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7 e 8 de outubro, 2016
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
CEPAN/UFRGS
Porto Alegre – 2016
Comissão Organizadora do Evento – 2016
Coordenação:
Profª. Kelly Lissandra Bruch
Organização:
CADEIA PRODUTIVA DO TABACO: UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DA ECONOMIA DOS CUSTOS DE
TRANSAÇÃO............................................................................................................................................................149
Lucas Meurer1, Rodney Wernke2, Mariélly Warmeling Laucsen Martins3 e Ivone Junges4
1Administrador/UNISUL
2Contador, Doutor em Eng. de Produção/UFSC, Professor no PPGCCA/UNOCHAPECÓ
3Administradora, Mestranda do PPGCCA/UNOCHAPECÓ
4 Economista, Doutora em Eng. de Produção/UFSC, Professora no Curso de Administração/UNISUL.
Resumo: A Análise CVL pode fornecer informações úteis à gestão de empreendimentos diversos. Nesse sentido, este
estudo pretendeu responder questão de pesquisa relacionada à evidenciação dos benefícios do uso da Análise CVL
na gestão de uma granja de suínos e teve o objetivo de elaborar planilha de custos aplicável ao contexto desse tipo
de empreendimento. Após breve revisão da literatura que priorizou pesquisas assemelhadas, foram mencionadas as
características metodológicas e, posteriormente, descritos os passos percorridos para atingir o objetivo estipulado.
Assim, com base no relato efetuado os autores concluíram que a aplicação da análise Custo/Volume/Lucro no
âmbito da granja de suínos citada proporcionou o conhecimento do desempenho econômico desse empreendimento
rural, proporcionando informações como a margem de contribuição (unitária e total), o ponto de equilíbrio
operacional (em número de animais e em valor do faturamento mensal), a margem de segurança das operações, a
apuração do resultado do período e permitiu simular alterações nos fatores envolvidos no cálculo. Por último foram
elencadas algumas limitações associáveis à Análise CVL no contexto pesquisado.
1 - Introdução
Santa Catarina é, atualmente,, o maior produtor e exportador nacional de carne suína. São 10 mil criadores
integrados às agroindústrias e independentes que produziram em 2015 cerca de 2,1 milhões de toneladas (RIBEIRO,
2016). Contudo, parcela expressiva desses produtores rurais provavelmente não tem afinidade com os conceitos da
Análise Custo/Volume/Lucro (CVL) e, por isso, esses empreendedores tendem a desconhecer os benefícios dessa
ferramenta gerencial.
Por ser um tema recorrente na literatura voltada para o segmento empresarial, há diversas pesquisas
relatando aplicações da Análise CVL em organizações industriais, comerciais e de prestação de serviços. Entretanto,
artigos voltados especificamente para o uso dessa ferramenta de custos em empreendimentos rurais são menos
frequentes em periódicos e eventos científicos da área contábil. Nesse ponto emerge a questão que se pretende
abordar neste estudo: como evidenciar os benefícios de utilizar a Análise CVL na administração de uma granja de
suínos de pequeno porte? Para tanto, foi estipulado como objetivo de pesquisa elaborar uma planilha de custos
aplicável ao contexto de uma pequena propriedade onde a suinocultura é a atividade principal.
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Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Estudos com esse enfoque se justificam por dois ângulos. O primeiro se relaciona à importância econômica
da atividade suinícola, cuja relevância é corroborada pelas exportações brasileiras de carne suína em 2015. Conforme
dados do MDIC/SECEX, reproduzidos no site da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS, 2016), as
vendas externas atingiram o valor de US$ 1.168.415.152 e volume de 472.710.458 kg. Desses totais, Santa Catarina
foi o estado que teve a maior participação (US$ 412.732.448 e 169.479.272 kg), seguida pelo Rio Grande do Sul
(US$ 398.457.275 e 159.237.143 kg). O segundo motivo relaciona-se com a escassez de obras enfatizando a
utilização da Análise CVL nesse segmento, especialmente no que concerne às pequenas propriedades rurais.
