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Modelagem Computacional de Forças de

Deriva Lenta em Estruturas Oceânicas


Victor da Silveira Cappelaro1
1Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil

Diversas operações offshore além de apresentarem custos elevados são de altíssimo risco.
Uma das preocupações do projetista é a alocação das frequências naturais do sistema para
que seus movimentos sejam minimizados, reduzindo custos e riscos nas operações. Frente a
isso, o presente trabalho tem como objetivos o estudo de forças hidrodinâmicas de segunda
ordem e suas modelagens numéricas para incorporar a aproximação estudada em um software
que está em desenvolvimento na Universidade de São Paulo.

1. Introdução As forças e momentos de segunda ordem podem


Durante o projeto de um sistema oceânico, um ser divididas em deriva média (efeito de segunda
fator crucial para seu dimensionamento é a ordem de uma onda regular incidente), deriva
alocação da frequência natural do sistema, visto lenta (na frequência diferença, por ser um efeito
que algumas operações necessitam que seu gerado pela diferença de frequências entre duas
movimento seja o menor possível, como por ondas incidentes) e na frequência soma (por ser
exemplo a perfuração de poços, o conforto um efeito gerado pela soma de frequências entre
humano, dentro outros. Para minimizar os duas ondas incidentes). O presente trabalho
movimentos da estrutura, o projetista utiliza um focará no estudo das forças de deriva lenta.
modelo de sistema dinâmico linear, em que as Normalmente, as forças de deriva apresentam
oscilações acontecem na mesma frequência de baixas magnitudes, entretanto, quando excitam a
excitação das ondas. estrutura flutuante próxima de uma de suas
Assim, deve-se alocar as frequências naturais do frequências naturais, o sistema pode apresentar
sistema fora das regiões de maior concentração grande amplitude de movimento no grau de
energética do mar, com o intuito de evitar liberdade em questão.
movimentos ressonantes induzidos pelas ondas Como descrito, os efeitos de segunda ordem
incidentes. Porém, como as estruturas offshore podem ser caracterizados por um grupo de
flutuantes ancoradas apresentam baixo ondas, dando origem a uma componente de força
amortecimento hidrodinâmico e baixa restauração pela diferença das frequências. Para a solução
em movimentos horizontais, notou-se grandes desse problema, define-se uma função de
movimentos nesse plano, mesmo que a transferência quadrática (Quadratic Transfer
frequência natural seja deslocada da região de Function, QTF) para cada par de frequência do
maior concentração energética do mar. grupo de onda considerado. Mesmo com a
As forças hidrodinâmicas que excitam os tecnologia e os métodos numérico-
movimentos na mesma frequência das ondas computacionais atualmente disponíveis, a
incidentes são denominadas forças de primeira determinação das QTFs não é um trabalho fácil
ordem, enquanto as forças que excitam nem trivial, dada sua alta complexidade em
movimentos em frequência diferente das ondas termos de modelagem e processamento
incidentes aparecem quando expande-se a computacional.
solução do problema até segunda ordem pelo Assim, diversos estudos buscam estimativas com
método da pertubação. Forças e momentos de certo grau de precisão, evitando introduzir mais
primeira e segunda ordem não se restringem complexidade ou esforço computacional.
somente ao plano horizontal, sendo que aquelas Exemplos desses estudos são a aproximação de
são proporcionais às amplitudes, enquanto estas Newman, proposta por (Newman, 1974), que
são proporcionais ao quadrado das amplitudes aproxima a força de deriva lenta pela força de
das ondas incidentes. deriva média, excluindo a necessidade de
calcular o potencial de velocidades de segunda
ordem, e a proposta por (Pinkster, 1980) em que Onde 𝜀 ≪ 1, e os afixos (0) indicam as grandezas
se baseia na hipótese de que a maior parte da estáticas (situação de equilíbrio hidrostático), (1)
força de deriva ocorrer pelo potencial da onda as grandezas de primeira ordem, (2) as grandezas
incidente não deformada, incluindo os termos de de segunda ordem, e assim por diante. Para
primeira e segunda ordem. construir uma teoria consistente, deve-se assumir
que os movimento de segunda ordem são
Com o objetivo de trazer uma maior aderência às pequenos quando comparados com os de
teorias analíticas desenvolvidas com as primeira. A teoria baseia-se na suposição de
capacidades computacionais atualmente pequenas declividades (𝜀 → 0) e mesmo com
disponíveis, esse trabalho visa a aprimoração de baixo amortecimento, os movimentos de segunda
um software, denominado METiS1, que está em ordem são sempre pequenos quando
desenvolvimento na Universidade de São Paulo comparados com os de primeira. Entretanto,
para o cálculo dos movimentos de segunda sabe-se que em situações de ressonância haverá
ordem, por meio da implementação da a amplificação dos movimentos, o que torna a
aproximação de Newman. O programa hoje suposição incorreta.
funciona para modelos de estruturas mais simples
(formatos cilíndricos) e baseado nas equações Nesta seção serão formulados os problemas de
desenvolvidas por (Morison, et al., 1950) (para contorno de primeira e segunda ordem. Assim, se
problemas de primeira ordem) e por (Rainey, 𝜙 é conhecido, a pressão em um ponto do fluido
1989)2 (para problemas de segunda ordem). pode ser determinada utilizando a equação de
Bernoulli.
2. Fundamentos Teóricos
1 2 (3)
Nesta seção será apresentada brevemente a 𝑝 = 𝑝0 − 𝜌𝑔𝑋3 − 𝜌𝜙𝑡 − |𝛻𝜙 (1) | + 𝐶(𝑡)
teoria base para o cálculo das forças 2
hidrodinâmicas em estruturas rígidas e flutuantes Onde 𝑝0 é a pressão atmosférica, 𝑋3 a distância
que estão sujeitas à ação das ondas do mar sem vertical de um ponto abaixo da linha d’água, 𝜙𝑡 é
a presença de correnteza. Para descrever o a derivada no tempo do potencial de velocidades,
comportamento do fluido, será utilizada a teoria 𝐶(𝑡) é uma função que independe do sistema de
potencial assumindo que o fluido é inviscido, coordenadas, 𝜌 é a densidade do fluido e 𝑔 é a
homogêneo, incompressível e o escoamento é aceleração da gravidade. A força que o fluido
considerado irrotacional. Dessa forma, o campo exerce sobre o corpo é determinada pelo método
de velocidade pode ser definido como o gradiente da integração da pressão na superfície do corpo.
do potencial de velocidade.
𝐹⃗ = − ∬ 𝑝. 𝑛⃗⃗𝑑𝑆 (4)
𝑉̅ = 𝛻𝜙 (1) 𝑆

