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Editora Poisson

Engenharia no Século XXI


Volume 7

1ª Edição

Belo Horizonte
Poisson
2019
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade

Conselho Editorial
Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais
Msc. Davilson Eduardo Andrade
Dra. Elizângela de Jesus Oliveira – Universidade Federal do Amazonas
Msc. Fabiane dos Santos Toledo
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy
Msc. Valdiney Alves de Oliveira – Universidade Federal de Uberlândia

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


E57
Engenharia no Século XXI – Volume 7/
Organização Editora Poisson – Belo
Horizonte - MG: Poisson, 2019

Formato: PDF
ISBN: 978-85-7042-161-6
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6

Modo de acesso: World Wide Web


Inclui bibliografia

1. Engenharia 2. Educação.I. Título

CDD-620

O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de
responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.

www.poisson.com.br

contato@poisson.com.br
SUMÁRIO
Capítulo 1: Resíduos sólidos perigosos: Ferramentas para implantação da coleta seletiva
e procedimentos de reciclagem ........................................................................................................... 08
Ana Paula Jambers Scandelai, Danielly Cruz Campos Martins, Paula Polastri, Edson Sales Júnior, Cláudia
Telles Benatti, Célia Regina Granhen Tavares
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.01

Capítulo 2: Elaboração de painéis produzidos com os resíduos da madeira, soja, milho e


aveia ................................................................................................................................................................. 13
Tamara da Silva, Fernanda Santos Silveira, Celia Kimie Matsuda, Rubya Vieira de Mello Campos
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.02

Capítulo 3: Efeito da incorporação dos resíduos grits na qualidade tecnológica de tijolos


solo-cimento................................................................................................................................................. 20
Júlia Fonseca Colombo Andrade, André Geraldo Cornélio Ribeiro, Rafael Farinassi Mendes, Lucas Cardoso
Lima
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.03

Capítulo 4: Estudo do solo-cimento com incorporação de resíduo de construção e


demolição – RCD......................................................................................................................................... 30
Jennef Carlos Tavares, Karine Bianca de Freitas, José Daniel Jales Silva, Larissa Martins de Oliveira, Alisson
Gadelha de Medeiros, Daniel de Oliveira Santos
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.04

Capítulo 5: Utilização de Resíduos de Quartzito na Construção Rodoviária .................. 39


Hemilly Cristine Lobo Fernandes
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.05

Capítulo 6: Efeito da adição de resíduo de poliéster reforçado com fibra de vidro nos
parâmetros de resistência ao cisalhamento ................................................................................... 48
André Sales Mendes, Rodrigo de Moura Fernandes, Matheus Pena da Silva e Silva, Raimundo Humberto
Cavalcante Lima, Consuelo Alves da Frota
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.06

Capítulo 7: Efeito da adição de resíduo de alumínio nos parâmetros de resistência ao


cisalhamento de solo típico de Manaus/AM .................................................................................. 59
Bruno Barbosa Frota, Paulo Sérgio da Silva, Matheus Pena da Silva e Silva, Consuelo Alves da Frota
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.07
SUMÁRIO
Capítulo 8: Efeito do tratamento alcalino do resíduo industrial da fibra de piaçava nas
propriedades térmicas de compósitos com PHB ......................................................................... 68
Camila Gomes Moreno, Eduardo Braga Costa Santos, Janetty Jany Pereira Barros, Danusa Araújo de Moura,
Lucineide Balbino da Silva
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.08

Capítulo 9: Conhecimento tradicional da utilização de argila e cinzas de carvão vegetal


na produção de compósito cimento por moradores do interior do Pará .......................... 80
Adriane Pimentel Oliveira, Willam Rayplham Pereira Coelho, Jackeline Meireles Hipolito de Souza
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.09

Capítulo 10: Influência do tratamento alcalino nas propriedades do sisal e dos


compósitos com matriz poliéster insaturado auxiliado pela correlação digital de imagens
............................................................................................................................................................................ 86

Fernanda Monique da Silva, Pedro Henrique Xavier de Mesquita, Rodrigo Nogueira de Codes, Zoroastro
Torres Vilar
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.10

Capítulo 11: Plástico reciclado adotado como elemento estrutural na construção civil:
Porosidade versus resistência (estudo de caso) .......................................................................... 95
Marina Muriel Feitosa Pinto, Conceição de Maria Pinheiro Correia
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.11

Capítulo 12: Compatibilidade entre polietileno e amido termoplástico modificado com


ácido cítrico e polietilenoglicol ............................................................................................................ 103
Kaique Acácio Nuernberg, Juliana Massae Andreatta, Márcia Silva de Araújo, José Alberto Cerri
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.12

Capítulo 13: Análise de textura da LIGA 600 após processamento por ECAP e
tratamentos térmicos ............................................................................................................................... 112
Renan Augusto Francisco Dias, Waldemar Alfredo Monteiro
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.13
SUMÁRIO
Capítulo 14: Síntese de catalisadores de níquel suportado em alumina por via úmida
............................................................................................................................................................................ 120
Normanda Lino de Freitas, Joelda Dantas, Ana Cristina F. de Melo Costa, Talita Kênya O. Costa, Ana Carla da
F. Ferreira, Jéssica Renaly F. Morais
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.14

Capítulo 15: Características das superfícies de itabirito compacto e seus componentes


minerais principais com e sem adsorção de amido gelatinizado.......................................... 129
Marta Duarte da Fonseca de Albuquerque, Renata Antoun Simão, Laurindo de Salles Leal Filho, Marisa
Bezerra de Mello Monte
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.15

Capítulo 16: Influência do tratamento alcalino nas propriedades da fibra de sisal e nos
seus compósitos de matriz epóxi avaliada pela técnica da correlação digital de imagens.
............................................................................................................................................................................ 135
Pedro Henrique Xavier de Mesquita, Fernanda Monique da Silva, Rodrigo Nogueira de Codes, Zoroastro
Torres Vilar
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.16

Capítulo 17: Análise de ensaios de tração em amostras de latão, aço SAE 1020 e aço SAE
1010 ................................................................................................................................................................. 143
Matheus Ben-Hur Ramirez Sapucaia, Francisco Mikael Alves da Silva
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.17

Capítulo 18: Comparação no comportamento a tração obtidos pelas normas ASTM


D3039 e D638 para poliéster reforçada por fibras de juta de 5,0 mm e de 15,0 mm .. 151
Heider Christian M. Monteiro, Gleidson Silva Figueiredo, Rubens Ferreira Vieira Junior , Herivaldo Pascoal
da Silva Filho, Kamila da Silva Pompeu, Gabriel Melo Nascimento, Domingos Sávio Tavares Mendes Júnior
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.18

Capítulo 19: Estudo do potencial adsortivo de argila natural na remoção de Cátions


divalentes (Cd2+ e Ni2+) em solução aquosa ................................................................................. 160
Joseane Damasceno Mota, Rochelia Silva Souza Cunha, Luana Araújo de Oliveira, Patrícia Noemia Mota de
Vasconcelos, Meiry Glaucia Freire Rodrigues
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.19
SUMÁRIO
Capítulo 20: Interferência na cristalização da flor de sal em água salina acima de 1,20
g/cm³ ............................................................................................................................................................... 167
Kristy Emanuel Silva Fontes, Francisco Leonardo Gomes de Menezes, Liliane Ferreira Araújo de Almada,
Jussier de Oliveira Vitoriano, Clodomiro Alves Junior
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.20

Capítulo 21: A aprendizagem baseada em projetos aplicada na construção de um balão


de alta altitude – HAB-IMT..................................................................................................................... 178
Gilberto Murakami, Denise Marques Pinheiro
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.21

Capítulo 22: Phosphorus removal from metallurgical grade silicon by acid leaching for
solar application ......................................................................................................................................... 186
Cátia Fredericci, João Guilherme Rocha Poço, João Batista Ferreira Neto, John Bernardo Vilca Neira,
DOI: 10.36229/978-85-7042-161-6.CAP.22

Autores: ......................................................................................................................................................... 194


Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 1
Resíduos sólidos perigosos: Ferramentas para
implantação da coleta seletiva e procedimentos de
reciclagem

Ana Paula Jambers Scandelai


Danielly Cruz Campos Martins
Paula Polastri
Edson Sales Júnior
Cláudia Telles Benatti
Célia Regina Granhen Tavares

Resumo: Os resíduos sólidos perigosos (RSP), gerados nos domicílios, comércios e


indústrias, necessitam de cuidados pós-consumo específicos, de modo que sejam
reinseridos na cadeia produtiva ou tenham destinos ambientalmente corretos. Para isso,
a coleta seletiva e a reciclagem devem ser bem aplicadas, em conjunto com o sistema de
logística reversa. O objetivo deste capítulo é realizar uma investigação sobre os
processos de reciclagem de RSP disponíveis no país, uma vez que esses resíduos
apresentam grande periculosidade ao ambiente e à saúde. Apesar das diversas
tecnologias de reciclagem e reaproveitamento (total ou parcial) de RSP e da sua
obrigatoriedade desde 2010, verificou-se que a reciclagem desses resíduos não tem sido
efetivamente aplicada. Assim, conclui-se que os programas de incentivo à destinação
adequada de RSP necessitam ser mais bem aplicados, amplamente divulgados e
fiscalizados, resultando, consequentemente, em maior participação da população
consumidora nesse processo.

Palavras-chave: Logística reversa; Política Nacional de Resíduos Sólidos; Resíduos


8
sólidos perigosos.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
Os resíduos sólidos perigosos (RSP) são aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e
mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental. Assim, de
acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - Lei nº 12.305/2010 são considerados
resíduos sólidos perigosos (RSP) lâmpadas com vapor de mercúrio e fluorescentes, lodos de tratamentos
de esgotos e efluentes, óleos (lubrificantes, hidráulicos, de corte e usinagem, de isolamento térmico ou de
refrigeração), pneus, pilhas e baterias (BRASIL, 2010). Além destes, diversos outros resíduos (ou produtos
pós-consumo) são considerados perigosos, que mesmo não sendo prioritários pela PNRS, também
necessitam de atenção, devido aos seus possíveis danos à saúde pública e ao ambiente.
Quando os RSP são manejados de forma incorreta, podem contaminar o solo, águas superficiais e
subterrâneas, atingindo a cadeia alimentar. O manejo dos resíduos envolve a segregação, o
armazenamento, a coleta seletiva, o transporte, o tratamento e a destinação ou disposição final. Assim, a
coleta seletiva é definida pela PNRS como sendo a coleta de resíduos sólidos previamente segregados
conforme sua constituição e composição (BRASIL, 2010). Após a coleta seletiva, os RSP necessitam de
destinação final de acordo com suas características e, como alternativa, tem-se a reutilização ou a
reciclagem. Sendo que estes processos dependem diretamente da coleta seletiva, uma vez que esta
permite o fracionamento dos resíduos e redução de contaminações ambientais. A coleta seletiva, por sua
vez, depende da educação ambiental, responsável pela conscientização dos geradores de resíduos.
Frente ao exposto, o presente trabalho tem como objetivo, realizar uma abordagem sobre as ferramentas
para implantação de uma eficiente coleta seletiva de resíduos sólidos perigosos e as formas de reciclagem
destes resíduos, visando o seu tratamento e reaproveitamento.

2 MATERIAL E MÉTODOS
Com base em dados da literatura, foi realizada uma abordagem sobre os conceitos e aplicação da coleta
seletiva e da reciclagem de resíduos sólidos perigosos (RSP), bem como da situação atual no país.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 COLETA SELETIVA E RECICLAGEM DE RSP
A partir da PNRS, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de RSP como agrotóxicos,
seus resíduos e embalagens; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; produtos eletroeletrônicos e seus
componentes ficaram obrigados a estruturar e implantar sistemas de logística reversa (LR). Bem como a
obrigação pela estruturação e implantação da coleta seletiva de forma independente do serviço público de
manejo dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010).
A sensibilização e mobilização de todos os envolvidos no processo de coleta seletiva e reciclagem dos RSP,
via educação ambiental, é parte fundamental para o sucesso do processo de LR e, consequentemente, da
destinação adequada destes resíduos. Os responsáveis pela inserção dos RSP no mercado (fabricantes,
importadores e comerciantes), em possível parceria com o município, deverão sensibilizar e incentivar a
população para a entrega voluntária dos RSP nos pontos de coleta do município. Os consumidores ficam
obrigados a realizar a segregação na fonte de geração, acondicionamento adequado e diferenciado dos
demais resíduos (BRASIL, 2010).
A norma NBR 12235:1992 (ABNT, 1992) estabelece condições para o armazenamento de todos e
quaisquer RSP - Classe I, conforme classificação pela NBR 10004:2004 (ABNT, 2004). Contudo, alguns
resíduos apresentam normas específicas para sua segregação, armazenamento, coleta e transporte, como
os pneus inservíveis (Resolução CONAMA n° 416/2009), óleo lubrificante usado ou contaminado
(Resolução CONAMA n° 362/2005), embalagens de defensivos agrícolas (ABNT NBR 13968:1997;
Resolução CONAMA n° 465/2014) e resíduos de serviços de saúde (Resolução ANVISA RDC n° 306/2004 e 9
nas normas ABNT NBR 12810:2016, 13853:1997 e 9191:2008).
A reciclagem possibilita a “transformação dos resíduos sólidos por meio da alteração de suas propriedades
físicas, químicas ou biológicas [...]” (BRASIL, 2010). Na qual promove a reinserção de materiais na cadeia
produtiva, proporcionando ganhos econômicos, sociais e ambientais, uma vez que essa ação reduz a
extração de matérias-primas naturais. Assim, dentre os RSP que são passíveis de reciclagem destacam-se
Engenharia no Século XXI – Volume 7

as pilhas e baterias, lâmpadas, pneus inseríveis, eletroeletrônicos, embalagens de agrotóxicos e de óleos


lubrificantes.

3.1.1 PILHAS E BATERIAS


As pilhas e baterias, que podem conter metais perigosos como cádmio, mercúrio e chumbo, são
comumente descartadas junto aos resíduos domésticos e encaminhadas a aterros sanitários, onde entram
em decomposição e liberam metais pesados ao solo (MONTEIRO, 2001; PROVAZI et al., 2012). A
reciclagem e recuperação dos metais ocorrem por mineralúrgica (operações de tratamento de minério),
pirometalúrgica (purificação de metais utilizando calor), e hidrometalúrgica (extração de metais por
dissolução) (BERNARDES et al., 2003).

3.1.2 LÂMPADAS FLUORESCENTES


As lâmpadas fluorescentes quando quebradas, queimadas ou enterradas em aterros sanitários, liberam
mercúrio, que é contaminante ao ambiente e tóxico para a saúde humana (MONTEIRO, 2001; BRASIL
RECICLE, 2017). A reciclagem ocorre por processo químico (utilizando sódio), tratamento por sopro
(utilizado apenas para lâmpadas fluorescentes tubulares) e moagem com tratamento térmico, que é o
processo de reciclagem mais comumente utilizado. O mercúrio metálico pode ser reinserido na fabricação
de lâmpadas, termômetros, entre outros; o vidro tem grande aceite na indústria cerâmica e artesanal; as
sucatas metálicas podem ser absorvidas em processos diversos de fundição e a poeira fosfórica pode ser
inserida no processo da indústria de tintas (ZANICHELI et al., 2004; SILVA, 2010; BRANDÃO et al., 2011;
BRASIL RECICLE, 2017).

3.1.3 PNEUS
Dentre as diversas tecnologias utilizadas para a reutilização e reciclagem dos pneus, se destacam a
recauchutagem (reconstrução do pneu, aumentando sua vida útil), a remoldagem (recomposição da
borracha das carcaças), coprocessamento em fornos de cimenteiras (aproveitamento térmico), aplicação
na construção civil como em materiais e asfalto (LANGARINHOS; TENÓRIO, 2008; FREITAS, 2010; IBAMA,
2013).

3.1.4 RESÍDUOS ELETROELETRÔNICOS


Os resíduos eletroeletrônicos (REE) englobam eletrodomésticos, computadores, rádios, televisores,
celulares, os quais são constituídos de plástico, ferro, vidro, madeira, metais poliméricos e metálicos,
incluídos os metais pesados (altamente tóxicos), como mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. (GERBASE;
OLIVEIRA, 2012; BUENO et al., 2013). As etapas da reciclagem dos REE são: triagem (separação dos
equipamentos em condições de uso); desmontagem para a separação de seus componentes;
descaracterização para a eliminação de todas as informações remanescentes nos discos rígidos e
identificações externas; redução do volume por compactação ou trituração; e, por fim, e envio a
reciclagens específicas (KANG; SCHOENUNG, 2005).

3.1.5 ÓLEOS LUBRIFICANTES


O rerrefino é a técnica utilizada para reciclagem de óleos lubrificantes, na qual possibilita a recuperação
das características originais do óleo, permitindo sua reinserção à cadeia produtiva. Pode ocorrer pelos
processos de desidratação, destilação flash, desasfaltamento, tratamento químico (sulfonação),
clarificação, neutralização e filtração. Ao final deste processo o óleo rerrefinado apresenta características
que o permitem voltar ao mercado consumidor (LWART, 2017).
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3.1.6 EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS


A reciclagem das embalagens de agrotóxicos se inicia após seu envio pelos centros de arrecadação aos
centros de triagem, os quais separam as embalagens segundo sua constituição. O Instituto Nacional de
Processamento de Embalagens Vazias (INPEV) transporta as embalagens que passaram por tríplice
Engenharia no Século XXI – Volume 7

lavagem, ou, caso contrário, aos incineradores licenciados (IAP, 2017). Nas empresas recicladoras, as
embalagens são transformadas, retornando ao setor produtivo para reaproveitamento como embalagens
de agrotóxicos, ou transformadas em tubos para a construção civil, embalagem para óleo lubrificante,
entre outros (INPEV, 2017).

4 CONCLUSÃO
A coleta seletiva e a reciclagem, instrumentos da PNRS, devem ser aplicadas de forma concomitante com a
educação ambiental. Assim, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de RSP devem
promover programas de educação ambiental, distribuir pontos de coleta, orientar os consumidores
quanto à sua participação na coleta seletiva, por meio da segregação na fonte e transporte até os pontos de
coletas. Bem como devem coletar e destinar adequadamente seus resíduos, além disto, os consumidores
devem ter a iniciativa de entregar os RSP gerados aos pontos de coleta distribuídos no município.
Desde a implantação da PNRS, em 2010, estes instrumentos deveriam estar sendo aplicados em todos os
municípios brasileiros, para todos os RSP, porém, há pouco incentivo à população, bem como pouca
divulgação quanto às formas de segregação adequada e destinação aos pontos de coletas, impossibilitando
que a coleta seletiva e reciclagem tenham maior abrangência e sucesso.

REFERÊNCIAS
[1] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12235: Armazenamento de resíduos sólidos perigosos -
Procedimento. Rio de Janeiro, 1992.
[2] ______. NBR 10004: Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004.
[3] Bernardes, A. M., Tenório, J. A. S., Espinosa, D. C. Collection and recycling of portable batteries: a worldwide
overwiew compared to the brazilian situation. Journal of Power Sources, v. 124, p. 586-592, 2003.
[4] Brandão, A. C., Gomes, L. M., Afonso, J. C. Educação Ambiental: O caso das lâmpadas usadas. Artigo Técnico.
Instituto de Química – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011.
[5] Brasil. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
03 ago. 2010.
[6] Brasil Recicle. Acondicionamento das lâmpadas. Disponível em:
<http://www.brasilrecicle.com.br/hp/index.asp>. Acesso em 8 jun. 2017.
[7] Bueno, P. A., Haumann, F. C., Schmidt, C. A. P. Levantamento de dados sobre a reciclagem do lixo eletrônico no
município de Medianeira – PR. Tecnológica, v. 17, n. 1, p. 53-59, 2013.
[8] Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo. Resíduos sólidos – logística
reversa: o que o empresário do comércio e serviços precisa saber e fazer. São Paulo: Tutu, 2014.
[9] Freitas, S. S. Benefícios sociais e ambientais do coprocessamento de pneus inservíveis: Estudo de caso na
cidade de João Pessoa-PB. João Pessoa, 2010. Dissertação de mestrado, Centro de Tecnologia, Universidade Federal da
Paraíba, 2010.
[10] Gerbase, A .E., Oliveira, C. R. Reciclagem do lixo de informática: uma oportunidade para a química. Química
Nova, v. 35, n. 7, p. 1486-1492, 2012.
[11] Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Instrução Normativa nº 1, de 25
de janeiro de 2013. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 21, sessão 1, 30 jan. 2013.
[12] ______. Instrução Normativa nº 13, de 18 de dezembro de 2012. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, n. 245, sessão 1, 20 dez. 2012.
[13] Instituto de Águas do Paraná . Programa de embalagens de agrotóxicos. Disponível em:
<http://www.aguasparana.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php? conteudo=32>. Acesso em 3 jun. 2017.
[14] Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias. Logística reversa. Disponível em:
<http://www.inpev.org.br/logistica-reversa/logistica-reversa-das-embalagens>. Acesso em: 10 jun. 2017.
11
[15] Kang, H., Shoenung, J.M. Eletronic waste recycling: A review of U.S. infrastructure and technology options.
Resources, Conservation and Recycling, v. 45, p. 368-400, 2005.
[16] Langarinhos, C. A. F., Tenório, J. A. S. Tecnologias utilizadas para a reutilização, reciclagem e valorização
energética de pneus no Brasil. Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 18, n. 2, p. 106-118, 2008.
[17] Lwart. Processo de rerrefino. Disponível em: <www.lwart.com.br>. Acesso em: 3 jul. 2017.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

[18] Mattioli, L. M. L., Monteiro, M. A., Ferreira, R. H., Penido, R. C. S. Plano de gerenciamento integrado de resíduos
pneumáticos - Pgirpn. Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente: Fundação Israel Pinheiro, 2009.
[19] Monteiro, J. H. Manual Integrado de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001.
[20] Provazi, K., Espinosa, D. C. R., Tenório, J.A.S. Estudo eletroquímico da recuperação de metais de pilhas e de
baterias descartadas após o uso. Revista Escola de Minas, v. 65, n. 3, p. 335-342, 2012.
[21] Silva, F. M. D. Análise do descarte de lâmpadas fluorescentes na cidade do Recife. Recife, 2010. Dissertação de
mestrado, Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Pernambuco, 2010.
[22] Zanicheli, C., Peruchi, I. B., Monteiro, L. A., João, S. A. S., Cunha, V. F. Reciclagem de lâmpadas: aspectos
ambientais e tecnológicos. 2004.

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Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 2
Elaboração de painéis produzidos com os resíduos da
madeira, soja, milho e aveia
Tamara da Silva
Fernanda Santos Silveira
Celia Kimie Matsuda
Rubya Vieira de Mello Campos

Resumo: Os resíduos produzidos na agricultura e em indústrias estão presentes em


todas as atividades, com isso a preocupação com o uso e descarte correto destes vem se
tornando assunto e prioridade entre a sociedade, isso se deve ao fato de que o estilo de
vida e pensamento da sociedade está mudando. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é
elaborar painéis a partir do reaproveitamento de resíduos: da madeira (serragem),
milho, soja e aveia, para que a elaboração destes painéis possam contribuir para a
sociedade e meio ambiente por ser sustentável, e pela possível aplicação do mesmo na
construção civil como material para revestimentos. Para isso, após a confecção dos
painéis, os mesmos foram submetidos a avaliações por meio de ensaios de
envelhecimento, biológico e sensorial seguindo uma metodologia. Com as avaliações,
pode-se constatar que os painéis apresentaram condições ambientais favoráveis, suas
principais características iniciais se mantiveram intactas. Contudo, os painéis
apresentam-se viáveis, e podem contribuir para a sociedade por serem de baixo custo,
por contribuir para a preservação do meio ambiente e pelo fator sustentabilidade que
apresentam.

Palavras-chave: Construção Civil; Ensaios; Meio Ambiente.

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Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004), pode ser considerado resíduos os que
se encontram nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades de origem industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
O setor madeireiro cresce a cada dia e isso gera uma grande quantidade de resíduos, juntamente com
alguns problemas, pois a maioria dos resíduos não são aproveitados adequadamente (TUOTO, 2009).
O Brasil é um grande produtor e consumidor de madeira, sendo assim gera uma grande quantidade de
resíduos, aproximadamente 60 milhões de toneladas de resíduos por ano. As indústrias madeireiras tem
um alto desperdício e quase 2/3 de todas ás árvores exploradas acabam virando “sobras” ou serragem, e
esses resíduos acabam por não terem destino correto. Todo esse resíduo que não serve para o comércio
regular vai para o lixo ou é queimado, contribuindo para uma maior poluição, (MONTEIRO; SANTO, 2012).
As indústrias madeireiras agem de forma ineficiente com a coleta da matéria prima, na produção e no
descarte dos resíduos e isso faz com que o meio ambiente seja danificado (TEIXEIRA; CÉSAR, 2006).
A serragem, um dos principais resíduos da madeira é gerada através da operação de serrar, formando
assim partículas menores que 1mm de diâmetro, podendo chegar aproximadamente a 12% do volume
total da matéria prima (CASSILHA, 2003).
O pó de serra produzido pela serragem de aglomerados e MDF, são usados muitas vezes em granjas, como
adubos, e incinerados em controle para produção de energia. Essas técnicas para esse tipo de material são
incorretas, pois são resíduos que deveriam ter outros destinos, para não serem descartados no meio
ambiente (MONTEIRO; SANTO, 2012).
A quantidade de resíduos atualmente provém de diversos setores, outro setor são os resíduos agrícolas
que provém da atividade de colheita dos produtos produzidos no campo, um desses resíduos é o resíduo
de soja (palha de soja). A preocupação com a geração desse tipo de resíduo se justifica, pois, o Brasil é o
segundo maior produtor mundial de soja e sempre com perspectivas de aumento, com isso a quantidade
de resíduos tende a aumentar.
“A maior parte das palhas produzidas após a colheita de grãos ou sementes são desperdiçadas, sendo
pequeno o seu uso na alimentação dos animais”. (RESTLE et al.,2000).
Atualmente os produtores estão utilizando as palhas como adubo para a próxima cultura, o que acaba por
dar um destino certo às mesmas. Pelo fato dos resíduos da soja conterem, nutrientes as mesmas não
podem ser descartadas inadequadamente.
Outro resíduo que provém das atividades agrícolas são os resíduos da aveia, uma cultura desenvolvida nos
meses de frio. Existem atualmente grandes espécies de aveia, como a aveia branca, aveia preta entre
outras, (MACHADO, 2000).
Segundo Machado (2000), a aveia tem grande utilidade sendo cultivada para a produção de forragem,
feno, silagem e grãos, e também é utilizada na alimentação de bovinos de corte e leite. Os resíduos da aveia
são muito utilizados para cobertura do solo, preparando o solo e protegendo contra pragas e insetos em
plantas invasoras.
Ainda no ramo das atividades agrícolas temos os resíduos provenientes da cultura do milho, a
produtividade média de milho no Brasil está em crescimento e com isso os resíduos gerados por essa
cultura também aumentam.
O milho gera diversos resíduos aos quais quando são reutilizados de forma correta geram alimentos para
ruminantes e insumos de relevância industrial, por outro lado quando inadequadamente manuseados
constituem como fonte de contaminação e agressão ao meio ambiente (LOSS, 2009).
Apesar do constante desenvolvimento do país ao analisar todas as informações apresentadas percebe-se
que os resíduos produzidos a partir de atividades industriais e agrícolas ainda trazem alguns problemas
sociais e principalmente ambientais.
14
Contudo, o objetivo desse trabalho é elaborar painéis a partir do reaproveitamento de resíduos da
madeira (serragem), milho, soja e aveia, para que estes painéis possam contribuir para a sociedade e meio
ambiente por ser sustentável, e pela possível aplicação do mesmo na construção civil como material para
revestimentos.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

2 MATERIAL E MÉTODOS
Para confeccionar os painéis utilizou-se o Laboratório de Química Aplicada (LQA) da Universidade
Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão, onde foram produzidos dois tipo de painéis:
 Painel (A): constituído de 50g de resíduo da madeira (serragem), 50g de resíduo da soja e 50g de
resíduo da aveia;
 Painel (B): constituído de 50g de resíduo da madeira (serragem), 50g de resíduo do milho e 50g
de resíduo da aveia.

Após a coleta da matéria prima no campo e na indústria madeireira, deu-se início ao processo de preparo
dos resíduos, onde o resíduo da aveia e o resíduo da soja tiveram o mesmo preparo. Primeiramente os
resíduos da aveia e da soja foram triturados em um triturador para que se obtivessem as partículas
menores, após foram cozidos em uma panela de pressão juntamente com água e hidróxido de sódio por
aproximadamente 20 min. Na sequência os resíduos foram lavados em água corrente, triturados
novamente em um liquidificador e levados à estufa até que houvesse a secagem total.
O resíduo de madeira (serragem) foi apenas peneirado para retirada do pó grosso, utilizando somente o
pó de serra fino para a elaboração dos painéis.
Com relação ao resíduo do milho primeiramente, a palha foi cortada manualmente, posteriormente foi
colocada em uma solução com água, até a cobertura total da mesma, acrescentando na solução o hidróxido
de sódio, deixando nesse processo de maceração por 24 h na solução. Após esse período, o resíduo foi
lavado em água corrente, triturado novamente em um liquidificador e levado à estufa até que houvesse a
secagem total.
Utilizou-se uma cola, como material aglomerante para as fibras, onde os materiais utilizados estão listados
na tabela (1):

Tabela 1: Matéria prima da cola

Materiais Quantidade(g)
Resina 90
Trigo 100
Água 240
Catalisador 19
Fonte: Autor (2017).

Para preparar essa cola, misturaram-se todos os ingredientes com o auxílio de um liquidificador, onde esta
cola foi misturada manualmente junto com os resíduos que correspondia a cada painel, de acordo com a
Figura (1).
Figura 1: Mistura da cola com os resíduos.

15

Fonte: Autor (2017).


Engenharia no Século XXI – Volume 7

Com a mistura pronta e homogênea moldou-se a mesma em uma forma de 20cm x 20cm, conforme Figura
(2).

Figura 2: Mistura moldada.

Fonte: Autor (2017).

Em seguida levou-se a forma para a prensa por aproximadamente 10 min e posteriormente a estufa a
120ºC por aproximadamente 24h, após este período os painéis foram retirados dos moldes.

2.1 AVALIAÇÕES DOS PAINÉIS


Após a confecção dos painéis os mesmos seguiram para avaliações por meio de ensaios referente às
propriedades de envelhecimento, sensoriais e biológicas, estes ensaios foram realizados de acordo com
Vieira (2008 apud CAMPOS, 2012, p.68).
Para realização do ensaio de envelhecimento os painéis (A) e (B) foram condicionados na estufa a uma
temperatura de (23 ± 2)ºC e a umidade relativa de (50 ± 5) % que foi mantida através de uma forma com
água, por aproximadamente 72h. Após este período, os painéis foram levados a uma estufa em atmosfera
livre a uma temperatura de 100ºC, por mais um período de 72h, e avaliados visualmente, conforme Figura
(3). Neste ensaio os painéis passaram por determinadas condições climáticas, com intuito de avaliar o
comportamento dos mesmos com relação à condição de deterioração.

Figura 3: Ensaio de envelhecimento.

16

Fonte: Autor (2017).


Engenharia no Século XXI – Volume 7

O ensaio sensorial olfativo destina-se a analisar o comportamento olfativo dos painéis sob a influência de
temperatura e clima, desta forma para a realização do mesmo inicialmente foram retirados corpos de
prova medindo (50 ± 5)cmᵌ do centro dos painéis (A) e (B), onde estes ficaram condicionados por 24 h em
uma estufa a uma temperatura de (23 ± 2)ºC. Após, os corpos de prova foram então armazenados nos
recipientes de vidro para realização do ensaio, de modo que os mesmos permanecessem em posição
oblíqua afim de que o ar não escapasse, vedaram-se as tampas antes de fechar os recipientes com papel
filtro e os mesmos foram colocados com as tampas para baixo. Os corpos de prova permaneceram nessa
situação por 24h a 70ºC, em estado seco e em seguida avaliados por voluntários, de acordo com a Figura
(4).
Figura 4: Corpos de prova em vidros vedados.

Fonte: Autor (2017).


O ensaio de ataque por fungos tem como função verificar o surgimento de fungos ou bactérias em
determinadas condições que apresentam risco a saúde humana. Contudo para a realização do mesmo os
painéis (A) e (B) foram condicionados em uma estufa por 48h, a temperatura de (23 ± 2)ºC, e umidade
relativa de (50 ± 5)% mantidas através de uma forma com água e posteriormente avaliados visualmente,
como mostra a Figura (5).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio de uma avaliação visual pode-se verificar que os painéis (A) e (B) apresentaram bons resultados,
onde as características referentes à cor e odor foram provenientes dos resíduos e materiais utilizados. Os
painéis também apresentaram-se resistentes à tração manual, duro e rígidos ao manuseio. Os painéis (A)
e(B) podem ser analisados nas Figuras (5) e (6).

Figura 5: Painel (A) de serragem, soja e aveia.

17

Fonte: Autor (2017).


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Figura 6: Painel (B) de serragem, milho e aveia.

Fonte: Autor (2017).

Através do ensaio de envelhecimento verificou-se que os painéis permaneceram com as suas


características iniciais, onde demonstraram-se resistentes sem rachaduras ou descamações. Com relação
ao um leve escurecimento que os mesmos apresentaram isso se deve ao fato da alta temperatura de 100ºC
em que são submetidos no ensaio.
Com o ensaio sensorial olfativo notou-se que o odor existente nos painéis, era proveniente somente dos
materiais utilizados, o que o que comprova que os mesmos possuem um bom comportamento olfativo.
No ensaio de ataque por fungos, por meio de uma avaliação visual não foi identificado nenhuma colônia de
fungos, mesmo com as condições favoráveis para o aparecimento dos mesmos.

4 CONCLUSÃO
Os resíduos são gerados por diversas atividades e, portanto reaproveitar estes resíduos que são
descartados por muitas vezes inadequadamente é um fator de extrema importância para a sociedade e
principalmente para o meio ambiente.
Os painéis que foram realizados a partir do reaproveitamento de resíduos foram submetidos a diversas
situações com intuito de avaliar o comportamento dos mesmos perante a diversas condições climáticas, e
mesmo depois dessas situações os painéis permaneceram com suas características iniciais pouca
alteradas.
Após a confecção e avaliação do painel (A) constituído do resíduo da madeira (serragem), soja e aveia; e
do painel (B) constituído do resíduo da madeira, milho e aveia, pode-se concluir que os painéis
apresentaram bons resultados preliminares.
Sendo assim, almeja-se que estes painéis possam contribuir para o meio ambiente e para a sociedade, pois
além de ser um produto que visa à sustentabilidade o mesmo possui baixo custo, sugere-se ainda que
sejam realizadas outras avaliações complementares para obter um produto de ótima qualidade e
segurança.

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Engenharia no Século XXI – Volume 7

REFERÊNCIAS
[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7217:1987: Agregados - Determinação da
composição granulométrica. Rio de Janeiro: ABNT.
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12127:1991a (MB-3468): Gesso para construção -
Determinação das propriedades físicas do pó - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT.
[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10005 (2004): Procedimento para obtenção
de extrato lixiviado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: ABNT.
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12775:1992: Placas lisas de gesso para forro -
Determinação das dimensões e propriedades físicas - Método de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT.
[5] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10004 (2004): Resíduos sólidos –
Classificação Rio de Janeiro: ABNT.
[6] CAMPOS, R. V. M. Painéis pata tratamento acústico utilizando fibras naturais. Dissertação de Mestrado.
Departamento de Engenharia Civil. Universidade Estadual de Maringá. Paraná, 2012.
[7] CASSILHA, A. C. et al. Indústria moveleira e resíduos sólidos: considerações para o equilíbrio ambiental.
Minas Gerais: CEFET, 2003.
[8] LOSS, E. M. S. Aproveitamento de resíduos da cadeia produtiva do milho para cultivo de cogumelos
comestíveis. Dissertação de Mestrado Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2009.
[9] MONTEIRO, J. Caracterização e resíduos agroindustriais e florestais visando a briquetagem. Universidade
Federal do Espírito Santo, Espírito Santo, 2012.
[10] RESTLE, J.; FILHO, D. C. A.; BRONDANI, L. I.; FLORES, J. L. C. Palha de soja (glycine max) como substituto
parcial da silagem de sorgo forrageiro (sorghum bicolor ( l.) moench) na alimentação de terneiros de corte confinados.
Artigo Scielo. Ciência Rural, Santa Maria (2000).
[11] MACHADO, L. A. Z. Aveia: forragem e cobertura do solo. Embrapa Agropecuária Oeste Dourados- MS (2000).
[12] OLIVA, E. F.; FREIRE, R. S. Os impactos ambientais decorrentes da produção de resíduos sólidos urbanos e
seus riscos a saúde humana. Revista Eletrônica da Faculdade José Augusto Vieira, setembro de 2008.

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Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 3
Efeito da incorporação dos resíduos grits na qualidade
tecnológica de tijolos solo-cimento
Júlia Fonseca Colombo Andrade
André Geraldo Cornélio Ribeiro
Rafael Farinassi Mendes
Lucas Cardoso Lima

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a mistura solo-cimento-


grits como material para a fabricação de tijolos do tipo solo-cimento, por meio da
substituição parcial do cimento por grits e avaliar os efeitos do tratamento térmico dos
grits em relação à resistência mecânica dos tijolos. O solo coletado foi avaliado em
relação a sua granulometria e limites de Atterberg, o grits foi caracterizado em relação a
sua composição química. Os tijolos foram confeccionados substituindo o cimento em 10,
20 e 30% em massa pelo grits, que foram calcinados em 700°C, 800°C e 900°C,
posteriormente foram avaliadas a resistência à compressão e a absorção de água dos
tijolos. Constatou-se que o resíduo grits é composto principalmente por óxido de cálcio,
os grits tratados a 900°C acarretaram em uma perda de resistência à compressão dos
tijolos e os demais tratamentos não se diferenciaram estatisticamente. Todavia nenhum
tratamento alcançou a resistência mínima exigida.

Palavras-chave: Resíduo industrial, Material cimentício, Kraft.

20
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o quarto maior produtor de celulose do mundo, produzindo 18,733 milhões de toneladas de
celulose por ano, segundo dados de 2016 do Instituto Brasileiro de Árvores (IBÁ). O principal processo de
obtenção da celulose é o kraft (MAITAM, COSTA JR e COSTA, 2012) que consiste no cozimento de cavacos
de madeira em uma solução de sulfeto de sódio (Na2S) e hidróxido de sódio (NaOH), com a finalidade de
dissolver a lignina e liberar as fibras com o mínimo de degradação da celulose. A recuperação de
compostos químicos é parte essencial, viabilizando economicamente e ambientalmente a planta industrial
(PASSINI, 2017).
Segundo o IBÁ (2015), 66% dos resíduos gerados no processo Kraft são destinados para geração de
energia elétrica para própria indústria, por meio de caldeiras que geram vapor. Na fase de recuperação
dos compostos químicos são gerados os dregs, grits, a lama de cal e cinzas.
Os grits são materiais insolúveis originados do processo de caustificação do licor verde, sendo composto
basicamente de calcita (CaCO3), portlandita (CaOH2) e pirssonite (Na2Ca(CO3)2. 2(H2O)), possuem pH
superior a 12 e não apresentam atividade pozolânica (RIBEIRO, 2010; SIQUEIRA e HOLANDA, 2015;
RODRIGUES et al., 2016 ; MYMRIN et al., 2016). Os grits são classificados como Classe II-A, resíduos não
perigosos, não inertes (ABNT, 2004).
Diferentes alternativas para a disposição final dos grits foram testadas, incluindo agricultura,
pavimentação de estradas florestais, produção de clínquer de cimento e incorporação em tijolos de solo-
cimento (MACHADO, PEREIRA e PIRES, 2003; ZAMBRANO, et al.,2007; SIQUEIRA e HOLANDA, 2015;
TORRES, 2017).
O resíduo grits pode ser incorporado à tijolos solo-cimento como aditivos desde que alcancem a
resistência à compressão e tenham absorção de água inferior ao limite normatizado. O tijolo de solo-
cimento é classificado pela NBR 8491 (ABNT,2012 a) como uma mistura homogênea, compactada e
endurecida de solo, cimento Portland e água, podendo conter aditivos, caso o tijolo atenda as normas. A
quantidade de cimento se relaciona estreitamente com as características do solo, variando de 5 a 13% em
massa, sendo o suficiente para estabilizar o solo e conferir as propriedades de resistência desejadas para o
composto.
Dentro deste contexto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito da substituição parcial do
cimento por grits, em estado natural e tratado termicamente em tijolos solo-cimento.

2 MATERIAL E MÉTODO
O solo utilizado no presente trabalho foi coletado no município de Itumirim-MG, coordenadas UTM, SAD
69, zona 23 K, 0521.209, 7646.209, sendo posteriormente passado na peneira de 4,8 mm e então
submetido a secagem ao ar até atingir umidade higroscópia. O cimento utilizado foi CP-II-F-32. O grits foi
coletado em uma indústria de papel e celulose e dividido igualmente em quatro partes, sendo uma parte
depositada em recipientes para secagem em estufa por 24h e as outras partes depositadas em cadinhos
para calcinação em mufla por 1h, em temperaturas de 700°C, 800 °C e 900°C. Posteriormente os grits
foram conimuidos em um moinho de bolas tipo Bond MA 701/21 e depois desagregados em graal e pistilo
até passarem na peneira de 75µm.
O solo foi caracterizado por meio de análise granulométrica, limites de consistência e compactação e
classificado por meio da norma HRB/AASHTO. De acordo com a classificação do solo foi determinado o
traço de cimento, segundo recomendações da ABCP (2004).
O ensaio de compactação Proctor Normal foi realizado conforme a NBR 7182 (ABNT,1986) para o solo e
para cada tratamento.
Os tijolos foram confeccionados em uma prensa hidráulica, nas proporções demostradas na Tabela 1,
sendo o cimento substituído em até 30% pelo grits.

21
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Tabela 1. Proporções dos materiais para cada tratamento.


Tratamento Solo Cimento Grits
T0 9,0 1,0 0
T1 9,0 0,9 0,1
T2 9,0 0,8 0,2
T3 9,0 0,7 0,3

Os tratamentos foram ainda subdivididos de acordo com a temperatura de calcinação dos grits, sendo
confeccionados tijolos com os grits tratados a 700, 800 e 900 °C. Foram confeccionados seis tijolos de cada
tratamento, as massas dos tijolos foram estabelecidas por meio da Equação 1.

M = V γmáx (1 + wot ) (1)


Em que :
M- massa (g)
V- volume ( cm³)
γmáx- massa específica aparente seca máxima (g cm-3) wot- umidade ótima (g g-1)

Os tijolos foram curados por aspersão em local coberto por sete dias, o ciclo de molhagem ocorreu uma
vez ao dia, após a cura os tijolos permaneceram estocados por 28 dias.
As seguintes propriedades tecnológicas dos tijolos solo-cimento foram determinadas de acordo com os
procedimentos padronizados: absorção de água, grau de compactação resistência à compressão simples.
Determinaram-se as composições químicas do solo, do cimento e do grits, expressas em termos de óxidos,
pelo método de fluorescência de raio-X, utilizando equipamento da marca Bruker, modelo S1 LE Titan. O
software utilizado foi o GeoChem, na configuração Trace, por 60 segundos, incluindo dois feixes de raios-
X. As três amostras foram submetidas a análise em Triplicara por pXRF e a precisão do equipamento foi
avaliada por meio da verificação de materiais de referência padrão 2710a e 2711a ,certificados pelo
Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST), bem como a verificação de uma amostra padrão do
equipamento (check sample - CS). A partir das amostras certificadas pelo NIST e CS, a recuperação do
conteúdo do elemento obtido pelo pXRF (% de recuperação = 100 x Conteúdo obtido / Conteúdo
certificado total) foi calculada. As porcentagens de recuperação das amostras são apresentadas na
Tabela 2 apenas para os elementos que foram identificados em todas as amostras do presente trabalho.

Tabela2. Porcentagem de recuperação de conteúdo de elementos por espectrômetro de fluorescência de


raio-X portátil (pXRF) do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) e amostras certificadas pelo
equipamento pXRF (CS).
Amostra Al Si K Ca Ti Mn Fe

2710 a 82,72 59,31 57,17 34,22 78,07 69,86 76,13

2711 a 67,67 49,90 44,37 41,48 70,06 61,48 68,81

CS 103,04 98,20 96,60 - - 121,54 141,85 22


Engenharia no Século XXI – Volume 7

3. RESULTADO E DISCUSSÃO
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO
A Figura 1 apresenta a curva granulométrica do solo. Observa-se que o solo apresenta um percentual de
19,8 % das partículas inferiores a 2 µm, que corresponde à fração argila, o teor de silte é de
aproximadamente 10,2 % e a fração de areia, com partículas superiores a 60 µm, representa 70 % do
tamanho dos grãos. Desta forma o solo atende as recomendações da NBR 10833 (ABNT, 2012b) para
fabricação de tijolos solo-cimento que estabelece 100% do solo passando na peneira de 4,8 mm e de 10 a
50% na peneira de 0,075mm.
Figura1. Curva gravimétrica do solo

100
90
80
70
Passante (%)

60
50
40
30
20
10
0
0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10
Diâmetro dos grãos (mm)

A Tabela 3 apresenta a classificação do solo pela HRB/AASHO e os limites de Atterberg

Tabela 3. Parâmetros utilizados para classificação do solo.


Características
LL (%) 16,4
LP (%) 13,1
IP (%) 3,3
Passante na peneira de 75µm (%) 39,5
IG 0,908
Classificação HRB A-4

O índice de plasticidade ficou entre 1 e 7% sendo considerado pouco plástico pela classificação de Jenkins
(CAPUTO, 2015). A NBR 10833 (ABNT, 2012b) estabelece que o limite de liquidez seja inferior ou igual a
45% e o índice de plasticidade não deve ser superior a 18%, estando os valores encontrados de acordo
com a norma.
O solo foi classificado como A-4, solo siltoso, sendo recomendado pela ABCP (2004) 10% em massa de 23
cimento. Solos arenosos requerem menores quantidades de cimento, entretanto a presença de argila na
composição do solo é necessária para dar à mistura solo- cimento, quando umedecida e compactada,
coesão para o manuseio. Segundo Segantini (2000) os solos arenosos são considerados os mais
adequados, pois a areia é um material inerte e tem apenas a função de enchimento favorecendo a liberação
de quantidades maiores de cimento para aglomerar os grãos menores.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

3.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA


Os resultados das análises químicas por fluorescência de raio-X estão representadas na Tabela 4.

Tabela 4. Composição química das matérias-primas


Componentes Solo (%) Cimento (%) Grits(%)
SiO2 32,706 9,150 -
Al2O3 12, 415 1,484 0,453
CaO 0,241 45,946 64,254
Fe2O3 3,688 1,937 0,236
K2O 0,157 0,733 -
S 0,043 0,951 0,066
TiO2 0,636 0,125 0,098
Zr 0,113 0,012 0,011
P2O5 - 0,730 1,234
MnO - 0,024 0,009
MgO - 3,690 2,086

O solo é constituído principalmente por SiO2 e Al2O3, estes elementos são associados com estruturas de
argilominerais, quartzo e feldspatos.
O cimento apresentou como principais componentes o CaO, SiO2, MgO e Al2O3, que são provenientes do
clínquer e das adições. Os resultados mostraram que existem diferenças entre as composições químicas
dos resíduos grits e o cimento Portland, assim a adição dos grits na matéria prima de tijolos de solo-
cimento modifica sua composição química e mineralógica. Todavia segundo Torres (2017) as
características físico-químicas do grits demostram potencial para utiliza-lo na incorporação ao clínquer na
produção de cimento Portland.
As características dos grits dependem das condições de processo e atividades aplicadas em cada fábrica
específica, bem como sobre as espécies de madeira e produtos químicos utilizados (PÖYKIÖ et al., 2015),
desta forma, foram encontradas composições diferentes do grits por diversos autores. Siqueira e Holanda
(2015) encontraram 68,66% de CaO, 1,04% de K2O e não encontraram presença de MnO na amostra de
grits, Mymrin et al. (2016) encontraram 0,3 % de MgO e 3,5 % de SiO2. Ribeiro (2010) obteve 2,28% de
Al2O3, enquanto Wolff et al. (2016) encontraram 55,4% de CaO e 0,5% de SiO2.

3.3 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO


Na Figura 2 são apresentadas as curvas de compactação dos tratamentos com diferentes concentrações de
grits. Não foram realizados ensaios de compactação com os grits tratados termicamente, uma vez que
Machado, Pereira e Pires, (2003) não encontraram variações significativas no par de valores de teor de
umidade ótima e massa específica nos grits tratados termicamente em relação ao grits sem tratamento
térmico.

24
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura2. Curva de compactação dos tratamentos

1,9

1,85

1,8
γd max (g cm³)

1,75

1,7

1,65

1,6

1,55
0 5 10 15 20 25
w ot (%)
Polinômio (T0) Polinômio (T1)
Polinômio (T2) Polinômio (T3)

Na Figura 3 é apresentada a curva de compactação do solo.


Figura3. Curva de compactação do solo

1,9
1,85
1,8
γd max (g cm³)

1,75
1,7
1,65
1,6
1,55
0 5 10 15 20
w ot (%)

3.4 PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DOS TIJOLOS


As Figuras 4 a 6 mostram a influência da adição dos resíduos nas propriedades tecnológicas dos tijolos de
solo-cimento. O tijolo de solo- cimento com 0% em peso de resíduos (amostra T0) foi utilizado como
material de referência.
25
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 4. Valores médios de absorção de água com o respectivo desvio padrão.

17

Absorção de água (%)


16
15
14
13
12
11
10

Tratamentos

A NBR 8492 (ABNT,2012 c) estabelece 20% como valor médio limite para a absorção de água, verifica-se
pela Figura 4 que todos os tratamentos se enquadram no requisito normativo. A absorção de água em
tijolos solo- cimento está relacionada com o volume de poros, com a densificação e com as microestruturas
da matriz cimentícia. Tanto a porcentagem de grits em substituição ao cimento quanto o tratamento
térmico foram significativos para a absorção de água dos tijolos, apresentando os maiores valores os
tijolos com adição do grits calcinado a 900°C.
Siqueira e Holanda (2013) verificaram uma absorção de água nos tijolos de solo-cimento com 30% de grits
acima do estabelecido pela norma, indicando que em até 20% o resíduo atuou como um filer, ou seja,
reduzindo a porosidade aberta, e ainda, o cimento continuou existindo em quantidade favorável para a
união dos agregados.
A Figura 5 apresenta os valores médios de resistência à compressão. Pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade, não houve diferenciação estatística com o aumento da proporção de grits. Em relação ao
tratamento térmico, os tijolos confeccionados com grits calcinado a 900°C se diferenciaram, apresentando
uma resistência à compressão menor.

Figura 5. Valores médios de resistência à compressão

3
Resistência à compressão (MPa)

2,5
2
1,5
1
0,5
0
26

Tratamentos
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Machado et al. (2007) também obtiveram valores de resistência a compressão em mistura solo-grits, bem
inferiores com o grits calcinado à 900°C em solos arenosos, decaindo de 0,828 MPa a 800°C para 0,216 a
900°C em misturas de solo com 24% de grits compactadas na energia intermediária e curadas a sete dias.
Todavia neste mesmo estudo, os autores verificaram um aumento na resistência à compressão com o
tratamento térmico dos grits tanto em solos arenosos quanto argilosos, fato esse não observado no
presente trabalho.
Os tijolos de todos os tratamentos obtiveram um valor média de resistência à compressão inferior a 2
MPa , demonstrando que fatores, além da incorporação do resíduo interferiram no ganho de resistência
dos tijolos. Siqueira e Holanda (2013) avaliaram a substituição do cimento por grits em até 30% e
obtiveram em sete dias resultados satisfatórios para resistência à compressão em todos os tratamentos,
aos 28 dias os valores eram superiores a 5 MPa. Miranda et al. (2011) verificaram uma resistência à
compressão de 2,5 MPa em tijolos com 25 e 50% de substituição do solo por grits aos 13 dias de cura.
Algumas hipóteses podem ser levantadas, para explicar os baixos valores encontrados como: compactação
inadequada (confecção) de alguns tijolos, processo de cura com apenas um ciclo diário de molhagem e tipo
de cimento empregado. A Figura 6 apresenta o grau de compactação médio dos tijolos de cada
tratamento.
Figura 6. Grau de compactação dos tijolos de solo- cimento

105
Grau de compactaçãao (%)

103
101
99
97
95
93
91
89
87

Tratamentos

O grau de compactação ideal situa-se entre 95% e 105% (BUENO e VILAR, 1999), os tratamentos T0 e
todos os tijolos com 30% de grits obtiveram um grau de compactação inferior a 95%, indicando que a
massa especifica aparente seca foi significativamente menor que a obtida no ensaio de compactação,
sendo maior a presença de vazios no material e ocasionando menores valores de resistência.
A presença de vazios, também pode ser ocasionada por um processo de cura inadequado. Quando há
perda da água para o meio e esta não é reposta, ocorrerá o comprometimento da formação do silicato de
cálcio hidratado (C-S-H), influenciando na maioria das propriedades físicas e mecânicas dos materiais
cimentícios (PELISSER,GLEIZE e MIKOWSKI, 2009; STARK, 2011). No presente trabalho, o ciclo de
molhagem dos tijolos foi realizado uma vez ao dia, sendo recomendado pelo menos três vezes ao dia, o que
provavelmente ajudou na formação de poros comprometendo o ganho de resistência.
Siqueira e Holanda (2015) observaram que o resíduo grits atuou como um fíler, preenchendo poros.
Segundo Torres (2017) os grits mostram- se viáveis para produção de cimento Portland composto com
fíler (CP-II-F), sendo aceitável uma substituição de 10%. Na produção dos tijolos utilizou-se o CP-II-F-32,
27
para averiguar a atuação do grits como fíler, seria mais adequado a utilização de outro tipo de cimento,
que tivesse mais compostos com ação cimentante.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4. CONCLUSÃO
A substituição parcial do cimento por grits, nos percentuais estabelecidos nesta pesquisa, não apresentou
resultados satisfatórios, não atendendo à NBR 8492 (ABNT,2012c) em relação a resistência à compressão.
Entretanto fatores externos podem ter influenciado no ganho de resistência, sendo que o tratamento
controle também não obteve resultados satisfatórios e outros autores obtiveram tijolos com substituição
de até 20% do cimento por grits, com resultados que atendem à norma. A principal hipótese é uma cura
inadequada, interferindo no processo de hidratação do cimento.
A substituição parcial do cimento por resíduos grits na fabricação de tijolos solo- cimento teve impactos
significativos na absorção de água, sendo maior com 30% de grits. O tratamento térmico do grits foi
significante tanto na absorção de água, quanto na resistência à compressão, onde o tratamento a 900°C
obteve os menores valores de resistência à compressão e os maiores de absorção de água. O tratamento
térmico não se mostrou eficiente, já que não interferiu positivamente no ganho de resistência, diminui a
massa de grits e libera dióxido de carbono.

