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Machado de Assis - o Homem e o Gênio da Literatura

PARTE I
O Homem - o início de tudo

Quem foi o homem chamado de Joaquim Maria Machado de Assis, nascido


em 21 de junho de 1839 e morto em 29 de setembro de 1908, no Rio de
Janeiro?

Ele nasceu na Chácara do Livramento, foi o primeiro filho de um pintor e


decorador de paredes, chamado Francisco José de Assis, e de uma imigrante
portuguesa, açoriana, chamada Maria Leopoldina. Ele teve uma irmã mais
nova, que faleceu com quatro anos, em 1845. Quatro anos depois, ficou órfão
de mãe. Desde que nasceu, ele teve crises de epilepsia e era gago, daí ter
passado por algumas situações críticas.

Sua infância e adolescência foram passadas nessa chácara junto com os seus
pais. A sua mãe foi protegida da mulher de um senador chamado Bento
Barroso Pereira, D. Maria José Pereira que a estimava muito.

Os primeiros estudos de Machado de Assis foram realizados em São


Cristóvão. Aprendeu latim com o Pe. Silveira Sarmento, inclusive, passou a
ajudá-lo nas missas.

Perdeu a sua mãe, aos dez anos, e o seu pai foi morar em São Cristóvão com
uma nova companheira, Maria Inês da Silva, que o adotou como filho.

Como a sua madrasta era doceira, em uma escola, levava-o com ela e assim o
menino podia assistir às aulas. À noite, Machado de Assis ia a uma padaria
onde aprendeu francês com um forneiro que o ensinava à luz de velas. O
menino era curioso e gostava de ler tudo o que lhe chegava às mãos e passou
a escrever poesias.

Aos 15 anos, conheceu o dono da livraria, do jornal e da tipografia da cidade,


Francisco de Paula Brito. No dia 12 de fevereiro de 1855, começou a trabalhar
na “Marmota Fluminense”, jornal editado por Paula Brito, trazia na página 3, o
poema “Ela”, de Machado de Assis:

"Dos lábios de Querubim


Eu quisera ouvir um sim
Para alívio do coração…”
Naquele local, ele conheceu vários políticos e literatos que gostavam de
poesia e frequentavam a livraria.

Em 1856, Machadinho, como era conhecido, portanto, aos 17 anos de idade,


entrou para a Imprensa Oficial como aprendiz de tipógrafo. No entanto, ele
fugia das suas obrigações para ler os livros de que gostava.

O diretor do jornal, percebendo o talento daquele jovem, incentivou-o a


escrever e o apresentou a três importantes jornalistas: Francisco Otaviano,
Pedro Luís e Quintino Bocaiúva. Os dois primeiros, Otaviano e Pedro, dirigiam
o Correio-Mercantil e o chamaram a trabalhar no jornal em 1858, como revisor
de provas. Nesse ínterim, ele trabalhava, também, para outros jornais. Ele
estreou como crítico teatral na revista “Espelho”.

Aos 20 anos, Machado de Assis já frequentava os círculos literários e


jornalísticos do Rio de Janeiro, capital política e artística do Império.

Em 1860, Machado de Assis foi chamado pelo jornalista Quintino Bocaiúva


para trabalhar na redação do “Diário do Rio de Janeiro”. Além de escrever
sobre todos os assuntos e manter uma coluna de crítica literária, Machado
tornou-se representante do jornal no Senado.

Machado também escrevia no “Jornal das Famílias”, onde suas histórias,


simples, românticas e açucaradas eram lidas nos serões familiares.

Curiosidades sobre Machado de Assis

Por que ele recebeu o codinome de “Bruxo do Cosme Velho"?

Machado de Assis foi apelidado pelos vizinhos de “Bruxo do Cosme Velho”,


pois teria queimado cartas em um caldeirão em sua casa que ficava na Rua
Cosme Velho”. (cit. actamedicaportuguesa.com)

Por que Machado de Assis não foi escravizado?

Era filho de um ex-escravo, alforriado, e de uma empregada portuguesa,


portanto, era mulato, hoje, chamamos de pardo. Essa situação marcou toda a
sua vida, já que a escravidão só seria abolida no Brasil 49 anos depois do seu
nascimento. Sim, ele sofreu preconceito racial em toda a sua vida, até porque
ele vivia no meio de brancos. O que acontece é que ele foi criado em um
ambiente em que a sua mãe, protegida pela esposa de um senador, não
permitiu que o menino fosse escravizado. De outra forma, à medida em que se
deu a sua educação formal, Machado de Assis soube aproveitar as situações,
informais, para se informar sobre os livros e conhecer pessoas influentes que
viam, nele, uma pessoa culta.

