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Conforme PACHECO (2007) citado por PEREIRA (2014:17), o termo currículo vem do
latim curriculum que significa lugar onde se corre ou corrida, derivado do verbo currere que quer
dizer percurso a ser seguido ou carreira. Neste sentido, o significado de currículo refere-se “a um
curso a ser seguido, a um conteúdo a ser estudado”.
Reflecte, assim, “uma sequência de conteúdos definidos socialmente, com base em sequências
definidas para o processo de aprendizagem”.
O currículo é constituído por elemento nuclear do processo pedagógico, pois é ele que viabiliza o
processo de ensino e aprendizagem onde são trabalhados o que devo ensinar, para que ensinar,
como ensinar. O currículo é a ligação entre a cultura e a sociedade exterior a escola é a educação
entre os conhecimentos herdados e a aprendizagem dos alunos.
Tipos de Currículo
Conforme Jesus (s/d) citado por PEREIRA (2014:19) diz que estudos realizados a respeito do
currículo a partir das décadas de 1960-70 salientam que existem vários níveis de Currículo,
sendo que tais níveis “servem para fazer a distinção de quanto o aluno aprendeu ou deixou de
aprender”.
Assim, para melhor compreender a estrutura do currículo, é importante conhecer suas diferentes
dimensões, pois como visto, ele apresenta várias nuances. Platt e Abrahão (s/d) citado por
(PEREIRA, idem, p. 19) apontam que no contexto escolar coexistem três tipos de currículo.
Assim, na sequência será descrito três faces do currículo: o formal, o real e o oculto.
Currículo Formal
Tendo em mente que o “currículo formal refere-se aquele que é estabelecido pelos sistemas de
ensino ou instituição educacional” (LIBÂNEO citado por MEDEIROS et al, s/d) percebe-se que
as variações do currículo se mostram nas instituições sendo influenciada de diversas formas, pois
será a consequência das muitas intenções de cada administração.
Segundo (Medeiros et al, s/d; Veiga, 2002) diz que o currículo é um ponto essencial da estrutura
educacional e faz parte do Projecto Político Pedagógico da instituição de ensino. Dessa forma o
mesmo deve ser raciocinado e reflectido pelos indivíduos que em sua interacção possuem uma
meta em comum e optam por uma teoria que sustenta a mesma.
Neste sentido os autores apontam que o currículo não é estático, pois está em constantes
mudanças feitas pelo ambiente educacional. Veiga citado por Medeiros et al., (s/d) aponta que ao
analisar o currículo e compreender o processo de elaboração do conhecimento educativo, torna-
se amplo o entendimento sobre os temas curriculares.
O currículo é uma ferramenta que será usada para aproximar-se do ambiente social e educativo.
As instituições por intermédio do currículo desempenham um papel social indispensável aos
alunos.
De acordo com Libâneo e Oliveira (2003) citado por Platt e Abrahão (s/d) o currículo
conceituado como "formal" e que pode ser chamado de "oficial" foi estabelecido pelo sistema
educacional, expresso em normas curriculares, desde seus objectivos até os conteúdos das áreas
ou disciplinas de estudo.
Referindo-se a Kelly citado por Camacho (2010) aponta que o currículo "formal" está ordenado
na mesma concepção do currículo oficial, isto é, são as finalidades, conteúdos e tarefas
apresentadas pela escola, sendo possível avaliá-los.
Currículo Real
Currículo real é o que passa a ser realidade no espaço escolar com docentes e alunos, a cada
momento em consequência de um projecto político pedagógico e dos propósitos de ensino
(JESUS, s/d; LIBÂNEO e OLIVEIRA apud PLATT e ABRAHÃO, s/d). Neste contexto, o
currículo real é “tanto o que sai das ideias e da prática dos professores, da percepção e do uso
que eles fazem do currículo formal, como o que fica na percepção dos alunos”.
Lima, Lemos e Anaya (2006, p.148) citado por PEREIRA, idem, p. 21) apontam que as
considerações acerca do currículo começaram a desenvolver-se em 1960 na Grã-Bretanha e
evidenciavam interesses não só pela estrutura e pelo efeito social da educação, “mas também
pelos conteúdos e programas de ensino, pelos tipos de conhecimento, pelas significações e pelos
valores que constituem a substância do currículo”.