2 – Revisão da literatura
Em virtude da exiguidade de espaço para atender às normas do evento, optou-se por restringir a revisão da
literatura a pesquisas anteriores que abordaram a aplicação da Análise CVL no âmbito do agronegócio. Nesse rumo é
pertinente mencionar as pesquisas de:
a) Fiorin, Barcellos e Vallim (2014): aplicação da Análise CVL em agroindústria de pequeno porte produtora de
queijos;
b) Tavares e Mazzer (2014): utilizaram o custeio variável (margem de contribuição) em miniusina de beneficiamento
de leite de cabra;
c) Santos, Marion e Kettle (2014): fizeram uso da relação CVL como subsídio ao processo decisório da produção
leiteira de fazenda pertencente a um centro universitário;
d) Gollo, Cordazzo e Klann (2014): mencionam que vários estudos foram desenvolvidos para analisar as diversas
possibilidades de integração entre os produtores de suínos e as agroindústrias, visando analisar os resultados e
compará-los entre os diferentes modelos, com ênfase para os custos de produção.
e) Kruger et al. (2012): compararam uma granja produtora de leitões (UPL) com outra que adotava o sistema de
desmame precoce segregado;
f) Süptitz, Woberto e Hofer (2009): adotaram enfoque comparativo entre o modelo UPL e as unidades de
terminação;
g) Ostroski, Petry e Galina (2006): fizeram análise comparativa entre ciclo completo e fase de terminação.
Por outro lado, no que tange especificamente à aplicação da Análise Custo/Volume/Lucro em
empreendimentos voltados à suinocultura é válido salientar os estudos elencados a seguir.
Camargo, Wernke e Zanin (2016) abordaram questão relacionada a como utilizar os conceitos da Análise
CVL (margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança) na gestão de duas granjas que atuam
como “Unidades de Terminação (U. T.)” de suínos. Concluíram que esses instrumentos podem ajudar os
proprietários rurais a conhecer melhor o desempenho de suas propriedades.
Wernke, Lembeck e Heidemann (2008) aplicaram a Análise CVL em granja de suínos mantida por
agricultor catarinense, com abordagem assemelhada àquela empregada também por Wernke, Bornia e Meurer
(2002). Essas duas pesquisas corroboraram a aplicabilidade da Análise CVL em empreendimentos voltados à
suinocultura, mas com a necessidade de adaptação de alguns fatores à realidade dessa modalidade de agronegócio e
registraram a existência de algumas limitações associáveis.
3 – Metodologia utilizada
No que tange à metodologia empregada nesta pesquisa, em relação à tipologia quanto aos objetivos, esta
pode ser classificada como descritiva, pois referida modalidade visa, segundo Gil (1999) descrever características de
determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relação entre as variáveis. Nessa direção, Andrade
(2002) destaca que a pesquisa descritiva se preocupa em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e
interpretá-los, sem a interferência do pesquisador. Pelo aspecto dos procedimentos adotados, a pesquisa caracteriza-
se como estudo de caso, de vez que se concentra especificamente numa propriedade rural e suas conclusões limitam-
se ao contexto desse objeto de estudo. No âmbito da forma de abordagem do problema, a pesquisa pode ser
classificada como “qualitativa”, pois é assim que Richardson (1999) denomina os estudos que descrevem a
complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos
vividos por grupos sociais.
O número de animais do mês (item “a”) foi obtido nos controles internos mantidos pela gerência do
empreendimento e totalizou 453 unidades. Por sua vez, no item “b” da Tabela 1 consta o preço de venda unitário
médio de mercado (R$ 297,00) no mês, o que permitiu calcular o faturamento total respectivo (R$ 134.541,00). Ou
seja, os preços de venda utilizados referem-se aos “preços líquidos de mercado”. Sobre esse valor total de vendas
incide a alíquota de 2,30% a título de “F. Rural”, como informado pelo setor de apoio aos produtores da prefeitura
municipal. Portanto, esse tributo atrelado às vendas totalizou R$ 3.094,44 no período estudado.
No segundo passo foi priorizada a determinação do custo da ração produzida por fases, de vez que existem
dois tipos de ração para as fêmeas e seis tipos de ração para os leitões que são consumidos de acordo com a fase de
vida dos suínos.
Quanto às fêmeas, no processo adotado pela granja em estudo, estas consomem esses dois tipos de insumos
nas etapas “1-Gestação” (durante 114 dias) e “2-Maternidade” (por 28 dias). No caso dos leitões, esses animais
consomem rações nas fases “3-Creche” e “4-Engorda” por 42 e 85 dias, respectivamente. Para cada uma dessas
etapas o responsável técnico elabora rações com ingredientes específicos, como exemplificado na Tabela 2 para o
período de gestação.
Ou seja, a fórmula citada gastou R$ 314,463 no total e produziu o equivalente a 500 quilos, acarretando
custo de R$ 0,629 por quilo desse tipo de ração consumido pela fêmea no período de 114 dias de gestação.
