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do paulatinamente, por pequenos incre­ ereto sobreadensamento (e do sobrea­ níveis já são suficientes para se propor

mentas (ou decrementos, dependendo densamento diferencial induzido pelos uma solução conceituai.
do lado); sabe-se também que nessas edifícios vizinhos) recomendaria a utili­
circunstâncias de carregamento cresce zação de uma teoria não-linear para bem 4. Solução proposta
a relevância dos efeitos viscosos (seme­ representar a compressibilidade da ar­ 4.1. Considerações preliminares
lhantes, por exemplo, à deformação len­ gila. Postula-se, porém, que do ponto Liminarmente deve-se preconizar que
ta do concreto). A existência de um dis- de vista prático as informações dispo- o problema seja atacado na sua gênese:

sideradas todas as incertezas envolvidas.


Conforme já se discutiu, a origem exata dos
recalques diferenciais não é muito relevante
Projeto SMDM: quantificação preliminar para a correção do problema mediante a apli­
cação de sobrecargas, mormente se se consi­
derar a escassez de investigações experimen­
Uma vez apresentado o conceito, resta dis­ tais da relação entre as cargas reais de pilares
zb
cutir pormenores específicos de projeto e de de edifícios e as respectivas cargas de proje­
implementação. O projeto SMDM requer algu­ to. A informação essencial da análise acima é
r = CR • J log (crE1 / cr01) dz
mas quantificações:
(1)
zt que os efeitos que se procuram reverter de­
■ valor e distribuição da sobrecarga modular; correm de uma assimetria cujo valor final
■ localização, comprimento e espaçamento (atual) é próximo de 1,5.
dos drenas;
onde z, e zb correspondem às profundidades
A sobrecarga deve estar tão concentrada
■ tempo de permanência da sobrecarga mo­
do topo e da base da camada de SFL;
■ conhecidas as tensões verticais geostáticas quanto possível junto à linha de pilares cujos
dular; iniciais e adotada uma solução da Teoria da recalques devem ser aumentados, para
■ tipo e freqüência do monitoramento. Elasticidade linear para representar o campo maximizar sua eficácia e reduzir os efeitos so­
de tensões no maciço, pode-se chegar a uma bre os vizinhos. Nesse sentido seria desejável
Valor e distribuição da sobrecarga modular relação entre cargas à esquerda e à direita que sobrepor os módulos em mais do que uma ca­
Conforme se discutiu no item "Causas prová­ poderiam ter provocado os recalques diferen­ mada. Essa vantagem deve, no entanto, ser
veis", seria vã qualquer tentativa de buscar, por ciais observados. ponderada frente à necessidade de escava­
meio dos modelos simplistas usuais, explicar Adotou-se para a razão de compressão, CR = ções mais profundas, eventual influência do
a evolução dos recalques diferenciais para, a Cc / (1 +e0), dos SFL um valor da ordem de 0,4 nível d'água (principalmente dependendo da
partir dela, definir o valor das sobrecargas a (Massad, 1994). Para representação do campo existência ou não de subsolo), etc.. Por outro
serem aplicadas. Optou-se, alternativamente, de tensões o carregamento foi simplificado para lado, haverá casos em que a sobrecarga po­
pelo método direto: considerando que a argila uma carga linear vertical, aplicada abaixo da derá ser até benéfica para os vizinhos, não se
é a principal responsável pelos recalques (e superfície de um maciço elástico linear, adotan­ justificando, portanto, concentração exagera­
que sobrecargas serão utilizadas para do-se então a solução de estado plano de de­ da. Para deflagrar o processo de reversão dos
uniformizá-los), por que não inquiri-la direta­ formações de Mélan (Paulos & Davis, 1974). recalques diferenciais adotou-se, no caso pre­
mente sobre os carregamentos que poderiam Para o recalque diferencial máximo observado sente e na falta de outras informações, sobre­
ter provocado os recalques diferenciais obser­ (Dr = 26,5 cm) essa análise levou a uma rela­ carga em camada única, com valor de 11 tf/m
vados? ção R/R0 = 1,47, onde R representa a reação (da ordem de 1/4 daquele que teria provoca­
Neste estudo preliminar faz-se isso da seguin­ do solo sob cada linha de pilares (respectiva­ do o desaprumo). Esse valor pode parecer ex­
te forma aproximada: mente a da esquerda e a da direita). cessivamente conservador, mas pelas razões
■ escrevem-se as expressões dos recalques Esse resultado sugere que o recalque dife­ apresentadas no item "Causas prováveis" (es­
observados, à esquerda e à direita, como inte­ rencial observado poderia ter sido provocado sencialmente equilíbrio) deve-se contar, aqui
grais das deformações verticais na camada de por cargas assimétricas na razão de 1,47, va­ também, com a migração de cargas decorrente
SFL; o recalque diferencial observado é a dife­ lor esse muito superior ao da assimetria das da tendência de uniformização dos recalques.
rença dessas duas integrais; cargas aplicadas pelo edifício à fundação logo Além disso, a instalação dos drenas causa um
■ as deformações verticais (ou índices de va­
zios) dessas expressões são a seguir escritas
após a construção (RE 0 / R 00 = 1,06/0,94 =
1, 13). A migração de cargas decorrente do
1erto amolgamento, que induz novos recalques
sob as cargas pré-existentes.
em função das tensões verticais, através da ex­ próprio recalque diferencial explicaria uma re­ Foi considerando as dificuldades em se
pressão da curva de compressão da argila (e lação adicional de 1,173/0,827 = 1,42 (cor­ quantificar esses dois últimos efeitos com os
vs. log cr); respondente ao último ponto da curva de mi­ modelos simplificados utilizados neste projeto
■ obtém-se assim a expressão 1, que rela­ gração da Figura 3) A combinação dos dois conceituai, bem como a adaptabilidade ineren­
ciona o recalque diferencial observado às ten­ efeitos levaria a uma razão de 1,60, valor esse te à solução proposta, que se optou por pro­
sões verticais finais à esquerda e à direita: não muito diferente do 1,47 calculado, se con- por que a intervenção seja iniciada com uma