Ele sofreu severas críticas de seus contemporâneos pois não se envolveu em


lutas, nem em reivindicações contra a escravidão. Suas obras não foram de
cunho escravista nem tratou, particularmente, temas relacionados à
escravidão em nenhuma de suas obras.

Como era a personalidade de Machado de Assis e como ele vivia?

Em algumas biografias, aparece que era epilético, apresentava sinais de


gagueira, mas não há comprovação desses dados. O fato era que ele por ser
pardo e pobre, embora não ter vivido uma pobreza extrema, contribuiu para a
formação de sua personalidade insegura e reclusa. Ele enfrentou muito
preconceito para conseguir reconhecimento, mas por sempre estar pronto a
aprender e a exercer os seus talentos, conseguiu atrair pessoas que o
reconheceram. Ele conseguiu canalizar as suas inseguranças para as leituras
e criação de textos excepcionais, uma vez que era um observador sagaz da
sociedade de que participava. Machado de Assis encontrou apoio em
profissionais que admiraram o seu trabalho e reconheceram a sua
genialidade.

Sua vida particular foi bem discreta e lhe serviu de base segura para que
pudesse viver junto a quem o amava. Sua esposa, uma portuguesa, Carolina
Augusta Xavier de Novaes Machado de Assis, irmã de seu amigo, Faustino Xavier

de Novais, um poeta, solteirão, era mais velha que ele, nasceu em 1835,
ensinou-lhe a conviver melhor com as pessoas e foi seu grande amor. O casal
viveu junto por 35 anos, de 1869 a 1904, e não teve filhos, talvez tenha sido,
citando a fala de Brás Cubas: “não teve filhos porque não queria transmitir a
nenhuma criatura o legado de nossa miséria, seu legado comprova-nos que
transmitiu a todas as criaturas um sentido verdadeiramente superior de nossa
condição”.

Um autor de romances e contos geniais

Sua genialidade aflorou, com o tempo, e ele conseguiu construir narrativas em


que era possível enxergar as situações, por vários ângulos, porque os seus
narradores ora faziam parte da trama, como observadores ou co-participantes,
ora já havia morrido, no caso de Brás Cubas, em Memórias Póstumas de Brás
Cuba. Neste último livro, o “defunto autor” ou “autor defunto”, como o
personagem narrador se auto declara, narra os acontecimentos e descreve os
personagens com a isenção de quem não devia nada e enxergava claramente
todo o panorama social uma vez que já havia morrido. Aliás, na História da
Literatura Universal, jamais um escritor havia criado um personagem como tal.
Em seus romances, a ambiguidade leva o (a) leitor (a) a buscar se aprofundar
no texto e, mesmo assim, acaba por dar margem a várias interpretações.

O melhor de sua obra, segundo os críticos literários, foi a sua “trilogia


realista", também chamada de “tríade machadiana” - “Dom Casmurro” (1899),
“Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881) e “Quincas Borba” (1891),
romances marcados, principalmente, pela ironia e pelo pessimismo. Aliás,
esses romances foram os responsáveis pelo que ficou conhecido como o
“Estilo Machadiano”.

Quais os romances escritos por Machado de Assis?

● Ressurreição (1872)
● A Mão e a Luva (1874)
● Helena (1876)
● Iaiá Garcia (1878)
● Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
● Casa Velha (1885)
● Quincas Borba (1891)
● Dom Casmurro (1899)
● Memorial de Aires (1908)*
* Este último livro foi escrito em 1907 e publicado em julho do mesmo
ano de sua morte em 1908.

Quais são os poemas de Machado de Assis?

● A Carolina*
● ERRO
● Crisálidas (1864)
● LIVROS E FLORES
● Falenas (1870)
● Poesias Americanas (1875) ● EPITÁFIO DO MÉXICO.
● O VERME.