Procedimento semelhante foi adotado nas demais fases de desenvolvimento do leitão, conforme exposto
resumidamente na Tabela 3.
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Tabela 3 – Resumo do custo das formulações de ração
As formulações citadas são utilizadas por períodos distintos. Nesse sentido, na fase de “Lactação” esse tipo
de ração é consumido no período de 28 dias de amamentação; a “Pré-inicial” é consumida por 14 dias e a “Inicial A”
por oito dias. Por sua vez, a ração “Inicial B” é utilizada pelo período de 20 dias; enquanto que as rações
“Crescimento 1”, “Crescimento 2” e “Engorda” são ofertadas aos leitões por 20, 30 e 35 dias respectivamente.
Como visto, a granja em tela emprega diferentes tipos de rações que são consumidas pelas fêmeas e leitões
em determinadas fases da vida. Essas modalidades de rações foram listadas porque é comum a utilização de mais de
um tipo de ração em determinada etapa, além do gasto previsto com outros insumos (como medicamentos).
A partir do levantamento de dados ao consumo previsto para as fêmeas e para os leitões durante o ciclo de
vida destes, foi determinado o consumo total de insumos para cada tipo de animal no período estudado. Nesse
contexto, a Tabela 4 apresenta os gastos totais relacionados com as fêmeas, bem como o rateio destes pelo número
médio de leitões “produzidos” no mês.
Valores
Itens
O contexto representado na Tabela 4 evidencia o gasto mensurado para as fêmeas na etapa 1 e na etapa 2 na
granja em estudo. No caso do “Leitão Desmamado” as fêmeas estão envolvidas na “Etapa-1-Gestação” e “Etapa-2-
Maternidade”, onde consumiram um total de R$ 381,517 (conforme linha “1” da Tabela 4). Como cada fêmea gerava
10,20 leitões (em média) por gestação, estimou-se que o custo de gestação e maternidade por leitão seria de R$
37,403 (R$ 381,517 / 10,20 leitões). Como no período foram “produzidos” 453 leitões, o consumo total de rações e
insumos dessas etapas foi estimado em R$ 16.943,56.
Na sequência foi calculado o gasto com insumos somente com os leitões (etapas 3 e 4), conforme resumido
na Tabela 5.
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O leitão, depois de desmamado, entra na etapa “3-Creche” e, posteriormente vai para a fase “4-Engorda”.
Nesse contexto, considerou-se que o custo era acumulado à medida que o animal mudava de categoria. Por exemplo:
para chegar ao peso de 110 quilos, o leitão consumia ração, medicamentos e vacinas nas fases denominadas “3-
Creche” (R$ 40,927) e “4-Engorda” (R$ 131,807), cujo valor total de insumos consumidos por leitão chegou a R$
172,734 (linha “A” da Tabela 5). Como havia um histórico de perdas da ordem de 1,0%, segundo o veterinário
responsável pela granja, o consumo final chegava R$ 171,006 por leitão, em média. Esse valor por animal foi
multiplicado pela quantidade de leitões dessa categoria (453 unidades), acarretando gasto total de R$ 77.466,01 no
mês em lume.
Então, com fulcro nos dados coligidos, conforme exposto nos parágrafos precedentes, foi possível aplicar a
Análise CVL como descrito nas próximas seções.
Ou seja, a margem de contribuição total foi de R$ 37.036,99. Para chegar a esse valor, do faturamento total
de R$ 134.541,00 foram descontados os valores de tributos sobre vendas (R$ 3.094,44), de insumos consumidos
pelas fêmeas subdivididos por leitão gerado (R$ 16.943,56) e de insumos relacionados aos leitões (R$ 77.466,01).
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Ao dividir esses valores totais pela quantidade de animais “produzidos” no período, foi possível calcular a margem
de contribuição unitária dos animais. Assim, ao vender o leitão pelo preço unitário médio de R$ 297,00 e descontar
os valores unitários de R$ 6,83 (tributos sobre vendas), R$ 37,403 (consumo das fêmeas por leitão gerado) e R$
171,006 (consumo dos leitões), concluiu-se que a margem de contribuição unitária foi de R$ 81,76 (conforme linha
“11...” da Tabela 6).
No âmbito da Tabela 7, para apurar o nível de equilíbrio operacional inicialmente foi levantado o valor total
dos gastos fixos mensais (como folha de pagamentos, energia elétrica, responsabilidade técnica, manutenção,
depreciações, pró-labore do granjeiro e outros itens não diretamente proporcionais ao volume faturado), cujo
montante do mês chegou a R$ 31.016,00 (linha “A” da Tabela 7). As linhas “B” e “C” estão zeradas porque
caberiam ser utilizadas somente para o caso de se pretender calcular outras modalidades de ponto de equilíbrio
(como o econômico e o financeiro) e, por isso, o total a cobrir no Ponto de Equilíbrio é de R$ 31.016,00 (linha “1”).