AGRADECIMENTOS
À FAPEMIG pelo financiamento parcial do projeto de pesquisa ao qual se resultou nesse trabalho.
À Universidade Federal de Lavras (UFLA), por toda a infraestrutura, em especial aos Departamentos de
Recursos Hídricos e Saneamento e Ciência do Solo.

REFERÊNCIAS
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métodos de ensaio ,São Paulo, 2004. 63 p.
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2012 a. 5 p.
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utilização de prensa manual ou hidráulica: procedimento. Rio de Janeiro, 2012 b. 3 p.
[5] Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8492: Tijolo de solo-cimento: Análise dimensional,
determinação da resistência à compressão e da absorção da água: método de Ensaio, Rio de Janeiro, 2012 c. 4 p.
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[12] Indústria Brasileira de Árvores. Relatório Ibá 2016. Disponível em:<
[13] http://iba.org/images/shared/Biblioteca/IBA_Relatori oAnual2016_.pdf> Acesso em: 05 set. 2017
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29
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 4
Estudo do solo-cimento com incorporação de resíduo
de construção e demolição – RCD
Jennef Carlos Tavares
Karine Bianca de Freitas
José Daniel Jales Silva
Larissa Martins de Oliveira
Alisson Gadelha de Medeiros
Daniel de Oliveira Santos

Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo analisar o comportamento dos resíduos
de construção e demolição (RCD) na composição solo-cimento, discutindo suas
propriedades e características para ser aplicado na construção civil. Este trabalho
desenvolveu-se por meio de pesquisa bibliográfica acerca do RCD e através dos ensaios
realizados em laboratório, de granulometria, compactação e de resistência à
compressão, para analisar o comportamento às dosagens de 0%, 20% e 30% de RCD no
solo-cimento. Como resutado, observou-se que sua incorporação proporciona ao solo-
cimento o aumento na resistência à compressão das amostras, sendo que na dosagem de
30% de RCD, a resistência apresentou valor médio de 2,164 MPa, evidenciando uma
elevação em torno de 54,39% quando comparado à amostra com 0% de incorporação.
Esta resistência à compressão satisfaz a NBR 8492/2012, que exije valor mínimo de 2,0
MPa. Logo, o RCD proporciona melhor desempenho mecânico aos elementos oriundos
da composição solo-cimento.

Palavras-chave: Sustentabilidade, Resistência mecânica, Impactos ambientais.

30
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento e crescimento da construção civil nas últimas décadas estão causando preocupação
quando se trata de impacto ambiental e possível escassez dos recursos naturais. Neste setor são
consumidos diariamente inúmeros materiais não renováveis – areia, cal, água potável; para substituir
essas fontes, além do entulho e rejeitos de materiais usados, buscam-se constantemente tecnologias em
pró de reaproveitar esses materiais (MOTTA et al., 2014).
Rosário e Torrescasana (2011) afirmam que o reaproveitamento de resíduos e a redução no desperdício
de materiais são de extrema importância nesse setor, pois este gera grande quantidade de entulhos, além
de apresentar alto percentual de consumo de recursos naturais.
Dessa forma, surge a necessidade da busca de técnicas e materiais sustentáveis para amenizar os impactos
ambientais advindos das atividades relacionadas a esse mercado. Vários pesquisadores apresentam
resultados favoráveis relacionados à reutilização destes materiais, onde o aproveitamento pode ser
realizado em grande parte no setor da construção.
Segundo a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – n°. 307, de 05 de julho de 2002,
os Resíduos de Construção e Demolição (RCD) são oriundos de construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, e rejeitos provindos da preparação e da escavação de terrenos.
Rosário e Torrescasana (2011) afirmam que alguns tipos de resíduos gerados na construção civil, como o
concreto e argamassa, quando triturados podem chegar a uma granulometria semelhante a uma areia
grossa. De acordo com Silva (2016), esses materiais podem ser adicionados na composição solo-cimento
para confecção de tijolos prensados, melhorando significativamente algumas características destes.
O processo de produção de tijolo solo-cimento baseia-se em uma mistura de solo, cimento e água,
compactada e curada à sombra, o que difere dos tijolos maciços que necessitam ser queimados. Logo essa
produção propicia redução de custos, do consumo de água, da energia, além de ser um material ecológico
por ocasionar diminuição da poluição (MOTTA et al., 2014).
Segundo a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição - ABRECON
(2015), o Brasil produz anualmente 84 milhões de metros cúbicos de resíduos de construção, sendo que
entre os anos 2014 e 2015 foram reciclados pelas usinas 17 milhões, o que corresponde apenas a 20% dos
resíduos gerado, o restante seguiu para aterros sanitários ou teve outra destinação.
Contudo, em virtude da escassez de recursos naturais, da preocupação com a preservação do meio
ambiente e da necessidade de destinar corretamente os resíduos gerados na construção civil, justifica-se o
aproveitamento do RCD na composição solo-cimento como material alternativo, uma técnica sustentável e
satisfatória para obtenção dos objetivos desejados.
Este trabalho teve por objetivo estudar a influência do RCD na composição solo-cimento para confecção de
corpos-de-prova, discutindo as principais propriedades e características necessárias para seu uso e
aplicação na construção civil.

2 METODOLOGIA
Para a concretização deste trabalho realizou-se inicialmente uma pesquisa bibliográfica no que se refere à
composição solo-cimento, aos impactos ambientais ocasionados pelo mau gerenciamento do RCD e as
técnicas sustentáveis no que tange seu reuso e reciclagem como agregado.
Para a análise do comportamento da composição do solo-cimento com adição de RCD, foram recolhidas
amostras de solo e de RCD, definindo as dosagens em 0%, 20% e 30% de RCD em relação à massa do solo,
e fixando o teor de cimento em 8%. Essas dosagens foram escolhidas partindo dos resultados obtidos por
Segantini e Wada (2011). Em seu estudo, o teor de cimento foi 4%, com adição de no mínimo 20% de RCD,
obtendo-se melhores resultados na medida em que se aumenta a quantidade de RCD na mistura, até 100%
em relação à massa do solo.
O fluxograma da Figura 1 ilustra de modo sucinto a metodologia da pesquisa estabelecida para a 31
realização deste trabalho.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 1. Fluxograma da metodologia da pesquisa.

SOLO

RCD

Solo-cimento
0% RCD

Solo-cimento
20% RCD

Solo-cimento
30% RCD

Solo-cimento
0% RCD

Solo-cimento
20% RCD

Solo-cimento
30% RCD

Tendo em vista a realização desta análise, a metodologia de trabalho de pesquisa consistiu-se de ensaios
realizados em laboratório. A princípio os materiais constituintes da mistura, foram preparados para os
ensaios de acordo com os parâmetros estabelecidos na NBR 6457/2016.
De acordo com a ABCP (2002) para a estabilização dos solos pode ser utilizado qualquer tipo cimento,
porém o cimento Portland comum (CP II) tem sido o mais utilizado, por apresentar propriedades
satisfatórias. Sendo assim, usou-se o CP II Z-32, por ser bastante utilizado e comercializado na região em
que foi realizado o estudo, sendo facilmente encontrado no mercado.
Na caracterização do solo e do RCD, efetuou-se a análise granulométrica por peneiramento, a fim de obter
a distribuição granulométrica destes, e, em seguida, apresentar suas características fisicas, como o módulo
de finura, dimensão máxima característica e as classificações do solo e do RCD, de acordo com os
diâmetros dos grãos determinados.
Para a obtenção da umidade ótima das composições em análise, desenvolveu-se em laboratório, o ensaio
de compactação para solo-cimento, em concordância com a NBR 12023/2012, de modo que, utilizou-se o
cilindro pequeno para compactação, possuindo o diâmetro de 10 cm e através de energia de compactação
normal. A Figura 2 ilustra exemplos dos CP’s produzidos.

Figura 2. Corpos-de-prova produzidos.

32
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Após as determinações das umidades ótima das misturas, foram moldados 2 corpos-de-prova em
laboratório, para as respectivas dosagens de RCD no solo-cimento. Em seguida, foi realizada a cura úmida
das amostras durante 7 dias, segundo a NBR 12024/2012.
Posteriormente, realizou-se, com base na NBR 12025/2012, o ensaio de compressão simples para corpos-
de-prova cilindricos de solo-cimento, a fim de obter a resistência caracteristica das amostras.
Os dados obtidos foram analisados conforme a NBR 8492/2012, que estabelece a resistencia mínina a
compressão para tijolos maciços de solo-cimento, para uso em alvenaria de vedação e de acordo com a
norma do DNER-ME 201/94, para analisar a possibilidade de utilizar a mistura como base de
pavimentação.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DO SOLO E RCD
Baseado nos ensaios granulométricos, realizados conforme a NBR NM 248/2003, com o solo utilizado na
mistura para a confecção dos corpos-de-prova de solo-cimento, chegou-se aos resultados apresentados na
Figura 3.

Figura 3. Curva granulométrica do solo.

O agregado é classificado como miúdo quando os grãos passam na peneira de malha 4,75 mm e ficam
retidos na de 0,075 mm (NBR 7211, 2009). Através do gráfico da Figura 3 é possível observar que 100%
das amostras do solo em estudo passam na peneira de malha 4,75 mm, logo, este se classifica como
agregado miúdo. Para o solo em análise, o módulo de finura apresenta-se com valor de 2,67. Conforme a
NBR 7211/2009, o intervalo do módulo de finura da zona ótima é entre os valores de 2,20 a 2,90, sendo
assim, o solo em estudo apresenta-se como utilizável para a fabricação de concretos, indicado também
para argamassas de revestimento, em especial, para camadas de emboço.
A Figura 4 apresenta os resultados obtidos na análise granulométrica para o RCD. Observa-se na Figura 4,
que toda a amostra de RCD é passante na peneira de malha 4,75 mm, classificando-se assim como
agregado miúdo.
Para o RCD, o módulo de finura obtido foi igual a 3,69 e a dimensão máxima característica foi
correspondente a 4,75 mm. De acordo com a NBR 7211/2009, o intervalo do módulo de finura da zona
utilizável superior é entre os valores de 2,90 a 3,50, sendo assim, o RCD ficou um pouco fora desta zona.
Portanto, após a análise granulométrica, foi possível identificar que o solo e o RCD, apresentam diâmetros
máximos característicos iguais a 4,75 mm. E relação ao módulo de finura, o valor obtido para o solo é
inferior ao do RCD. 33
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 4. Curva granulométrica do RCD.

Abertura das peneiras (mm)


0,1 0,15 0,3 0,6 1 1,18 2,36 4,75 6,3 10
9,5
0

Porcentagens retidas acumuladas


10
20
30
40
50
Zona Utilizável - 60
Limite Inferior 70
Zona Utilizável - 80
Limite Superior 90
100

3.2 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO


Com a realização do ensaio de compactação, através das prescrições estabelecidas na NBR 12023/2012,
determinou-se a relação entre o teor de umidade e a massa específica aparente seca, de misturas de solo-
cimento sem e com incorporação de RCD, quando compactadas na energia normal.
Na curva de compactação, o valor da umidade ótima corresponde ao valor da massa específica aparente
seca máxima, valores estes, obtidos a partir da linha de tendência. A aquisição da umidade ótima propicia
melhores condições de trabalhabilidade e máxima compactação do material, proporcionando assim
maiores valores de densidade, durabilidade e resistência estável.
Fundamentado no ensaio de compactação obteve-se a curva de compactação, apresentada na Figura 5,
para o solo-cimento com dosagem de 0% de RCD. Também está ilustrado a curva de regressão para os
pontos plotados e a curva de saturação. Percebe-se que através do aumento da umidade na mistura, a
massa específica aparente seca se eleva até um ponto máximo, e a começar desse ponto tende a diminuir
com o acréscimo da umidade. Essa variação da massa específica, de acordo com Sousa Pinto (2006),
corresponde à eliminação de ar dos poros. Com a baixa umidade, o atrito entre os graõs impede uma
redução significativa do índice de vazios. O aumento desse teor, promove a lubrificação das partículas,
além disso a perda dos benefícios da capilaridade passam a facilitar a saída do ar através dos canalículos
intercomunicados. A partir da umidade ótima, o ar começa a ficar ocluso em bolhas e a água presente
absorve parte dos esforços, reduzindo assim a eficiência do processo.

Figura 5. Curva de Compactação para o solo-cimento com 0% de RCD.

34
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Com isso, para a dosagem de 0% de RCD a massa específica máxima corresponde a 1,91 g/cm³,
apresentando umidade ótima igual a 7,2%.
Para o solo-cimento com dosagem de 20% de RCD, foi obtida a curva de compactação como é ilustrado na
Figura 6.

Figura 6. Curva de Compactação para o solo-cimento com 20% de RCD.

Verifica-se ainda que que com o aumento da umidade na mistura, a massa específica aparente seca se
eleva até um ponto máximo, correspondente a 1,89 g/cm³, e apresenta umidade ótima igual a 9,5%. Ao
iniciar desse ponto, a massa específica aparente seca decai com o acréscimo da umidade.
Com a dosagem de 30% de RCD na mistura de solo-cimento, foi obtida a curva de compactação, disposta
na Figura 7.

Figura 7: Curva de Compactação para o solo-cimento com 30% de RCD.

No gráfico de compactação obtido após o ensaio (Figura 7), observa-se que de acordo com o aumento da
umidade na mistura, a massa específica aparente seca se eleva até um ponto máximo correspondente a
1,88 g/cm³, sendo nesse ponto a umidade ótima, com um valor de 17,4%. A partir deste valor, o acréscimo 35
da umidade tende a reduzir o valor da massa específica aparente seca.
Portanto, após a realização dos ensaios de compactação para as três dosagens de RCD, notou-se Que o
aumento do teor de substituição na composição solo-cimento, é inversamente proporcional a massa
específica aparente máxima e diretamente proporcional ao teor de umidade ótima.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Sousa Pinto (2006) afirma que se é esperado uma redução do parâmetro de massa especifica aparente
seca máxima e um incremento umidade ótima para materiais mais finos, estes necessitam de uma maior
quantidade de água para lubrificar as partículas em decorrência de sua maior superfície específicas totais.
Algo semelhante ocorre com o resíduo em estudo, uma vez que devido sua característica também
conduzem a uma maior umidade ótima.

3.3 ENSAIO DE COMPRESSÃO SIMPLES


Com a realização do ensaio de compressão simples de corpos-de-prova cilíndricos, conforme o
procedimento descrito na NBR 12025/2012, foi possível determinar as resistências das amostras, após os
sete dias de cura, com as porcentagens de RCD estabelecidas.
Desta forma, obtiveram-se os valores da carga de ruptura dos corpos-de-prova, específicados na Tabela 1.

Tabela 1. Tensão de ruptura dos corpos-de-prova.


CARGA DE RUPTURA (kN)
0% RCD 20% RCD 30% RCD
Amostra 1 5,52 10,85 16,15
Amostra 2 9,88 16,72 17,82

Os valores individuais de resistência à compressão, expressos em MPa, foram obtidos dividindo-se a carga
de ruptura (em kN), observada durante o ensaio, pela área da seção transversal dos corpos-de-prova, os
quais tinham diâmentro de 10 cm, obtendo-se os valores indicados na Tabela 2.

Tabela 2. Resistência característica à compressão das amostras.


RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA À
COMPRESSÃO (MPa)
0% RCD 20% RCD 30% RCD
Amostra 1 0,716 1,382 2,057
Amostra 2 1,259 2,12 2,27

Fazendo a média aritmética das resistências das amostras, obtem-se os valores médios de resistências,
expressos na Tabela 3, para as diferentes dosagens de RCD.

Tabela 3. Resistência média à compressão das amostras.


Resistência média à compressão (MPa)
0% RCD 20% RCD 30% RCD
0,987 1,756 2,164

Para o solo com 0% de RCD, obteve-se uma resistência média de 0,987 MPa, para a de 20% de RCD o valor
da resistência elevou-se cerca de 43,79% apresentando-se com 1,756 MPa. Para a dosagem de 30% de
RCD a resistência aumentou 54,39% em relação ao solo sem incorporação de RCD, que corresponde a
2,164 MPa. 36

Logo, observa-se que quanto maior a quantidade de RCD presente na mistura, maior é a resposta em
termos de resistência à compressão.
A análise dos resultados obtidos identificou uma tendência ao atendimento das exigências da NBR
8492/2012, para a dosagem de 30% de RCD. A norma afirma que a resistência à compressão para tijolos
Engenharia no Século XXI – Volume 7

maciços de solo-cimento não deve ser inferior a 2,0 MPa aos sete dias de cura para valores médios e 1,7
MPa para valores individuais.
Sendo assim, considerando-se que para as alvenarias de vedação são ideais tijolos com resistência
superior a 2,0 MPa, aos sete dias de cura, a dosagem de 30% de RCD na mistura, apresenta-se como uma
alternativa para melhorar as condições do solo em estudo, dando-lhe as características necessárias para
aplicá-lo na fabricação de tijolos de solo-cimento.
Para base de pavimentação (DNER-ME 201/94), a mistura de solo-cimento deve apresentar valor mínimo
de resistência de 2,1 MPa aos 7 (sete) dias de cura. Logo, a mistura de solo-cimento com dosagem de 30%
de RCD, apresenta condições satisfatórias para ser aplicado como base de pavimentação.
Outra vantagem do uso do RCD como parte substituinte do solo, é que essa substituição configura-se numa
técnica sustentável, pois nela aproveita-se o material reciclado. Além disso, o reaproveitamento desse
material propicia menor extração de solo nas jazidas, de modo que os recursos naturais são bem
preservados.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A possível escassez de recursos naturais aliado ao desenvolvimento e crescimento da construção civil nas
últimas décadas, traz sérias preocupações quando se trata de impactos ambientais. Nesse sentido, o
conhecimento de técnicas sustentáveis, como a aplicação do RCD na composição solo-cimento surge como
uma alternativa para a minimização da poluição e de despejos desses resíduos em locais inapropriados,
além de propiciar menor extração de solo nas jazidas.
Utilizando a NBR NM 248/2003 foram obtidas as curvas granulométricas do solo e do RCD, verificando
que estes apresentam características de um solo arenoso, ambos com diâmetro máximo de 4,75 mm e
módulos de finura corresponde a 2,67 para o solo e 3,60 para o RCD.
Comparando as curvas de compactação das três amostras estudadas, pode-se observar que a
incorporação do RCD na composição do solo-cimento, é inversamente proporcional a massa específica
aparente máxima e diretamente proporcional ao teor de umidade ótima.
Outro fator que se destaca com o aumento do RCD, é o aumento da resistência à compressão das amostras.
A análise dos resultados obtidos identificou uma tendência ao atendimento das exigências da NBR
8492/2012, para a dosagem de 30% de RCD. Segundo a norma, a resistência à compressão para tijolos
maciços de solo-cimento não deve ser inferior a 2,0 MPa aos sete dias de cura para valores médios e 1,7
MPa para valores individuais.
A dosagem de 30% de RCD na mistura, apresenta-se como uma alternativa para melhorar as condições do
solo em estudo, dando-lhe as características necessárias para aplicá-lo na fabricação de tijolos de solo-
cimento, bem como condições satisfatórias para ser aplicado como base de pavimentação.
Desta forma, a incorporação de RCD proporciona melhor desempenho a elementos oriundos da
composição solo-cimento. Além disso, o uso do RCD como parte substituinte do solo configura-se numa
técnica sustentável, pois sua reutilização propicia redução na extração de solo nas jazidas, de modo que os
recursos naturais serão menos explorados.
Portanto, essa temática é bastante pertinente, visto que proporciona benefícios para a sociedade.

REFERÊNCIAS
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granulométrica. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
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Rio de Janeiro: ABNT, 2016.
37
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[4] ______. NBR 8492: Tijolo maciço de solo-cimento – Determinação da resistência à compressão e da absorção
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[5] ______. NBR 12023: Solo-cimento – Ensaio de compactação. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

[6] ______. NBR 12024: Solo-cimento – Moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos – Procedimento. Rio de
Janeiro: ABNT, 2012.
[7] ______. NBR 12025: Solo-cimento – Ensaio de compressão simples de corpos de prova cilíndricos – Método de
ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
[8] ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland. Guia Básico de Utilização do Cimento Portland. 7.ed. São
Paulo: ABCP, 2002.
[9] Associação Brasileira Para Reciclagem De Resíduos Da Construção Civil E Demolição - ABRECON. Panorama
Das Usinas De Reciclagem De Rcd No Brasil: A Pesquisa Setorial ABRECON 2015. Disponível em:
<https://www.abrecon.org.br/o-que-e-entulho/>. Acesso em: 01 jul. 2017.
[10] Conselho Nacional Do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução nº. 307. Ministério do Meio Ambiente, 2002.
[11] Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER-ME 201: Solo-cimento – Compressão axial de
corpos-de-prova cilíndricos – Método de ensaio. Rio de Janeiro: IPR. 1994.
[12] MOTTA, J. C. S. S. et al. Tijolo De Solo-Cimento: Análise Das Características Físicas E Viabilidade Econômica De
Técnicas Construtivas Sustentáveis. E-xacta, [s.l.], v. 7, n. 1, p.13-26, 31 maio 2014. Revista
Exacta.http://dx.doi.org/10.18674/exacta.v7i1.1038.
[13] Rosário, T. Do; Torrescasana, C. E. N. Tijolos De Solo-Cimento Produzidos Com Resíduos De Concreto.
2011.Disponível em:<https://www.unochapeco.edu.br/busca/conteudo/?q=tijolos de solo-cimento produzidos com
resíduos de concreto>. Acesso em: 01 jul. 2017.
[14] SEGANTINI, A. A da S.; WADA, P. H. Estudo de dosagem de tijolos de solo-cimento com adição de resíduos de
construção e demolição. Acta Scientiarum. Technology, [s.l.], v. 33, n. 2, p.179-183, 20 abr. 2011. Universidade
Estadual de Maringa. http://dx.doi.org/10.4025/actascitechnol.v33i2.9377.
[15] SILVA, L. A. S; LAFAYETTE, K. P. V. Avaliação das propriedades do Resíduo da Construção Civil RCC como
subsídio para confecção de tijolos de solo-cimento. Revista de Engenharia e Pesquisa Aplicada, v.2, n.1, p.278-281,
2016. Universidade de Pernambuco. http://dx.doi.org/10.25286/repa.v2i1.346
[16] SOUSA PINTO, C. Curso Básico de Mecânica dos Solos. 3ª edição. São Paulo: Oficina de Textos, 2006.

38
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 5
Utilização de Resíduos de Quartzito na Construção
Rodoviária
Hemilly Cristine Lobo Fernandes

Resumo: A crescente preocupação com a escassez de recursos naturais e com os


impactos que a extração de matérias-primas naturais pode provocar ao meio ambiente
tem mobilizado a indústria da construção civil a buscar alternativas que atenuem os
danos ambientais, através da melhor aplicação dos materiais, a redução e o
reaproveitamento dos resíduos gerados e sua devida disposição. Para o presente
trabalho, uma das alternativas ao uso de agregados em estrutura de pavimentos
consistiu na adoção do resíduo de quartzito, em proporções variadas, como material
alternativo utilizado na camada de sub-base. Para a caracterização física e mecânica
foram realizados ensaios de análise granulometria, massa unitária no estado solto,
compactação, limites de consistência e o Índice de Suporte Califórnia (ISC). Através dos
resultados, constatou-se a potencialidade do uso do resíduo de quartzito como agregado
alternativo a ser utilizado na execução de camadas de pavimentos rodoviários.

Palavras-chave: Resíduo de Quartzito, Pavimentação Rodoviária, Agregados, Sub-base.

39
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
Atualmente, o desenvolvimento econômico tem motivado um aumento da demanda por agregados
naturais, como as pedras decorativas, que são insumos minerais vitais empregados na construção civil,
principalmente na construção de estradas.
A preocupação com a escassez de recursos naturais e com os impactos que a extração de matérias-primas
naturais pode provocar ao meio ambiente tem mobilizado a indústria da construção civil a buscar
alternativas que atenuem os danos ambientais, através da melhor aplicação dos materiais, a redução e o
reaproveitamento dos resíduos gerados e sua devida disposição.
A exploração de jazidas minerais para a produção de agregados naturais é responsável por grandes
impactos ambientais, verificando-se entre eles poeira, poluição visual e sonora, tráfego ou ainda poluição
de recursos hídricos e assoreamento dos mesmos. Portanto, o estudo de materiais alternativos, como
resíduos de quartzito, em substituição aos agregados naturais empregados na construção de infra-
estrutura rodoviária torna-se necessário, uma vez que a utilização desses materiais poderá contribuir para
a redução do passivo ambiental.
Dentro desse contexto, SARAIVA (2006) destaca que uma das alternativas ao uso de agregados em
estrutura de pavimentos consiste na adoção de materiais alternativos de inserção regional que, mesmo
não se enquadrando totalmente às condicionantes normativas, assegurem um desempenho estrutural tão
satisfatório quanto aos sistemas convencionalmente adotados. Neste contexto, além dos resíduos de
mineração, incluem-se os solos residuais, escórias e materiais sintéticos.
A exploração de quartzito desenvolvida no Brasil tem proporcionado uma grande geração de resíduos,
sendo que, em determinadas regiões, não há uma prática de disposição e aproveitamento adequados do
resíduo. No estado de Minas Gerais, por exemplo, houve um aumento de 37,6% na produção de quartzito
entre os anos 2003 e 2004. Alguns profissionais da área ambiental qualificam esse tipo de atividade como
predatória, pois o aproveitamento deste minério, utilizado na construção civil como revestimento e
ornamentação de ambientes internos e externos, está entre 8 a 10% (ALECRIM et al., 2009).
De modo geral, a extração e o beneficiamento de rochas ornamentais produzem significativa geração de
resíduos grosseiros, vindos da quebra das peças durante o corte, e rejeitos finos que aparecem na forma
de lama e que são lançados sem nenhum tipo de tratamento no meio ambiente. O pó, resultante da
evaporação da água, pode-se espalhar pelo ambiente contaminando o ar e os recursos hídricos.
Segundo AIREY et al. (2004), uma das formas de diminuir o desperdício gerado com o uso indiscriminado
dos agregados convencionais seria incorporar resíduos na pavimentação visando o desenvolvimento
sustentável e trazendo benefícios à sociedade.

1.1 USO DE RESÍDUOS NA PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA


Devido à atual preocupação com o meio ambiente e a crescente escassez de matérias-primas naturais para
a construção civil, a busca por materiais alternativos tem se tornado um desafio estimulante para o meio
científico. Pesquisas vem sendo desenvolvidas em todo o mundo focando o reaproveitamento de resíduos
siderúrgicos, através de métodos, processos e tecnologias apropriadas para a utilização e aplicação
racionalizada destes resíduos, de forma viável técnica e economicamente.
ALECRIM et al. (2009) estudaram o comportamento de misturas de solo e resíduos das minerações de
quartzito da região do sudoeste mineiro em sub-bases e bases de pavimentos flexíveis. Os resultados
demonstram o potencial de uso do resíduo em camadas do pavimento.
KLINSKY e FABBRI (2009) analisaram o uso da areia de fundição como agregado alternativo para rodovias
de baixo volume de tráfego. O resíduo foi misturado a solos argilosos em variadas proporções e os
resultados demonstraram que os solos argilosos com 60% de areia de fundição adicionada poderiam ser
utilizados nas camadas de base e sub-base.
SOARES et al. (2003) avaliaram o comportamento mecânico de misturas de solo e escória de aciaria na 40
construção rodoviária. Foram realizados ensaios triaxiais ciclícos e CBR, sendo que, os resultados obtidos
demonstraram que as misturas contendo o resíduo apresentaram valores de módulo de resiliência e CBR
superiores em relação às misturas convencionais.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

FILHO et al. (2006) realizaram estudos com misturas asfálticas contendo resíduos da exploração de
calcário laminado em pavimentos de baixo volume de tráfego e os resultados apontaram à potencialidade
da utilização desses rejeitos como agregado em pavimentação.
Demais pesquisas sobre a utilização de resíduos na pavimentação rodoviária podem ser vistos em
CASTELO BRANCO (2004) e ROHDE (2002).

1.2 OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo geral analisar laboratorialmente aspectos físicos e de comportamento
mecânico de misturas de solo contento resíduos de quartzito em variadas proporções, como agregado
alternativo, para avaliar a potencialidade técnica do emprego ou não do material em camadas de sub-base
de pavimentação rodoviária, conforme indicado na Figura 1.
Neste contexto, o presente trabalho tem como finalidade contribuir para uma melhor compreensão do
comportamento mecânico de misturas de solos contendo resíduos de quartzito e estimular o uso de
tecnologias limpas.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 REJEITO DE QUARTZITO
O estudo foi realizado com amostras de quartzito coletadas em uma fábrica, localizada no município de
Ouro Preto/MG, que faz o processamento de corte do material para obtenção de pedras decorativas
utilizadas na construção civil. Durante o processo de corte das pedras gera-se um rejeito fino, que é
inutilizado e descartado com resíduo de quartzito.
O material foi transportado, estocado e após a homogeneização, o rejeito foi reduzido em quantidade
suficiente para os ensaios laboratoriais segundo os procedimentos da norma do DNER-PRO 199/96 pelo
método de quarteamento.

Figura 1. Camadas do pavimento rodoviário e composição das misturas ensaiadas.

O resíduo é composto praticamente de partículas de granulação fina, com mais de 90% do material
passante na peneira de abertura 0,075 mm, conforme mostrado na Tabela 1.

41
Tabela 1. Análise granulométrica do rejeito de quartzito.
Peneira (mm) 4,75 2,00 0,425 0,20 0,075
Porcentagem
100,0 99,9 99,7 97,8 93,2
que passa (%)
Engenharia no Século XXI – Volume 7

2.2 PREPARAÇÃO DAS MISTURAS


As misturas foram dosadas variando a proporção, em massa, do rejeito em três teores de modo a
apresentarem os requisitos prescritos na norma DNER-ES 301/97 como material de sub-base. Além das
combinações contendo o rejeito, foram confeccionadas amostras convencionais, utilizando apenas o solo
natural da região normalmente utilizado em camadas de pavimentação, para fins de comparação do
desempenho mecânico com as misturas alternativas. A Figura 2 apresenta a composição das misturas
utilizadas, definidas como M1, M2, M3 e S1.

Figura 2. Composição em massa das misturas ensaiadas.

2.3 CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA


Foram realizados ensaios para a caracterização física e mecânica de diversas misturas de solo e resíduo de
quartzito em proporções variadas, com a granulometria fixada dentro dos limites estabelecidos pelos
órgãos normalizadores, e seu desempenho comparado com as misturas de solos e agregados
convencionalmente utilizados na região.

2.3.1 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA


Essa análise consiste na determinação do tamanho das partículas de um solo. Esse ensaio é de grande
importância para se conhecer as propriedades físicas de um solo e, a partir dos resultados, construir uma
curva de distribuição granulométrica onde se pode estimar as porcentagens correspondentes a cada
fração granulométrica do solo.
A composição dos grãos das camadas do pavimento rodoviário é uma das características que asseguram
estabilidade aos pavimentos, em consequência do maior atrito interno obtido por entrosamento das
partículas, desde a mais graúda à mais fina. Para a porção mais grossa dos solos, partículas com dimensões
maiores que 0,075 mm, a análise é feita por peneiramento, enquanto que a fração fina é determinada pelo
método de sedimentação.
Nesse trabalho, a distribuição granulométrica foi avalizada de acordo com a metodologia DNER-ME
080/94.

42
2.3.2 ÍNDICES DE CONSISTÊNCIA E MASSA UNITÁRIA NO ESTADO SOLTO
O comportamento de solos finos ou coesivos irá depender de sua composição mineralógica, de sua
umidade, de sua estrutura e do seu grau de saturação. Em particular, a umidade dos solos finos tem sido
considerada como uma importante indicação do seu comportamento, visto que, é possível encontrar solos
finos com a mesma granulometria, mas com comportamento distintos. O efeito da umidade em solos
Engenharia no Século XXI – Volume 7

grossos tem caráter secundário, pois a água presente nos mesmos possui um efeito desprezível em relação
ao seu comportamento, que é comandado principalmente pela sua granulometria e forma das partículas
(DAS, 2014).
Um solo argiloso pode se apresentar em um estado líquido, plástico, semi-sólido ou sólido, a depender da
sua umidade. A este estado físico do solo dá-se o nome de consistência.
Os limites de consistência, também conhecidos como limites de Atterberg, possibilitam de forma mais
prática, identificar a influência das partículas argilosas no solo e fazer uma análise baseada no
comportamento do solo na presença de água.
Os ensaios de índice de consistência são necessários para a classificação dos solos pelo sistema unificado e
Highway Research Bord (HRB) e foram realizados em conformidade com as normas NBR 6459 e DNER-
ME 082/94. Os ensaios para a determinação da massa unitária do agregado no estado solto foram feitos
pela metodologia DNER-ME 152/95.

2.3.3 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO PROCTOR INTERMEDIÁRIO


A compactação pode ser entendida como um processo manual ou mecânico que visa reduzir o volume de
vazios do solo, melhorando suas características, tais como aumento de resistência, diminuição da
deformabilidade e diminuição da permeabilidade. Tem como objetivo principal obter um solo, de tal
maneira estruturado, que possua e mantenha um comportamento mecânico adequado ao longo de toda
vida útil da obra.
Através desse ensaio é possível obter a relação entre o teor de umidade e o peso específico aparente seco
de um solo quando compactado com determinada energia. Determina-se também a quantidade de água
adequada (umidade ótima) a ser incorporada no solo para compactação, e é através dela que se consegue
a máxima densidade seca.
A metodologia adotada neste ensaio segue as recomendações da norma DNER-ME 129/94.

2.3.4 ENSAIO CBR


A resistência de um solo compactado, utilizado como material de base, sub-base e sub-leito em camadas
dos pavimentos rodoviários, pode ser estimada por meio do Índice de Suporte Califórnia (ISC), também
conhecido como California Bearing Rario (CBR).
O ensaio foi realizado seguindo a metodologia da norma DNER-ME 049/94. Após a conclusão dos
ensaios, realizou-se uma avaliação das misturas para poder determinar a potencialidade, qualidade e
eficácia do resíduo como agregado alternativo em substituição aos agregados pétreos normalmente
utilizados na execução da camada de sub-base de pavimentos rodoviários. Para que essa substituição
possa ser feita, as misturas devem apresentar, segunda a norma DNER-ES 301/97, expansão menor que
1,0% e ISC maior que 20.

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS


Os resultados dos ensaios das misturas (M1, M2 e M3) foram comparados com os valores do solo
convencional da região (S1) utilizado em camadas de sub-base, sendo obtidos por meio dos ensaios de
granulometria por peneiramento, limite de liquidez, limite de plasticidade, compactação Proctor
Intermediário, massa unitária e ISC.

3.1 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA


A Tabela 2 apresenta a granulometria das misturas analisadas pelo método do peneiramento.
43
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Tabela 2. Análise granulométrica.


Peneiras Porcentagem que passa (%)
Tipo (mm) M1 M2 M3 S1
2” 50,8 100,0 100,0 100,0 100,0
1” 25,4 100,0 100,0 100,0 100,0
3,8” 9,50 99,6 100,0 99,8 100,0
nº 4 4,75 96,3 98,3 97,2 99,0
nº 10 2,00 84,1 88,3 85,4 88,5
nº 40 0,425 48,9 53,3 54,1 42,0
nº 200 0,075 16,6 27,3 28,5 7,9

3.2 ÍNDICES DE CONSISTÊNCIA E MASSA UNITÁRIA NO ESTADO SOLTO


A Tabela 3 apresenta os valores obtidos para os índices de consistência das amostras em estudo e os
valores das massas unitárias no estado solto.
A mistura com maior porcentagem de resíduo incorporada ao solo (M3) apresentou o maior valor de
massa unitária no estado solto.

Tabela 3. Índices de consistência e massa unitária no estado solto.


Índices de consistência (%) Massa
Mistura unitária
LL LP IP
(kg/dm³)
M1 NP NP - 1,11
M2 26,1 NP - 1,19
M3 29,9 NP - 1,25
M4 NP NP - 1,07

3.3 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO PROCTOR INTERMEDIÁRIO


Na Tabela 4 estão dispostos os valores obtidos para a umidade ótima (wot) e o peso específico aparente
seco máximo (γ, -se que a mistura
contendo 10% de resíduo de quartzito (M1) apresentou o maior valor de umidade ótima e o menor valor
de peso específico aparente seco máximo. A mistura M3 (30% de resíduo) obteve o maior valor de γs,Max
e a amostra M2 (20% de resíduo) o menor valor para a umidade ótima.

Tabela 4. Ensaio de compactação Proctor.


Compactação
Mistura
Proctor Wot (%) Ydmax (g/cm³)
M1 Intermediário 24,5 1,440
M2 Intermediário 19,0 1,594
M3 Intermediário 20,9 1,598 44
M4 Intermediário 20,0 1,550
Engenharia no Século XXI – Volume 7

3.4 CLASSIFICAÇÃO DAS MISTURAS


Na Tabela 5 encontra-se a classificação das misturas pelo Sistema Unificado e o Sistema HRB.

Tabela 5. Classificação dos solos.


Classificação
Mistura
Sistema Unificado HBR
M1 SC-SM A2
M2 SC-SM A2
M3 SC-SM A2
M4 SW-SM A2

3.5 ENSAIO CBR


O ensaio de CBR e expansão foram executados na energia intermediária com a finalidade de obter os
valores desses índices para as misturas.
A Figura 3 apresenta os resultados dos valores de ISC encontrados para as misturas estudadas. Nessa
figura pode-se observar um aumento do índice de suporte em função do aumento do teor de resíduo de
quartzito adicionado, porém somente a mistura M3 apresentou teor maior que o solo convencional.
Somente a mistura M1 apresentou valor de ISC abaixo do valor mínimo exigido pela norma DNER-ES
301/97.
A Figura 4 apresenta os valores de expansão obtidos através do ensaio de CBR. Nela verifica-se que as
expansões são baixas, menores que 0,5%, exceto para a mistura M2.

Figura 3. Valores de ISC obtidos para as misturas.

Figura 4. Valores de expansão obtidos para as misturas.

45
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4 CONCLUSÕES
A adição do resíduo a massa de solo conferiu ganho de plasticidade ao mesmo, visto que a incorporação do
rejeito aumentou a fração de particulado fino (silte e argila) nas misturas.
Analisando somente as misturas contendo resíduo de quartzito (M1, M2 e M3), observa-se pelos
resultados dos ensaios de ISC, que o aumento da porcentagem do rejeito nas misturas provoca um
aumento de resistência nas mesmas. Somente a mistura M3 apresentou um valor de ISC acima do valor
determinado para o solo convencional. A adição de 30% do rejeito ao solo apresentou um aumento de
aproximadamente 22% no valor no ISC.
Em relação ao comportamento expansivo, as misturas M2 e S1 apresentaram o maior e o menor valor,
respectivamente. As misturas M1 e M3 obtiveram os mesmos valores de expansão. Todas as misturas
estudadas apresentaram valores de expansão dentro dos limites estabelecidos pela norma DNER-ES
301/97 (Sub-base estabilizada granulometricamente).
Verificou-se, através dos resultados, a potencialidade e qualidade do resíduo de quartzito como agregado
alternativo, em substituição aos agregados pétreos normalmente utilizados na construção da camada de
sub-base de pavimentos rodoviários.
O aproveitamento do rejeito de quartzito é vantajoso para a indústria que faz o processamento de corte do
material para obtenção de pedras decorativas e para a indústria de contrução civil. Para a primeira pode
agregar-se valor ao rejeito e diminuir gastos com a ocupação de área de deposição. Para a construção civil,
diminuria gastos com área de empréstimos, além do agregado alternativo ser tecnicamente competitivo.

REFERÊNCIAS
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Liquidez.
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ensaios de compactação e ensaios de caracterização.
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Slag and Glass Secondary Aggregates. In: 8th Conference on Asphalt Pavements for Southern Africa, v.1, p. 1-13.
[4] ALECRIM, A. V,; FABBRI, G. T. P,; BERNUCCI, L. B,, MOURA, E. (2009). Estudo do Resíduo de Quartzito para
emprego em sub-base e base de pavimentos. In: 16a Reunião de Pavimentação Urbana, Belo Horizonte, MG.
[5] CASTELO BRANCO, V. T . F. (2004). Caracterização de Misturas Asfálticas com o uso de Escória de Aciaria
como Agregado. Tese de M. Sc., Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. 153p.
[6] DAS, B. M. (2014) Fundamentos de Engenharia Geotécnica, 8ª ed., Cengage Learning, São Paulo, SP, 612 p.
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estabilizada granulometricamente.
[8] DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1994). ME 049, Solos – determinação do Índice de
Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas.
[9] DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1994). ME 080, Solo – análise granulométrica por
peneiramento.
[10] DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1994). ME 082, Solos – determinação do limite de
plasticidade.
[11] DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1994). ME 129, Solos – compactação utilizando
amostras não trabalhadas.
[12] DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1995). ME 152, Agregado em estado solto –
Determinação da massa unitária.
[13] DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (1996). PRO 199, Redução de amostra de campo de
agregados para ensaio de laboratório. 46
[14] FILHO, A. C. B,; ARAÚJO, R. M,; SOARES, J. B. (2006) Estudos do comportamento mecânico de misturas
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[15] KLINSKY, L. M. G,; FABBRI, G. T. P. (2009) Reaproveitamento da areia de fundição como material de base e
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Engenharia no Século XXI – Volume 7

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47
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 6
Efeito da adição de resíduo de poliéster reforçado com
fibra de vidro nos parâmetros de resistência ao
cisalhamento
André Sales Mendes
Rodrigo de Moura Fernandes
Matheus Pena da Silva e Silva
Raimundo Humberto Cavalcante Lima
Consuelo Alves da Frota

Resumo: Estuda-se a adição de resíduos resultantes do processo de fabricação de postes de


poliéster reforçado com fibra de vidro (PRFV) ao solo argiloso típico da cidade de Manaus-AM,
proveniente da camada superficial do Campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O
perfil geotécnico da capital do Estado do Amazonas apresenta, em geral, solos superficiais com
baixa capacidade de suporte, considerados inadequados para o emprego na construção de
pavimentos. Tal fato deve-se, entre outras razões, aos ínfimos afloramentos rochosos na região,
realidade a elevar os custos logísticos e de extração da matéria prima necessária. A escolha desse
subproduto (resíduo de PRFV), como alternativa à estabilização do solo argiloso regional, deveu-
se ao fato de ter-se um material armazenado em grandes quantidades e, ainda, sem destinação
final adequada. Analisou-se o material natural quanto a: massa específica dos grãos,
granulometria, limite de liquidez, limite de plasticidade e parâmetros de compactação. Os
resultados indicaram: a) granulometria com a presença de 76,06% de argila; b) peso específico
dos grãos igual a 26,7 kN/m³; c) valores dos limites de Atterberg de 83% (LL) e 41% (LP); e d)
peso específico aparente seco máximo e umidade ótima iguais a 13,9 kN/m³ e 32%,
respectivamente. Triturou-se o resíduo de PRFV de modo a resultar em uma textura semelhante
a granulometria de um solo arenoso. Nas misturas pesquisadas foram adicionados 10% e 30%
desse material alternativo ao solo natural. Realizou-se o ensaio de compactação na energia do
Proctor Intermediário em, pelo menos, três vezes para cada uma dessas composições. A partir
dos limites de Atterberg e de suas granulometrias enquadraram-se o solo natural e as misturas
como MH e A-7-5, de acordo com o SUCS e as orientações da AASHTO, respectivamente.
Moldaram-se corpos de prova, segundo os mencionados parâmetros de compactação, visando à
realização do ensaio de cisalhamento direto, tanto para o solo "in natura" quanto para as citadas
composições, com controle do grau de compactação. Submeteram-se as amostras às tensões
normais de 50, 100, 150 e 200 kPa, de acordo com uma taxa igual a 1 mm/min. Obtiveram-se as
tensões cisalhantes de ruptura relativas às respectivas tensões normais. O experimento seguiu
as recomendações da American Society for Testing and Materials. O comportamento mecânico
apontou, relativo ao solo natural, o decréscimo da coesão e o aumento do ângulo de atrito com a
maior inserção do material alternativo.
48

Palavras-chave: Solo, Poliéster Reforçado com Fibra de Vidro, Cisalhamento Direto, Coesão,
Ângulo de Atrito.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
RISSON et al (1998) destacam que os materiais poliméricos sintéticos são utilizados para a produção de
diversos itens, suprindo os mais diversos requisitos funcionais de forma econômica e eficaz. Afirmam
ainda que, após a segunda guerra mundial, intensificou-se a criação e a utilização de novos tipos de
polímeros. Surgia, assim, de maneira lenta e gradual, o uso de termofixos e fibras de vidro como reforço de
peças moldadas em resina poliéster insaturadas, resultando, portanto, em um compósito.
Em particular a composição denominada Plástico Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV) consiste na
mistura de um reforço (fibra de vidro) à resina poliéster (matriz polimérica), com a inserção de uma
substância catalizadora de polimeração (ORTH et al, 2012, apud KEMERICH et al, 2013). Basicamente, um
compósito é considerado como sendo um material multifase, quando demonstra uma significativa
proporcionalidade de ambas as fases constituintes, gerando, por conseguinte, outra fase de melhor
qualidade (PINTO, 2002, apud KEMERICH et al, 2013).
Entretanto, de acordo com ORTH et al (2012), devido à não degradabilidade natural da maioria dos
PRFV’s, tal material tem sido responsável por sérios problemas ambientais, porquanto o petróleo é o
principal constituinte em sua fabricação. É importante salientar, ainda, que a indústria de compósitos gera
cerca de 13 mil toneladas de resíduo por ano, entre aparas e rebarbas de processos, além de peças com
defeitos. LIMA (2010, apud ORTH et al, 2012) destaca que a maior parte desses subprodutos tem como
destino final os aterros industriais.
Em Manaus, o PRFV, partícipe deste trabalho, tem sido utilizado na fabricação de postes, cruzetas e
pontaletas, com a finalidade de atender as obras do projeto “Luz para Todos” do Governo Federal. No
entanto, até o presente momento, não há uma disposição econômica e ambientalmente adequada para os
resíduos oriundos desse material.
Por outro lado, observa-se na região amazônica grande deficiência em jazidas de material pétreo
superficial, característica a encarecer os custos das obras civis regionais. Tal realidade gera elevadas
despesas com a extração e transporte dessa matéria-prima, muitas vezes localizada em afloramentos a
grandes distâncias da capital (SILVA et al, 2014).
Neste contexto, visou-se o aproveitamento do resíduo de PRFV, proveniente da indústria produtora desses
postes de fibra, em adição ao solo argiloso, predominante na região de Manaus. Este material natural é
usualmente utilizado como material de base dos pavimentos asfálticos, a despeito de sua baixa qualidade
técnica.

2 OBJETIVOS
Analisou-se comportamento mecânico, a partir da resistência ao cisalhamento direto, das seguintes
composições: 90% de solo natural + 10% de PRFV e 70% de solo natural + 30% de PRFV. Buscou-se
identificar o efeito da adição desse material alternativo ao solo natural, verificando as proporções mais
benéficas, bem como propor uma disposição ambientalmente adequada aos citados resíduos.

3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
Coletou-se o solo argiloso natural (Figura 1) na camada superficial onde se localiza a Universidade Federal
do Amazonas (UFAM), no bairro do Coroado, zona leste da cidade de Manaus. Foi analisado pelos
seguintes ensaios: limites de liquidez (NBR 6459/84) e plasticidade (NBR 7180/84), massa específica dos
grãos (NBR 6508/84), granulometria (NBR 7181/84) e compactação (NBR 7182/86). Caracterizou-se o
resíduo de RPFV (Figura 2), pela granulometria, sendo considerada apenas a textura inferior à peneira de
1,18 mm de abertura.
As composições participantes, 90% de solo natural + 10% de resíduo (Figura 3) e 70% de solo natural +
30% de resíduo, também foram caracterizadas de forma similar ao solo natural. 49
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 1. Solo argiloso natural

Figura 2. Resíduo de PRFV

Figura 3. Composição solo-10% resíduo

50
3.2 MOLDAGEM E ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO
Moldaram-se os corpos de prova a serem submetidos ao ensaio de cisalhamento direto, baseado nos
parâmetros do ensaio de compactação na energia Proctor Intermediário, (massa específica aparente seca
máxima e umidade ótima), com controle do grau de compactação. Calculou-se a massa de cada corpo de
prova por meio da Equação 1. A Figura 4 expõe o molde usado para compactação das amostras.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

𝑀 = 𝐺𝐶. 𝛾𝑑𝑚á𝑥 . (𝑊𝑜𝑡 + 1). 𝑉𝑚𝑜𝑙𝑑𝑒 (1)


Onde:
M, massa a ser compactada, g;
GC, grau de compactação, no caso em torno de 100 %;
𝛾𝑑𝑚á𝑥 , massa específica aparente seca máxima, g/cm²;
𝑊𝑜𝑡 , umidade ótima, %;
𝑉𝑚𝑜𝑙𝑑𝑒 , volume do corpo de prova a ser compactado, cm³.

Figura 4. Molde para compactação de corpos de prova

Confeccionados os corpos de prova, realizou-se o ensaio de resistência ao cisalhamento direto a


deformação controlada, segundo as recomendações da American Society fot Testing and Materials (ASTM,
D 3080-2011). Variou-se as tensões normais num intervalo 50 kPa, sendo elas: 50, 100, 150, 200 kPa,
relativo a taxa de deslocamento, no plano de ruptura, igual a 1 mm/min. Ao se associar as tensões
cisalhantes com as tensões normais, determinaram-se, pelo critério de Mohr-Coloumb, os parâmetros
coesão e ângulo de atrito interno. Nas Figuras 5 e 6, observa-se a prensa de cisalhmento direto do
Laboratório de Mecânica dos Solos da Faculdade de Tecnologia/UFAM e um corpo de prova cisalhado,
respectivamente.

Figura 5. Equipamento de Cisalhamento Direto

51
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 6. Corpo de prova cisalhado

4 RESULTADOS
O solo natural e o resíduo de PRFV, bem como as composições estudadas, apresentaram as distribuições
granulométricas mostradas na Figuras 7 e 8 respectivamente, e na Tabela 1. Tais resultados mostraram
valores iguais a 72,89% e 55%, ou seja, predominância da argila no solo e no subproduto,
respectivamente. Destaca-se a elevada porcentagem da fração areia (44%) no PRFV. Relativo às
composições, os resultados motraram aumento da fração de areia como consequência da adição do
resíduo ao solo. A adição do resíduo ao solo influenciou, também, o coeficiente de curvatura (aumento) e o
coeficiente de uniformidade (redução), conforme mostra a Tabela 2.
Concernente ao peso específico dos grãos, o material natural indicou valor igual a 26,7 kN/m³. Os índices
de consistência das composições indicaram o decréscimo do índice de plasticidade com o aumento da
participação do resíduo (Tabela 3).

Figura 7. Curvas granulométricas dos materiais

100%

90%

80%

70%
Material Passante (%)

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0% 52
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro (mm)
Solo Natural Resíduo PRFV
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 8. Curvas granulométricas das composições


100%

90%

80%

Material Passante (%) 70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
0,00 0,01 0,10 1,00 10,00 100,00
Diâmetro (mm)

Composição (%) 90-10 Composição (%) 70-30

Tabela 1. Resultados da granulometria (%)


Areia Silte Argila
Material 4,75-0,075 0,075-0,005 <0,005
(mm) (mm) (mm)
Solo 3,18 23,87 72,89
Resíduo 44,4 0,60 55,00
90 - 10 13,81 25,13 61,05
70 - 30 32,97 19,55 47,49

Tabela 2. Coeficientes de Uniformidade e Curvatura para cada composição.


Coeficiente de
Coeficiente de Curvatura
Uniformidade
Solo 2,00 Solo 0,50
90 - 10 3,50 90 - 10 0,25
70 - 30 18,40 70 - 30 0,04
Resíduo 27,00 Resíduo 0,03

53
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Tabela 3. Índices de consistência (%)


Composição LL LP IP
Solo natural 80 40 40
Solo nat. + 10% res. 73 37 36
Solo nat. + 30% res. 50 30 20

A partir dos resultados da textura e limites de Atteberg enquadraram-se o material natural e o conjunto
das composições como MH e A-7-5, conforme o Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) e as
orientações da AASHTO, respectivamente (DAS, 2012). Portanto, permiti-se concluir que a adição do
material alternativo não causou variação, segundo tais classificações.
Os ensaios de compactação forneceram os valores expostos na Figura 9. Nota-se o decréscimo da umidade
ótima e do peso específico aparente seco máximo com o aumento da porcentagem do subproduto.
Confeccionaram-se os corpos de prova fundamentados nesses parâmetros, com vista ao teste de
cisalhamento direto, que indicaram graus de compactação entre 99 e 100%.

Figura 9. Curvas de Compactação

14,5

14
Peso Específico Aparente Seco (kN/m³)

13,5

13

12,5

12

11,5
15% 20% 25% 30% 35% 40%
Umidade
Solo natural
Solo Natural + 10% de PRFV
Solo Natural + 30%PRFV

Os ensaios de cisalhamento direto forneceram as curvas deformação x tensão cisalhante, bem como os
pares tensão normal x tensão cisalhante (Figuras 10, 11, 12) e (Tabelas 4, 5, 6).