* "A Carolina" é reconhecido como o último poema de Machado, tendo


sido citado como o "preito de saudade à esposa morta".
Machado de Assis publicou ● Capítulo dos chapéus
inúmeros contos ● O carro nº 13
I (cont.)
A ● Um incêndio
● Incorrigível
● As Academias de Sião ● A inglesinha Barcelos
● Adão e Eva
● Uma águia sem asas
● O Alienista J
● Almas agradecidas ● João Fernandes
● Um Almoço ● Jogo do bicho
● Um Ambicioso
● Anedota do cabriolet
● Anedota pecuniária L
● O Anel de Polícrates ● Lágrimas de Xerxes
● O Anjo das donzelas ● O Lapso
● O Anjo Rafael ● Letra vencida
● Antes a rocha Tarpéia ● Linha reta e linha curva
● Antes da missa ● Longe dos
● Antes que cases... olhos...
● Um Apólogo ● Uma loureira
● O Astrólogo ● Luís Soares
● Astúcias de marido
● Aurora sem dia
● Ayres e Vergueiro
M
● Alcibíades ● O machete
● A mágoa do infeliz
Cosme
● Manuscrito de um
B sacristão
● Marcha fúnebre
● Bagatela
● Maria Cora
● Um Bilhete ● Mariana (I)
● As Bodas de Luís Duarte ● Mariana (II)
● Uns Braços ● Brincar ● Médico é remédio
com fogo ● A melhor das noivas
● O melhor remédio
● A menina dos olhos
C pardos
● O califa de platina ● Metafísica das rosas
● O Caminho de Damasco ● Miloca
● Canseiras em vão ● Miss Dollar
● Cantiga de esponsais ● Missa do galo
● Muitos anos depois
● Cantiga velha
● A mulher de preto
● Um cão de lata ao rabo
● A mulher pálida
● Um capitão de voluntários
● Uma Carta
● O capitão Mendonça
● A Carteira ● Entre duas datas
● A Cartomante ● Entre Santos
● Casa velha N
● Casa, não casa
● Casada e Viúva ● Na arca
● O caso Barreto ● Não é mel para boca
● O caso da vara de asno
● O caso da viúva ● Nem uma nem outra
● O caso do Romualdo ● Uma noite
● A causa secreta ● Noite de almirante
● A Chave O
● A chinela turca ● Os óculos de Pedro
● Cinco mulheres Antão
● Como se inventaram os ● Onda
almanaques ● Onze anos depois
● O cônego ou metafísica ● O oráculo
do estilo ● Orai por ele!
● Confissões de uma viúva
moça
P
● Conto Alexandrino ● O pai
● Conto de Escola ● Pai contra mãe
● O contrato ● O País das quimeras
● Conversão de um avaro ● Papéis Velhos
● Curiosidade ● A parasita azul
● Curta história ● Uma partida
D ● O Passado, o passado
● A pianista
● D. Benedita ● Pílades e Orestes
● D. Jucunda ● Pobre cardeal!
● D. Mônica ● Pobre Finoca!
● D. Paula ● Ponto de Vista
● Decadência de dois ● Uma por outra
grandes homens
● Possível e impossível
● A desejada das gentes
● Primas de Sapucaia!
● O destinado
● O programa
● Um dia de entrudo
● Diana
● O Dicionário Q
● O Diplomático
● Um dístico ● Qual dos dois?
● Dívida Extinta ● Um quarto de século
● Duas juízas ● O que são as moças
● Quem boa cama faz...
● Quem conta um
E conto...
● Quem não quer ser
● Elogio da vaidade lobo...
● O empréstimo ● Questão de vaidade
● Encher tempo ● Questões de maridos
● O Enfermeiro ● Quinhentos contos
● Ernesto de Tal ● O rei dos caiporas
● Um Erradio ● O relógio de ouro
● O escrivão Coimbra ● Rui de Leão
● O Espelho
● Um esqueleto
● Eterno! S
● Evolução ● O sainete
● Ex Cathedra ● Sales
● Uma excursão milagrosa ● O Segredo de Augusta
● O segredo do bonzo
● A segunda vida
F ● Sem olhos
● A felicidade ● Uma Senhora
● Felicidade pelo ● A Senhora do Galvão
casamento ● A sereníssima
● Umas Férias república
● Fernando e Fernanda ● Silvestre
● Filosofia de um par de ● Singular Ocorrência
botas ● Só!
● Flor anônima ● Um sonho e outro
● Folha rota sonho
● Francisca ● Suje-se Gordo!
● Frei Simão
● Fulano
T
● O Teles e o Tobias
G ● Tempo de crise
● Galeria póstuma ● Teoria do medalhão
● Terpsícore
● To be or not to be
H ● Três conseqüências
● Habilidoso ● Três tesouros perdidos
● A herança ● Trina e una
● História comum ● Trio em lá menor
● História de uma fita azul ● Troca de datas
● História de uma lágrima
● Um homem célebre
● Um homem superior U
● A última receita
● Último capítulo
I ● O último dia de um
● A idéia do Ezequiel Maia poeta
● Idéias de Canário
● Identidade
● A Igreja do Diabo
● O imortal V
R ● Valério
● Vênus! Divina Vênus! ● Verba testamentária
● Viagem à roda de mim mesmo
● A vida eterna
● Vidros quebrados
● Vinte anos! Vinte anos!
● Virginius
● Uma Visita de
● A viúva Sobral
● Viver!

1. ↑ ABRAMO, Claudio Weber. Contos completos de Machado de Assis.

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