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TEMA DO TRABALHO:Teoria de Relatividade

CADEIRA: Sistemas de Multimídia

CURSO: Informática de Sistemas

TURMA: ISD3A

ANO LECTIVO: 2023 – 1º Semestre·

ESTUDANTE:

Francisco Xadreque

Micas Dichone Tsamba

Yuri Alexandre Afu

DOCENTE: Joseph Katame


Introdução

Albert Einstein (1879-1955) apresentou a Teoria da Relatividade Restrita (TRR) em


1905 e pouco tempo depois o matemático alemão Hermann Minkowski (1864–1909),
seu antigo professor em Zurique, mostrou que ela, originalmente proposta em forma
algébrica, poderia ser entendida geometricamente como uma teoria do espaço-tempo
tetradimensional (três coordenadas espaciais mais uma temporal).

A seção espacial deste espaço-tempo é o trivial espaço euclidiano, cuja característica


mais típica é a de ser geometricamente plano, ou seja, a de obedecer aos postulados e
corolários da geometria euclidiana (por exemplo, a soma dos ângulos internos de um
triângulo é igual a 180 graus, o perímetro de um círculo dividido pelo seu diâmetro é
igual ao número irracional π, por um ponto fora de uma reta passa uma e somente uma
reta paralela, etc).

O espaço tetradimensional da TRR é denominado, por razões óbvias, espaço-tempo de


Minkowski. Na verdade, ele nada mais é do que uma extensão do espaço euclidiano
tridimensional para quatro dimensões e é também, portanto, geometricamente plano. A
propósito, o espaço euclidiano pode ser estendido para qualquer número de
dimensões n.

A métrica de um espaço n-dimensional qualquer é a expressão matemática que permite


o cálculo de distâncias neste espaço. Assim, a métrica do espaço euclidiano
tridimensional, em coordenadas cartesianas, é dada pela expressão da distância
infinitesimal ds entre os pontos (x, y, z) e (x+dx, y+dy, z+dz):

. (1)

A métrica dada pela Eq. (1) é também uma característica de um espaço plano e, como
veremos, aparecerá com uma forma análoga na métrica do espaço-tempo da TRR
(espaço-tempo de Minkowski).
Teoria da Relatividade Geral

A Teoria da Relatividade Geral, proposta pelo físico alemão Albert Einstein, é uma
generalização da Teoria da Relatividade Restrita, também de sua autoria. A Relatividade
Geral leva em conta os aspectos fundamentais da Relatividade Restrita, mas também
trata do efeito dos campos gravitacionais sobre o espaço e o tempo.

"A Teoria da Relatividade Geral é uma generalização da Teoria da Relatividade


Restrita, de Albert Einstein, mas vai além desta, levando em conta a aceleração dos
corpos. Logo, a Relatividade Geral é válida para referenciais não inerciais, ou seja, que
apresentam aceleração.

Com a Relatividade Restrita, Einstein provou que os fenômenos físicos acontecem de


forma diferente para observadores que se movem com velocidades relativas constantes e
que a velocidade da luz é a mesma para todos esses observadores. Mostrou-se, além
disso, uma equivalência entre tempo e espaço. Em termos práticos, essa teoria indica
que eventos que ocorrem simultaneamente para um observador podem ser assíncronos
para outro. Por exemplo: a duração de um evento, como a queda de um corpo, quando
medida por uma pessoa no planeta Terra, pode ser diferente se medida por um
observador externo que se move com uma velocidade comparável à velocidade da luz.

Princípio da Equivalência

A Relatividade Geral, por sua vez, é baseada no Princípio da Equivalência. Esse


princípio indica que, por meio de um experimento realizado localmente, não é possível
afirmar se a aceleração sofrida por um corpo é decorrente da gravidade ou da aplicação
de uma força externa de outra natureza que não a gravitacional, já que seus efeitos serão
similares. Imagine a seguinte situação: uma pessoa deixa um objeto cair sob a ação do
campo gravitacional terrestre (esse objeto cairá com aceleração de aproximadamente 9,8
m/s²). Isso também aconteceráf se um objeto for solto no interior de uma astronave
acelerando verticalmente para cima a 9,8 m/s², sem a influência de qualquer campo
gravitacional. Assim, não será possível afirmar se a queda do objeto ocorreu devido a
um campo gravitacional ou em função de sua própria inércia."

