirigir os Ego Auxiliares, aplicar as técnicas necessárias e encerrar a sessão. O
auditório refere-se ao conjunto de pessoas que compõem o grupo e que se encontram fora do
contexto terapêutico (cenário). Do auditório participam tanto pacientes, quando Egos
Auxiliares. (ROJAS-BERMUDEZ, 2016).

1.3.3 Sessão de Psicodrama com pacientes diagnosticados com transtorno de


personalidade borderline

Segundo Cukier e Marmelsztejn (2017), existem duas grandes dificuldades na


psicoterapia com pacientes com transtorno de personalidade borderline: a primeira diz respeito
aos objetivos. Eles não chegam à terapia com os objetivos que geralmente aparecem em outros
pacientes, como, por exemplo, conseguir mudanças na sua vida, compreender seus problemas,
conseguir a “cura”, etc. Na verdade, esses pacientes não querem se “curar”, pois, apresentam
um sentimento de satisfação por seus sintomas e buscam uma testemunha que veja e discorde
dessas ilegalidades que lhe foram cometidas. Dessa forma, buscam no terapeuta essa
testemunha, alguém que vai lhe compensar por tudo de ruim que passou, e, que vai lhe dar todo
cuidado e conforto de que precisa. A segunda dificuldade é o tipo de relacionamento que esses
pacientes tentam construir com o terapeuta. Ao mesmo tempo em que buscam esse cuidado e
conforto, não acreditam que isso possa realmente acontecer. Dessa forma, para que o paciente
com transtorno de personalidade borderline possa lançar-se na tentativa de olhar para seus
embaraços e tentar reestruturar sua vida, é muito importante que se estabeleça um vínculo
terapêutico, para que ele se sinta compreendido e aceito.
O cuidado ao paciente com transtorno de personalidade borderline é sempre muito
complexo, e um desafio para o terapeuta, por isso, pode surgir no decorrer do tratamento, algum
sentimento de frustração por parte do terapeuta, porque esses pacientes costumam ser
manipuladores. Em certos momentos amam o terapeuta, no momento seguinte já o odeiam.
Dessa forma, o profissional deve estar bem preparado, inclusive para as ameaças de suicídio
que possam surgir. O terapeuta deve lembrar-se que o mais importante é manter uma
comunicação clara com o paciente, apesar de essa comunicação ser muito difícil devido às
mudanças bruscas de humor. (PADOVAN, 2016).
Como o portador do transtorno de personalidade borderline vive em busca de um
bom cuidador, tentará fazer com o que terapeuta assuma esse papel. Ao terapeuta, cabe a difícil
15

missão de tornar válidos os sentimentos do paciente, evitando tornar-se responsável por ele,
acreditando que o paciente tem total capacidade de mudança. Empatia e suporte são elementos
fundamentais nesse processo, pois, sem eles o paciente não se atenta para as colocações do
terapeuta, se sentindo mal compreendido, podendo até vir a brigar com o mesmo. (CUKIER,
MARMELSZTEJN 2017).
Apesar de todas as dificuldades apresentadas, os terapeutas psicodramatistas podem
contar com a grande ferramenta, que é o Psicodrama, que além de seus recursos técnicos
capazes de acessar sutilmente o campo das defesas intrapsíquicas, também oferece a chance de
“corrigir ao vivo”, as formas de relacionar-se. É uma espécie de mergulho na vida psíquica,
onde as feridas do passado encontram-se armazenadas. O paciente com transtorno de
personalidade borderline surpreende-se com o Psicodrama, pois não pode prever quais as ações
do terapeuta e nem as suas próprias reações. Essa é uma vantagem para o terapeuta, que deve,
portanto, ser cauteloso com o momento e a sensibilidade do paciente. Uma técnica preciosa,
porém, perigosa é o Duplo. Os cuidados se referem ao momento do paciente, já citado
anteriormente, pois o mesmo pode negar o duplo, se este não estiver em concordância com sua
instabilidade. O melhor Duplo com um paciente irritado é aquele que afirma a tristeza, a mágoa
e a decepção que levaram à defesa, como resposta. Outra técnica muito útil é o Espelho, que
permite uma visão à distância daquilo que a cena mostra e que provavelmente o paciente ainda
não se deu conta. Seria uma reformulação daquilo que o paciente interpretou de outra forma.
(CUKIER, MARMELSZTEJN 2017).
As autoras enfatizam ainda, que atender pacientes com transtorno de personalidade
borderline é muito desafiador, uma vez que as dores de uma infância desprovida de cuidados
fazem com que se tornem adultos desconfiados, exigentes e eternamente insatisfeitos. Sendo
que, a difícil tarefa para o terapeuta é manter um equilíbrio entre a aceitação, validação dos
sentimentos e suporte, e, a imposição de limites que estruturam a realidade. É importante que
se construa uma “pele emocional”, que possa colaborar com o paciente na sua busca por
organizar suas emoções e conte-las, e isso se dá, através de um vínculo terapêutico criativo que
possa lhe permitir um crescimento e desenvolvimento saudável. (CUKIER, MARMELSZTEJN
2017).
É importante aceitar e validar os sentimentos do paciente diagnosticado com
transtorno de personalidade borderline, e ao mesmo tempo, saber a melhor forma e o melhor
momento de impor os limites que eles necessitam. Ao terapeuta, cabe essa difícil missão que é
alcançar um equilíbrio no processo terapêutico.
16

