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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS


DEPARTAMENTO DE FÍSICA

João Vitor Fernandes da Gama


Micael Davi Lima de Oliveira
Risonilson de Sousa Maciel
Tales de Carvalho Serrão

Relatório 3: Determinação do valor da aceleração gravitacional


local a partir da queda livre de uma esfera metálica

Trabalho para obtenção de nota parcial da


disciplina de Laboratório de Física Geral I,
ministrada pela Professora Dra. Içamira Costa
Nogueira do Curso de Bacharelado em Física
da Universidade Federal do Amazonas.

Manaus
2018
Sumário

1. Fundamentação Teórica……………………………….……………………………...01

2. Objetivos………………………….……………………………………………………..05

3. Procedimento Experimental………………………………………………………….06

3.1 Experimento 4: Determinação do valor da aceleração gravitacional local a

partir da queda livre de uma esfera metálica….……………………………………......06

3.1.1 Materiais utilizados…………………………………………………………..06

3.1.2 Procedimento utilizado……………………………………………………...06

4. Resultados e Discussões…………………………………………………………….09

4.1 Experimento 4: Determinação do valor da aceleração gravitacional local a

partir da queda livre de uma esfera metálica…………………………………………....09

5. Conclusão……………………………………………………………………………….15

6. Referências Bibliográficas…………………………………………………………...16
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1. Fundamentação Teórica

Sabe-se, por experiência cotidiana, que todos os objetos tendem a cair. Foi
tentada explicar a razão desta tendência por muitos filósofos e cientistas ao longo da
história. Uma das explicações mais comuns por séculos foi a de Aristóteles, o qual
dizia que os elementos (terra, água, fogo e ar) tem seus lugares naturais, mas a
primeira explicação cientificamente satisfatória foi a de Isaac Newton(1643-1727). A
aceleração, causada pela força entre dois corpos massivos chamada de força
gravitacional, descrita pela primeira vez no livro Principia, de Isaac Newton, é a
razão da queda dos corpos e essa aceleração, como foi demonstrado por Galileu
Galilei, é constante.
A força gravitacional é uma força de campo, ou seja, é uma força que atua
sem que haja contato entre os dois objetos; a direção e o sentido do vetor resultante
F, de forma geral, dependem do número de objetos trabalhados, mas pode-se
afirmar que o vetor está no plano que contém os centros de massa dos objetos. O
módulo dessa força é dada pela razão entre o produto das massas dos corpos (e por
uma constante, chamada de Constante Gravitacional Universal, cujo valor é da
ordem de grandeza de 10 -10) pelo quadrado da distância entre seus centros de
massa. Ao se tratar de um objeto pequeno sob a influência de um corpo celeste,
como uma maçã sob influência da Terra, chama-se usualmente a força gravitacional
de Força Peso.
É válido destacar que o termo “queda livre” refere-se a todo corpo que cai a
uma aceleração constante, isto é, a aceleração gravitacional decorrente da atração
entre o corpo e o centro de massa terrestre, além disso, esse termo corresponde a
um modelo onde despreza-se qualquer força dissipativa, que na queda de simples
objetos, esta força seria a de atrito. Por último, o movimento de queda livre constitui
um Movimento Retilíneo Uniformemente Acelerado, isto é, o objeto em questão para
estar em queda livre é crucial que este esteja em uma trajetória retilínea.
Além disso, é importante ressaltar que existem diversas maneiras de se
determinar a aceleração da gravidade, no entanto, a que será utilizada neste
trabalho terá como principal premissa, o conhecimento de que um corpo de massa
“m” acelerado a um campo gravitacional uniforme executa inevitavelmente um
MRUV, isto é, seu movimento pode ser descrito através da função horária do
espaço, o qual será demonstrado logo abaixo:
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Figura 1: Imagem onde visualiza-se a reta correspondente a função horária da velocidade para dois
instantes distintos, t e t0, onde a área do trapézio fornece a função horária do espaço no MRUV, isto
porque sabe-se que o produto da velocidade pelo intervalo de tempo resulta no espaço percorrido por
um determinado objeto físico.
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No entanto, como a função que relaciona o tempo de queda com a altura é