A gravidade e a geometria do espaço e tempo

Einstein foi ainda mais longe e conseguiu descrever, por meio da Relatividade Geral, o
fenômeno da gravidade como uma alteração na geometria do espaço, uma curvatura em
seu formato. Grandes massas são capazes de distorcer o espaço e, consequentemente, o
tempo. Uma vez que a luz se propaga pelo espaço, sendo ele curvo, ela demorará
tempos diferentes para observadores que se encontrem em regiões com diferentes
acelerações gravitacionais.
Apesar de ser chamada de teoria, diversas observações experimentais já constataram a
validade da Teoria da Relatividade. Um dos experimentos mais recorrentes é o
fenômeno da lente gravitacional: quando a luz se propaga em regiões do espaço
altamente distorcidas por grandes massas, seu caminho é curvado. Dessa forma, é
possível que as imagens de algumas estrelas apareçam repetidas ou ainda borradas nas
imagens feitas por telescópios e radiotelescópios. A descoberta desse fenômeno tornou
possível, nos últimos anos, a correção dessas imagens."

2. Teoria da Relatividade Restrita


A TRR é uma teoria geométrica de um espaço tetradimensional plano, o espaço-tempo
de Minkowski, cuja métrica, caracterizando-o como um espaço plano, é dada pela
distância infinitesimal entre dois eventos localizados em (x, y, z, t) e (x+dx, y+dy, z+dz,
t+dt):

, (2)

onde c é a velocidade da luz no vácuo e o sinal negativo no termo temporal é adotado


por convenção e conveniência. No caso de um intervalo nulo ds = 0, teremos c=±dl/dt,
com (dl)² = (dx)² + (dy)² + (dz)², ou seja, somente a luz poderia viajar entre os dois
eventos. Por extensão, definimos a geodésica nula, ou geodésica tipo luz, como o
caminho entre dois eventos quaisquer, para os quais Δs=0. Para o espaço-tempo de
Minkowski, a geodésica nula é um segmento de linha reta.

A seção espacial do espaço-tempo de Minkowski — e de qualquer outro espaço-tempo


— é obtida “congelando-se” o tempo, i.e., fazendo-se t = constante, ou dt = 0, na Eq. 2.
Obtemos, neste caso, o espaço plano euclidiano tridimensional, cuja métrica é dada pela
Eq. 1.

Então, podemos dizer que na TRR o espaço-tempo e o espaço são planos. Isto não será
verdadeiro para as soluções da Teoria da Relatividade Geral (TRG) discutidas a seguir.
Para elas, o espaço-tempo será sempre curvo e o espaço será, geralmente, também
curvo. Veremos apenas um caso em que a seção espacial de uma solução da TRG será
plana.

3. Teoria da Relatividade Geral


A TRG é uma teoria geométrica de um espaço tetradimensional curvo, cuja seção
espacial pode ser plana ou curva, como veremos a seguir em dois exemplos. O espaço-
tempo curvo da TRG implica em que um corpo de prova colocado em repouso em
qualquer ponto do espaço sairá do repouso, ou seja, ele “rola” pelo espaço-tempo curvo
afora. A situação é análoga ao que ocorre na mecânica newtoniana, quando um corpo de
prova é colocado em repouso numa região do espaço onde existe um campo de força.
Alternativamente, um corpo de prova colocado em repouso num espaço-tempo plano
permanece em repouso, um comportamento análogo ao ditado pela Primeira Lei da
mecânica newtoniana.
3.1. A solução de Schwarzschild
Logo após a apresentação final da TRG em 1916, o astrônomo alemão Karl
Schwarzschild (1873-1916) resolveu as equações de campo de Einstein para um caso
bastante particular, simples e de grande alcance quanto às suas possibilidades de
aplicações experimental e observacional. Trata-se da determinação da métrica do
espaço-tempo no exterior de uma distribuição de massa M, estática e esfericamente
simétrica. A solução de Schwarzschild aplica-se, por exemplo, ao movimento planetário
em torno do Sol, e representa um aperfeiçoamento da lei de gravitação universal de
Newton quando aplicada no mesmo contexto.

Devido à simetria do problema — um corpo central esférico — a métrica de


Schwarzschild é convenientemente expressa em coordenadas esféricas. O intervalo
espácio-temporal ds será dado por:

, (3)

onde r, θ e ϕ- são as coordenadas esféricas usuais. Note que a geodésica nula é curva e
não um segmento de reta como na métrica de Minkowski. Para se certificar disto,
compare a parte espacial da métrica da Eq. 3 com a parte espacial da métrica de
Minkowski em coordenadas esféricas, (dl)² = (dr)² + (rdθ)² + (rsenθdϕ)², e veja que elas
são diferentes.