Onde 𝜙 = 𝜙(𝑋⃗, 𝑡), sendo 𝑋⃗ a posição do vetor Analogamente, o momento é calculado da


relativo a um sistema de coordenadas retangular seguinte forma.
fixo no tempo. Como o problema a ser tratado se
não se encontra em águas raras, será assumido ⃗⃗⃗ = − ∬ 𝑝. (𝑋⃗ × 𝑛⃗⃗)𝑑𝑆
𝑀 (5)
que o potencial de velocidade e todas as 𝑆
quantidades deriváveis do fluxo, como a 2.1. Problema de Valor de Contorno
velocidade do fluido, elevação da onda, pressão, Para a solução dos problemas de valor de
forças hidrodinâmicas e os movimentos do corpo, contorno, definem-se três sistemas de
podem ser expandidas por meio da Expansão de coordenadas, conforme a Figura 1.
Stokes, que é uma série com forte convergência
em relação a um pequeno parâmetro, 𝜀
(declividade da onda), conforme exemplo da
equação (2).
 Potencial de velocidade
𝜙 = 𝜙 (0) + 𝜀𝜙 (1) + 𝜀 2 𝜙 (2) + 𝑂(𝜀 3 ) (2)

1Para maiores detalhes, veja Apêndice A – Morison 2Para maiores detalhes, veja Apêndice B –
Equation Time Domain Simulation (METiS). Formulação de Rainey.
pressão ao longo da superfície livre seja
constante e igual à pressão atmosférica. Ambas
as condições são válidas quando 𝑋3 (𝑡) = 𝜁(𝑋̅, 𝑡).
• Condição cinemática
𝜕𝜁 𝜕𝜙 𝜕𝜁 𝑑𝑋1
(𝑋⃗, 𝑡) = − (9)
𝜕𝑡 𝜕𝑋3 𝜕𝑋1 𝑑𝑡
• Condição dinâmica
1 𝜕𝜙 1
𝜁(𝑋⃗, 𝑡) = − ( + 𝛻𝜙. 𝛻𝜙) (10)
Figura 1 - Sistemas de coordenadas adotados para o 𝑔 𝜕𝑡 2
desenvolvimento das forças. Retirada de (Pinkster, 1980).
É conveniente observar que as condições
• 𝐺𝑥1 𝑥2 𝑥3 é definido como o sistema de cinemática e dinâmica podem ser combinadas, de
coordenadas local, com origem no centro de forma linearizada quando 𝑋3 (𝑡) = 0, a fim de
gravidade. fornecer uma condição de contorno única na
• 𝑂𝑋1 𝑋2 𝑋3 é fixo com origem na linha superfície, conhecida como condição de Cauchy-
d´água e paralelo a 𝐺𝑥1 𝑥2 𝑥3 quando o corpo se Poisson. Assim, aplicando a expansão de Stokes,
as condições de Cauchy-Poisson de primeira e
encontra em repouso.
segunda ordem são definidas respectivamente
• 𝐺𝑋′1 𝑋′2 𝑋′3 tem origem no centro de
pelas equações (11) e (12).
gravidade do corpo e é paralelo ao segundo
sistema 𝑂𝑋1 𝑋2 𝑋3 independente do tempo. 𝜕𝜙 (1) 𝜕²𝜙 (1)
𝑔 + =0 (11)
Com base na hipótese de escoamento potencial, 𝜕𝑋3 𝜕𝑡²
a velocidade do fluido pode ser descrita pelo 𝜕𝜙 (2) 𝜕²𝜙 (2) 𝜕𝜙 (1)
gradiente do potencial 𝜙(𝑋1 , 𝑋2 , 𝑋3 , 𝑡), e o 𝑔 + = −2𝛻𝜙 (1) . 𝛻 ( )
𝜕𝑋3 𝜕𝑡² 𝜕𝑡
problema de valor de contorno (PVC) é 𝜕𝜙 (1) 𝜕 2 𝜙 (1)
determinado pela superfície livre, o leito marinho +( )( (12)
𝜕𝑡 𝜕𝑋32
e a superfície do corpo, além da condição de
1 𝜕 3 𝜙 (1)
continuidade do fluido. + )
𝑔 𝜕𝑡𝜕𝑡𝜕𝑋3
2.2. Condição de Continuidade do Fluido
Essa condição deve ser satisfeita em qualquer 2.4. Condição no Leito Marinho
região do domínio do fluido, satisfazendo a
equação de Laplace. Sua interpretação física A condição no fundo do mar refere-se à
refere-se à conservação da massa do fluido. impermeabilidade da superfície, ou seja, as
partículas de fluido não devem atravessar o leito