54
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 10. Deslocamento solo natural


200
180
160

Tensão Cisalhamente (kPa)


140
120
100
80
60
40
20
0
0 2 4 6 8
Deformação (mm)
σ=50 kPa σ=100 kPa
σ=150 kPa σ=200 kPa

Figura 11. Deslocamento composição 90-10


250

200
Tensão Cisalhante (kPa)

150

100

50

0
0 2 4 6 8
Deformação (mm)
σ= 50 kpa σ= 100 kpa
σ= 150 kpa σ= 200 kpa

55
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 12. Deslocamento composição 70-30

250

200

Tensão Cisalhante (kPa)


150

100

50

0
0 2 4 6 8
Deformação (mm)
σ= 50 kPa σ = 100 kPa
σ = 150 kPa σ = 200 kPa

Tabela 4. Deslocamento relativo a tensão de ruptura no solo natural


σc (kPa) τc (kPa) d (mm)
50 105 1,2
100 129 2,5
150 169 4,0
200 184 3,0

Tabela 5. Deslocamento relativo a tensão de ruptura na composição 90 -10


σc (kPa) τc (kPa) d (mm)
50 89 3,0
100 130 2,5
150 176 3,0
200 197 3,0

Tabela 5. Deslocamento relativo a tensão de ruptura na composição 70 -30


σc (kPa) τc (kPa) d (mm)
50 94 2,0
100 127 3,5
150 196 3,5
200 231 4,0
56

Tais dados permitiram a aplicação do critério Mohr-Coulomb, e assim determinaram-se as equações


presentes na Figura 13, bem como a coesão e o ângulo de atrito constantes na Tabela 7. A análise desses
resultados mostrou que a maior participação do resíduo inferiu alterações nos mencionados parâmetros.
Em termos percentuais, a diminuição da coesão em relação ao solo natural foi de aproximadamente 30%
Engenharia no Século XXI – Volume 7

para a mistura solo-10% resíduo, e 45% alusivo à composição solo-30% resíduo. Atinente ao ângulo de
atrito, os acréscimos foram em torno de 26% (solo-10% resíduo) e 51% (solo-30% resíduo).
Figura 13. Critério de Mohr-Coulumb

250

200
Tensão Cisalhante (kPa)

150

100

50

0
0 50 100 150 200 250

Tensão Normal (kPa)

Solo Natural y = 0,554x + 77,5 (R² = 0,9735)

Solo Natural +
y = 0,74x + 55,5 (R² = 0,9793)
10%PRFV
Solo Natural + y = 0,96x + 42 (R² = 0,9791)
30%PRFV

Tabela 7. Coesão e Ângulo de Atrito (’)


Coesão '
Composição
(kPa) ()
Solo natural 77,5 29,0
Solo nat. + 10% res. 55,5 36,5
Solo nat. + 30% res. 42,0 44.0

FEUERHARMEL (2000) verificou a influência advinda da inserção de fibras de polipropileno e cimento em


uma areia e uma argila. Os resutados mostraram que, para a areia, a inclusão da fibra levou a um aumento
no ângulo de atrito aliado a uma queda na coesão. No caso da argila, concluiu que a adição da fibra, assim
como o aumento em seu comprimento, acresceu o ângulo de atrito.
Pelo exposto no trabalho em pauta, notou-se que os efeitos da adição do resíduo (argila arenosa)
57
modificaram o solo argiloso, tornando-o menos coeso, e mostrando um aumento expressivo do ângulo de
atrito. Tal constatação deve-se a participação de uma destacada fração arenosa (44%), oriunda do PRFV,
na mistura. Tais efeitos observados nesse parâmetro, embora relativo a outro material inserido em uma
matriz argilosa, são concordantes com as conclusões de FEUERHARMEL (2000).
Engenharia no Século XXI – Volume 7

5 CONCLUSÃO
A adição do resíduo de PRFV ao solo argiloso superficial, característico e predominante na cidade de
Manaus, acarretou mudanças significativas nos parâmetros físicos deste. Com a maior inserção do
material alternativo, observou-se alteração na distribuição granulométrica das composições, as quais
tiveram um aumento na proporção areia, resultando num material menos uniforme e mais granular; e nos
parâmetros mecânicos, com a perda de coesão no material das composições em relação ao solo natural,
bem como, em contrapartida, um aumento significativo do ângulo de atrito. Entretanto, é importante
destacar que este é um trabalho inicial com a participação desse subproduto. Ressalta-se a necessidade de
estudos mais aprofundados, considerando outras texturas e proporções, para verificar a viabilidade
técnica de sua utilização na estabilização granulométrica dos solos regionais, bem como estudos de cunho
econômico vizando verificar a viabilidade econoômica de sua utilização em larga escala.

REFERÊNCIAS
[1] ABNT – Associação Brasileira De Normas Técnicas. NBR 6459-84, Solo: Determinação do Limite de
Liquidez, (1984).
[2] ABNT. NBR 6508-84, Solo: Massa Específica Real dos Grãos, (1984).
[3] ABNT. NBR 7180-84, Solo: Determinação do limite de Plasticidade, (1984).
[4] ABNT. NBR 7181-84, Solo: Análise Granulométrica, (1984).
[5] ABNT. NBR 7182-86, Solo: Ensaio de Compactação, (1986).
[6] ASTM – American Society for Testing and Materials. D 3080-11: Standard Test Method for Direct Shear Test
of Soils under Consolidated Drained Conditions. USA, 2011.
[7] Das, B. M. Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 6ª Edição. Tradução All Tasks – São Paulo: Thomson
Learning. 2007.
[8] Feuerharmel, Marcos Roberto. Comportamento de Solos Reforçados com Fibras de Polipropileno. 2000, Tese
(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio grande do Sul, Porto
Alegre, 2000.
[9] Kemerich, P. D. C., Piovesan, M., Bertoletti, L. L., Altmeyer, S., HohmVorpagel, T. Fibras de Vidro:
Caracterização, Disposição Final e Impactos Ambientais Gerados. v(10), nº 10, p. 2112-2121, Jan/Abr, 2013.
[10] Lima, Gilmar. Compósitos vislumbram oportunidades nas áreas de transporte e infra-estrutura.
Revista Plástico Moderno, ed. 423, jan. 2010.
[11] Orth, C. M.; Baldin, N.; Zanotelli, C. T. Implicações do Processo de Fabricação do Compósito Plástico Reforçado
com Fibra de Vidro sobre o Meio Ambiente e a Saúde do Trabalhador: o Caso da Indústria Automobilística. Revista
Produção Online, Florianópolis, Sc, V.12, N. 2, p. 537-556, 2012
[12] Pinto, N. C. K.; Reciclagem de resíduos de materiais compósitos de matriz polimérica: poliéster insaturado
reforçado com fibras de vidro. Dissertação (Mestrado em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear – Materiais) –
Universidade de São Paulo, SP, 2002.
[13] Risson, P., Carvalho, G. A., Viera, S. L., Zeni, M., Zatera, A. J., Reaproveitamento de Resíduos de Laminados de
Fibra de Vidro na Confecção de Placas Reforçadas de Resina Poliéster. Polímeros: Ciência e Tecnologia, p. 89-98,
Jul/Set, 1998
[14] Silva, C. L., da Silva, A. C. L,. da Frota, C. A, Módulo dinâmico de compósitos asfálticos com agregados
sinterizados de argila calcinada, Cerâmica 60, p. 10-21, 2014.

58
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 7
Efeito da adição de resíduo de alumínio nos
parâmetros de resistência ao cisalhamento de solo
típico de Manaus/AM
Bruno Barbosa Frota
Paulo Sérgio da Silva
Matheus Pena da Silva e Silva
Consuelo Alves da Frota

Resumo: Analisou-se a adição de resíduo de alumínio moído ao solo argiloso típico da


cidade de Manaus-AM, visando melhorar suas propriedades geotécnicas. O material
natural foi caracterizado fisicamente quanto à massa específica dos grãos,
granulometria, limite de liquidez, limite de plasticidade, e compactação na energia
intermediária. O resíduo de alumínio foi moído de modo a possuir textura semelhante a
das areias, sendo caracterizado quanto à granulometria e massa específica dos grãos. As
misturas pesquisadas foram: 95% de solo natural + 5% de resíduo e 90% de solo natural
+ 10% de resíduo. As composições foram caracterizadas quanto aos limites de
consistência e pelo ensaio de proctor na energia intermediária. As composições e o solo
in natura foram avaliados quanto ao seu comportamento mecânico pelo ensaio de
resistência ao cisalhamento direto. Os resultados indicaram uma pequena redução da
coesão e um aumento significativo do ângulo de atrito, conforme a maior participação do
resíduo na mistura, melhorando sua resistência ao cisalhamento.

Palavras-chave: Solo, Resíduo de Alumínio, Resistência ao Cisalhamento.

Artigo apresentado no XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia


Geotécnica Geotecnia e Desenvolvimento Urbano COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 59
de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil ©ABMS, 2018
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
Superficialmente o solo que compõe a área urbana de Manaus é constituído, em sua predominância por
solos argilosos. Sabe-se que na Engenharia Civil esse tipo de solo possui baixa estabilidade e difícil
trabalhabilidade na construção de pavimentos, em decorrência da sua elevada plasticidade, tornando-os
inadequados para uso rodoviário (FROTA, 2000).
A capital amazonense bem como outros municípios da região caracteriza-se pela escassez de material
pétreo. Tal característica aumenta os custos das obras de engenharia, especialmente para a pavimentação,
uma vez que o afloramento de material rochoso encontra-se a longas distâncias encarecendo a aquisição
de material de melhor qualidade (FROTA et al., 2006). Em decorrência da problemática exposta,
comumente se utiliza na engenharia geotécnica estratégias para adequar as propriedades do solo ao
exigido pelas normas técnicas, processo este denominado de estabilização dos solos.
Em face da crescente preocupação mundial alusivo ao aproveitamento de resíduos e diminuição da
extração de recursos naturais, nesta pesquisa abordou-se a adição de limalha de alumínio (resíduo) ao
solo argiloso típico da cidade de Manaus/AM, a fim de melhorar suas propriedades geotécnicas, bem como
propor uma alternativa de destinação a este passivo ambiental.

2 OBJETIVOS
O objetivo geral é analisar o comportamento geotécnico do solo argiloso típico de Manaus, quando
misturado com resíduo de alumínio, nas seguintes composições 95% de solo e 5% de resíduo de alumínio
e 90% de solo e 10% de resíduo de alumínio.
Os objetivos específicos são caracterizar fisicamente os participantes das misturas; determinar os
parâmetros de compactação das composições indicadas; analisar o efeito do resíduo de alumínio no
comportamento mecânico, segundo o ensaio de cisalhamento direto; e propor uma alternativa a
destinação do resíduo de alumínio.

3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 SOLO
O solo argiloso natural (Figura 1) utilizado nas composições das misturas, foi retirado da camada
superficial, fruto de escavação para reparo de tubulação de abastecimento de água, na Faculade de
Tecnologia (FT) localizada no setor norte do Campus Senador Arthur Virgílio Filho da Universidade
Federal do Amazonas (UFAM), no bairro do Coroado, Zona Leste da cidade de Manaus com coordenadas
de latitude 3°5'17.47" S e longitude 59°57'50.42" W. Ressalta-se que antes da coleta o solo foi verificado
quanto à análise visual e táctil, a fim de checar a predominância de fração de argila.

Figura 1. Solo Natural.

60
Engenharia no Século XXI – Volume 7

A preparação das amostras seguiu as recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas


(ABNT) pela norma NBR 6457/2016, intitulada “Amostras de solo - Preparação para ensaios de
compactação e ensaios de caracterização”. Realizaram-se os seguintes ensaios de caracterização física:
limites de liquidez (NBR 6459/2017) e plasticidade (NBR 7180/2016), granulometria (NBR 7181/2017),
massa específica dos grãos (NBR 6508/1988) e proctor na energia intermediária (NBR 7182/2016).

3.2 RESÍDUO DE ALUMÍNIO


O resíduo de alumínio (Figura 2), utilizado na mistura com o Solo natural foi doado pela empresa
COMETAIS Indústria e Comércio de Metais LTDA.

Figura 2. Resíduo de Alumínio antes da moagem no Abrasão Los Angeles.

A fim de reduzir a graulometria do material de modo que resultasse em uma textura de areia, uma vez que
se trata do material usualmente utilizado para estabilização dos solos regionais, realizou-se a seguinte
metodologia: o material foi moído no moinho do Abrasão Los Angeles (Figura 3), da marca Pavitest, sendo
submetido a 1000 revoluções, a uma taxa de 30 a 33 rpm, o processo de moagem foi feito com 2,5 kg de
resíduo de alumínio, juntamente com 12 esferas de aço de 50 mm de diâmetro. A fim de garantir a textura
desejada, utilizou-se apenas o material moído que passasse na peneira de 4,8 mm. A Figura 4 ilustra o
resíduo moído e peneirado.

Figura 3. Equipamento Abrasão Los Angeles.

61
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 4. Resíduo de Alumínio móido e peneirado.

Realizou-se então a granulometria, do resíduo selecionado, por meio do ensaio de peneiramento conforme
a NBR 7181/2017. O resíduo de alumínio também foi avaliado segundo a massa específica dos grãos (NBR
6508/1988).

3.3 COMPOSIÇÕES
As composições (95% de solo natural + 5% de resíduo e 90% de solo natural + 10% de resíduo), também
foram caracterizadas fisicamente segundo os ensaios de limite de Atterberg e compactação, conforme
normas descritas anteriormente.

3.4 MOLDAGEM E ENSAIO DE CISALHAMENTO DIRETO


Com os parâmetros obtidos no ensaio de Proctor, realizado na energia intermediária, realizou-se a
moldagem dos corpos de prova para o ensaio de de cisalhamento direot, com controle do grau de
compactação, admitindo-se uma variação de 98 a 100%. Esse controle foi realizado por meio do cálculo da
massa do corpo de prova de acordo com os parâmetros de massa específica aparente seca máxima e
umidade ótima, conforme Equação 1. O molde utilizado para compactação pode ser visto na Figura 5.

𝑀 = 𝐺𝐶. 𝜌𝑑𝑚á𝑥 . (𝑊𝑜𝑡 + 1). 𝑉𝑚𝑜𝑙𝑑𝑒 (1)

Onde:
M é a massa a ser compactada [g];
GC é o grau de compactação adotado, neste caso, 100%;
𝜌𝑑𝑚á𝑥 é a massa específica aparente seca máxima [g/cm³];
𝑊𝑜𝑡 é a umidade ótima, de acordo com a composição;
𝑉𝑚𝑜𝑙𝑑𝑒 é volume para o qual o corpo deve ser compactado [cm³].

62
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 5. Molde para compactação de corpos de prova.

O ensaio de cisalhamento direto a deformação controlada, foi realizado segundo as recomendações da


American Society for Testing And Materials (ASTM, D 3080-2004). As tensões normais aplicadas foram: 50
kPa, 100 kPa, 150 kPa e 100 kPa. Sendo a taxa de deformação controlada de 1 mm/min. Segundo o
critério de ruptura Mohr-Coloumb, determinou-se os parâmetros de coesão (c) e ângulo de atrito interno
(φ). Observa-se na Figura 6, a prensa do ensaio de cisalhamento direto e na Figura 7, o corpo de prova já
cisalhado após realização do ensaio.

Figura 6. Equipamento de Cisalhamento Direto.

Figura 7. Corpo de prova cisalhado.

63
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4 RESULTADOS
Referente à massa específica dos grãos, o solo natural apresentou um valor de 2,67 g/cm³ e o resíduo de
alumíno 2,73 g/cm³. Na Figura 8 e na Tabela 1 encontram-se os resultados referentes à textura tanto do
solo natural quanto do resíduo de alumínio utilizado nas composições. Estes resultados apontam a
predominância da argila no solo (84%), e de fração granular, correspondente ao de uma areia, no resíduo
de alumínio (100%). Os limites de consistência, apresentados na Tabela 2 indicam a diminuição do limite
de liquidez e do limite de plasticidade, como consequência a redução do índice de plasticidade, frente ao
aumento da proporção do resíduo no solo in natura.

Figura 8. Curvas Granulométricas dos materiais.

Tabela 1. Resultados da granulometria (%).

Cascalho Areia Silte Argila


Descrição
> 4,75 mm 4,75 – 0,075 mm 0,075 - 0,005 mm <0,005mm

Solo natural 0,00 10 6 84


Resíduo 0,00 100 0 0

Tabela 2. Limites de Consistência.


Composição LL LP IP
Solo Natural 94 53 41
Solo Natural + 5% Resíduo 80 48 32
Solo Natural + 10% Resíduo 75 45 30

A classificação do solo natural e das composições foi realizada conforme o Sistema Unificado de
Classificação de Solos (SUCS) e as orientações da AASHTO, e resultaram em: a) MH e A-7-5 para o solo
natural, b) MH e A-7-5 para solo + 5% de resíduo de alumínio e c) MH e A-7-5 para solo-10% de resíduo de
alumínio (DAS, 2012). Nota-e que a adição do resíduo não modifica a classificação do solo em ambas as
composições. A partir desta análise, percebe-se uma discordância entre o resultado obtido na
granulometria (solo argiloso) e o classificado de conforme o SUCS (MH – silte de alta plasticidade), tal
aspecto também foi notado em pesquisas anteriores realizadas por Silva et al. (2014) e Mendes et al.
(2016), essa incongruência por ser justificada pela forma como foram preconizados inicialmente os 64
ensaios de LL e LP, ou seja, para solos de zona temperada cuja formação diverge dos solos tropicais. Ao
analisar a curva granulométrica do resíduo de alumínio, obtem-se um coeficiente de uniformidade (Cu)
igual a 2,14 e o coeficiente de curvatura (Cc) igual a 0,95, resultando de acordo com o SUCS um material do
tipo SP (Areia mal graduada), corroborando com a análise das frações de areia, a qual aponta 68% de areia
grossa, 31% areia média e 1% de areia fina, conforme escala da ASTM para análise de frações.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

O ensaio de compactação resultou nas curvas apresentadas na Figura 9. Nota-se que com a adição do
material alternativo há um aumento da massa específica aparente seca máxima e diminuição da umidade
ótima, gerando um efeito benéfico para a prática no campo.

Figura 9. Curvas de Compactação.

Os parâmetros obtidos na Figura 9 nortearam a confecção dos corpos de provas para o ensaio de
cisalhamento direto, os quais apresentaram grau de compactação variando em torno de 99%. Os ensaios
na prensa de cisalhamento direto forneceram as curvas tensão cisalhante x deformação, bem como os
valores de tensão normal e tensão cisalhante na ruptura. Tais dados permitiram a aplicação do critério
Mohr-Coulomb (Figura 10), por meio do qual se obteve a coesão e o ângulo de atrito (Tabela 3) para cada
composição. A análise dos resultados mostra que a adição do resíduo aumenta o ângulo de atrito e diminui
a coesão, conforme a maior participação do resíduo na mistura. Em termos percentuais, a diminuição da
coesão em relação ao solo natural foi de 5,17%, para a proporção solo-5% resíduo, e de 9,77% para
composição com 10% de resíduo. Atinente ao ângulo de atrito, as variações foram em torno de 24,41%
(solo-5% resíduo), e 44,85% (solo-10% resíduo). Apesar da diminuição da coesão com a adição de
material alternativo, o aumento do ângulo de atrito proporcionou o aumento da resistência ao
cisalhamento, conforme ilustrado na Figura 10.

Figura 10. Critério de Mohr-Coulomb das composições.

65
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Tabela 3. Coesão e Ângulo de Atrito (ϕ).


Coesão ϕ
Composição
(kPa) (º)
Solo Natural 87 31,79
Solo Natural + 5% resíduo 82,5 39,55
Solo Natural + 10% resíduo 78,5 48,74

Silva et al. (2014) estudaram o efeito da adição de resíduo cerâmico (10% e 50%) ao solo argiloso da
cidade de Manaus, também retirado do campus da UFAM. Os resultados do ensaio de cisalhamento direto
apontaram para o solo natural e as composições de 10% e 50%, os respectivos valores de coesão, 89 kPa,
147 kPa e 89,5 kPa, e para o ângulo de atrito, 34,4°, 32,9° e 36,2°. Nota-se que a coesão do solo natural
estudado por Silva et al. (2014) é semelhante a do material in natura analisado nesta pesquisa, relativo ao
ângulo de atrito há uma diferença de 7,59%. Alusivo à porcentagem de 10% de material alternativo,
observa-se que há um grande aumento na coesão com a utilização do resíduo cerâmico e um pequeno
aumento do ângulo de atrito, diferentemente do obtido na pesquisa em pauta, no qual se obteve uma
pequena redução da coesão e um grande aumento do ângulo de atrito. Porém, ao analisar de forma mais
minuciosa os resultados, nota-se que a partir da tensão de 150 kPa, a resistência ao cisalhamento
apresenta-se maior ao utilizar-se o resíduo de alumínio para estabilização do solo de Manaus.

5 CONCLUSÃO
Por meio da análise granulométrica o solo utilizado nesta pesquisa mostrou-se com a predominância
característica dos solos superficiais do município de Manaus, ou seja, argiloso. A adição de resíduo de
alumínio reduziu o ínidice de plasticidade, proporcionou o aumento da massa específica aparente seca
máxima e redução da umidade ótima, constatando-se um efeito positivo para prática no campo. Alusivo ao
comportamento mecânico segundo o ensaio de cisalhamento direto, obsevou-se uma pequena redução da
coesão e um grande aumento ângulo de atrito, principalmente para a composição com 10% de resíduo de
alumínio, o que por consequência mostrou-se com melhores resultados de resistência ao cisalhamento,
independente da tensão normal aplicada. Indica-se, portanto, que o material estudado é uma alternativa
para melhorar as propriedades do solo.

AGRADECIMENTOS
À empresa COMETAIS Indústria e Comércio de Metais LTDA por ter doado o resíduo de alumínio para
realização desta pesquisa.

REFERÊNCIAS
[1] ABNT – Associação brasileira de normas técnicas. NBR 6459-17, Solo: Determinação do limite de liquidez,
(2017).
[2] _____. NBR 6508-88, Solo: Massa específica real dos grãos, (1988).
[3] _____. NBR 7180-16, Solo: Determinação do limite de Plasticidade, (2016).
[4] _____. NBR 7181-17, Solo: Análise granulométrica, (2017).
[5] _____. NBR 7182-16, Solo: ensaio de compactação, (2016).
[6] _____. NBR 6457-16, Amostras de solo: preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização,
(2016).
[7] ASTM – American Society for Testing and Materials. D 3080-11: Standard test method for direct shear test of 66
soils under consolidated drained conditions. USA, 2011.
[8] Das, B. M. (2012). Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 7ª Edição. Tradução All Tasks – São Paulo:
Thomson Learning.
[9] Frota, C. A. (2000). Lime stabilization of Manaus soils. In: 5th International Symposium on Environmental
Geotechnology and Global Development, Belo Horizonte : UFMG, v. 1.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

[10] Frota, C. A.; Melo, D. M.; Nunes, F. R. G. (2006). Análise do Comportamento Mecânico de Misturas Asfálticas
com Resíduo Processado da Construção Civil. In: V Jornadas Luso-Brasileiras de Pavimentos: Políticas e Tecnologias,
Recife, v. 048.
[11] Mendes, A. S.; Fernandes, R. M.; Silva, M. P. S.; Lima, R. H.C; Frota, C. A. (2016). Efeito da adição de resíduo de
poliéster reforçado com fibra de vidro nos parâmetros de resistência ao cisalhamento. In: XVIII Congresso Brasileiro
de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica. Belo Horizonte, p. 19-22.
[12] Silva, M. P. S.; SILVA, A. C. L.; FROTA, C. A. (2014). Efeito nos parâmetros de resistência ao cisalhamento pela
adição de resíduo cerâmico em solo típico de Manaus/AM. In: 43a RAPv Reunião Anual de Pavimentação e 17°
ENACOR Encontro Nacional de Conservação Rodoviária, Maceió.

67
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 8
Efeito do tratamento alcalino do resíduo industrial da
fibra de piaçava nas propriedades térmicas de
compósitos com PHB
Camila Gomes Moreno
Eduardo Braga Costa Santos
Janetty Jany Pereira Barros
Danusa Araújo de Moura
Lucineide Balbino da Silva

Resumo: No presente estudo foi realizado o tratamento alcalino da fibra de piaçava com
tamanho inferior a 270 MESH para a remoção de impurezas. Os tratamentos foram
realizados sob agitação magnética com soluções de 2% de Hidróxido de Sódio (NaOH),
em um intervalo de tempo de 225 minutos, com intervalos de 25 minutos, com intuito de
se obter o tratamento superficial ideal para o resíduo da fibra. Foram realizadas as
caracterizações por microscopia eletrônica de varredura (MEV), teor de umidade e por
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC). A concentração 2% de NaOH foi suficiente
para remover de forma eficiente as impurezas sem agredir de forma excessiva a fibra, no
entanto a tornou ainda mais higroscópica com absorção de mais de 30% de umidade. O
tratamento superficial do resíduo da fibra nas condições avaliadas nesse estudo
impossibilitou seu uso como carga para a matriz de Polihidroxibutirato (PHB), uma vez
que esse álcali causou completa destruição da estrutura cristalina polimérica,
principalmente quando a concentração do resíduo foi de 30% em massa.

Palavras-chave: Tratamento alcalino, Resíduo de Fibra de Piaçava, PHB, MEV, DSC.

68
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
Com o aumento crescente da população e da utilização de recursos não renováveis pelas gerações atuais e
futuras, cresce também a preocupação com os impactos ambientais causados pelo homem e suas criações.
Dessa forma, essa preocupação com o meio ambiente tem colaborado com o desenvolvimento de
tecnologias e materiais ambientalmente corretos, ou mais sustentáveis, portanto pesquisas relacionadas a
materiais mais naturais estão sendo realizados nos mais diferentes centros de estudo mundo a fora, com
intuito de descobrir como reduzir ao máximo os impactos ambientais causados pelo homem e suas
tecnologias [1-3].
Com o aumento da exigência na forma de fabricação dos materiais e com a busca por alternativas mais
sustentáveis, isto tem gerado um estimulo para que materiais não tóxicos à natureza sejam criados e com
isso uma classe de materiais vem ganhando destaque, sendo eles os materiais compósitos utilizando
reforços renováveis. Sendo assim esses materiais estão sendo estudados com objetivo de desenvolver
materiais mais naturais, que não causem danos a natureza e possam ser absorvidos de forma mais rápida
e eficaz pelo meio ambiente [1-4].
O desenvolvimento de materiais compósitos com características biodegradáveis, recicláveis e que causem
o mínimo de impacto possível no meio ambiente tem sido alvo dos mais diversos estudos. O uso de fibras
lignocelulósicas como reforços, exemplo: as fibras de coco, piaçava, bambu, entre outras, juntamente com
matrizes poliméricas biodegradáveis, como exemplo uma matriz de Polihidroxibutirato (PHB), se tornou
uma alternativa sustentável e que pode substituir uma diversa gama de materiais [5].
Além do menor impacto ambiental gerado, outras vantagens de utilizar as fibras lignocelulósicas são:
baixa densidade e abrasividade, elevado ganho de resistência, durabilidade e também aumento das
propriedades mecânicas gerais dos compósitos, em comparação as da matriz pura, além do baixo custo.
Em muitas situações os resíduos provenientes do setor produtivo, que neste caso poderiam ser
descartados, são reutilizados como reforços das matrizes nos materiais compósitos. Estudos envolvendo
fibras lignocelulósicas e polímeros biodegradáveis têm sido realizados, tendo em vista gerar o menor
impacto possível na natureza [6].
O Polihidroxibutirato (PHB) é um polímero alifático, obtido pela fermentação bacteriana, com capacidade
elevada de degradação no meio ambiente sem a liberação de componentes tóxicos. Sua natureza
biodegradável confere importância para a redução do descarte de plásticos. No Brasil a Empresa Biocycle
tem produzido o PHB utilizando bactérias da espécie Ralstonia eutropha geneticamente modificada para o
consumo de sacarose, já que as linhagens normais não conseguem metabolizá-la. Apesar do PHB ser
considerado um material frágil e com nicho de mercado restrito, possui vantagens significativas como a
biodegradabilidade, a atoxicidade e obtenção a partir de fontes renováveis. Sua taxa de biodegradação foi
observada aumentar ainda mais com a adição de 30% em massa de fibra de juta [7-10]
A palmeira Attalea funifera martius, conhecida por piaçaveira, produz a piaçava ou piaçaba, que é espécie
nativa e endêmica do sul do Estado da Bahia, enquanto a espécie Leopoldinia piassaba é oriunda da
Amazônia Brasileira. O nome vulgar piaçava é de origem tupi, traduzido como “planta fibrosa”, destacada
pela sua superfície rugosa. Durante o período colonial, as fibras eram procuradas por navegadores de
várias nacionalidades para fabricação de cordas utilizadas como amarras de navios, por oferecerem mais
segurança às embarcações [11]. Seu uso atual é reportado na fabricação de escovas para maquinários de
varrer ruas e vassouras de uso doméstico. Consequentemente, diversas comunidades do norte e nordeste
brasileiro têm como atividade de sobrevivência a extração da fibra de piaçava. Além dessas aplicações, a
fibra também está sendo utilizada como reforço em matrizes de polietileno de alta densidade [12], para
aplicação experimental como substituinte aos materiais convencionais usados em carcaças de
computadores portáteis.
Os tratamentos superficiais das fibras vegetais com soluções alcalinas de hidróxido de sódio (NaOH) têm
sido realizados visando modificar as propriedades da fibra, a partir da remoção de compostos, tais como
lignina, hemicelulose, pectina [13,14]. Alguns benefícios são obtidos quando as fibras são submetidas a
esse tipo de tratamento superficial, como maior uniformidade, modificações topográficas pelo aumento da
rugosidade superficial, redução do diâmetro e aumento da área superficial como resultado da ruptura dos
69
feixes da macrofibra [15,16]. Também tem sido sugerido que o tratamento alcalino da fibra de juta com
20% de NaOH resultou na remoção da lignina e no aumento do número de grupos hidroxilas na superfície
da fibra, causando melhoria na sua interação interfacial com a matriz de um biopolímero baseado em
amido(poli(ácido lácto), com consequente melhoria na resistência a tração [17].
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Este trabalho tem como objetivo principal o desenvolvimento de materiais compósitos com matriz de
Polihidróxibutirato (PHB) e resíduo industrial de fibras de Piaçava (10 e 30% em massa) tratado com
hidróxido de sódio a 2% m/v. As fibras foram caracterizadas por microscopia eletrônica de varredura
(MEV) e absorção de umidade e os compósitos foram caracterizados por calorimetria exploratória
diferencial (DSC).

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. COMPÓSITOS
Os compósitos são materiais formados por uma matriz e um reforço e em se tratando de compósitos
poliméricos, na maioria dos casos, uma excelente afinidade química entre si deve existir, podendo ser
adquirida sinteticamente para atingir excelentes propriedades mecânicas com a menor massa possível – o
que é impossível de ser alcançado com materiais convencionais. A matriz é a responsável por transferir os
esforços mecânicos para o reforço e por garantir maior tenacidade, resistência à fadiga e resistência à
corrosão ao material compósito. O reforço, por sua vez, tem a tarefa de suportar os esforços mecânicos
que lhe são transferidos pela matriz, e isso só pode acontecer se houver garantia de boa afinidade química
entre ambos, do contrário, a transferência de carga é ineficiente. Aliás, essa boa afinidade química gera
outra região, chamada de interface, que tem fundamental importância para os compósitos, pois é por meio
dela que os esforços são transferidos da matriz para o reforço [15-17].

2.2. POLIHIDROXIBUTIRATO OU PHB


Os Polihidroxialcanoatos (PHAs) são compostos de monômeros de ácidos hidroxialcanóicos e/ou
hidroxialcenóicos, formando poliésteres de cadeia alifática, apresentando grande variedade estrutural. Os
PHAs podem ser quebradiços, como o PHB, cujas propriedades assemelham-se ao do polipropileno (PP)
[18].
Entre os tipos de PHAs, o PHB é um polímero natural e biodegradável do tipo poliéster, obtido através de
bactérias superalimentadas por açucares ou qualquer fonte de carbono. Estudos vêm sendo realizados
com o intuito de substituir os polímeros convencionais (polímeros sintéticos) por polímeros
biodegradáveis, que quando em contato com o meio ambiente sofrem degradação de forma natural,
agredindo muito pouco ou quase nada a natureza [19]. Os polímeros biodegradáveis possuem
biocompatibilidade, biodegradabilidade, não toxicidade e habilidade em absorver moléculas bioativas.
Contudo, o processo de obtenção deste material apresenta também limitações, já que os polímeros
biodegradáveis são expostos ao meio ambiente enquanto são produzidos, podendo ocorrer contaminação
microbiana e por metais pesados. Os PHAs possuem índice de cristalinidade entre 30 – 70% e temperatura
de fusão entre 50 e 180 oC, apresentando massa molecular variável conforme a fonte de obtenção e o
método de crescimento [20].

2.3. FIBRAS VEGETAIS


As fibras vegetais vêm sendo utilizadas pelas mais diversas civilizações ao longo dos anos com um diverso
campo de aplicação. Antes eram aplicadas em produtos artesanais, na fabricação de mantas, cestos entre
outros. Atualmente as fibras vegetais estão sendo estudadas como reforços em matrizes poliméricas sendo
elas, termoplásticas, termofixas, assim como nos polímeros biodegradáveis [21].
Além do baixo custo, o apelo ambiental é um dos requisitos e benefícios do uso de fibras vegetais.
Propriedades como biodegradabilidade, baixa abrasividade, baixa densidade, baixo custo de
processamento e não toxidade, são características que ajudam na escolha dessas fibras para servirem de
reforços em compósitos poliméricos, além de melhorarem as propriedades mecânicas no material
compósito como um todo [22].
Alguns pontos negativos podem limitar o uso de fibras lignocelulósicas em materiais compósitos, um deles 70
é a baixa temperatura de operação, quando submetidos a temperaturas elevadas, as fibras podem
degradar e diminuir as propriedades mecânicas do compósito [22,23].
A fibra vegetal também possui baixa estabilidade dimensional, e por ser um material natural possui
dimensões variadas, podendo variar de região para região, tendo também alta sensibilidade a efeitos
ambientais. Por exemplo, em climas mais úmidos, as fibras podem absorver a umidade do ar e influenciar
Engenharia no Século XXI – Volume 7

em algumas propriedades finais, tais como tenacidade, baixa abrasividade, baixa densidade, diminuindo
suas boas propriedades mecânicas [24-27].
As fibras vegetais são estruturas alongadas, de secção transversal arredondada, que podem ser
classificadas, de acordo com a sua origem, em: fibras da semente, fibras do caule, fibras das folhas e fibras
dos frutos. Cada tipo de planta possui características distintas a depender da sua idade, em que lugar a
planta foi obtida e da forma de cultivo, estes fatores podem influenciar nas propriedades da fibra. Além
disso, a dimensão e disposição das células unitárias da fibra são fatores determinantes e que influenciam
diretamente nas propriedades finais da fibra. Outro fator é a quantidade de cada elemento, como celulose,
lignina, hemicelulose, dentre outros presentes. Essas variáveis representam uma das barreiras
importantes para a grande escala de fabricação de compósitos à base de lignocelulósicos. Estas fibras
possuem uma estrutura altamente ordenada, que é a parte cristalina, e uma região desordenada ou amorfa
interconectada através de fragmentos de lignina e hemicelulose. Estas regiões não possuem fronteiras
bem definidas e apresentam uma transição a partir de um arranjo ordenado das cadeias de celulose para
amorfo. A estrutura da fibra vegetal é formada por um canal central conhecido como lúmen, que é
responsável pelo transporte de água e nutrientes pela parede celular. A parede celular da fibra é composta
por várias camadas (figura 1), são elas: lamela do meio, parede principal fina e paredes secundárias, que
são subdivididas por: parede secundária externa (S1), parede intermediária ou (S2) e parede secundária
interna ou (S3), onde estas camadas são constituídas por microfibrilas.
A parede primária é inicialmente depositada durante o crescimento das células, e possuem um arranjo
desordenado de fibrilas de celulose que estão imersas em uma matriz de pectina, hemicelulose, lignina e
proteína. Nas paredes secundárias o principal constituinte são as microfibrilas de celulose, cristalinas, e
estão organizados em uma disposição em espiral. A parede intermédia (S2) determina as propriedades
mecânicas da fibra. Sendo composta por uma quantidade de microfibrilas, que estão organizadas em
forma helicoidal de longas cadeias de celulose. A lamela central, que é a camada exterior da célula, é
composta predominantemente por pectina, que atua como cimento entre microfibrilas. As microfibrilas
têm um diâmetro de 10 a 30 nm e são dispostas em uma região amorfa formada de lignina e hemicelulose.
A resistência da fibra pode ser um fator importante na seleção de uma fibra natural para uma aplicação
específica. Uma razão de aspecto elevada (comprimento/diâmetro) é muito importante em fibras à base
de celulose nos materiais compósitos, pois dá uma indicação de possível resistência [24,25].

Figura 1 - Estrutura da fibra vegetal [25].

71
2.4. FIBRA DE PIAÇAVA
A palmeira Attalea funifera Martius, conhecida por piaçava ou piaçaba são obtidas como fibras longas,
resistentes, rígidas, lisas, de textura impermeável e de alta flexibilidade. A importância econômica da
piaçaveira está na extração das suas fibras industriais, destacando-se a fabricação de vassouras,
Engenharia no Século XXI – Volume 7

enchimento nos assentos de carros, cordoaria e escovões. O resíduo obtido de sua limpeza, o qual é
conhecido como bagaço, fita ou borra, serve para cobertura de casas nos meios rural e urbano [26].
A piaçaveira do gênero Attalea é cultivada em área litorânea em solos arenosos associados à vegetação
secundária na área litorânea. Fora da zona litorânea, pôde ser observada em solos areno-argilosos, como
as da espécie Leopoldinensis encontradas na Amazônia. A amplitude da incidência das palmeiras, família
que contempla a piaçaveira, que conta com 207 gêneros e 2675 espécies, se estende até 60 quilômetros ao
interior do continente a partir do litoral, concentrando-se os focos de localização no Brasil, nas latitudes
13ºS até 17ºS, com temperatura média de 24ºC e umidade superior a 80%. Em áreas cultivadas e
manejadas, encontra-se uma concentração de 1000 plantas/ha. Contudo, os dados de produção das
piaçaveiras indicados pelas literaturas são desencontrados. A colheita da fibra deve ser realizada uma vez
por ano, permitindo à planta formar fibras mais longas e de maior valor comercial [27].

2.5. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA OU MEV


O microscópio eletrônico de varredura, assim como o nome já diz é um tipo de microscópio eletrônico que
produz imagens com elevada resolução da superfície da amostra analisada. As imagens realizadas por este
equipamento possuem uma aparência tridimensional, este tipo de imagem é útil, pois se pode analisar a
estrutura superficial da amostra desejada, além de permitir a análise com pequenos aumentos e com
grande profundidade de foco [28].
Através desta técnica se analisa a superfície do material em questão, mostrando aspectos morfológicos do
material, neste caso, pode se observar se o tratamento alcalino realizado na fibra foi eficaz na remoção de
camadas superficiais presentes, além do detalhamento da superfície da fibra quando em contato com o
hidróxido de sódio (NaOH).

2.6. ANÁLISE TÉRMICA


A análise térmica é definida por grupo de técnicas nas quais uma propriedade física de uma substância
e/ou seus produtos de reação é medida como função da temperatura, enquanto a substância é submetida a
um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera controlada. Estes tipos de análises têm tido
grande aplicação no estudo de identificação qualitativa ou quantitativa e entre outras propriedades físicas
dos materiais [29,30].
As variações de temperaturas têm efeito direto tanto nas mudanças de fase quanto estados físicos e
químicos dos materiais. Quando um material é submetido a uma temperatura haverá uma modificação
estrutural do mesmo, se faz uso dessas técnicas para identificar qual o tipo de alteração microestrutural,
dimensional e ou alteração da composição química que o material sofreu [15,31].
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), esta técnica analisa a variação de fluxo de calor de uma
amostra em relação a uma referência (material inerte) em função do tempo ou temperatura. Existem dois
tipos de DSC sendo eles o de fluxo de calor e o de compensação de potência. Para cada tipo existem
diferentes variáveis para se calcular a variação de entalpia do material. No DSC de fluxo de calor o
equipamento usado é o mesmo do DTA, para se obter a variação desejada, utiliza-se o pico presente no
gráfico do DTA para o cálculo da área e determinação do fluxo de calor entre as duas amostras; já no de
compensação de potência a forma de cálculo é mais simples e utilizando sensores de potência são medidas
as diferenças de potência entre a amostra e a referência [29].

3 MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais: O Polihidroxibutirato (PHB) foi gentilmente doado pela empresa PHB Industrial AS (Brasil),
tendo ponto de fusão de aproximadamente 170 ºC.
As fibras de piaçava da espécie attalea funifera martius foi gentilmente doado pela empresa Bruxaxá, na
forma de sobras de produção de vassouras no estado do Pernambuco. O hidróxido de sódio P.A foi 72
adquirido junto com a Synth.
Para a pesagem da fibra foi utilizada a balança digital de precisão marca SHIMADZU, modelo AX200.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Para a moagem da fibra foi utilizado o moinho de facas tipo Willys e moinho de bolas com jarra
trituradora, marca CHIAROTTI, modelo 16-300 com jogo de esferas de porcelana de diâmetros 6, 10 e 16
mm.
Para a analise granulométrica da fibra foi utilizado o agitador de peneiras marca BERTEL, com um jogo de
peneiras com as seguintes malhas na ordem: 50, 60, 80, 100, 200 e 270 MESH
Preparação, lavagem e secagem inicial das fibras: Inicialmente as fibras foram cortadas em tamanhos
entre 1 e 7 centímetros de comprimento, separadas em um recipiente aberto, armazenadas em local fresco
e seco para a devida preparação mostrada no fluxograma da figura 2.
Em seguida as fibras foram pesadas em estado bruto em balança digital de precisão antes do início do
tratamento das mesmas.
As fibras in natura passam por um processo de limpeza em agitação magnética através de barras
magnéticas em lotes de 10±2% gramas imersas em solução de detergente neutro comercial na
concentração de 2% de volume durante 24±1 horas. Após as 24 horas a solução foi descartada e as fibras
foram filtradas e enxaguadas com água destilada em quantidade aproximada de 2 litros para cada amostra
de 10 gramas, com o objetivo de retirar por completo a solução de sabão. Então as fibras lavadas foram
novamente pesadas e destinadas a secagem em estufa com circulação de ar à temperatura de 70 graus
durante 120±3 minutos, novamente foram pesadas e armazenadas em dissecador.

Figura 2: fluxograma de processamento para obtenção da fibra de piaçava tratada em solução de NaOH.

Moagem e análise granulométrica da fibra: As fibras foram moídas em moinho de facas, o resíduo desta
primeira moagem foi novamente moído no moinho de bolas por 2 horas em jarra trituradora de bolas,
para minimizar as perdas do material durante a moagem da mesma.
As fibras, após moagem, foram peneiradas em um agitador de peneiras, utilizando um jogo de peneiras
com as seguintes malhas na ordem: 50, 60, 80, 100, 200 e 270 MESH, a taxa de 5 Hz durante 15 minutos e
em seguida separadas, pesadas, catalogadas e armazenadas em dissecadores com sílica gel, para
minimizar o contato das amostras com umidade.
Tratamento Alcalino da fibra: Soluções alcalinas de NaOH foram preparadas nas proporções de 2% de
concentração. As fibras lavadas com tamanho inferiores a 270 MESH foram pesadas em quantidades de 1,5
73
gramas e submetidas a agitação magnética para a lavagem durante 225 minutos, com intervalos de 25
minutos, na proporção 1,5 gramas de fibra para 7ml de solução alcalina.
As amostras, após imersão e agitação, foram filtradas, pesadas e secas ao ar livre durante 48 horas, em
seguida foram novamente pesadas e armazenadas em eppendorfs ou em embalagens com fechamento
hermético, sendo ambos guardados em dissecadores com sílica gel.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV): A morfologia da fibra tratada alcalinamente com NaOH foi
avaliada pela técnica de Microscopia eletrônica de Varredura. A amostra foi metalizada com ouro e
analisada no equipamento modelo Leo 1430 Zeiss, por meio do sinal gerado pelos elétrons secundários.
Ensaio de umidade da fibra: O percentual de umidade da fibra de piaçava tratada com hidróxido de sódio
foi determinado através do ensaio descrito pela norma ASTM D1348-94 (2008), pelo método de teste B. A
taxa de umidade da fibra foi calculada através da equação (1) mostrada abaixo.

𝑀−𝐷
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (%) = [ ] × 100(1)
𝑀−𝑇
onde:
M = massa original da amostra com o peso do recipiente;
D = massa seca final da amostra com o recipiente;
T = massa do recipiente puro.

Preparação dos compósitos biodegradáveis: Para obtenção dos compósitos, as fibras e o PHB foram
submetidos à secagem a 80oC durante 6 horas em estufa com circulação de ar e posteriormente
armazenadas em dissecador. Os materiais foram pesados a uma proporção de 10% e 30% em peso (m/m)
de fibras. Foi realizada uma batelada de cada composição, em câmara de mistura – Haake Rheomix OS, a
temperatura de 180°C, por 10 minutos com rotação de 60 rpm. Os materiais foram misturados
previamente em um recipiente e depois introduzidos na câmara de mistura, com massa de 50 gramas de
cada material.
Caracterização Térmica dos compósitos biodegradáveis: Para a análise exploratória diferencial (DSC)
foram utilizados em média 5 mg de amostras com composições de PHB/ fibra tratada com NaOH contendo
10% e 30% em peso de fibra tratada. Foram feitas duplicatas para aumentar a confiabilidade do ensaio. O
ensaio foi realizado em atmosfera de Nitrogênio com vazão de 50 mL/min a uma taxa de aquecimento de
10 oC/min. As amostras foram submetidas a um primeiro aquecimento com temperatura até 200°C,
durante 3 minutos permaneceu nessa temperatura, com objetivo de apagar a história térmica do material,
em seguida foram resfriadas até 25°C e aquecidas novamente até 200°C a uma taxa de 10°C/min.
Com os dados obtidos no ensaio na segunda varredura de aquecimento foi possível realizar os cálculos do
grau de cristalinidade do material através da equação (2), mostrada abaixo.

∆𝐻𝑚
𝑋𝑐(%) = × 100(2)
(1 − 𝑊𝑓 )∆𝐻100%
onde:
Xc = Grau de cristalinidade (%);
∆𝐻𝑚 = Entalpia de fusão da amostra (J/g);
∆𝐻100% = Entalpia teórica de fusão do polímero 100% cristalino (J/g);
𝑊𝑓 = fração em massa da fibra na mistura;
Para o PHB o valor de ΔHm100% utilizado foi de 146 J.g–1.[32].

74
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DA FIBRA DE PIAÇAVA TRATADA COM NAOH
Ao analisar a microscopia eletrônica de varredura (MEV) se observa que o tratamento alcalino removeu os
constituintes e impurezas presentes na fibra (Figura 3a), deixando sua superfície mais lisa e com os feixes
de fibrilas mais bem definidos ao compará-los com a morfologia da fibra de piaçava apenas lavada. O
tratamento superficial da fibra de piaçava com NaOH causou modificações em sua superfície e em sua
macroestrutura. De acordo com a investigação de Santos, E.B.C. et al [33] o tratamento da fibra de piaçava
com NaOH levou ao aumento da sua área superficial 173,71 ± 1,94 m²/g) enquanto de acordo com Santos,
E.B.C. et al [34] o valor para a fibra apenas lavada foi igual a 50,82 ± 0,46 m²/g. Também observaram o
desmonte da macrofibra de piaçava, em que a fibra tratada com NaOH resultou em feixes menores,
constituídos por fibrilas, com diâmetro médio, considerando a distribuição em número, igual a 0,681 μm
[33]; já a fibra apenas lavada apresentou valor igual a 1,90 μm [34]. Miranda et al. [35] e Tita et al. [36]
também observaram mudanças superficiais da fibra de piaçava e do bagaço de cana, respectivamente, com
o tratamento alcalino em concentrações mais elevadas (4% a 10%).

Figura 3: MEV da fibra de piaçava lavada (a) [33] , fibra de piaçava tratada com NaOH (b)

(a) (b)

4.2 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE DA FIBRADE PIAÇAVA


Neste trabalho se determinou o teor de umidade da fibra de piaçava apenas lavada afim de comparar esse
resultado com aquele observado por Santos, E.B.C. et al [33] para a fibra de piaçava tratada com NaOH, em
que um comportamento de alta absorção de água foi notificado. O valor de umidade apresentado pela fibra
apenas lavada é inferior a 10%, enquanto o apresentado pela fibra tratada com NaOH foi superior a 30%
[34], como mostra a Figura 4. De acordo com [37], este resultado acontece, pois o tratamento alcalino
promove uma maior remoção dos constituintes presentes e isto permite que a fibra absorva uma
quantidade muito superior de umidade, já que uma das características da fibra natural é sua capacidade
higroscópica.

Figura 4: Teores de umidade e reabsorção para a fibra lavada e tratada com NaOH [33]

Ensaio de umidade
60,00% 53,17%
Taxa Calculada

40,00% 34,71%

20,00% NaOH 75
7,56% 8,17%
Lavada
0,00%
% umidade % reabsorção
Amostra analisada
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4.3 CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DOS COMPÓSITOS BIODEGRADÁVEIS POR DSC


As Figuras 5 apresenta as curvas de fusão do PHB puro e dos seus compósitos biodegradáveis contendo 10
e 30% em massa de fibra de piaçava tratada com NaOH. Os valores de temperatura e de entalpia de fusão
das amostras foram obtidos a partir da segunda corrida de aquecimento do DSC, como também o grau de
cristalinidade calculado usando a Eq. 2. A Tabela 1 apresenta esses dados. O PHB apresenta picos
múltiplos de fusão, em que se observa um pico endotérmico a temperatura mais baixa (Tm1), um
exotérmico intermediário e um outro endotérmico em temperatura mais alta (Tm2). Este comportamento
caracteriza a fusão-recristalização-refusão, em que, inicialmente ocorre a fusão dos cristais de menor
tamanho, menor espessura lamelar e menor grau de ordem. Estes também podem atuar como núcleos
para a recristalização, os quais reorganizam as moléculas, conduzindo a formação de cristais maiores e
mais estáveis, que requerem mais energia para se refundirem [38]. Os valores de Tm1 e Tm2 para o PHB
são por volta de 160,33 e 171,65ºC, respectivamente. Por outro lado, os compósitos biodegradáveis com a
fibra de piaçava tratada com NaOH apresentaram comportamentos de fusão completamente diversos, bem
diferentes do apresentado pelo PHB e pelos compósitos com as fibras de piaçava apenas lavadas e tratadas
termicamente a 50ºC avaliados por Santos, E.B.C. et al [34]. Pode se observar para o compósito com 10%
de fibra tratada alcalinamente que um dos picos deixa de existir, ficando apenas um pico mais largo; já o
compósito com 30% de fibra alcalina teve um efeito devastador, destruindo completamente os cristais do
PHB. O grau de cristalinidade do compósito 90/10 diminui drasticamente (22,57%) em relação aquela do
PHB puro (43,25%).
Pode-se concluir que o tratamento com NaOH utilizado nesse trabalho foi bastante agressivo à matriz de
PHB, mesmo com teor do álcali sendo baixo igual a 2%. Uma vez que a concentração de fibra foi
aumentada para 30%, consequentemente a quantidade do NaOH presente nesse compósito biodegradável
foi também aumentada, degradando completamente a matriz de PHB, inibindo a presença dos picos e de
fases cristalinas no compósito. Por outro lado, Sousa, V. M. Z. [39] obteve compósitos de PHB com 10% em
massa de fibra de curauá inicialmente por extrusão em seguida por injeção, sendo a fibra tratada primeiro
termicamente a 80ºC por 2 h e em seguida alcalinamente com 5% m/v de NaOH durante 2 horas a 50ºC,
cujo valor do grau de cristalinidade desse compósito não foi alterado em relação ao valor do PHB puro.

Figura 5: Curvas DSC de fusão referentes ao segundo aquecimento do PHB puro e dos compósitos
biodegradáveis de PHB com 10 e 30% de fibra tratada com NaOH.

76
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Tabela 1- Dados de DSC do PHB puro e do compósito biodegradável com 10% de fibra tratada com NaOH.
Amostra Tm1 (ºC) Tm2 (ºC) Hm (J/g) c (%)
PHB puro 160,33 171,65 63,15 43,25
90/10 129,74 ---- 29,67 22,57
70/30 ---- ---- ---- ----

5 CONCLUSÕES
A partir dos estudos realizados neste trabalho foi possível concluir que o tratamento alcalino a 2% é
realmente eficaz na remoção de impurezas e elementos indesejáveis como as pectinas, hemicelulose e
graxas, mostrando a presença de sulcos profundos na superfície que pode significar que seja um
tratamento superficial potencial para o resíduo da fibra de piaçava ser aplicada como carga em
compósitos poliméricos. O tratamento tornou a fibra menos resistente a absorção de umidade. Mesmo as
fibras sendo tratadas nessa baixa concentração de NaOH, a matriz polimérica de PHB ainda sim foi muito
sensível e se degradou completamente quando em contato com 30% em massa da fibra tratada com essa
solução alcalina.
Conclui-se então que o tratamento superficial do resíduo da fibra de piaçava com concentração de 2% de
NaOH não é sugerido para a produção de compósitos biodegradáveis com o Polihidroxibutirato, o qual
teve sério comprometimento de sua estrutura cristalina em presença desse álcali.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Capes e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) pelas bolsas de estudo. Ao
Laboratório de Solidificação Rápida pelas caracterizações. A professora Renate Maria Ramos Wellen
(UFPB) por gentilmente doar o Polihidroxibutirato (PHB) para essa pesquisa. E também agradecer a
professora Fabiana Carvalho Fim (UFPB) pela ajuda no tratamento alcalino da fibra de piaçava.

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79
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 9
Conhecimento tradicional da utilização de argila e
cinzas de carvão vegetal na produção de compósito
cimento por moradores do interior do Pará
Adriane Pimentel Oliveira
Willam Rayplham Pereira Coelho
Jackeline Meireles Hipolito de Souza

Resumo: Com a intenção de criar novas alternativas em produzir um cimento não


poluente foi possível abordar dois materiais: argila e cinzas de carvão vegetal, materiais
que podem ser utilizados com responsabilidade ambiental, já que o cimento industrial
gera impactos ambientais e sociais. Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um
compósito cimento produzido com cinzas do carvão vegetal e argila, sendo as cinzas
provenientes do fogão a lenha de habitantes na vila de Bacuriteua, em Santarém Novo,
no estado do Pará. Um compósito cimento com produção barata e que visa como
alternativa o uso para a indústria da construção civil. Na produção utilizou-se 487g de
cinzas as quais foram secas em temperatura de 105ºC. Os resultados obtidos mostraram
a durabilidade do material coerente com o cimento industrial, além do mais não é
poluente, chegando a uma possível aplicação em maior escala e apresentando custo-
benefício favorável para o setor da construção civil.

Palavras-chave: Compósito cimento, novas alternativas, produção artesanal.

80
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1.INTRODUÇÃO
O cimento produzido pelas indústrias causa impactos ambientais, devido ao calcário e a argila que são
bases extraídas da natureza. O processo de extração do calcário ocasiona desmoronamentos e erosões por
causa das vibrações provocadas no terreno ou pelo abandono de pedreiras que foram exploradas, além do
mais emitem gases poluentes. A poluição atmosférica resulta da emissão de gases poluentes ou de
partículas sólidas na atmosfera, e pode provocar degradação de ambientais naturais e graves problemas a
saúde de seres vivos, como doenças respiratórias (MAURY; BLUMENSCHEIN, 2012)(1).
O cimento alternativo não ocasiona grandes impactos ambientais pois não há maneiras agressivas de
retirar o material para produzi-lo e a quantidade utilizada nas construções de residências na região rural
é considerada de pequena escala. A argila ou barro amarelo que está presente na constituição do
compósito cimento é encontrada debaixo d aterra, necessitando apenas escavar e logo poderá ser
encontrado. As cinzas são oriundas do carvão vegetal utilizado no fogão a lenha, uma prática comum nas
localidades distantes da cidade para necessidades básicas como cozinhar.
A descoberta desse compósito foi encontrada na vila de Bacuriteua, localizada no munícipio de Santarém
Novo no Estado do Pará. Uma moradora da vila, senhora Maria Feliciana dos Santos teve a ideia de
desenvolver um produto semelhante ao cimento comum logo após sua residência desabar devido a uma
forte chuva na localidade em 2002, sendo assim construiu sua casa utilizando o material. As pesquisas
também foram baseadas em uma entrevista realizada com esta moradora, que por ventura, a mesma
pretende passar esta ideia adiante.