quadrática, acaba-se tendo um grande problema, pois o coeficiente angular da reta
tangente a um determinado ponto da parábola não fornecerá o valor da aceleração
gravitacional, e sim da velocidade instantânea. Dessa forma, para que se obtenha o
valor da aceleração da gravidade, é necessário realizar a linearização da função
obtida, isto é, encontrar uma função equivalente de tal forma que a relação entre a
variável dependente(h) e a variável independente(t) seja linear, onde a
representação geométrica torna-se uma reta, facilitando imensamente a obtenção da
constante procurada, ou seja, a aceleração gravitacional, que agora torna-se igual
ao coeficiente angular da reta correspondente à função do 1ºgrau obtida.
Dessa forma, dentre as diversas formas de linearizar uma função, a que será
utilizada fará uso da função logaritmo. Sendo assim, ao calcular o logaritmo na base
10 dos termos presentes em cada um dos lados da equação obtém-se uma nova
função, sendo esta de 1ºgrau. Sabendo-se disso, segue abaixo as etapas
necessárias para a linearização da função que descreve a queda livre da esfera:
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Pode-se perceber que para determinar o valor da aceleração gravitacional


local é necessário que primeiramente se descubra o valor de b, isto é, o coeficiente
linear correspondente à reta que melhor se ajusta aos pontos do gráfico log h(log t).
O software utilizado foi o “SciDAVis”, onde através do Método dos Mínimos
Quadrados descobriu-se a reta correspondente.
Dessa forma, sabe-se que historicamente a primeira pessoa a publicar sobre
este método, foi o matemático francês Adrien-Marie Legendre(1752-1833) no ano de
1805. Além disso, ao fazer uso deste método é crucial expressar o valor do
coeficiente de determinação linear(R2), isto porque, este coeficiente expressa a
causalidade entre as variáveis presentes, isto é, a correlação entre as mesmas.
Sendo assim, quanto mais próximo o R 2 estiver de +1, maior será a relação entre as
variáveis, isto é, maior será as chances de que uma variável de fato é a causa da
outra, e não apenas uma mera coincidência, ou seja, uma simples correlação.
Também é importante saber diferenciar o R 2 do R, sendo que o segundo
também é chamado de coeficiente de correlação linear. A diferença básica consiste
no fato de que o primeiro possui apenas valores não negativos, variando apenas
entre 0 e 1, enquanto que o R possui um intervalo que varia entre -1 e +1. A
vantagem da utilização do R, é que além de mostrar como as variáveis estão
relacionadas entre si, ele também mostra se as variáveis são diretamente ou
inversamente proporcionais entre si.
Após a obtenção da reta e de sua respectiva equação, pode-se finalmente
calcular o valor da aceleração gravitacional local. No entanto, é crucial lembrar que o
valor desta aceleração não é constante, variando com a altitude em relação ao mar
e com a latitude, ou seja, o ângulo formado entre o local e a Linha do Equador. Por
último, segue abaixo uma equação que mostra como a aceleração da gravidade
varia com a altura e com a latitude do local em questão.
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2. Objetivos

O experimento de queda livre realizado tem como principal intuito a


determinação da aceleração da gravidade correspondente ao Laboratório de
Mecânica da UFAM. Para isso, mediu-se como o tempo de queda da esfera metálica
variou com a altura da qual foi abandonada. Através dos dados obtidos, tem-se
como um importante objetivo entender primeiramente como a altura e o tempo estão
relacionados entre si, equacionando-se assim a função horária do espaço que
descreve o movimento de queda livre da esfera.
Afim de que se possa determinar o valor da aceleração da gravidade local, é
necessário que primeiramente se descubra a reta que melhor se ajusta aos
respectivos pontos correspondentes à representação geométrica dos dados obtidos.
Isto porque, sabe-se que a relação entre estas variáveis é quadrática, por isso, um
importante objetivo deste trabalho é entender como linearizar funções, facilitando
imensamente o processo de obtenção da informação desejada, isto é, a aceleração
gravitacional, fazendo-se assim o uso de importância métodos matemáticos, como a
regressão linear, este que faz uso em primazia do Método dos Mínimos Quadrados.
É também um objetivo de suma importância deste trabalho, compreender que
o valor da aceleração gravitacional não é constante, mudando-se de forma sutil
conforme o valor da altitude e latitude variam. Assim como busca-se também
entender quais são as consequências dessa variação, que apesar de ser bastante
sutil, acarreta profundas consequências.
Após ter-se determinado o valor da aceleração da gravidade, este que
depende diretamente do valor do coeficiente linear correspondente à função
linearizada que relaciona a altura e o tempo de queda através do logaritmo na base
10, pode-se finalmente comparar o valor obtido com o valor médio da aceleração,
assim como compará-lo com o valor real de g, este que é obtido sabendo-se
primeiramente o valor correspondente à altitude e à latitude do Laboratório de
Mecânica. Dessa forma, por último busca-se calcular o erro percentual entre o valor
que foi obtido através do experimento e valor médio e o real da aceleração
gravitacional, possibilitando assim a visualização da veracidade do valor obtido
através do experimento de queda livre da esfera metálica.
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3. Procedimento Experimental
3.1 Experimento 4 (Determinação do valor da aceleração gravitacional local a
partir da queda livre de uma esfera metálica)