Na década seguinte surge outro modo de olhar o currículo, buscando-se mostrar o carácter
socialmente construído dos conteúdos escolares, contrapondo-se as evidências que
preponderantes da época e as ideias de professores e teóricos da educação, tais como a de
consistência de hierarquia de valores culturais e epistémicos, o empenho da instituição escolar
em “conservar e transmitir a herança da alta cultura e, mais amplamente, a concepção de uma
universalidade da razão” (LIMA; LEMOS; ANAYA, 2006, p. 148).
Atentando ao que foi exposto entende-se que é essencial, além das informações desenvolvidas no
currículo real, instigar ainda modificações de conduta por meio da aquisição de princípios, que
por sua vez serão revertidas em atitudes e habilidades intelectuais (LIMA; LEMOS; ANAYA,
2006, p. 149) citado por PEREIRA, idem, p. 21).
Currículo Oculto
Na perspectiva de Fino (s/d); Kelly (1980) citado por (PEREIRA, idem, p. 22) refere que o
currículo "oculto "identifica-se com os factos aprendidos pelos alunos na escola, porque o
trabalho escolar é planeado e ordenado, separando-se a aprendzagem das funções sociais, assim
como os papéis e comportamentos relacionados a diferentes aspectos da vida.
Fino (s/d) definiu o currículo oculto como os princípios e os valores que estão implícitos, mas
são “efectivamente ensinados nas escolas”. No entanto, não é hábito mencioná-los ao declarar as
finalidades e os objectivos que são formulados pelos docentes.
Na visão de Camacho (2010), o currículo oculto indica as práticas e mudanças educacionais que
orientam e resultam nas aprendizagens não explícitas e nem propostas pelos projectos
educacionais. Podendo ainda ser considerado como “a aquisição de valores, atitudes, processos
de socialização e formação moral”.
Resumindo, na visão de Camacho (2010), o currículo oculto pode ser classificado como um
conjunto de comunicações transmitidas de modo oculto e danoso pelo ensino e pelo docente, e
que não se encontram escritas nos documentos oficiais.
Sendo assim, a autora entende que o currículo oculto tem uma função essencial no processo de
transmissão de crenças e valores aos educandos.
Dados estes factos, é necessário analisar com cuidado os processos educativos não considerando
como evidentes as estruturas, os métodos de ensino, os conteúdos dos programas, as relações
professor-aluno.
Modelos Curriculares
Segundo RIBEIRO (2012), qualquer currículo apresenta, de modo explícito ou implícito, uma
estrutura de relações entre todas ou algumas das suas componentes.
Para este autor, a escolha de um modelo de organização curricular deve, em princípio, constituir
uma decisão deliberada e esclarecida e não ser fruto de circunstâncias de simples omissão; só
assim ela corresponderá aos princípios e intenções que presidem à concepção de um currículo. A
diversidade de princípios e fins traduzir-se-á na variedade de estruturas curriculares.
Os modelos de organização curricular disponíveis não existem, na prática, sob formas «puras» e
estão sujeitos a evolução ou adaptações, permanecendo sempre a hipótese de invenção de novos
tipos de estruturas curriculares, em função das realidades concretas do ensino. Em especial,
tendo em conta limitações e vantagens inerentes a cada um dos modelos disponíveis, pode ser
benéfico e equilibrado utilizar diferentes estruturas para diferentes segmentos de um currículo
total adoptado no sistema escolar, em vez de este se restringir a um único tipo de organização,
facto que, na prática, tende a acontecer (GRESS, 1978; KLEIN, 1985 citado por RIBEIRO,
2012).
As características e pontos de vista expressos pelos proponentes deste modelo podem sintetizar-
se nas seguintes afirmações:
c) Este tipo de organização curricular justifica-se, ainda, pela sua conveniência operacional -
com tradição firmada - facilitando a sua concretização prática, designadamente em termos de
horários lectivos, composição de turmas e do sistema tradicional de formação de professor por
disciplinas. (RIBEIRO, 2012).
O tempo de ensino é dividido em blocos para cada disciplina, cuja gestão pelo professor e
utilização pelo aluno devem ser maximizadas, dentro dos limites disponibilizados.