2.MATERIAIS E MÉTODOS
Os materiais utilizados para a produção desse compósito foram: 500ml de água, estufa, potes plásticos e
peneira de 200 mesh.
Inicialmente, a argila e as cinzas foram pesadas, e logo foi utilizado 487g de cinzas do carvão vegetal,
conforme as figuras 1 e 2, respectivamente, este foi seco na estufa a uma temperatura de 105ºC, a
quantidade de cinzas após a secagem foi 242, 5g de material passante e 244, 5g de material retido numa
peneira de 200 mesh.

Figura 1- Amostra de argila, popularmente conhecida como barro amarelo.

Fonte: Autores (2018)

81
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 2- Cinzas do carvão vegetal antes de ser peneirado.

Fonte: Autores (2018)

Conforme a figura 3 o material passante foi misturado com 300g de argila, com auxilio uma colher de
pedreiro. Por fim adicionou-se 500 ml de água e a mistura final obteve a consistência esperada,
semelhante a consistência do cimento industrial, observado na figura 4.

Figura 3- Processo de mistura das cinzas com argila.

Fonte: Autores (2018)

Figura 4- Cinzas do carvão vegetal e argila misturadas com água já na fase de consistência.

Fonte: Autores (2018) 82


Engenharia no Século XXI – Volume 7

3.RESULTADOS E DICUSSÃO
As cinzas foram levadas até a estufa por 24hs em temperatura de 105ºC, nesse período foi observado que
o tempo e a temperatura foram essenciais para manter as cinzas em equilíbrio térmico. Logo após a
peneiração, houve somente o uso das cinzas passantes, o material retido não foi utilizado para que não
ocorresse a formação de pequenas boletas na mistura, pois o esperado é um material homogêneo, com a
consistência de uma pasta semelhante ao cimento comum. Devido a essas observações, assim que se
misturou com água o cimento alternativo apresentou uma mistura consistente como o esperado e logo
endureceu comparado ao cimento industrial.

Conforme a figura 5, mostra elevados teores de SiO2, Al2O3 e CaO de acordo com Mendes et al (1982) (2) e
Assis et al (1982)(3) os quais analisaram as cinzas do carvão vegetal bruto produzido em 27 fornadas e do
carvão vegetal bruto consumido pelo Alto-Forno #2 da Acesita.

Figura 5 – Análise química do carvão vegetal bruto de 27 fornadas (a) e do carvão vegetal do
Alto-Forno #2 da Acesita

Fonte: Mendes et al (1982) e Assis et al (1982).

Estão em destaque alguns elementos como a sílica que é o principal constituinte do precursor
geopolimérico e, portanto, em maior quantidade tem-se melhor resistência mecânica, desde que esteja
disponível na forma de sílica reativa (FERNÁNDEZ-JIMÉNEZ; PALOMO, 2003)(4).
Outro óxido que merece ser ressaltado é a cal e CaO, o cálcio presente na mistura pode reagir com os
silicatos e aluminatos, paralelamente à formação do gel, formando silicatos de cálcio hidratados e
aluminatos de cálcio, parecidos aos encontrados na pasta hidratada de cimento Portland, e podem
contribuir no desenvolvimento de maiores resistências. Porém, ainda não existe concordância sobre sua
ação na resistência do geopolímero, pois o excesso de cálcio interfere negativamente na polimerização
(HARDJITO; RANGAN, 2005)(5). Compostos com capacidade de presa, isto é que atuam como cimento em
agregados.
Toda via o alto teor destes componentes, é notável o geopolímero, obtido da policondensação, ou
polimerização inorgânica, de minerais aluminossilicatos em ambiente altamente alcalino. Tal processo
83
permite transformar estruturas vítreas em compósitos compactos com propriedades cimentantes
(PALOMO; GRUTZECK; BLANCO, 1999)(6).
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4.CIMENTO ALTERNATIVO COMO RECURSO SOCIAL


O projeto visa desenvolver um compósito que pode ser utilizado como material de construção o qual não
polua o meio ambiente já que os materiais são encontrados na natureza abundantemente, tornando assim
um produto com formas sustentáveis de obtenção. Através do projeto inicial e com as pesquisas na vila de
Bacuriteua em Santarém Novo no Estado do Pará, foi possível acarretar uma gama de conhecimento, dessa
forma podemos mostrar que é viável a substituição do cimento comum pelo compósito, sendo perceptível
a grande utilidade e vantagens do mesmo.
Esse projeto é um recurso para ser usado em pequenas construções nessa localidade e em outras
localidades distantes, que quando é necessário fazer algum tipo de obra ou reforma e não haja locomoção
das pessoas até a cidade próxima, pois muitos não têm a facilidade de acesso a lojas de materiais de
construção ou não têm recursos financeiros para comprar uma saca de cimento equivalente no mercado
atual no valor de R$40,00. Além disso, por ter os materiais para a produção de fácil acesso, é possível
reduzir os poluentes no meio ambiente, pois o mesmo também será útil como adubo em hortas, ou seja, há
diversas possibilidades de uso do produto e por esse motivo a viabilidade dele é maior.

5.RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Não podemos deixar de abordar nossa responsabilidade ambiental em um projeto de cunho técnico
cientifico, estamos acompanhando os estudos desenvolvido com o intuito de reduzir os danos causados à
natureza.
Com a criação e desenvolvimento deste projeto, estamos contribuindo de forma responsável com um
produto não agressivo ao meio ambiente e que se for investido possa gerar lucro para a população da vila
de Bacuriteua, Santarém Novo/PA pelo fato de ser um produto de uso sustentável e por apresentar seus
componentes que podem ser encontrados abundantemente e de forma responsável na natureza.

6.CONCLUSÃO
A escolha desse tema foi para expandir as poucas pesquisas envolvendo dois ingredientes ricos na
natureza; a argila e as cinzas do carvão vegetal, que normalmente sobra de guseiras, e uso rotineiro de
fogão a lenha. O que se deu em um projeto que não agrida o ambiente e seja favorável a algumas
aplicabilidades, entre elas o uso do produto como adubo em hortas, ou seja, inova-lo, e que a partir dessas
inovações colocou todos os envolvidos no projeto um desafio para abordar de forma cientifica. Além do
mais, incentivar a prática sustentável e ampliar o conhecimento de pessoas que moram em nossa região,
gerando com isso formas sustentáveis de produtos não poluentes e vantajosos.
Dessa forma estamos cumprindo a proposta do projeto, a criação deste compósito e a responsabilidade
ambiental para tal comunidade, foi um projeto que nos trouxe enriquecimento de conhecimento pessoal e
coletivo e podemos contribuir de forma positiva através de nossos estudos.

AGRADECIMENTOS
À senhora Maria Feliciana pelo apoio e confiança, em especial, pois ela é avó de Adriane Pimentel uma das
autoras e então não poderão faltar agradecimentos e carinho a ela. Aos colegas, pois nesta jornada ficamos
unidos aos “nãos” recebidos durante o projeto.

REFERÊNCIAS
[1] Maury. M.B; Blumenschein. R.N. Produção de cimento: Impactos a saúde e ao meio ambiente.
Sustentabilidade em Debate, Brasília, v.3, n.1, p. 75-96, 2012.
[2] Mendes, M. G.; Gomes, P. A.; Oliveira, J. B. 1982. Propriedades e Controle de Qualidade do Carvão Vegetal.
84
Produção e Utilização de Carvão Vegetal. Série Publicações Técnicas. Belo Horizonte, Fundação Centro Tecnológico de
Minas Gerais – CETEC, volume 2, p. 77-89.
[3] Assis, P. S.; Marinho, L. Z. A.; Porto, F. M. 1982. Utilização do Carvão Vegetal na Siderurgia. Produção e
Utilização de Carvão Vegetal. Série Publicações Técnicas. Belo Horizonte, Fundação Centro Tecnológico de Minas
Gerais – CETEC, volume 2, p. 281-318.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

[4] Fernández-Jiménez, A.; Palomo, A. Characterisation of Fly Ashes: potential reactivity as alkaline cements.
Fuel, v. 82, n. 18, p. 2259-2265, 2003.
[5] Hardjito, B.; Rangan, B. V. Development and Properties of Low-Calcium Fly Ash-Based Geopolymer Concrete.
Research Report GC1. Faculty of Engineering, Curtin University of Technology. Perth, Australia, 2005.
[6] Palomo, A.; Grutzeck, M. W.; Blanco, M. T. Alkali-activated fly ashes: A cement for the future. Cement and
Concrete Research, v. 29, p. 1323-1329, 1999.
[7] Lima, André Barbosa de. O processo produtivo do cimento portland. 2011. 38 f. Monografia (Especialização)
– Curso de Especialização em Engenharia de Recursos Minerais, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2011.
[8] Bragança. S.R; Zimmer. A; Santos. L.A; Bergmann. C.P. Utilização da argila e da cinza de candiota em
refratários densos. In: 49º Congresso Brasileiro de Cerâmica, 2005, São Pedro. Anais. São Paulo, 2005.

85
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 10
Influência do tratamento alcalino nas propriedades do
sisal e dos compósitos com matriz poliéster insaturado
auxiliado pela correlação digital de imagens
Fernanda Monique da Silva
Pedro Henrique Xavier de Mesquita
Rodrigo Nogueira de Codes
Zoroastro Torres Vilar

Resumo: A utilização de compósitos utilizando sisal possuem limitações devido as fibras


serem hidrofílicas, enquanto que a matriz é hidrofóbica. Essa incompatibilidade resulta
no enfraquecimento da ligação na interface e, portanto, nas propriedades mecânicas. O
tratamento alcalino é utilizado para modificar o contato entre a fibra e a matriz. O
objetivo deste trabalho é verificar a influência do tratamento alcalino nas propriedades
das fibras de sisal e dos compósitos utilizando matriz poliéster insaturado. Foram
realizados nas fibras e nos compósitos, fabricados por laminação manual, com
concentração volumétrica de 20% de sisal, tratamento com 2% e 5% de NaOH. Ensaios
de tração foram realizados nas fibras e nos compósitos para análise das propriedades
mecânicas, sendo estes últimos auxiliados pela técnica de correlação digital de imagens.
Como resultados, observou-se que o tratamento alcalino influenciou no incremento das
propriedades mecânicas do sisal e dos compósitos, sendo o tratamento de 5% de NaOH
mais eficiente.

Palavras-chave: Compósitos. Fibras de sisal. Tratamento alcalino. Propriedades


mecânicas. Correlação Digital de Imagens.

86
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
Com a crescente preocupação dos possíveis impactos ambientais gerados no mundo, a busca por novas
alternativas de materiais visando amenizar esses problemas, intensificou a pesquisa e o desenvolvimento
de materiais compósitos de matrizes poliméricas reforçadas com fibras naturais (1).
O sisal, dentre estas, é uma das fibras vegetais mais utilizadas no mundo, sendo o Brasil o maior produtor,
através da região do semi-árido (2). Compósitos com melhores propriedades mecânicas são obtidos pela
transferência eficiente de tensões entre a matriz e o reforço. Para isso é necessário que haja uma boa
adesão na interface polímero-fibra, uma vez que essa transferência ocorre na região de contato entre as
fases (3).
Um dos principais desafios que envolve a utilização do sisal é a busca por sua melhor aderência na matriz,
visto que este possui baixa compatibilidade com a matriz hidrofóbica, pois ele é hidrofílico, reduzindo
assim o seu potencial (4). Diversos estudos são realizados para solucionar esse problema, sendo um dos
métodos a realização de tratamentos químicos das fibras com o uso de agentes de acoplamento (5).
Neste contexto, a proposta geral do presente trabalho foi de desenvolver um compósito de matriz
poliéster insaturado reforçado com fibras de sisal alinhas na direção longitudinal, através do método por
laminação manual, e estudar a influência tratamento alcalino nas propriedades das fibras de sisal e de
compósitos unidirecionais.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 MATERIAIS
Para a matriz do compósito foi utilizada uma resina poliéster ortoftálica insaturado, com Butanox em
proporção de 1% em massa-peso. Como reforço para o compósito foram utilizadas fibras cruas de sisal
sem tratamentos prévios. Para a realização do tratamento alcalino nas fibras foi utilizado como reagentes
hidróxido de sódio P.A – ACS (Microperolas) e ácido acético glacial P.A – ACS.

2.2 TRATAMENTO COM HIDRÓXIDO DE SÓDIO


As fibras de sisal foram submetidas a uma pré-cardagem e cortadas uniformemente com o comprimento
pré-determinado de 35 cm. Uma parte destas foram imersas em solução de hidróxido de sódio com
diferentes concentrações (2% e 5%) à temperatura de 80ºC por 1 hora, agitando-as esporadicamente. Em
seguida, foram imersas em solução de ácido acético a 2% durante 15 minutos. Ao final do tratamento
foram lavadas com água destilada e submetidas à secagem em estufa de esterilização e secagem da
ODONTOBRAS a uma temperatura de 100ºC por 24 horas. Foi utilizado uma relação de 1:20 gramas de
fibra/mililitros de solução no tratamento. Para o aquecimento da solução foi utilizado uma chapa
aquecedora modelo XMTD-701 da EDUTEC.

2.3 DETERMINAÇÃO DA PERDA DE MASSA, DENSIDADE E DIÂMETRO DAS FIBRAS


Para determinar a perda de massa provocada pelo tratamento químico, as fibras foram pesadas antes e
após o tratamento. A densidade das fibras sem tratamento e com tratamento alcalino, nas diferentes
concentrações de NaOH, foi determinada através da norma ASTM D3800 – 99 (6).
Para determinar o diâmetro das fibras utilizou-se um microscópio óptico modelo NIKON SMZ18 equipado
com uma lupa modelo NIKON DS-Fi2, localizado no LABPLASMA da UFERSA.

2.4 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DA RESINA CURADA


A densidade da resina poliéster após a cura foi obtida utilizando os procedimentos da norma ASTM D-
792/13 (7). Para a pesagem foi utilizada balança analítica digital modelo SHIMADZU AUY 220. 87
Engenharia no Século XXI – Volume 7

2.5 PREPARAÇÃO DOS COMPÓSITOS


Os compósitos foram confeccionados através da moldagem por laminação manual. O molde utilizado foi de
madeira em formato de caixa, com dimensões internas de 300x150x20 mm, e uma base de vidro, além dos
grampos de aperto para garantir que a resina não escoasse para fora do molde, conforme mostra Figura 1
(a).
Para o processo, inicialmente, a base de vidro foi limpa e um desmoldante foi aplicado para facilitar a
retirada do compósito. Foram aplicadas camadas de resina poliéster insaturado e fibras de sisal até se
atingir a espessura desejada de 2,5 mm. Para realizar o assentamento das fibras e remoção das bolhas de
ar utilizou-se um rolete. Ao término da aplicação das camadas o molde foi fechado com uma tampa de
vidro, com o objetivo de que o compósito apresente uma superfície lisa em ambos os lados. Após a cura, se
obteve uma placa de compósito (Figura 1 (b)), a qual foi cortada nos tamanhos determinados os corpos de
prova para serem submetidos aos ensaios mecânicos.

Figura 1 - (a) Molde utilizado para confecção dos corpos de prova dos compósitos; (b) Placa do compósito
obtido após a cura da resina.

Foram confeccionados compósitos unidirecionais utilizando fibras tratadas e não tratadas. Os corpos de
prova foram cortados no sentido das fibras para realização dos ensaios de tração. A concentração
volumétrica utilizada foi de 20% de peso em fibra.

2.6 ENSAIO DE TRAÇÃO NAS FIBRAS, NOS COMPÓSITOS E NA RESINA CURADA


Os ensaios de tração foram realizados no laboratório de ensaios mecânicos da UFERSA, na máquina de
ensaios EMIC modelo DL10000. Para as fibras, os testes foram feitos com célula de carga modelo Z de 5
kN. Para isso, as amostras, cujos diâmetros foram medidos no microscópio óptico, foram submetidas ao
ensaio através da norma ASTM D-3379/75 (8). Os ensaios foram conduzidos numa velocidade de 0,027
mm/s.
Para os compósitos, os testes foram realizados com célula de carga de 100 kN. Os corpos de prova dos
compósitos são retangulares com dimensões de 120x20mm (Figura 2). Foram ensaiados cinco corpos de
prova para os compósitos tratados e não tratados e para a resina. Os ensaios foram realizados em um
ambiente com temperatura de 25ºC, com velocidade de deslocamento 0,01 mm/s, de acordo com a norma
ASTM D3039 (9).

88
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 2: Corpos de prova de tração de compósitos unidirecionais sem tratamento químico.

Os ensaios de tração nos compósitos foram auxiliados pela técnica de Correlação Digital de Imagens, como
forma de obter as propriedades mecânicas de tração.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Propriedades da matriz poliéster insaturado
Na Tabela I são mostrados os valores das propriedades de densidade e tração da resina poliéster
insaturado. Os pesquisadores Sanchez et al. (2010) (10) e Neto (2016) (11) obtiveram resultados
semelhantes.
Tabela I – Propriedades da matriz poliéster insaturado
Ensaio Resultado Desvio padrão
Densidade (g/cm3) 1,23 0,002
Tensão máxima (MPa) 25,37 1,41
Tração Deformação máxima 0,013 0,001
Módulo de elasticidade (MPa) 1882,24 87,55

3.1 INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO ALCALINO NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DE TRAÇÃO DAS


FIBRAS DE SISAL
Os resultados da perda de massa sofrida pelas fibras de sisal com o tratamento químico são mostrados no
gráfico da Figura 3. Percebe-se que houve um aumento da porcentagem de massa perdida pela fibra de
sisal conforme se aumentou a concentração de NaOH.

89
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 3 - Gráfico da variação da perda de massa das fibras de sisal em função da variação de concentração
do tratamento alcalino

A Tabela II apresenta os dados obtidos das densidades das fibras com os diferentes níveis do tratamento
alcalino.

Tabela II – Densidade das fibras de sisal para cada nível de tratamento alcalino
Concentração de NaOH (%) Densidade (g∕cm³)
0 1,11
2 1,26
5 1,29

Observa-se um pequeno aumento da densidade da fibra com o aumento da concentração de NaOH. Os


resultados apresentados estão coerentes com os de Fernandes et al (2013) (12).
As curvas de tensão-deformação para as fibras de sisal são mostradas na Figura 4. Observa-se que o
comportamento das fibras no ensaio de tração não sofreu influência com o tratamento químico, mas as
propriedades das fibras foram diferentes para cada tratamento.

Figura 4 - Curvas tensão-deformação das fibras de sisal com e sem tratamento alcalino

350
300 Sisal sem
tratamento
Tensão (MPa)

250
200
150 Sisal com
100 tratamento de 2%
50 de NaOH
0 Sisal com
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 tratamento de 5%
Deformação (mm/mm) de NaOH

90
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Os gráficos das Figuras 5 referem-se aos resultados estatísticos da variação do diâmetro, tensão máxima e
módulo de elasticidade em função da concentração do tratamento químico das amostras de sisal não
tratadas e tratadas com concentrações de tratamento químico de 2% e 5%.

Figura 5 – Variação das propriedades do sisal em função do tratamento alcalino

Observa-se que o diâmetro médio diminuiu com o tratamento alcalino, sendo cada vez menor conforme se
aumentava a concentração de NaOH. Houve um aumento da tensão máxima e do módulo de elasticidade
das fibras tratadas a 5% de NaOH, sendo para o tratamento de 2% estatisticamente igual o resultado em
relação as fibras não tratadas. Esses resultados concordam com os encontrados na literatura por Zhang et
al (2017) (13).

3.2 INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO ALCALINO NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS COMPÓSITOS


UNIDIRECIONAIS
Os resultados obtidos da correlação digital de imagens para o compósito tracionado no sentido da fibra,
sem tratamento, do ensaio do corpo de prova são mostrados na Figura 8. Para este caso, 1 pixel
corresponde a 0,0188 mm.
As faixas de deslocamento vertical, mostrados na Figura 8 (a), se apresentam de forma uniforme, não
havendo uma região de estricção, sendo a deformação sofrida na direção 1 também uniforme em todo o
corpo de prova (Figura 8 (c)). O deslocamento horizontal sofrido pelo compósito também apresenta 91
comportamento semelhante, com pouca variação entre as faixas (Figura 8 (c)). Os deslocamentos são
positivos à esquerda e negativos à direita do centro do corpo de prova, havendo uma convergência para o
eixo longitudinal de simetria do corpo de prova à medida que ele é deformado, devido ao esforço de
tração. Para os outros corpos de prova os resultados foram semelhantes. O gauge utilizado para obter os
resultados é mostrado na Figura 8 (d).
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 8 - Correlação digital de imagens para o compósito unidirecional com 20% de fibra: (a)
deslocamento na direção 1; (b) deslocamento na direção 2; (c) deformação na direção 1; (d) gauge
utilizado.

Com os resultados da correlação digital de imagens e os dados colhidos da máquina, foram traçadas as
curvas de tensão-deformação, que estão mostradas na Figura 9.

Figura 9 - Curvas de tensão-deformação para os compósitos unidirecionais com e sem tratamento químico

O comportamento das curvas para os compósitos tratados e não tratados é semelhante. Possuem
comportamento elástico até a ruptura e se rompem com pouca deformação. Os aspectos descontínuos das
curvas estão relacionados às rupturas localizadas de uma ou mais fibras dos compósitos e a redistribuição
dos esforços nas fibras ainda sem romper. 92

A Figura 10 mostra os resultados estatísticos da influência do tratamento químico nas propriedades de


tensão máxima e módulo de elasticidade dos compósitos unidirecionais tratados e não tratados.
Observa-se que o tratamento alcalino de 2% não gerou diferença significativa na tensão máxima de tração
e na rigidez em comparação aos compósitos não tratados. Em contrapartida, o tratamento de 5% teve
Engenharia no Século XXI – Volume 7

influência no aumento das propriedades analisadas. Esses resultados são semelhantes aos obtidos por
Sreekumar et al (2011) (14).

Figura 10 - Gráfico de variação da tensão máxima de tração e Módulo de elasticidade dos compósitos
unidirecionais em função da concentração do tratamento químico.

4 CONCLUSÕES
Conclui-se que o tratamento alcalino influencia as propriedades de tração das fibras de sisal e dos
compósitos. O aumento da concentração (2% e 5%) de NaOH no tratamento alcalino aumenta a perda de
massa e a densidade, e diminui o diâmetro médio das fibras de sisal, em virtude da possível retirada de
constituintes da fibra. Além de aumentar a resistência à tração e o módulo de elasticidade das fibras de
sisal, sendo o tratamento mais eficiente de 5% de NaOH. Os ensaios de tração nos compósitos com fibras
tratadas e sem tratamento, mostram que o tratamento alcalino com 5% de NaOH influencia no aumento da
resistência e rigidez do compósito.

REFERÊNCIAS
[1] ISHIZAKI, M. H.; VISCONTE, L. L. Y.; FURTADO, C. R. G.; LEITE, M. C. A. M.; LEBLANC, J. L. Caracterização
mecânica e morfológica de compósitos de polipropileno e fibras de coco verde: influência do teor de fibra e das
condições de mistura. Polímeros, v. 16, n. 3, p. 182–186, 2006.
[2] CERCHIARO, J. R. Comportamento mecânico de compósitos com poliéster e tecidos de sisal por moldagem
manual. 2010. 87f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana) - Escola Politécnica, Universidade
Federal da Bahia, Salvador, 2010.
[3] SEGATELLI, M. G.; SILVA, C. A.; YOSHIDA, I. V. P.; GONÇALVES, M. C. Compósitos de polipropileno e fibras
curtas de sílica. Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, v. 33, n. 1, p. 95-102, 2012.
[4] MEGIATTO, J. D.; SILVA, C. G.; RAMIRES, E. C.; FROLLINI, E. Thermoset matrix reinforced with sisal fibers:
Effect of the cure cycle on the properties of the biobased composite. Polymer Testing, v. 28, n. 8, p. 793–800, 2009.
[5] ISMAIL, H.; SHUHELMY, S.; EDYHAM, M. R. The e effects of a silane coupling agent on curing characteristics
and mechanical properties of bamboo fibre filled natural rubber composites. European Polymer Journal, v. 38, n. 1, p.
39-47, 2002.
[6] ASTM D3800, Standard Test Method for Density of High-Modulus Fibers, ASTM International, West
Conshohocken, PA, 1999.
93
[7] ASTM D790/10, Standard Test Methods for Flexural Properties of Unreinforced and Reinforced Plastics and
Electrical Insulating Materials, ASTM International, West Conshohocken, PA, 2010.
[8] ASTM D3379/75, Standard Test Method for Tensile Strength and Young’s Modulus for High-Modulus Single-
Filament Materials, ASTM International, West Conshohocken, PA, 1975.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

[9] ASTM D3039 / D3039M-14, Standard Test Method for Tensile Properties of Polymer Matrix Composite
Materials, ASTM International, West Conshohocken, PA, 2014.
[10] FERNANDES, M. E.; MANO, J. F.; REIS, R.L. Hybrid cork–polymer composites containing sisal fibre:
Morphology, effect of the fibre treatment on the mechanical properties and tensile failure prediction. Composite
Structures, v.105, p. 153-162, 2013.
[11] ZHANG, Zhongsen; LI, Yan; CHEN, Chaozhong. Synergic effects of cellulose nanocrystals and alkali on the
mechanical properties of sisal fibers and their bonding properties with epoxy. Composites Part A: Applied Science and
Manufacturing, v. 101, p. 480–489, 2017.
[12] SREEKUMAR, P. A.; THOMAS, S, P.; THOMAS, B.; SAITER, J. M.; JOSEPH, K.; UNNIKRISHNAN, G.; Thomas, S.
Effect of fiber surface modification on the mechanical nad water absorption characteristics of sisal/polyester
composites fabricated by resin transfer molding. Composites: Part Applied Science and Manufacturing, v. 40, p. 1777–
1784, 2011.

94
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 11
Plástico reciclado adotado como elemento estrutural
na construção civil: Porosidade versus resistência
(estudo de caso)
Marina Muriel Feitosa Pinto
Conceição de Maria Pinheiro Correia

Resumo: A madeira plástica é um material compósito de matriz polimérica. Matriz essa,


formada majoritariamente por PEBD (Polietileno de Baixa Densidade), PEAD
(Polietileno de Alta Densidade), PET (Politereftalato de Etileno), PVC (Policloreto de
Vinila) e PP (Polipropileno). Qquanto a seus reforços, variam de acordo com um
emprego especifico, dentre os quais temos a fibra de vidro, fibra de coco babaçu, bagaço
de cana-de-açúcar e palha de arroz. Neste trabalho, fez-se um estudo de caso que
objetivou inicialmente, apresentar a possibilidade de placas de madeira plástica serem
utilizadas como elemento estrutural na construção civil. As amostras foram rompidas
através de teste de flexão simples, e analises seguintes detectaram uma distribuição de
poros linearmente crescente ao longo da parte central da seção transversal das
amostras. Os resultados do teste de resistência foram comparados com outros advindos
de peças não porosas, e concluiu-se que a resistência fornecida pelas peças é abaixo da
necessária para sua utilização para fins estruturais. Análise ocular das peças aponta para
uma causa provável da existência de poros, uma má distribuição de calor na etapa de
extrusão das peças.

Palavras chave: madeira plástica, ensaio mecânico, poros.

95
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
Imaginar o funcionamento da sociedade atual sem a existência do plástico é sem dúvida, uma tarefa difícil.
Isso acontece por que os polímeros de maneira geral, se fazem presentes e importantes em praticamente
todos os setores do funcionamento da mesma, por serem materiais de fácil manuseio, manutenção,
processamento e modelagem, se comparado com outros materiais como a madeira e o aço por exemplo.
Além disso são resistentes a deterioração, decomposição e corrosão. [DE PAULA; COSTA. 2008].
A outra face desse panorama, se configura em uma problemática de consideráveis dimensões: a poluição.
Cerca de 20% do lixo doméstico do Brasil é composto de plástico e, somente no ano de 2010, 5,9 milhões
de toneladas de resinas plásticas foram consumidas pelos brasileiros [VEJA, 2012].
Frente a essa problemática, a reciclagem apresenta-se como uma solução econômica e eficaz: o acúmulo
de material no meio ambiente é diminuído e o plástico (considerando sua clara importância) continua
circulando e sendo comercializado com um preço muito mais acessível.

2 MADEIRA PLÁSTICAS: CARACTERIZANDO O OBJETO DE ESTUDO


“A madeira plastica é um produto moderno, resultado de alta tecnologia
industrial aplicada para transformar residuos plasticos em peças que
imitam madeira comum”(OLIVEIRA, S.M.M. Meio Ambiente, Reciclagem e
Tratamento de Resíduos. Tecpar, 2005. P.1).
A madeira plástica é uma mistura de uma matriz plastica (PEBD (Polietileno de Baixa Densidade), PEAD
(Polietileno de Alta Densidade), PET (Politereftalato de Etila), PVC (Policloreto de Vinila), PP
(Polipropilento)) que tem como compósitos, materiais que podem ser modificados de acordo com um
emprego específico, dentre estes temos a fibra de vidro, fibra de coco babaçu, bagaço de cana-de-açúcar,
palha de arroz entre outros. O princípio básico de produção da madeira plastica é o de utilizar um
polímero (preferencialmente resiclados) como elemento ligante que envolverá (através do processo de
prenssagem e aquecimento) um composito escolhido convenientemente.
O presente trabalho propôs inicialmente, apresentar a madeira plástica como alternativa para o uso da
madeira comum, por ser mais barato e se mostrar, como já evidenciado anteriormente, uma alternativa
ecologicamente correta. A nossa proposta era a de estudar especificamente situações em que a resistência
mecânica da mesma é mais exigida, ou seja, em que é utilizada como elemento estrutural. Com o decorrer
dos estudos e experimentos, percebeu-se que o material escolhido para análises apresentava uma
característica inesperada: a presença de poros, dispostos de maneira bem especifica, o que ofereceu às
amostras analisadas uma configuração mecânica digna de ser estudada com mais cuidado.

3 MATERIAIS E MÉTODO
Foi utilizada uma placa de madeira plástica de 2 metros de comprimento, por 10,08 cm de largura e 2,5 cm
de espessura; fabricadas por meio do processo de extrusão, ou seja, o material reciclado foi prensado em
altas temperaturas para tomar o formato desejado e ter os fragmentos devidamente aglutinados. Sua
coloração é artificial.
A placa foi seccionada em quatro partes de 45 cm de comprimento cada, concluindo-se que todos os testes
mecânicos foram feitos na mesma peça, porém em etapas diferentes, e em sequência longitudinal. Em
seguida, as secções foram posicionadas na máquina de ensaios mecânicos de modo que tivéssemos dois
apoios nas extremidades da peça, espaçados entre si em 36,5 cm e o peso responsável pela flexão
posicionou-se no meio da peça. A máquina foi programada para exercer sobre a peça uma deformação de
20 mm por minuto. As quatro partes foram então rompidas, seguindo o mesmo procedimento. Abaixo,
tem-se a máquina utilizada para o rompimento das amostras.

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Engenharia no Século XXI – Volume 7

Máquina EMIC DL-10000 100KN

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 ANÁLISE DOS MECANISMOS DE RUPTURA
A primeira característica relevante sobre o material é seu caráter compósito que é mostrado pelo tipo de
ruptura que todas as amostras apresentaram: depois de uma significativa deformação, o material rompeu
de forma catastrófica, sem evidencias oculares de tração e compressão de fibras. O material sofreu
deformação elástica, até o momento da ruptura, ou seja, as partes resultantes do processo de ruptura não
apresentaram sinais permanentes de deformação, permaneceram em sua forma plana, mesmo após o
rompimento.
Foi também graças a analise ocular de ruptura das amostras que se constatou uma considerável presença
de poros na parte central das mesmas, e em níveis percentuais diferentes em cada uma das quatro seções,
o que nos chama bastante atenção se considerarmos o fato de que todas as seções advêm da mesma placa.
A presença de poros em materiais em suma, significa uma deficiência no processo de fabricação, neste
caso especificamente, levantamos a hipótese de que, sendo a peça fabricada através do processo de
extrusão, a transmissão de calor não foi o suficiente para alcançar tal região da peça o que inviabilizou a
aglutinação dos fragmentos presentes nessas imediações.
Quanto ao fato de tais poros aparecerem desigualmente distribuídos ao longo da peça, a hipótese é de que
além de o calor ser insuficiente para aglutinar o material no sentido transversal, esse fenômeno pode
também ter ocorrido no sentido longitudinal, tendo ocorrido uma variação desta temperatura ao longo do
processo de extrusão.
Observou-se ainda o aparecimento de regiões esbranquiçadas nas seções transversais, de procedência não
identificada (uma análise de natureza química traria mais esclarecimentos sobre o fato).
As figuras abaixo são das amostras numeradas por ordem de análise, sendo a número 1, a primeira a ter
sido rompida.
Amostra 1: primeira amostra a ser rompida: dentre as 4 a que apresentou maior área de poros na sessão
transversal.

97
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Amostra 2: segunda a ser rompida, com uma porcentagem perceptivelmente menor que a primeira.
(Análise visual)

Amostra 3: terceira amostra da sequência a ser rompida: com porcentagem de poros menos que a da
segunda.

Amostra 4: quarta amostra analisada da amostra. Das quatro a com a menor porcentagem de poros.
Observa-se nessa amostra um fragmento flutuante, aparentemente um fragmento mal processado,
responsável pela oscilação no gráfico tensão x deformação.

98
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4.2 ANÁLISE MECÂNICA


Na primeira amostra, onde os poros são mais presentes, a força e a tensão referentes ao momento de
ruptura são menores com relação as outras amostras e a deformação antes da ruptura é maior: a amostra
deformou mais, com menos energia aplicada.
Como já explicado anteriormente, a presença de poros na peça variou no sentido longitudinal e de forma
aproximadamente linear decrescente (de acordo com a ordem de análise seguida) , o que explica o fato de
que quando comparadas entre si, as seções seguirem a mesma linha de comportamento já evidenciada
pela primeira: a força e a tensão são inversamente proporcionais a quantidade de poros ao longo da placa,
enquanto a deformação é diretamente proporcional a este parâmetro.
Na quarta amostra, houveram duas variações breves e seguidas no gráfico de tensão/deformação, isso
deve-se a presença de um fragmento flutuantes no interior da amostra e que se localizou, por coincidência,
justamente no trecho de ruptura, tendo sido um obstáculo para tal processo. Os gráficos abaixo
evidenciam tal análise.
Gráfico de tensão x deformação referente a primeira amostra rompida.

Gráfico de tensão x deformação referente a segunda amostra rompida.

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Engenharia no Século XXI – Volume 7

Gráfico de tensão x deformação referente a terceira amostra rompida.

Gráfico de tensão x deformação referente a quarta amostra rompida.

100
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Diagrama comparativo: tensão máxima na ruptura x deformação máxima na ruptura


(de cada uma das amostras)

amostra x tensão x deformação


70

60

50

40

30

20

10

0
1 2 3 4

tensão máxima(Mpa) deformação maxima(mm)

5 CONCLUSÃO PARCIAIS
A resistência mecânica do material não é suficiente para que o mesmo seja utilizado para fins estruturais.
Neste caso em especial, a presença de uma deficiência no processo de fabricação evidenciado pelos poros,
inviabilizaria definitivamente esta utilização.
Podemos concluir ainda que a presença de poros no material estudado, influenciou decisivamente em seu
comportamento mecânico: quanto menor a quantidade de poros mais frágil o material se mostrou, ou seja
o mesmo deforma pouco até o momento da ruptura (pelo menos quando comparado á amostra com
muitos poros), mas tal fato não implica na sua diminuição de resistência, o que é evidenciado pelo fato de
que mesmo deformando menos, a quantidade de tensão necessária à ruptura é bem maior.
E em especial em um material compósito, a presença de fragmentos mal processados também se
apresenta como um fator de grande importância. O que se evidenciou pela oscilação do gráfico justamente
na seção transversal onde existe um fragmento mal processado.
Depois de todos o processos e análises já apresentados, repetimos as mesmas etapas, como uma outra
placa, com o intuito de ter dados para comparação de uma possível peça sem poros, peça essa do mesmo
lote; os resultados foram semelhantes e detectou-se uma distribuição de poros que, para nossa surpresa
(ou por coincidência), seguiu a mesma disposição da primeira análise. Logo, não temos conhecimento
sobre peças de outros lotes, ou sobre peças do mesmo lote que apresentem características diferentes das
amostras analisadas.
Entramos em contato com a empresa para informá-los sobre o aparecimento das falhas, e não obtivemos
resposta. Buscamos então fazer essa comparação com outras pesquisas, com analises semelhantes às
propostas neste trabalho, porém os resultados foram muito dispares, por não terem sido, evidentemente,
realizados nas mesmas condições.

6 PROPOSTAS PARA PRÓXIMAS PESQUISAS


Seria válida a realização de teste, em outras placas de madeira plástica, de outros lotes, ou fabricadas por
outras empresas. Para que uma comparação mais esclarecedora seja feita. 101
Engenharia no Século XXI – Volume 7

REFERÊNCIAS
[1] ROLIM, Silvia Piedrahita. Reciclagem e Valorização de Resíduos Sólidos. Meio Ambiente. Sustentabilidade.
Plastivida (Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, São Paulo, 24 de maio de 2013).
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Plastics Europe (Association of plastics Manufacturers).
[3] PARENTE, Ricardo Alves (2006). Elementos Estruturais de Plásticos Reciclado. Escola de Engenharia de São
Carlos da Universidade de São Paulo.
[4] DE PAULA, Roberta Makron; COSTA, Daiane Leal (2008). Madeira Plástica: aliando tecnologia e
sustentabilidade.
[5] OLIVEIRA, S.M.M. Meio ambiente, Reciclagem e Tratamento de Resíduos. Tecpar (2005).

102
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 12
Compatibilidade entre polietileno e amido
termoplástico modificado com ácido cítrico e
polietilenoglicol
Kaique Acácio Nuernberg
Juliana Massae Andreatta
Márcia Silva de Araújo
José Alberto Cerri

Resumo: Blendas de termoplásticos e amido termoplástico são uma alternativa


promissora para aumentar a biodegradabilidade dos plásticos convencionais. O amido
termoplástico (TPS) utilizado foi obtido por extrusão reativa, utilizando a proporção
mássica constante de 70% de amido de milho e 30% de glicerol. Foi estudado o efeito de
Ácido Cítrico (AC) e Polietilenoglicol (PEG) na compatibilidade de amido termoplástico
com Polietileno (PE). As amostras continham PEG e AC nas seguintes proporções: 0:0%,
3:0%, 1,5:1,5%, 3:3% e 0:3%. O polietileno foi adicionado ao TPS modificado na
proporção de 50:50%. Os ensaios de dureza Shore A indicaram que a amostra sem
aditivos e a amostra com adição de 3% de ácido cítrico apresentaram dureza semelhante
à do PE. Entretanto, nos resultados do ensaio de tração realizados observou-se que
nenhuma amostra apresentou melhora significativa da resistência à tração entre as
diferentes composições. Este trabalho foi apresentado no Congresso Brasileiro de
Engenharia e Ciência dos Materiais (CBECIMAT) em 2018.

Palavras-chave: amido, extrusão reativa, blenda.

103
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
O Amido Termoplástico (TPS) é um material amigável ecologicamente, já que é de fonte renovável e
biodegradável. Além disso, pode ser utilizado em diferentes processos de termoplastificação com
equipamentos padrão utilizados na manufatura de polímeros sintéticos, tais como injeção e extrusão (1).
Apesar do TPS se apresentar como um material muito promissor, a aplicação ainda é limitada devido a
elevada fragilidade. Essas características, associadas à recristalização após o processamento e elevada
viscosidade do material fundido, têm impedido uma utilização extensiva. Uma das formas encontradas
para melhorar as propriedades do amido e que tem sido empregada com sucesso na produção de produtos
industriais é a composição do amido com outros polímeros para dar origem a blendas poliméricas (2).
A obtenção de TPS passa pelo processo de gelatinização do amido, que exige uma combinação de
disponibilidade de água e/ou glicerol e temperatura adequada. O aumento de temperatura ocasiona o
rompimento da estrutura, extravasando os constituintes (amilose e amilopectina), os quais transformam-
se em substâncias gelatinosas denominadas gel de amido. A temperatura que se dá a gelatinização varia de
acordo com o tipo de amido (3).
Após gelatinizado e resfriado, o amido pode sofrer um fenômeno denominado retrodegradação. Segundo
Denardin e Silva (4), ao longo do tempo, as moléculas do amido perdem energia e as ligações de
hidrogênio tornam-se mais fortes. Assim, as cadeias começam a se reassociar em um estado mais
ordenado. A reassociação permite que a formação se torne simples e de duplas hélices, resultando no
aparecimento de áreas cristalinas. Esta cristalização localizada altera o índice de refração, tornando o gel
mais opaco à medida que a retrodegradação se processa. Com isso, a viscosidade do material aumenta,
tornando-o um sistema viscoelástico turvo ou em concentrações de amido suficientemente altas, em gel
elástico opaco. Um estudo comparativo entre as quantidades de glicerol utilizadas na literatura pode ser
visto na Tabela 1.

Tabela 1 - Estudo comparativo das substâncias usadas no processo de gelatinização do amido


Autor Amido Glicerol Temperatura

SENNA et al., 2008(5) 83% 17% 170°C


SHUJUN et al., 2006(6) 50%* 30% 150°C
YOU et al., 2003(7) 80% 19%** 150°C
*Além do amido foi utilizado PE na composição.
**2%de Ureia foi adicionada com glicerol.

Seligra et al. (8) misturaram ácido cítrico com água, glicerol e amido antes do processo de gelatinização e,
demonstraram que a adição de AC a compostos à base de amido, melhora as suas propriedades de barreira
e que, a eficácia da reticulação do amido pelo AC depende fortemente das condições de fabricação. O uso
do AC em misturas de amido, glicerol e água pode ser visto na Tabela 2.
No estudo de compatibilidade de blendas de PEBD/Amido, Huang et al. (9) concluíram que a presença de
amido aumentou a taxa de biodegradação da blenda em 65% de perda de massa após um período de 2
semanas.

Tabela 2 - Utilização do AC para modificação do Amido


Autor Amido (g) Glicerol (m/v) Ácido cítrico (m/m) Temperatura (°C)
OLSSON et al., 2013 (10) 25 5 até 30% 5 até 30% 100
GHANBARZADEH et al., 2011 (11) 5 40% 0 até 20% 25
104
SHI et al., 2008 (12) 10 20% 5 até 30% 95
SHI et al., 2007 (13) 20 30% 0 até 40% 30
Engenharia no Século XXI – Volume 7

No estudo de blendas compatibilizadas de TPS e polietileno de baixa densidade (PEBD), Miranda e


Carvalho (14) notaram que amostras sem a adição de ácido cítrico e com a menor concentração de ácido
cítrico, 0,5%, apresentam fases com formato irregular, o que indica baixa adesão interfacial TPS/PEBD. A
partir de 1% de ácido cítrico na fase TPS observa-se uma fase com forma globular de maior regularidade
em relação às amostras com 0,5% e 0% de ácido cítrico, bem como a ausência de cavidades, evidenciando
uma melhor adesão entre as fases de TPS e PEBD.
O presente trabalho estudou a compatibilidade de PE com TPS puro e modificado com polietilenoglicol e
ácido cítrico, que foram obtidos por extrusão reativa.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para o presente trabalho foi utilizado o amido de milho híbrido regular em pó da marca Cargill (30% de
amilose e 70% de amilopectina); glicerol P.A. bidestilado; ácido cítrico P.A. anidro e, polietilenoglicol
Carbowax 4000 de massa molecular entre 3600 e 4000 e com temperatura de fusão de 59 °C. Os dois
últimos fornecidos pelo laboratório de reagentes analíticos Biotec. Os reagentes foram utilizados sem
purificação. O polímero comercial utilizado para obtenção da blenda foi o Polietileno Linear de Média
Densidade (PELMD) micronizado, da marca RubberOn, na cor preta, com índice de fluidez 5 g / 10min e
temperatura de fusão de 127 °C.
Foi realizada uma série de etapas para a obtenção de amostras de TPS modificado e de Blendas de PELMD
e TPS.
Primeiramente, o TPS foi obtido por extrusão reativa com o auxílio da extrusora monorosca BGM EL-25. A
composição do TPS foi constituída basicamente por Amido de Milho e Glicerol em uma relação mássica
70% / 30%. Na extrusora, os compostos pré-misturados foram processados da zona de alimentação até o
cabeçote de extrusão nas temperaturas de 70°C, 85°C, 100°C e 115°C, sendo a velocidade da rosca mantida
em uma média de 50 RPM, com resfriamento ao ar forçado por um ventilador. O TPS modificado foi obtido
ao adicionar diferentes quantidades de Polietilenoglicol e Ácido Cítrico variando de 0 a 3%, conforme a
Tabela 3.

Tabela 3 - Identificação das amostras de TPS modificas e das respectivas blendas


Identificação de Identificação
Proporção mássica Proporção ácido
amostras de TPS Polietilenoglicol (%) das amostras
amido / glicerol (%) cítrico (%)
modificado de blenda
AM01 70 / 30 0,0 0,0 AM01-PE
AM02 70 / 30 3,0 0,0 AM02-PE
AM03 70 / 30 1,5 1,5 AM03-PE
AM04 70 / 30 3,0 3,0 AM04-PE
AM05 70 / 30 0,0 3,0 AM05-PE

As blendas com relação mássica 50% / 50% foram obtidas por meio de uma segunda extrusão com o
mesmo equipamento, nas temperaturas de 110 °C, 130 °C, 130 °C e 110 °C, sendo a velocidade da rosca a
mínima permitida (40 RPM), com resfriamento.
Para obtenção dos corpos de prova foi utilizada a prensa hidráulica marca Carver, modelo 4122, a 115 °C,
com uma carga aproximada de 4 toneladas, por um período de 5 minutos à quente e 10 minutos
resfriando.
A análise microestrutural foi realizada com aumento de 5x em microscópio óptico reflexivo da marca
Olympus, modelo BX41. 105
O ensaio de dureza tipo Shore A foi realizado conforme a norma de ensaio de dureza ASTM D2240-15 (15),
a carga utilizada foi de 1 kg e o tempo de aplicação de carga foi de 15 segundos.
O ensaio de tração foi realizado conforme a norma ASTM D638-14 (16), com o auxílio da máquina
universal de ensaios EMIC DL10000, na velocidade de 10 mm / min.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Todas as composições de TPS eram homogêneas, translúcidas e não apresentavam amido não plastificado,
tal como mostrado na foto à esquerda da Figura 1. Amostras que continham polietilenoglicol na
composição apresentaram dificuldade em ser transportadas pela rosca, pois esta substância tem função de
lubrificante externo, ou seja, lubrifica a parede do cilindro da extrusoras fazendo com que o material na
rosca patinasse. Não foi possível ultrapassar a concentração de 5% de PEG.

Figura 1 - Exemplo de grânulos de TPS (AM01), foto à esquerda, e grânulos da composição AM03-PE, foto
à direita

Entretanto, o polietilenoglicol não atuou como agente plastificante, nem como agente compatibilizador
entre TPS e PELMD, da forma que era esperado. Por isso, a homogeneidade da composição não foi obtida
com sucesso. Foi constatada uma grande heterogeneidade no material obtido após a mistura com o
PELMD. Era possível observar, sem a ajuda de microscópio, que o TPS havia formado uma segunda fase. O
PELMD apresentou durante a extrusão uma alta vazão, maior do que a do TPS, dando a impressão de que o
TPS foi arrastado e não misturado ao PELMD. O resultado dessa extrusão pode ser observado na foto à
direita da Figura 1.

3.1 MICROSCOPIA ÓPTICA


A observação das amostras ao microscópio óptico de reflexão foi realizada com o objetivo de analisar a
homogeneidade obtida entre as fases TPS/PE. Na Figura 2, nota-se a diferença entre as composições
testadas.
Em todas as micrografias é possível observar a presença de aglomerações de TPS, quando comparadas
com as micrografias obtidas do polietileno. Aparentemente as amostras com fase TPS de maior volume
são: AM02-PE, AM03-PE e AM04-PE. Todas essas amostras têm polietilenoglicol na composição, nas
quantidades de 3%; 1,5%, e, 3%, respectivamente (além da proporção fixa de 70:30 de amido de milho
para glicerol e, no caso da AM02 e AM03, ácido cítrico na mesma proporção do PEG).
Sendo assim, é possível afirmar que o polietilenoglicol não foi um fator contribuinte para a
compatibilidade entre o PE e o TPS.

106
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 2 - Microscopia óptica de reflexão do PE puro e das amostras com adição de PE

A AM01-PE possui uma aparência muito semelhante à AM05-PE. Aparentemente, ambas as amostras
apresentam uma dispersão maior da fase TPS, quando comparadas com as composições que contêm PEG.
Entretanto, o estudo de Miranda e Carvalho (14), afirma que os materiais preparados com concentração
de ácido cítrico entre 0 a 5% apresentam baixa adesão interfacial TPS/PEBD. Baseando-se nas as amostras
AM01-PE e AM05-PE não é possível confirmar ou contrapor essa conclusão. Porém essas duas amostras
podem indicar que houve maior homogeneização entre as fases sem a presença de PEG.
Essas observações permitem concluir sobre o efeito positivo do ácido cítrico para a homogeneização dos
componentes, porém não de forma expressiva. Com relação ao PEG, não apresentou compatibilidade
alguma com a composição estudada, contribuindo de maneira oposta à prevista.

3.2 ENSAIO DE DUREZA


O gráfico da Figura 3, mostra os dados obtidos por meio do ensaio de Dureza Shore A.

107
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 3 - Dureza Shore A das amostras com PELMD

Dureza Shore A
80
70
60
50
40
30
20
10
0
AM01-PE AM02-PE AM03-PE AM04-PE AM05-PE PE
Dureza 75,2 47,9 52,8 61 66,2 75,1

A partir dos dados obtidos, fica evidente que a amostra AM01-PE possui uma dureza muito semelhante
aos corpos de prova somente com polietileno. Além dessa, a AM05-PE também apresenta dureza próxima
ao valor obtido pelo polietileno. Considerando-se o desvio padrão calculado para cada amostra, os valores
obtidos com a AM05-PE estão dentro da média estatística dos valores de PELMD. Esses resultados
suportam uma base quantitativa para as afirmações que as amostras AM01-PE e AM05-PE são as que mais
se assemelham com polietileno puro.

3.3 ENSAIO DE TRAÇÃO


A Figura 4 apresenta uma síntese com a média das tensões máximas de todos os corpos de prova testados.
As amostras AM01-PE (sem aditivo), AM03-PE (1,5% PEG + 1,5% AC) e AM05-PE (3% AC) apresentaram
médias de tensão máxima estatisticamente iguais e com nível de significância de 5%. Isso significa que,
estatisticamente, os corpos de prova nos quais foram adicionados ácido cítrico e polietilenoglicol não
apresentaram alterações nas tensões suportadas. Os resultados obtidos no ensaio de tração indicam que
não houve compatibilização entre TPS e PELMD.

Figura 4 - Tensões máximas das amostras das blendas e de PELMD

Tensão Máxima (MPa)


20,00
18,00
16,00
14,00
12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00 108
0,00
AM01- AM02- AM03- AM04- AM05-
PE
PE PE PE PE PE
Tensão (MPa) 4,65 2,76 4,87 3,05 5,36 16,45
Engenharia no Século XXI – Volume 7

O Módulo de Elasticidade (MOE) indica o quanto um material é rígido. Nos ensaios de tração realizados,
em termos de valor médio, o maior módulo de elasticidade obtido foi de somente 19,36 MPa, com a
amostra AM03-PE (1,5 % PEG + 1,5 % AC). Entretanto, não houve diferença estatística significativa entre
as amostras AM01-PE (sem aditivo), AM02-PE (3 % PEG), AM03-PE (1,5% PEG + 1,5% AC) e AM04-PE
(3% PEG + 3% AC). A média está dentro de ±1 (um) desvio padrão do valor encontrado para a outra
blenda, conforme pode ser visto na Figura 5.

Figura 5 - Módulo de elasticidade das blendas e de PELMD

Módulo de Elasticidade (MPa)


45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
AM01-PE AM02-PE AM03-PE AM04-PE AM05-PE PE
MOE (MPa) 15,57 13,65 19,36 15,88 16,61 33,74

É possível observar na Figura 6 os valores de Módulo de Ruptura (MOR) obtidos com o ensaio de tração. A
amostra que apresentou o maior valor médio de MOR foi a AM05-PE (3 % AC), com 3,71 MPa. Porém, não
há diferença estatística significativa entre as médias das blendas AM01-PE (sem aditivo), AM03-PE (1,5%
PEG + 1,5% AC), AM05-PE (3% AC) e a amostra composta por PE puro.

Figura 6 - Módulo de ruptura das blendas e de PELMD

Módulo de Ruptura (MPa)


16,00
14,00
12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
109
0,00
AM01-PE AM02-PE AM03-PE AM04-PE AM05-PE PE
MOR (MPa) 3,57 2,38 2,38 2,40 3,71 8,86
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Por fim, é possível realizar a comparação dos parâmetros de deformação máxima obtidos no presente
trabalho (Figura 7).

Figura 7 - Deformação máxima das blendas e de PELMD

Deformação (%)

1600,00
1400,00
1200,00
1000,00
800,00
600,00
400,00
200,00
0,00
AM01-PE AM02-PE AM03-PE AM04-PE AM05-PE PE
Deformação (%) 80,04 33,29 70,78 141,60 66,33 1140,13

Como é de conhecimento a fragilidade do TPS, buscou-se como estratégia obter uma blenda com PE para
aumentar a tenacidade e a ductilidade. As amostras AM01-PE (sem aditivo), AM03-PE (1,5% PEG + 1,5%
AC), AM04-PE (3% PEG + 3% AC) e a AM05-PE (3% AC) apresentam médias de deformação iguais,
segundo o teste t de Student. A amostra AM02-PE foi a que teve o menor alongamento, com valor médio de
33,29%. A amostra AM04-PE apresentou um valor de 141,6% de deformação na ruptura, sendo esta média
maior que 1 desvio padrão das outras blendas. Assim, ao menos neste quesito, a estratégia foi positiva.
Infelizmente, os desvios-padrão do ensaio de tração foram muito elevados, podendo ter relação com a
temperatura inadequada de conformação e ao acabamento do corpo de prova para o ensaio.
Os resultados apresentados corroboram com a afirmativa de que não houve compatibilidade entre a
composição de TPS modificado e o Polietileno. O ácido cítrico e o polietilenoglicol não agiram tão
efetivamente para promover a melhora da adesão entre as fases da blenda. Porém, a blenda apresentou
resistência suficiente para ser ensaiada e apresentou deformação plástica a temperatura ambiente.