Para a visualização da seção espacial do espaço-tempo de Schwarzschild farei como


Edwin Taylor e John A. Wheeler em seu livro Exploring black holes – Introduction to
General Relativity de 2000. No capítulo 2, seção 10, pág. 2-24, intitulada Picturing the
space part of Schwarzschild geometry, os autores restringem-se a duas dimensões
espaciais (r e θ, fixando ϕ, dϕ = 0), para uma visualização 2D imersa no espaço 3D.
Desta forma, o resultado é um paraboloide de revolução em torno da massa central M
(veja Fig. 1). A representação espacial bidimensional dá apenas uma ideia de como seria
o equivalente tridimensional, cuja representação é impossível pois exigiria uma figura
3D imersa num espaço 4D.
Figura 1

Representação bidimensional da seção espacial do espaço-tempo de Schwarzschild. Um


desafio: tente imaginar o espaço 3D, equivalente ao 2D mostrado aqui, imerso num
sistema de coordenadas espaciais 4D (adaptado de E. Taylor e J.A. Wheeler 2000, cap.
2).

Uma característica interessante da métrica de Schwarzschild é que, sendo a geodésica


nula curva, podemos ter a ocorrência de dois fenômenos inéditos, em relação à física
clássica: a deflexão da luz ao passar próxima a uma massa M e a lente gravitacional —
também uma consequência da deflexão da luz. O fenômeno das lentes gravitacionais
origina efeitos ainda mais esdrúxulos tais como miragens, amplificação da intensidade
luminosa, etc.

Concluindo, o espaço-tempo de Schwarzschild e a sua seção espacial são ambos curvos.

3.2. As soluções de Friedmann


O atual Modelo Padrão da Cosmologia (MPC) é a modificação de um dos modelos
relativistas históricos, quais sejam, aqueles desenvolvidos pelo cosmólogo russo
Alexander Friedmann (1888-1925), logo após a proposta da TRG por Einstein.
Friedmann publicou os seus estudos no início da década de 1920. Os seus modelos eram
soluções particulares das equações de campo da TRG aplicadas ao universo sob uma
hipótese simplificadora, que ficou conhecida posteriormente como “Princípio
Cosmológico” (para uma visão geral do procedimento de Friedmann veja Os primeiros
passos na cosmologia relativista). Posteriormente, o matemático e físico norte-
americano Howard Robertson (1903–1961) e o matemático inglês Arthur Walker
(1909–2001) mostraram, independentemente, em meados da década de 1930, que as
soluções de Friedmann eram caracterizadas pela métrica espácio-temporal mostrada na
Eq. 4. Devido às simetrias introduzidas pelo Princípio Cosmológico, esta métrica, que
ficou conhecida como métrica de Friedmann-Robertson-Walker, é, também, mais
apropriadamente expressa em coordenadas esféricas:

. (4)

S(t) é o chamado fator de escala do universo e k é a constante de curvatura da seção


espacial. Esta métrica descreve os modelos em expansão típicos do MPC e também
admite modelos particulares em contração (cf. Observações sobre as soluções clássicas
da equação de Friedmann). Os valores de k podem ser: +1, correspondendo a um
universo finito, ilimitado e fechado, −1, a um universo infinito e aberto, e 0, a um
universo infinito e plano (ou crítico). A geodésica nula é em geral curva, sendo reta
apenas para o modelo crítico. Estas três possibilidades estão ilustradas na Fig. 2, como
visualizações 2D imersas no espaço 3D. Como dito acima, a representação geométrica
3D é impossível, pois a quarta dimensão espacial não existe ou não é observável. As
representações das várias configurações 3D só são possíveis através de relações
matemáticas e geométricas características de cada espaço específico.

Figura 2

Representações bidimensionais das seções espaciais dos espaços-tempos de Friedmann-


Robertson-Walker. As somas dos ângulos internos dos triângulos vermelhos são: maior
do que 180°, menor do que 180° e igual a 180°, para as seções espaciais fechada, aberta
e plana, respectivamente. O mesmo desafio proposto na legenda da Fig. 1 é também
válido aqui para estas três seções espaciais.
O universo — ou modelo — de Friedmann fechado possui densidade de matéria-energia
maior do que a chamada densidade crítica, o universo aberto possui densidade menor
do que a densidade crítica, e o universo plano é o modelo cuja densidade é a densidade
crítica, e desta forma, a define. Todos estes modelos clássicos de Friedmann estão em
expansão desacelerada, sendo que o modelo fechado é cíclico, alternando fases de
expansão e contração. O leitor está convidado a ler o artigo Observações sobre as
soluções clássicas da equação de Friedmann, onde algumas características dos universos
clássicos de Friedmann são discutidas.