Esta estrutura curricular apresenta, entre outras, as seguintes características que exprimem, aliás,
as perspectivas dos que a propõem:
a) Representa uma ruptura clara com o currículo estruturado por disciplinas quer se trate de
disciplinas isoladas, correlacionadas e fundidas ou de áreas disciplinares alargadas, eliminando
as divisões entre elas e aproximando-se dos problemas actuais e relevantes, do ponto de vista
sociocultural ou outro;
Atenta e evidente dificuldade de execução adequada mas reconhecendo as vantagens que advêm
deste modelo transdisciplinar - em termos de integração de conhecimentos vários, de relevância
pessoal ou social e dos efeitos educativos de tal tipo de aprendizagem - esta modalidade de
organização curricular não deve ser proposta como modelo macrocurricular mas, de preferência,
ser ensaiada e adoptada em segmentos curriculares mais «manejáveis», como aliás acontece em
outros sistemas educativos; a reserva de «espaços» curriculares com tal finalidade e estrutura
justifica -se, sem sombra de dúvida, não falando, obviamente, da sua adopção legítima e
aconselhável em unidades microcurriculares, a nível de programas escolares estabelecidos,
sempre que seja possível reunir as condições apropriadas para esse efeito (RIBEIRO, idem).
Esclarece-se que este modelo estrutural se pode, em princípio, aplicar tanto a currículos focados
na transmissão/compreensão de conteúdos ou matérias como aos que se centram mais na análise
de, ou intervenção em, situações e problemas sociais, onde, aliás, encontra um terreno de
aplicação propício, como seguidamente se refere.
Por sua vez, Fogartn (1997) sugere os seguintes modelos curriculares, para múltiplas
inteligências na sala de aula:
- APRENDIZAGEM TEMÁTICA: o tema é uma grande ideia (ou conceito-chave), tal como,
amizade, exploração ou inteligência. Estes elementos integram as disciplinas e permitem a
organização do desenvolvimento curricular.
Significado e importancia
Como já se assinalou, em capítulo anterior, a decisão sobre o modelo estrutural fundamenta-se na
análise de factores e influências condicionantes do currículo e na apreciação sobre a
exclusividade, predominância ou equilíbrio que se concede a esses critérios justificativos: a
sociedade, o educando e o saber estruturado. Questões de ordem científico-técnica sobre o
planeamento e implementação das componentes curriculares são, também, consideradas na
selecção de uma ou outra «estrutura» do currículo: objectivos, conteúdos, experiências de
aprendizagem, estratégias e meios de ensino, avaliação e factores de organização escolar
admitem diversas modalidades de estruturação, dando origem a diferentes modelos curriculares.
Qualquer currículo apresenta, de modo explícito ou implícito, uma estrutura de relações entre
todas ou algumas das suas componentes. A coerência interna de um currículo resultará da
compatibilidade entre decisões sobre pressupostos justificativos e componentes curriculares; tal
coerência acentua a possibilidade de o impacto desejado sobre os educandos se verificar e,
inversamente, a falta de consistência entre critérios e componentes do currículo contribuirá para
diminuir esse impacto potencial (Klein, 1985).
Os modelos de organização curricular disponíveis não existem, na prática, sob formas «puras» e
estão sujeitos a evolução ou adaptações, permanecendo sempre a hipótese de invenção de novos
tipos de estrutura curricular, em função das realidades concretas do ensino. Em especial, tendo
em conta limitações e vantagens inerentes a cada um dos modelos disponíveis, pode ser benéfico
e equilibrado utilizar diferentes estruturas para diferentes segmentos de um currículo total
adoptado no sistema escolar, em vez de este se restringir a um único tipo de organização, facto
que, na prática, tende a acontecer (Gress, 1978; Klein, 1985).
Como se depreende do que fica dito, consideram-se, aqui, sobretudo, os modelos de organização
a nível macrocurricular; a nível de unidades didácticas, porém, esta questão estrutural traduz-se
em formas de organização de conteúdos e actividades de ensino que se preconizem e que, de
modo limitado, são análogas às estruturas globais apresentadas para currículos e programas
O tempo de ensino é dividido em blocos para cada disciplina, cuja gestão pelo professor e
utilização pelo aluno devem ser maximizadas, dentro dos limites disponibilizados.
Paralelamente, os espaços de ensino seguem a organização temporal proposta, prevalecendo a
sala de aula, sem prejuízo de outros espaços específicos necessários (ou disponíveis) para os
propósitos próprios de cada disciplina.