2 MÉTODO

A metodologia adotada quanto à abordagem para a construção da pesquisa foi a


qualitativa, que segundo Gerhardt e Silveira (2009) interessa-se pelos aspectos reais que não
podem ser calculados, mantendo o foco no entendimento e explicação do desenvolvimento das
relações sociais.
A pesquisa foi classificada com nível exploratório, que busca promover uma
proximidade com o problema, tornando-o compreensível ou levantando hipóteses sobre ele.
(PRODANOV, FREITAS, 2013).
Quanto ao procedimento, caracteriza-se como uma pesquisa de campo, que é
realizada a partir de entrevistas com pessoas capazes de fornecer informações, que possam
explicar e interpretar os fatos que ocorrem na realidade pesquisada. (HEERDT, LEONEL,
2007).

2.1 PARTICIPANTES

Os participantes da pesquisa foram cinco psicólogos psicodramatistas com registro


ativo no Conselho Regional de Psicologia, de uma cidade do sul de Santa Catarina e que já
fizeram atendimento a pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade borderline. A
pesquisa utilizou os preceitos da amostra não probabilística, que é aquela composta de forma
intencional. Os elementos não são selecionados casualmente. (PRODANOV, FREITAS, 2013).

2.2 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

As entrevistas foram realizadas no mês de abril no ano de 2019, sendo que no


primeiro contato foi apresentado o projeto de pesquisa “Psicoterapia psicodramática com
pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade borderline”, seguido do convite para
a participação desta. Os profissionais que se dispuseram a participar foram orientados a assinar
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), garantindo o anonimato e sigilo das
informações recebidas. Os dados foram coletados através de entrevista por telefone, com roteiro
semiestruturado, com agendamento prévio e gravados com autorização do participante para
obtenção de maior fidedignidade das respostas. O tempo de aplicação foi de vinte a trinta
minutos para cada participante.
17

A pesquisa em questão seguiu a conduta ética baseada na Comissão de Ética da


Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, sendo encaminhadas cópias do Projeto de
Pesquisa, o qual teve sua aprovação para execução em campo, com parecer número 3.158.741.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As respostas das entrevistas foram analisadas por meio da Análise de Conteúdo


(BARDIN,2016). Após a transcrição, as respostas foram agrupadas conforme afinidade com os
objetivos específicos, que eram: “Identificar como acontece a relação terapeuta-paciente no
atendimento a pacientes com transtorno de personalidade borderline, no que diz respeito ao
vínculo e contrato”. “Descrever o enquadramento das sessões com pacientes com transtorno de
personalidade borderline”. “Investigar de que forma o Psicodrama intervém psicoterapicamente
e avalia seu tratamento com pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade
borderline”.
Em relação ao primeiro objetivo específico, que foi “Identificar como acontece a
relação terapeuta-paciente no atendimento a pacientes com transtorno de personalidade
borderline, no que diz respeito ao vínculo e contrato”, os participantes relataram que a relação
terapeuta-paciente acontece de forma mais lenta, é um processo muito difícil e frágil, pois os
pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade borderline tendem a ser
manipuladores, faltar as sessões e a quebrar as regras, porém, precisam de muita confiança para
conseguir construir um vínculo. São pacientes que exigem do psicoterapeuta mais rigidez e
flexibilidade ao mesmo tempo, tendo em vista, que a maioria deles precisam de limites, porém,
o profissional precisa ter cautela para que não haja a quebra da confiança. Sendo assim, é uma
relação que precisa ser conquistada aos poucos, dando completa atenção ao vínculo e tendo
cuidado ainda maior tanto na construção, quanto na manutenção deste. Segue algumas falas dos
entrevistados:
E2: “O vínculo é bem difícil, é uma relação que precisa ser conquistada aos poucos,
eu tenho que ir com bastante cuidado, é ganhando a confiança em cada sessão”.
E3: “Eles tendem a quebrar as regras, então às vezes faltam muito, então tem que
puxar a orelha, tem que ficar falando, tem que ficar reforçando. E quanto ao vínculo é um
processo lento, é frágil, então tem que ser cuidado... eles precisam de muita confiança”.
E4: “Em relação ao contrato eu sou mais rígida e flexível ao mesmo tempo, porque é
necessário manter as regras, para a pessoa não ir se acostumando a burlar essas regras,
mas ao mesmo tempo também tem essa flexibidade de, quando tá em risco de suicídio,
tem que atender o telefone mesmo, tem que dar uma atenção a mais... O vínculo
18