Como vimos, então, o espaço-tempo de Friedmann-Robertson-Walker, dado pela


métrica da Eq. 4, é obviamente curvo pois representa uma solução da TRG, e as suas
seções espaciais podem ou não ser curvas, dependendo do valor da constante de
curvatura k.
4. Conclusão
A Tabela 1 apresenta o resumo das discussões apresentadas nas seções 2 e 3
relativamente à existência ou não das curvaturas do espaço e do espaço-tempo nas
teorias relativistas. Na seção 2, considerei a TRR e na seção 3, quatro soluções
particulares da TRG, a saber, a solução de Schwarzschild (seção 3.1) e as três soluções
cosmológicas de Friedmann (seção 3.2).

Tabela 1 – Espaço e espaço-tempo relativistas

TRR Schwarzschild Friedmann Friedmann Friedmann

fechado crítico aberto

Espaço plano curvo curvo plano curvo

Espaço-tempo plano curvo curvo curvo curvo

É importante notar que, devido ao fato de a TRG ser uma teoria de gravitação e a
gravidade ser descrita pela curvatura do espaço-tempo, o espaço-tempo de todas as
soluções da TRG é curvo. Na TRR não existe gravitação e o espaço-tempo é
consequentemente plano. Note também que a única geometria plana nas soluções da
TRG é a do espaço do modelo de Friedmann crítico, muitas vezes chamado, por isto, de
“Friedmann plano”.
5. Considerações finais
Apresento aqui alguns textos que podem complementar e enriquecer a discussão sobre
as características do espaço-tempo e do espaço nas teorias relativistas.

A TRG é uma teoria de gravitação e admite inúmeras soluções, cada uma delas
referente a uma situação física diferente. Os dois exemplos que mencionamos acima, a
saber, a solução de Schwarzschild e a solução de Friedmann são qualitativamente
bastante diferentes. A solução de Schwarzschild têm sido comprovada exemplarmente
pelas experiências e observações astronômicas e é responsável pelo enorme prestígio de
que goza a TRG. Já as soluções cosmológicas de Friedmann ainda não foram
comprovadas nem por experiências nem por observações astronômicas, ao contrário do
que muitas vezes é apregoado. Uma discussão mais detalhada desta questão qualitativa
é apresentada no artigo Uma pedra no caminho da Teoria da Relatividade Geral. Muitas
vezes, o sucesso da solução de Schwarzschild é inconscientemente transferido para as
cosmologias modificadas de Friedmann, como se elas próprias fossem um sucesso de
comprovação observacional. O que não é de forma alguma verdadeiro.

Uma curiosidade: a deflexão gravitacional da luz, uma característica original da métrica


de Schwarzschild, pode também ser calculada dentro dos preceitos conceituais da
mecânica newtoniana. Isto está feito em Newtonian gravitational deflection of light
revisited. O resultado para a deflexão da luz originária de uma estrela distante, em
incidência rasante à superfície do Sol é, no entanto, duas vezes menor do que o
resultado obtido através da solução de Schwarzschild, o qual tem sido brilhantemente
comprovado, especialmente pela deflexão de ondas de radiofrequência emitidas por
quasares.

A geodésica nula curva no modelo de Friedmann fechado leva à previsão da existência


de múltiplas imagens (miragens) de galáxias devido a repetidas “viagens” da luz emitida
por elas em trajetórias fechadas, por todo o universo. Este efeito foi bastante explorado
em um modelo alternativo ao MPC, formulado pelo cosmólogo francês Jean-Pierre
Luminet e colaboradores em 2002 (veja mais detalhes na seção 4 do artigo Espectro de
potência da Radiação de Fundo de Micro-ondas).

Uma descrição bem simples da cosmologia dos modelos de Friedmann pode ser vista
em O Big Bang, um “Estrondão” no espaço e no tempo. Como foi dito anteriormente, o
atual Modelo Padrão da Cosmologia é a modificação de um dos modelos de Friedmann.

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