Na sequência foram coligidas as informações relacionadas à margem de contribuição total (linha “2”) e à quantidade
de animais “produzidos” ou vendidos no período (linha “3”). Esses dados foram suficientes para aplicar a fórmula do
ponto de equilíbrio (adaptada de Assaf Neto e Lima, 2009) para apurar na linha “4” o volume de animais necessário
para não ter lucro ou prejuízo (379,36 animais). Ao multiplicar essa quantidade pelo preço de venda unitário médio
(em R$) de cada animal obteve-se o ponto de equilíbrio em valor monetário (R$), onde consta que o nível de
equilíbrio da granja em estudo era um faturamento da ordem de R$ 112.669,92 naquele período pesquisado (linha
“6” da Tabela 7).
Como o ponto de equilíbrio era de 379,36 unidades e as vendas totalizaram 453 animais, é pertinente
considerar que a granja foi superavitária nesse período, visto que apresentou nível de vendas que superou o ponto de
equilíbrio. Essa realidade pode ser atestada pelo cálculo da margem de segurança, conforme exemplificado na Tabela
8, a seguir.
Portanto, é correto supor que a granja obteve resultado positivo (lucro operacional) nesse período em
estudo, visto que as vendas superaram o nível de equilíbrio. Os valores mencionados nas tabelas anteriores foram
utilizados também para elaborar uma Demonstração do Resultado, com o intuito de determinar o resultado do
período. Contudo, em virtude da restrição de espaço, omitiu-se essa parte neste resumo.
5 – Considerações finais
O estudo pretendeu responder questão de pesquisa relacionada à evidenciação dos benefícios do uso da
Análise CVL na gestão de uma granja de suínos. Nesse rumo, objetivou a elaboração de uma planilha de custos
aplicável ao contexto desse tipo de empreendimento.
Com base no relatado nas seções precedentes os autores consideram ter respondido tal pergunta de forma
adequada, bem como terem atingido o objetivo estabelecido. Nessa direção, a aplicação da análise
Custo/Volume/Lucro no âmbito da granja de suínos citada proporcionou o conhecimento do desempenho econômico
desse empreendimento rural, considerando a realidade de Junho de 2015. Ou seja, a ferramenta de gestão de custos
disponibilizada ao proprietário da granja permitiu o conhecimento de informações gerenciais relevantes como ( i) a
margem de contribuição (que representa a rentabilidade alcançada pelo tipo de suíno visado em termos unitário e
total); ( ii) o ponto de equilíbrio (que evidencia o volume mínimo de produção/vendas, em número de animais, ou o
montante em valor (R$) que a granja pesquisada deve comercializar/produzir mensalmente para que possa ser
lucrativa) e ( iii) a margem de segurança em unidades e valor (que expressa o volume, em quantidades ou em valor
monetário, que as vendas da propriedade superam o ponto de equilíbrio e evidencia o quanto o faturamento pode
baixar sem que o negócio passe a operar com prejuízo operacional.
Além disso, pela limitação de espaço no texto não foram evidenciadas outras informações relacionadas com
a Demonstração do Resultado do período, que faculta conhecer a receita total obtida e a participação percentual dos
custos e despesas no resultado das operações mensais, bem como o valor do lucro (ou prejuízo) gerado pela
atividade. Ainda, foi efetuada a determinação do resultado econômico do empreendimento, visto que ao deduzir o
valor do custo de oportunidade do capital investido (R$ 31.454.78) do resultado operacional mensurado, apurou-se
resultado de R$ -25.433,79 (prejuízo econômico). Ou seja, concluiu-se que, do ponto de vista dos investidores, a
atividade de suinocultura não é capaz de remunerar o capital aplicado pelos sócios, representado pela Taxa Mínima
de Atratividade de 1,00% ao mês. Convém destacar, ainda, que a planilha de Análise CVL proposta também permitiu
que fossem simulados contextos díspares para períodos posteriores, levando-se em conta possíveis alterações nas
variáveis envolvidas. Com isso, o gestor pode antecipar os efeitos de modificações no volume
comercializado/produzido, no preço de venda dos suínos, no custo de compra dos insumos e nos demais gastos da
atividade operacional da granja.