𝜕²𝜙 𝜕²𝜙 𝜕²𝜙 marinho. A condição é válida quando 𝑋3 = −ℎ,
𝛻2𝜙 = + + =0 (6)
𝜕𝑋12 𝜕𝑋22 𝜕𝑋32 onde ℎ representa a profundidade local.
Aplicando a expansão de Stokes, as condições no
Aplicando a expansão de Stokes, as condições de fundo do mar de primeira e segunda ordem são
continuidade de primeira e segunda ordem são definidas, respectivamente, por
definidas por
2 (1)
𝛻𝜙 (1) . 𝑛⃗⃗𝑏 = 0 (13)
𝛻 𝜙 =0 (7)
𝛻𝜙 (2) . 𝑛⃗⃗𝑏 = 0 (14)
𝛻 2 𝜙 (2) = 0 (8)
Onde 𝑛⃗⃗𝑏 é o vetor normal da superfície do leito
2.3. Condição de Superfície Livre marinho.
A condição de superfície livre diz respeito a dois
problemas: cinemático e dinâmico. O cinemático 2.5. Condição na Superfície do Corpo
garante que a componente de velocidade do A condição na superfície do corpo refere-se à
fluido normal à superfície livre é igual à velocidade impermeabilidade da superfície, ou seja, as
da superfície na mesma direção, isso implica que partículas de fluido não devem atravessar a
nenhuma partícula de fluido atravessa a parede do corpo. Contudo, deve-se impor que
superfície livre. Já a dinâmica garante que a
não haja velocidade relativa entre o fluido e a regime estacionário, para problemas de primeira
parede do corpo, ou seja, a velocidade o fluido e segunda ordem torna-se necessária a
deve ser igual à velocidade do ponto em questão introdução de uma nova condição de contorno,
do corpo. Dessa forma, a expressão matemática conhecida como condição de radiação, que deve
que descreve essa condição na superfície (1) (1) (2) (2)
ser aplicado aos potenciais 𝜙𝑑 , 𝜙𝑏 , 𝜙𝑑 𝑒 𝜙𝑏 .
molhada instantânea do corpo é descrita pela O significado físico dessa condição diz respeito
equação (15). ao sentido de propagação das ondas associadas
⃗⃗ = 𝑉
⃗⃗ . 𝑁
⃗⃗ (15) a estes potenciais que devem se distanciar do
𝛻𝜙. 𝑁 (1)
corpo com o passar do tempo. Os potenciais 𝜙𝑤
Aplicando a expansão de Stokes, agrupando os (2)
e 𝜙𝑤 são conhecidos por onda incidente, e dessa
termos de primeira e segunda ordem, é possível forma dispensam a utilização da condição de
obter as seguintes condições na superfície do radiação.
corpo na superfície molhada instantânea.
3. Pressão em um Ponto do Fluido
• Primeira ordem
Conhecido o potencial de velocidades 𝜙, o campo
𝛻𝜙 (1) . 𝑛⃗⃗ = 𝑉
⃗⃗ (1) . 𝑛⃗⃗ (16) de pressão é obtido conforme a equação (3).
Assim, segundo a expansão de Stokes, tem-se
• Segunda ordem
(0) (20)
𝑝(0) = −𝜌𝑔𝑋3
𝛻𝜙 (2) ⃗⃗ (1) − 𝛻𝜙 (1) ). 𝑁
. 𝑛⃗⃗ = (𝑉 ⃗⃗ (1) + 𝑉
⃗⃗ (2) . 𝑛⃗⃗ (17)
(1) 𝜕𝜙 (1) (21)
Assumindo que o movimento é pequeno, pode-se 𝑝(1) = −𝜌𝑔𝑋3 − 𝜌
𝜕𝑡
aplicar a expansão de Taylor no entorno da (2) (2) 𝜌 (1) 2
𝑝 = −𝜌𝑔𝑋3 − |𝛻𝜙 |
posição média da superfície. Para maiores 2
detalhes da dedução, veja, por exemplo, 𝜕𝜙 (1) (22)
(Matsumoto, 2014). A condição de primeira ordem − 𝜌[𝑋⃗ (1) 𝛻̅ ( )]
𝜕𝑡
permanece inalterada, enquanto a de segunda
𝜕𝜙 (2)
ordem expandida é dada pela seguinte −𝜌
expressão. 𝜕𝑡
Onde 𝑝(0) é a pressão hidrostática, 𝑝(1) é a
