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A PSICOLOGIA ESCOLAR NO BRASIL:

Enquanto no cenário mundial sobressaía-se a psicologia escolar de bases norte-


americana e francesa, em que eram mais visadas à ciência experimental, com a
produção de conhecimento, no Brasil, entretanto, visava-se à aplicação na educação,
com o propósito de ajudar com os problemas existentes nessa área, principalmente
quanto à formação dos discentes, e medicina, de forma técnica, de acordo com o que
dizem Barbosa e Marinho-Araújo (2010).
A busca incessante por uma melhor adequação educacional no Brasil era
colocada como um dos objetivos das pesquisas do meio acadêmico da psicologia do
país. Eram observados os possíveis problemas e quais seriam suas soluções, de forma a
priorizar o grupo dos professores como alvo, com uma postura individualizante, como
descreve Lima (2005) em seu breve estudo acerca da Psicologia Escolar no Brasil.
Porém, o mesmo também acontecia com os alunos, quando colocados em xeque se os
problemas existentes no ambiente escolar estariam nos discentes.
Herança que recebemos de uma psicologia exercida no início do século,
quando “(...) a escola, seus procedimentos e objetivos não eram objeto de
questionamento, nem mesmo enquanto variáveis que poderiam gerar
problemas de aprendizagem e de ajustamento” (Patto, 1984). (LIMA, p. 20,
2005).

Além disso, Barbosa e Marinho-Araújo (2010) colocam que, tirando o foco de


cima dos professores, houve uma predominância na concepção clínica e classificatória
no quesito tratamento de dificuldades de aprendizagem, bem como a compreensão da
relação indivíduo x ambiente em que está inserido, pois como afirma Thuillier (1994)
“cada sociedade, para empregar uma expressão simples mas cômoda, tem um estilo; e
esse estilo se reflete em sua concepção do Conhecimento”.
Entre os anos de 1960 e 1970, o contexto brasileiro era de movimentos civis
marcados pela revolta com o regime vigente na época: o militar. Isso possibilitou, então,
o surgimento de novas áreas ligadas à saúde e educação. A década de 70, ainda,
apresentou novas configurações no sistema da educação e o obteve, como consequência,
a desregulação do ambiente escolar, vide o aumento do número de alunos em situações
socioculturais muito distintas, o que ocasionou dificuldades em termo de infraestrutura.
Em consonância a isso, pôde ser observado um panorama complicado nesse meio, no
que toca aos alunos com dificuldades de aprendizagem: não era possível atender a todos
e as intervenções pedagógicas pelos profissionais já não eram tão eficazes, uma vez que
eram voltadas para o antigo contexto. Dessa maneira, visto o atual cenário, a psicologia
foi acionada para auxiliar no âmbito da educação. (BARBOSA E MARINHO-
ARAÚJO, 2010).
Contudo, Lima (2005) diz que o caráter individualizante antes já mencionado
volta, posto que por crianças de diferentes meios socioeconômicos e culturais terem
sido colocadas lado a lado nas escolas, e surge, assim, o pensamento de que os
ambientes em que estão inseridos determinam se haverá ou não deficiências
nutricionais, cognitivas, emocionais, etc. e, a partir disso, decidir se seriam necessários
recursos distintos para conduzir a aprendizagem, ou seja, isso geraria uma separação
entre os que são mais privilegiados dos menos.
Desta forma, a psicologia alcançou uma patamar de conseguir dizer o porquê das
falhas escolares e alcançar as soluções para tais. Mas, os psicólogos não estavam
contentes com a maneira que desempenhavam sua função. Isso provocou uma série de
discussões e mudanças, como a do final de 1980, com a formação da ABRAPEE
(Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional), entidade que contribui
para a identidade do psicólogo escolar. (BARBOSA E MARINHO-ARAÚJO, 2010).
Em decorrência disso, o que se passou na década seguinte é uma consequência
direta. Como exemplo disso, pode-se citar as publicações acerca da efetivação do
psicólogo escolar na parte educacional. Em seguida, com início em 2000, a atuação do
profissional da psicologia é, cada vez mais, visada, a fim de que a conexão entre a
psicologia e o contexto escolar esteja mais firmada.

Referências:
BARBOSA, R. M.; MARINHO-ARAÚJO, C. M. Psicologia escolar no Brasil:
considerações e reflexões históricas. Estudos de Psicologia, Campinas, v.27, n.3, p.393-
402, 2010. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/estpsi/a/HfFbGhyKP8vqpXtJFW9n9FP/?
format=pdf&lang=p>. Acesso em: 19 jun. 2022.
DE LIMA, A. O. M. N. BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA ESCOLAR NO
BRASIL. Psicologia Argumento, [S. l.], v. 23, n. 42, p. 17–23, 2017. Disponível em:
https://periodicos.pucpr.br/psicologiaargumento/article/view/19637. Acesso em: 19 jun.
2022.
THUILLIER, Pierre. De Arquimedes a Einstein: A face oculta da invenção 4 científica.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994.

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