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PROJETOS

DE AR

CONDICIONADO

(CALORIMETRIA)

Prof. Renato Simões


Divisão de cursos especiais

1
CALORIMETRIA
Calorimetria é a parte da física que estuda as medidas de
quantidades de calor, que dois corpos transferem entre si. De origem
grega, a palavra calorimetria significa medida (metria) de calor (termo).

O que estudaremos é básico para a refrigeração e climatização,


para podermos identificar como adicionar ou remover calor de um
produto, para obter um resfriamento ou congelamento desejado.
Identificaremos como dois corpos podem trocar temperaturas entre si.

Alguns itens tratados em calorimetria são:

- quantidade de calor

- capacidade térmica

- calor específico

- calor sensível

- calor latente.

Quantidade de calor

Como sabemos a temperatura está relacionada à intensidade de


energia térmica em um corpo, que pode ser percebida pelo tato ou ser
medida com o auxilio de um termômetro. Por sua vez, quantidade de
calor (Q) é a quantidade de energia térmica cedida ou recebida e não
pode ser medida com termômetro.

Temperatura = intensidade de energia térmica.

Transferência de energia térmica = quantidade de energia térmica


cedida ou recebida.

Se enchermos duas vasilhas com quantidades diferentes de água,


uma com 1 litro e outra com 10 litros, mas com a mesma temperatura.

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Embora se trate de massas diferentes de água, o termômetro
indica que as temperaturas são iguais. Porém a quantidade de energia
térmica não será a mesma, porque a quantidade de energia térmica de
um corpo não depende só da temperatura, mas também da sua massa.
Isto é, quanto maior a massa, maior a quantidade de energia térmica.
Assim, 10 litros de água contem mais energia térmica que 1 litro de
água, embora estejam com a mesma temperatura (figura 1).

Figura 1 – Intensidade de calor e quantidade de calor.

Curiosidades:

Pensava-se no século passado que o calor era substância material


fluida invisível. Esta substância de massa infinitamente pequena era
chamada de calórico e era medida em caloria.

A idéia de que calor não era substância material, mas uma forma
de energia, foi defendida pela primeira vez, em 1798, pelo engenheiro
americano Rumford (1753 – 1814).

A idéia de calor como uma forma de energia a ser medida em joule


foi estabelecida definitivamente por James P. Joule (1818 – 1880),
quando demonstrou a relação entre caloria e joule. Assim, 1 cal e igual a
4,180Kj.
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Unidades de medida de calor

Hoje é comumente aceita a idéia de que o calor é uma forma de


energia, podendo ser percebida ou medida apenas através de seus
efeitos nas substâncias materiais. Por ser uma forma de energia, no SI
(Sistema Internacional de unidades), os efeitos do calor são medidos em
joule (J), que é a unidade de medida de energia.

Apesar disso o profissional do frio depara-se com diversas


unidades de medidas utilizadas para determinar a mesma grandeza. Por
exemplo, a mesma quantidade de calor recebida ou cedida pode vir
expressa em

Kcal......quilocaloria

Btu.....unidade térmica Britânica

J......joule

O correto tecnicamente é utilizar o joule para expressar a


quantidade de energia térmica, que um corpo recebe ou cede para
outro. Primeiro porque o joule já faz parte do SI, que visa padronizar no
mundo inteiro um sistema único de unidades de medidas. E também
porque o joule expressa corretamente o conceito de calor como forma
de energia e transição.

Algumas informações servirão de base para fazermos


corretamente a medição da quantidade de calor transferida de um corpo
para outro por diferença de temperatura.

Como já vimos, as características físicas da água servem de termo


de comparação para varias medidas. Por exemplo, a massa especifica
de um corpo tem por base a massa especifica da água, que é igual a 1
kg/1dm³. Os dois pontos fixos das escalas termométricas também se
baseiam no congelamento e na ebulição da água que, ao nível do mar,
ocorrem sempre à mesma temperatura e pressão. A água serve de base
também para estabelecer as medidas de quantidade de calor cedido ou
recebido.

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BTU

A BTU (“British Thermal Unit”), que quer dizer “unidade térmica


britânica” é usada, sobretudo nos Estados Unidos e na Inglaterra e está
sempre relacionada a libra-massa (lb), que é a unidade de massa
correspondente ao kg.