Em sentido contrário, é interessante salientar a presença de limitações atreladas aos resultados mencionados.
O primeiro aspecto é que o modelo da Análise CVL possui algumas restrições que devem ser observadas. Ou seja, os
fatores envolvidos no cálculo realizado foram considerados como “estáveis” em termos de valor e volume, com base
nos dados coligidos nos controles internos da granja e em estimativas do responsável técnico. Entretanto, inclusive
dentro do próprio período podem ocorrer variações nos preços praticados (como reajustes nos preços de venda),
aumento do custo de compra dos insumos, modificações nos gastos fixos (como folha de pagamento, energia elétrica
etc.) e mais esporadicamente mudanças na legislação tributária que regula o setor. Além disso, o comportamento dos
custos (quer sejam fixos ou variáveis) pode apresentar alterações quando considerados os diversos níveis de
ocupação da capacidade instalada. Em virtude disso, o gestor da granja deve procurar conhecer de forma mais
aprofundada os efeitos das possíveis modificações nos custos e preços com a formulação de hipóteses sobre o mix de
produção e venda previsto para determinado período.
Referências
Resumo: A pesquisa objetivou avaliar a viabilidade da obtenção de índices não financeiros do método UEP
(Unidades de Esforço de Produção) no setor de salsicharia de um frigorífico que fabrica embutidos (salsichas,
presuntos etc.). Foi empregada metodologia do tipo descritiva, no formato de estudo de caso, com abordagem
qualitativa. Inicialmente, foi efetuada uma revisão da literatura a respeito desse método de custeio, onde foram
evidenciados aspectos como histórico, conceitos, princípios norteadores, etapas a serem percorridas para
implementá-lo, benefícios informativos oriundos, limitações associadas e pesquisas anteriores assemelhadas. Em
seguida foram apresentadas as principais características do estudo de caso realizado, por meio de breve descrição
da empresa analisada e das etapas seguidas para aplicar o método UEP. Posteriormente foram determinadas as
unidades equivalentes em UEP dos produtos e o potencial produtivo dos postos operativos, além da comparação da
produção de períodos distintos e da mensuração da eficiência e da eficácia dos postos operativos (entre outros
indicadores não financeiros). Concluiu-se pela aplicabilidade do método no contexto desta empresa estudada, com
destaque para as métricas de avaliação do desempenho da produção proporcionadas pelo UEP e a viabilidade do
uso desses parâmetros no gerenciamento do negócio.
Nonfinancial indicators of the PEU Method applicable to the production management fridge
Abstract: The research aimed to value the viability of obtainment of indexes nonfinancial of the PEU Method
(Production Effort Units) in the sector of sausages in a fridge that manufacture embedded (sausages, ham etc.). It is
employed the descriptive methodology, in case study format, with qualitative approach. Initially, it was made a
lecture review about this defrayal method, where ware evidenced aspects like history, concepts, guiding principle,
steps to be done to implement them, coming information benefits, associated limitation and previous researches
resembled. Then, were presented the main characteristics of the case study realized, through a brief description of
the company analyzed and the followed to apply the PEU method. Posteriorly were determined the equivalents units
in PEU of the products and the productive potential of operational post, beyond the comparison of production of
distinction periods and the efficiency measurement and the excellence of operation posts (among others indicators
nonfinancial). Concluded through the applicability of the method in the context of this studied company, highlighting
the metrics of performance evaluation of the production provided by PEU and the viability of use of these
parameters in the business management.
1. INTRODUÇÃO
Além de subsídios para calcular o valor dos custos dos produtos fabricados, seria interessante que o sistema
de custos adotado propiciasse informações para auxiliar o gestor industrial a aperfeiçoar o desempenho da fábrica
que dirige. Caberia, então, que essa ferramenta proporcionasse informes acerca da capacidade produtiva instalada da
fábrica e dos setores que compõem o processo industrial; da utilização efetiva do potencial produtivo e da capacidade
fabril ociosa, entre outras possibilidades (WERNKE; JUNGES; CLÁUDIO, 2012).
Corroborando a importância desse tipo de informação, Bettinghaus, Debruine e Sopariwala (2012) aduzem
que o custo da capacidade ociosa é uma informação relevante para gestores e investidores, sendo que algumas
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empresas calculam essas informações para fins internos, enquanto que analistas externos também tentam estimar os
custos da capacidade ociosa.
Atribuem como motivo para tal interesse a combinação do valor preditivo associável com a materialidade
clara dos custos dessa ociosidade.