precisa ser cuidado ainda mais”.


E5: “O vínculo é muito difícil com esses pacientes, porque eles tem bastante
dificuldade em seguir normas e regras.. Precisa o tempo todo ficar retomando o contrato para
tentar auxiliar esse paciente a internalizar as regras e os limites”.
Quanto à relação terapeuta-paciente, Padovan (2016) ressalta que o tratamento com
o paciente borderline é muito difícil e desafiador para o terapeuta, que precisa estar bem
preparado, pois no decorrer do processo terapeutico, podem surgir sentimentos de frustração,
tendo em vista que esses pacientes costumam ser manipuladores e podem apresentar ameaças
de suicídio. Sendo assim, o terapeuta deve lembrar-se que o mais importante é manter clareza
na comunicação com o paciente, mesmo que esse seja um processo mais complexo devido à
mudancas bruscas de humor.
Respondendo ao segundo objetivo: “Descrever o enquadramento das sessões com
pacientes com transtorno de personalidade borderline”, os participantes relataram que nas
sessões com pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade borderline, o
acolhimento deve ser muito maior, exercendo muito a escuta, muita maternagem, mostrando
muita empatia, para que ele perceba que não há julgamentos, ajudando-o a identificar e nomear
os sentimentos, que muitas vezes eles não conseguem explicar, para que dessa forma haja um
fortalecimento maior do vínculo.
E1: “Precisa de muito acolhimento e de muita escuta”.
E3: “Eu primeiro faço um acolhimento bem feito, a gente precisa fazer um vínculo
bem forte para que depois a gente vá aos poucos tirando essa pessoa do papel de
vítima. As técnicas precisam ser feitas com bastante cuidado, fazendo muita
maternagem, porque geralmente esses pacientes têm muitos problemas com pai, mãe,
então precisa de bastante acolhimento, pois é um processo bem lento, bem sutil”.
E4: “Preciso tomar mais tempo das sessões para fazer o acolhimento, porque precisa
fazer um acolhimento muito maior... fazer a maternagem, não só acolher, como
identificar como eles se sentem, nomear os sentimentos, dar voz a esses sentimentos,
porque às vezes eles não conseguem expressar”.
O paciente borderline vive em busca de um cuidador e tentará com que o terapeuta
execute esse papel. Ao terapeuta, cabe aceitar e legitimar os sentimentos do paciente e acreditar
que ele possui capacidade para mudar, evitando tornar-se responsável por ele na realidade.
Nesse processo, é fundamental que o terapeuta apresente empatia e suporte, para que o paciente
possa atentar para as suas colocações, fortalecendo ainda mais o vínculo. (CUKIER,
MARMELSZTEJN, 2017)
Em resposta ao terceiro objetivo, que foi “Investigar de que forma o Psicodrama
19

intervém psicoterapicamente e avalia seu tratamento com pacientes diagnosticados com