Observação – Os países de língua inglesa usam como unidade de


medida de massa (peso) a libra (lb). Uma libra-massa equivale a 0,454
kg.

BTU é a quantidade de calor necessária para elevar em 1ºF a


temperatura de uma libra-massa de água.

Por exemplo; para elevar a temperatura de uma libra-massa de


água de 10ºF para 11ºF precisamos de 1 BTU.

Caloria

No Brasil a unidade de medida de quantidade de calor cedido ou


recebido mais usada é a caloria (cal), que assim se define:

Caloria é a quantidade de calor necessária para elevar em 1ºC a


temperatura de um grama de água.

Por exemplo, para elevar a temperatura de um grama de água de


5ºC para 6ºC precisamos de 1 cal.

Joule

No SI, o joule é a unidade de medida de energia. Trata-se de uma


unidade de quantidade de energia de pequeníssimo valor, por isso na
refrigeração usa-se o quilojoule (Kj), que é igual a 1.000j. Para se ter
uma idéia de como esta unidade de calor é pequena, para elevar a
temperatura de 1 kg de água de 10ºC para 11ºC são necessários 4.187j
(figura 2).

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Figura 2 – A energia térmica é expressa em joule.

Capacidade térmica

Certamente sabemos que não devemos deixar abertas áreas


condicionadas por motivo da transferência de ar por convecção, como
no caso de lojas onde são utilizadas cortinas de ar para evitar a fuga do
ar condicionado.

Mesmo quando fechado o ambiente não é considerado vedado por


completo, a entrada de energia térmica proveniente das paredes, do
piso, do ar e outras fontes caloríficas do recinto em que o equipamento
climatiza.

Dependendo da carga térmica a ser removida e da temperatura do


ambiente desejado, tem-se a capacidade térmica do equipamento.
Capacidade térmica é sinônimo de capacidade frigorífica, que pode ser
assim definida:

Capacidade que o sistema frigorífico tem de transferir para


ambiente externo uma determinada carga térmica por unidade de
tempo, ou dito de outra maneira; é a eficiência com que um aparelho de
ar condicionado retira calor por unidade de tempo.

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A capacidade térmica de um aparelho pode ser expressa em
BTU/h, kcal/h, kj/h, kW e, sobretudo, em Tr (tonelada de refrigeração),
que são unidades que estabelecem uma relação entre energia e tempo.

Tonelada de refrigeração

A unidade tonelada de refrigeração (Tr) é utilizada para expressar


a capacidade térmica de um equipamento de refrigeração igual ou
superior a 3.024 kcal/h. assim temos:

Também aqui a água serve de termo de comparação:

Tonelada de refrigeração é a quantidade de calor que um bloco de


gelo de 2.000lb a 32ºF absorve durante o tempo de fusão, que é de 24
horas.

Na especificação de capacidade térmica dos equipamentos de ar


condicionado, os valores vêm expressos em kcal/h ou TR e nos de
menor capacidade BTU. Por exemplo, se o manual técnico de um
aparelho diz sua capacidade térmica de 12.000BTU ou
3.000kcal/h(arredondamento de 3.024), isto significa que este aparelho
trabalhando 24horas, é capaz de remover 288.000BTU/24hs ou
72.000kcal/24horas equivalem a quantidade de calor que 2.000lb
(=908kg) de gelo removem durante sua fusão em 24 horas. No Brasil,
entretanto, adota-se para 1 TR o valor de 1.000kg.

Observação – sabendo que ao fundir, 1 lb de gelo a 32ºF absorve


144Btu, pode-se calcular a quantidade de calor absorvida em Btu ou
kcal. Assim para saber quantas Btu um bloco de gelo de 2.000lb
absorve no período de 24hs, basta multiplicar 2.000 por 144, que é igual
a 288.000Btu/h. do mesmo modo, para converter 288.000Btu em kcal,
basta dividir 288.000 por 4 (arredondamento de 3,968), que é igual a
72.000kcal/24h, pois 4Btu equivalem aproximadamente a 1kcal.

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Watt

O watt é a unidade de energia geralmente empregada na


mecânica e eletricidade. Um watt é igual a 1 j por segundo.

Em ar condicionado, é comum substituir kj/h por kW quando se


trata de capacidade frigorífica de um equipamento, porque 1kj dividido
por 1h que tem 3.600s e igual a 0,000278kw.

