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Linhas de Ruptura e Flechas nas Lajes linear, mas é possível incluir a não linearidade física
sem maiores dificuldades.
Cálculo de lajes armadas em cruz
O grande inconveniente do método está na dificuldade
As denominadas lajes armadas em cruz são aquelas de generalização das condições de contorno e de
em que a relação entre os vãos é inferior a 2, conforme carregamento, motivos pelos quais ele tem sido
a classificação dada anteriormente. abandonado.
Para essas lajes, o cálculo dos esforços deve ser feito F - Método dos elementos finitos
levando-se em conta sua flexão biaxial, o que aumenta
consideravelmente a complexidade do problema. É um método numérico muito empregado atualmente.
Diversos métodos de cálculo são disponíveis na Nesse método, podem-se considerar as não
bibliografia, podendo-se citar os seguintes: linearidades física e geométrica, as diferentes
condições de contorno e de carregamento, formas
A - Teoria das Grelhas diversificadas, etc.
É um método simplificado bastante útil para o projeto Entretanto, a formulação não é tão simples e o trabalho
das lajes de concreto armado. computacional pode se tomar exaustivo.
Nesse método, admite-se um comportamento elástico Teoria das grelhas para lajes sobre apoios rígidos
linear do material da laje.
O cálculo das lajes armadas em cruz que não possuam
Da teoria das grelhas, deriva o conhecido Método de rigidez à torção, ou que não sejam suficientemente
Marcus. ancoradas nos cantos para evitar o seu levantamento,
pode ser feito de maneira simplificada por meio da
B - Teoria das linhas de ruptura denominada “Teoria das Grelhas”.
Nessa teoria, admite-se que o material apresente um Esse método também pode ser empregado paras as
comportamento rígido-plástico. lajes usuais, concretadas monoliticamente com as
vigas, quando não são usadas armaduras de canto na
O equilíbrio é garantido pela aplicação do princípio dos face superior da laje.
trabalhos virtuais, desprezando-se totalmente a
contribuição das deformações elásticas. Esses casos são ilustrados na fig. 3.1.1.
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cantos simplesmente apoiados para controle da sendo o quinhão de carga correspondente.
fissuração.
Uma vez que a flecha no centro da laje tem um valor
Considere-se, para exemplificar, a laje simplesmente único, a condição de continuidade é escrita na forma
apoiada nos quatro lados, indicada na fig. 3.1.2.
=
A laje é submetida a uma carga , uniformemente
distribuída por unidade de área. Introduzindo
Os vãos são e e os apoios são considerados
indeformáveis. = e =
Da equação
= +
tem-se que
= −
Substituindo
Inicialmente, consideram-se duas faixas de largura
unitária, uma em cada direção, as quais se cruzam no = − em =
centro da laje.
resulta
A carga total é dividida nos quinhões de carga e
, correspondentes às direções e ,
respectivamente. =
+
Os quinhões de carga devem obedecer à relação As equações
= +
= − e =
= ⁄
pode-se escrever
= ; =
onde
Analogamente, a flecha no centro da faixa da direção O momento máximo na direção é dado por
é dada por
5 =
8
=
384
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e substituindo , =2 +
= =2 +
,
resulta
onde e são os momentos positivos no centro da
laje.
= ; = /8
Fazendo as substituições necessárias, comprova-se
Analogamente, o momento máximo na direção pode que os resultados são os mesmos da equação
ser escrito na forma
= ; = /8 , =
8
Observa-se que, nas expressões dos momentos
fletores, ο termo comum é . =
,
8
Os coeficientes adimensionais e dependem
apenas do parâmetro (relação entre os vãos da laje). Logo, se as vigas forem dimensionadas para as cargas
uniformes e , e se as armaduras da laje forem
A flecha no centro da laje pode ser calculada por distribuídas uniformemente ao longo dos vãos e , o
meio das expressões momento total resistente será igual ao momento total
solicitante.
= ou = A formulação demonstrada para a laje simplesmente
apoiada nos quatro lados pode ser facilmente estendida
Empregando a equação para outros casos de condições de contorno.
= , onde =5 ⁄384
= ; =
onde
= ⁄2 = ⁄2
= ; = =
8 8
Considerando as duas vigas de cada direção, e
incluindo a colaboração da laje, obtêm-se os momentos ℎ
totais resistentes =
12(1 − )
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Momentos fletores no centro da laje: = ⁄14,22 ; = /14,22
= ; = =− /8 ; =− /8
Momentos fletores negativos: =3 ⁄8 ; =5 ⁄8
= ; =
=3 ⁄8 ; =5 ⁄8
Reações nos lados apoiados:
- Caso 5:
= ; =
2
=
Reações nos lados engastados: 1+2
= ; = = ⁄384
=− /12 ; =− /8
=
1+
=3 ⁄8 ; =5 ⁄8
=5 ⁄384
= ⁄2
= ⁄8 ; = /8
- Caso 6:
= ⁄2 ; = ⁄2
=
- Caso 2: 1+
5 = ⁄384
=
1+5
= ⁄24 ; = /24
=2 ⁄384
=− /12 ; =− /12
= ⁄14,22 ; = /8
=3 ⁄8 ; = ⁄2
=− /8
Com as expressões anteriores, pode-se facilmente
= ⁄2 ; =3 ⁄8 ; =5 ⁄8 elaborar um programa de computador para o cálculo de
lajes retangulares através da teoria das grelhas.