4 CONCLUSÕES
Com a avaliação dos resultados encontrados neste trabalho, nas condições analisadas, pôde-se concluir
que:
 O polietilenoglicol Carbowax 4000 não é um agente compatibilizante para o TPS e o PELMD, por
esse motivo a formação de 2 fases no qual o TPS se apresentava mal distribuído.
 Em relação ao ensaio de dureza, pode-se afirmar que as amostras AM01-PE e AM05-PE estão
compatíveis com os resultados obtidos somente com polietileno, que pode ser devido ao menor volume da
fase TPS mais homogeneamente distribuída no PE.
 A partir dos resultados de ensaio de tração, concluiu-se que o uso de aditivos na composição não
surtiu os efeitos esperados, como o aumento do módulo e da resistência à tração do PELMD, apenas a
deformação máxima da amostra AM04-PE foi maior do que a blenda sem aditivo.
110
Engenharia no Século XXI – Volume 7

REFERÊNCIAS
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prospects. Starch-Stärke, Wiley Online Library, v. 65, n. 12, p. 61-72, 2013.
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extensor de cadeia. In: 22º CBECIMAT - CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIA DOS MATERIAIS. Natal,
RN, Brasil, 2016. p. 8.
[3] HENRIQUE, C. M.; EVANGELISTA, R. M. Processamento mínimo de cenouras orgânicas com uso de películas
biodegradáveis. Publicatio UEPG: Ciências Exatas e da Terra, Agrárias e Engenharias, v. 12, n. 03, p. 7 – 14, 2006.
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químicas. Ciência Rural, SciELO Brasil, v. 39, n. 3, p. 945 – 954, 2008
[5] SENNA, M. M.; HOSSAM, F. M.; EL-NAGGAR, A. W. M. Compatibilization of low density
polyethylene/plasticized starch blends by reactive compounds and electron beam irradiation. Polymer Composites,
Wiley Subscription Services, Inc., A Wiley Company, v. 29, n. 10, p. 1137–1144, 2008.
[6] SHUJUN, W.; JIUGAO, Y.; JINGLIN, Y. Preparation and characterization of compatible and degradable
thermoplastic starch/polyethylene film. Journal of Polymers and the Environment, v. 14, n. 1, p. 65–70, 2006.
[7] YOU, X.; LI, L.; GAO, J.; YU, J.; ZHAO, Z. Biodegradable extruded starch blends. Journal of Applied Polymer
Science, v. 88, n. 3, p. 627–635, 2003.
[8] SELIGRA, P. G.; JARAMILLO, C. M.; FAMá, L.; GOYANES, S. Biodegradable and nonretrogradable eco-films
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[9] HUANG, C.-Y.; ROAN, M.-L.; KUO, M.-C.; LU, W.-L. Effect of compatibiliser on the biodegradation and
mechanical properties of high-content starch/low-density polyethylene blends. Polymer Degradation and Stability, v.
90, n. 1, p. 95 – 105, 2005.
[10] OLSSON, E.; HEDENQVIST, M. S.; JOHANSSON, C.; JÄRNSTRÖM, L. Influence of citric acid and curing on
moisture sorption, diffusion and permeability of starch films. Carbohydrate Polymers, v. 94, n. 2, p. 765 – 772, 2013.
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starch-based edible films: Effect of citric acid and carboxymethyl cellulose. Industrial Crops and Products, v. 33, n. 1, p.
229 – 235, 2011.
[12] SHI, R.; BI, J.; ZHANG, Z.; ZHU, A.; CHEN, D.; ZHOU, X.; ZHANG, L.; TIAN, W. The effect of citric acid on the
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Carbohydrate Polymers, v. 74, n. 4, p. 763 – 770, 2008.
[13] SHI, R.; ZHANG, Z.; LIU, Q.; HAN, Y.; ZHANG, L.; CHEN, D., TIAN, W. Characterization of citric acid/glycerol co-
plasticized thermoplastic starch prepared by melt blending. Carbohydrate Polymers, v. 69, n. 4, p. 748 – 755, 2007.
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[16] ASTM D638-14. Standard Test Method for Tensile Properties of Plastics. United States, 2014.
[17] COMPATIBILITY BETWEEN POLYETHYLENE AND THERMOPLASTIC STARCH MODIFIED WITH CITRIC ACID
AND POLYETHYLENE GLYCOL

111
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 13
Análise de textura da LIGA 600 após processamento
por ECAP e tratamentos térmicos
Renan Augusto Francisco Dias
Waldemar Alfredo Monteiro

Resumo: A difração de raios X é uma importante técnica de caracterização de materiais


metálicos, ela pode ser utilizada para análise qualitativa, revelando as fases e a estrutura
cristalina, ou quantitativa, podendo revelar composição, tamanho de grão (cristalito) e
orientação preferencial (textura). Neste trabalho foi analisada a textura cristalográfica
(deformação e recozimento) da superliga de níquel, Inconel 600 (liga 600), após
processamento pela técnica de ECAP, Equal Channel Angular Pressing, e posterior
tratamentos térmicos. Foram analisados os planos {111}, {200} e {220}, devido à
estrutura CFC do material, na direção normal à secção transversal. A análise da amostra
de 3 passes sem tratamento térmico retornou uma textura associada aos planos e
direções {111}<110>. Para as amostras recozidas foi identificada uma evolução na
textura ligada aos planos e direções {113}<110>, {101}<110> e {332}<110> e uma
variação da textura ligada aos planos e direções {223}<110> e {332}<110>.

Palavras chave: Textura, ECAP, Liga 600.

112
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
Uma variedade significativa de propriedades apresentadas pelos materiais é fortemente dependente da
microestrutura, dentre elas pode-se citar limites de resistência e escoamento, alongamento, tenacidade,
resistência ao impacto entre outras. O tamanho médio de grão é um parâmetro determinante dessas
propriedades e a equação de Hall-Petch estabelece a relação entre tamanho de grão e tensão de
escoamento:

1
σ = σ0 + k. d−2 (A)

Sendo σ a tensão de escoamento, σ0 a tensão de atrito que se opõe ao movimento das discordâncias, k a
constante que representa uma medida da extensão do empilhamento de discordâncias nos contornos e d o
diâmetro médio do grão(1).
Analisando a equação de Hall-Petch matematicamente conclui-se que quanto menor o tamanho de grão
(d), maior será o valor da tensão de escoamento (σ) deste material. Na prática, as ligas comercializadas
tem seu tamanho de grão controlado de acordo com a aplicação, através de tratamentos termomecânicos
convencionais, como forjamento, laminação e extrusão, onde o tamanho de grão alcançado pode chegar à
ordem dos micrometros.
O Equal-Channel Angular Pressing (ECAP), ou Prensagem Angular em Canais Iguais, é uma técnica de
processamento não convencional, desenvolvida por Vladimir Segal durante a década de 70, que permite a
obtenção de metais com tamanhos de grão abaixo de 1µm.
Na Figura 1, pode-se observar o desenho esquemático de um conjunto matriz, punção e corpo e prova
sendo processado utilizando o ECAP(2).

Figura 1 – Desenho esquemático de um conjunto matriz e punção de ECAP.

Durante a prensagem o tarugo metálico é deformado por cisalhamento simples na intersecção dos canais,
podendo-se trabalhar com diferentes sistemas de escorregamento, dependendo da rota e do tipo de matriz
escolhida para o ECAP. A Figura 2, traz as diferentes rotas onde, admitindo um tarugo de secção quadrada,
é possível estabelecer uma referência para as rotações necessárias(3).

113
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 2 - Diferentes rotas de processamento por ECAP

Na rota A, após o primeiro passe, o tarugo retorna à matriz com a mesma orientação. Na rota BA, após o
primeiro passe, o tarugo retorna à matriz rotacionado de 90° e no passe subsequente este deve ser
rotacionado -90°. Na rota BC, após o primeiro passe, o tarugo retorna à matriz sempre rotacionado de 90°.
Pela rota C, após o primeiro passe, o tarugo retorna à matriz sempre rotacionado de 180°.
A difração de raios X é uma importante técnica de caracterização de materiais metálicos, ela pode ser
utilizada para análise qualitativa, revelando as fases e a estrutura cristalina, ou quantitativa, podendo
revelar composição, tamanho de grão (cristalito) e orientação preferencial (textura).
A lei de Bragg relaciona o comprimento de onda dos raios X, o espaçamento interatômico e o ângulo de
difração de uma interferência construtiva e é representada pela seguinte equação:

𝑛𝜆 = 2𝑑ℎ𝑘𝑙 𝑠𝑒𝑛 𝜃(B)

Sendo 𝑛 a ordem da reflexão, que admite qualquer número inteiro, 𝜆 o comprimento de onda do raio X
utilizado, 𝑑ℎ𝑘𝑙 a distância de dois planos de átomos adjacentes e paralelos e 𝜃 o ângulo incidente sobre os
planos.
Os metais e ligas utilizadas nas mais diversas aplicações conhecidas pela humanidade, na sua maioria, são
policristalinos, ou seja, sua microestrutura é composta por uma grande quantidade de grãos e, como visto
anteriormente, cada grão do material possui uma orientação cristalográfica diferente da de seu vizinho. Os
grãos desses metais e ligas podem estar arranjados de maneira aleatória ou podem desenvolver uma
orientação preferencial, a chamada textura.
Na realidade, é muito comum que os materiais possuam alguma textura, pois, durante os processos de
fabricação como laminação, extrusão, trefilação e forjamento os grãos dos materiais se deformam e
acabam sofrendo diversas rotações complexas, que tendem a deixar muitos deles agregados em uma
orientação preferencial, é a chamada textura de deformação. Um material, com esse tipo de textura, que é
tratado termicamente, desenvolve a chamada textura de recristalização ou textura de recozimento, pois a
orientação introduzida pela deformação tem influência sobre os fenômenos de nucleação e crescimento
dos grãos recristalizados.
Quando os materiais possuem texturas específicas, propriedades físicas específicas são melhoradas, como
é o caso dos núcleos de motores elétricos, que seus grãos são orientados com os planos {100} paralelos à
superfície da chapa, conferindo ao aço melhores propriedades magnéticas, o que não é interessante para
chapas que precisam passar por estampagem profunda, para fabricação de embalagens cilíndricas, que
tem seus grãos orientados com os planos {111} paralelos à superfície da chapa, para que durante a 114
deformação não ocorram trincas no produto final(4).
Através da técnica de difração de raios X é possível analisar uma grande quantidade de grãos, de modo a
quantificar a textura em uma dada orientação cristalina que é representada pela Função Distribuição de
Orientações Cristalinas (FDOC), segundo as coordenadas de Bunge.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

As FDOC dão a informação sobre a distribuição das orientações dos cristais, por meio de um plano e uma
direção cristalográfica, {hkl}<uvw>, a fração volumétrica de cada orientação presente e a frequência de
ocorrência (ou probabilidade de encontrar) as determinadas orientações. Na FDOC a orientação é definida
por 3 ângulos de Euler(5) (Figura 3), os quais constituem 3 rotações consecutivas que, aplicadas aos eixos
[100], [010] e [001] da célula cristalina do cristal tornam os mesmos coincidentes com os eixos da direção
de laminação, da direção transversal e da direção normal, respectivamente, DL, DT e DN(6).

Figura 3 – Definição dos ângulos de Euler (𝜑1, Φ, 𝜑2) conforme a notação de Bunge

2 MATERIAIS E MÉTODOS
O material objeto deste estudo é uma superliga à base de níquel, liga 600 (72%Ni, 14–17%Cr e 6–10%Fe),
recebida na forma de barras cilíndricas com comprimento de 0,15 m (150 mm) e diâmetro 8 mm,
fornecidas pela Multialloy.
As barras cilíndricas foram seccionadas no comprimento de 150 mm e então, usinadas a fim de adequar as
dimensões do material para o processamento por ECAP (6x6 mm de secção transversal), em fresadora
universal KFF 30 da Kone do Laboratório de Processamento de Pós do Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares (IPEN). Em seguida foram submetidas à um tratamento térmico de solubilização e novamente
realizadas análises por MO e microdureza Vickers.
Foram obtidas amostras com comprimento final de 25 mm (Figura 3) através do corte das barras
solubilizadas utilizando-se da cortadeira de precisão ISOMET 2000, Buehler, do Laboratório de Ensaios
Mecânicos do IPEN.

Figura 4 – Corpo de prova após usinagem e solubilização.

115

O processamento por ECAP foi realizado em uma matriz bipartida, fabricada em aço ferramenta D2, com 2
canais retangulares, de 6x6 mm, cujos ângulos, Φ e Ψ, são de 120° e 0° respectivamente, e para que o
atrito entre o corpo de prova e os canais fosse minimizado durante as prensagens, foi utilizada uma graxa
a base de cobre. O punção utilizado na prensagem também foi fabricado em aço ferramenta D2, de
Engenharia no Século XXI – Volume 7

maneira que o encaixe na matriz tivesse uma pequena folga. Durante o processamento das amostras, os
punções de aço ferramenta D2 foram substituídos após diversas falhas por punções de aço ferramenta D6.
As partes da matriz são unidas por parafusos de aço capazes de suportar os esforços desenvolvidos no
processo e a dureza final da matriz é de 62 HRC. A matriz, o punção e um corpo de prova posicionado para
a realização da prensagem podem ser observados na Figura 4.

Figura 5 – Conjunto matriz e punção.

As amostras foram processadas a temperatura ambiente, em uma prensa localizada no Laboratório de


Processamento de Pós do IPEN, foram processadas 4 amostras de 3 passes pela Rota A.
Para as análises de textura foi utilizado um goniômetro automático de textura acoplado a um difratômetro
Rigaku modelo DMAX-2000, equipado com tubo de anodo de cromo, instalado no Laboratório de Difração
de Raios X, no Centro de Ciência e Tecnologia dos Materiais (CCTM) do Instituto de Pesquisas Energéticas
e Nucleares (IPEN)
Foram analisados os planos {111}, {200} e {220}, devido à estrutura CFC do material, na direção normal à
secção transversal. Foram analisadas 4 amostras, todas com 3 passes de deformação, e três delas
recozidas à 523 K (250 ºC), 723 K (450 ºC) e 873 K (600 ºC) por 1h.
A partir dos dados obtidos, foi utilizado o Programa Análise de Textura (PAT), software desenvolvido pelo
Dr. Nelson Batista de Lima e Eguiberto Galego, para gerar as figuras de polo e posteriormente as FDOC.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As secções da FDOC mais importantes de serem analisadas para metais de estrutura cristalina CFC são as
de 𝜑2 = 0° e 𝜑2 = 45° e, além disso, as regiões delimitadas em vermelho são as mais importantes, pois
mostram a maior frequência de ocorrência. Utilizando o software PAT, quando o cursor do mouse é
colocado na região que se deseja analisar, ele retorna os valores dos ângulos de Euler, e assim, com o
auxílio de ábacos específicos, é possível dizer qual a posição espacial dos cristais da amostra.
Para o estudo de textura do material deste trabalho foram utilizadas a amostra solubilizada, a de 3 passes
sem tratamento térmico e as de 3 passes tratadas termicamente à 200 ºC, 450 ºC e 600 ºC.
Para amostra solubilizada foi realizada análise de textura, no entanto, devido a sua microestrutura ser
composta por grãos grosseiros, a difração de raios X não pôde identificar textura.
Para a amostra de 3 passes sem tratamento térmico as regiões vermelhas apareceram em φ1 = 55°, Φ =
45°, φ2 = 0° e φ1 = 30°~35°, Φ = 90°, φ2 = 45°, a primeira com frequência 11 vezes maior que a aleatória e
a segunda com frequência 5 vezes maior que a aleatória, em ambas a textura corresponde aos planos e
116
direções {111}<110>. As figuras de polo e a FDOC para essa amostra podem ser observadas na Figura 5,
onde RD significa Rolling Direction, direção de laminação e TD, Transversal Direction, direção transversal.

Figura 6 – Figuras de polo e FDOC da amostra de 3 passes sem tratamento térmico


Engenharia no Século XXI – Volume 7

Para a amostra de 3 passes recozida a 250 °C a região vermelha apareceu em φ1 = 10°, Φ = 20°, φ2 = 5°
com frequência 7 vezes maior que a aleatória, porém, não foi encontrado na literatura um ábaco para
essas coordenadas, impossibilitando a identificação da textura em questão. As figuras de polo e a FDOC
para essa amostra podem ser observadas na Figura 6.

Figura 7 – Figuras de polo e FDOC da amostra de 3 passes 250 °C

Para a amostra de 3 passes recozida a 450 °C a região vermelha apareceu em φ1 = 0°, Φ = 10°~25°, φ2 =
45° com frequência variando de 7 a 9 vezes maior que a aleatória, porém, ângulos menores que 25° em Φ
não são comtemplados nos ábacos consultados e necessitariam um estudo mais aprofundado para
identificação dos planos e direções, já para Φ = 25° a textura corresponde aos planos e direções
{113}<110> . As figuras de polo e a FDOC para essa amostra podem ser observadas na Figura 8.

Figura 8 – Figuras de polo e FDOC da amostra de 3 passes 450 °C

Para a amostra de 3 passes recozida a 600 °C a região vermelha apareceu em φ1 = 0°, Φ = 10°~20°, φ2 =
45° com frequência variando de 8 a 9 vezes maior que a aleatória, porém, ângulos menores que 25° em Φ
não são comtemplados nos ábacos consultados e necessitariam um estudo mais aprofundado para
identificação dos planos e direções. As figuras de polo e a FDOC para essa amostra podem ser observadas
na Figura 8.

117
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 9 – Figuras de polo e FDOC da amostra de 3 passes 600 °C

Pode-se comparar a evolução da frequência de ocorrência das amostras recozidas ao analisar as fibras
correspondentes a 𝜑1 = 0°, 𝜑2 = 0° variando Φ e 𝜑1 = 0°, 𝜑2 = 45° também variando Φ, como se vê no
Gráfico 1 e no Gráfico 2.

Gráfico 1 – Frequência de ocorrência X Variação de Φ (𝜑1 = 0°, 𝜑2 = 0°)

Observa-se a cada tratamento térmico essa fibra sofreu uma evolução, ou seja, os planos e direções
{113}<110>, {101}<110> e {332}<110> (Φ = 25°, Φ = 45°, Φ = 65°) aumentaram sua frequência de
ocorrência a medida que a temperatura do tratamento aumentou.

Gráfico 2 – Frequência de ocorrência X Variação de Φ (𝜑1 = 0°, 𝜑2 = 45°)

118
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Observa-se a cada tratamento térmico essa fibra sofreu uma alteração, ou seja, se a base for a amostra de
250 °C nota-se que os planos e direções {223}<110> e {332}<110> (Φ = 40°, Φ = 65°) tiveram uma ligeira
queda ao serem comparados com as amostras de 400 °C e 600 °C, enquanto os planos e direções
referentes a Φ = 15° tiveram um grande aumento de frequência de ocorrência.

4 CONCLUSÃO
As amostras deste trabalho foram processadas pela técnica ECAP, tratadas termicamente e tiveram sua
textura analisada.
A análise da amostra de 3 passes sem tratamento térmico retornou uma textura associada aos planos e
direções {111}<110>.
Para as amostras de 3 passes recozidas em 3 temperaturas diferentes, foi identificada uma evolução na
textura ligada aos planos e direções {113}<110>, {101}<110> e {332}<110> e uma variação da textura
ligada aos planos e direções {223}<110> e {332}<110>. As variações de texturas associadas à planos {111}
e direções <110> são justificadas pelo tipo de deformação imposta pelo processamento, o cisalhamento
simples. Uma pesquisa mais aprofundada se faz necessária para entender o real impacto da formação
dessas texturas nas propriedades da liga 600.

REFERÊNCIAS
[1] CALLISTER, W.; RETHWISCH, D. Materials science and engineering: an introduction. Hoboken, NJ: JOHN
WILEY & SONS, INC., 2007.
[2] CULLITY, B D; STOCK, S. R. ELEMENTS OF RAY X-RAY DIFFRACTION. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall.,
2001.
[3] SABIROV, I. et al. Bulk Nanostructured Materials with Multifunctional Properties. 2015.
[4] VALIEV, R. Z.; LANGDON, T. G. Principles of equal-channel angular pressing as a processing tool for grain
refinement. Progress in Materials Science, 2006.
[5] REZENDE, José Eduardo. Evolução da microestrutura e textura com a temperatura de acabamento de um aço
GNO com 1,3%Si. 2003. Dissertação (Engenharia de Materiais) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto,
2003.
[6] VIANA, C. S. da C.; PAULA, A. dos S. Texturas de deformação. In: TSCHIPTSCHIN, André, et al. Textura e
relações de orientação: deformação plástica, recristalização, crescimento de grão. São Paulo: IPEN, 2003. p. 36-54.

119
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 14
Síntese de catalisadores de níquel suportado em
alumina por via úmida
Normanda Lino de Freitas
Joelda Dantas
Ana Cristina F. de Melo Costa
Talita Kênya O. Costa
Ana Carla da F. Ferreira
Jéssica Renaly F. Morais

Resumo: Catalisadores heterogêneos são aqueles que se encontram em fase diferente


dos reagentes e produtos, são preferíveis em relação a catalisadores homogêneos devido
a facilidade de separação. O objetivo desse capítulo é a obtenção e caracterização de
catalisadores tendo como base a alumina (Al2O3) impregnada com níquel (Ni2+), por
dispersão física via úmido. A alumina foi sintetizada pelo simples e eficiente método da
reação de combustão. Antes e após a impregnação os catalisadores foram caracterizados
por difração de raios X (DRX), distribuição granulométrica, análise textural (BET),
espectroscopia por energia dispersiva de raios X (EDX) e microscopia eletrônica de
varredura (MEV). Os resultados apresentaram a presença da fase cristalina estável
Al2O3 nas amostras estudadas e após a impregnação a segunda fase formada de NiO e
NiAl2O4. Os catalisadores Al2O3 e Ni/Al2O3 resultaram em aglomerados com diâmetro
mediano de 18,9 e 14,2 μm, respectivamente. Os catalisadores apresentaram uma
característica mesoporosa, (diâmetro médio dos poros entre 2 e 50 nm), a área
superficial para o catalisador Al2O3 foi de 8,69 m2/g e para Ni/Al2O3 5,56 m2/g. Diante
dos resultados alcançados, pode-se concluir que a utilização da síntese por reação de
combustão foi bem-sucedida para obtenção desses materiais catalíticos com
características promissoras, e com isso, uma boa atividade na aplicação para produção
de biocombustível.

Palavras-chave: Alumina, suporte catalítico, catalisadores metálicos, biocombustível, 120

sustentabilidade ambiental.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
Os catalisadores são utilizados na maioria dos processos industriais de transformação química. Por isso,
existem vários grupos que desenvolvem pesquisas na área, no aprimoramento e desenvolvimento de
novos materiais catalíticos. O principal benefício é a economia de energia, pois seu uso possibilita a
realização de reações químicas em condições operacionais mais brandas.
A catálise heterogênea acontece quando o catalisador sólido e os reagentes estão em fases diferentes. Em
alguns casos o catalisador consiste em um material ativo com partículas pequenas que está disperso sobre
uma substância menos ativa, a qual chamamos de suporte. Como material ativo frequentemente é
utilizado um metal puro ou uma liga metálica. Quando acontece a impregnação do ativo no suporte, esses
catalisadores são particularmente chamados de catalisadores suportados (Fogler, 2014). Devido ao
sinergismo, eficiência e eficácia dos catalisadores suportados, inúmeras pesquisas com aplicação em
variadas áreas são desenvolvidas com foco nesse tipo de sistema catalítico (Huang et al., 2020; Zhang et al.,
2020; Yu et al, 2020; Zhao et al., 2020; Wang et al., 2020; Xiao et al., 2019; Liu et al., 2019).
O estudo da forma da superfície do suporte tem grande influência na dispersão da fase ativa e este grau de
dispersão tem consequências diretas na atividade e seletividade dos catalisadores. Além disso,
frequentemente são adicionados promotores aos catalisadores metálicos que modificam sua atividade,
seletividade e/ou estabilidade. Desta forma, procura-se conhecer a natureza e a intensidade das interações
entre metal ativo/promotor e metal ativo/suporte (Yu et al., 2020; Liu et al., 2019; Passos, 2005).
A alumina é considerada um óxido de extrema importância em inúmeras reações catalíticas como
craqueamento e desidratação de álcoois, podendo atuar como catalisador ou como suporte catalítico para
metais. Possui alta área superficial, proferindo boa dispersão do metal impregnado, além de ser um
suporte relativamente barato e estável a temperaturas elevadas e por isso é muito utilizada na catálise. É
um suporte amorfo e apresentando-se sob diferentes graus de hidratação, as aluminas podem ser obtidas
com diferentes propriedades morfológicas e texturais (Bugrova et al., 2019; Xu et al., 2019; Mezalira,
2011).
Com base nisso, este capítulo oferece uma abordagem direcionada para a síntese da alumina (Al2O3) pelo
método químico da reação de combustão, o qual propicia simplicidade operacional, pouco tempo para
obtenção do produto final, e este, com a importante característica de nanoestrutura devido as
temperaturas praticadas. Além de apresentar os resultados de caracterizações estruturais, texturais,
morfológicas e químicas, do material como sintetizado e impregnado com o metal ativo níquel (Ni/Al2O3).
A pretensão com este estudo é respaldar a futura aplicação como catalisador suportado para produção de
biocombustível, e com isto contribuir na soma das diversas pesquisas no âmbito do desenvolvimento
tecnológico sustentável.

2 EXPERIMENTAL
A síntese e os ensaios de caracterização das amostras dos pós de Al2O3 e Ni/Al2O3 foram realizados no
Laboratório de Síntese de Materiais Cerâmicos (LabSMaC) e no Laboratório de Caracterização de
Materiais, ambos pertencentes a Unidade Acadêmica de Engenharia Materiais (UAEMa) da Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG).

2.1 OBTENÇÃO DA ALUMINA (AL2O3) POR REAÇÃO DE COMBUSTÃO


Na síntese da Al2O3 foram utilizados os reagentes nitrato de alumínio (como agente oxidante) e ureia
(como agente redutor), de modo a formar uma solução redox. Todos os reagentes com grau de pureza
acima de 98%. A composição inicial da solução foi baseada na valência total dos reagentes oxidantes e
redutores, utilizando conceitos da química dos propelentes e explosivos, proposto por Jain et al, 1981. A
mistura redox de nitrato e combustível, preparada de acordo com a estequiometria pré-estabelecida, foi
realizada em um recipiente patenteado (Costa e Kiminami, 2012), codificado R19, o qual possibilita a
produção em bateladas de 10 g por reação de produto. A mistura dos reagentes foi aquecida diretamente 121
por uma base cerâmica. Após a obtenção das amostras, o produto da reação, na forma de flocos porosos,
foi desaglomerado em peneira malha 325#, e encaminhado a caracterizações. As sínteses das amostras
dos pós foram realizadas no LabSMaC/UFCG.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

2.2 OBTENÇÃO DA ALUMINA IMPREGNADA (NI/AL2O3)


O processo de impregnação confere um maior poder catalítico aos catalisadores heterogêneos. Este fato é
evidenciado quando se observa os elevados resultados de conversão obtidos nos sistemas catalíticos
impregnados e utilizados no processo de transesterificação (Boz et al., 2009). O processo de impregnação
utilizado foi por dispersão física via úmida (Xie et al., 2006) no preparo dos catalisadores Ni/Al2O3. Para
tanto, a fonte precursora foi o nitrato de níquel. O Ni foi introduzido na alumina na concentração de 30%.
A impregnação por via úmida consistiu no preparo de uma solução de nitrato de níquel hexahidratado
(Ni(NO3)2.6H20), de forma a gerar o catalisador. Uma vez determinada a massa de nitrato de níquel, esta
foi dissolvida em água para a obtenção de uma solução, que por sua vez foi misturada a alumina na
proporção de 1:30. A mistura então foi colocada em um becker e agitada durante 1 h em temperatura
ambiente, sendo, em seguida, a fase líquida evaporada em estufa com circulação de ar a 70ºC. Evaporada a
fase líquida, o material foi mantido por 3 horas a 110 ºC. Preparado o catalisador, este foi calcinado a 500
ºC por 5 horas sob ar atmosférico, seguindo a sequência de aquecimento de 100ºC/0,5h; 200ºC/1h;
350ºC/3h e 500ºC/5h (Silva, 2011). Estes procedimentos foram realizados no LabSMaC/UFCG.

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ALUMINA SINTETIZADA E IMPREGNADA


2.3.1 DIFRAÇÃO DE RAIOS X
A determinação das fases presentes da alumina preparada por reação de combustão e alumina
impregnada foram determinados a partir dos dados de difração utilizando um difratômetro de raios X
SHIMADZU (modelo XRD 6000, radiação Cu K). Essa caracterização foi realizada no Laboratório de
Caracterização de Materiais da UFCG.

2.3.2 ANÁLISE TEXTURAL POR ADSORÇÃO DE NITROGÊNIO


A determinação da área superficial das amostras foi realizada pelo método de adsorção de
nitrogênio/hélio desenvolvido por Brunauer, Emmett e Teller (BET) visando determinar a área superficial
específica. A partir de isotermas de adsorção de gases foi possível obter as características de suas texturas.
Foi utilizado um equipamento modelo NOVA 3200e, marca Quantachrome do Laboratório de Síntese
Materiais Cerâmicos da UAEMa/UFCG. Esta técnica também foi utilizada para determinar o tamanho
médio de aglomerados de partículas (diâmetro esférico equivalente). O volume de poro e o diâmetro de
poro foram determinados pela teoria desenvolvida por Brunauer, Joyner e Halenda (BJH).

2.3.3 DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA


A distribuição granulométrica exerce papel fundamental no processamento e nas propriedades dos
diversos tipos de produtos cerâmicos. A análise granulométrica por difração de laser utiliza o método de
dispersão de partículas em fase líquida associado com um processo de medida óptica através de difração
de laser. Neste método é combinada a relação proporcional entre a difração do laser, a concentração e o
tamanho de aglomerados. As amostras foram caracterizadas em um equipamento da marca Malvern
modelo Mastersize 2000 do Laboratório de Caracterização de Materiais da Unidade Acadêmica de
Engenharia de Materiais da Universidade Federal de Campina Grande (UAEMa/UFCG).

2.3.4 ESPECTROSCOPIA POR ENERGIA DISPERSIVA DE RAIOS X (EDX)


A espectrometria de fluorescência de raios X é uma técnica que determina semi-quantitativamente os
elementos presentes em uma determinada amostra. Isto é possível através da aplicação de raios X na
superfície da amostra e a posterior análise dos fluorescentes raios X emitidos. A técnica de fluorescência
de raios X é não-destrutiva para todos os tipos de amostras, incluindo sólidos, líquidos, pós, discos, entre
outros. Desta forma, essa técnica é utilizada para pesquisa e controle de qualidade em uma ampla área de
atuação. O equipamento utilizado para a determinação do EDX foi o Espectrômetro de Raios X por Energia 122
Dispersiva – EDX-720 Shimadzu do Laboratório de Caracterização de Materiais da UAEMa/UFCG.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

2.3.5 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)


Os aspectos morfológicos das amostras foram analisados por meio da microscopia eletrônica de varredura
(MEV). Para tanto, os pós foram dispersos com ultrassom em acetona e depositados sobre um porta
amostra de alumínio, que por sua vez foi recoberto por uma película de ouro como meio condutor. As
amostras foram analisadas em um microscópio eletrônico de varredura, marca Shimadzu, modelo
SuperScan SS500, do Laboratório de Caracterização da UAEMa/ UFCG.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX)
Na Figura 1 estão ilustrados os difratogramas de raios X dos pós de Al2O3, obtida por meio da reação de
combustão, e Ni/Al2O3, resultante da impregnação do metal no suporte por rota úmida, utilizando como
fonte metálica o nitrato de níquel hexahidratado.

Figura 1 – Difratograma de raios X dos catalisadores de Al2O3 e Ni/Al2O3.

Ao fazer a análise da Figura 1, foi possível identificar a presença da fase cristalina estável Al2O3 (ficha
padrão JCPDS 89-7717). Observou-se ainda, o advento de duas novas fases após a impregnação, sendo
estas interpretadas como sendo óxido de níquel (NiO) (ficha padrão JCPDS 89-3080) e aluminato de níquel
(NiAl2O4) (ficha padrão JCPDS 78-1601). Comparando os difratogramas dos catalisadores Al2O3 e
Ni/Al2O3, verificou-se uma redução na intensidade dos picos, o que se justifica devido a alterações na
estrutura da alumina durante a impregnação.
Suppino et al. (2014) ao estudar a impregnação de metais em alumina por via úmida, reportaram a
presença das mesmas fases (NiO e NiAl2O4). Observações semelhantes sobre a presença dessas duas fases
foram também reportadas no trabalho de Boukha et al. (2014).
Logo, isto comprova o sucesso da síntese por reação de combustão para a obtenção desses materiais.

3.2 DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA


Os resultados dos diâmetros esféricos equivalentes em função do volume para os catalisadores Al2O3 e
Ni/Al2O3 estão exibidos na Figura 2. Para ambos, são verificados aglomerados de partículas nanométricas,
com formato fino e arredondado. Os catalisadores resultaram em diâmetros de aglomerados medianos de
18,9 para Al2O3 e 12,7 µm, para Ni/Al2O3, respectivamente. Observou-se, portanto, uma diminuição de
32,8% no diâmetro mediano do aglomerado do catalisador de Ni suportado em alumina (Ni/Al2O3) em
relação ao da alumina pura (Al2O3).

123
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 2 – Distribuição granulométrica dos catalisadores Al2O3 e Ni/Al2O3.

Conforme os resultados da distribuição granulométrica alcançados, pode-se inferir que a aplicação desses
materiais como catalisadores nas reações químicas de produção de biocombustível, sinaliza promissora
viabilidade, isto devido as características de nanoestruturas, que favorecem boa atividade catalítica.

3.3 ANÁLISE TEXTURAL POR ADSORÇÃO DE NITROGÊNIO


Na Figura 3 estão exibidas as isotermas de adsorção/dessorção de nitrogênio como resultado da
caracterização textural das amostras de alumina pura (Al2O3) e impregnada com metal (Ni/Al2O3).

Figura 3 – Isotermas de adsorção/dessorção de nitrogênio da alumina pura (Al2O3) e impregnada com


metal (Ni/Al2O3).

A análise das isotermas para as amostras estudadas sugerem que são do tipo V, de acordo com a
classificação proposta por Aranovih e Donohue, 1998. Este tipo de histerese sugestiona a presença de
poros com tamanhos entre 2 e 50 nm, os quais possuem boa uniformidade quanto a sua distribuição
granulométrica. Os valores de diâmetro de poro encontrados estão dentro da faixa indicada pela literatura,
conforme descritos na Tabela 1. Os catalisadores estudados apresentam histereses do tipo H3, onde os
poros apresentam formatos de cunhas, cones e/ou placas paralelas.
Na Tabela 1 também estão apresentados os resultados de área superficial especifica (SBET), diâmetro da
partícula (DBET), volume de poro (VP) e diâmetro de poro (DP) para os catalisadores estudados.

124
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Tabela 1 – Valores resultantes da análise textural para os catalisadores.

SBET DBET VP DP
Amostra
(m²/g) (nm) (cm³/g) (nm)

Al2O3 8,69 173,38 0,007 3,10

Ni/Al2O3 5,56 270,94 0,016 3,44

Esses resultados revelam que a maior área superficial específica foi obtida pela amostra de alumina pura
(Al2O3), sendo esta 56,29% maior que a área obtida na amostra de alumina impregnada com o metal
(Ni/Al2O3), não impregnada. Logo, espera-se sucesso na aplicação como catalisadores, uma vez que em
conformidade com os estudos de Dantas et al. (2018) os materiais que exibem porosidade e consideradas
áreas superficiais são bem cotados para essa finalidade.

3.4 ESPECTROSCOPIA POR ENERGIA DISPERSIVA DE RAIOS X (EDX)


Na Tabela 2 estão apresentados os resultados das composições químicas dos catalisadores de alumina
pura ou como sintetizada (Al2O3) e impregnada (Ni/Al2O3). Analisando os dados, verificou-se uma
redução na composição da Al2O3, que inicialmente era 99,6% pura, à medida que o metal foi introduzido,
observou-se ainda que a Al2O3 está presente em maior quantidade, o que já era esperado por ser o
suporte que origina o catalisador metálico Ni/Al2O3.

Tabela 2 – Composição química do suporte e do catalisador.


Amostra Al2O3 (%) NiO (%) *Impurezas (%)
Al2O3 99,6 - 0,4
Ni/ Al2O3 65,5 34,1 0,4

Em função da análise química, confirma-se a eficácia da reação de combustão para obtenção desses
catalisadores dentro da estequiometria estabelecida.

3.5 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)


As micrografias realizadas a partir da microscopia eletrônica de varredura do catalisador Al2O3 puro ou
como sintetizado, estão exibidas na Figura 4.
Por meio da micrografia, observou-se a formação de aglomerados porosos de partículas leves e finos, na
forma de placas de tamanhos irregulares. Morfologia semelhante foi observada por Silva et al. (2014)
quando obtiveram alumina por reação de combustão utilizando forno mufla em diferentes temperaturas e
por Cordeiro et al. (2010) quando obtiveram alumina utilizando diferentes fontes de aquecimento.

125
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 4 – Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura do catalisador Al2O3: (a)
aumento de 0,5 k e (b) aumento de 10,0 k.

(a) (b)

Na Figura 5 estão exibidas as micrografias realizadas a partir da microscopia eletrônica de varredura do


catalisador impregnado com nitrato de níquel hexahidratado (Ni(NO3)2.6H20) a uma concentração de
30%.

Figura 5 – Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura do catalisador Ni/Al2O3: (a)
aumento de 0,5 k e (b) aumento de 10,0 k.

(a) (b)

Por meio da micrografia, observou-se uma diferenciação na estrutura quando comparada à Figura 4,
tornando-se notória a presença do metal após a impregnação. A estrutura exibiu aglomerados de
partículas menos irregulares devido a uma elevada dispersão sobre a superfície do suporte. Foi possível
verificar ainda, que o processo de impregnação utilizado resultou numa maior porosidade aparente e na
diminuição dos aglomerados de partículas das amostras.
Conforme as morfologias obtidas, espera-se bons resultados na utilização dos catalisadores em estudo na
catálise heterogênea da produção de biocombustível, principalmente em relação ao catalisador suportado,
uma vez que o processo de impregnação do metal Ni promoveu visivelmente uma maior presença de 126
porosidade, o que pode ser indício da ocorrência de sítios ácidos ativos que promovem a catálise. Dantas
et al. (2017) reportaram a importância desses sítios ativos presentes em nanocatalisadores sólidos
porosos para produção de biodiesel.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4 CONCLUSÕES
Nos resultados foram apresentados o advento de duas novas fases após a impregnação, sendo estas
interpretadas como sendo óxido de níquel (NiO) e aluminato de níquel (NiAl2O4). O diâmetro mediano
dos aglomerados diminuiu 32,8% após a incorporação do metal. Foi possível verificar ainda que os
catalisadores sintetizados são constituídos de poros com diâmetro entre 2,5 e 100 nm, por isso,
denominados mesoporos, e que a maior área superficial específica foi obtida pela amostra de alumina pura
(Al2O3). Assim, diante dos resultados alcançados, pode-se concluir que a síntese por reação de combustão
empregada é um excelente método para obter materiais nanométricos cotados como bons catalisadores.
Logo, espera-se que na aplicação para catálise heterogênea de produção de biocombustível, esses
materiais contribuam com uma eficiente atividade e seletividade, principalmente devido a boa interação
entre o suporte e o metal, como também a sua porosidade e considerada área superficial, os quais
evidenciam potenciais requisitos catalíticos. Portanto, espera-se também que os resultados apresentados
neste capítulo contribuam como mais um direcionamento relevante às pesquisas com foco no
desenvolvimento de catalisadores cujas características diferenciadas contribuam eficazmente na produção
de biocombustível.

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removal process for carbon supported platinum nanoparticles. Journal of Energy Chemistry, v. 41, p. 120-125, 2020.

128
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 15
Características das superfícies de itabirito compacto e
seus componentes minerais principais com e sem
adsorção de amido gelatinizado
Marta Duarte da Fonseca de Albuquerque
Renata Antoun Simão
Laurindo de Salles Leal Filho
Marisa Bezerra de Mello Monte

Resumo: A flotação é um processo aplicado para separar o itabirito em seus


componentes minerais, pelo emprego de um depressor (amido gelatinizado) que se
adsorve preferencialmente na superfície dos minerais de ferro e, em seguida, ocorre a
adsorção do coletor (eteramina) visando a hidrofobização da superfície do quartzo.
Superfícies de quartzo, hematita e itabirito compacto foram lixadas e polidas.
Posteriormente, um condicionamento com amido gelatinizado foi realizado sobre as
superfícies do quartzo e da hematita. As técnicas de caracterização utilizadas nesse
estudo foram a microscopia de força atômica (AFM) e a microscopia óptica de luz
refletida, onde pode-se distinguir as características principais dessas superfícies.

Palavras-chave: Amido gelatinizado, itabirito, quartzo, hematita, AFM.

Artigo apresentado no 23º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos


Materiais, realizado de 04 a 08 de Novembro de 2018, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.

129
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
O itabirito é uma rocha metamórfica, cujos principais componentes minerais são o quartzo e os óxidos de
ferro. Na prática industrial, a separação dos minerais de ferro da ganga quartzosa, que estão contidos no
itabirito compacto, é realizada por meio da técnica de flotação. Nesse processo alguns reagentes são
adicionados na polpa do minério com o intuito de modificar as superfícies tanto dos minerais de ferro
quanto do quartzo. Para isso, um depressor adsorve-se na superfície dos minerais de ferro e, em seguida,
ocorre a adsorção de um coletor na superfície do quartzo.
A flotação de silicatos tem sido conduzida invariavelmente com aminas de cadeia longa, mais
particularmente com sais produzidos a partir da neutralização de aminas primárias com ácidos fracos.
Tais produtos apresentam relativamente alta solubilidade em meio aquoso, facilitando sua ação como
agente coletor(1).
O amido, que é um polissacarídeo de reserva dos vegetais, é composto basicamente por dois tipos de
polímeros de glicose: a amilose e a amilopectina, que possuem estruturas e funcionalidades distintas. A
amilose é um polímero linear formado por unidades de D-glicose ligadas por ligações -(1 4), que,
dependendo da fonte do amido, pode possuir grau de polimerização de 200 a 3000. A amilopectina é
composta por unidades de D-glicose ligadas por meio de ligações -(1 4) e possui ramificações em -
(1 6), sendo um polímero altamente ramificado(2,3).
Os minerais contendo ferro são deprimidos por amido de milho gelatinizado, sendo este amido constituído
de 25% de amilopectina e 75% de amilose, aproximadamente(4). Esse reagente adsorve-se seletivamente
na superfície dos minerais de ferro, mantendo-os hidrofílicos mesmo após a adição do coletor, que torna a
superfície do quartzo hidrofóbica. O quartzo é, então, flotado a partir de éter-aminas e, eventualmente, por
uma mistura éter-diamidas e éter-monoaminas(5,6,7).
Essa técnica é conhecida como flotação catiônica reversa, que ocorre quando os minerais de interesse
ficam na polpa mineral, enquanto os minerais de ganga são recuperados por flotação por meio de um
coletor catiônico, sendo o quartzo o mineral principal de ganga.
Uma das causas da perda de eficiência no processo de flotação catiônica reversa do minério de ferro pode
estar relacionada à presença do quartzo no material afundado. As partículas não são recuperadas por
flotação, em particular, por questões hidrodinâmicas, e podem ainda serem arrastadas para o fundo da
célula de flotação, por não se apresentarem eficientemente hidrofóbicas.
O amido também pode interagir com as partículas de quartzo e inibir em parte a adsorção do coletor,
eteramina, diminuindo a cobertura hidrofóbica das partículas e, consequentemente, a seletividade do
processo(7).
A técnica de microscopia de força atômica (AFM) propicia captar imagens topográficas e de contraste de
fase para a caracterização morfológica e físico-química da superfície de um material, sendo possível
também avaliar as propriedades elásticas, a adesão e outras, como a rugosidade do material.
As características de superfície do itabirito e de seus componentes minerais principais, na presença e na
ausência de amido de milho gelatinizado, por microscopia de força atômica, podem fornecer informações
úteis sobre a adsorção competitiva deste depressor entre quartzo e hematita, um tema pouco investigado.
O objetivo desse trabalho foi identificar as características principais da superfície de hematita e de
quartzo, na presença e ausência de amido de milho gelatinizado, ex-situ, por microscopia de força atômica.
A microscopia óptica de luz refletida foi ainda utilizada para se obter imagens da superfície do itabirito
compacto, as quais foram comparadas com as obtidas por AFM.

130
Engenharia no Século XXI – Volume 7

2 MATERIAIS E MÉTODOS
Para realizar o estudo foram utilizadas amostras de quartzo, hematita e itabirito compacto, de alta pureza,
oriundas do estado de Minas Gerais.
As seções de quartzo (101), hematita (001) e itabirito compacto foram cortadas, embutidas em resina

foram limpas ultrassonicamente em etanol e água deionizada, separadamente, por um período de 10 min
e, depois, essas amostras foram secas com um jato suave de gás nitrogênio ultra puro.
Após o polimento, as seções de quartzo (101) e hematita (001) foram condicionadas com o amido milho
gelatinizado, em pH 10,5, na concentração de 1000 mg/L durante 10 min. Posteriormente, o excesso de
amido das amostras foi retirado e as suas superfícies foram secas suavemente com gás nitrogênio. Para
realizar o condicionamento, o amido de milho (Vetec) foi gelatinizado com hidróxido de sódio (10% p/p)
na proporção de 5:1 em agitação magnética.

2.1 MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM)


As análises de AFM foram realizadas no microscópio 1MPlus da JPK Instruments e também no
microscópio NanoScope V (MultiMode 8) da Bruker. As imagens foram feitas no modo contato
intermitente e as pontas utilizadas foram da Bruker (modelo RFESP) com constante de mola de 3 N/m. As
imagens foram analisadas por meio dos programas JPK image processing V.3 e NanoScope Analysis 1.5.
Essa caracterização foi realizada para as superfícies de quartzo e hematita (antes e depois do
condicionamento com amido de milho gelatinizado) bem como para a superfície do itabirito compacto.

2.2 MICROSCOPIA ÓPTICA DE LUZ REFLETIDA


Esta análise foi realizada sobre a superfície do itabirito compacto utilizando-se um microscópio óptico
PILine da ZEISS com câmera digital AxioCAM MRc 5 da ZEISS.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As imagens topográficas obtidas por AFM para o monocristal de quartzo (101) e hematita (001) após
preparação da superfície estão apresentadas nas Figuras 1(a) e 1(c). A rugosidade média quadrática
(RMS) obtida para as superfícies de quartzo e hematita foram 0,96 nm e 2,42 nm, respectivamente.
Valores similares de rugosidade para essas superfícies foram encontrados na literatura, corroborando
com o método de preparação da superfície das amostras que foi utilizado nesse estudo(6,8).
As Figuras 1(b) e 1(d) mostram as imagens de topografia do monocristal de quartzo e de hematita,
respectivamente, após condicionamento com amido de milho gelatinizado. De acordo com as imagens
topográficas foram observadas áreas não adsorvidas ou com uma fina camada de amido na superfície do
quartzo. Por outro lado, observou-se que o condicionamento feito com amido gelatinizado na superfície da
hematita proporcionou uma cobertura homogênea em toda a sua superfície.

131
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 1: Imagens topográficas de AFM: (a) após preparação da superfície de quartzo; (b) após
condicionamento com amido de milho gelatinizado na superfície de quartzo; (c) após preparação da
superfície de hematita; (d) após condicionamento com amido de milho gelatinizado na superfície de
hematita.

(a) (b)

(c) (d)

No estudo realizado com a superfície do itabirito compacto pode-se observar, a partir da fotomicrografia
apresentada na Figura 2, os seus minerais constituintes, como o quartzo e a hematita. É possível notar
nesta imagem os poros existentes na hematita, além das inclusões de hematita no quartzo.

Figura 2: Fotomicrografia do itabirito compacto obtida por microscopia óptica.

132
Engenharia no Século XXI – Volume 7

A Figura 3 mostra a topografia e o contraste de fase da parte referente à hematita no itabirito compacto.
As estruturas mais escuras existentes na imagem de topografia são os poros contidos na hematita.

Figura 3: AFM da parte referente à hematita no itabirito compacto: (a) topografia; (b): contraste de fase.

(a) (b)

A imagem do itabirito compacto obtida por meio do microscópio óptico que está acoplado ao AFM pode
ser observada na Figura 4. A região marcada em azul, que contém a inclusão da hematita no quartzo,
mostra o local aonde foi feita a imagem de AFM. Pode-se observar por meio dessa figura que a imagem
obtida por microscopia óptica distingue melhor os minerais constituintes do itabirito compacto do que a
imagem topográfica feita por AFM.

Figura 4: Microscopia óptica e AFM do itabirito compacto.

133

A Figura 5 mostra a imagem de topografia e contraste de fase da inclusão da hematita no quartzo. Nesse
caso, observa-se que a imagem de contraste de fase também não diferencia a hematita do quartzo.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 5: AFM da inclusão de hematita no quartzo: (a) topografia; (b) contraste de fase.

(a) (b)

4 CONCLUSÃO
A partir das imagens obtidas por meio do AFM notou-se que a preparação da superfície das amostras de
quartzo (101) e hematita (001) foi eficiente, quando comparada com a literatura. Além disso, as imagens
de AFM mostraram áreas não adsorvidas ou com uma fina camada de amido de milho na superfície do
quartzo que certamente não interfere na adsorção posterior do coletor (eteramina).
No caso das imagens obtidas por meio do microscópio óptico e do AFM para o itabirito compacto
observou-se que a caracterização morfológica utilizando o microscópio óptico oferece mais informações
do que a caracterização realizada por AFM, uma vez que a técnica de microscopia óptica conseguiu
distinguir melhor os componentes minerais do itabirito compacto, que são a hematita e o quartzo. Em
adição, a imagem de contraste de fase também não diferenciou a hematita do quartzo.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Capes/ITV pela bolsa concedida e ao CETEM pela infraestrutura.

REFERÊNCIAS
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Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 16
Influência do tratamento alcalino nas propriedades da
fibra de sisal e nos seus compósitos de matriz epóxi
avaliada pela técnica da correlação digital de
imagens.
Pedro Henrique Xavier de Mesquita
Fernanda Monique da Silva
Rodrigo Nogueira de Codes
Zoroastro Torres Vilar

Resumo: Um dos parâmetros mais importantes dos compósitos é a interface entre o


reforço e a matriz, a adesão inadequada entre essas fases pode comprometer o
desempenho dos compósitos. Contudo, tratamentos químicos podem ser utilizados para
melhorar tal interação. O objetivo desse trabalho é avaliar a capacidade que o
tratamento alcalino possui para modificar as propriedades da fibra de sisal e dos seus
compósitos de matriz epóxi. Para isso, foram realizados três tratamentos com diferentes
concentrações (2%, 5% e 8 %) de NaOH nas fibras de sisal. As propriedades mecânicas
das fibras e dos compósitos, fabricados com uma concentração volumétrica de 20% de
sisal, foram avaliadas em ensaios de tração (para os compósitos os ensaios foram
auxiliados pela técnica da correlação digital de imagens). Os ensaios mostraram que os
compósitos unidirecionais confeccionados com sisal tratados com 8% de NaOH
apresentaram as melhores propriedades mecânicas.

Palavras-chave: Compósitos, Fibra de sisal, Tratamento alcalino, Propriedades


mecânicas, Correlação Digital de Imagens.

135
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
Materiais compósitos são obtidos pela combinação de dois ou mais componentes, onde um deles forma a
matriz, que é contínua e envolve o outro elemento, chamado de reforço. Os compósitos são produzidos
visando obter um material com características específicas e propriedades intermediárias àquelas
apresentadas pelos elementos individualmente(1). Compósitos de matriz polimérica, destinados a
aplicações estruturais, utilizam como elemento de reforço a fibra de carbono, a fibra de vidro e a fibra
aramida(2).
A substituição de fibras sintéticas por fibras vegetais, como reforço em compósitos poliméricos é algo que
vem sendo amplamente estudado nos últimos anos por diversos autores. A motivação para essa
substituição encontra-se nas características das fibras sintéticas, que, apesar de possuírem excelentes
propriedades mecânicas e térmicas, possuem um custo elevado, são abrasivas aos equipamentos de
processamento, têm alta densidade, não são biodegradáveis e apresentam difícil reciclagem(3).
Entre as fibras vegetais empregadas como reforço em compósitos de matriz polimérica, uma das mais
citadas na literatura nas últimas décadas é o sisal(1). O Brasil produz mais de 50% da produção mundial
de sisal, sendo um dos principais países produtores do mundo. No Rio Grande do Norte, mais de 60% das
áreas cultivadas com sisal concentram-se na região de João Câmara(4).
A principal desvantagem na utilização de fibras vegetais como reforço reside na falta de adesão fibra-
matriz. Esse problema ocorre devido à natureza das fibras lignocelulósicas que são altamente hidrofílicas
enquanto que as matrizes poliméricas são hidrofóbicas. Essa combinação de propriedades resulta no
surgimento de um compósito com uma péssima adesão fibra-matriz, prejudicando assim o
comportamento mecânico do compósito. Felizmente esse problema pode ser resolvido através de
diferentes tratamentos químicos (5,6).
O tratamento alcalino, também chamado de mercerização, é um tratamento simples e eficiente para
melhorar a adesão da matriz polimérica com os reforços lignocelulósicos (7). O tratamento alcalino extrai
a lignina e a hemicelulose, resultando em mudanças na estrutura, na morfologia, nas dimensões e nas
propriedades mecânicas das fibras(8).
Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é avaliar a capacidade que o tratamento alcalino possui para
modificar as propriedades da fibra de sisal e dos seus compósitos de matriz epóxi, melhorando a adesão
entre os componentes.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 MATERIAIS
As fibras de sisal, utilizada como reforço, foram obtidas em seu formato bruto, estas passaram por um
processo de paralelização (cardagem manual) e posteriormente foram cortadas em um comprimento pré-
determinado de 30 cm. A resina epóxi foi utilizada como matriz nos compósitos confeccionados. A resina
epóxi é um polímero termofixo, portanto durante o processo de cura ela se torna permanentemente dura e
não se torna fluida quando exposta ao calor. O conjunto utilizado foi a resina SQ 2001 e o endurecedor SQ
3154. No tratamento das fibras de sisal foram utilizados dois reagentes diferentes. O Hidróxido de sódio,
NaOH, P.A – ACS (Microperolas) e o Ácido acético glacial P.A – ACS.