Mesmo que o conhecimento desses aspectos de cunho não financeiro (como ociosidade e produtividade
fabril, por exemplo) seja considerado relevante para a maioria das fábricas, o busílis da questão situa-se em “como”
obter essas informações no âmbito das indústrias que fabricam grande variedade de itens e com quantidades
produzidas distintas desse mix a cada período. Com esse cenário é difícil efetuar uma avaliação do desempenho
industrial no sentido de identificar, por exemplo, se ocorreram ganhos ou perdas de produtividade entre os meses,
além de prejudicar a mensuração do nível de utilização da capacidade produtiva da companhia.
Contudo, entre as diversas metodologias de custeamento existentes na literatura, o método UEP (Unidades
de Esforço de Produção) se destaca também por proporcionar ao gestor industrial uma gama de indicadores não
financeiros úteis para avaliação e aperfeiçoamento do desempenho da produção. Acerca disso, Souza e Diehl (2009)
registram que alguns dos principais usos do método UEP estão relacionados à gestão da fábrica. A possibilidade de
usá-lo como base de comparação da eficiência e da taxa de ocupação de processos produtivos torna-o um
instrumento auxiliar muito útil para o gestor da fábrica, especialmente se forem priorizadas iniciativas para melhoria
dos processos, eliminação de desperdícios, conhecimento do grau de ocupação e eficiência operacional.
Corroborando esse posicionamento, Bornia (2009) registra que na atualidade as empresas têm que se preocupar com
a melhoria da eficiência e da produtividade, destacando que por intermédio do UEP é possível acompanhar a
evolução da produção com o uso de medidas físicas.
Em razão dessa possibilidade, neste artigo se pretendeu responder à seguinte questão de pesquisa: quais os
benefícios informativos que as medidas não financeiras do método UEP proporcionam no contexto de um frigorífico
que fabrica alimentos embutidos (salsichas, presuntos etc.)? Para essa finalidade estipulou-se como objetivo principal
avaliar a viabilidade da obtenção desses índices fabris não financeiros no setor de salsicharia da empresa em lume.
Estudos com esse foco se justificam pela importância econômica da cadeia produtiva do agronegócio (que envolve
produtores e companhias fabris, como o frigorífico onde foi realizado o estudo), que se caracteriza pela grande
geração de renda e empregos no Brasil. Portanto, a evidenciação da aplicabilidade de dos indicadores não financeiros
relacionados ao método UEP pode contribuir para aprimorar a gestão fabril e melhorar a competitividade dessas
agroindústrias.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Quanto a pesquisas acadêmicas acerca do UEP, Zanievicz et al (2013) fizeram levantamento sobre os artigos que
trataram de métodos de custeio nos Congressos Brasileiros de Custos até 2010 e encontram 40 publicações sobre o
método UEP. Nos eventos posteriores, até 2015, foram identificados apenas mais três artigos que versaram sobre
esse tema, conforme busca realizada no site da Associação Brasileira de Custos (ABC). Por sua vez, Walter et al
(2009) pesquisaram sobre as publicações acerca do método UEP também nos ENEGEPś, onde identificaram 19
artigos aprovados nesse evento até 2008. Ainda, Walter et al (2016) fizeram pesquisa bibliométrica, no início de
2015, sobre artigos com ênfase em estudos de caso na lista dos periódicos avaliados na área de Administração,
Ciências Contábeis e Turismo e classificados entre os estratos A1 e B5, onde encontraram somente 23 artigos sobre
UEP nessas revistas, sendo 13 classificáveis como estudos de caso. Na mesma pesquisa, identificaram 16 artigos
sobre o tema no Congresso Brasileiro de Custos (entre 1994 a 2014) e cinco publicações no ENEGEP (entre 1996 a
2014) e destacaram não terem encontrado artigos sobre UEP no Congresso USP (entre 2001 e 2014) e no Congresso
ANPCONT (entre 2007 e 2014). Portanto, com base nessas pesquisas bibliométricas pode-se dizer que é um tema
bastante explorado em termos de eventos, mas com reduzido número de publicações em periódicos, especialmente
nas revistas brasileiras sobre contabilidade.