transtorno de personalidade borderline”, os participantes argumentaram com unanimidade a
importância das técnicas psicodramáticas, citando a técnica de Duplo e Espelho como as que
mais colaboram nesse processo.
A técnica do Duplo é utilizada com objetivo de entrar em contato com a emoção do
paciente, quando este está com dificuldades de expressa-las verbalmente. Por um instante, o
terapeuta toma o papel do paciente e procura mostrar o que percebeu através de falas breves e
precisas. (CUKIER, 2018). Já a técnica do Espelho, consiste em fazer com que o paciente seja
expectador de si mesmo. O terapeuta assume a postura física do paciente, repetindo seus
comportamentos e a forma como se comunica. Essa técnica proporciona ao paciente condições
de melhorar a sua autopercepção. (MONTEIRO,1998).
Os participantes defenderam que o Psicodrama é um instrumento muito efetivo no
tratamento desses pacientes, pela forma como ele foca na relação, tanto de terapeuta-paciente,
quanto nas relações sociais do indíviduo. Proporcionando assim, uma reflexão acerca de si e do
outro. Já em relação à avaliação do tratamento através do Psicodrama, os participantes relataram
que o paciente alcança uma melhora quando consegue conquistar a sua autonomia, se colocando
no lugar do outro, exercendo atividades que antes tinha dificuldades para realizar, como por
exemplo, conseguir um emprego. E também, quando já consegue lidar de uma forma melhor
com as inundações de emoções, saindo do estado de vitimização e se colocando como
protagonista de sua propria vida.
E1: “... a técnica do Duplo e Espelho, para tentar mostrar um pouco o que eles estão
fazendo, porque eles tem dificuldade de enxergar o que fazem. Então acredito que essas duas
técnicas são bem facilitadoras”.
E2: “As técnicas que eu mais uso são Duplo e Espelho, que faz com que eles parem
um pouco e consigam pensar. E eu vejo a melhora quando eles começam a viver o papel deles,
quando há um emponderamento e ele se torna responsável por si mesmo e por suas ações.”
E3: “A técnica que mais deu certo foi o Duplo, porque esse paciente tem dificuldade
de ouvir que está errado, não gosta de ser criticado, então eu vou usando o duplo...
quanto à avaliação, a gente vai vendo pela evolução do paciente, quando ele tá
conseguindo ser mais espontâneo, quando consegue achar um emprego, quando sai
um pouco desse papel de vitimização e começa a fazer outras atividades...”.
E4: “Uso muito o Duplo e Espelho... Em relação à melhora, acho que tem a ver com
as conquistas de autonomia, quando consegue um trabalho, quando vem as inundações
emocionais já consegue ir no banheiro chorar, ao invés de dizer que vai embora... O
Psicodrama é bem efetivo pela forma como ele foca na relação de terapeuta-paciente,
20

ajudando eles a ver o mundo, proporcionando uma reflexão, identificando o que é do


paciente e o que é do outro, nesses aspectos de dificuldade que esses pacientes tem
com a vida”.
E5: “A técnica do Espelho possibilita a visualização da cena e a integração do
próprio paciente, e é muito importante, porque a distancia ele também vai fazendo sínteses das
vivencias, conseguindo integrar, porque ele tende a viver de forma partida”.
Os recursos técnicos do Psicodrama tornam possível o acesso sutil ao campo das
defesas intrapsíquicas, oferecendo a chance de “corrigir ao vivo” as formas de relacionar-se. É
um mergulho na vida psíquica, onde as feridas do passado ficam conservadas. O paciente
borderline tem o hábito de se defender verbalmente, porém acaba se supreendendo com o
Psicodrama, pois ele não consegue prever suas reações, tampouco as ações do terapeuta. Essa
é uma grande vantagem para o terapeuta, que deve, portanto ter muita cautela com o momento
e a sensibilidade do paciente. (CUKIER, MARMELSZTEJN, 2017).
A pesquisa mostrou que os pacientes diagnosticados com transtorno de
personalidade borderline representam um desafio contínuo para os psicoterapeutas que
precisam buscar um equilíbrio entre o acolhimento, a escuta, a aceitação, a validação de
sentimentos por um lado, e a imposicão de limites por outro, pois a construção de vínculo com
esses pacientes é muito difícil. De acordo com os relatos, o Psicodrama se adequa facilmente
ao tratamento, pois dispõe de várias técnicas e instrumentos que auxiliam no acesso à esfera
psíquica, entre elas, o Duplo e o Espelho, muito citados pelos entrevistados como técnicas de
grande efetividade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo teve por objetivo analisar como é realizado o processo de