2.2 PREPARAÇÃO E TRATAMENTO DAS FIBRAS DE SISAL


Após o corte e cardagem, as fibras foram secadas em estufa a 100 ºC por 24 horas. Parte das fibras passou
pelo tratamento com solução de hidróxido de sódio em diferentes concentrações (2%, 5% e 8%), que
consistiu em mergulhar as fibras na solução de NaOH, com agitações periódicas, durante uma hora a uma
temperatura de 80 ºC. No tratamento foi utilizado uma relação de 1:20 gramas de fibra/mililitros de
solução. Para o aquecimento da solução foi utilizada uma chapa aquecedora modelo XMTD – 701 da
EDUTEC. 136
Ao final do tratamento, foi realizada a remoção do excesso de hidróxido de sódio da fibra com solução de
ácido acético, utilizando uma concentração de 2% durante 15 min, seguida por uma lavagem em água
destilada. Essas fibras passam pelo mesmo processo de secagem em estufa. Para a secagem foi utilizada
uma estufa de esterilização e secagem da odontobras.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

2.3 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DA FIBRA DE SISAL E DA RESINA PURA


As fibras tratadas e não tratadas tiveram a suas densidades determinadas de acordo com a norma ASTM
D3800 – 99(9). Para a determinação da densidade a fibra precisa ser pesada duas vezes; uma ao ar livre e
outra em imersão no fluido. Nesse experimento foi utilizado o óleo de canola, cuja densidade é 0,89056
g/cm3. Para a determinação da densidade foram separadas 4 amostras para cada tratamento.
A resina epóxi foi preparada utilizando uma relação de 1:2 massa de endurecedor/massa de resina,
conforme sugestão do fabricante. Após a cura completa do sistema foram retidas 7 amostras do material
para a determinação da densidade segundo norma ASTM D-792/13(10). Tal processo é semelhante ao
método utilizado para a fibra, porém, água destilada a uma temperatura controlada de 25 ºC é utilizada
como fluido de imersão.
Para a pesagem foi utilizado uma balança analítica digital modelo SHIMADZU AUY 220.

2.4 DETERMINAÇÃO DO DIÂMETRO E ENSAIO DE TRAÇÃO DAS FIBRAS


As fibras não tratadas e tradadas tiveram o seu diâmetro determinado através da utilização de um
microscópio óptico modelo NIKON SMZ18 equipado com uma lupa modelo NIKON DS-Fi2. Foram
separadas 20 amostras de cada tipo de fibra (totalizando 80 amostras) e foram registradas 8 imagens ao
longo do comprimento de cada amostra. Conhecendo a resolução do microscópio, os diâmetros das fibras
foram determinados através da análise das imagens obtidas.
As 80 amostras que tiveram seu diâmetro medido foram submetidas a ensaios de tração segundo a norma
ASTM D3822(11). Esses ensaios foram realizados em uma máquina de ensaios EMIC DL10000. Foi
utilizada uma célula de carga modelo Z com capacidade de 5kN, utilizando uma velocidade de
deslocamento da garra de 0,027 mm/s.

2.5 PREPARAÇÃO DOS COMPÓSITOS


Conhecida a densidade da fibra e da resina é possível calcular a quantidade exata de massa necessária
para garantir uma espessura final do compósito de 2,5 mm para uma determinada concentração
volumétrica de fibra. Com essa informação foi realizada a preparação dos compósitos. O método utilizado
para a confecção dos compósitos foi a laminação manual (Hand Lay-up). Nesse processo o compósito é
fabricado colocando sucessivamente camadas de matriz e reforço sobre um molde até conseguir a
espessura desejada. Nesse processo, o assentamento das fibras e remoção das bolhas de ar é feito com a
utilização de roletes. Foram confeccionados diferentes compósitos unidirecionais usando as fibras
tratadas (2%, 5% e 8 %) e não tratadas. Em cada conjunto as fibras foram posicionadas na mesma
orientação, utilizando uma concentração volumétrica de 20% de fibra. Foram retirados corpos de prova
no sentido das fibras para a realização do ensaio de tração.

2.6 ENSAIO DE TRAÇÃO NOS COMPÓSITOS E NA RESINA CURADA


Após a confecção dos compósitos e da resina pura, corpos de provas nas dimensões de 120x20 mm foram
retirados para a realização dos ensaios de tração. Foram realizados cinco ensaios para cada configuração
(resina pura, compósito com fibra não tratada e compósitos com fibras tratadas com 2%, 5% e 8 % de
NaOH). Os ensaios foram realizados em um ambiente com temperatura de 25ºC, com velocidade de
deslocamento 0,01 mm/s, de acordo com a norma ASTM D3039(12).
Os ensaios de tração foram realizados em uma máquina de ensaios EMIC DL10000, a célula de carga de
100 kN foi utilizada. É importante observar que o ensaio de tração da resina e dos compósitos serão
auxiliados pela técnica da Correlação Digital de Imagens. Essa técnica foi utilizada devido a sua capacidade
de fornecer, através de medições sem contato, um campo de deformação e deslocamento de praticamente
toda a superfície de corpo de prova.
137
Engenharia no Século XXI – Volume 7

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA RESINA
A Tabela 01 mostra os resultados para a medição de densidade e para o ensaio de tração da resina. Os
resultados encontrados estão de acordo com o estabelecido pelo fabricante e semelhantes à resultados
encontrados por outros pesquisadores.

Tabela 01 – Caracterização da resina


Ensaio Resultado Desvio padrão
Densidade (kg/m3) 1.154,73 1,022
Tensão máxima (MPa) 40,95 2,19
Tração Deformação máxima 0,0204 0,0016
Módulo de elasticidade (MPa) 2.169,22 301,47

3.2 INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO ALCALINO NAS CARACTERÍSTICAS DA FIBRA DE SISAL


A Tabela 02 mostra a influência que o tratamento químico com NaOH teve sobre a densidade, diâmetro,
tensão máxima e módulo de elasticidade das fibras de sisal.

Tabela 02 – Influência do tratamento alcalino sobre as propriedades da fibra de sisal


Diâmetro Tensão Máxima Módulo de elasticidade
Tratamento Densidade (g/cm3)
(mm) (MPa) (MPa)
Sem tratamento 1,111 ± 0,0120 0,30 ± 0,07 176,60 ± 71,16 4.215,13 ± 2598,37
2% 1,263 ± 0,0036 0,21 ± 0,06 272,22 ± 71,86 6.427,69 ± 2926,24
5% 1,291 ± 0,0180 0,17 ± 0,04 302,24 ± 52,99 10.755,59 ± 4466,33
8% 1,334 ± 0,0056 0,15 ± 0,03 374,66 ± 49,47 13.267,85 ± 4471,34

Figura 01 – Variância da influência do tratamento alcalino para as fibra de sisal

138
Engenharia no Século XXI – Volume 7

A Figura 01 mostra os resultados da análise de variância para esses mesmos resultados. A análise de
variância mostrou que os tratamento químicos com 5% e 8% provocaram alteração em todas as
propriedades avaliadas, sendo observada uma diminuição do diâmetro e aumento na densidade, tensão
máxima e módulo de elasticidade quando comparadas com a fibra não tratada, sendo que quanto maior a
concentração do tratamento maior foi o efeito do tratamento alcalino. É importante observar que o
tratamento alcalino não teve influência na deformação máxima sofrida pela fibra. As deformações em
todos os níveis de tratamento químico foram estatisticamente iguais, apresentando uma valor médio de
0,05.
A Figura 02 mostra o diagrama tensão x deformação para as fibras tratadas e não tratadas. Nessa imagem
é possível observar graficamente a influência do tratamento químico nas propriedades da fibra. Também é
possível perceber que independente do tratamento o desempenho da fibra foi o mesmo, apresentando um
comportamento praticamente elástico até a ruptura.

Figura 02 – Diagrama tensão x deformação para as fibras tratadas e não tratadas.

3.3 INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO ALCALINO NAS CARACTERÍSTICAS DO COMPÓSITO


UNIDIRECIONAL
A Tabela 03 mostra a influência que o tratamento químico com NaOH teve sobre as propriedades
mecânicas do compósito unidirecional. A Figura 03 mostra os resultados da análise de variância para esses
mesmos resultados.

Tabela 03 – Influência do tratamento alcalino sobre as propriedades do compósito unidirecional


Tratamento Deformação máxima Tensão Máxima (MPa) Módulo de elasticidade (MPa)
Sem tratamento 0,0136 ± 0,0010 176,60 ± 71,16 4215,13 ± 2598,37
2% 0,0130 ± 0,0012 272,22 ± 71,86 6427,69 ± 2926,24
5% 0,0141 ± 0,0004 302,24 ± 52,99 10755,59 ± 4466,33
8% 0,0149 ± 0,0009 374,66 ± 49,47 13267,85 ± 4471,34

139
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 03 – Variância da influência do tratamento alcalino para os compósitos

Como pode ser observado na Figura 03 a análise de variância mostrou que os tratamento químicos com
5% e 8% também provocaram alteração nas propriedades do compósito unidirecional, sendo observado
um aumento na tensão máxima e no módulo de elasticidades dos compósitos confeccionados com fibras
tratadas quando comparados com o compósito fabricado com as fibras não tratadas. Novamente, quanto
maior a concentração do tratamento maior foi o efeito do tratamento alcalino.
Como pode ser observado, o tratamento químico não apresentou influência na deformação máxima do
compósito. Isso já era esperado, visto que a deformação da fibra também não foi influenciada pelos
tratamentos
A Figura 04 mostra o diagrama tensão x deformação para os compósitos tratados e não tratados. Nessa
imagem é possível observar graficamente a influência do tratamento químico nas propriedades dos
compósitos. Também é possível perceber que independente do tratamento o comportamento do
compósito foi o mesmo, apresentado um comportamento elástico até a ruptura. É importante frisar que
em todos os compósitos não ocorreu a formação de estricções e a falha ocorreu de forma brusca.

Figura 04– Diagrama tensão x deformação para os compósitos unidirecionais tratados e não tratados.

140
Engenharia no Século XXI – Volume 7

A Figura 05 mostra os resultados obtidos através da correlação digital de imagens para o ensaio 1 do
compósito unidirecional sem tratamento, todos os outros compósitos apresentaram resultados
semelhantes.
Na Figura 05 (a) podemos ver o deslocamento vertical sofrido por cada região. É possível notar que não
existe variação brusca nas faixas de deslocamento, todas apresentam um tamanho semelhante, como
consequência a deformação sofrida nessa direção é praticamente uniforme em todo o corpo de prova,
como observado na Figura 05 (c). Em outras palavras, não houve concentração da deformação em
nenhuma região e nem a formação de uma zona de estricção antes da ruptura. De fato, durante o ensaio
não foi observado a formação do empescoçamento e a ruptura do corpo de prova ocorreu de forma brusca.
Na Figura 05 (b) temos uma representação do deslocamento na horizontal. Pode-se notar claramente que
existe uma região do corpo de prova que sofre um deslocamento positivo enquanto outra região sofre um
deslocamento negativo, logo as duas partes do corpo se dirigem ao centro. Isso é uma característica
comum para corpos de prova submetidos ao ensaio de tração. Novamente não temos variação brusca
nesse deslocamento nem concentração de deformação.

Figura 05 – Correlação digital de imagens para o compósito unidirecional. (Escala de deslocamento, 1


pixels = 0,0156 mm).

4 CONCLUSÃO
Neste trabalho foi possível identificar a influência que o tratamento químico com hidróxido de sódio
(NaOH) possui nas propriedades mecânicas da fibra de sisal. Os ensaios mecânicos das fibras mostraram
que os tratamentos alcalinos de 2%, 5% e 8% de NaOH podem promover, aumento da densidade,
diminuição no diâmetro das fibras e melhorias nas propriedades mecânicas das mesmas, sendo o
tratamento químico com 8% o mais eficiente na mudança dessas grandezas, para esse tratamento a fibra
apresentou, uma densidade de 1,334 ± 0,0056 g/cm3, um diâmetro de 0,15 ± 0,03 mm, uma tensão
máxima de 374,66 ± 49,47 MPa e um módulo de elasticidade de 13267,85 ± 4471,34 MPa.
Os ensaios também mostraram que o tratamento alcalino pode ser utilizado para aumentar as
propriedades mecânicas do compósito, visto que os compósitos unidirecionais confeccionados com sisal
tratados com 5% e 8% de NaOH apresentaram limite de resistência a tração e módulo de elasticidade
maiores que o compósito com fibras sem tratamento, novamente o tratamento químico com 8% foi o mais 141
eficiente na mudança dessas grandezas, apresentando uma tensão máxima de 73,41 ± 4,89 MPa e um
módulo de elasticidade de 4823,63 ± 168,84 MPa. Provavelmente essa mudança de propriedades ocorreu
devido a melhoria das propriedades do sisal e da adesão entre fibra e matriz provocada pelo tratamento
alcalino.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

REFERÊNCIAS
[1] LEVY NETO, Flamínio; PARDINI, Luiz Cláudio. Compósitos estruturais: ciência e tecnologia. 1.ed. São Paulo:
Editora Edgard Blucher. 2006. 313 p.
[2] MARINUCCI, Gerson. Materiais Compósitos Poliméricos:Fundamentos e Tecnologia. 1. ed. São Paulo: Arliber
Editora, 2011. 333p .
[3] MOTHÉ, C. G.; ARAUJO, C. R. DE. Caracterização térmica e mecânica de compósitos de poliuretano com fibras
de Curauá. Polímeros, v. 14, p. 274–278, 2004.
[4] MONTEIRO, S. N.; CALADO, V.; RODRIGUEZ, R. J. S.; MARGEM, F. M. Thermogravimetric behavior of natural
fibers reinforced polymer composites-An overview. Materials Science and Engineering A, v. 557, p. 17–28, 2012.
[5] KALIA, S.; KAITH, B.S; KAUR, I. Pretreatments of Natural Fibers and their Application as Reinforcing Material
in Polymer Composites—A Review Susheel. Polym Eng Sci, v. 47, p. 21–25, 2009.
[6] JOSEPH, K.; THOMAS, S.; PAVITHRAN, C. Effect of chemical treatment on the tensile properties of short sisal
fibre-reinforced polyethylene composites. Polymer, v. 37, n. 23, p. 5139–5149, 1996.
[7] ORUE, A.; JAUREGI, A.; UNSUAIN, U.; et al. The effect of alkaline and silane treatments on mechanical
properties and breakage of sisal fibers and poly(lactic acid)/sisal fiber composites. Composites Part A: Applied Science
and Manufacturing, v. 84, p. 186–195, 2016. Elsevier Ltd.
[8] PIRES, E. N.; MERLINI, C.; AL-QURESHI, H. A.; SALMÓRIA, G. V.; BARRA, G. M. O. Efeito do tratamento alcalino
de fibras de juta no comportamento mecânico de compósitos de matriz epóxi. Polímeros, v. 22, n. ahead, p. 00–00,
2012.
[9] ASTM D3800-99, Standard Test Method for Density of High-Modulus Fibers, ASTM International, West
Conshohocken, PA, 1999.
[10] ASTM D792-13, Standard Test Methods for Density and Specific Gravity (Relative Density) of Plastics by
Displacement, ASTM International, West Conshohocken, PA, 2013.
[11] ASTM D3822 / D3822M-14, Standard Test Method for Tensile Properties of Single Textile Fibers, ASTM
International, West Conshohocken, PA, 2014.
[12] ASTM D3039 / D3039M-14, Standard Test Method for Tensile Properties of Polymer Matrix Composite
Materials, ASTM International, West Conshohocken, PA, 2014.

142
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 17
Análise de ensaios de tração em amostras de latão,
aço SAE 1020 e aço SAE 1010
Matheus Ben-Hur Ramirez Sapucaia
Francisco Mikael Alves da Silva

Resumo: Esse texto rasa nas frações de aulas-relatório acerca do ensaio de tração com
amostras diversas, é visto que, pode-se ressaltar outras características no material, à luz
de ductilidade, tenacidade e resistência mecânica em ambiente elástico, ainda o
desempenho plotado via gráfico “tensão x deformação” muito debatido. Logo, são
apresentados os resultados extraídos do software da máquina EQTB-100 durante teste
de tração, além disso, o processo tolera comparação analítica entre gráficos “σ x ε" dos
ensaios, relaciona-se usinagem nas amostras conforme NBR ISO 6892-1 terem análises
achadas ao longo dos ensaios, a saber, têm fins de compreender nos ensaios de tração,
nas propriedades observadas agendam ilações, avanços e emprego de artefatos do setor
produtivo, embora avaliar materiais metálicos contra não metálicos de natureza elástica
bem análogas faz importância balanço dentre efeitos no aço carbono ABNT 1010L e
1020L versus liga Cu-Zn (Latão), o grosso modo foca na estrutura e composição
macroscópica.

Palavras-chave: Ensaio de tração, Gráficos “ x  ", Propriedades de materiais.

143
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1. INTRODUÇÃO
Com frequência os ensaios de tração são utilizados para determinar a curva “σ/tensão x ε/deformação”
obtendo as medições das propriedades de resistência à tração, módulo de elasticidade, tensão do
escoamento, tensão na ruptura, deformação no escoamento, deformação na ruptura, etc. Essas
propriedades são importantes no controle e especificação de materiais elásticos nas pesquisas do
desenvolvimento de um produto. O ensaio é realizado nos corpos de prova, filmes, peças de produtos. E
certamente, algumas normas técnicas utilizadas sobressaem-se: ASTM D638; ASTM D412; ISO 527(1-4)
para materiais plásticos. Em vista dos diversos tipos de materiais com atributos que os mesmos oferecem,
há várias formas de se conhecer propriedades, composições, estruturas e as resistências envoltas que
avultam nos materiais, assim um dos aspectos é pelo ensaio de tração (4). Visto que, o ensaio de tração
bem como o ensaio mecânico, são considerado muito frequentes dentre bons ensaios visando uma relação
do “custo x benefício”, uma vez que seu custo efetivo tomadas nas devidas condições de exigências, pode
ser bem mais baixo que outros ensaios de mesmo cunho.(1) Além disso, um ensaio de tração traz usual
utilização em artes de engenharias, nos fins de obterem as informações básicas sobre propriedades nos
materiais.(2) No ensaio o corpo de prova é usinado (5-7), aparente traz desiguais geometrias, sendo
submetido à aplicação de uma carga uniaxial crescente, donde são obtidas informações simultâneas sobre
seu desempenho durante o tempo de ensaio, do qual o produto de ensaio gera uma curva “tensão versus
deformação” com auxílio de um software é mostrado analogia na Figura (1).

Figura (1). Analogias da curva “σ x ε” no ensaio de tração via software.

Nesta linha de raciocínio, são retirados as porções de regiões sadias nas barras circulares, quadradas ou
mesmo prismáticas retangulares, é diretamente da peça que se deseja ensaiar, mesmo que o ensaio possa
ser realizado absolutamente na fração do próprio material tido homogêneo, larga na sua classificação,
qualidades e designe da amostra ser ancorado nas especificações diversas normas técnicas nacionais e
internacionais, ABNT, ASTM, SAE, DIN e ISO, por exemplo, uma panorâmica do modelo de amostra para
ruptura no ensaio de tração faz instrução na Figura (2).

Figura (2). Panorâmica das amostras para atuarem no ensaio de tração.

144
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Um estudo bem delineado sobre ensaios mecânicos aborda os maquinários e acessórios da metodologia
conforme uma sequência de testes é apresentada na figura (3), aonde fazem-se as devidas análises para
evitar falhas (3), os ensaios de tração podem ser atingidos numa parte ou em toda massa do próprio
material.

Figura (3). Maquinas e acessórios agregados em laboratório de ensaios disponíveis na execução do ensaio
de tração.

Contudo, alusões de ensaios em materiais desiguais têm-se o alvo de verificar propriedades intrínsecas
nesses materiais, bem como, os diferentes procedimentos entre metais e ligas (monolíticos, ferrosas, não-
ferrosas, termoplásticos e ou cerâmicos) respectivamente, podem conter dados análogos aos materiais de
marcas já consolidados no segmento metalomecânico, isto quando eles toleram uma determinada tensão
limite na aptidão das amostras suportarem os esforços, no teste excede a compreender o momento da
estricção indo até a fratura da ruptura numa amostra ensaiada. Contudo, o contexto dos efeitos de testes
se cruzam, a saber, resume nos termos da energia de impactada na ocasião em artes com trabalhos
severos, vê-se bastante interesse em conhecer se um material atende performance dúctil e ou frágil numa
transição concorrente, na qual insere três modos de gradiente (Δt), em ambiente gelado a -10 °C,
mediador a 23°C e, no quente a 100°C, é o ideal testar, bem como, força máxima e as tensões máxima que
uma amostra pode suportar (4; 8). Dessa forma, mira o método em ajudar os acadêmicos entenderem
melhor o conteúdo de resistência ministrado na sala e, ainda há aplicação de forma prática no laboratório
de ensaios DPI/CMC-IFAM, no grosso modo açoda em decorrências com energia, zonas, forças, limites,
estricção e resistências que são plotados em gráficos dão margem na opção em prol do uso de boa fatia
dos materiais na manufatura (9-10).

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Todavia, vários materiais acatam efeitos de tabelas nas condições elásticas da Lei de Hooke é ajeitada na
Equação (A), usa-se input de dados teóricos na checagem Excel.
145
𝜎 = 𝛦𝜀 Eq. (A)

Este estudo, trata-se de análises obtidas nos ensaios de tração, nesse fim emprega os maquinários atuais e
amostras de materiais desiguais traz design (11) na Figura (4).
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura (4). Concepção do designe padrão para amostras nos ensaios de tração.

O modo nos materiais selecionados para avaliações plota-se gráfico de tensão versus deformação, nos
quais vão sofrer interpretações conforme traz exemplo bem frequente na figura (5), é indicado nas críticas
de ligas metálicas dúcteis ferrosa e não ferrosa.

Figura (5). Sistemática para interpretar variáveis no gráfico “𝜎 𝑥 𝜀” dos ensaios com amostras de aço e
ligas de alumínio (fonte: adaptação aula USP, 2018).

É dentre quais tolera o mesmo rigor da transformação de artes do setor metalomecânico, é aplicado nas
amostras metálicas e na de Cu-Zn (latão), sobrepõem também liga de aço ABNT 1010L e 1020L em fração
percentual de carbono, mostram-se o rol de propriedades básicas na Tabela (1).

Tabela (1). Propriedades típicas nos materiais de amostras no ensaio de tração.


Propriedades medidas
Material σe E Et ʋ HB
(MPa) (GPa) (GPa) (Poisson) (N/mm2)
Aço ABNT 1010L-
125 - 250 205 83 0,30 90 - 115
1020L
Liga Cu-Zn (latão) 330 - 580 97 37 0,34 120
Fonte: Shockmetais [4;8]

A modelação das amostras é por usinagem e aplica-se norma ABNT NBR ISSO 6892-1/2013 (11). A
sistemática de fabricação do corpo de prova é por torneamento. De derradeiro descreve que configura
146
haver operações manuais e o corte da barra numa serra elétrica, e na preparação da peça bruta a
usinagem usa torno ROMI junta-se ao ferramental de corte de metal duro WC-Co. Agrega o maquinário e
acessórios para ensaio de tração, considera os alvos nas múltiplas comparações com dados de tabela dos
fabricantes já bem sólidos no mercado é o que justifica alinhar hipóteses esperadas contra decorrências de
ensaios de tração traz execuções de tarefas práticas do projeto.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De início os dados foram efetuados e as medidas com instrumentos metrológicos, isto antecede ao ensaio
de tração estão apresentados um rol na Tabela (2).

Tabela 2. Medições iniciais nas amostras antes de realizar o ensaio de tração.


Material Secção Li (mm) ∅_𝒊 (mm) 𝑨_𝒕 (𝒎𝒎𝟐 )
Aço Carbono 1020 Circular 167 8 201,06
Aço Carbono 1010 Retangular 157 --------- 32,4
Latão Circular 175 8 201,06

Aços com baixo teor de carbono e as ligas de latão e bronze sofre grande deformações antes da ruptura,
em alguns metais como alumínio não têm região de escoamento constantes e nem tensão “σe” bem
definida. Consiste na aplicação de uma força, cuja deformação segue mediante a direção que o esforço está
sendo aplicado, gerando assim uma pressão na peça conforme adaptação na sequência na sistemática do
método de ensaio de tração visita a Figura (6).

Figura (6). Amostras empregadas nos ensaios de tração.

Quando a força tende ao alongamento, pode-se estabelecer relações de tensão e deformação resultantes,
bem como a formação do diagrama “σ x ε”. Insere uso de extensômetro modelo EQTB-100 no ensaio de
tração dos materiais. Definição das variáveis: 𝐿𝑖/comprimento inicial; ∅𝑖/diâmetro inicial; 𝐴𝑡/área
transversal. Os resultados dos ensaios de tração são fornecidos pelo computador acoplado à máquina de
tração, que disponibiliza amplitude das cargas, forças e tensões que irão ser aplicadas no material a ser
testado. Depende do material, logo exige que se use uma determinada garra ou castanha, para prender o
material e submetê-lo aos esforços. De acordo com os dados obtidos, entender-se-á se o tipo de fratura é
frágil ou dúctil ao limite de deformação e o módulo de elasticidade. Segundo Ensaios Mecânicos e Análises
de Falhas (3), é importante observar a excentricidade da aplicação das cargas nos ensaios de tração, pois,
ao colocar o corpo de prova nas garras, ele pode ficar desalinhado, causando uma não uniformidade das
tensões. Outro cuidado é a velocidade da aplicação da carga: uma maior rapidez produz aumento da
resistência e diminuição da ductilidade. Segundo Ensaios Mecânicos e Análises de Falhas (2011), o módulo
de elasticidade dependente das forças interatômicas e, embora variando com o tipo de ligação atômica,
não é sensível a modificações estruturais. Assim, por exemplo, ele pode ser achado na figura (7) ao 147
analisar a tensão aplicada e a deformação elástica que é mostrada no gráfico, se num determinado tipo de
aço, a resistência mecânica pode aumentar apreciavelmente por fatores que afetem sua estrutura, como
tratamentos térmicos ou pequenas adições de elementos de liga, fatores praticamente não influem no
módulo de elasticidade do material. Sendo:  = ΔL/Li; = Deformação linear específica ou deformação
permanente; Li = comprimento inicial/original (antes da aplicação da carga); ΔL = variação do
Engenharia no Século XXI – Volume 7

comprimento, (ou seja, 𝐿𝑓 - 𝐿𝑖 ). Pelo gráfico de tensão-deformação mostrado na figura (8) podemos
calcular o módulo de elasticidade ou módulo de Young, que nos proporciona o intervalo de elasticidade do
material, garantindo que até o ponto máximo do limite de elasticidade, a peça ainda poderá voltar ao
comprimento inicial. Sendo: E = /; E/módulo de elasticidade; /tensão aplicada; /deformação linear
específica ou deformação permanente. Após ultrapassar o limite de elasticidade do gráfico, toda a
deformação que o material sofrer se tornará permanente, o material irá começar a escoar de forma
irreversível a seu comprimento e área transversal. Segundo Ensaios Mecânicos e Análises de Falhas (2)
materiais com maior ductilidade, aços carbonos de baixo teor de carbono, nos ensaios de tração,
apresentam o fenômeno chamado: escoamento, que serve para definir bem o início da fase plástica.

Figura (7). (a) Plotagem de gráfico “tensão x deformação” do aço carbono 1010L, (b) Ruptura no aço
carbono 1010L após o limite de ruptura e a sua fratura.

(a) (b)

Figura (8). Gráfico de tensão-deformação do Aço Carbono 1020.

Na Figura (9), observa-se que no momento que o material sofre a fratura ou quebra de sua estrutura,
significa que o limite de tensão do material foi ultrapassado, dessa forma podemos conhecer o quanto de
esforço o material suporta e qual a força necessária para parti-lo. No momento que ocorre a fratura, pode-
se perceber no gráfico de tensão-deformação os pontos onde há tensão de ruptura, o limite de resistência
e a variação dos pontos de estricção. O ensaio de tração do qual as peças foram submetidas, baseou-se em
aplicar uma força na qual deformaria a peça até consequentemente causar sua ruptura ou quebra. todo o
processo gera dados pelo computador, que acoplado à máquina, fornece diversas informações a respeito 148
do material. Dessa forma, foi aplicada uma força de 2039,5 kgf a uma velocidade de 5mm por minuto.
Geraram os respectivos resultados no rol da Tabela (3). Partindo da comparação das tabelas e dos gráficos
apresentados, podem-se perceber as mudanças que as amostras sofreram em seu diâmetro, área e
comprimento. Ou seja, com a aplicação da força, tivemos o aumento da tensão, do comprimento e da
deformação. Além de tabelar quais são a força máxima e tensão máxima o material pode suportar,
analisando seus respectivos gráficos de tensão-deformação.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura (9). a) gráfico de força-deformação do Latão em relação à força b) gráfico de tensão deformação do
Latão em relação à tensão.

(a) (b)
Tabela (3). Rol das medidas obtidas das amostras após os ensaios de tração.
𝜟𝑳 𝑨𝒕 𝑭𝒎á𝒙 𝝉𝒎á𝒙 
Material ∅𝒇
(mm) (mm2) (kgf) (kgf/mm2) (mm)
Aço Carbono 1020L 2 86,59 2,75 2941,8813 58.5317 0,0012
Aço Carbono 1010L 26 13,16 ------- 1402,1098 43.8478 0,1656
Latão 9,7 141, 026 6,70 2251,5334 44.7655 0,0554

Após o surgimento da estricção e posteriormente da ruptura, os materiais foram analisados para


comparar se sua natureza é dúctil ou frágil, já que após a quebra o tipo de fratura pode revelar a natureza
das propriedades mecânica do material. Na Figura (10), pode-se perceber que o aço carbono ABNT 1020L,
1010L e o Latão continham natureza dúctil, logo sua fratura corresponde ao designe da literatura sobre
micrografia de trincas em região da redução de área na superfície de estricção.

Figura (10). Macrografias das fraturas nas amostras do ensaio de tração.

149
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4. CONSIDERAÇÕES
O ensaio de tração proporciona o entendimento de diversos conceitos das estruturas contra composição
dentro de um contexto da resistência dos materiais, possibilitando assim a compreensão das propriedades
mecânicas nas distintas amostras utilizadas em ensaios de tração, ou mesmo como ferramenta de crítica
no comportamento dos materiais, no que diz respeito às forças e tensões das quais são aplicadas numa
rede interna das artes. Além disso, foram alcançados por cálculos imputando dados de resistências em
fórmulas e softwares que norteiam bom argumento aos ensaios de tração, poís enfoca achar o módulo de
elasticidade, as tensões e a deformação, a saber, devam-se compreender nas relações matemáticas as
unidades medidas ou trabalhadas, sendo dados importantes são achadas nos ensaios de estudos
impregnados numa sala de aula. Faltava esse entendimento teórico com observação prática executadas no
laboratório RM-I/CMC-IFAM a decorrência no teste proporciona o acordo máximo acerca dos estudos de
resistência nos materiais, estrutura e seu comportamento severo. À luz das análises, o ensaio de tração
resulta em apresentar um balanço dentre díspares materiais nosso caso consolida em aprendizagem na
fase acadêmica.

AGRADECIMENTOS
Aos Srs. Serique e André ambos laboratoristas na área de usinagem e de ensaios ao Prof. Msc. Cristóvão A.
F. de Castro, todos residentes no curso de engenharia mecânica do DPI/CMC-IFAM.

REFERÊNCIAS
[1] Nery, F. V., 2012, “Avaliação de Danos via Ensaio de Tração do Aço Inoxidável Ferrítico AISI 444”. Trabalho
de Conclusão de Curso em Engenharia Metalúrgica, Escola de Minas-Departamento de Engenharia Metalúrgica e de
Materiais, Universidade Federal de Ouro Preto.
[2] Neto, R. M. L., 2013, “Ensaio de Tração”. IEM-Instituto de Engenharia Mecânica, LEN-Laboratório de Ensaios
Destrutivos e Não-Destrutivos, Universidade Federal de Itajubá.
[3] Zolin, I., 2011, “Ensaios Mecânicos e Análises de Falhas”. Colégio Técnico Industrial, Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul.
[4] W.D.J. Callister (2002) “Ciências e Engenharia de Materiais”: Uma Introdução, 5a ed., Rio de Janeiro-RJ,
Editora LTC.
[5] Ferraresi, Dino. Fundamentos da Usinagem dos Metais. São Paulo: Edgard Blücher. São Paulo 1995, p. 151.
[6] Stemmer, C. E., Ferramentas de Corte II: brocas, alargadores, ferramentas de roscar, fresas, brochas, rebolos e
abrasives. 2ª ed. Florianópolis. Ed. da UFSC, 1995.
[7] Oliveira, C. A. M., Apostila plano RM-I – “Ensaios em Materiais uma Panorâmica”. CMC-IFAM. Manaus-AM.
Edição 2017.
[8] Labmor <http://labmor.com.br/pt-br/labmor.php> site de empresa especialista em testes diversos
divulgado em vias de internet com acesso de 23.08.2018.
[9] Castro, Filipe Ribeiro de,. Avaliação do Comportamento Mecânico e Tenacidade a Fratura do Aço. SAE/AISI
4140 Submetido a Tratamento Térmico Criogênico. Dissertação de Mestrado. UENF-Campos dos Goytacazes, 2013.
[10] Lima, Toni Roger Schifelbain de,. Desenvolvimento de Metodologia para Determinação de Curvas de
Resistência à Fratura de Materiais Elasto-Plásticos pela Análise do Campo Deformacional à Frente da Ponta da Trinca.
Tese de Doutorado. PPGE3M-UFRS. Porto Alegre 2011.
[11] ABNT NBR ISO 6892-1. 2013. Norma da Amostra no Ensaio de Tração.

150
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 18
Comparação no comportamento a tração obtidos
pelas normas ASTM D3039 e D638 para poliéster
reforçada por fibras de juta de 5,0 mm e de 15,0 mm
Heider Christian M. Monteiro
Gleidson Silva Figueiredo
Rubens Ferreira Vieira Junior
Herivaldo Pascoal da Silva Filho
Kamila da Silva Pompeu
Gabriel Melo Nascimento
Domingos Sávio Tavares Mendes Júnior

Resumo: Este trabalho apresenta os estudos de comparação de materiais compósitos de


fibras de juta de 5,0 mm e 15,0 mm e resina poliéster nas normas ASTM D3039 e D638.
A fibra de juta é encontrada com facilidade na região metropolitana de Belém, a partir do
estudo da mesma, foi comprovado que sua utilização é viável na confecção de
compósitos. Iniciou-se a fabricação do compósito sem nenhum tratamento prévio nas
fibras. Foram fabricados os corpos de prova nas normas ASTM D3039 e D638 para
ambos os comprimentos, com resina poliéster, sendo adicionado catalisador para
acelerar o processo de cura dos mesmos. Após posterior confecção dos corpos de prova,
os mesmos passaram por processos de adequação as normas sendo encaminhados para
o ensaio de tração, para análise de suas propriedades mecânicas e os seus resultados
discutidos no decorrer do artigo.

Palavras-chave: Fibras naturais, propriedades mecânicas, comparação.

151
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
Os materiais compósitos vêm sendo usados há muito tempo, se sabe que os egípcios o utilizavam na
fabricação de casas onde eram misturadas argila e raízes de arvores como reforço para construção.
Atualmente, são utilizados na construção civil como é caso do concreto que é um material compósito
formado por cimento e seixo. Neste simples exemplo se pode perceber a evolução dos materiais e a
importância que tem para a sociedade, a partir disso se faz necessário o estudo de novos materiais.
(SHACKELFORD, J. F., 2008) (1)
Materiais compósitos são materiais que agregam propriedades desejáveis em um único material, sendo
que estas encontram-se isoladas em materiais distintos. Esta junção de materiais ou propriedades
acontece através da união dos materiais, que possuem a característica desejada. Eles se dividem
basicamente em dois componentes: a matriz e o reforço. A matriz pode ser cerâmica, metálica ou
polimérica, ela é responsável por proteger o reforço e distribuir igualmente a carga aplicada ao compósito.
O reforço é responsável por conferir ao material, propriedades mecânicas como tenacidade e rigidez. A
matriz poliéster que será usada como matriz neste trabalho, por ser versátil, de baixo custo, durável e leve
consegue uma boa interação com as fibras naturais, que será usada como reforço, ela é largamente
utilizada como matriz em compósitos ecológicos, o que justifica a sua utilização.
A fabricação de compósitos naturais é composta de vários passos, que determinam o método a ser
utilizado e os tipos de materiais escolhidos de acordo com o resultado final que se deseja alcançar. A fibra
de juta, também de baixo custo, confere ao compósito boas propriedades como flexibilidade e resistência,
além do que, é uma fonte de renda para pequenos produtores da planta. Posteriormente, faz- se necessário
testar o produto final, isto é, determinar as propriedades mecânicas do compósito. A norma ASTM D638 e
ASTM D3039, são normas comumente utilizadas nos ensaios de tração mecânica, ela rege a espessura,
comprimento e largura dos corpos de prova e determina a maneira com que serão tracionados, tudo isso
para simular possíveis esforços que o compósito irá sofrer na sua utilização.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 FIBRAS DE JUTAS E SUAS PROPRIEDADES:
Dentre as fibras naturais com potencial de aplicação, destaca-se a juta (Corchorus capsularis), cultivada
em climas úmidos e tropicais na região norte do país, que produz uma fibra de alta resistência, que quando
misturada a polímeros, pode dar origem a produtos com menor densidade, podendo apresentar grandes
aplicações (Neto et al, 2007)(2)., e sendo composta de 58%-63% de celulose, 21%-24% de hemicelulose,
12%-14% de lignina.

2.2 MATRIZ POLIÉSTER


A matriz utilizada no desenvolvimento do compósito foi a resina poliéster tereftálica insaturada, fabricada
pela Royal Polímeros sob a denominação comercial de Denverpoly 754. O agente de cura utilizado foi o
peróxido de MEK (Butanox M-50), nas proporções de 0,33% (v/v).

Figura 1: Catalisador peróxido de MEK (butanox m 50), e resina de poliéster tereftálica sem pré-
aceleração.

152
Engenharia no Século XXI – Volume 7

2.3 FABRICAÇÃO DO COMPÓSITO FIBRA DE JUTA DE 5,0 MM E 15,0 MM NA NORMA ASTM D638:
Para a fabricação do material compósito utilizou-se resina poliéster, fibra de juta de 5 mm e 15 mm,
desmoldante sólido e moldes de silicone pré-fabricados na dimensão da norma. Na fabricação dos corpos
de prova na norma ASTM D638 utilizou-se os seguintes métodos: Pesagem da quantidade de fibra de juta
adequada ao molde de silicone; os moldes de silicones da Norma ASTM D638 são capazes de produzir
quatro corpos de prova.

Figura 2: Fibra de juta com base no volume de corpo de prova.

Figura 3: Forma de silicone com moldes atendendo a norma ASTM D638.

Foram produzidos dois moldes, no caso quatro corpos de prova para cada fibra. Para a fabricação do
material, utilizou-se o total de fibra de juta de 5,0 mm e 15,0 mm adicionado a 61,5 g de resina poliéster
tereftálica sem pré-aceleração com adição de 0,15 g de catalisador peróxido de MEK (butanox m 50). O
catalisador foi utilizado como agente de cura.
As fibras foram dispostas de forma aleatória dentro do molde, facilitando assim sua dispersão dentro da
resina. A fração mássica apresentada para as fibras de 5 mm foram de 6,7% e para jutas de 15,0 mm de
7,95%. Após a coleta dos dados e pesagem da quantidade de resina e fibra, foi realizada a mistura dos
componentes para a fabricação do compósito, logo em seguida dispersou-se nos moldes de silicone o
compósito já misturado que posteriormente se tornará o corpo de prova na norma ASTM D638.
Figura 4: Mistura dos componentes do compósito fibra de juta 5,0 mm.

153
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 5: Mistura dos componentes do compósito fibra de juta 15,0 mm.

Figura 6: Moldes de silicone preenchido com compósito fibra de juta 5,0 mm.

Figura 7: Moldes de silicone preenchido com compósito fibra de juta 15,0 mm.

Os corpos de prova após desmoldados têm dimensões e superfícies irregulares, para solução desse
problema é necessário o processo de lixamento para posteriormente serem marcados e submetidos ao
ensaio mecânico.

Figura 8: Corpos de prova de juta de 5,0 mm antes e depois do lixamento.

154
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 9: Corpos de prova de juta 15,0 mm antes e depois do lixamento.

2.4 FABRICAÇÃO DE COMPÓSITO DE FIBRA DE JUTA DE 5,0 MM E 15,0 MM NA NORMA ASTM D3039:
A fabricação dos corpos de prova na norma ASTM D3039, foi realizada através do vazamento da mistura
de resina e fibra de juta 5,0 mm e 15,0 mm, com a mesma fração mássica utilizada para a norma ASTM
D638, no caso Fm = 6,7% para Jutas 5,0 mm e Fm = 7,95% para Jutas 15,0 mm em moldes retangulares de
250x200 mm, e espessura de 2,5 mm, garantida por uma prensa hidráulica. Para a mistura utilizou- se os
seguintes valores de matriz e reforço, matriz (resina poliéster): 240,5 g; reforço: (fibras de juta de 5 mm):
16,5 g; (fibra de juta de 15 mm): 20,85 g.

Figura 10: Molde retangular medindo 25x20 cm e balança de precisão.

Figura 11: Quantidade de reforço e matriz pesada.

Após os preparativos iniciais, os materiais foram misturados, formando assim o compósito


Figura 12: Mistura de matriz e reforço jutas de 5,0 mm e 15,0 mm.

155
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Logo em seguida vazou-se a mistura no molde já preparado, contendo as especificações pré-determinadas


pela norma ASTM D3039.

Figura 13: Molde preenchido pelo compósito de fibra de juta de 5,0 mm e 15,0 mm.

Após o tempo de cura que leva em média 24 horas, retiraram-se dos moldes as placas, as mesmas
apresentando as seguintes formas:

Figura 14: Placas de Juta 5,0 mm e 15,0 mm medindo 25x20 cm.

Após sete dias de cura, depois de desmoldadas, as placas foram lixadas e posteriormente cortadas para se
enquadrarem nas recomendações da norma ASTM D3039, para posterior ensaio mecânico.

Figura 15: Dimensões do Corpo de prova.

Figura 16: Processo de lixamento das placas.

156
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 17: Processo de corte das placas.

Figura 18: Placas de juta 5 mm e 15,0 mm após o corte.

3 RESULTADOS
A caracterização das propriedades dos materiais compósitos não é uma tarefa simples. A primeira questão
que surge é como aplicar os métodos padrões, desenvolvidos para materiais homogêneos, aos materiais
compósitos. Este é especialmente o caso das propriedades locais, como os parâmetros de resistência ao
impacto e tenacidade à fratura (SILVA, 2003)(3). Os corpos de prova foram ensaiados e apresentaram os
seguintes resultados:
O ensaio de tração foi realizado seguindo os procedimentos recomendados pela norma ASTM D3822, em
uma Máquina Universal de Ensaio (MUE) da marca Emic.
Avaliação do comportamento mecânico em tração dos materiais compósitos com fibras de juta de 5,0 mm
e 15,0 mm de acordo com a norma ASTM D638:
Resultados apresentados para Poliéster + Juta (5,0 mm):

Tabela 1: Propriedades do compósito com fibras de juta de 5,0 mm e matriz poliéster.


Tensão Deslocame. Mod.
Força (N)
(Mpa) (mm) Elast
Média 517,92 17,59 4,15 230,56
Desvio
138,15 4,69 0,40 118,90
Padrão

Figura 19: Compósito de poliéster e fibras de juta de 5,0 mm.

157
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Resultados apresentados para Poliéster + Juta (15,0 mm):

Tabela 2: Propriedades do compósito com fibras de juta de 15,0 mm e matriz poliéster.


Tensão Deslocame. Mod.
Força (N)
(Mpa) (mm) Elast.
Média 623,35 21,17 4,76 210,21
Desvio Padrão 189,12 6,42 0,42 98,12

Figura 20: Compósito de poliéster e fibras de juta de 15,0 mm.

Avaliação do comportamento mecânico em tração dos materiais compósitos com fibras de juta de 5,0 mm
e 15,0 mm de acordo com a norma ASTM D3039:
Resultados apresentados para Poliéster + Juta (5,00 mm):

Tabela 3: Propriedades do compósito com fibras de juta de 5,0 mm e matriz poliéster.


Tensão Deslocame. Mod.
Força (N)
(Mpa) (mm) Elast.
Média 1015,00 16,24 3,71 536,12
Desvio Padrão 79,75 1,28 0,29 112,07

Figura 21: Compósito de poliéster e fibras de juta de 5,0 mm.

Resultados apresentados para Poliéster + Juta (15,00 mm):

Tabela 4: Tabela com as propriedades mecânicas do compósito fibras de juta 15,0 mm e matriz poliéster.
Tensão Deslocame. Mod.
Força (N)
(Mpa) (mm0 Elast.
Média 1300,00 18,24 4,71 631,12
Desvio Padrão 100,00 2,28 0,70 140,07 158
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 22: Compósito de poliéster e fibras de juta de 5,0 mm.

Comparação entre o comportamento mecânico em tração dos materiais compósitos em relação às Normas
ASTM D3039 e D638:
Os corpos de prova foram ensaiados até sua fratura, os dados de saída e as seguintes propriedades
mecânicas foram analisadas: força, tensão, deslocamento e módulo de elasticidade. Após comparação
desses resultados, podemos observar que a fibra de juta de 15,0 mm apresentou desempenho melhor para
resistência mecânica em ambas as normas ensaiadas. Com o aumento do comprimento das fibras, o efeito
de reforço foi mais efetivo e a resistência do compósito aumentou. Os dados indicam quem a resistência do
compósito produzido aumentou com o aumento do comprimento da fibra, confirmando o que tem sido
reportado por outros pesquisadores.
Nos compósitos com fibras curtas, a maior concentração de tensão ao longo da interface fibra/matriz
ocorre nas extremidades das fibras e quanto menor o comprimento das fibras, maior o número destas
extremidades, o que acarreta depreciação das propriedades mecânicas de tração do compósito (SILVA,
2003)(3).
De modo geral a resistência mecânica na norma ASTM D3039 apresentou resultados melhores, devido ao
fato da mesma ser referência para compósitos de alta precisão, enquanto que a ASTM D638 é voltada para
análise de pequenos resultados.

4 CONCLUSÃO
A utilização de fibras naturais em materiais compósitos representa uma nova forma de reutilização de
matéria prima que outrora estaria sendo desperdiçada. A fibra de juta, utilizada como reforço neste
projeto, em especial, apresentou bons desempenhos no processo de fabricação, utilizada em natura, sem
tratamentos, mostrou ser possível sua fabricação em processo de laminação manual sem prejuízos para
seu desempenho mecânico. Os ensaios de tração demonstraram que ocorre variação entre os valores
obtidos em cada propriedade mecânica de acordo com o tamanho de fibras e norma utilizada. De modo
geral os compósitos de fibra de juta e matriz poliéster apresentaram bons desempenhos mecânicos
comparados aos valores de matriz pura, comprovando que a sua utilização é viável na fabricação de
compósitos.

REFERÊNCIAS
[1] SHACKELFORD, J. F. - Ciência dos materiais. 6ª ed. Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2008.
[2] NETO, J. R. A., CARVALHO, L. H., ARAÚJO, E. M. (2007) “Influência da Adição de uma Carga Nanoparticulada
no Desempenho de Compósitos Poliuretano/Fibra de Juta”, Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 17, nº 1, p. 10-15.
[3] SILVA, R. V. Compósito de Resina Poliuretano Derivada de Óleo de Mamona e Fibras Vegetais. 2003. 157 f.
Tese (Doutorado em Ciência e Engenharia dos Materiais) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
[4] RODRIGUES, J.S., Comportamento mecânico de material compósito de matriz poliéster reforçado por sistema
híbrido fibras naturais e resíduos da indústria madeireira. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica).
Universidade Federal do Pará, Belém, 2008. 159
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 19
Estudo do potencial adsortivo de argila natural na
remoção de Cátions divalentes (Cd2+ e Ni2+) em solução
aquosa
Joseane Damasceno Mota
Rochelia Silva Souza Cunha
Luana Araújo de Oliveira
Patrícia Noemia Mota de Vasconcelos
Meiry Glaucia Freire Rodrigues

Resumo: A contínua necessidade de se controlar os níveis de poluentes emitidos pelas


indústrias vem sendo foco de diversas pesquisas com objetivos de desenvolver
processos que possibilitem a diminuição da concentração de contaminantes a níveis
toleráveis. Dessa maneira, se torna cada vez maior a preocupação da população e dos
órgãos ambientais com relação a contaminação de água por metais pesados
provenientes de efluentes industriais. Assim, este trabalho visa estudar o potencial das
principais propriedades da argila natural Brasgel, no intuito de utilizá-la na remoção de
cátions divalentes de cádmio e níquel de efluentes sintéticos. Uma vez que as argilas
apresentam boa capacidade de troca de cátions, seletividade e regenerabilidade e por
este motivo tem despertado interesse no uso como adsorvente. A argila foi submetida a
técnica de caracterização de difração de raios X. A difração de raios X permitiu informar
que a argila Brasgel é pertencente ao grupo das argilas esmectíticas de camadas
lamelares 2:1. Conforme ensaios de banho finito foi possível verificar que a argila
Brasgel, removeu praticamente 90% dos metais divalentes (cádmio e níquel). Dessa
forma, pode-se prever que a argila Brasgel pode ser utilizada como adsorvente para a
eliminação de metais pesados provenientes de efluentes contaminados, tornando-se um
material alternativo viável técnico e economicamente.
160

Palavras-chave: Adsorção; argila; metais pesados.


Engenharia no Século XXI – Volume 7

1.INTRODUÇÃO
O rápido crescimento da sociedade levou a um aumento significativo na demanda por água. No entanto,
existem efluentes industriais tremendamente impactantes sobre o ambiente. Por exemplo, a disposição de
águas poluídas tratadas inadequadamente pode causar contaminação do solo e de águas superficiais,
especialmente aquelas contendo metais pesados, o que provoca graves danos ambientais. Galvanoplastia,
bateria, placa de circuito impresso e metais de tratamento de revestimento de superfícies são as principais
fontes de águas contaminadas com metais pesados (CHENG et al., 2012).
É cada vez maior a preocupação da população e dos órgãos ambientais com a contaminação da água por
metais pesados provenientes de efluentes industriais. Em virtude dessa problemática, busca-se estudar e
desenvolver processos de remoção de metais pesados mais eficientes. Conhecidos por sua toxicidade, seu
vasto emprego e sua importância, alguns desses metais pesados são: níquel, cromo, cobre, chumbo,
manganês, mercúrio, cádmio, zinco, antimônio (MOTA et al., 2016).
O grupo das argilas esmectíticas (quando comercializáveis são também denominadas bentonitas) é
amplamente utilizado em vários setores como nas indústrias de perfuração de poços de petróleo,
produção de minérios de ferro e manganês, fundições, construção civil, papel, bebidas, farmacêutica,
tintas, vernizes e muitas outras (CIMINELLI, 2002).
A carga negativa sobre a estrutura de argilominerais é responsável pela argila capacidade de atrair íons de
metal (KURNIAVAN et al., 2006). É comprovado que a argila é um adsorvente eficaz para alguns metais
pesados, especialmente para o chumbo (NASEEM; TAHIR, 2001), cobre (EREN, 2008), cádmio (BARBIER
et al., 2000), zinco (KAYA; ÖREN, 2005) e níquel (BHATTACHARYYA; GUPTA, 2007).
Dessa maneira, o processo de adsorção vem se tornando o melhor método para remoção de metais
tóxicos, uma vez que atende efluentes com concentrações reduzidas de metais, tornando-se um processo
eficaz e satisfatório. Além das diversas opções de utilização e reutilização de adsorventes, podendo este
adsorvente possuir baixo custo, fator que pode aumentar ainda mais vantagem competitiva deste
processo.
No tratamento de sistemas aquosos para a remoção de contaminantes, vários tipos de carvão ativado têm
sido amplamente utilizados. Porém, os processos de remoção utilizando este adsorvente se tornam
onerosos, viabilizando a busca por processos alternativos e mais econômicos, tais como adsorção
utilizando argilas (VASCONCELOS, 2013). Assim, as argilas vêm surgindo como adsorventes de baixo
custo, isso pelo fato de possuir características físico-químicas favoráveis na remoção de poluentes
orgânicos e inorgânicos, além da ótima seletividade e regenerabilidade, motivos que vêm despertado
interesse no seu uso como adsorvente.
Portanto, este estudo, assim como outros trabalhos que vêm sendo desenvolvidos no Laboratório de
Desenvolvimento de Novos Materiais (LABNOV) (Lima, 2011; Lima et al., 2011; Mota et al., 2011;
Rodrigues, 2003; VASCONCELOS et al., 2013), visa estudar o potencial das principais propriedades da
argila natural Brasgel, no intuito de utilizá-la na remoção de cátions divalentes de cádmio e níquel
provenientes de efluentes sintéticos.

2.MATERIAIS E MÉTODOS
Neste trabalho foi utilizado a argila do tipo Brasgel, fornecida pela Empresa BENTONISA – Bentonita do
Nordeste S.A., situada no município de Boa Vista/PB. A mesma foi caracterizada por meio da técnica de
difração de raios X.

Difração de raios X (DRX)


Os dados foram coletados utilizando o método do pó empregando-se um difratômetro Shimadzu XRD-
6000 com radiação CuKα, tensão de 40 KV, corrente de 30 mA, tamanho do passo de 0,020 2θ e tempo por
passo de 1,000s, com velocidade de varredura de 2º(2θ)/min, com ângulo 2 percorrido de 5º a 50º. 161

Planejamento Experimental
Na realização deste trabalho foi usado o planejamento experimental fatorial, pois possibilita analisar os
efeitos de dois tipos de fatores no experimento. O objetivo foi verificar se existe efeito significativo entre a
Engenharia no Século XXI – Volume 7

concentração inicial e o pH, além das interações entre estes fatores, através da análise de variância –
ANOVA utilizando o Software Minitab 15.0 (Minitab, 2006). Foi adotado o planejamento fatorial 22 com
triplicata no ponto central. Os efeitos adotados foram concentração (10, 30 e 50 ppm) e pH (3, 4 e 5). A
matriz de entrada de dados e os sinais para os efeitos fatoriais estão apresentados na Tabela 1, totalizando
7 experimentos. A partir do planejamento, foi possível identificar as melhores respostas dos fatores.

Tabela 1: Matriz de ensaios do planejamento fatorial 22 incluindo o ponto central.


Nível do fator
Ensaio Fator Ci(ppm) Fator pH Nível do fator Ci (ppm)
pH
1 10 3 - -
2 50 3 + -
3 10 5 - +
4 50 5 + +
5 30 4 0 0
6 30 4 0 0
7 30 4 0 0

A triplicata do ponto central (0) permite obter uma estimativa independente do erro a ser obtido, ou seja,
não repercutem nas estimativas usuais dos efeitos em um planejamento fatorial 22 (Montgomery, 1996).

Preparação das soluções e ensaios de banho finito


As soluções de efluentes sintéticos foram preparadas a partir do reagente de nitrato de cádmio
tetrahidratado [Cd(NO3)2.4H2O] e nitrato de níquel hexahidratado (Ni(NO3)2.6H2O) nas concentrações 10,
30 e 50 mg.L-1. Para ajustar o pH das soluções para os respectivos valores estabelecidos (3, 4 e 5), foram
utilizadas soluções diluídas a 3% de ácido clorídrico (HCl) e hidróxido de sódio (NaOH).
Na Figura 1 está apresentado o fluxograma da preparação dos ensaios de banho finito, para remoção de
íons cádmio e níquel utilizando a argila Brasgel natural.