𝛻𝜙 (2) . 𝑛⃗⃗ = −(𝑋⃗ (1) . 𝛻). 𝛻𝜙 (1) . 𝑛⃗⃗ pressão de primeira ordem, e 𝑝(2) é a pressão de
+ (𝑉 ⃗⃗ (1) − 𝛻𝜙 (1) ). 𝑁
⃗⃗ (1) (18) segunda ordem, e as derivadas dos potenciais
nas expressões acima são calculadas na posição
+𝑉 ⃗⃗ (2) . 𝑛⃗⃗
média do ponto.
Por fim, é possível escrever o potencial de
4. Forças e Momentos de Segunda Ordem
velocidades em termos da onda incidente (𝜙𝑤 ),
da onda difratada (𝜙𝑑 , gerada pela incidência da Para a determinação das forças e momentos de
onda na parede corpo), e do potencial do corpo segunda ordem, primeiramente deve-se definir o
(𝜙𝑏 , gerado pelo movimento do corpo em águas sistema de coordenadas a ser utilizado, de modo
sem incidência de ondas), conforme mostra a a simplificar o tratamento do problema. É
equação a seguir. conveniente adotar o sistema de coordenadas
𝐺𝑋′1 𝑋′2 𝑋′3, dado que o objetivo é determinar as
𝜙 = 𝜙𝑤 + 𝜙𝑑 + 𝜙𝑏 (19)
forças e momentos que agem sobre o corpo. Uma
A partir da combinação da equação 19 com as das características importantes desse sistema é
equações (16) e (18), torna-se visível o tratamento sua translação juntamente com o corpo, sem
matemático dos problemas hidrodinâmicos de acompanhar sua rotação, sendo sempre paralelo
difração (também conhecido como força de ao sistema 𝑂𝑋1 𝑋2 𝑋3 .
excitação) e radiação (a partir desse problema A força que o fluido exerce sobre o corpo relativa
define-se a massa adicional e o amortecimento ao sistema 𝐺𝑋′1 𝑋′2 𝑋′3 pode ser determinada pela
potencial). Para maiores detalhes dos problemas integração do campo de pressão conforme a
veja, por exemplo, (Newman, 1987). equação (5), onde 𝑆 é a superfície molhada
Com a introdução do corpo no escoamento da instantânea e 𝑛⃗⃗ é o vetor normal instantâneo do
onda e considerando que o movimento ocorre em elemento de superfície 𝑑𝑆. A superfície molhada
instantânea 𝑆 será dividida em duas partes, a medida dessa transferência de energia. As
superfície molhada média (𝑆0 ), e a superfície expressões que serão apresentadas, propostas
molhada oscilatória proveniente do movimento do por (Pinkster, 1980), aplicam-se tanto às
corpo (𝑠). Considerando a expansão de Stokes componentes de forças, quanto aos momentos,
para a força, agrupando os termos de segunda por conveniência serão apresentadas as QTF de
ordem e manipulando matematicamente cada força, dado que as de momento podem ser
termo, tem-se o seguinte resultado para a força obtidas de forma análoga. É possível encontrar
de segunda ordem. uma QTF para cada termo demonstrado na
equação (23).
1 (1) 2 ̈ (1)
𝐹̅ (2) = − ∫ ( 𝜌𝑔(𝜁𝑟 ) ) 𝑛 ⃗⃗𝑑𝑙 + 𝛼̅ (1) × 𝑀⃗⃗⃗
𝑋𝑔
𝑊𝐿 2
I. Contribuição da elevação de onda de
(2) 𝜌 2
primeira-ordem
− ∬ [−𝜌𝑔𝑋3 − |∇𝜙 (1) |
2
𝑆0 1 (1) 2 (25)
(1) 𝜕𝜙 (1) (23) − ∫ ( 𝜌𝑔 (𝜁𝑟 ) ) 𝑛̅𝑑𝑙
− 𝜌 [⃗⃗⃗
𝑋 ∇ ̅( )] 𝑊𝐿 2
𝜕𝑡
𝜕𝜙 (2) II. Contribuição da parcela quadrática do
−𝜌 ]𝑛⃗⃗𝑑𝑆0 potencial de primeira ordem
𝜕𝑡
+ 𝛼̅ (2) × (0,0, 𝜌𝑔𝑉) 𝜌 2
− ∬ [ |𝛻𝜙 (1) | ] 𝑛̅𝑑𝑆0 (26)
Analogamente, o momento é definido por 𝑆0 2