Como os equipamentos apresentam unidades de medida


diferentes, é importante o profissional do frio saber fazer as conversões,
quando necessário.

A conversão de unidades de medida é um recurso que pode


facilitar o trabalho de:

- Determinar a capacidade térmica de um aparelho;

- Calcular a quantidade de calor cedido por um corpo;

- Entender as especificações técnicas em catálogos e manuais técnicos


de aparelho de refrigeração e ar condicionado.

Podemos fazer a conversão de uma unidade de medida de calor


de várias maneiras. Uma maneira e utilizar a tabela de conversão, outra,
é, empregar o esquema de multiplicação ou divisão das unidades, ou
ainda aplicar a regra de três, quando se conhecem três valores de
unidade.

Usando a tabela de conversão

Com a tabela de conversão e uma calculadora é muito fácil converter


uma unidade em outra (figura 3).

Figura 3 – conversão entre unidades de medida de calor.

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Observe que na tabela acima que a primeira coluna e a primeira
linha apresentam os símbolos das unidade de medida de calor e na
ultima coluna, os nomes das unidades.

Cada linha horizontal começa com o símbolo da unidade e


apresenta a seguir os respectivos valores da equivalências com as
outras unidade. Para converter uma unidade em outra, basta multiplicar
o valor já conhecido da unidade em questão pelo valor de equivalência
da unidade a ser convertida.

Exemplo 1: A capacidade térmica de um condicionador de ar é de


10.550kj/h. qual a sua capacidade em kW?

Como podemos notar na tabela 1kj é o equivalente a 0,000278kW.


Para converter 10.550kj/h em kW, basta multiplicar 10.550kj/h por
0,000278kW, que é igual a 2,9329kW. É o que esta demonstrado em
detalhes abaixo.

10.550kj/h x 0,000278kW = 2,9329kW, ou de forma arredondada =


3kW.

Portanto, a capacidade térmica de um condicionador de 10.550kj/h


é equivalente a 3kW.

Exemplo 2: Converter a capacidade frigorífica de um ar


condicionado de 12.000 Btu/h em Kcal/h.

12.000Btu/h x 0,252Kcal/h = 3.024Kcal/h.


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Portanto, a capacidade térmica do ar condicionado de 12.000Btu/h
é equivalente a 3.024Kcal/h ou comumente arredondado 3.000Kcal/h.

Usando o esquema de conversão:

Outra maneira prática de fazer uma conversão de unidade de


medida de calor é aplicar o esquema de multiplicação e divisão das
unidades (figura 4).

Figura 4 – conversão de unidade de medida de calor.

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Os exemplos a seguir mostram como é fácil fazer uma conversão
com o auxilio deste esquema:

Exemplo 1:

Converter 18.000Btu em TR.

Como se pode observar no esquema, para converter Btu em Tr


basta dividir Btu por 12.000, ou seja: 10.000Btu/h / 12.000 = 1,5Tr.

Exemplo 2:

Converter 30.000Btu em Kcal/h

Aplicando o esquema teremos: 30.000Btu/h / 4 = 7.500kcal/h.

Utilizando a regra de três.

Como profissionais do frio, freqüentemente teremos que converter


unidades, como, por exemplo, converter kcal em Btu ou Btu em kcal.
Vimos que as tabelas de conversões de unidade facilitam esta tarefa.
Mas é recomendável que se saiba fazer matematicamente as
conversões de unidade, aplicando a “regra de três simples” de razão
direta.

Formulando uma regra de três de razão direta:

Através da regra de três, é possível determinar um valor


desconhecido, partindo-se de três valores previamente conhecidos.
Assim, conhecendo três valores, chega-se ao quarto (valor x), que não
se conhece.

A regra de três simples pode ser formulada da seguinte


maneira:

Conhecendo três valores desta equação, é possível determinar o


quarto valor (valor x). Por exemplo, se a é o valor desconhecido, para
saber seu valor basta multiplicar c por b e dividir o resultado por d. se
for b o valor desconhecido, para conhecê-lo basta multiplicar a por d e
dividir o resultado por c, a assim por diante conforme mostram as
formulas abaixo.

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Como se pode observar, os valores a,b,c,d de cada uma das
fórmulas representam o valor desconhecido que, geralmente, é
expresso por x por exemplo:

Vejamos agora algumas aplicações da regra de três na conversão


de unidades de medida de quantidade de calor.