3.1.1 Materiais utilizados

• 1 esfera de D ≅ 19mm;
• 1 cronômetro digital;
• 1 suporte de base;
• 2 grampos duplos;
• 1 haste de suporte;
• 1 régua milimetrada;
• 1 fixador de esfera;
• 2 cordões de conexão de 750 mm;
• 2 cordas de conexão de 1500mm;
• 1 prato interruptor;
• Software livre “SciDAVis” na versão 1.22.

3.1.2 Procedimento utilizado

1º Passo: Obtenção do tempo de queda para as 7 alturas adotadas:

Figura 2: Imagem da montagem do experimento de queda livre, mostrando-se assim todos os


materiais que foram cruciais para a medição do tempo de queda da esfera.
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Primeiramente, deve-se colocar a esfera metálica no fixador, certificando-se


de tê-la prendido firmemente, além de ser crucial que se tenha certeza de que os
fixadores estão pressionando o centro da esfera, para que a medição do tempo de
queda tenha a maior exatidão possível. É importante que antes de colocar a esfera
no fixador, tenha-se certeza de que o mesmo esteja o mais alinhado possível com a
altura a qual deseja-se medir o tempo de queda. Após esta certificação, antes de
soltar a esfera, deve-se ter certeza de que o cronômetro digital está apontando como
instante inicial “0s”, caso contrário, deve-se zerar o mesmo, o qual pode ser feito
pressionando o botão “RESET” do cronômetro.
Após a liberação da esfera do fixador, o cronômetro caso esteja no instante
“0s” começará a contar, sendo que o instante em que a esfera atingir o prato
interruptor, fecha-se automaticamente o circuito e consequentemente o cronômetro é
travado e o tempo de queda da esfera é registrado. Este processo deve ser repetido
3 vezes no mínimo para cada um dos integrantes da equipe referente a cada uma
das 7 alturas adotadas no experimento. Após a obtenção do tempo médio de queda
da esfera para todas as 7 alturas adotadas, deve-se acima de tudo organizar estes
dados em uma tabela que será mostrada no passo seguinte.

2º Passo: Tabulação do tempo de queda obtido:

(h ± Δh)m (t1 ± Δt)s (t2 ± Δt)s (t3 ± Δt)s (t4 ± Δt)s (t ± Δt)s
0,1000 ± 5.10-4
0,1500 ± 5.10-4
0,2000 ± 5.10-4
0,2500 ± 5.10-4
0,3000 ± 5.10-4
0,3500 ± 5.10-4
0,4000 ± 5.10-4

Figura 3: Tabela onde deve-se anotar o tempo de queda para cada uma das 7 alturas que foram
adotadas no experimento. Sendo que, para cada altura foi-se medido no mínimo 4 vezes, calculando-se
no fim o tempo médio de queda.

A tabela mostrada acima é de vital importância, pois além de organizar os


dados obtidos, ela mostrará de forma mais clara como a altura influencia
diretamente no tempo de queda da esfera metálica. Dessa forma, o último passo
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consiste justamente no principal objetivo deste trabalho, isto é, determinar o valor da


aceleração gravitacional correspondente ao local de realização deste experimento.