1 2 III. Contribuição do produto entre o gradiente


̅ (2) = − ∫ ( 𝜌𝑔(𝜁𝑟(1) ) ) (𝑥
𝑀 ⃗⃗ × 𝑛
⃗⃗)𝑑𝑙 da pressão de primeira ordem e o movimento de
𝑊𝐿 2
(1) primeira ordem
𝑋̈ 𝑔
+ α(1) × 𝐼 ⃗⃗⃗

− ∬ [−𝜌𝑔𝑋3
(2) 𝜕𝜙 (1) (27)
− ∬ [𝜌 [𝑋̅ (1) 𝛻̅ ( )]] 𝑛̅𝑑𝑆0
𝑆0 (24) 𝑆0 𝜕𝑡
𝜌 2
− |∇𝜙 (1) |
2 IV. Contribuição do produto entre o
(1) 𝜕𝜙 (1)
− 𝜌 [⃗⃗⃗
𝑋 ̅(
∇ )] movimento angular de primeira ordem e a força
𝜕𝑡
inercial
𝜕𝜙 (2)
−𝜌 ] (⃗𝑥⃗ × ⃗𝑛⃗)𝑑𝑆0
𝛼̅ (1) 𝑀𝑋̅̈𝑔
(1) (28)
𝜕𝑡
5. Funções de Transferência Quadráticas
V. Contribuição do potencial de segunda
A força calculada na equação (23) é apresentada ordem
no domínio do tempo, dificultando sua solução
numérica e analítica. Por causa disso, é 𝜕𝜙 (2)
− ∬ [𝜌 ] 𝑛̅𝑑𝑆0 (29)
conveniente trabalhar com as forças de segunda 𝑆0 𝜕𝑡
ordem em termos das funções de transferências
Pode-se notar que as componentes I, II, III e IV
quadráticas (QTF), por meio das quais é possível
dependem exclusivamente de termos de primeira
expressar estas forças no domínio da frequência.
ordem. A função de transferência quadrática total
Para isso, deve-se considerar que a solução no
será dada pela soma de cada parcela das forças
domínio da frequência é válida para regime
descritas acima, e, de forma geral, as QTFs
estacionário, desconsiderando os efeitos
também dependem da direção de propagação
transientes do sistema.
das ondas. Assim, a força de segunda ordem
Na hidrodinâmica, pode-se relacionar as funções pode ser calculada de acordo com a seguinte
de transferência não lineares como interações expressão
entre os vários componentes espectrais de
entrada (espectro do mar) que resultam na
transferência de energia para os novos
componentes espectrais (espectro de resposta).
Então, pode-se definir que as funções de
transferência não lineares são uma forma de
𝑁 𝑁
(2)
𝐹1 (𝑡) = ∑ ∑ 𝐴𝑖 𝐴𝑗∗ 𝑃𝑖𝑗 cos((𝜔𝑖 − 𝜔𝑗 ) 𝑡 + 𝜀𝑖
𝑄𝑖𝑗 = 𝑄(𝜔𝑖 , 𝜔𝑗 )
(34)
𝑖=1 𝑗=1
≈ 𝑠𝑖𝑔𝑛(𝑄)√|𝑄(𝜔𝑖 , 𝜔𝑖 )||𝑄(𝜔𝑗 , 𝜔𝑗 )|
− 𝜀𝑗 )
𝑁 𝑁 (30)
• Modificação sugerida por Bureau Veritas
+ ∑ ∑ 𝐴𝑖 𝐴𝑗∗ 𝑄𝑖𝑗 sen((𝜔𝑖
(denominada “Newman BV”):
𝑖=1 𝑗=1
− 𝜔𝑗 ) 𝑡 + 𝜀𝑖 − 𝜀𝑗 ) 1 (35)
𝑃𝑖𝑗 = 𝑃(𝜔𝑖 , 𝜔𝑗 ) ≈ (𝑃(𝜔𝑖 , 𝜔𝑖 ) + 𝑃(𝜔𝑗 , 𝜔𝑗 ))
Sendo 𝑃𝑖𝑗 e 𝑄𝑖𝑗 a parcela real e imaginária, 2
respectivamente, da QTF. 1 (36)
𝑄𝑖𝑗 = 𝑄(𝜔𝑖 , 𝜔𝑗 ) ≈ (𝑄(𝜔𝑖 , 𝜔𝑖 ) + 𝑄(𝜔𝑗 , 𝜔𝑗 ))
6. Aproximação de Newman 2
Como os efeitos de segunda ordem tornam-se
(Newman, 1974) propôs uma aproximação para o mais relevantes em águas rasas, a não utilização
cálculo das funções de transferência quadráticas do potencial de segunda ordem leva a uma
𝑃𝑖𝑗 e 𝑄𝑖𝑗 , que podem ser aproximadas por 𝑃𝑖𝑖 , 𝑃𝑗𝑗 , imprecisão nessas situações.
𝑄𝑖𝑖 e 𝑄𝑗𝑗 , ou seja, a força de deriva lenta pode ser
aproximada pela força de deriva média, evitando 7. Método Numérico
a necessidade de determinar a força Para melhor compreensão, o método numérico
hidrodinâmica de segunda ordem gerada pelo desenvolvido está descrito de forma ordenada
potencial de velocidades de segunda ordem. nos tópicos a seguir.
Essa aproximação reduz o tempo computacional
significativamente. Ela será válida quando 𝜔𝑖 ≅ • Primeiramente o programa lê o arquivo de
𝜔𝑗 , mais precisamente quando a diferença entre saída .9 do software WAMIT.
as frequências for muito menor que a média entre • Há o tratamento do arquivo lido,
1 separando os dados por grau de liberdade e
elas, |𝜔𝑖 − 𝜔𝑗 | ≪ 2 (𝜔𝑖 + 𝜔𝑗 ).