Conversão de Btu/h em kcal/h

Desejamos saber em kcal/h a capacidade térmica de um


condicionador de ar de 18.000Btu.

Três valores aqui são previamente conhecidos:

- 18.000Btu/h = valor da capacidade térmica do aparelho.

- 1kcal/h = 3,97Btu/h = 4Btuh

- X = valor não conhecido em kcal/h.

Sabendo então que 1kcal/h é igual a 4Btu/h, quantos kcal/h


equivalem 18.000Btu/h?

Aplicando a fórmula da regra de três temos:

a = 1 kcal/h

c = 4Btu/h

d = 18.000Btu/h

b=x

Esta fórmula quer dizer o seguinte:

Exemplo 1:

Sabendo que 1kcal/h vale 4Btu/h, quantas kcal/h valem


18.000Btu/h?

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Portanto:

A capacidade térmica de um condicionador de ar de 18.000Btu/h


é equivalente a 4.500kcal/h.

Exemplo 2:

Vamos considerar a conversão da capacidade térmica de um ar


condicionado de 18.000Btu em kW. Três valores aqui são conhecidos, a
saber:

18.000Btu/h = valor da capacidade térmica do equipamento.

1Btu/h = 0,000293kW

Aplicando a regra de três teremos:

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Calor específico e capacidade térmica de uma substância.

Comparando a capacidade de absorver e ceder calor das


substâncias, verificamos que cada substância tem uma característica
térmica específica. Ou seja, com a mesma variação de temperatura e a
mesma quantidade de massa, uma tem capacidade de absorver mais
energia térmica do que outra.

‘Por exemplo, submetidos por 10 minutos a uma mesma fonte


térmica, 1 kg de água e 1 kg de ferro se aquecem e resfriam em tempos
diferentes, pois diferentes são as características térmicas de cada um.

Com base nesta constatação, podemos estabelecer duas noções


importantes para a refrigeração, que são: calor especifico e
capacidade térmica de uma substância.

Calor especifico refere-se a capacidade térmica por unidade de


massa de uma substância.

Calor específico de uma substância é a quantidade de calor


necessário para que uma unidade de massa desta substância sofra uma
variação de temperatura de um grau.

O calor específico pode ser determinado em relação a pressão


constante (cp) ou em relação a volume constante (cv) e são expressos
respectivamente da seguinte maneira:

O calor especifico de uma substância é determinado sempre em


relação ao calor específico da água pura que, na fase líquida, ao nível
do mar, é sempre 1.

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Isto significa que é necessário adicionar uma quantidade de calor
equivalente a 1 cal para que 1g de água pura, sob pressão de 1 atm,
sobra uma elevação de 1ºC na sua temperatura.

Observação – por convenção, foi estabelecida a elevação de


temperatura da água a 1 atm de 14,5ºC para 15,5ºC, como base de
variação a ser considerada.

Já 1g de ferro, comparado com 1g de água, necessita apenas de


0,11cal para sofrer a mesma variação de temperatura, porque o calor
específico do ferro é 0,11 cal/g x ºC.

Veremos agora o que é capacidade térmica. É importante saber


que capacidade térmica de uma substância está relacionada com três
fatores: quantidade de calor recebido ou cedido, massa e variação por
unidade de temperatura.

Capacidade térmica de uma substância é a quantidade de calor


necessária para que a massa de uma substância sofra uma variação de
temperatura de um grau.

Ou dito de outra maneira: é o produto da massa do corpo vezes o


calor específico deste corpo:

Onde:

Q = quantidade de calor em kcal/h

m = massa do material

cp = calor especifico do material

= variação de temperatura

Por exemplo, a capacidade térmica de 1.000g ou 1 litro de água e


a quantidade de calor necessária para elevar em 1ºC sua temperatura,
como, por exemplo, de 11ºC para 12ºC.

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No caso de diferentes quantidades de água submetidas a
diferentes condições de temperatura.

Por exemplo, 1 litro de água a 80ºC, 2 litros a 50ºC e 10 litros a 20ºC


(figura 5).

Figura 5 – massas diferentes de água podem encerrar capacidades térmicas diferentes.

Unidades de capacidade térmica e de calor especifico.

Calor específico pode ser expresso em cal/g x ºC; em j/g x ºC ou


em kcal/kg x ºC. Vimos que é possível medir quantidades de calor em
caloria, quilocaloria ou quilojoule.