3º Passo: Determinação do valor da aceleração gravitacional local:

Figura 4: Imagem da captura de tela do software “SciDAVis”, cuja importância é inestimável, isto
porque é através dele que se pôde obter o gráfico e o coeficiente linear da função que relaciona o (log
h) com o (log t), cujo valor é crucial para a determinação da aceleração gravitacional local.

É importante lembrar a equação é quadrática, o que dificulta a


determinação do valor de g, para isso é necessário obter uma segunda equação,
, que fornecerá uma relação linear entre o tempo de queda e a altura, para que
através da equação possa finalmente determinar-se o valor de g.

Valor obtido(g) Valor médio(gm) Valor real(gr) Erro(g – gm)(%) Erro(g – gr)(%)

Figura 5: Tabela necessária para a comparação do valor obtido de g com o valor médio e o valor real
do mesmo, além de também mostrar os respectivos erros percentuais referentes ao experimento.
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4. Resultados e Discussões

4.1 Experimento 4: Determinação do valor da aceleração gravitacional local a


partir da queda livre de uma esfera metálica

(h ± Δh)m (t1 ± Δt)s (t2 ± Δt)s (t3 ± Δt)s (t4 ± Δt)s (t ± Δt)s
-4 -3 -3 -3 -3
0,1000 ± 5.10 0,1496 ± 1.10 0,1498 ± 1.10 0,1449 ± 1.10 0,1409 ± 1.10 0,1463 ± 1.10-3
0,1500 ± 5.10-4 0,1704 ± 1.10-3 0,1705 ± 1.10-3 0,1718 ± 1.10-3 0,1718 ± 1.10-3 0,1711 ± 1.10-3
0,2000 ± 5.10-4 0,1978 ± 1.10-3 0,1967 ± 1.10-3 0,1961 ± 1.10-3 0,2001 ± 1.10-3 0,1977 ± 1.10-3
0,2500 ± 5.10-4 0,2230 ± 1.10-3 0,2238 ± 1.10-3 0,2222 ± 1.10-3 0,2227 ± 1.10-3 0,2229 ± 1.10-3
0,3000 ± 5.10-4 0,2424 ± 1.10-3 0,2420 ± 1.10-3 0,2421 ± 1.10-3 0,2445 ± 1.10-3 0,2428 ± 1.10-3
0,3500 ± 5.10-4 0,2620 ± 1.10-3 0,2621 ± 1.10-3 0,2621 ± 1.10-3 0,2644 ± 1.10-3 0,2627 ± 1.10-3
0,4000 ± 5.10-4 0,2808 ± 1.10-3 0,2810 ± 1.10-3 0,2811 ± 1.10-3 0,2816 ± 1.10-3 0,2811 ± 1.10-3

Figura 1: Tabela onde encontra-se os valores unitários e médio do tempo de queda de uma esfera
metálica para cada uma das 7 alturas adotadas no experimento.

Primeiramente, é válido destacar que os valores obtidos para o tempo de


queda da esfera serão cruciais para a obtenção da aceleração gravitacional local,
isto é, a correspondente ao local de realização do experimento, ou seja, o
Laboratório de Mecânica do Departamento de Física do Campus-Manaus da UFAM.
Dessa forma, ao desprezar a resistência do ar, pode-se afirmar que a esfera caiu em
queda livre, isto é, a queda de um corpo em trajetória retilínea onde seu movimento
é uniformemente variado, além de não haver a presença de qualquer força
dissipativa, ou seja, no caso da queda da esfera a principal força dissipativa é o
atrito. Ao considerar este modelo físico, isto é, onde despreza-se a resistência do ar
e considera-se a massa e aceleração constantes, obtém-se uma lei que consegue
predizer de forma satisfatória o tempo de queda da esfera, sendo este intimamente
relacionado com a aceleração gravitacional do local onde foi realizado o
experimento.
Pode-se perceber que após todas as etapas apresentadas acima, o valor da
aceleração gravitacional é dependente do coeficiente linear da função obtida a partir
da linearização da função quadrática. Dessa forma, para obter o valor de “b” fez-se
uso do software livre “SciDAVis”, onde após a inserção dos respectivos valores da
altura e do tempo médio de queda da esfera metálica, inseriu-se uma fórmula no
software afim de que o mesmo pudesse calcular automaticamente o (log h) e o (log
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t). Segue abaixo, uma captura de tela do software, onde pode-se visualizar os
valores obtidos para o (log h) e o (log t) após a aplicação da fórmula logarítmica:

Figura 3: Imagem da captura de tela do software “SciDAVis”, onde pode-se visualizar duas
importantes colunas, o log(h)[Y] e o log(t)[X], sendo que os valores presentes nestas colunas
correspondem ao logaritmo na base 10 da altura e do tempo de queda da esfera metálica.

Sendo assim, após a inserção dos dados correspondentes a altura e tempo


de queda da esfera e ter-se calculado o logaritmo na base 10 para cada um dos 7
valores presentes nestes 2 campos da tabela, pode-se finalmente gerar o gráfico,
mostrando-se graficamente como o (log h) e o (log t) estão relacionados e
principalmente descobrir a equação da reta que melhor intercepta os pontos deste,
obtendo-se assim o coeficiente linear da mesma, sendo este crucial para o cálculo
da aceleração gravitacional do local de realização do experimento.
É de suma importância ressaltar que o gráfico a ser gerado será do tipo
dispersão, isto é, um gráfico onde as variáveis são representadas graficamente
através de um ponto no plano cartesiano, mostrando-se assim se existe uma relação
de causalidade entre as variáveis presentes, isto é, a altura e o tempo de queda da
esfera. Dessa forma, é crucial destacar que ao plotar graficamente as variáveis não
necessariamente elas estarão relacionadas entre si, mas que estarão
correlacionadas, tal que o grau de relação entre estas é dada pelo coeficiente de
correlação linear (R), sendo que quanto mais este valor aproximar-se de 1, maior
será a relação causal entre as variáveis, isto é, aumenta-se as chances de que a
primeira variável de fato é a causa primária da segunda, mostrando-se assim que as
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variáveis não estão apenas correlacionadas, mas que estão diretamente


relacionadas entre si.
Porém, é crucial destacar a existência coeficiente de determinação(R 2) que é
bem semelhante ao primeiro, no entanto este diferencia-se pelo fato de possuir
apenas valores não negativos entre 0 e 1, enquanto que o coeficiente de correlação
linear varia entre - 1 e + 1. Isto acontece porque o R além de mostrar a correlação
entre as variáveis envolvidas, ele também mostra se variáveis são diretamente ou
inversamente proporcionais entre si. Portanto, ao se tratar de coeficiente de
correlação, quanto mais próximo o R for de + 1 ou de – 1, mais as variáveis estarão
correlacionadas entre si, enquanto que no coeficiente de determinação, quanto mais
próximo o R2 estiver de + 1, mais as variáveis estarão relacionadas entre si.
Ao aplicar o método de regressão linear no software “SciDAVis”, este irá
procurar a reta que melhor se ajusta aos pontos presentes no gráfico fazendo-se uso
de uma ferramenta matemática de vital importância, isto é, o método dos mínimos
quadrados, sendo que quanto maior for a correlação entre os dados, mais próximo
de +1 estará o valor de R2. Por último, o software irá gerar o gráfico final, mostrando-
se geometricamente a relação que há entre o (log h) e (log t), além de mostrar a
equação da reta que melhor se ajustou aos pontos correspondentes aos dados
inseridos. É válido ressaltar que após a obtenção do gráfico através do software
“SciDAVis” será finalmente possível obter o valor da aceleração gravitacional local o
qual será posteriormente comparado com o real valor de g correspondente ao local
do experimento, sendo este obtido a partir do conhecimento da latitude e altitude do
respectivo local, que serão obtidos através de um outro software, o Google Earth.
Sendo assim, segue logo abaixo o gráfico que mostra como o tempo de
queda da esfera metálica, em segundos, varia com a altura do qual foi abandonado,
em metros, tal que em ambas as variáveis foi-se calculado os respectivos logaritmos
na base 10. Dessa forma, o gráfico não mostra a relação direta entre altura e o
tempo, mas sim, a relação que há entre o (log h) e o (log t).
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Figura 4: Gráfico que mostra como o (log h) está correlacionado com o (log t), onde através do
Método dos Mínimos Quadrados, o software foi capaz de achar a melhor reta que se ajustasse aos
pontos presentes no gráfico, por último, encontrou-se a equação da reta correspondente, permitindo
acima de tudo, a determinação da aceleração gravitacional do local onde foi realizado o experimento.