Essa escassez de publicações em revistas científicas foi identificada também a partir de buscas on-line, em
abril de 2016, nas plataformas de pesquisa “Portal de Periódicos Capes”, “EBSCO ( Business Source Complete)”,
“Web of Science” e “Science Direct”. Nessas pesquisas foram empregadas as palavras-chave “Unidade de Esforço
de Produção*”, “Método UEP*”, “Effort Production Method*” e “UP Method*”, onde a inclusão do asterisco (*)
visava ampliar a busca para derivações das palavras (como “Cost”, “Costing” ou “Methodology”, por exemplo). Das
buscas nas bases de dados citadas resultaram somente 20 artigos, dos quais os cinco com alguma ligação ao
agronegócio foram os seguintes: Cambruzzi, Balen e Morozini (2009); Kunh, Francisco e Kovaleski (2011);
Milanese et al (2012); Belli et al (2013) e Wernke et al (2015).
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Sobre pesquisas anteriores com foco específico em indicadores não financeiros relacionados ao método
UEP, cabe salientar os estudos de Wernke, Junges e Cláudio (2012) e Wernke, Junges e Lembeck (2013). Embora
não tenham abordado o contexto das agroindústrias, referidos estudos averiguaram a aplicabilidade dos indicadores
não financeiros do método UEP em empresas industriais de porte e segmentos distintos. O primeiro artigo investigou
a aderência desses indicadores do UEP no âmbito de pequena indústria de resistências elétricas e o segundo texto
abrangeu o contexto de uma companhia de médio porte que produzia bandejas plásticas para alimentos.
Com base exposto, entende-se que há uma lacuna de pesquisa em relação ao método UEP, principalmente no que se
refere aos indicadores não financeiros no âmbito de empresas agroindustriais, que caberia ser melhor explorada na
literatura contábil brasileira.
3. METODOLOGIA EMPREGADA
De forma resumida, é possível caracterizar este estudo pelos diferentes ângulos. Quanto à natureza da
pesquisa é aplicada ou empírica, de vez que objetiva gerar conhecimentos para a aplicação prática e dirigidos à
solução de problemas específicos (SILVA e MENEZES, 2005).
Em termos de seus objetivos é descritiva, visto que envolve descrição, registro, análise e interpretação do
fenômeno, sendo que, em sua maioria, se utiliza da comparação e contraste (SALOMON, 1999). Em termos dos
procedimentos adotados é um estudo de caso, pois concentra-se em única empresa e suas conclusões limitam-se ao
contexto desse objeto de estudo (YIN, 2005). Sobre a forma de abordagem do problema é qualitativa, pois
concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado, visando destacar
características que não são passíveis de observar através de um estudo quantitativo, conforme Raupp e Beuren
(2010).
Operativos por mês Prod.(UEP/h por mês por mês no mês no mês (%)
) (UEP) (UEP) (UEP)
1-Triturador 184,8 135,4312928 25.027,70 17.880,86 7.146,85 28,56%
2-Moagem 184,8 174,4978545 32.247,20 22.664,07 9.583,14 29,72%
3-Pesagem 184,8 77,4628153 14.315,13 7.676,04 6.639,09 46,38%
Outros... - - - - - =
9- 184,8 180,0640824 33.275,84 23.716,28 9.559,57 28,73%
Pesar/Empac
.
Totais - - 336.103,67 214.478,70 121.624,97 36,19%
Como era conhecido o expediente mensal (184,8 horas para a totalidade dos postos operativos) e o potencial
produtivo em UEPs/hora também já havia sido determinado, bastou multiplicar esses dois fatores para conhecer a
capacidade instalada de produção de UEPs/mês. Dessa forma, apurou-se que no total de horas de trabalho disponível
nesse período, teoricamente seria possível produzir 336.103,67 UEPs. Contudo, a capacidade de produção
efetivamente utilizada foi de 214.478,70 UEPs. Esse montante foi apurado pela multiplicação das quantidades físicas
fabricadas dos produtos pelos respectivos equivalentes de UEPs em cada posto operativo. Em seguida, pôde ser
calculada também a capacidade ociosa em termos de UEPs no mesmo período. Para tanto, da capacidade instalada
foi descontada a capacidade utilizada, chegando-se ao valor de 121.624,97 UEPs (336.103,67 UEPs – 214.478,70
UEPs), que representou ociosidade média de 36,19%.