- Caso 3:
Essas expressões foram utilizadas na confecção das
5 tabelas A2.22 a A2.27, constantes do Apêndice 2.
=
1+5 Observando essas expressões, verifica-se que o valor
absoluto do momento negativo varia de 1,78 a 2,00
= ⁄384 vezes o valor do momento positivo na mesma direção
da laje.
= ⁄24 ; = /8
As tabelas A2.22 a A2.32 correspondem a lajes
=− /8 retangulares apoiadas ao longo de todo o contorno
(sem bordo livre), submetidas a uma carga
= ⁄2 ; = ⁄2 uniformemente distribuída.
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As tabelas foram elaboradas com base na Teoria das Momentos fletores:
Grelhas.
As tabelas A2.22 a A2.27 correspondem à teoria das = 0,001 ; = 0,001 ; .
grelhas para lajes sobre apoios rígidos.
Reações de apoio:
As tabelas A2.28 a A2.32 correspondem à teoria das
grelhas para lajes sobre apoios flexíveis. = 0,001 ; = 0,001 ; .
Na fig. A2.4, indicam-se as grandezas correspondentes
ao caso da tabela A2.25.
Flecha:
= 0,001
onde
ℎ
=
12(1 − )
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A solução pode ser obtida por meio das equações ou
utilizando a tabela A2.22 do Apêndice 2.
- momentos fletores:
- reações de apoio:
( + )/2
=
0,8 ( , )
Método de Marcus
resulta
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Os coeficientes < 1 e < 1 dependem das condições Na prática, essa condição só se verifica no caso de
de contorno e da relação entre os vãos da laje, sendo lajes apoiadas em paredes (em edifícios de alvenaria
dados por estrutural) ou em vigas de grande rigidez (com relação
vão/altura menor do que 7, aproximadamente).
20 20
=1− ; =1− Assim, se os apoios são rígidos, os momentos torçores
3 3 nos cantos simplesmente apoiados são importantes,
não se podendo prescindir das armaduras de canto.
onde e são os coeficientes que definem os
quinhões de carga e = ⁄ . Caso as armaduras superiores de canto sejam
eliminadas, para facilitar a concretagem, poderão
Os coeficientes e dependem das condições de ocorrer fissuras nas faces superiores da laje.
apoio nas duas direções.
Essas fissuras ocasionarão um aumento da flecha e
Para uma direção genérica, tem-se dos momentos positivos no centro da laje, em relação
àqueles obtidos através da teoria de placas.
- faixa biapoiada: α = 8;
- faixa engastada e apoiada: α = 14,22; Finalmente, se a teoria de placas for empregada para o
- faixa biengastada: α = 24. cálculo de lajes isoladas, é necessário considerar que
as reações de apoio tenham variação triangular e
O método de Marcus é bastante atrativo devido à sua trapezoidal para o cálculo das vigas.
simplicidade e, principalmente, pela disponibilidade de
soluções analíticas, o que facilita a implementação Teoria das linhas de ruptura
computacional.
A teoria das linhas de ruptura, introduzida por K. W.
Entretanto, deve ser observado que o método Johansen, é uma alternativa para o cálculo de esforços
considera a rigidez à torção das lajes. e reações em lajes.
Se a laje for calculada pelo método de Marcus, as Empregando esse método, é possível determinar os
reações de apoio não devem ser consideradas momentos de ruína que serão utilizados para o
uniformemente distribuídas sobre as vigas. dimensionamento das lajes de diferentes formas,
condições de contorno e carregamentos.
Neste caso, as vigas devem ser calculadas com as
distribuições de reações de apoio dadas na teoria de Em seu surgimento, o método teve uma grande
placas. aceitação pela possibilidade de se calcular lajes de
formas irregulares, o que era praticamente impossível
Além disso, é necessário dimensionar as armaduras de à época.
canto, nos cantos simplesmente apoiados das lajes.
A teoria das linhas de ruptura, também denominada
Em geral, basta adotar uma armadura de canto com teoria das charneiras plásticas, considera o equilíbrio
área igual à da maior armadura positiva existente no da laje no momento que antecede a ruína, ou seja, no
centro da laje. estado limite último.
Teoria de Flexão das Placas A teoria não permite analisar o comportamento da laje
nas condições de utilização, o que é uma das
Na Teoria de flexão de placas as soluções obtidas são desvantagens em relação às soluções elásticas.
válidas desde que sejam verificadas as seguintes
condições, dentre outras: A NBR-6118 permite o emprego da teoria das linhas de
ruptura quando as deformações das seções da laje
• apoios rígidos; estiverem nos domínios 2 ou 3 (peças subarmadas ou
normalmente armadas).