A quantidade de calor necessária para provocar uma mudança de


temperatura em uma substância varia de substância para substância,
de acordo com seu calor específico. A tabela a seguir mostra o calor
especifico, à pressão constante, de algumas substâncias e sua
equivalência em caloria e joule (figura 6).

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Figura 6 – calor específico de algumas substâncias.

Por exemplo, conforme tabela anterior, o calor especifico do ferro é


igual a:

e do alumínio é igual a:

Isto significa que, para variar a sua temperatura em 1ºC, o


alumínio absorve e cede mais energia térmica do que o ferro. Estes
valores, como se pode verificar na tabela, ficam bem abaixo do valor
especifico da água na fase liquida, que é igual a 1.

Com base no calor especifico de uma substância, pode-se calcular


a quantidade de calor necessária para elevar de um grau um grama
desta substância. Vamos analisar a água, por exemplo:
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Seja calcular a quantidade de calor necessária para elevar a
temperatura de 1 litro de água de 10ºC para 40ºC.

Para poder solucionar a questão, precisamos saber as equações


do calor especifico e da quantidade de calor:

Equação do calor especifico à pressão constante:

Onde:

cp= calor especifico à pressão constante;

Q = quantidade de calor;

m = massa;

(diz-se "delta T") = variação de temperatura;

Equação da quantidade de calor:

Onde:

cp= calor especifico à pressão constante;

Q = quantidade de calor;

m = massa;

(diz-se "delta T") = variação de temperatura;

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Sabendo que a massa de 1 litro de água é igual a 1 kg e que:

ou x 1000:

Temos:

Portanto, para elevar a temperatura de 1 L de água de 10ºC para


40ºC, são necessárias 30kcal.

Calor específico tem a ver com refrigeração, pois a determinação


da capacidade frigorífica de um aparelho de refrigeração vai depender
do calor especifico dos produtos que serão refrigerados.

Calor sensível

Calor sensível está sempre relacionado à variação de


temperatura. E variação de temperatura está associada a mudanças de
estado de uma substância. Conseqüentemente, calor sensível está
ligado a mudanças de estado da matéria.

Calor sensível é a quantidade de calor recebida ou cedida por um


corpo capaz de provocar, neste corpo, uma variação de temperatura.

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Figura 7 – O calor sensível pode ser medido com o termômetro.

Considerando a transformação de um bloco de gelo de 1kg, a


temperatura de -100ºC, em vapor de água a 200ºC. Como poderemos
observar no gráfico a seguir, para que a temperatura deste bloco de gelo
atinja 0ºC, necessário adicionar a ele 50kcal. Essa quantidade de calor
recebida e que faz variar a temperatura do gelo de -100ºC a 0ºC é
chamado calor sensível.

Esta relação entre calor sensível e variação de temperatura sem


mudança de fase da substância pode ser visualizada no gráfico.

Conforme o gráfico a seguir, para que 1L de água a 0ºC atinja a


temperatura de 100ºC, é necessário adicionar a ele 100kcal. Esta
quantidade de calor recebida e que faz variar a temperatura de 0ºC para
100ºC e chamada calor sensível.

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Ainda de acordo com o Gráfico, para elevar a temperatura de 1kg
de vapor de 100ºC para 200ºC são necessárias 45kcal. Também aqui se
trata de calor sensível. Em todos estes exemplos, ocorreu variação de
temperatura e, portanto, mudança de estado sem mudar a fase da
substância.

Figura 8 – calor sensível e variação de temperatura.

Interpretando o gráfico

1) No eixo Y (vertical), temos as temperaturas que vão de -100ºC a


200ºC.

2) No eixo X (horizontal), temos as quantidades de calor em kcal.

Por convenção, a temperatura de 0ºC corresponde a 0ºC corresponde a


0 (zero) quantidade de calor.

3) A linha Z, formada pelos segmentos a-b, b-c, c-d, d-e, e-f, indicam os
pontos de intersecção entre uma temperatura e uma quantidade de
calor. Nos segmentos ascendentes (a-b, c-d, e-f), temos calor sensível;
nos segmentos horizontais (b-c, d-e), calor latente, que será tratado no
tópico a seguir.
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Cálculo de calor sensível

É possível estabelecer para o calor sensível a seguinte equação:

Onde:

Qs = quantidade de calor sensível

m = massa do material

cp = calor especifico do material

= variação de temperatura

Exemplo 1:

Calcular a quantidade de calor sensível em kcal necessária para


elevar a temperatura de 1kg de gelo de -100ºC para 0ºC.