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- particulam1ente em pro­ ■a solução tem que ser muito econô­
blemas de adensamento - mica (sob pena de jamais ser sequer
e a possibilidade de dife­ considerada);
rir despesas sem compro­ ■esforços não devem ser poupados
meter a segurança e me­ para minimizar (no espaço e no tem­
lhorando, enquanto isso, po) os distúrbios aos condôminos (ruí­
as condições de utilização dos, interdições de áreas, poeira, sujei­
do edifício. ra, etc.);
A análise das medidas de ■a atuação primeira e preferencial deve
recalques (interpretadas ser sobre a camada de SFL;
pelo processo de Asaoka, ■uma redução do desaprumo, com ra­
1982) sugere que as zoável garantia de evolução controlada
sobrepressões neutras, da situação ao longo do tempo, é a so­
induzidas nas camadas de lução com melhores chances de atingir
argila pela carga do edifí­ a fase de implementação.
cio, já estão praticamente
dissipadas. A progressão 4.3. Conceito: Sobrecarga Modular
dos recalques deve, por­ temporária, com Drenos geossinté­
tanto, estar associada prin­ ticos flexíveis e Monitoramento
cipalmente a fenômenos (SMDM)
viscosos - a chamada com­ Propõe-se, essencialmente, carregar o
pressão secundária das ar­ lado menos recalcado para que os seus
gilas (Taylor, 1948) - e à recalques se aproximem daqueles do
redistribuição de cargas outro lado. Sugere-se que a sobrecarga
provocada pelo desapru­ seja composta por módulos metálicos
mo. Na ausência de sobre­ especialmente fundidos, em forma de
pressões neutras significa­ paralelepípedos, com as seguintes di­
tivas, drenos verticais não mensões: 1 m x 1 m x 0,5 m, se forem
seriam eficazes para ace­ blocos de chumbo, ou l m x 1 m x 0,7
lerar os recalques do lado m, se forem blocos de aço. Essas di­
menos recalcado. mensões conferem a cada módulo um
Edifício típico da orla peso aproximado de 5 tf, tornando-os
de Santos, alongado 4.2. Premissas facilmente transportáveis e movíveis por
na direção perpendicular: Sobre o pano de fundo do item 4.1 equipamentos usuais. Para tanto, esses
recalque e desaprumo
(Considerações preliminares) propõe-se blocos também deverão ter três alças
uma solução, baseada nas premissas se­ (pontos de suspensão) embutidas na
guintes: face superior. Por serem reaproveitáveis,

ACDM: uma possibilidade


"Foo/s rush in where Angels tear to tread" gado, para a posição "a", com menor índice amolgar a argila nas proximidades de poten­
(Pope) de vazios, sem que haja variação das tensões ciais superfícies de ruptura. O fato é que a
aplicadas. Esse comportamento sugere a pos­ "amolgabilidade" da argila não é suficiente­
ACDM, a solução potencialmente mais eco­ sibilidade de se induzirem novos recalques mente conhecida para que se possam proje­
nômica e elegante, ainda não está madura para sem a necessidade de aplicação de novas tar as posições (em planta e em profundida­
aplicação. O ACDM é o Amolgamento Confi­ cargas. de) e a intensidade de amolgamento suficientes
nado com Drenas geossintéticos flexíveis e O que faz com que o ACDM não esteja ma­ para provocar a uniformização dos recalques,
Monitoramento. A solução é portanto semelhan­ duro para a utilização é exatamente o C de sem deflagrar processos indesejáveis de
te à SMDM, exceto quanto à forma de indução "confinado". Não basta propor que se evite plastificação/ruptura. Além disso, a interrupção
dos novos recalques. No ACDM um "parafuso do processo, na eventualidade de uma emer­
amolgador'' (patente requerida) é introduzido gência, ainda não pode ser garantida com a
em um furo vertical de sondagem e expandido mesma segurança da SMDM.
a diversas profundidades; algumas rotações A proposta merece, ainda assim, ser conside­
desse instrumento expandido provocam o rada, desde que precedida por investigações
amolgamento do solo ao redor do furo, sem experimentais de "amolgabilidade", por exem­
necessidade de remoção adicional de mate­ plo sob aterros experimentais existentes e em
rial. O ACDM baseia-se na Figura 9, que retra­ modelos centrifugados de aterros e de edifícios
ta os efeitos do amolgamento sobre a com suas fundações. De qualquer forma, não
compressibilidade de uma argila (Schme­ deixa de ser sedutora a idéia de uma situação
trmann, 1955). Um elemento de solo situado na em que o amolgamento possa vir a ser usado a
posição "n" daquela figura passa, ao ser amai- favor de uma solução de engenharia.

42 téchne mai/jun • 1997 • n11 28

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