• emprego das armaduras de canto;
Para a garantia de uma ductilidade apropriada, deve-se
• consideração de cargas triangulares e trapezoidais, ter ⁄ ≤ 0,30, onde é a profundidade da linha neutra
ou cargas parcialmente distribuídas, para o cálculo das e é a altura útil das seções da laje.
vigas de apoio.
De acordo com a NBR-6118, para as lajes retangulares
A condição de apoios rígidos é fundamental, já que, nas com cargas uniformemente distribuídas, as reações de
soluções teóricas, admite-se que = 0 no contorno da apoio podem ser calculadas considerando-se as áreas
placa. dos triângulos ou trapézios obtidos traçando-se, a partir
dos vértices, na planta da laje, retas inclinadas de:
Assim, para compatibilizar a solução teórica com a
situação real, os apoios da laje devem possuir elevada - 450 entre dois apoios do mesmo tipo;
rigidez.
- 600 a partir do apoio engastado, quando o outro for
simplesmente apoiado;
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Adotando essas inclinações para as linhas de ruptura,
- 90 a partir do apoio, quando a borda vizinha for livre. podem-se calcular as reações de apoio de lajes de
formas irregulares como, por exemplo, a laje em forma
Essas situações são representadas na fig. 3.4.7. de indicada na fig. 3.4.8.
De acordo com a figura mostrada (laje com bordos Para as cargas de serviço, tem-se uma rigidez maior do
livres), para a carga total (p) atuando sobre a laje, tem- que no estado limite último.
se:
Além disso, os efeitos que a fissuração provoca nas
. lajes são diferentes do que ocorre com as vigas.
= ∙ =
2 × 2 4
Na faixa das cargas de serviço, pode-se admitir que as
+ − lajes se encontrem no estádio I, enquanto as vigas
= ∙ ∙ estão no estádio II.
2 2
No estado limite último, ambas estão totalmente
= 2− fissuradas, porém, cada uma delas experimenta uma
4 diferente queda de rigidez.
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Apesar das dificuldades de avaliação aqui discutidas,
sem dúvida alguma, o ideal é fazer a análise do
pavimento como um todo, empregando-se um software
que considera o sistema lajes-vigas acoplado.
2 - Fazer um croqui do piso com as lajes mostrando os Para as lajes em balanço com espessura com
momentos positivos e negativos calculados por meio de espessura h < 19 cm, deve-se considerar o coeficiente
cada um dos métodos. adicional.
Considerar o seguinte carregamento sobre as lajes: O coeficiente n deve majorar os esforços de cálculo
finais, quando do dimensionamento das lajes em
balanço.
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Cálculo de flechas em lajes no estádio I para o nível das cargas quase
permanentes.
A NBR-6118 estabelece diversos limites para os
deslocamentos dos elementos estruturais. Eventuais fissuras que possam surgir em pontos
localizados da laje não são suficientes para desviar o
Esses limites são valores práticos, determinados de seu comportamento global do estádio I, como se
modo a evitar que os deslocamentos da estrutura não comprova a partir da análise de resultados
causem sensações desagradáveis aos usuários, não experimentais e por meio de uma análise não linear.
impeçam a utilização adequada da construção, nem
causem danos em elementos não estruturais. A flecha inicial W0 é calculada através dos
procedimentos apresentados nos capítulos anteriores:
Além disso, esses limites devem garantir a validade da expressões analíticas para lajes armadas em uma
hipótese de pequenos deslocamentos, usualmente direção, tabelas da teoria de placas, teoria das grelhas
admitida na análise estrutural. para lajes sobre apoios rígidos e sobre apoios flexíveis,
além da possibilidade de cálculo através de métodos
Assim, o limite a ser adotado para um deslocamento é numéricos.
função do dano que se quer evitar.
Em todos os casos, considera-se a rigidez à flexão da
Por exemplo, se o objetivo é evitar vibrações que laje dada por
possam ser sentidas no piso, a flecha devida à carga
acidental não deve ultrapassar um determinado limite. ℎ
=
12(1 − )
Por outro lado, o objetivo pode ser evitar danos em
paredes. Neste caso, o acréscimo na flecha da laje,
ocorrido após a construção da parede, deve ser onde = 0,2 é o coeficiente de Poisson do concreto e
limitado. Ecs é o módulo secante.
Na equação, admite-se a ocorrência do estádio I, tanto = (25ℎ + 0,8) + 0,3 1,5 = 1,25 + 25ℎ, /
para o cálculo da flecha inicial, quanto para a inclusão
da fluência. Considerando esse carregamento, é possível
determinar a espessura da laje para atender as
Esse procedimento de cálculo é válido para as lajes exigências quanto à flecha.
maciças dos edifícios, pois as mesmas se encontram
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Na tabela 4.3.1, são indicados os resultados
correspondentes a lajes retangulares simplesmente
apoiadas nos quatro lados.
= 0,001
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