ângulo de incidência do grupo de ondas.
A razão pela qual a aproximação de Newman • Utiliza o método de JONSWAP para gerar
apresenta resultados satisfatórios é que as o mar da simulação.
funções de transferência quadráticas geralmente • Com base no espectro gerado, obtém-se
não variam muito com frequências muito o módulo das amplitudes complexas do mar,
próximas, ou seja, a aproximação é válida quando gerando as fases de forma aleatória.
são utilizadas duas QTF com frequências • O programa realizará a interpolação das
próximas do valor de interesse (𝜔), 𝜔𝑖 ≅ 𝜔𝑗 ≅ 𝜔. forças de deriva média, por meio de splines
Essa aproximação não tem a intenção de fornecer cúbicas, do arquivo para os valores da
uma avaliação precisa quando comparado com o interpolação nas frequências utilizadas no método
método completo das funções de transferência, JONSWAP.
mas deve ser preciso o suficiente para Δ𝜔 baixos. • Com os valores das forças de deriva
média interpolados, utilizam-se as equações (35)
Existem diferentes variantes desta formulação, e (36) para a aproximação de Newman quando,
entre elas:
somente quando |𝜔𝑖 − 𝜔𝑗 | < 0,1 𝑟𝑎𝑑/𝑠.
• Aproximação original (denominada • Por fim, calcula-se a série temporal da
“Newman Original”): força de deriva lenta por meio da seguinte
expressão.
𝑃𝑖𝑗 = 𝑃(𝜔𝑖 , 𝜔𝑗 ) ≈ 𝑃(𝜔𝑖 , 𝜔𝑖 ) = 𝑃𝑖𝑖 (31)
(2) 𝑖((𝜔𝑖 −𝜔𝑗 )𝑡+𝜖𝑖 −𝜖𝑗 ) (37)
(32) 𝐹1 (𝑡) = 𝑅𝑒{|𝐴𝑖 ||𝐴𝑗 |𝑃𝑖𝑗 𝑒 }
𝑄𝑖𝑗 = 𝑄(𝜔𝑖 , 𝜔𝑗 ) ≈ 𝑄(𝜔𝑖 , 𝜔𝑖 ) = 𝑄𝑖𝑖
8. Validação com Solução Analítica
• Modificação sugerida por Molin
(denominada “Newman M”): Os objetivos da validação com a solução analítica
são em verificar se as forças e momentos de
𝑃𝑖𝑗 = 𝑃(𝜔𝑖 , 𝜔𝑗 )
(33) deriva média do arquivo de saída .9 do WAMIT
≈ 𝑠𝑖𝑔𝑛(𝑃)√|𝑃(𝜔𝑖 , 𝜔𝑖 )||𝑃(𝜔𝑗 , 𝜔𝑗 )| foram obtidos corretamente (quando comparadas
com a soluções analíticas da força e momento de
deriva média), e analisar a aproximação com a
solução exata da força e do momento de deriva E as Figura 7 e Figura 8 mostram o método
lenta. numérico desenvolvido quando comparado com a
solução exata da força e do momento de deriva
Para isso, utilizou-se o caso de um cilindro vertical lenta, respectivamente, a fim de verificar a
fixo no fundo do mar com a incidência de um acurácia da aproximação utilizada.
grupo de ondas bicromático, conforme a Figura 2.
O cilindro apresenta uma borda livre grande o Nota-se que o valor da força de deriva lenta é
suficiente para que seja desprezado qualquer superior à força obtida pela aproximação. Com
possível efeito na extremidade superior do visto na seção 6, a aproximação de Newman
cilindro. Seu diâmetro é 𝐷 = 15𝑚 e sua 1
somente é válida quando |𝜔𝑖 − 𝜔𝑗 | ≪ 2 (𝜔𝑖 + 𝜔𝑗 ),
extremidade submersa está localizada a uma
isso faz com que algumas frequências diferenças
profundidade ℎ = 60𝑚. Por se tratar de um
sejam desconsideradas. Além disso, a
cilindro vertical fixo, basta analisar uma direção
aproximação de Newman desconsidera os
para a força e o momento de propagação da
potenciais de segunda ordem, parcelas que
onda, sendo selecionadas a direção 𝑥 (𝑠𝑢𝑟𝑔𝑒)
apresentam grande relevância na força de deriva
para a força e 𝑦 (𝑝𝑖𝑡𝑐ℎ) para o momento.
lenta, conforme demonstrado por (Pinkster,
1980), somente sendo válida para águas
profundas. Por fim, outro fator que promove a
diferença entre as séries temporais é a
interpolação da rotina.