Após a obtenção do gráfico, pode-se finalmente obter o valor da aceleração


gravitacional local, para isso basta-se fazer uso da equação e do coeficiente
linear correspondente à reta que melhor se ajusta aos pontos presentes. Dessa
forma, segue abaixo o cálculo necessário para a obtenção de g:
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Após a obtenção do valor local da aceleração da gravitacional, é de extrema


importância fazer duas comparações, isto é, com o valor médio de g e com o real
valor da aceleração correspondente ao local, possibilitando assim o cálculo
percentual do erro referente ao resultado obtido através do experimento. Dessa
forma, primeiramente é necessário que se obtenha o real valor de g do local, para
isto é necessário que se descubra acima de tudo a altitude e a latitude
correspondentes à localização do Laboratório de Mecânica da UFAM. Para que isso
seja possível, fez-se uso do software Google Earth, onde através das coordenadas
referentes ao Departamento de Física foi possível descobrir os respectivos valores
da altitude e latitude do local do experimento.

Local do Experimento: Laboratório de Mecânica, Departamento de Física, Instituto


de Ciências Exatas, Setor Norte, UFAM, Manaus, Amazonas, Brasil.
Coordenadas: 3º05’19”S / 59º57’52”W
Latitude: 3º em relação à Linha do Equador.
Altitude: 105 metros.

Figura 5: Tabela mostrando como o valor da aceleração gravitacional varia com a altitude e latitude
do local, além de destacar os dois valores reais possíveis para o g do local do experimento, o qual foi
destacado com um retângulo verde.
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Sendo assim, resta-se apenas calcular o erro percentual que há entre o valor
obtido para a aceleração da gravidade através do experimento de queda livre e o
correspondente valor médio de g, assim como a comparação com o valor real de g
obtido através da tabela mostrada anteriormente.

Valor obtido(g) Valor médio(gm) Valor real(gr) Erro(g – gm)(%) Erro(g – gr)(%)
9,8069 m/s2 9,8067 m/s2 9,7804 m/s2 0,00204 0,271

Figura 6: Tabela comparando o valor obtido para a aceleração da gravidade através do experimento
realizado com o valor médio e o real, mostrando-se por último, o erro percentual que há entre o valor
obtido e os demais valores.

Dessa forma, é válido destacar que a latitude e a altitude do local afetam


diretamente o valor da aceleração gravitacional isto porque o planeta Terra não é
totalmente esférico, acarretando-se uma maior valor para o raio nas proximidades da
linha do equador, tornando-se ligeiramente maior que o raio terrestre presente nos
polos. Como consequência, corpos próximos à linha do equador recebem uma força
gravitacional de menor intensidade do que os presentes no polo, isto ocorre porque
a atração gravitacional varia com o inverso do quadrado da distância entre dois
corpos dotados de massa, condizendo assim com a Lei da Gravitação Universal.
Em suma, pode-se perceber que o valor da aceleração gravitacional não é
constante, isto porque conforme varia a altitude em relação ao nível do mar e o
ângulo com a linha do equador altera-se o valor de g, apesar de a mudança do valor
de g ser sutil, esta diferença é suficiente para acarretar problemas no comércio
internacional. Isto porque, ao pôr um determinado objeto em uma balança, sabe-se
que o valor obtido refere-se diretamente à massa do mesmo, no entanto, a
calibração da balança, crucial para que esta possa mostrar a massa com a maior
exatidão possível, depende diretamente da aceleração gravitacional local. Dessa
forma, caso não se levasse em conta as sutis diferenças que há no g entre um local
e outro, a calibração levaria a um ligeiro erro da balança, que mostraria valores um
pouco maiores ou menores do que o verdadeiro. No entanto, este pequeno erro no
valor da massa é suficiente para que milhões de dólares fossem perdidos, pois
inevitavelmente haveriam perdas, já que um problema local é capaz de afetar toda a
economia mundial, logo, pode-se perceber a tamanha relevância de se ter
conhecimento a respeito das sutis diferenças da aceleração gravitacional.
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5. Conclusão

