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☾⛤☽
A brisa fria entrou pela porta da frente assim que o Choi mais velho a abriu na
simples intenção de sair para dar uma caminhada pelo jardim. O tédio decidiu o
incomodar novamente naquela madrugada e, como o sol ainda não havia nascido,
aproveitou para respirar um pouco de ar fresco e admirar a forma como a horta criada
por Beomgyu era bem iluminada pela luz da lua. Os legumes e frutas pertenciam ao
bruxo e foram plantados ali puramente com intenções mágicas, intenções as quais
Yeonjun não possuía o mínimo interesse em se envolver, mas, sinceramente, quando se
vive por mais de três mil anos, prestar atenção e apreciar os mínimos detalhes que a
natureza lhe proporciona acaba sendo inevitável.
Respirou fundo, por mais que não fosse necessário, sabia que seu pulmão não
levaria oxigênio para seu coração, mas gostava da sensação de estar vivo que esses
sutis detalhes lhe proporcionavam. Seu momento sabático foi interrompido ao escutar
o som de algo se mexendo entre os arbustos, mas não demonstrou muita importância
ao que caminhou até o pomar mais próximo, arrancando de um dos galhos uma maçã.
O suco doce molhou seus lábios vermelhos e cheios assim que o vampiro fincou suas
presas na carne da fruta, logo para ser substituído por um gosto amargo, cuspindo
rapidamente o pequeno pedaço mastigado e assumindo nojo em sua feição ao ver
vermes e uma gosma verde saindo da parte recém mordida. Lembrava-se de Beomgyu
se glorificando de como sua plantação estava bem e saudável mais cedo naquele dia,
então ficou um tanto atônito ao presenciar tal cena.
Ainda com a fruta abocanhada em mãos, planejando levá-la até o bruxo para tirar
satisfações, ouviu o mesmo barulho anterior vindo dos arbustos, então, determinado a
dar um fim àquela praga que estava envenenando as plantações de seu amigo, pôs-se a
andar. Yeonjun aproximou-se do emaranhado de folhas que nascia encostado ao muro
baixo e, em um movimento brusco, as separou, apenas para dar de cara com um
coelho escondido entre os galhos, seu rosto estava próximo ao chão e escondido entre
as patinhas, suas orelhas estavam baixas e seu corpinho tremia. Ao seu lado,
descansavam algumas cenouras no gramado. O vampiro franziu o cenho e, após soltar
um estressado “seu ladrãozinho” pelos lábios, pegou o bicho com uma mão e o apoiou
ao próprio peito. Segurando-o com força maneirada para ter certeza de que não
fugiria, mesmo percebendo que o animal estava a ponto de morrer de medo para se
quer pensar em sair correndo, andou rapidamente de volta ao castelo. Não sabia o que
faria com o coelho ainda, mas estava determinado a tirar aquela situação a limpo.