Figura 2 – Ilustração do cilindro vertical fixo na parte inferior sob a


ação de uma onda bicromática. Retirado de (Souza do Carmo,
2021).
Figura 3 – Comparação entre a força de deriva média obtida pelo
Os resultados apresentados foram obtidos a partir arquivo .9, a força de deriva média exata e a força de deriva média
de um mar com altura significativa de 1𝑚 e interpolada.
período de pico de 6𝑠, e com ondas incidentes a
0𝑜 . As comparações realizadas no FAST foram
geradas com o mesmo mar simulado na rotina
desenvolvidas.
As Figura 3 e Figura 4 demonstram que o método
desenvolvido obtém corretamente do arquivo .9
os valores da força e do momento de deriva
média, respectivamente, além de suas
respectivas interpolações.
As Figura 5 e Figura 6 apresentam a comparação
dos resultados obtidos pelo método com o Figura 4 - Comparação entre o momento de deriva média obtida
software FAST para a força e momento, pelo arquivo .9, o momento de deriva média exata e o momento
respectivamente. Nota-se que há uma grande de deriva média interpolada.
semelhança entre as séries temporais, indicando
que o arquivo de saída .9 do WAMIT foi tratado de
forma correta, sem perder informações, e a
aproximação de Newman foi desenvolvida
corretamente.
Figura 5 - Comparação da série temporal da força de deriva lenta Figura 8 - Comparação da série temporal do momento de deriva
obtida pela rotina com a obtida pelo FAST. média realizada pela aproximação de Newman com a solução
analítica do momento.

9. Conclusão
Com base nos dados apresentados, é possível
concluir a relevância das forças de segunda
ordem no dimensionamento de estruturas
flutuantes, sua complexidade de solução, e a
importância de pesquisar meios para
aproximações e simulações numéricas.
Os resultados obtidos pela rotina mostram-se
coerentes com as hipóteses adotadas e com as
soluções analíticas comparadas. Assim, os
Figura 6 - Comparação da série temporal do momento de deriva
lenta obtida pela rotina com a obtida pelo FAST.
resultados oriundos desse trabalho serão a base
para futuras pesquisas para a implementação da
aproximação de Newman no software METiS que
está em desenvolvimento na Universidade de São
Paulo.

Referências

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irregular nonlinear waves in coupled simulation
and reliability studies of offshore wind turbines.
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Figura 7 - Comparação da série temporal da força de deriva média