Figura 1. Fluxograma de ensaios de banho finito.

162
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Os ensaios de banho finito, constaram da dispersão de 0,5 g de argila Brasgel (Figura 2) em 50 mL dos
efluentes sintéticos com as concentrações de 10, 30 e 50 mg.L-1 e pH de 3, 4 e 5. O pH da solução foi
controlado a cada hora e com agitação constante de 200 rpm durante 5 horas utilizando o equipamento
shaker (Figura 3). Ao final deste período, foi realizada uma filtração e o filtrado seguiu para análise.

Figura 3. Equipamento shaker utilizado na


Figura 2. Argila Brasgel natural utilizada na
realização dos ensaios de banho finito.
remoção de metais pesados

A determinação da quantidade de metal foi analisada pelo método de espectrofotometria de absorção


atômica. Esta tecnologia foi usada por ser relativamente precisa rápida e ainda pelo fato de se utilizar
pequenas quantidades de amostra.
A percentagem de remoção (%Rem), bem como a capacidade de remoção foram obtidas através das
equações, 01 e 02, respectivamente:

C C 
% Re m   i  * 100
 (01)
 Ci 

em que:
%Rem é a percentagem de metal removido;
Ci é a concentração inicial (mg.L-1);
C é a concentração final (mg.L-1).

qeq 
V
m

Ci  Ceq  (02)

em que:
qeq é a capacidade de remoção no equilíbrio (mg de metal/g de adsorvente);
V é o volume do adsorbato (mL);
m é a massa de adsorvente (g); 163

Ceq é a concentração no equilíbrio (mg.L-1).


Engenharia no Século XXI – Volume 7

3.RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 4 está apresentado o difratograma de raios X da argila Brasgel natural utilizada neste estudo.

Figura 4. Difratograma de raios X da argila Brasgel natural.

O difratograma de raios X apresenta a composição mineralógica da argila Brasgel em que é possível


observar o aparecimento do pico a uma distância interplanar de (d=13,00 Å), que segundo Souza Santos
(1989) é característico do grupo da esmectita. Observou-se também a presença do quartzo, caracterizado
pelas distâncias interplanares de d=4,24 Å e d=3,34 Å (SOUZA SANTOS, 1989).
Na Tabela 2 estão apresentados os resultados de percentagem de remoção e capacidade de remoção para
o sistema de remoção dos íons de cádmio e níquel pela argila Brasgel natural.

Tabela 2: Resultados obtidos do planejamento experimental 22 + 3 pontos centrais para o sistema de


remoção de cádmio e níquel pela argila Brasgel natural.
Variáveis % Rem qeq (mg/g)
Cádmi
Ensaio Ci (mg/L) pH Cádmio Níquel Níquel
o
1 10 3 30,48 49,45 0,25 0,36
2 50 3 32,14 49,16 1,44 1,75
3 50 5 89,29 90,00 0,75 0,66
4 10 5 58,71 75,08 2,63 2,67
5 30 4 76,45 73,61 2,39 1,59
6 30 4 68,66 67,92 2,15 1,48
7 30 4 68,05 74,68 2,13 1,61

De acordo com as análises dos teores de cádmio e níquel (Tabela 2), verificou-se que os maiores
percentuais de remoção de cádmio e níquel foram nos ensaios 3, com percentuais de 89,29 % e 90 %, para
uma concentração inicial de 50 mg.L-1 e pH de 5. Enquanto que as melhores capacidades de remoção
foram alcançadas nos ensaios 4 com valores de 2,63 mg e 2,67 de metal/g de argila para os menores
valores de concentração de 10 (mg.L-1) e pH 5.
Neste estudo, observa-se os melhores resultados de percentagem de remoção (%Rem) e capacidade de
remoção (qeq) foram com os experimentos com valor de pH igual a 5. Nessa faixa de pH (3 – 5) os efeitos
164
de precipitação dos metais (Cd2+, Ni2+) em forma de hidróxidos são reduzidos, ou seja, a remoção se dá
potencialmente por adsorção (KAYA; ÖREN, 2005).
O pH, muitas vezes, tem uma forte influência sobre o grau de adsorção porque afeta a natureza do cátion
do metal pesado. Geralmente, o pH elevado favorece a adsorção através da produção de cátions hidroxilas
(JACKSON, 1998). Com o pH elevado também pode resultar em maior especificidade dos argilominerais
Engenharia no Século XXI – Volume 7

dos íons de metais pesados em relação aos íons de metais alcalino-terrosos, provavelmente por causa da
tendência muito maior dos íons de metais pesados para hidrolisar (McBRIDE, 1991).
Em resumo, pode-se dizer que as leis que regem a adsorção seletiva e liberação de íons de metais pesados
por argilas e argilominerais são tão numerosas e diversas que provavelmente, não pode ser reduzida a
uma fórmula preditiva universalmente aplicável (SWIFT; McLAREN, 1991). Além disso, o funcionamento
de tais fatores como a variabilidade inerente dos argilominerais, a influência da superfície, a variedade de
sítios de ligação superficiais, bem como a variabilidade das condições ambientais significa que existem
controvérsias entre os resultados experimentais de diversos investigadores (JACKSON, 1998).

4.CONCLUSÕES
Sendo assim, conclui-se de acordo com o resultado caracterização de difração de raios X que a argila
Brasgel é pertencente ao grupo das argilas esmectitas, possuindo a esmectita como argilomineral
predominante com distância interplanar basal característico do grupo e ainda misturas de minerais de
quartzo.
Os resultados relacionados a percentual de remoção e capacidade de remoção de cádmio e níquel para a
argila Brasgel foram satisfatórios, tendo em vista que a mesma removeu cerca de 90% desses metais. As
condições que apresentaram melhores percentuais de remoção foram os maiores níveis estudados de
concentração inicial e pH (50 mg.L-1 e 5).
Sendo assim, infere-se que a argila Brasgel natural é promissora no processo de adsorção de metais
pesados (cádmio e níquel) de efluentes sintéticos em sistema de banho finito, possuindo caráter que lhes
conferem propriedades específicas e favoráveis frente aos processos adsortivos.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Petrobras pelo apoio financeiro e a CAPES pelas bolsas concedidas e a Bentonisa
pelo fornecimento da argila.

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caracterização da argila chocolate visando sua aplicação como adsorvente na remoção de níquel. Revista Eletrônica de
Materiais e Processos, v. 4, n.3, p. 39-47, 2009.

166
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 20
Interferência na cristalização da flor de sal em água
salina acima de 1,20 g/cm³
Kristy Emanuel Silva Fontes
Francisco Leonardo Gomes de Menezes
Liliane Ferreira Araújo de Almada
Jussier de Oliveira Vitoriano
Clodomiro Alves Junior

Resumo: A flor de sal é um tipo de sal com alto valor culinário, produzido
artesanalmente em salinas. Em condições climáticas particulares, durante a evaporação
da água do mar, cristais são produzidos na superfície da água. Até o momento pouco se
investigou sobre o mecanismo e cinética de sua formação. No presente capítulo
pretende-se introduzir o leitor na cadeia produtiva do sal, incluindo a produção da flor
de sal, além de apresentar os resultados da investigação, obtidos nos últimos anos pelos
autores, quando controlados os parâmetros de densidade da solução salina, gradiente
térmico e material do recipiente de precipitação. Em condições controladas foi possível
obter flor de sal em laboratório, evaporando a água proveniente da salina, em um
recipiente em contato com uma chapa aquecedora. A flor de sal foi caracterizada quanto
a sua cinética de formação, microestrutura cristalina e morfologia. No experimento,
observou-se que a flor de sal surgiu quando a solução atingiu densidades superiores a
1,20 g/cm³, antes mesmo de haver núcleos ou cristais de sal sedimentados no fundo do
recipiente ou dispersos na solução. A solução em contato com material condutor, como a
lâmina de alumínio, fez surgir cristais maiores e de maior cristalinidade (menos
defeitos), o que reforça a importância da temperatura na salinicultura.

Palavras chaves: salinicultura, cristalização, microestrutura, morfologia. 167


Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
1.1 SALINICULTURA NO RIO GRANDE DO NORTE
O Rio Grande do Norte (RN) é o estado brasileiro que reúne as melhores condições climáticas para
extração do sal por evaporação da água do mar. Por isso ele é responsável por mais de 95% da produção
nacional de sal. O processo de extração consiste na obtenção de precipitados de NaCl, a partir da
evaporação da água do mar em reservatórios rasos e intercomunicantes por canais. Devido à evaporação
da água, a concentração salina aumenta, precipitando os compostos que atingem o limite de solubilidade.
Assim, controlando a densidade da água pode-se obter sais com diferentes composições nos diferentes
reservatórios. Da densidade de 3,5°Bé (1,03g/cm3) até atingir 26°Bé (1,21 g/cm3), são precipitados
CaCO3 + CaSO4. A água então é transferida para tanques cristalizadores, onde inicia a precipitação do NaCl
até atingir 29°Bé, estágio em que a salmoura residual (águas-mães) é descartada [1].
Essa cadeia de produção do sal no RN existe há mais de 4 séculos, documentado através de cartas do
desbravador Jerômimo D’Albuquerque, em 1605, sobre a região salineira de Macau – RN e seu potencial de
salinicultura. Pequenas mudanças aconteceram nas últimas décadas, como na década de 50, onde foram
desenvolvidos processos de modernização das salinas de grande e médio porte, integrando a economia e
agregando valor aos produtos, com ações desde a produção, transporte, comercialização e
industrialização. Salinas maiores dominaram o mercado, absorvendo as pequenas salinas artesanais e
assim detendo entre 85 a 90% da produção. Em 1970 ocorre a chegada do capital estrangeiro e geração de
muitos empregos na salinicultura. Em 1974 ocorre a inauguração do Porto-Ilha em Areia Branca,
facilitando o escoamento para exportação do sal marinho. E em 1977 o Presidente Ernesto Geisel autoriza
o estudo para implantação do Complexo Químico-Metalúrgico do Rio Grande do Norte, mas até hoje há
impeditivos para a total implantação e operação deste complexo. Este projeto objetivava principalmente a
produção da barrilha (carbonato de sódio) e derivados da Álcalis do Rio Grande do Norte - ALCANORTE e
aproveitamento de águas-mães residuais das salinas para extração de magnésio e outros derivados [2,3], o
que seria um grande passo no desenvolvimento tecnológico e econômico da cadeia produtiva do sal. Nos
últimos anos vem crescendo a procura, pelo mercado gastronômico, por um tipo de sal denominado flor
de sal. Ele é produzido em condições particulares de temperatura, umidade e ventos, durante a
evaporação nas salinas. Nessas condições ocorre a cristalização de sais na superfície das águas presentes
nos diferentes tanques. Esses cristais, de brancura extrema, possuem uma estrutura porosa e são
facilmente desfeitos entre os dedos [2,3]. Além disso, seu custo no mercado é cerca de 500 vezes o do sal
refinado tradicional, em função das exclusivas condições de obtenção do mesmo, pureza e textura
crocante, que agrega qualidade no mundo gourmet [4,5].
A existência de trabalhos científicos que expliquem a atuação dos fatores termodinâmicos envolvidos no
processo de formação desses cristais, como também relacionados a morfologia e composição química
deles é escassa. Nesse quesito, este trabalho parte do pressuposto de que o fenômeno depende
principalmente de um gradiente térmico gerado entre a fase líquida e o ambiente externo para, a partir
disso, obter informações associadas à cinética de formação desses cristais e às características morfológicas
e químicas dos mesmos.
A produção do sal no Rio Grande do Norte é baseada na evaporação da água. Nas salinas, a densidade vai
aumentando conforme ocorre a evaporação. Com o aumento da densidade, diferentes sais e minerais vão
sendo sedimentados no fundo dos evaporadores (principalmente compostos de cálcio, sódio, cloro,
enxofre, magnésio e potássio). Acompanhando a densidade da água salina, normalmente por meio de
aerômetro (instrumento comumente utilizado nas salinas para medições rápidas de densidade), os
produtores percebem o momento em que o NaCl começa a cristalizar e sedimentar, que é por volta de 27 e
29° Be [4].
O início da produção ocorre com a captação da água do mar, com densidade inicial em torno de 3,5 °Be,
por bombeamento ou comportas. Em seguida, deságua em reservatórios menores, chamados tanques
evaporadores, onde evapora grande parte de seu volume de água, aumentando a densidade até chegar
entre 25 e 26 °Be, se tornando “salmoura”. A partir daí a salmoura é transferida para tanques de
cristalização do cloreto de sódio (NaCl) até atingir a densidade em torno de 29 °Be, faixa de densidade
onde ocorre o pico de cristalização e produção de NaCl. Depois da extração de NaCl a salmoura se torna 168
“água mãe”, que é descartada para o mar ou corpos d’água, causando impactos ambientais [5]. Atualmente,
no Rio Grande do Norte, poucos produtores da região praticam a recirculação de água mãe, bombeando
novamente para os evaporadores para que refaça todo o ciclo de produção, evitando descartá-la em
primeiro momento. Como existe pouca regulamentação, esta técnica quase não é praticada, pois constitui-
Engenharia no Século XXI – Volume 7

se do reuso de uma água pobre em NaCl (mas rica em outros minerais, principalmente o magnésio), assim
a maioria dos produtores continuam a descartar água mãe inadequadamente.
Após o período de precipitação, ocorre a drenagem dos tanques cristalizadores e o sal é colhido por
máquinas e transportado para o sistema de lavagem. O sal colhido do cristalizador é submetido ao sistema
de lavagem (lavado com água salgada da própria salina, pois a água doce diluiria o sal), e depois é
empilhado, com auxílio de esteiras e máquinas, na área de estocagem, para posterior beneficiamento. Nos
períodos de chuva a produção de sal cai consideravelmente, pois dificulta a evaporação e produtividade
das salinas, que gera emprego e renda muito maior em época de estiagem. Desta forma o fenômeno
natural das secas periódicas beneficia o desenvolvimento desta atividade econômica tão importante para
o estado [5].
Mais de 90 % do sal consumido no Brasil (seja para os fins humanos, animais e industriais) vem do Rio
Grande do Norte e isto se deve a alguns fatos. No estado, a salinidade da água do mar é considerada ideal
(35 g de NaCl/m³ de água do mar) e a qualidade do sal é superior aos demais concorrentes, pois consta de
97 % de NaCl e menos de 0,5 % de sais de magnésio [2]. Além disso, o favorecimento geográfico (Figura 1)
permite que as águas do oceano penetrem no território do estado de modo a viabilizar o grande potencial
e produção salineira [6].

Figura 1 – Ilustra os principais pontos da zona salineira do estado do Rio Grande do Norte.

Fonte: COSTA D. F. S. et. al., 2013 [6].

1.2 FLOR DE SAL


A salinicultura tem grande potencial a ser explorado e pesquisado, mostrando que é possível extrair
outros produtos da cadeia produtiva, além do que hoje já se produz. Como exemplo podemos citar a
extração de magnésio, potássio, cálcio e sulfatos da água mãe (água residual final que é produzida depois
da cristalização do NaCl) [7]. Mas atualmente existe um produto que pode ser extraído em meio ao
processo de produção do sal, e que vem chamando a atenção nos últimos tempos, que é a flor de sal.
Este produto constitui-se de um filme fino salino que surge e permanece flutuando na superfície da
salmoura e é composta de pequenos cristais, principalmente de NaCl [8]. Foi inserida na culinária pela sua
textura delicada, sabor e composição diferente do tradicional sal de cozinha. Assim a flor de sal começou a
despertar interesses dos chefes de cozinha, pois dava um toque e sabor diferente aos alimentos, sem falar
nos benefícios a saúde que a flor de sal pode proporciona ao substituir o sal comum [9]
A flor de sal é produzida de uma forma bem mais artesanal e menos industrializada que o sal comum.
Depois de recolhida manualmente e seca naturalmente ao sol, não é submetida a intenso processo
industrial, é diretamente embalada e comercializada [8]. E por ser uma produção barata, e produto 169
bastante valorizada no mercado, esta é uma atividade muito lucrativa. Um fator importante é que,
enquanto salinas de grande porte precisam de quilômetros para instalações, a flor de sal pode ser obtida
em salinas com área total menor que 1 (um) hectare, e sendo de produção artesanal as pequenas salinas
podem ser administradas por grupos familiares, se tornando uma nova fonte de renda para as populações
nas regiões hipersalinas do país [6].
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Sua composição consiste de cristais porosos, pequenos e muito unidos, formando placas que flutuam na
superfície da água. Ela surge como nucleação primária, um tipo de nucleação que ocorre em sistemas que
não contêm impurezas ou matéria cristalina pré-existentes que possam induzir a nucleação e cristalização.
Por sua vez nucleação secundária é quando os núcleos surgem induzidos por impurezas ou cristais pré-
existentes num sistema supersaturado [10]. Algumas vezes estes cristais ou impurezas pré-existentes são
chamados de “sementes” (seeds), que funcionam como núcleos já formados, induzindo a cristalização
secundária [11].
Os cristais sempre buscam o formato de menor energia livre de superfície possível, e para isso buscam
sempre crescer, aumentando suas dimensões, ou unir-se a outros cristais. No caso da flor de sal os cristais
tendem principalmente a unir-se e formar placas, diminuindo sua energia livre de superfície. As placas
crescem tanto com a união entre cristais como com o aumento das dimensões destes.
A flor de sal se forma quando há alta taxa de evaporação na superfície, devido os ventos leves e frios, clima
seco e calor intenso, assim a camada superficial da água fica supersaturada [10]. Ao mesmo tempo que a
radiação solar e o clima seco ajuda na evaporação, a superfície do cristalizador é resfriada pelo vento leve
do clima frio, exercendo uma troca de calor com a superfície da água, reduzindo a capacidade de
dissolução dos íons e promovendo uma supersaturação superficial. A nucleação e o crescimento ocorrem
em meios supersaturados, seja pelo aumento na concentração (evaporação do solvente, por exemplo) ou
por redução da temperatura [12]. Com a supersaturação, os íons diluídos na água salina, principalmente
“Na+” e “Cl-“ que são os componentes mais abundantes na flor de sal, se combinam, já que não estão mais
solvatados, formando estruturas cristalinas de sal, que aos poucos vão se unindo e formando aglomerados
maiores e placas, como pequenas ilhas salinas flutuantes.

2 PESQUISA
Visando explorar os potenciais do nosso estado e agregar valor aos produtos da indústria salineira, o
LabPlasma (Laboratório de Plasma aplicado na agricultura, saúde e meio ambiente) da UFERSA
(Universidade Federal Rural do Semi-Árido), campus Mossoró-RN, junto ao PPGCEM (Programa de Pós-
Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais), vem estudando a cadeia produtiva do sal, buscando
elevar a eficiência, o controle e a qualidade dos produtos que dela podem ser extraídos. Observando a
cinética de formação e caracterizando com relação a morfologia, microestrutura e a composição química
dos sais derivados da salinicultura regional. E sabendo do potencial valor da flor de sal, e que o estado do
Rio Grande do Norte domina a técnica de produção, as pesquisas do LabPlasma, PPGCEM e UFERSA vêm
buscando conhecer a ciência por trás dos fenômenos na salinicultura, para propor melhorias na qualidade
e controle da produção.
Tendo em vista as condições necessárias para a produção de flor de sal acima citadas, procurou-se montar
um ambiente e aparato experimental favorável a produção de flor de sal em laboratório (Figura 2). Com
recipientes contendo água retirada diretamente da salina, submetida a evaporação sobre placa
aquecedora a temperatura de 40 °C, em um ambiente de clima seco e temperatura em torno de 23 °C com
auxílio do ar condicionado, pois as temperaturas altas e baixas de uma salina variam em torno de 40 e
20 °C, respectivamente [13,14]. Desta forma conseguiu-se produzir a flor de sal em condições controladas,
tornando mais confiável e viável a produção, coleta, análise e caracterização em laboratório.
Algumas das principais técnicas para caracterização de sais são: difração de raio-x (DRX) para análise
microestrutural [15] e análise de imagens com lupa, microscopia óptica e microscopia eletrônica de
varredura (MEV) para caracterização de fases e morfologia dos cristais [16].

3 MATERIAIS E MÉTODOS
Com relação ao experimento, foram tomados dois béqueres de vidro, cada um contendo 250 ml de água
salina (coletada na salina da cidade de Grossos-RN) de densidade inicial 1,16 g/cm³ (20 °Be). Ambos
foram isolados lateralmente com isopor e colocados, simultaneamente, em uma chapa aquecedora
Biomixer-DB-IVAC-Hotplate a 40 °C (Figura 2) e o experimento ocorreu em uma sala climatizada a 23 °C, 170
temperaturas aproximadas de uma salina. Os béqueres foram isolados lateralmente para estimular que a
troca de calor ocorresse apenas pela superfície (aberto à atmosfera fria do ambiente) e pelo fundo dos
recipientes (contato direto com a chapa a 40 °C). O acompanhamento foi feito durante 6 dias de
experimento, sendo as medições iniciadas no instante 0 e repetidas a cada 48 horas.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Para interferir na taxa e sítios de nucleação e crescimento dos cristais, em um dos béqueres foi inserida
uma lâmina de alumínio retangular, como material condutor, que foi cuidadosamente encurvada (em
formato de casca, ver Figura 2), de modo a ficar bem fixada e aderida à superfície interna do béquer.
Assim, parte da lâmina de alumínio ficava em contato com a solução salina e parte ficava exposta ao
ambiente, em contato com o ar frio que circulava sobre a solução.

Figura 2 - Ilustração do aparato: béqueres, posição da lâmina de alumínio, nível da água, camada isolante
de isopor e chapa aquecedora.

Fonte: Autor.

Após o período de observação, as amostras contendo os cristais de flor de sal, bem como os cristais de sal
sedimentados no fundo do recipiente, foram retirados da água e destes cristais foram obtidas imagens
com auxílio de uma lupa estereoscópica Nikon-SMZ18, acoplado com uma câmera Nikon-DS-Fi2. As
imagens obtidas foram tratadas para determinação da área dos cristais usando o aplicativo ImageJ. As
amostras foram geradas e coletadas em 2 (duas) condições diferentes (béqueres com e sem a lâmina de
alumínio) em 4 (quatro) grupos (Tabela 1): flor de sal do béquer com a lâmina de alumínio (FS_Al);
sedimentado no fundo do béquer com a lâmina de alumínio (SED_Al); flor de sal do béquer sem a lâmina
de alumínio (FS) e sedimentado no fundo do béquer sem a lâmina de alumínio (SED). De cada grupo
utilizou-se 5 (cinco) cristais para determinação do tamanho médio.

Tabela 1 – Legendas das amostras e respectivas condições.


CONDIÇÕES FLOR DE SAL SEDIMENTADO
Béquer Com Alumínio FS_Al SED_Al
Béquer Sem Alumínio FS SED

Para análise das fases microestruturais das amostras dos respectivos grupos e condições, utilizou-se
difração de raios-x com o difratômetro Shimadzu-XRD 6000.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 DENSIDADES 171

Os dados expostos na Figura 3 foram observados nas duas condições, portanto é possível representar os
dados em apenas 1 (um) gráfico. A densidade da solução foi acompanhada a partir do instante 0 e medida
a cada 48 horas. Observa-se o surgimento de flor de sal em densidades a partir de 1,20 g/cm ³. A partir da
densidade de 1,27 g/cm³ percebe-se cristais de sal sedimentados no fundo do recipiente. Estes são pontos
Engenharia no Século XXI – Volume 7

importantes que indicam a alteração da composição e concentração da solução, pois os íons diluídos na
solução se unem para formar os cristais (tanto na flor de sal como no sal sedimentado).

Figura 3 - Curva de variação de densidade.

Fonte: Autor.

4.2 MORFOLOGIA DOS CRISTAIS


Para gerar os dados da Figura 4, cada um dos cristais teve sua área medida com o software ImageJ e destas
medidas foram feitas médias a cada 5 (cinco) cristais dos 4 (quatro) diferentes grupos, totalizando 20
cristais ao todo.
Os cristais, de flor de sal e sedimentado mostraram áreas maiores do que os cristais produzidos no béquer
sem alumínio. Nos cristais da flor de sal esta diferença de área é mais clara, FS_Al são 60% maiores que FS
(na Figura 5 é possível ver os cristais de flor de sal gerados nas duas condições, e suas respectivas
dimensões). Nos precipitados a diferença é menor, SED_Al são 4 % maiores que SED. Acredita-se que a
presença da lâmina de alumínio como corpo frio, tenha estimulado, por efeito soret, uma mobilidade mais
intensa dos íons que, ao chegarem na superfície, se deparam com uma temperatura mais fria provocada
pela presença do alumínio (em contato com a superfície da solução) e com o ar ambiente. Reduzindo a
energia cinética dos íons que tendem a permanecer mais tempo na superfície, se ligando a demais íons ali
presentes e formando os cristais de sais maiores do que os cristais do béquer sem alumínio [17].
Sabe-se que as temperaturas mais frias favorecem a cristalização [12]. Portanto, diferente do ar frio que
flutua sobre a superfície, a lâmina de alumínio é um corpo frio e fixo no sistema, estimulando mais a
cristalização.
Percebeu-se também, claramente, que os cristais sedimentados do béquer sem alumínio, eram menores e
com tendência de formarem placas ou aglomerados de cristais, e isto pode ser explicado pelo fato de
cristais menores terem maior energia livre de superfície (pois, proporcionalmente, têm maior área
superficial livre, então, mais moléculas instáveis) do que cristais maiores. Cristais menores têm mais
superfícies livres do que cristais maiores, e quanto mais superfícies livres, mais energia livre de superfície
existe nos cristais. Esta alta energia livre estimula os cristais menores a buscarem estabilidade, unindo-se
a outros cristais, formando placas ou aglomerados.
172
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 4 - Áreas médias dos cristais, onde: FS_Al (Flor de sal no béquer com a lâmina de alumínio), SED_Al
(Sedimentado no béquer com a lâmina de alumínio), FS (Flor de sal no béquer sem a lâmina de alumínio),
SED (Sedimentado no béquer sem a lâmina de alumínio).

Fonte: Autor.

Figura 5 – Fotos de alguns cristais de flor de sal com o Microscópio Nikon-SMZ18 conjugado com câmera
Nikon-DS-Fi2: a) FS_Al, aumento: 0,75 X, área: 58,8 mm²; b) FS, aumento: 1 X, área: 19,05 mm².

Fonte: Autor.

4.3 ANÁLISE MICROESTRUTURAL


A seguir, foram analisados a flor de sal e sedimentados no fundo de ambos os béqueres. Os picos foram
caracterizados conforme carta padrão do NaCl publicada por Yazhou Qin, Dongdong Yu e Jianguang Zhou
(2017) [18] com auxílio do software Match. Tanto na flor de sal como nos sedimentados foram
encontrados os seguintes sais: CaSO4(H2O)2, KNaCO3(H2O)6, NaCl e K0,4Na0,6Cl. 173
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4.4 MICROESTRUTURA DA FLOR DE SAL


A flor de sal produzida no béquer sem alumínio (FS), conforme Figuras 6 e 7, mostra picos 1, 2 e 4 (sais de
cálcio e potássio) como inexistentes ou com pouca intensidade. Com relação aos picos característicos do
NaCl, apenas os 3 (311) e 3 (400) alcançaram intensidades maiores na FS do que FS_Al e SAL_Al.
No béquer com a lâmina de alumínio, além da flor de sal produzida no centro do recipiente, algumas
camadas de sal, proveniente da solução, cresceram verticalmente aderidas à esta lâmina (o que chamamos
de SAL_Al), e este sal foi retirado e analisado no DRX. A presença da lâmina de alumínio provocou o
surgimento e intensificação tanto dos picos 1, 2 e 4 (sais de cálcio e potássio) quanto a maioria dos picos 3
(de NaCl), fato observado tanto na FS_Al (flor de sal no béquer com a lâmina de alumínio) como no SAL_Al
(sal aderido à lâmina de alumínio).
Pode-se também observar que os picos 1, 2, 3 e 4 são: de maiores intensidades no SAL_Al; intensidades
intermediárias na FS_Al e intensidades menores na FS. Entende-se, portanto, que quanto mais próximos da
lâmina de alumínio, mais intensos e representativos são os picos de sais de cálcios, potássio e NaCl.
A amostra FS_Al apresentou picos deslocados para ângulos maiores de 2θ (como 3 (200) e 3 (220)),
possivelmente ocorreu alguma mudança na rede cristalina do NaCl de forma que aumentou o espaço entre
as moléculas (ver Figuras 6 e 7).

Figura 6 – DRX de amostras de: SAL_Al, FS_Al e FS.

Figura 7 – Pico 3 (200) do DRX de amostras de: SAL_Al, FS_Al e FS.

174
Engenharia no Século XXI – Volume 7

4.5 MICROESTRUTURA DA FLOR DE SAL E SAL SEDIMENTADO


Percebe-se, nas Figuras 8 e 9, que FS_Al e SED_Al mostram picos mais intensos de NaCl, CaSO4(H2O)2,
KNaCO3(H2O)6 e K0,4Na0,6Cl. O destaque maior é dado aos picos que indicam os compostos de potássio e
cálcio que se mostram em regiões do gráfico (nas proximidades do 2θ: 10, 20, 25, 29, 30). Regiões estas
onde há pouquíssima (ou nenhuma) representatividade na FS e SED. Portanto, percebe-se que a presença
do alumínio tanto favoreceu o surgimento de cristais de NaCl com maior cristalinidade (menos defeitos)
como ao surgimento ou intensificação de fases compostas por potássio e cálcio.
A amostra SED_Al (Figura 9) também apresentaram picos deslocados para ângulos maiores de 2θ (como 3
(200)), indicando mudança da rede cristalina, aumentando o espaço entre as moléculas de NaCl.

Figura 8 - Difração de raio x das amostras FS, FS_Al, SED e SED_Al, 2θ: de 10 a 80.

Fonte: Autor.

Figura 9 – Difração de raio x das amostras FS, FS_Al, SED e SED_Al, 2θ: de 10 a 40.

175

Fonte: Autor.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

A Figura 10 foi obtida com as médias de intensidades de todos os picos de cada componente das Figuras 8
e 9. Os cristais do béquer com alumínio (FS_Al e SED_Al) demonstraram maior intensidades média de
picos que os do béquer sem alumínio (FS e SED), isso para todos os sais acima citados. Então, o béquer
com alumínio produziu cristais, de flor de sal e sedimentado, de maior cristalinidade (menos defeitos) que
o béquer sem alumínio.

Figura 10 - Médias dos picos de intensidade.

Fonte: Autor.

5 CONCLUSÃO
Foi possível obter flor de sal nas condições controladas de laboratório, estimulando a evaporação e
submetendo a solução a um ambiente de clima frio e seco. Desta forma observou-se que que a flor de sal
surge a partir da densidade de 1,20 g/cm³ e antes que sais sedimentem no fundo do recipiente.
Os cristais de flor de sal são menores que os cristais sedimentados, com e sem a lâmina de alumínio, pelo
fato de cristais sedimentados estarem mergulhados na água salina facilita a cristalização, a adesão de mais
sais e aumento de suas dimensões. A presença do alumínio permitiu serem gerados cristais de flor de sal, e
sedimentado, com áreas maiores, possivelmente por ser um corpo frio e fixo em contato com a solução
aquecida, estimulando uma maior cristalização [12].
Quanto a microestrutura, a flor de sal (bem como o sedimentado SED_Al) produzida no béquer com
alumínio (FS_Al) mostra picos mais intensos em todas as fases. Interessante também observar que
(conforme Figuras 6, 7) quanto mais próximo da lâmina de alumínio, mais os sais apresentam compostos
cada vez mais cristalinos de cálcio, potássio e NaCl. A presença do alumínio tanto favoreceu o surgimento
de cristais de NaCl com maior cristalinidade, como de fases contendo potássio e sulfato de cálcio.
Percebeu-se também que alguns picos foram deslocados para ângulos maiores de 2θ, indicando que a rede
cristalina do NaCl nas FS_Al e SED_Al modificou-se de forma a aumentar as distâncias entre as moléculas.

REFERÊNCIAS
[1] COSTA D. F. S. et al. Breve Revisão Sobre a Evolução Histórica da Atividade Salineira no Estado do Rio Grande
do Norte (Brasil). Soc. & Nat., Uberlândia-MG, 2013.
[2] CARVALHO G. O. O. et al. Avaliação e Diagnóstico do Setor Mineral do Estado do Rio Grande do Norte. 176
Secretaria de Desenvolvimento Econômico–SEDEC, Estudos Geológicos e Ambientais-CURIOSO, 2005.
[3] CORTÊS I. R. Desenvolvimento Industrial da Barrilha no Rio Grande do Norte. Editora Baraúna, São Paulo-SP,
1ª edição, janeiro de 2015.
[4] GEERTMAN, R. M. Sodium Chloride: Crystallization. Akzo Nobel Chemicals Research, Arnhem, The
Netherlands, 2000.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

[5] BEZERRA J. M. et al. Aspectos Econômicos e Ambientais da Exploração Salineira no Estado do Rio Grande do
Norte. Espirito Santo do Pinhal-SP, 2012.
[6] COSTA D. F. S. et al. Caracterização Ecológica e Serviços Ambientais Prestados Por Salinas Tropicais.
Universidade de Aveiro, Departamento de Biologia, Aveiro, 2013.
[7] SHIRAZI, L.; ZAMANI, Y. and BAHADORAN, F. Recovery of Magnesium Salts from Bitterns by Fractional
Crystallization Method. Petroleum & Coal, 2017. Available online at www.vurup.sk/petroleum-coal.
[8] DONADIO C.; BIALECKI A.; VALLA A.; DUFOSSÉ L. Carotenoid-derived aroma compounds detected and
identified in brines and speciality sea salts (fleur de sel), produced in solar salterns from Saint-Armel (France). Journal
of Food Composition and Analysis, 2010.
[9] RODRIGUES C. M., BIO A., AMAT F. e VIEIRA N. Artisanal Salt Production in Aveiro/Portugal - An Ecofriendly
Process. SALINE SYSTEMS, 2011.
[10] VIEIRA, A. S. S. Caracterização da Cinética de Formação da Flor de Sal. Dissertação (Mestre em Engenharia
Química) – Universidade de Aveiro, Aveiro, 2015.
[11] ALAMDARI A. et al. Kinetics of Magnesium Hydroxide Precipitation from Sea Bittern. Chemical Engineering
and Processing, 2008.
[12] BORDUI P. Growth of Large Single Crystals From Aqueous Solution: A Review. Journal of Crystal Growth 85,
North-Holland, Amsterdam, 1987.
[13] MENDES A. M. S.; FONTES R. L. F.; OLIVEIRA M. Variabilidade Espacial da Textura de Dois Solos do Deserto
Salino No Estado Do Rio Grande Do Norte. Rev. Ciên. Agron. 2008.
[14] PACHECO G. H. S. Determinação de Recomendações Bioclimáticas para Habitação de Interesse Social de
Quatro Climas do Rio Grande do Norte. Dissertação de Mestrado Acadêmico, Pós-Graduação em Arquitetura e
Urbanismo, UFRN, 2016.
[15] YALÇIN S. and MUTLU I. H. Structural Characterization of Some Table Salt Samples by XRD, ICP, FTIR and
XRF Techniques. Acta physica polonica a no. 1, Vol. 121 (2012). Proceedings of the International Congress on
Advances in Applied Physics and Materials Science, Antalya, 2011.
[16] KHATUA D. and DEY J. Fluorescence, Circular Dichroism, Light Scattering, and Microscopic Characterization
of Vesicles of Sodium Salts of Three N-Acyl Peptides. Department of Chemistry, Indian Institute of Technology,
Kharagpur -721 302, India. J. Phys. Chem, 2007.
[17] SEHNEM A. L.; NIETHER D.; WIEGAND S. and NETO, A. M. F. Thermodiffusion of Monovalent Organic Salts in
Water. The Journal of Physical Chemistry, 2018.
[18] QIN Y.; YU D. and ZHOU J. DNA Action on the Growth and Habit Modification of NaCl Crystals. Royal Society of
Chemestry, 2017. Cite this: CrystEngComm, 2017.

177
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 21
A aprendizagem baseada em projetos aplicada na
construção de um balão de alta altitude – HAB-IMT
Gilberto Murakami
Denise Marques Pinheiro

Resumo: O objetivo deste trabalho é descrever a proposta de aprendizagem baseada em


projetos aplicada no projeto de balão de alta altitude – HAB-IMT. O projeto do balão foi
apresentado aos alunos que foram divididos em equipes da eletrônica, estrutura e
paraquedas. Os alunos da eletrônica foram responsáveis pelo desenvolvimento do
sistema de telemetria, rastreamento, medição de pressão, temperatura, medição de UVA,
UVB, UVC e o sistema de coleta de bactérias. O estudo do paraquedas foi realizado e
apresentado por outro grupo de alunos, que visou determinar um coeficiente de arrasto
característico e também a estabilidade de um exemplar testado. O material e forma da
cesta do balão foram pesquisados pelos alunos do IMT responsáveis pela estrutura.

Palavras-chave: Aprendizagem Baseada em Projetos. Balão de Alta


Altitude. Metodologia Ativa de Aprendizagem. PBL.

178
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUÇÃO
A aprendizagem baseada em projetos – PBL é uma aprendizagem centrada no aluno, na qual os alunos
aprendem sobre um conteúdo tentando encontrar uma solução para um problema em aberto. Conforme
encontrado pela pesquisa conduzida por Hmelo-Silver (HMELO-SILVER, 2004), os estudantes praticam
estratégias de pensamento e conhecimento de domínio.
O PBL também é uma modalidade ativa de aprendizagem onde os alunos aprendem habilidades básicas
de solução de problemas e adquirirem conhecimento através da interação com os outros, uma habilidade
fundamental exigida por quase todos os ambientes de trabalho. Os alunos aprendem dentro de pequenos
grupos auto dirigidos a definir e realizar tarefas específicas, tanto na vida real quanto no
estudo (LOYENS et al., 2010).
Segundo Crockett (CROCKETT, 2015), quanto mais o foco estiver no desenvolvimento de alunos que
possam conceber soluções eficazes para problemas do mundo real, mais sucesso esses estudantes vão
obter.
Neste século, o comércio, a ciência e a defesa das nações dependerão cada vez mais do domínio do espaço
e das possibilidades criadas pelas telecomunicações e pelos satélites posicionados na órbita terrestre. O
que até pouco tempo pertencia ao mundo da ficção científica tornou-se realidade que não pode ser
ignorada pela geopolítica internacional.
O Brasil produz satélites, foguetes de sondagem e veículos lançadores. A ampliação de pesquisas nessa
área agrega não apenas melhorias para o Brasil como impõe vantagens estratégicas. Por isso, o programa
espacial brasileiro investe em bases fortes de engenharia, tecnologia e infraestrutura de apoio às
atividades espaciais. Apesar de todo desenvolvimento, há uma lacuna no que diz respeito a recursos
humanos (DOS SANTOS, 2010).
O objetivo deste trabalho é descrever o desenvolvimento de um Balão de Alta Altitude, o HAB-IMT, para
lançar na atmosfera experimentos científicos na área aeroespacial e astrobiologia (BRYAN et al., 2014).
São projetos que incentivam a experimentação e desenvolvimento de conhecimentos relacionados às
ciências espaciais e são fundamentais para a capacitação de recursos humanos no país.
Os alunos e professores do Instituto Mauá de Tecnologia – IMT, desenvolveram um balão de alta altitude, o
HAB-IMT com o objetivo de lançar na atmosfera experimentos científicos. São projetos que incentivam a
experimentação e desenvolvimento de conhecimentos relacionados às ciências espaciais são fundamentais
para a capacitação de recursos humanos no país.
A aplicação de novos modelos beneficia particularmente a educação em engenharia, porque o treinamento
em engenharia tem um componente prático essencial. Em particular, a disciplina Projeto e Atividades
Especiais – PAE do Instituto Mauá de Tecnologia – IMT, que tem um caráter muito tecnológico e
sistemático, são mais adequadas para implementar métodos de aprendizagem ativa, como o Aprendizado
Baseado em Projetos.
Esse projeto desafia os alunos a obterem uma experiência hands-on durante aproximadamente um ano,
desde a concepção, por meio da integração e teste até a operação real do sistema; capacita
professores e alunos do IMT utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Essa experiência pode permitir aos alunos melhorar a compreensão e desenvolver as habilidades teóricas
e práticas, em especial as relacionadas à pesquisa científica, como: desenho técnico; análise de dados e sua
representação; trabalho em equipe; gestão de projetos; projeto e construção de circuitos eletrônicos;
projeto e desenvolvimento de programas de computador e rotinas de testes.

2 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
As características técnicas do HAB-IMT estão mostradas na Figura 1.

179
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figura 1 – Características Técnicas do HAB-IMT.

Fonte: Autores.

2.1 O BALÃO
O balão meteorológico é produzido em látex resistente ao ozônio e possui diâmetro de 1,8 a 2,4 metros
projetado para estourar entre 28 e 34 km de altitude. A Figura 2 mostra o balão de 2000 g utilizado.

Figura 2 – Balão de látex de 2000 g utilizado.

Fonte: Autores.

A missão foi essencialmente desenhada tendo em vista o uso de um balão de tamanho máximo de 2000 g,
visto que balões acima dessa massa requerem procedimentos mais elaborados e burocráticos de
lançamento.
Foram feitas análises para verificar a viabilidade de voo com balões de 1200 g, 1500 g e 1600 g. A 180
metodologia de cálculo desenvolvida mostrou que, para a massa da parte eletrônica (683 g), acrescida da
massa do BLAST (500 g), seria necessário a utilização do balão de 2000 g para atingir a altitude
desejada (ZHANG et al., 2015).
Engenharia no Século XXI – Volume 7

2.2 CABOS DE KEVLAR


Os cabos de Kevlar® DuPont 29 Twisted Cord foram desenvolvidos e doados especificamente para este
projeto do HAB-IMT. Segundo a fabricante dos cabos, a DuPont do Brasil S.A., estes cabos suportam uma
carga de 1900 N.
Estes cabos foram submetidos a ensaios de resistência a tração em Kevlar®, no Centro de Pesquisas do
Instituto Mauá de Tecnologia na máquina de tração, gerando o Relatório de Ensaio DEA-RE-
0403/17(SATKUNAS et al., 2017).

A Figura 3 mostra o rolo de Kevlar® DuPont 29 Twisted Cord utilizado.

Figura 3 – Rolo de Kevlar® DuPont 29 Twisted Cord utilizado.

Fonte: Autores.

A Figura 4 mostra a preparação dos cabos para serem utilizados no HAB-IMT.

Figura 4 – Preparação dos cabos para serem utilizados no HAB-IMT.

Fonte: Autores.

2.3 A ESTRUTURA
A estrutura é constituída por Isopor® - EPS por ser um material leve e compacto, além de não soltar
resíduos como pó e não ter proliferação de fungos e bactérias.
EPS é a sigla internacional do poliestireno expandido, de acordo com a Norma DIN ISSO-1043/78.
Descoberto em 1949, pelos químicos Fritz Stastny e Karl Buchholz na Alemanha.
181
O EPS é um plástico celular rígido, resultante da polimerização do estireno em água. Em seu processo
produtivo não se utiliza o gás CFC. Como agente expansor para a transformação do EPS, emprega-se o
pentano que se deteriora rapidamente pela reação fotoquímica gerada pelos raios solares, sem
comprometer o meio ambiente.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

O produto final é composto de pérolas de até 3 milímetros de diâmetro, que se destinam à expansão. No
processo de transformação, essas pérolas são submetidas à expansão em até 50 vezes o seu tamanho
original, através de vapor, fundindo-se e moldando-se em formas diversas.
Expandidas, as pérolas consistem em até 98% de ar e apenas 2% de poliestireno. Em 1m³ de EPS
expandido, por exemplo, existem de 3 a 6 bilhões de células fechadas e cheias de ar.
Os produtos finais de EPS são inodoros, não contaminam o solo, água e ar, são 100% reaproveitáveis e
recicláveis e podem voltar à condição de matéria-prima.
A Figura 5 mostra a caixa de EPS utilizada no lançamento do HAB-IMT.

Figura 5 – Caixa de EPS contendo o experimento utilizada no lançamento do HAB-IMT.

Fonte: Autores.

3 METODOLOGIA
O objetivo da missão do HAB-IMT é desenvolver um veículo lançador de experimentos científicos na área
da Astrobiologia. Os alunos então foram divididos em áreas da Eletrônica, Estrutura e Paraquedas.
Aos alunos da Eletrônica foi proposto a eles desenvolverem o sistema de
telemetria, rastreamento, medição de pressão, temperatura, medição de UVA, UVB, UVC e o sistema de
coleta de bactérias.
É importante ressaltar é que a transmissão dos dados depende de frequências radioamadoras, logo o
contato ou ajuda de um Rádio Amador certificado é obrigatória.
A placa de HABduino é um receptor de GPS e um shield de rádio transmissor desenvolvido para balões de
alta altitude. A Figura 6 mostra a placa de HABduino utilizada para rastreamento.

Figura 6 – Placa de HABduino utilizada para rastreamento.

Fonte: Autores.

Para rastrear a localização do voo, é necessário um receptor de rádio, antena e Notebook no solo. A 182
comunicação é feita por meio da comunicação RTTY com softwares de computador e o ganho de antenas,
consegue-se o sinal desejado para rastrear a carga.
Para validar a telemetria utilizada, precisamos de antes sofisticadas o suficiente para realizar a missão
desejada. Logo a antena utilizada no Payload para a transmissão de informações foi uma Plano de Terra de
¼ de onda confeccionada a partir de um RF174 (cabo coaxial com 50 Ω de impedância).
Engenharia no Século XXI – Volume 7

O comprimento L, em metros, de uma antena 1/4 de onda pode ser calculado utilizando a Equação 1:

1𝑐
𝐿 = 0,95 (1)
4𝑓

onde:
c: velocidade da luz (m/s).
f: frequência de transmissão (Hz).

A Figura 7 mostra o comprimento L da antena 1/4 de onda.

Figura 7 – Antena 1/4 de onda utilizada no projeto.

Fonte: Autores.
A Figura 8 mostra o hardware desenvolvido por alunos e professores. É possível verificar uma chave
liga/desliga, os sensores de pressão e temperatura, a placa do Arduino e o cartão de memória SSD.

Figura 8 – Hardware desenvolvido por alunos e professores.

Fonte: Autores.

Onde:
(1) Chave Liga/Desliga;
(2) Sensor de Temperatura;
(3) Sensor de Pressão;
183
(4) Arduino Uno;
(5) Cartão de memória SSD.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

O estudo do paraquedas foi realizado e apresentado por outro grupo de alunos de Engenharia Civil e
Mecânica, realizando PAE, descrito no relatório do experimento (KOGA et al., 2017) que visou determinar
um coeficiente de arrasto característico e também a estabilidade de um exemplar testado.
A geometria do paraquedas não é caracterizada apenas pelo seu diâmetro, mas pela relação H/D mostrada
na Figura 9. Em repouso e completamente aberto, o diâmetro do paraquedas testado era da ordem de 0,8
m.

Figura 9 – Parâmetros importantes que definem a geometria e o arrasto de um paraquedas (KOGA et al.,
2017).

Fonte: KOGA et al., 2017.

O experimento permitiu concluir que o coeficiente de arrasto do paraquedas é da ordem unitária para
números de Reynolds, baseado no diâmetro do paraquedas, compatíveis com as condições que serão
encontradas em algumas etapas representativas do voo.
O material e forma da cesta do balão foram pesquisados pelos alunos do IMT que realizam o PAE
intitulada Balão Estratosférico. Os testes foram conduzidos no IMT e os resultados dos experimentos estão
descritos em relatório específico (SAAB-JR, 2017). A forma que apresentou a melhor estabilidade dinâmica
em teste está mostrada na figura abaixo. O cubo foi manufaturado a partir de EPS de alta densidade
(aproximadamente 14 kg/m3) e tinha diagonal de 14 cm, escala aproximada de 1:5 da cesta final
pretendida. As velocidades empregadas foram de 5,0 e 7,0 m/s, resultando em número de Reynolds
menores que aqueles representativos para a cesta em escala natural no começo do voo, porém
representativos dos números Reynolds para a cesta em maiores altitudes.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentamos uma proposta de aprendizagem baseada em projetos aplicada no projeto de balão de alta
altitude – HAB-IMT. O projeto do balão foi apresentado aos alunos que foram divididos em equipes da
Eletrônica, estrutura e paraquedas. Os alunos da eletrônica foram responsáveis pelo desenvolvimento do
sistema de telemetria, rastreamento, medição de pressão, temperatura, medição de UVA, UVB, UVC e o
sistema de coleta de bactérias. O estudo do paraquedas foi realizado e apresentado por outro grupo de
alunos realizando o PAE, que visou determinar um coeficiente de arrasto característico e também a
estabilidade de um exemplar testado. O material e forma da cesta do balão foram pesquisados pelos
alunos do IMT responsáveis pela estrutura e que realizam o PAE.
Os alunos e professores do Instituto Mauá de Tecnologia – IMT, desenvolveram um balão de alta altitude, o
HAB-IMT com o objetivo de lançar na atmosfera experimentos científicos. São projetos que incentivam a
experimentação e desenvolvimento de conhecimentos relacionados às ciências espaciais são fundamentais
para a capacitação de recursos humanos no país.
A aplicação de novos modelos beneficia particularmente a educação em engenharia, porque o treinamento 184
em engenharia tem um componente prático essencial. Em particular, a disciplina Projeto e Atividades
Especiais – PAE do Instituto Mauá de Tecnologia – IMT, que têm um caráter muito tecnológico e
sistemático, são mais adequadas para implementar metodologias ativas de aprendizagem, como o
Aprendizado Baseado em Projetos.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Esse projeto desafia os alunos a obterem uma experiência hands-on durante aproximadamente um ano,
desde a concepção, por meio da integração e teste até a operação real do sistema; capacita
professores e alunos do IMT utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Essa experiência pode permitir aos alunos melhorar a compreensão e desenvolver as habilidades teóricas
e práticas, em especial as relacionadas à pesquisa científica, como: desenho técnico; análise de dados e sua
representação; trabalho em equipe; gestão de projetos; projeto e construção de circuitos eletrônicos;
projeto e desenvolvimento de programas de computador e rotinas de testes.

REFERÊNCIAS
[1] BRYAN, N. C. et al. A method for sampling microbial aerosols using high altitude balloons. Journal of
Microbiological Methods, v. 107, n. Supplement C, p. 161-168, 2014/12/01/ 2014. ISSN 0167-7012. Disponível em:
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[2] CROCKETT, R. The critical 21st century skills every student needs and why: Retrieved from: https 2015.
[3] DOS SANTOS, R. Estratégia de Formação, Capacitação, Treinamento Operacional e retenção de Recursos
Humanos. p.253. 2010
[4] HMELO-SILVER, C. E. Problem-based learning: What and how do students learn? Educational psychology
review, v. 16, n. 3, p. 235-266, 2004. ISSN 1040-726X.
[5] KOGA, L.; SANTOS, M. D.; FOGANHOLO, C. Experimento de Determinação do Coeficiente de Arrasto e
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[6] LOYENS, S.; KIRSCHNER, P. A.; PAAS, F. Problem-based learning. In: (Ed.), 2010.
[7] SAAB-JR, J. Y. Relatório Parcial de Progresso do High Altitude Balloon (HAB-IMT)
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do Sul. 2017
[9] SATKUNAS, H.; SANTANA, J. L. Relatório de Ensaio DEA-RE-0403/17. São Caetano do Sul, 2017.
[10] ZHANG, Y.; LIU, D. Influences of initial launch conditions on flight performance of high altitude balloon
ascending process. Advances in Space Research, v. 56, n. 4, p. 605-618, 2015/08/15/ 2015. ISSN 0273-1177.
Disponível em: < http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0273117715003245 >.

185
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Capítulo 22
Phosphorus removal from metallurgical grade silicon
by acid leaching for solar application
Cátia Fredericci
João Guilherme Rocha Poço
João Batista Ferreira Neto
John Bernardo Vilca Neira

Abstract: Metallurgical grade silicon (MG-Si) contains a series of metal (Fe, Al, Mn, Cu,
Ni) and non-metal (P, B) impurities which make it unsuitable for use in solar cells. It is
known that various metallic impurities are rejected by the silicon during its
solidification process, and those crystallize at grain boundaries as intermetallic
compounds. However, P is difficult to segregate in silicon, unlike most other impurities,
since their partition coefficient (kp) is high (about 0.35). There are reports in the
literature indicating the possibility of phosphorus removal by the introduction of
elements that decrease the kp of P in silicon, such as calcium and barium. In this work, it
was used barium, which was introduced in MG-Si as a synthesized slag with BaO/SiO2
ratio of 6 and 5 wt% of CaF2 using a treatment of 1550 oC for 2 h. After melting, the
ingot prepared with barium slag was milled obtaining particle in the range -35+400
mesh. The particles were leached in one, two and three steps by using water, HCl, and
HF. The results showed that about 80 wt% of phosphorus was removed from the silicon
after leaching treatment, using the three step process.

186
Engenharia no Século XXI – Volume 7

1 INTRODUCTION
Commercial silicon is obtained from high purity silica in electric arc furnaces by reducing the silicon oxide
with a carbonaceous reductant comprising charcoal or mineral coal at a temperature of about 1900 °C.
The silicon produced by this process is called metallurgical grade (MG-Si), having a degree of purity in the
order of 99 wt% [ISTRATOV et al., 2006]. Higher purity silicon is required for the construction of
semiconductor devices. Solar-grade silicon (SG-Si - purity 99.9999%) is used for the production of
photovoltaic cells, while silicon above 99.999999 wt% (EG-Si) is necessary for electronic industry [LAI et
al., 2016]. Until approximately the end of the 1990s, SG-S was obtained as a by-product generated during
the production of electronic grade silicon. With the strong growth in demand for SG-Si, due to the
expansion of the photovoltaic solar energy market as an alternative and renewable source of energy, there
is a need to develop silicon dedicated to the photovoltaic solar independent of the EG-Si manufacturing
industry. There are two possible routes to obtain this silicon: the chemical and the metallurgical
(METELEVA, 2012). This second one allows SG-Si to be obtained at a lower cost, directly from
metallurgical grade silicon, which contains a high level of impurities (Fe, Al, Mn, Cu, Ni, P and B)
(FERREIRA NETO et al., 2015). SHIMPO et al. (2004) studied the introduction of a calcium source in MG-Si
and observed the formation of CaSi2 with P in the grain boundary between silicon and the silicide phase,
which can be leached in acidic solution.
One source of calcium, to phosphorus removal in silicon, is calcium carbonate (CaCO3). However, all
brands of Brazilian calcium carbonate, analyzed by the authors of this research, so far showed high
phosphorus content, making them not suitable for this purpose since the objective is exactly removing this
element from MG-Si. PELOSINI et al. (1990) have reported the possible removal of P, to below 1 ppm,
when MG-Si is fused with barium carbonate in proportions of 5 wt% to 30 wt% relative to the weight of
silicon. The same authors indicated that leaching, for this material, can be carried out in the temperature
range of 25 °C to 80 °C with solutions of HF, HCl, H2SO4, HNO3, or mixture of them, in concentrations of
5 % to 20 % by weight. The objective of this work was to study the effect of water, HCl, and HF on the
leaching process for P removal on a MG-Si reacted with and barium slag, since barium carbonate do not
present phosphorus contamination.