As principais vantagens
As principais vantagens do modelo de organização disciplinar resultam das características acima
mencionadas, situando-se no relativo «sucesso» desta forma tradicional de estruturação
curricular - a sua permanência inquestionável no tempo - no pressuposto subjacente de que as
disciplinas constituem um processo sistemático e eficiente de transmitir a «herança cultural» bem
como de desenvolver processos e aptidões intelectuais, no modelo tradicional de formação de
professores que suporta tal modelo e na conveniência ou facilidade de organização escolar que
claramente o favorece.
As limitações
As limitações deste tipo curricular - pelo menos, na sua forma mais pura - têm que ver, em
síntese, com os seguintes aspectos maiores:
É discutível que a organização lógica das disciplinas represente a melhor estrutura para a
aprendizagem dos conteúdos curriculares, tendo presente que o processo de
aprendizagem de uma matéria pelos alunos não segue, necessariamente, a lógica de
transmissão de um saber já previamente completo e estruturado segundo critérios
exclusivos do especialista dessa matéria;
Pode evidenciar um conflito difícil de sanar entre a formação geral do aluno e a acção
especializada - concebendo o aluno como «miniatura» do especialista de uma disciplina e
formando-o num estilo de pensar específico desse domínio - designadamente no contexto
de uma educação básica alargada;
afastar-se dos problemas sociais e situações reais, ou dos interesses e experiências dos
alunos, em virtude da orientação «académica», de uma certa complexidade conceptual e
de um tratamento pouco funcional que parecem presidir a este modelo bem como da
natureza pluridisciplinar, ou mesmo interdisciplinar, dos problemas sociais e reais a
resolver;
A organização pluridisciplinar
Assenta na correlação de duas ou mais matérias que se coordenam, visando o tratamento, da
perspectiva própria de cada uma, do mesmo terra, problema ou período histórico, mantendo a sua
autonomia e um ensino separado.
O princípio subjacente a este tipo organizativo é o do reforço mútuo da aprendizagem em duas
ou mais disciplinas. Assim, por exemplo, coordena-se o ensino da Língua Portuguesa
(Literatura) com o da História e''/ou da Geografia. Esta correlação pode ser delineada na própria
elaboração dos respectivos programas que se ajustam ou ao nível de certas unidades didácticas
que ocorrem no mesmo tempo escolar.
Alguns mecanismos organizacionais podem facilitar a correlação de disciplinas, tais como a
leccionação pelo mesmo professor de duas ou mais matérias, cujo ensino se articula, a
leccionação da mesma turma por dois professores e em tempos lectivos diferentes (ajustamento
de horários de docência) ou a leccionação de duas turmas de alunos no mesmo tempo lectivo, ora
por um professor ora por outro, cujas actividades ambos coordenam.
A organização por áreas de conhecimentos (isto é, áreas disciplinares mais vastas) Representa
uma variante mais significativa do tipo disciplinar, onde se revelam, claramente, perspectivas
multi e interdisciplinares, uma vez que a separação entre matérias isoladas se esbate bastante.
Exemplo clássico deste tipo de organização curricular é a área de Estudos Sociais, ao nível do
ensino básico, em que se combinam perspectivas e conceitos vindos da história, geografia,
economia, sociologia e outras disciplinas que, eventualmente, se possam agregar, dependendo do
âmbito e organização que se pretendam considerar.
Veja-se, a este propósito, o exemplo que se apresenta em capítulo posterior, quando se analisa o
problema da selecção e organização de conteúdos programáticos (págs. 136- 138). Este modelo
curricular obvia, em grande parte, à atomização e especialização prematura de conhecimentos,
favorecendo, em grau elevado, uma integração de conteúdos programáticos de várias disciplinas
e tornando-os mais significativos e funcionais, uma vez que, de forma directa, não se
privilegiam, sequer, as contribuições específicas de cada disciplina na compreensão do meio
social e humano.
No entanto, esta variante pode incorrer no perigo de uma certa superficialidade de análise, se o
tipo de organização por áreas mais alargadas do saber se traduzir na simples amostragem de
elementos distintos, fornecidos por disciplinas distintas que só intervêm em momentos diferentes
do desenvolvimento do programa de ensino, resultando numa «colecção» arbitrária de
conhecimentos.
Bibliografia