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Souza do Carmo, L. H., 2016. Aplicação da compõem a estrutura, e obtém a solução dos
equação de Morison na modelagem problemas de primeira e segunda ordem a partir
hidrodinâmica de turbinas eólicas flutuantes, s.l.: de uma modelagem no tempo, conforme a
s.n. formulação proposta por (Souza do Carmo,
2021).
Souza do Carmo, L. H., 2021. A slender-body
approach for computing second-order wave Apêndice B – Formulação de Rainey
forces in seakeeping simulations of floating As demonstrações completas dessas
offshore wind turbines, s.l.: s.n. formulações podem ser encontradas nos
Suyehiro, K., 1924. The drift of ships caused by trabalhos citados ou no trabalho de (Souza do
rolling among waves. Trans. INA. Carmo, 2021), que em sua tese de doutorado
apresenta uma formulação que abrange esses
Tick, L. J., 1961. The estimation of "transfer trabalhos de forma clara e sucinta. Nesta seção
functions" of quadratic systems. Technometrics. será apresentado o ponto de partida das
equações e seus resultados. Considere o
Apêndice A – Morison Equation Time Domain seguinte sistema de coordenadas apresentado na
Simulation (METiS) Figura 9.
(Souza do Carmo, 2021) começou o
desenvolvimento de um software, denominado
METiS-USP (Morison Equation Time Domain
Simulation – University of São Paulo), com uma
abordagem diferente para o problema de segunda
ordem visando a otimização dos esforços
computacionais com certa precisão, mas que
também apresenta certas limitações. Ao invés de
ter que resolver o problema hidrodinâmico de
primeira ordem previamente, a ideia atual do
programa é modelar a estrutura utilizando
elementos de Morison (𝐶𝑀 e 𝐶𝐷 ), considerando a
estrutura composta apenas por cilindro esbeltos e
utilizar a fórmula de Morison para obter a solução
do problema de primeira ordem, e a formulação Figura 9 - Seção de comprimento L do cilindro, ilustrando os
proposta por (Rainey, 1989) para a solução de sistemas de coordenadas global e local. Extraído de (Souza do
segunda ordem, e assim fornecer os movimentos Carmo, 2021).
do sistema, esforços e deformações da estrutura,
entre outros parâmetros de interesse. O vetor unitário do sistema de coordenadas local
é dado por (𝑥, 𝑦, 𝑧) = {𝒆1 , 𝒆2 , 𝒆3 } e sua origem é
No METiS não há a necessidade de informar os definida no centro da seção circular onde a força
coeficientes hidrodinâmicos da estrutura (como a será calculada, enquanto para o sistema de
massa adicional e o amortecimento potencial), coordenadas global fixo é (𝑋, 𝑌, 𝑍) = {𝑬1 , 𝑬2 , 𝑬3 }.
calculados pelo WAMIT por exemplo. O programa A força que um fluido exerce ao longo do
recebe apenas os coeficientes hidrodinâmicos comprimento do cilindro é dada pela integral da
que caracterizam cada um dos cilindros que pressão em sua superfície do cilindro, conforme a
compõem a estrutura (como os coeficientes de equação
inércia e de arrasto). Essa simplificação acarreta
a perda de alguns efeitos físicos como o efeito de 2𝜋
𝜕𝜙 1 2
difração, dado que o programa considera que a 𝐹̅ = 𝜌 ∫ ∫ ( + |𝛻𝜙 (1) | + 𝑔𝑍)𝒏𝑅𝑑𝜃𝑑𝑧
onda é imperturbada pelo corpo, além de não 𝜕𝑡 2
𝐿 0 (38)
considerar as variações dos coeficientes
hidrodinâmicos pela frequência e pela amplitude. = 𝜌 ∫ 𝑑𝐹𝑑𝑧
De forma geral, o METiS substitui a resolução do 𝐿
problema de radiação e difração por alguns Onde 𝐿 é o comprimento molhado do cilindro e
coeficientes que devem ser obtidos de alguma 𝒏 = 𝑐𝑜𝑠𝜃𝒆1 + 𝑠𝑒𝑛𝜃𝒆2 . De forma concisa, a
maneira, sejam tabelados ou por experimentos, formulação apresentada será apenas para a
de forma a caracterizar cada um dos cilindros que direção 𝑥, dado que a direção 𝑦 é bastante similar.
O desenvolvimento da equação (38) pode ser
visto na seção 3.3.2 de (Souza do Carmo, 2021),
dessa forma a força total por unidade de
comprimento é definida pela equação (39).
𝑑𝐹𝑥 𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑢
= (1 + 𝐶𝑎 ) ( + 𝑢 +𝑣
𝜌𝜋𝑅² 𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑦
𝜕𝑢
+𝑤 ) (39)
𝜕𝑧
𝜕𝑤
− 𝐶𝑎 [𝑥̈ 𝐵 − (𝑢 − 𝑥̇ 𝐵 )
𝜕𝑧
+ 2𝜔𝑦 (𝑤 − 𝑧̇𝐵 )] − 𝑔̅ 𝒆1
Onde 𝐶𝑎 é o coeficiente de massa adicional obtido
de forma empírica, 𝑿̇𝐵 = 𝑥̇ 𝐵 𝒆1 + 𝑦̇ 𝐵 𝒆2 + 𝑧̇𝐵 𝒆3 é a
velocidade de translação do ponto 𝑂, 𝜔𝑦 =
𝜕𝑥̇ 𝐵 ⁄𝜕𝑧 é a velocidade angular do corpo, 𝑅 é o
raio da seção circular e 𝒖 = 𝑢𝒆1 + 𝑣𝒆2 + 𝑤𝒆3 =
∇𝜑. Para maiores detalhes da teoria, sugere-se a
leitura dos seguintes trabalhos: (Madsen, 1986),
(Rainey, 1989), (Manners, 1992) e (Souza do
Carmo, 2021).

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