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DESAFIOS
CONTEMPORÂNEOS
Conceituar currículo.
Descrever a evolução do conceito no contexto histórico.
Caracterizar o conceito de currículo na contemporaneidade.
Introdução
Não há como desvincular a ideia de currículo da relação entre ensino e
aprendizagem. Pensar em currículo significa, essencialmente, alargar as
discussões para além de concepções que, historicamente, conceberam-
-no como um rol de conteúdo a ser ensinado em situações formais de
ensino em um tempo previamente demarcado. Assim, tentar defini-lo
não é algo tão simples em função da elasticidade e da heterogeneidade
de posicionamentos que o pensamento pedagógico tem apontado a
respeito dessa questão.
O fato é que a ideia de currículo esteve, durante muito tempo, relacio-
nada ao conteúdo de acordo com a tradição anglo-saxã, cujas discussões
se centravam no que ensinar, enquanto a tradição francesa se preocupou
com a didática, ou seja, com como ensinar. Todavia, estudos mais recentes
alargaram o conceito de currículo de modo a concebê-lo como uma
praxis, considerando-o como parte de um contexto social e cultural e
conferindo a ele um caráter dinâmico.
Neste capítulo, você vai ver uma discussão sobre a conceitualização
em torno da ideia de currículo, conhecendo sua evolução na história e
sua compreensão na atualidade.
2 Currículo: uma análise histórica
3 Currículo na contemporaneidade
A discussão sobre currículo na contemporaneidade exige que tratemos, pri-
meiramente, de questões gerais sobre o cenário educacional, cada vez mais
marcado pela diversidade.
Portanto, não há como desvencilhá-lo dos aspectos sociais, uma vez que,
direta e indiretamente, produz e reproduz conhecimentos, valores, crenças,
modos de agir, etc. Talvez por isso Sacristán (2000) o considere indeterminado,
na medida em que está envolto em realidades díspares e complexas.
Considerando a multiplicidade de fatores que interferem no currículo, na
história educacional brasileira, constata-se que, desde os primórdios, a relação
entre currículo e poder era muito tênue, ou seja, com a antiga escolástica, por
exemplo, a educação sempre serviu aos interesses de quem detinha o poder.
E hoje? Como pensar sobre essa questão? O fato é que a universalização da
educação básica requereu da escola um reinventar-se para atender uma demanda
bem diferente da qual estava acostumada, isto é, uma minoria abastada.
A escola, principalmente depois da Constituição de 1988, da Lei nº. 9.349,
de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB), dentre outros documentos legais, precisou remodelar-se para atender o
direito de ingresso de todos no sistema de ensino regular. No entanto, ingresso
e permanência não significam, de fato, iguais condições de atendimento, ou
seja, a garantia do direito subjetivo, considerando-se seres diversos.
Segundo Berticelli e Telles (2017), após a amplificação dos estudos sobre o
currículo na década de 1990, grupos responsáveis pelas dinâmicas de pesquisa
no assunto revelaram que a grande fase enfática da aquisição pós-crítica se
baseava, em sua maioria, nos teóricos Michel Foucault, Jacques Derrida e
Gilles Deleuze. Com isso, países como Portugal trouxeram aos estudos cur-
riculares a temática do multiculturalismo, e a pluralidade cultural existente
em diferentes partes do mundo passou a fazer parte do currículo, junto ao
discurso da diferença e do identitário componente do sujeito, os quais remetem
à lógica de Aristotélica.
O currículo, por sua vez, retoma a ideia de uma educação no contexto social
em que está inserida, construindo, assim, um panorama da realidade vivida.
Deve, segundo Menezes e Araújo (2008 apud BERTICELLI; TELLES, 2017),
abarcar aspectos regionais que foram dissipados ou apagados na história local,
destacando-se nas práticas pedagógicas a fim de firmar a identidade do sujeito.
Segundo Cunha (2014), o currículo deve ser revisto de acordo com a função
do diálogo com as identidades plurais que percorrem as escolas. [...] Percebe-
-se claramente o pensamento curricular corrente na contemporaneidade, sob
a compreensão filosófica de que o currículo não apenas informa, estrutura
10 Currículo: uma análise histórica
relaciona conteúdos, mas, bem mais que isso, produz identidades. O currí-
culo, enquanto texto, é linguagem performativa. Tanto neste caso quanto em
muitos outros que examinamos, adota-se a filosofia da linguagem. Não mais a
filosofia da consciência (BERTICELLI; TELLES, 2017, documento on-line).
Para saber mais sobre a relação entre currículo e prática docente, acesse o link a seguir.
https://qrgo.page.link/QCwny
SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre: Artmed,
2000.
SAVIANI, D. Da nova LDB ao novo plano nacional de educação: por uma outra política
educacional. São Paulo: Autores associados, 1998.
SILVA, M. A. História do currículo e currículo como construção histórico-cultural. In:
CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, 6., 2006, Uberlândia.
Anais [...]. Minas Gerais: 2006. Disponível em: http://titosena.faed.udesc.br/Arquivos/
Artigos_textos_historia/Curriculo.pdf. Acesso em: 23 jan. 2020.
TORRES, R. M. Que (e como) é necessário aprender? Necessidades básicas de aprendizagem
e conteúdos curriculares. 2 ed. Campinas: Papirus, 1995.
TREVISAN. A. L.; MENDES, M. T. Currículos praticados e avaliados em aulas de matemática:
o papel dos mitos e ritos perpetuados no cotidiano escolar. In: FÓRUM NACIONAL SOBRE
CURRÍCULOS DE MATEMÁTICA, 3., 2015, Ilha Solteira. Anais [...]. São Paulo: Faculdade de
Engenharia de Ilha Solteira da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,
2015. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/293644704_CURRICU-
LOS_PRATICADOS_E_AVALIADOS_EM_AULAS_DE_MATEMATICA_O_PAPEL_DOS_
MITOS_E_RITOS_PERPETUADOS_NO_COTIDIANO_ESCOLAR. Acesso em: 22 jan. 2020.
Leituras recomendadas
FERREIRA, R. V. J.; NEVES, T. C. F. Os desafios da contemporaneidade: o currículo e suas
implicações para a formação da identidade. Revista Virtú, v. 2, n. 16, 2010. Disponível
em: www.ufjf.br/virtu/files/2010/04/artigo-2a16.pdf. Acesso em: 9 jan. 2020.
SCHMIDT, E. S. Currículo: uma abordagem conceitual e histórica. Publicatio UEPG:
Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes, v. 11, n. 1, 2003. Disponível em: https://
www.revistas2.uepg.br/index.php/humanas/article/view/492. Acesso em: 23 jan. 2020.
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