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curricular
1 INTRODUÇÃO
Diante do exposto podemos inferir que a noção de currículo tida em sua maior
compreensão é a de um texto prescrito, exercido de forma vertical por instituições
oficiais, em que “[...] a construção e implementação de um currículo envolve a
gestão pública, a gestão escolar e a comunidade como um todo (BORBA; RABELO;
ALMEIDA, 2018, p. 547).
A representação do currículo nos espaços de escolarização passou ao longo
do tempo por muitas transformações, tanto em seus sentidos quanto em suas
funções. Neste aspecto, homologada pelo Ministério da Educação (MEC) em 2018, a
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Base Nacional Comum Curricular (BNCC) resume as práticas curriculares de forma
até mesmo minimizada, controlada e direcionada a interesses particulares e
limitando o fazer pedagógico dos professores, entendendo que dessa forma, a
BNCC enquanto texto oficial e prescritivo [...] é o atual documento direcionador dos
currículos escolares do Estado brasileiro [...] a Base reforça o controle e a prescrição
do conhecimento a ser ensinado, além do modo de fazer nas produções
curriculares. (DINIZ; MOURA, 2020, p. 1670).
A noção de flexibilização curricular se baseia na ação de adaptação da prática
docente a realidade em que se insere o processo de ensino, o cárcere, situação em
que o sujeito histórico e social se encontra privado de sua liberdade. No entanto, a
Educação ainda é considerado um direito básico do ser humano, adaptada a
realidade em que os sujeitos e encontram, assim como o currículo que direciona a
prática docente, tendo em vista que “para ser válida a educação deve considerar as
condições em que o homem vive num exato lugar, momento e contexto” (FREIRE,
1980, p.34).
Sendo assim, a flexibilização curricular colocada em curso no ambiente
prisional é expressão de uma construção de valores, relações e formas de
socialização nos espaços prisionais, considerando o seu cotidiano, práticas e
rotinas, regido por um modo peculiar de existência, apresentando regras, condutas e
seus códigos específicos, em que as teias de relações tecidas se dá diante da
apropriação da cultura e dos elementos do contexto em que se encontram os
aprisionados (CARVALHO, 2012).
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Quanto às práticas docentes em ambientes não escolares que exigem
estratégias específicas de adaptação curricular identificamos que na educação
dentro das prisões é trabalhada a modalidade de Educação de Jovens e Adultos
(EJA) com os mesmos conteúdos trabalhados nas escolas extramuros. Isto nos
parece incongruente, visto que, o ambiente prisional apresenta características,
normas e peculiaridades, absolutamente, discrepantes da realidade dos espaços
escolares do ensino regular.
Constata-se a partir disso que é de grande significância haver um currículo
específico para trabalhar a ressocialização da pessoa em situação de privação de
liberdade, uma vez que, a finalidade da educação no sistema prisional vai além dos
objetivos propostos no ensino nas escolares regulares. Sobre isso, Sanches e
Machado (2022, p. 5) defendem que:
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Assim como o ensino nas escolas regulares, o ensino no ambiente prisional
também está regido pela BNCC, moldando o fazer pedagógico em um espaço que é
necessário um conhecimento mais aprofundado da realidade para se elaborar
conteúdos que devem ser trabalhados atendendo as especificidades daquela
população. E assim, professores e professoras se veem atuando em uma instituição
que visa a reeducação por meio de mecanismos punitivos análogos à instituição
escolar, transmitindo conteúdos que não se aplicam totalmente ao contexto no qual
estão inseridos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidades terminais: as transformações na política da
pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Editora Vozes, 1996.