Utilizando a fórmula do calor sensível:

Onde:

Qs = calor sensível

m = massa (1 Kg)

cp = calor sensível (0,50 Kcal/Kg x ºC)

= Variação de temperatura ( 0 - (-100ºC) = 100ºC

Aplicando a fórmula, teremos:

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Portanto, para elevar a temperatura de 1kg de gelo de -100ºC para
0ºC são necessárias 50kcal de calor sensível.

Observação – inversamente, para baixar a temperatura de 1kg de


gelo de 0ºC para 100ºC negativos, é preciso remover 50kcal de calor
sensível.

Exemplo 2:

Calcular em kcal a quantidade de calor sensível necessária para


elevar a temperatura de 1kg de água de 0ºC para 100ºC.

A partir da fórmula do calor sensível, Qs = m x cp x , podemos


formular a questão:

Qs = quantidade de calor sensível em Kcal;

m = (1 Kg);

cp = (1 Kcal/kg x ºC)

= (100ºC - 0ºC= 100)

Aplicando a formula teremos:

Portanto, para elevar a temperatura de 1kg de água de 0ºC para


100ºC é necessário adicionar 100kcal de calor.

Observação – Inversamente, para baixar a temperatura de 1kg de


água de 100ºC para 0ºC, é preciso remover 100kcal de calor.

Exemplo 3:

Calcular em kcal a quantidade de calor sensível necessária para


elevar a temperatura de 1kg de vapor de água a 100ºC para 200ºC.

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Para solução do problema apresentado aplica-se a formula a
seguir:

Qs = m x cp x ,

m = (1 Kg de vapor);

= variação da temperatura (200ºC - 100ºC= 100ºC)

Formulando a sentença temos:

Portanto, para elevar a temperatura de 1kg de vapor de 100ºC para


200ºC são necessárias 45kcal.

Calor latente

Calor latente está associado à mudança de fase da matéria, já


estudada anteriormente. Calor latente quer dizer calor que atua em
uma substância pura, mas não altera sua temperatura. Ao contrário
do calor sensível, não é possível medir o calor latente com o auxilio do
termômetro, pois não já variação de temperatura.

Sob efeito do calor latente, a temperatura permanece constante


até que ocorra a mudança de fase da substancia pura. Por essa razão, o
calor latente está associado as mudanças de fase de um corpo.

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Assim, quando dizemos que um bloco de gelo de 1kg passa de
fase sólida para fase liquida ou gasosa, isto significa que foi adicionado
a este bloco de gelo certa quantidade de calor latente.

De modo inverso, quando 1L de água passa da fase liquida para a


fase sólida, isto ocorre devido a remoção de calor latente. Se para fazer
a água mudar da fase liquida para vapor é preciso adicionar calor, para
que ela mude de vapor para liquido é necessário remover calor.

Figura 9 – O calor latente está relacionado com mudança de fase.

Calor latente é aquele que provoca mudança de fase sem que haja
variação de temperatura.

Em outras palavras, calor latente é a quantidade de calor, por unidade


de massa, que é necessário fornecer ou retirar de um corpo, a dada
pressão, para que ocorra mudança de fase, sem variação de
temperatura.

Tipos de calor latente de uma substância.

Por estar ligado a processos de transferência de calor, o calor


latente pode ser:
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Calor latente de fusão (Lf): Aquele que provoca em uma
substância a mudança da fase sólida para a fase liquida.

Calor latente de solidificação (Ls): Aquele que provoca em uma


substância a mudança da fase liquida para a fase sólida.

Calor latente de vaporização (Lv): Aquele que provoca em uma


substância a mudança da fase liquida para a fase de vapor.

Calor latente de condensação (Lc): Aquele que provoca em uma


substância a mudança da fase gasosa para a fase liquida.

Relação entre calor sensível e calor latente

Existe uma relação de dependência entre calor sensível e calor


latente. Assim, para que uma substância mude de fase é preciso
primeiramente adicionar a ela quantidades de calor sensível, que lhe
permita alcançar o ponto de mudança de fase. E a partir deste ponto
temos a ação do calor latente que vai provocar a mudança de fase.