Psicoterapia Psicodramática com pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade
borderline na perspectiva de psicoterapeutas psicodramatistas, e para tal análise, realizou-se
uma entrevista com psicoterapeutas psicodramatistas que já atuaram em casos de pacientes com
esse diagnóstico.
O objetivo de descrever o enquadramento das sessões e identificar como se dá a
relação terapeuta-paciente no atendimento à pacientes com transtorno de personalidade
borderline, no que diz respeito ao vínculo e contrato, permitiu o conhecimento através do relato
dos entrevistados, que é uma relação muito difícil e que precisa de muito cuidado, pois são
pacientes com dificuldades na construção do vínculo e também no seguimento de normas e
21

regras. Dessa forma, o terapeuta precisa fazer um acolhimento mais longo durante as sessões,
exercendo a escuta, a maternagem e ter muita cautela nas intervenções, para que assim, o
paciente possa vê-lo como alguém em quem possa confiar.
Ao apresentar de que forma o Psicodrama intervém psicoterapicamente e avalia seu
tratamento com pacientes diagnosticados com transtorno de personalidade borderline, pode-se
perceber a riqueza de ferramentas que a abordagem do Psicodrama possui. A utilização das
técnicas nas intervenções, e a forma como essa abordagem foca na relação, apoiam e afirmam
o Psicodrama como um instrumento muito efetivo no tratamento desses pacientes, ajudando-os
a conquistar a sua autonomia e desenvolver atividades nas quais antes possuíam dificuldades.
Foi possível também, entender que o Duplo e o Espelho são as técnicas mais
efetivas e mais utilizadas no tratamento do transtorno de personalidade borderline.
A partir desses relatos, foi possível constatar quer a psicoterapia psicodramática é
muito eficaz no tratamento do transtorno de personalidade borderline, atuando na recuperação
da criatividade e espontaneidade e auxiliando no desenvolvimento do sujeito.
Este estudo incita o aprofundamento no tema e a realização de mais pesquisas, como
através de estudos de casos, contribuindo assim, para o crescimento e desenvolvimento do
Psicodrama e dos pacientes com o transtorno de personalidade borderline.

REFERÊNCIAS

ADES, Taty; SANTOS, Eduardo Ferreira. Borderline: Criança interrompida - Adulto


borderline. 2. ed. [S.l.]: Isis, 2012.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de


transtornos mentais. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.

BUSTOS, Dalmiro. O Psicodrama: aplicações da técnica psicodramática. 3. ed. São Paulo:


Ágora, 2005.

CUKIER, Rosa. MARMELSZTEJN, Sonia. Eu te odeio, por favor não me abandones: o


paciente borderline e o psicodrama. In: CUKIER, Rosa. Sobrevivência Emocional: as dores
da infância revividas no drama adulto. 7. ed. São Paulo: Ágora, 2017. cap. 4, p. 73-97.

CUKIER, Rosa. Psicodrama Bipessoal: sua técnica, seu terapeuta, seu paciente. 6. ed. São
Paulo: Ágora, 2018.

GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre:
Ufrgs, 2009.
22

GONÇALVES, Camila Salles et al. Lições de Psicodrama: Introdução ao Pensamento de


J.L.Moreno. 2. ed. São Paulo: Ágora, 1988.

HEERDT, Mauri Luiz; LEONEL, Vilson. Metodologia cientifica e da pesquisa: livro


didático. 5. ed. Palhoça: Unisulvirtual, 2007.

HEGENBERG, Mauro. borderline: Clínica Psicanalítica. 7. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2013.

MONTEIRO, Regina Fourneaut et al. Técnicas Fundamentais do Psicodrama. 3. ed. São


Paulo: Ágora, 1998.

MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. 1. ed. 14ª reimpressão. São Paulo: Cultrix, 2014.

______. Psicoterapia de Grupo e Psicodrama: Introdução à teoria e à pratica. Campinas:


Editorial Psy, 1993.

PADOVAN, Maria Aparecida Diogo. Psicodinâmica dos transtornos de personalidade: Um


olhar psicodramático. Olinda: Livro Rápido, 2016.

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do Trabalho


Científico [recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2.
ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

ROJAS-BERMÚDEZ, Jaime G.. Introdução ao Psicodrama. São Paulo: Ágora, 2016.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Corações Descontrolados: Ciúmes, raiva, impulsividade - o


jeito borderline de ser. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
23

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Data da Entrevista: ____ /____ / 2019.

1- Como é o enquadramento das sessões com pacientes borderline?