2 MATERIALS AND METHODS


2.1 PREPARATION OF INGOT
A synthetic slag of the BaO-SiO2-CaF2 system was prepared using BaCO3 (Aldrich), SiO2 (Jundu) and CaF2
(Aldrich) with BaO/SiO2 molar rate of 6 and 5 wt% of CaF2. All compounds were mixed and then heat
treated in a zirconia crucible at 800 oC for 16 h. After cooling, the material was milled and passed through
200 mesh sieve. Two metallurgical grade silicon (MG-Si) from MINASLIGAS-Brazil, which presented about
27.0±2.0 ppm and 14.3±1.0 ppm of P were used. The weight ratio of slag/MG-Si was 1/1. They were
mixed and melted in a graphite crucible at 1550 oC for 2 h under inert atmosphere (Argon) and cooled
down at 0.5 oC/min. After solidification, the silicon was separated from the slag obtaining an ingot of
about 8 cm in diameter by 20 cm high.

2.2 LEACHING PROCESS


2.2.1 ONE STEP
The powders were leached in a first step by a mixture of 100 ml of 10 wt% HCl (37%) + 10 wt % HF
(38 %) solution at 1 g /5 ml solid-to-liquid ratio. The experiments were carried out, in triplicate, at
magnetic stirring at about 80 oC for 5 h.

2.2.2 TWO STEP


The leaching was carried out first with a solution of 10 wt% HCl (37 %) under the same conditions 187
described in 2.2.1. After that, filtration was executed resulting in a solid silicon that was rinsed until pH
about 6. The resulting powder was dried at 100 oC for minimum 24 h, and then treated in a second step
with a solution of 10 wt% of HF (38 %). All experiments were carried out, in triplicate, at magnetic stirring
at about 80oC for 5 h.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

2.2.3 THREE STEP


The powders were leached in three steps. In the first one, 20 g of the powdered silicon were leached with
100 ml distilled water for 2 h. The powder was filtered and dried. In the second step the powder, resulted
from the first step, was mixed with a 100 ml solution 10 wt% HCl (37 %) and was leached for 5 h and then
filtered and dried. Finally, the powder resulted from the leaching with HCl was mixed with a 100 ml
solution of 10 wt% HF (38 %) and leached for 5 h. Every step was carried out, in triplicate, at 80 oC
through magnetic agitation.

2.2.4 CHARACTERIZATION
The amount of P was determined by ICP-OES (Varian) and was measured in triplicate.
Samples of ingots and leached powders were analyzed by scanning electron microscopy (JEOL JSM 6300),
and energy dispersive spectroscopy (EDS, Noran System). The crystalline phases were determined by X-
ray diffraction (Shimadzu XRD 6000) using Co K.

3 RESULTS AND DISCUSSION


3.1. MEV/EDS AND X-RAY DIFFRACTION BEFORE LEACHING
As can be shown in Figure 1 and 2, the phase formed at grain boundary is BaSi2.

Figure 1 – SEM micrograph, mapping of elements of Si and Ba and EDS spectra of points 1 and 2 shown in
the micrograph of the sample of MG-Si with barium slag.

188
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figure 2 – X-ray diffractogram of the sample MG-Si treated with barium slag.

3.2 AFTER LEACHING PROCESS IN ONE STEP


In the leaching process in one step a mixture of 10 wt% HCl (37 %) and 10 wt% HF (38 %) was used. The
microstructure of the leached particles showed regions of high amount of F, Ba and Si, as it can be seen in
Figure 3. The result of the analysis by X-ray diffraction, for the same sample analyzed by MEV/EDS, is
presented in Figure 4 and shows the presence of a BaSiF6. According to Rochow (1973), the solubility of
BaSiF6 in water is only 0.26 g at 17 oC and 0.9 g/l at 100 oC. The authors infer that the reaction below
could be occurred since gas liberation was observed during the experiments.

BaSi2(s) + 10 HF(l)  BaSiF6(s) + SiF4(g) + 5 H2(g) (1)

Table 1 shows the results of chemical analysis of the leached MG-Si before and after leaching. The removal
of phosphorus was only 63 %, and the high content of barium after leaching (4.8 wt %) corroborate the
results of MEV/EDS and X-ray diffraction. It can be concluded that this process was not satisfactory for
removal of P from MG-Si doped with barium slag.

Figure 3 – (a) and (b) SEM micrographs and (c) EDS spectra of points 1 and 2 shown in the micrograph (a)
of the sample of MG-Si with barium slag, after leaching in one step (mixture of HCl+HF).

(a) (b)

189

(c) (c)
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figure 4 – X-ray diffractogram of the sample MG-Si treated with barium slag after leaching in one step.

Table 1 – Content of P in the Si samples before and after leaching


Sample P (ppm) Ba %
Before leaching 27.0 ± 2.0 14.0±1.0
After leaching in one step (HCl+HF) 10.0 ± 2.0 4.8±0.4

3.3 AFTER LEACHING PROCESS IN TWO STEP


In this case, the first leaching step was carried out in a solution of 10 wt% HCl (37 %). After filtering and
drying, the resulted powder was leached with a 10 wt% HF (38 %) solution. Figure 5 shows micrograph of
the sample after the first leaching process and EDS indicating peaks of a very small intensity related to
barium. As the barium concentration is small, no barium-crystalline phase was identified in the X-ray
diffractrogram of this sample. Table 2 shows the chemical analysis, indicating a content of barium in the
order of 0.56 wt% (~ 96 % of Ba removal) and 77.7 wt% of P removal. The proposed reaction of this
process is:
2BaSi2(s)+ 4 H+ + 4Cl- + 6H2O(l)  2Ba2+ + 4Cl- + 2SiH4(g) + 4H2(g) + 2SiO2(s) +2H2O(l) (2)

BaCl2 is relatively soluble in water (34 g/l at 80 oC) (Haynes, 2010-2011) indicating that most barium
chloride was filtered. The second step, with HF, does not modify the result, as can be seen in Table 2.

Figure 5 – (a) SEM micrograph and (b) EDS spectra of area 1 shown in the micrograph (a) of the sample of
MG-Si with barium slag, after leaching in HCl.

(a) (b)

190
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figure 6 – X-ray diffractogram of the sample MG-S treated with barium slag after leaching in two steps
(first in HCl and second in HF).

Table 2 – Content of P in the Si samples before and after leaching


Sample P (ppm) Ba %
Before leaching 27.0 ± 2.0 14.0±1.0
After leaching HCl 6.0 ± 3.0 0.56±0.05
After leaching in HF 6.0±1.0 0.40±0.01

3.4 AFTER LEACHING PROCESS IN THREE STEP


According to literature [HERRMANN, 1998] BaSi2 disintegrates through reaction with water according to:

BaSi2(s) + 6H2O(l)  Ba(OH)2(s) + 2SiO2(s) + 5H2(g) (3)

Figure 7 shows micrograph, by MEV, of the powder after water leaching. Peaks related to O, Si and Ba can
be observed by EDS, indicating the presence of Ba(OH)2 as indicated in reaction (3).
The first step using water is important to remove the major quantity of BaSi2. The reactions using HCl and
HF are represented as following:

Ba(OH)2(s) + 2H+ + 2Cl-  Ba2+ + 2Cl- + 2H2O(l) (4)

SiO2(s) + 4H+ + 4F-  SiF4(g) + 2H2O(l) (5)

191
Engenharia no Século XXI – Volume 7

Figure 7– (a) SEM micrograph and (b) EDS spectra of area 1 shown in the micrograph (a) of the sample of
MG-Si with barium slag, after leaching in H2O.

The Ba(OH)2 and SiO2 that are formed in the first step are scarcely soluble in water, but the first one is
relatively soluble in HCl solution forming BaCl2. The SiO2 forms SiF4 gaseous in HF solution, removing the
precipitate in the silicon, showing that three steps are important to purify the metallurgical grade silicon.
In Table 3 the results of the chemical composition of the leached silicon powder after the three steps are
presented. The leaching process used in this study resulted in a decrease from 14.3 ppm to about 3.3 ppm
of P. Although for solar energy application the amount of P in the silicon should be below 1 ppm
(FONTANETO, 1980 and LAI, 2016) the treatment with barium slag and further leaching show a potential
successful route for MG-Si purification.

Table 3 – Content of P in the Si samples before and after leaching in three steps
Sample P (ppm)
Before leaching 14.3 ± 1.0
After leaching in H2O, HC and HF 3.3 ± 0.5

4. CONCLUSIONS
The leaching with the mixture of HCl + HF resulted in BaSiF6 that are scarcely soluble in water resulting in
a phosphorus removal of only 63 %. About 80 wt% of P was removed from the MG-Si using the route by
introducing in it BaO slag, which promotes the P segregation to the grain boundary, forming BaSi2 that is
leached by three steps using water, HCl, and HF. However, it is necessary to study the effect of reducing
particle size, since coarse particle (about 500 µm) could contain grain boundaries that are not exposed to
the contact with water and acid. This effect should be explored.
192
Engenharia no Século XXI – Volume 7

REFERENCES
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[5] ISTRATOV AA, BUONASSISI T, PICKETT MD, HEUER M, WEBER ER - Control of metal impurities in “dirty”
multi-crystalline silicon for solar cells. Mater. Sci. Eng. B, 134, p. 282–286, 2006.
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hydrofluoric acid containing hydrogen peroxide as oxidizing agent, Hydrometallurgy, 164, p. 103–110, 2016.
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[9] ROCHOW E.G. – The Chemistry of Silicon – Pergamon Text in Inorganic Chemsitry, vol 9, 1973.
[10] SHIMPO T, YOSHIKAWA T, MORITA K - Thermodynamic study of the effect of calcium on removal of
phosphorus from silicon by acid leaching treatment, Metallurg. Mater Trans B, p. 277-284, 2004.
[11] ACKNOWLEDGMENTS

This work was supported by BNDES-FUNTEC and MINASLIGAS.

193
AUTORES
ADRIANE PIMENTEL OLIVEIRA
Graduanda em Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, com formação em Dezembro de 2019.
Com trabalhos publicados na área de materiais, compósitos e mineração.

ALISSON GADELHA DE MEDEIROS


Possui Graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2014),
Mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2015) e
Doutorado em Manejo de Solo e Água pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2019), com
ênfase na produção de concretos sustentáveis a partir de substituições parciais simultâneas de
resíduos em materiais convencionais, referente à linha de impactos ambientais. Atualmente, é
Professor do Magistério Superior efetivo, Adjunto - Classe C, da Universidade Federal Rural do
Semi-Árido.

ANA CARLA DA FONSECA FERREIRA


Graduanda do Curso de Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos pela Universidade Federal de
Campina Grande / Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (UFCG/CDSA).Voluntária
em projeto de extensão na área de produção de biocombustível a partir de óleo residual de fritura,
chamada Nº 18/2013 MCTI/CNPq/SPM-PR/Petrobras. Atuou como vice-conselheira do Polo UFCG,
integrante da Liga Nacional dos Acadêmicos de Biotecnologia (LiNAbiotec). Atuou como bolsista de
AUTORES

Iniciação Científica na área de simulação computacional.

ANA CRISTINA FIGUEIREDO DE MELO COSTA


Doutora em Ciências dos Materiais pela UFSCar em 2002. Atua desde então, no desenvolvimento
de novos materiais via síntese química, atividades relacionadas à nanotecnologia e
desenvolvimento de materiais para aplicação em eletro-eletrônica, aplicações em catálise,
materiais magnéticos, ópticos, nanocompósitos, biomateriais, membranas cerâmicas e marcadores
biológicos. Possui experiência em síntese e caracterização de materiais, desenvolvimento de
materiais magnéticos para aplicações em catálise, absorvedores de radiação eletromagnética,
marcadores biológicos e dispositivos magnéticos moles. A respectiva pesquisadora participa como
membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Engenharia de Materiais
(conceito CAPES 5). Também atua na formação de recursos humanos participando ativamente dos
programas de Iniciação Científica PIBIC/CNPq; PIBIT/CNPq e PIVIC/UFCG. Revisora de periódicos
internacionais no Journal of the European Ceramic Society, American Ceramic Society, Journal of
Magnetism and Magnetic Materials, Journal of Alloys and Compounds, Journal of Materials of
Science, Revista Cerâmica, Materials Research e nos periódicos nacionais Revista Matéria,
Cerâmica, Revista Eletrônica em Engenharia de Processos, Revista Brasileira de Aplicação de Vácuo
e Revista Polímeros.

ANA PAULA JAMBERS SCANDELAI


Possui graduação em Engenharia Ambiental (Unoeste - 2013), especialização lato sensu em
Engenharia de Segurança do Trabalho (UEM - 2017), Mestrado (UEM - 2015) e Doutorado em
Engenharia Química (UEM - 2019). Tem experiência em laboratório ambiental analítico e nas áreas
de tratamento avançado de efluentes, licenciamentos ambientais e resíduos sólidos. Possui
publicação de artigos científicos relacionados aos temas de tratamento de efluentes e
gerenciamento de resíduos sólidos em periódicos científicos e em congressos nacionais e
internacionais.
ANDRÉ GERALDO CORNÉLIO RIBEIRO
Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Possui Mestrado e
Doutorado na área de Geotecnia pela UFV . Tem experiência na área de Engenharia Civil, com
ênfase em Engenharia Geotécnica, atuando principalmente nas seguintes áreas: Investigação
Geológico-geotécnica, Gestão de Resíduos Sólidos, Sistemas de Coberturas Evapotranspirativas e
Projeto de Aterro Sanitário. Atualmente é Professor Adjunto IV no Departamento de Recursos
Hídricos e Saneamento da UFLA , onde atua nos cursos de graduação em Engenharia Ambiental e
Sanitária, Engenharia Civil e Engenharia Agrícola. É Coordenador do Curso de Graduação em
Engenharia Ambiental e Sanitária, professor e orientador no Programa de Pós-Graduação em
Tecnologias e Inovações Ambientais e no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental.

ANDRÉ SALES MENDES


Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Amazonas (2017), Ex-Bolsista de
Iniciação Científica CNPq na área de Geotecnia e Pavimentação, Intgrante do Grupo de Pesquisa
Geotec da Universidade Federal do Amazonas.

BRUNO BARBOSA FROTA


Técnico em Mecatrônica pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas
(2013). Acadêmico do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Amazonas. Foi
AUTORES

bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da UFAM (2018/2019), cujo


tema da pesquisa foi "Avaliação mecânica de solo típico de Manaus/AM estabilizado com resíduo
de alumínio". É membro do grupo de pesquisa em Geotecnia da UFAM (GEOTEC)

CAMILA GOMES MORENO


Graduanda do curso Engenharia de Materiais pela Universidade Federal da Paraíba. Tem
experiencia nos temas: Materiais compósitos poliméricos e aproveitamento de resíduos para a
fabricação de compósitos cerâmicos.

CÁTIA FREDERICCI
Graduação em Química pela Universidade Federal de São Carlos, mestrado e doutorado em Ciência
e Engenharia de Materiais pela Universidade Federal e São Carlos. Atuação na área de P&D&I em
Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em cerâmica e vidro. Pesquisadora e Professora
do Mestrado Profissional do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT.
Atualmente, bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora 2
no CNPq.

CELIA KIMIE MATSUDA


Graduada em Física pela Universidade Estadual de Maringá. Mestre e Doutora em Física pela
Universidade Estadual de Maringá. Professora Adjunta da Universidade Estadual do Paraná-
UNESPAR. Pesquisadora do GMPAgro-Grupo de Pesquisa em Materiais Agroindustriais da
UNESPAR.

CÉLIA REGINA GRANHEN TAVARES


Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal do Pará (1978), mestrado em
Engenharia Química pela Universidade de São Paulo (1982), doutorado em Engenharia Química
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e INSA-Toulouse (1992) e pós-doutorado em
Engenharia Ambiental pela Université Montpellier II (1997-1998). É professora Titular,
aposentada, do Departamento de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá. Tem
experiência e atua nas áreas de Engenharia Química e Engenharia Sanitária e Ambiental, com
ênfase em Técnicas Avançadas de Tratamento de Efluentes, Tratamento Biológico de Efluentes
Líquidos, Gestão e Tratamento de Resíduos Sólidos e Gerenciamento e Monitoramento de Recursos
Hídricos.

CLÁUDIA TELLES BANATTI


Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Maringá (1993), mestrado
(2000) e doutorado (2005) em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá.
Atualmente é professora Adjunto da Universidade Estadual de Maringá - UEM. Tem experiência em
ensino, desenvolvimento de projetos e pesquisa na área de Engenharia Civil, com ênfase em
hidráulica e saneamento, com destaque em Técnicas Avançadas de Tratamento de Efluentes,
Tratamento Biológico de Lodo, Gestão e Tratamento de Resíduos Sólidos e Gerenciamento de
Recursos Hídricos.

CLODOMIRO ALVES JUNIOR


Graduação em física pela UFRN (1978), mestrado e doutorado em Ciência e Engenharia de
Materiais pela UFRN (1984 e 1994, respectivamente). Pós-doutorado na École des Mines, Nancy-
França. Participou ativamente da criação do Programa de Pós-graduação de Ciência e Engenharia
de Materiais da UFRN. Professor titular da UFRN, onde orientou 84 trabalhos de pós-graduação,
sendo 70 dissertações e 30 teses. Atualmente é Pesquisador Visitante Sênior da Universidade
Federal Rural do Semi-árido (UFERSA). Foi presidente da Sociedade Latino-americana de
Biomateriais, orgãos artificiais e Engenharia de tecidos (SLABO) e de vários congressos nacionais e
AUTORES

internacionais. Experiência em Engenharia de Materiais e Metalúrgica, ênfase em Processamento


de materiais por plasma.

CONCEIÇÃO DE MARIA PINHEIRO CORREIA


Engenheira Civil pela Universidade Estadual do Maranhão (1986), Mestre em Engenharia de
Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (1996) e Doutora em Ciência e Engenharia dos
Materiais pela Universidade de São Paulo (2009). Atualmente é professora do magistério superior
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão. Tem experiência na área de
Engenharia Civil, com ênfase em Construção Civil, Materiais de Construção Civil, atuando
principalmente nos seguintes temas: tecnologia dos materiais, condutividade térmica do concreto,
concreto portland comum e de alta resistência,argamassas e gesso, concretos eco eficientes. Atual
Coordenadora do Curso de Engenharia Civil deste Instituto federal.

CONSUELO ALVES DA FROTA


Pós-Doutora em Geotecnia pela Universidade do Tennessee. Professora Titular da Faculdade de
Tecnologia (FT) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com atuação no âmbito da
Engenharia Civil, com ênfase em Geotecnia. Desenvolve pesquisas em inovação tecnológica, na
busca de novos materiais para a construção civil, notadamente para emprego em pavimentação.

DANIEL DE OLIVEIRA SANTOS


Bacharel em Ciência e Tecnologia (2016) pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA.
Graduado em Engenharia Civil (2017) também pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido -
UFERSA. Apresenta domínio nas áreas de projetos arquitetônicos, projetos complementares e
maquetes 3D.

DANIELLY CRUZ CAMPOS MARTINS


Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2014) e
mestrado (2017) pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade
Estadual de Maringá. Atualmente é doutoranda do mesmo Programa. Na pós-graduação atua na
linha de Gestão, Controle e Preservação Ambiental, com desenvolvimento de tecnologias
avançadas para o tratamento de lixiviado de aterro sanitário e efluentes de salões de beleza. Possui
publicação de artigos relacionados aos temas de gerenciamento de resíduos sólidos e tratamento
de efluentes em congressos nacionais e internacionais e periódicos científicos.

DANUSA ARAÚJO DE MOURA


Possui graduação em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal da Paraíba (2018). Tem
experiência nos temas: Compósitos poliméricos, Materiais para conversão de energia e Emulsões
para aplicação em fluidos de perfuração. Atualmente é bolsista de mestrado CAPES da pós
graduação em Engenharia Mecânica (UFPB) e membro do Laboratório de Siderurgia (LASID),
atuando na área de Processos de fabricação.

DENISE MARQUES PINHEIRO


Possui graduação em Engenharia Civil pela ESCOLA DE ENGENHARIA MAUÁ (1989) e mestrado
em Engenharia de processos Químicos e Bioquímicos pelo Centro Universitário do Instituto Mauá
de Tecnologia (2007). Atualmente é professora assistente do Centro Universitário do Instituto
Mauá de Tecnologia, ministrando aulas de Física, Projetos e Atividades Especiais (PAE). Foi
responsável pela disciplina Ciências Aplicadas do curso de Design do Produto de 2011 a 2013. É
aluna de Doutorado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA. Atua principalmente nos
seguintes temas: laboratório, WebLAB, e metodologia ativa de aprendizagem.
AUTORES

DOMINGOS SÁVIO TAVARES MENDES JÚNIOR


Graduando do curso de Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Possui
experiência pelo Grupo de Pesquisa em Materiais Compósitos - GPMAC, com ênfase nos estudos de
fibras naturais, resinas, resíduo de madeira e monitor na disciplina de compósitos naturais no ano
de 2015-2. Participante da equipe UFPABOTZ-2016. Participou do Grupo de Pesquisa em
Metalurgia e Transformação - GPMET com pesquisas na área de desgaste e rugosidade. Membro
pesquisador do Laboratório de Climatização e de Conforto Térmico do Grupo de Energia, Biomassa
& Meio Ambiente.

EDSON SALES JÚNIOR


Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2014) e
mestrado (2017) pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade
Estadual de Maringá.

EDUARDO BRAGA COSTA SANTOS


Graduado em Engenharia: Habilitação em Produção e Sistemas pela Universidade Estadual de
Santa Cruz, Bahia, Brasil. Diretor Financeiro e Fundador da Empresa Júnior de Engenharia de
Produção e Sistemas da universidade supracitada no período 2009. Conselheiro Administrativo do
Centro Acadêmico de Engenharia e Produção e Sistemas (CAEPS) da Universidade Estadual de
Santa Cruz nos períodos 2008/2009 e 2009/2010. Organizador do I Simpósio de Engenharia de
Produção do Sul da Bahia - I SEPROSUL-BA realizado em 2008. Organizador do II Simpósio de
Engenharia de Produção do Sul da Bahia - II SEPROSUL-BA realizado em 2009. Mestre em Ciência,
Inovação e Modelagem em Materiais - PROCIMM, pela Universidade Estadual de Santa Cruz.
Doutorando em Ciência e Engenharia de Materiais - PPCEM, pela Universidade Federal da Paraíba.
Professor no Centro de Ensino Superior do Extremo Sul da Bahia entre 04/2013 e 04/2015.
Professor na Faculdade Pitágoras - Unidade Teixeira de Freitas entre 02/2014 e 05/2015.
Professor na Faculdade SENAI da Paraíba entre 03/2018 e 03/2019. Avaliador do Simpósio de
Engenharia de Produção - SIMPEP. Experiência docente nas áreas de Pesquisa Operacional,
Administração da Produção, Logística, Administração de Materiais, Gestão da Cadeia de
Suprimentos, Gestão de Projetos e Engenharia do Produto.
FERNANDA MONIQUE DA SILVA
Graduada em Engenharia Mecânica (2014) e Bacharel em Ciência e Tecnologia pela Universidade
Federal Rural do Semi-Árido (2011). Mestra em Ciência e Engenharia de Materiais (2018) pela
Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Atualmente é professora do de ensino básico, técnico e
tecnológico do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Ceará, na área de metalurgia da
transformação.

FERNANDA SANTOS SILVEIRA


Graduada em Engenharia de Produção Agroindustrial pela Universidade Estadual do Paraná -
UNESPAR.

FRANCISCO LEONARDO GOMES DE MENEZES


Licenciado em Química pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2008); Mestrado em
Ciências Naturais pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2013). Atualmente é
Técnico Químico da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Tem experiência na área de
Química, com ênfase em Química Analítica e Química Ambiental, atuando principalmente nos
seguintes temas: eletroquímica, tratamento de água e efluentes e recursos naturais.
AUTORES

FRANCISCO MIKAEL ALVES DA SILVA


Estudante do 7º período de engenharia mecânica pelo instituto federal de educação, ciência e
tecnologia do amazonas (IFAM). Atualmente bolsista do programa institucional de bolsas de
iniciação científica (PIBIC) – IFAM na área de refrigeração e climatização e energia limpa.

GILBERTO EIITI MURAKAMI


Possui graduação em Engenharia Elétrica Com Ênfase Em Eletrotécnica pelo Instituto Mauá de
Tecnologia (1992), mestrado(2007) e doutorado(2017) em Física pelo Instituto Tecnológico de
Aeronáutica. Trabalhou como professor assistente do Centro Universitário do Instituto Mauá de
Tecnologia e coordenou o projeto Balão de Alta Altitude. Participou da Semana de Formação de
Professores do Consórcio Sthem Brasil, em Lorena - SP (2017). Ministra cursos de aprendizagem
ativa, tais como Ensino Híbrido, Aprendizado Baseado em Problemas e Projetos, Sala de Aula
Invertida, Peer Instruction, Design Thinking etc. Atua principalmente nos seguintes temas:
laboratório, WebLAB, eletricidade, eletromagnetismo, ondas, balão de alta altitude, astrobiologia,
metodologia ativa de aprendizagem. Atualmente trabalha como professor da Universidade São
Judas Tadeu, ministrando aulas de Física no curso de Engenharia. Foi laureado com a homenagem
de menção honrosa pelo trabalho realizado pelos alunos de Engenharia da Universidade São Judas
Tadeu com o título de Internet das Coisas - IoT (2019).

GLEIDSON SILVA FIGUEIREDO


Graduando do curso de Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Possui
experiência pelo Grupo de Pesquisa em Materiais Compósitos - GPMAC, com ênfase nos estudos de
fibras naturais, resinas, resíduo de madeira e projeto de extensão pela PROEX voltado para a
valorização dos recursos naturais do Pará. Foi bolsista do Programa de Educação Tutorial -
PETMEC, desenvolvendo atividades nas áreas de pesquisa, ensino e extensão. Membro e bolsista
(CNPq) do Grupo de Pesquisa em Metalurgia e Transformação - GPMET com pesquisas na área de
desgaste e rugosidade.

HEIDER CHRISTIAN M. MONTEIRO


Graduando do curso de Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Possui
experiência pelo Grupo de Pesquisa em Materiais Compósitos - GPMAC, com ênfase nos estudos de
fibras naturais, resinas, resíduo de madeira para construção civil e naval. Foi monitor de
Climatização de ambiente construído, bolsista de extensão do grupo EBMA (Grupo de Energia,
Biomassa & Meio Ambiente) realizando pesquisas na área de refrigeração e realizando
manutenção em aparelhos condicionadores de ar.

HEMILLY CRISTINE LOBO FERNANDES


Engenheira Civil pela Universidade Federal de São João Del Rei (2018) e Técnica em Edificações
pelo Instituto Federal de Minas Gerais (2012). Mestranda em Geotecnia pelo Núcleo de Geotecnia
da Universidade Federal de Ouro Preto. Tem atuação em estudos de projetos de barragens e pilhas,
liquefação, segurança de barragens e elaboração de carta de risco. Tem experiência na área de
Engenharia Civil em acompanhamento de projetos (níveis conceitual, básico e detalhado) e estudos
geotécnicos de estabilização, descomissionamento e alteamento de barragens de rejeito, projetos
de pilha de rejeito e estéril, acompanhamento de obras de estabilização de barragens

HERIVALDO PASCOAL DA SILVA FILHO


Estudante do 9º semestre do curso de graduação em engenharia mecânica-UFPA e atualmente
trabalha no laboratório de climatização e refrigeração da UFPA. Como atividades principais já
desenvolvidas, destacam-se: bolsista do laboratório de compósitos (2015-2016 – PIBEX-UFPA) e
monitor do laboratório de climatização (2018). como qualificações e atividades complementares,
possui: inglês e espanhol básico; noções de matlab; arduino e rotinas administrativas; participação
em palestras, congressos e eventos acadêmicos; produção de trabalhos acadêmicos como artigos e
projetos diversos; curso “mecânico de motores a diesel”; curso “manutenção preditiva baseada em
AUTORES

análises termográficas”; curso “técnicas para elaboração de trabalhos científicos”; curso


“extensometria básica e utilização de fibras óticas em medições de deformações”; curso “curso
técnico de instação e manutenção de ar condicionado”.

JACKELINE MEIRELES HIPOLITO DE SOUZA


Graduanda em Engenharia Biomédica, com formação prevista em 2022. Foco em mestrado e/ou
áreas de pesquisas.

JANETTY JANY PEREIRA BARROS


Possui graduação em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal da Paraíba (2018). Tem
experiência nos temas: Compósitos poliméricos e zeólitas sintéticas. Atualmente é bolsista de
mestrado CAPES da pós graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (UFCG) e membro do
Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste (CERTBIO), atuando no
estudo de Cristalização e propriedades de polímeros, Modificação de polímeros, Compósitos
poliméricos, Termorrígidos e estudos cinéticos.

JENNEF CARLOS TAVARES


Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PEC) da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN), Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal Rural do
Semi-Árido (2016), também possui graduação em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal
Rural do Semi-Árido (2013). Foi professor substituto na Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(2017-2019).

JÉSSICA RENALY FERNANDES MORAIS


Graduada no curso de Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos pela Universidade Federal de
Campina Grande, Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido. Tem experiência no
Manejo Integrado do Solo na Plantação de Videiras para uma Posterior Fermentação, Bioprocessos,
Produção de Biodiesel por Reação de Transesterificação a partir de Óleo de Fritura, Microbiologia
Industrial e Desenvolvimento de Biomateriais.
JOÃO BATISTA FERREIRA NETO
Graduação em Engenharia Metalúrgica pelo Instituto Mauá de Tecnologia (1985). Mestrado (1992)
e Doutorado (2002) em Engenharia Metalúrgica pela Escola Politécnica da USP. Foi pesquisador,
chefe do Laboratório de Processos Metalúrgicos (LPM), diretor do Centro de Tecnologia em
Metalurgia e Materiais (CTMM) no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo -
IPT de 1986 a 2019. Bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão
Inovadora do CNPq (2006-2019).

JOÃO GUILHERME ROCHA POÇO


Graduação em Ciências e em Química pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Oswaldo Cruz,
graduação em Química Industrial pela Escola Superior de Química Osvaldo Cruz (1982), mestrado
e doutorado em Engenharia Química pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Foi
pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo de 1981 a 2014.
Atualmente Professor Adjunto e Pesquisador no Depto de Engenharia Química do Centro
Universitário FEI.

JOELDA DANTAS
Doutora em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG), Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Master Educacional, Pós-
AUTORES

doutorado PNPD/CAPES e Professora externa no Programa de Pós-Graduação em Energias


Renováveis (PPGER), do Centro de Energias Alternativas e Renováveis (CEAR) da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB), onde desenvolve pesquisas com ênfase em Materiais Aplicados às
Energias Renováveis e Conversão da Biomassa em Biocombustíveis. Possui experiência na área de
Engenharia de Materiais, com ênfase em Engenharia de Materiais e Metalúrgica (área de
concentração em estrutura, processamento e propriedades de materiais), catálise, boas práticas de
segurança laboratorial, sinalização de segurança e Normas técnicas ABNT. Pesquisadora em
parceria com o Laboratório de Síntese de Materiais Cerâmicos da UFCG, com atuação principal na
área de síntese e caracterização de materiais cerâmicos, desenvolvimento de novos catalisadores
via síntese química, desde pequena escala até escala piloto de produção, materiais magnéticos,
ópticos, nanocatalisadores mistos para fotocatálise solar, atividades relacionadas à nanotecnologia.

JOHN BERNARDO VILCA NEIRA


Graduação em Engenharia de Materiais pela Universidad de San Agustín-Perú, título reconhecido
pela Universidade Federal de São Carlos, mestrado e doutorado em metalurgia pela Universidade
de São Paulo, MBA pelo PECE da Escola Politécnica da USP. Atuação na área de Engenharia de
Materiais e Metalurgia, com ênfase em Metalurgia Extrativa. Professor e pesquisador da
Universidade Federal do Amapá.

JOSÉ ALBERTO CERRI


Licenciado em Física em 1994, Mestre em Engenharia de Materiais em 1996 e Doutor em Ciência e
Engenharia de Materiais em 1999 pela Universidade Federal de São Carlos, atua desde 2000 como
professor no Departamento de Construção Civil da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

JOSÉ DANIEL JALES SILVA


Possui graduação em Engenharia Civil e Bacharelado em Ciência e Tecnologia, ambos pela
Universidade Federal Rural do Semi-Árido e Mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Possui pesquisas no âmbito da Engenharia Civil, com ênfase nas áreas de instalações de
prevenção e combate a incêndio, sistemas de tratamento de esgotos e sustentabilidade aplicada à
construção civil relacionada à incorporação de resíduos industriais em compostos cimentícios.
Atualmente, é professor efetivo do Magistério Superior da Universidade Federal Rural do Semi-
Árido na área de Geotecnia.
JOSEANE DAMASCENO MOTA
Possui graduação - Licenciatura Plena em Química (2015) e Bacharelado em Química Industrial
(2011) pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Tem Mestrado (2013) e Doutorado (2017)
em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Atuou
principalmente no processo de caracterização de argilas nacionais e seu tratamento de águas
contaminadas por metais pesados e desenvolvimento de membranas poliméricas e compósitas no
tratamento de efluentes oleosos. Atualmente exerce a função docente no ensino superior na
Faculdade Irecê (FAI) ministrando as disciplinas de Química Analítica Qualitativa, Química
Analítica Quantitativa e Química Orgânica II no curso de Farmácia. Atua também na rede estadual
de ensino da Bahia.

JÚLIA FONSECA COLOMBO ANDRADE


Graduada em Engenharia Ambiental e Sanitária pela Universidade Federal de Lavras - UFLA.
Trabalhou na área de Microbiologia e Processos Biológicos do Solo e Gestão de Resíduos Sólidos
como bolsista de iniciação Científica e como estagiária do CONSANE- Consórcio Regional de
Saneamento Básico. Atualmente mestranda em Saneamento Ambiental pelo programa de Recursos
Hídricos e Sistemas Agrícolas da UFLA

JULIANA MASSAE ANDREATTA


AUTORES

Graduada em Engenharia Mecânica em 2017 pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná,


atualmente trabalha na área de auditoria de processos logísticos e comerciais.

JUSSIER DE OLIVEIRA VITORIANO


Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Meio Ambiente pelo Centro Federal de Educação
Tecnológica do Rio Grande do Norte (2000), Graduação em Tecnologia em Materiais pelo Centro
Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (2008), Graduação em Licenciatura Em
Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2011). Mestrado em Engenharia
Mecânica pela Universidade Federal do Rio grande do Norte (2015). Atualmente é doutorando em
Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2016 - ...). Tem experiência
na área de Tecnologia dos Materiais e Plasma de baixa pressão para aplicação em endurecimento
de superfícies e modificação de polímeros e Plasma atmosférico para aplicação na agricultura,
ambiente e saúde.

KAIQUE ACÁCIO NUERNBERG


Graduado em Engenharia Mecânica em 2018 pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
atualmente trabalha na área de projetos de veículos.

KAMILA DA SILVA POMPEU


Estagiária na Empresa de Tecnologia e Informação do Estado do Pará, onde realiza projetos e
análises relacionadas aos esforços mecânicos provocados sobre torres de telecomunicações.
Também é bolsista e vice coordenadora de ensino no programa de educação tutorial - PET da
Universidade Federal do Pará. Tem experiência acadêmica de pesquisa na área de materiais, em
relação ao estudo do comportamento de ligas metálicas; Na área espacial, onde realiza análises de
materiais para confecção de revestimentos de satélites; E na área estrutural, onde realiza análise
de esforços mecânicos sobre torres.

KARINE BIANCA DE FREITAS


Possui graduação em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2016).
Foi monitora na disciplina de Ondas e Termodinâmica (2014). Graduada em Engenharia Civil pela
Universidade Federal Rural do Semi-Árido.
KRISTY EMANUEL SILVA FONTES
Bacharel em Ciências e Tecnologia (UFERSA, 2011); Graduação em Engenharia Mecânica (UFERSA,
2013); Especialista em Engenharia Elétrica e Eletromecânica (Universidade Candido Mendes,
2019); Atualmente Mestrando em Ciências e Engenharia de Materiais (PPGCEM - UFERSA) e
pesquisa com foco na extração e caracterização de sais da salinicultura regional.

LARISSA MARTINS DE OLIVEIRA


Graduada em Engenharia Civil pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido(2018) e graduação
em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido(2016). Tem experiência
na área de Engenharia Civil.

LAURINDO DE SALLES LEAL FILHO


Engenheiro de minas pela UFMG (1984), mestre em engenharia metalúrgica pela UFMG (1988),
doutor em engenharia mineral pela USP (1991). Docente da Escola Politécnica da USP desde 1990,
atingindo o posto de professor titular em 2001. Atuou como "adjunct research professor" na
University of South Australia - Ian Wark Research Institute (2010-2013) e diretor científico do
Instituto Tecnológico Vale (2013-2019). Nos últimos 10 anos, formou 9 doutores e 6 mestres, além
de publicar 25 artigos em revistas indexadas e obter 6 patentes em 5 continentes.
AUTORES

LILIANE FERREIRA ARAÚJO DE ALMADA


Possui formação Técnica em Eletrotécnica pelo IFRN - Mossoró (2010). Bacharel em Ciência e
Tecnologia (2014.2) e graduada em Engenharia Mecânica (2016.2) - UFERSA. Tem experiência na
área de fabricação, manutenção de máquinas e programação CNC. Mestranda em Ciência e
Engenharia dos Materiais - UFERSA, atuando na área de estudo e caracterização de sais, com foco
em flor de sal, obtidos na salinicultura regional.

LUANA DE ARAUJO OLIVEIRA


Doutoranda em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal da Paraíba (2017). Possui
Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande (2016).
Graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal da Paraíba (2014). Participação em
Projetos de Pesquisa (2010-2013). Atuou em áreas, como: adsorção para tratamento de efluente
oleoso, desenvolvimento de membranas híbridas para remoção de efluentes industriais, remoção
de corantes ativos através de argilas, desenvolvimento de compósitos aplicados ao revestimento
de reservatórios e obtenção de fluido de perfuração de petróleo a base de glicerina.

LUCAS CARDOSO LIMA


Doutor pelo Programa de Pós-Graduação Recursos Hídricos em Sistemas Agrícolas, na linha de
pesquisa de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, com ênfase em tratamento de efluentes
na Universidade Federal de Lavras (UFLA).Mestre Recursos Hídricos em Sistemas Agrícolas, onde
trabalhou com gestão de resíduos orgânicos destinados a compostagem. Bacharel e Licenciado em
Geografia pela Universidade Federal de Juiz de Fora ( UFJF) com ênfase em Geografia Física, em
estudos sobre o Meio Ambiente e em Recuperação de Áreas degradadas em bacias hidrográficas.

LUCINEIDE BALBINO DA SILVA


Professora Associada III do Departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal da
Paraíba, Coordenadora do Laboratório de Materiais Poliméricos. Tem atuado na área de
processamento e reologia de materiais poliméricos e compósitos com ênfase em matrizes
termoplásticas, utilizando como reforços resíduos de fibras vegetais curtas ou partículas
inorgânicas, submetidas a tratamentos superficiais para melhoraria do desempenho mecânico e
térmico desses materiais .
MÁRCIA SILVA DE ARAÚJO
Graduada em Engenharia Química em 1990 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mestre
em Engenharia de Materiais em 1994 pela Universidade Federal de São Carlos e Ph.D. em
Engenharia de Papel em 2001 pela Université du Québec à Trois Rivières, atua desde 2002 como
professora no Departamento de Mecânica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

MARINA MURIEL FEITOSA PINTO


Graduanda em Engenharia Civil pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão, Pesquisadora na Área de Engenharia de Materias. Outros trabalhos já Concluidos: Load
Testing of Recycled Plastic Structural Sections (2015), em parceria com Athlone Institute of
Technology (AIT) -Irlanda

MARISA BEZERRA DE MELLO MONTE


Marisa Monte possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (1984) e mestrado e doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998). Em 2008, realizou seu pós-doutorado no Instituto
de Pesquisa The Wark, na Austrália. No período entre junho de 2014 e julho de 2016, trabalhou no
Instituto Tecnológico Vale, ITV Mineração, sediado em Ouro Preto, como pesquisadora titular da
área de metalurgia extrativa e fenômenos de superfície. Atualmente coordena os Laboratórios de
AUTORES

Química de Superfície – LQS e de Interação de Superfícies Nanométricas – LSNano do CETEM


além de atuar como Colaboradora do Programa de Pós-Graduação da Engenharia Metalúrgica e de
Materiais (COPPE/UFRJ).

MARTA DUARTE DA FONSECA DE ALBUQUERQUE


Marta Albuquerque possui graduação em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(2007) e mestrado e doutorado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais pelo Programa de
Engenharia Metalúrgica e de Materiais da COPPE / UFRJ (2014). No período entre 2014 e 2015,
realizou seu pós-doutorado no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) na área de
Superfícies, Filmes e Nanoestruturas utilizando técnicas de ultra alto vácuo, de Foto-elétrons de
Raios-X e Microscopia de Força Atômica. Desde 2016, atua como pesquisadora no CETEM na área
de físico-química de superfície aplicada ao processamento mineral. Atualmente é bolsista de pós-
doutorado do Instituto Tecnológico Vale – ITV/ CAPES, realizando suas pesquisas no CETEM.
Possui experiência na área de Materiais, na modificação por plasma e funcionalização bem como na
caracterização de superfícies, utilizando Microscopia de Força Atômica (AFM), Espectroscopia no
Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) além das metodologias relacionadas às
determinações das propriedades de superfície.

MATHEUS BEN-HUR RAMIREZ SAPUCAIA


Graduando-se em Engenharia Mecânica pelo IFAM, tem conhecimento nas áreas de Usinagem,
Ensaios de Materiais e Energias renováveis. Atualmente é pesquisador PIBIC-IFAM na Área de
Geração de Energia Limpa.

MATHEUS PENA DA SILVA E SILVA


Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Amazonas (2015), mestrado
em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade Federal do Amazonas (2017). É membro
pesquisador do grupo de pesquisa em geotecnia da UFAM (GEOTEC). Atualmente é professor
Assistente (A2) da Universidade Federal do Amazonas, lotado no departamento de Engenharia
Civil da Faculdade de Tecnologia (FT). Coordena o laboratório de Mecânica dos Solos da FT.
Desenvolve pesquisa na área de Geotecnia, em especial na busca de novos materiais para
pavimentação.
MEIRY GLAUCIA FREIRE RODRIGUES
Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal da Paraíba (1989), mestrado
em Engenharia Química pela Universidade Federal de São Carlos (1992) e doutorado (Doctorat de
Chimie Appliquée) pela Université de Poitiers, França (1996). Pós-doutorado na UNICAMP sobre
?Potencialidade das argilas brasileiras aplicadas à catálise e ao meio-ambiente? (2003). Pós-
doutorado na UFRN sobre ?Síntese Hidrotérmica de aluminossilicatos microporosos e
mesoporosos e modelagem cinética e gravimétrica? (2010). Pós-doutorado na Universidade de
Zaragoza, Grupo de pesquisa Catalysis, Molecular Separations and Reaction Engineering Group
(CREG), Espanha sobre Sínteses das membranas do tipo fibra oca (ZIF-93/P-84) (2017).
Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal de Campina Grande, Unidade Acadêmica
de Engenharia Química. Tem experiência na área de Engenharia Química e Engenharia Ambiental,
com ênfase em Catálise, Química Verde, Petróleo e Petroquímica, atuando principalmente nos
seguintes temas: 1) Desenvolvimento de catalisadores (zeólitas, peneiras moleculares, MOFs,
ZIFs); 2) Desenvolvimentos de argilas organofílicas utilizando líquidos iônicos) 3) Tratamentos de
efluentes oleosos, têxteis e metais pesados utilizando adsorventes e membranas; 4) Produção de
membranas cerâmicas de baixo custo, zeolíticas, compósitas (argila/polímero ou
nanocompósito/polímero) e membranas tipo MOF ZIF-8; 5) Processos catalíticos: Isomerização de
alcanos, Síntese de Fischer-Tropsch e transesterificação de óleos vegetais com etanol para
produção de biodiesel.

NORMANDA LINO DE FREITAS


AUTORES

Possui graduação em Licenciatura Plena Em Matemática pela Universidade Estadual da Paraíba


(1991), graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal da Paraíba (1995), mestrado
em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande (1999) e doutorado em
Engenharia Química pela Universidade Federal de São Carlos (2003). Atuou como pesquisadora
DCR (2004-2007) da Universidade Federal de Campina Grande na Unidade Acadêmica de
Engenharia de Materiais e também como pesquisadora PROSET da Universidade Federal de
Campina Grande na Unidade Acadêmica de Engenharia de Materiais. Foi Professora Adjunto do
Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido da Universidade Federal de Campina Grande
Atualmente é Professora Associado do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de
Campina Grande. Tem experiência na área de Engenharia Química, com ênfase em Meio Ambiente
e catálise e na área de engenharia de materiais, com ênfase em materiais cerâmicos. Atualmente
está atuando principalmente nos seguintes temas: reação de combustão, membranas cerâmicas,
alumina, ferritas, catalisadores e biocombustível.

PATRÍCIA NOEMIA MOTA DE VASCONCELOS


Graduada em Licenciatura em Química pela Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES).
Graduada em Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Graduada em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
Doutorado em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pelo Centro Universitário de João Pessoa
(UNIPÊ). Especialista em Higiene Ocupacional pela Fundação Educacional Lucas Machado
(FELUMA).

PAULA POLASTRI
Possui graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho - UNESP (2007), pós-graduação em Ciências Ambientais pelo Instituto Federal do Triângulo
Mineiro - IFTM (2014), mestrado em Engenharia Urbana e pós-graduação em Engenharia de
Segurança do Trabalho pela Universidade Estadual de Maringá - UEM (2017). Tem experiência em
implantação e certificação de Sistema de Gestão Ambiental com base na norma ABNT NBR ISO
14001, auditorias ambientais, licenciamento ambiental, gerenciamento de resíduos sólidos e
elaboração/execução de projetos ambientais. Atualmente, doutoranda em Engenharia Química
pela UEM e Professora Mediadora e Formadora na modalidade EAD na UniCesumar.
PAULO SÉRGIO DA SILVA
Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Amazonas. Participou do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da UFAM (2018/2019), cujo tema da pesquisa foi
"Avaliação do comportamento mecânico de solo típico de Manaus/AM estabilizado
granulometricamente com resíduo cerâmico". É membro do grupo de pesquisa em Geotecnia da
UFAM (GEOTEC).

PEDRO HENRIQUE XAVIER DE MESQUITA


Possui mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais (2018), graduação em Engenharia
Mecânica (2014) e Bacharel em ciência e tecnologia (2011), todos pela Universidade Federal Rural
do Semi-Árido. Atualmente trabalha como professor de ensino básico, técnico e tecnológico no
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), no Campus
Mossoró.

RAFAEL FARINASSI MENDES


Professor Adjunto do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras. Engenheiro
Florestal formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Mestre em Ciências Florestais na
área de Tecnologia de Produtos Florestais pela ESALQ-USP. Doutor em Ciência e Tecnologia da
Madeira pela Universidade Federal de Lavras (UFLA). Tem experiência em compósitos
AUTORES

lignocelulósicos, compósitos plástico-madeira, nanofibras, nanocompósitos, compósitos minerais


com reforço com fibras vegetais, fibrocimento, materiais cerâmicos, polímeros, degradação de
materiais, compósitos de madeira e desenvolvimento de materiais de fonte renovável.

RAIMUNDO HUMBERTO CAVALCANTE LIMA


Geólogo formado na Universidade Federal do Ceará, mestre em Geociências pela Universidade
Estadual Paulista - IGCE - UNESP e doutor em Geologia Regional pela UNESP/Rio Claro (SP)
Professor associado do departamento de Geociências da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM). Orientador de Programa de Pós graduação em Geociências da UFAM.

RENAN AUGUSTO FRANCISCO DIAS


Estudante de mestrado em Tecnologia Nuclear (Materiais) pelo Instituto de Pesquisas Energéticas
e Nucleares IPEN/USP e bolsista pela CAPES (Eletronuclear).Graduado em Engenharia de Materiais
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e estagiário por 2 anos no Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Atuação na área de metalurgia com ênfase em análise
de falhas, caracterização de materiais e tratamentos térmicos e pesquisas acadêmicas
desenvolvidas em caracterização de superligas à base de níquel após processamento por Equal-
Channel Angular Pressing (ECAP)

RENATA ANTOUN SIMÃO


Renata Simão possui graduação em Física pelo Instituto de Física (1985) da UFRJ, mestrado em
Física pelo Departamento de Física dos Sólidos (1990) da UFRJ e doutorado em Engenharia
Metalúrgica e de Materiais pela UFRJ (1995). Atualmente é professora associada no Programa de
Engenharia Metalúrgica e de Materiais na COPPE - UFRJ. Tem experiência na área de Engenharia de
Materiais e Física, com ênfase em Superfícies e Interfaces; atuando principalmente na modificação,
estruturação e funcionalização e caracterização de superfícies. Foi a primeira coordenadora do
curso de graduação em Nanotecnologia da UFRJ de 2010 a 2012. Atuou também como
coordenadora dos cursos de engenharia metalúrgica e engenharia de materiais desde janeiro de
2012 a dezembro de 2015.
ROCHELIA SILVA SOUZA CUNHA
Possui Graduação em Química Industrial pela Universidade Estadual da Paraíba - Campina Grande,
Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Federal da Paraíba - Campina Grande.
Doutorado em Engenharia Química pela Universidade Federal de Campina Grande, atuando
principalmente nos seguintes temas: adsorção para purificação de corpos aquáticos contaminados
e desenvolvimento de novos materiais destinados a remoção de efluentes industriais. Atuou como
docente substituta no Departamento de Química na Universidade Estadual da Paraíba.

RODRIGO DE MOURA FERNANDES


Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Amazonas (2017), Ex-Bolsista de
Iniciação Científica CNPq na área de Geotecnia e Pavimentação, Intgrante do Grupo de Pesquisa
Geotec da Universidade Federal do Amazonas.

RODRIGO NOGUEIRA DE CODES


Pró-Reitor de Graduação da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Dupla graduação
em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará (2003) e em Engenharia Generalista pela
Ecole Centrale de Lyon (2003) da França. Mestrado em Engenharia e Ciência de Materiais pela
Universidade Federal do Ceará (2006). Doutorado em Engenharia Mecânica e de Materiais na Ecole
Normale Supérieure de Cachan (ENS Cachan) na França (2011). Atualmente é Professor Adjunto
AUTORES

IV, coordenador da Regional Nordeste do Colégio de Pró-Reitores de Graduação das IFES -


COGRAD/ANDIFES (2018 - 2019), coordenador do Comitê Gestor Institucional de Formação Inicial
e Continuada de Profissionais do Magistério da Educação Básica da UFERSA - COMFOR (2018 -
atual), presidente do Comitê de Graduação da UFERSA (2016 - atual) e avaliador de cursos de
graduação pelo INEP/MEC. Foi chefe do Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas
(DCAT) por dois mandatos (2013 - 2016) e foi membro do Conselho Universitário (CONSUNI) da
UFERSA (2015 - 2017). É professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de
Materiais e também do Programa de Pós-Graduação em Cognição, Tecnologias e Instituições,
ambos na UFERSA. Tem experiência na área de Engenharia de Materiais, com ênfase em
propriedades mecânicas e físicas dos materiais, mecânica experimental, correlação digital de
imagens, leis de comportamento dos materiais e instabilidades dos materiais.

RUBENS FERREIRA VIEIRA JUNIOR


Graduando do curso de Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Possui
experiência pelo Grupo EBMA (Grupo de Energia, Biomassa & Meio Ambiente), com ênfase em
pesquisa e estudo na área de térmicas e fluidos. Membro voluntário do Projeto Resfriar, com
atividades na área de climatização e refrigeração fazendo parte do grupo de pesquisa EBMA. Tem
interesse na área de materiais com ênfase em materiais compósitos para indústria naval e civil.

RUBYA VIEIRA DE MELLO CAMPOS


Graduada em Engenharia de Produção pela Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR. Mestre
em Engenharia Urbana e Doutora em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá -
UEM. Pesquisadora do GMPAgro-Grupo de Pesquisa em Materiais Agroindustriais da UNESPAR.

TALITA KÊNYA OLIVEIRA COSTA


Mestranda em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
tendo como agência financiadora a CAPES. Graduada em Engenharia Química pela Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG). Durante graduação, participou de três projetos financiados
pelo Conselho Nacional de Pesquisa, (CNPq), um de iniciação em desenvolvimento tecnológico e
inovação (PIBITI - 2014/2015) e dois de iniciação científica (PIBIC - 2016/2018). Experiência com
biodiesel, catálise, operações unitárias com transferência de calor e massa visando economia
energética e de produto. Conhecimento em vários softwares de modelagem e simulação de
projetos industriais, Aspen, Matlab, VBA Excel, entre outros.
TAMARA DA SILVA
Graduanda em Engenharia de Produção Agroindustrial pela Universidade Estadual do Paraná -
UNESPAR.

WALDEMAR ALFREDO MONTEIRO


Possui graduação em Física (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade de São Paulo (1971),
mestrado em Física do Estado Sólido pela Universidade de São Paulo (1976) e doutorado em
Ciências, modalidade Tecnologia Nuclear, pela Universidade de São Paulo (1984). É pesquisador
voluntário (aposentado) da Comissão Nacional de Energia Nuclear. Tem experiência na área de
Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em Metalurgia Física, atuando principalmente
nos seguintes temas: caracterização e processamento de materiais metálicos e compósitos,
metalurgia do pó, processos de soldagem, microscopia óptica, microscopia eletrônica,
microanálise.

WILLAM RAYPLHAM PEREIRA COELHO


Graduando em Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, formação em Dezembro de 2019.
Trabalhos publicados em materiais e mineração, afinco num mestrado e outros.
AUTORES

ZOROASTRO TORRES VILAR


Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Campina Grande. Tem
experiência na área de Engenharia Mecânica e Engenharia de Materiais, com ênfase em Projetos de
Máquinas e Materiais Avançados, atuando principalmente nos seguintes temas: Atuadores de ligas
com memória de forma - fabricação, caracterização e aplicações, Materiais inteligentes, Estruturas
inteligentes, resistência elétrica, histerese térmica, temperaturas de transformação e propriedades
termomecânicas de compósitos ativos. Possui mestrado (2009) e doutorado(2013) em Ciências e
Engenharia de Materiais pela universidade Federal de Campina Grande, na Área de Compósitos
Avançados e Estruturas Inteligentes.
Engenharia no Século XXI – Volume 7

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