O gráfico a seguir ajudará a entender esta relação de dependência.

Figura 10 – Relação entre calor sensível e calor latente.

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Considerando um bloco de gelo de 1kg a uma temperatura de -
100ºC. Para que este bloco de gelo mude da fase sólida para a fase
liquida a 0ºC, é preciso adicionar 50kcal de calor sensível e mais 80kcal
de calor latente de fusão, ou seja 130kcal. Este mesmo bloco de gelo,
já convertido em água a 0ºC. para mudar da fase liquida para a fase
gasosa, necessita de 100kcal de calor sensível mais 540kcal de calor
latente de vaporização, que é igual a 640kcal.

Observando no gráfico, o trecho da linha Z que corresponde a


mudança de 1kg de água a temperatura de 100ºC, da fase liquida para
fase gasosa, também a 100ºC. Este trecho da linha Z indica calor
latente de vaporização. Neste trecho embora a temperatura se
mantenha constante (100ºC), é necessário adicionar uma quantidade de
calor maior que na mudança da água da fase sólida para liquida, que
corresponde ao calor latente de fusão.

Observando outra vez o gráfico. Para transformar 1 kg de vapor de


água a 100ºC em 1kg de água a 0ºC, é necessário remover uma
quantidade de calor equivalente a 640kcal (100kcal de calor sensível e
mais 540kcal de calor latente de condensação).

Como mostra o gráfico, para transformar 1kg de água a


temperatura de 0ºC em gelo a -100ºC, é preciso remover 130kcal
(50kcal de calor sensível e mais 80 kcal de calor latente de
solidificação).

A refrigeração mecânica aproveita o efeito do calor latente de


vaporização no evaporador e o efeito do calor latente de
condensação no condensador. No evaporador, o fluido líquido absorve
o calor dos alimentos e evapora; no condensador, o fluido gasoso se
liquefaz dissipando no ambiente externo o calor absorvido durante o
ciclo frigorífico.

Por sua vez, o calor latente de solidificação e de fusão são


empregados na climatização comercial e industrial de grande porte,
como PR exemplo nos bancos de gelo (ice-bank), que é um sistema que
proporciona economia de energia elétrica, pois fabrica gelo durante a

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noite e durante o dia, em horários de pico, aproveita a fusão do gelo,
para fazer o resfriamento dos ambientes.

Cálculo de calor latente

A quantidade de calor latente é representada matematicamente


pela seguinte fórmula:

Onde:

Q = quantidade de calor

m = massa

L = calor latente

Exemplo 1:

A partir do gráfico anterior relação entre calor sensível e calor


latente, calcular em kcal a quantidade de calor latente necessária para
mudar de fase de 1kg de água de 0ºC para a fase sólida (gelo a 0ºC).

Para solucionar a questão, precisamos estabelecer as seguintes


equações:

Calor latente de solidificação da água:

Quantidade de calor:

Q = m x Ls

Onde:

Q = quantidade de calor

m = massa

Ls = calor latente de solidificação


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Aplicando a formula Q = m x Ls temos:

80 Kcal calor latente.

Portanto, para mudar a fase de 1kg de água a 0ºC para gelo a 0ºC,
é preciso remover 80kcal de calor latente.

Observação – Inversamente, parta mudar a fase de 1 kg de gelo a


0ºC para a água a 0ºC, é necessário adicionar 80kcal de calor.

Exemplo 2:

Calcular em kcal a quantidade de calor latente necessária par


mudar a fase de 1kg de água a 100ºC para vapor a 100ºC.

Para solucionar a questão, é necessário estabelecer as seguintes


equações:

Calor latente da água:

Quantidade de calor:

Q = m x Lv

Onde temos:

Q = quantidade de calor

m = massa

Lv = calor latente de vaporização

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Aplicando a fórmula temos:

Portanto para mudar a fase de 1kg de água de 100ºC para 100ºC


de vapor, é necessário adicionar 540kcal de calor.

Observação – Inversamente para mudar a fase de 1kg de vapor a


100ºC para água a 100ºC, é necessário remover 540kcal de calor. Como
podemos ver, o calor latente é muito mais eficaz que o calor sensível,
pois necessitaríamos de uma variação de temperatura muito grande
para obter a mesma transferência de energia térmica. Por isso, na
refrigeração aproveita-se o calor latente para troca eficiente de calor.

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