2- Como você percebe a construção da relação terapeuta-paciente, no que diz respeito ao
vínculo e contrato?
3- Em sua experiência, qual o aspecto mais relevante do método do Psicodrama na
minimização dos sintomas dos pacientes com diagnóstico de transtorno de personalidade
borderline? Dê um exemplo.
4- Quais as técnicas mais efetivas com pacientes borderline?
5- Em seus atendimentos, como é realizada a avaliação de melhora utilizando a abordagem
do Psicodrama com pacientes borderline?
24

ANEXOS A – DECLARAÇÃO DE CIÊNCIA E CONCORDÂNCIA

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA


COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL4

DECLARAÇÃO DE CIÊNCIA E CONCORDÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES


ENVOLVIDAS

Com o objetivo de atender às exigências para a obtenção de parecer do Comitê de Ética


em Pesquisa - CEP-UNISUL, os representantes legais das instituições envolvidas no projeto de
pesquisa intitulado “PSICOTERAPIA PSICODRAMÁTICA COM PACIENTES
DIAGNOSTICADOS COM TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE” que
tem como objetivo analisar como é realizada a Psicoterapia Psicodramática com pacientes
diagnosticados com transtorno de personalidade borderline na perspectiva de psicoterapeutas
psicodramatistas, DECLARAM estarem cientes e de acordo com seu desenvolvimento nos
termos propostos desde que os pesquisadores executem o referido projeto de pesquisa com
observância do que dispõe a Resolução 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde.

Para preenchimento do Pesquisador responsável e Coordenação de Curso

Pesquisador responsável: Viviane Oliveira de Almeida Jeremias


Curso de Graduação ou Pós-Graduação ao qual Psicologia
o pesquisador responsável está vinculado:
Curso de Graduação ou Pós-Graduação ao qual Psicologia
a presente pesquisa está vinculada:
Campus e Unidade: Unisul - Tubarão
Projeto vinculado a: Iniciação científica aprovada em edital:
( x ) TCC de Graduação ( ) PUIC ( ) Art. 170
( ) Unidade de aprendizagem ( ) PIBIC ( ) Art. 171
( ) Monografia/ Especialização ( ) PIBITI ( ) Outros*
( ) Mestrado ( ) Professor Inovador
( ) Doutorado ( ) Financiamento externo. Citar:
( ) Pós-doutorado _____________________________________
( ) Pesquisador responsável do stricto sensu

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA.


Avenida Pedra Branca, 25, Cidade Universitária Pedra Branca, CEP 88137-270, Palhoça, SC Fone: (48) 3279-
1036
25

*OBS.: Somente serão aceitos projetos de pesquisa que se enquadrem nos itens acima e/ou estão
em fase de submissão à editais de fomento externo com o pré-requisito de haver aprovação ética
para submissão, neste caso, anexar solicitação/edital destacando o pedido.

___________________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável (UNISUL)

___________________________________________________
Assinatura do responsável pela instituição proponente (UNISUL)
(Coordenador de Curso)
*assinatura e carimbo institucional

___________________________________________________
Assinatura do responsável da instituição co-participante
*assinatura e carimbo

Nome do responsável:
Cargo do responsável:
Instituição:
CNPJ ou CPF do responsável:

Local e Data

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA.


Avenida Pedra Branca, 25, Cidade Universitária Pedra Branca, CEP 88137-270, Palhoça, SC Fone: (48) 3279-1036
26

AGRADECIMENTOS

Quero externar meus sinceros agradecimentos primeiramente a DEUS que me


proporcionou todas as condições para a realização deste sonho, aos meu pais Joao e Suzete, e
meus irmãos, pelo apoio e orações direcionadas a mim, ao meu companheiro Eduardo que com
muita paciência e parceria me incentivou e me ajudou para que eu chegasse até aqui, essa
conquista também é sua meu amor. A minha orientadora Viviane Almeida, que muito me
ajudou na construção dessa pesquisa e Rosa Cristina, professora de metodologia que sempre
me atendeu e ensinou com muita paciência e afeto. Aos profissionais psicodramatistas que se
dispuseram a participar dessa pesquisa, o meu muito obrigada, sem vocês eu não teria
conseguido. Aos amigos que estiveram do meu lado, me apoiando e incentivando nessa jornada,
em especial minha amiga Carla Regina pelas orações e apoio nos momentos que mais precisei,
e Janice Cooper, minha parceira desde o início do curso que sempre me estimulou a seguir em
frente e me ajudou nos momentos de desespero. A todos que de alguma forma contribuíram
para que essa pesquisa fosse realizada, o meu muito obrigada!

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