Em suma, pode-se perceber que através do experimento realizado obteve-se


um g com um erro percentual muito pequeno em relação ao real valor da aceleração
gravitacional correspondente ao Laboratório de Mecânica. No entanto, é válido
ressaltar que inicialmente o valor obtido para g estava muito acima do normal, isto é,
obteve-se um valor inicial de 11,4 m/s2, no entanto, percebeu-se que este valor
anormal era decorrente do fato de que o ponto correspondente a primeira altura, ou
seja, 0,1m, estava significativamente deslocado da reta, o que afetou diretamente o
valor do coeficiente linear da reta e consequentemente o valor de g.
Dessa forma, para que o problema fosse resolvido, bastou-se apenas eliminar
este primeiro ponto, logo, o valor de g foi calculado baseando-se apenas em 6
alturas, onde o valor final obtido foi condizente com valor médio de g, obtendo-se
então o valor de 9,8069 m/s 2. Outro aspecto muito importante, é em relação ao
método de regressão linear utilizado pelo software “SciDAVis”, isto porque, este
método além de encontrar a reta que melhor se ajusta aos pontos do gráfico, ele
também fornece o valor de R2, o qual mostra a relação de causalidade entre as
variáveis.
É possível também perceber que o coeficiente de determinação linear(R 2),
que é um importante elemento no campo da estatística, acaba refletindo profundos
conceitos referentes tanto às ciências físicas quanto às ciências humanas. Isto
porque, remete-se diretamente ao que se denomina de determinismo, isto é, a teoria
filosófica de que todo acontecimento possui uma relação causal, ou seja, uma causa
precedente, remontando-se assim a uma visão mecanicista da natureza. Dessa
forma quando R2 assume o valor de + 1, isto que indica que uma variável é
perfeitamente a causa direta da outra, o que do ponto de vista da física é impossível,
já que uma variável física será sempre afetada por outras inúmeras variáveis.
Portanto, pode-se perceber que através da simples queda de uma esfera
metálica e a respectiva medição deste tempo, constatou-se uma importante
regularidade física, isto é, que todos os corpos ao caírem de uma mesma altura em
uma trajetória retilínea e quando a força resultante sobre este for aproximadamente
o valor em módulo da força peso, pode-se afirmar que estes corpos cairão a uma
mesma aceleração, isto é, o valor de aproximadamente 9,8 m/s 2.
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6. Referências Bibliográficas

[1] M. Gusmão, S. Seixas, H. Guerreiro, M. Brito, M. Freitas, W. Machado, W.


Castro, G. Oliveira, H. Bessa. “Manual de Física 1 UFAM” (2013).

[2] Halliday, Resnick, Walker: Fundamentos de Física. Volume 1, 7a edicão, Ed. LTC.

[3] “UFMG”. Linearização de Gráficos. Acesso em: 04 de maio de 2018.


Disponível em:
<http://lilith.fisica.ufmg.br/~lab1/roteiros/Linearizacao_de_Graficos.pdf>

[4] “USP”. Regressão Linear Simples. Acesso em: 04 de maio de 2018.


Disponível em:
<https://www.ime.usp.br/~fmachado/MAE229/AULA10.pdf>

[5] “Bertolo, L.A”. “”Estatística Aplicada”. Acesso em: 05 de maio de 2018.


Disponível em:
<http://www.bertolo.pro.br/matematica/Disciplinas/3ano/Estatistica/Bimestre2/
EstatisticaAplicada3.pdf>

[6] “Wikipedia”. “Causalidade”. Acesso em: 06 de maio de 2018.


Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Causalidade>

[7] “Domingo Soares”. “Aceleração da Gravidade”. Acesso em: 05 de maio de 2018.


Disponível em:
<http://lilith.fisica.ufmg.br/dsoares/g/gleigo.htm>

[8] “Wikipedia”. “Lei da Gravitação Universal”. Acesso em: 04 de maio de 2018.


Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_da_gravita%C3%A7%C3%A3o_universal>

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