Ao analisar a Tabela 1 percebe-se que nesse mês apenas três postos operativos tiveram ociosidade superior à
média da empresa no período (46,38%, 50,67% e 36,34% respectivamente para os postos operativos “3-Pesagem”,
“6-Embut.-Amar.” e “7-Emulsific.”). Destarte, o desempenho dos demais postos operativos evidenciou nível de
ociosidade menor que a média do mês em lume. Por outro lado, é pertinente ressaltar que os resultados apresentados
na Tabela 1 são os devem ser considerados quando da determinação do “gargalo” produtivo. Isso é recomendado
tendo em vista a efetiva utilização dos postos operativos pelos produtos já que nem todos os produtos fabricados
passam pela totalidade dos postos operativos. Dessa forma, alguns postos podem ficar mais atarefados em
determinado mês em razão dos tipos de produtos fabricados e respectivas fases de fabricação desses itens. Portanto,
foi possível concluir que o “5-Embut.-Gramp.” seria o posto operativo com menor capacidade fabril ainda
disponível, se mantida a produção média do mês considerado nesta pesquisa, pois apresentou a menor ociosidade no
período (22,27%).
A situação mencionada na Tabela 2 permite conhecer que a indústria pesquisada conseguiu produzir no mês
de fevereiro o total de 204.373,99 UEPs. Já no mês de março a produção passou para 214.478,70 UEPs, com um
aumento de 10.104,71 UEPs em relação ao período anterior (ou de +4,94%). Referida análise também pôde ser
efetuada para cada um dos postos operativos da unidade fabril em estudo, o que possibilitou concluir quais foram os
que mais evoluíram de um mês para outro. Além disso, poderia, excepcionalmente, identificar aqueles que
retrocederam em termos de produtividade entre os períodos avaliados. Contudo, a evolução entre os dois meses foi
positiva em todos os setores dessa unidade fabril pesquisada.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
4.4. Mensuração da eficiência e da eficácia dos postos operativos
Ao implementar uma planilha de custos com base no método UEP a empresa pode fazer uso de medidas de
desempenho fabril como eficiência e eficácia. No caso da eficiência, esse índice pode ser calculado pela divisão da
(a) produção mensal em UEPs pelo ( b) total de horas disponíveis. Por sua vez, a eficácia pode ser mensurada
dividindo-se a (a) produção total de UEPs do período pelo ( d) consumo efetivo de horas pela produção do mês.
Esses indicadores foram apurados no contexto da empresa pesquisada, conforme exposto na Tabela 3.
O desempenho de março, evidenciado na Tabela 3, aponta que o índice médio de “eficiência” (quarta
coluna) desse mês foi de 128,96 (214.478,70 UEPs / 1.663,20 horas disponíveis). Quanto ao parâmetro “eficácia”
(última coluna), o resultado médio conseguido pela empresa foi 194,03 (214.478,70 UEPs / 1.105,36 horas
efetivamente trabalhadas) no período abrangido.
Outra forma de avaliar a evolução da produção fabril de um mês para outro consiste identificar o
desempenho, em termos de eficiência e eficácia, discriminado por posto operativo, nos moldes do demonstrado
também na Tabela 3. Com essa informação surge a possibilidade de estipular, por exemplo, premiação por melhoria
de performance para cada setor industrial. Uma possibilidade adicional da utilização desses indicadores de
desempenho reside no comparativo entre meses, conforme destacado na Tabela 4 para o indicador de “eficiência”
produtiva.
A Tabela 4 evidenciou que houve melhora nos índices de eficiência de fevereiro para março nos postos
operativos de 7,14% (8,59 / 128,96), em média. Ao avaliar os nove postos operativos o gerente industrial poderia
identificar aqueles que tiveram maior variação entre um período e outro. Por exemplo: o PO “7-Emulsific.” passou
do índice de 48,92 em fevereiro para 54,96 em março (o que representou 12,36% de aprimoramento). Por outro lado,
o PO “8-Prep.Temp.” obteve melhoria nesse indicador de apenas 2,46% no mesmo período de análise.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
O método de custeio utilizado também permitiu avaliar o desempenho fabril por parâmetros como
“rendimento”, “produtividade horária” e “produtividade econômica”, mas em virtude da limitação de espaço às
normas do evento, optou-se por não abordá-los neste artigo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo visava responder questão de pesquisa ligada aos eventuais benefícios informativos que as
medidas não financeiras do método UEP poderiam ofertar no contexto do setor de salsicharia de um frigorífico que
fabrica alimentos embutidos. Acerca disso, considerou-se que tal pergunta foi convenientemente respondida porque,
como visto nas seções anteriores, a gestão de custos pelo método UEP possibilitou a obtenção de medidas de caráter
não financeiro que podem ser empregadas para analisar o desempenho industrial no âmbito do frigorífico em tela.
Em virtude disso, os gestores passaram a deter informações relacionadas com: o comparativo do grau de dificuldade
para elaborar cada produto; o potencial produtivo (em termos de UEPs por hora) de cada posto operativo; a
capacidade instalada de produção mensal da empresa e dos POs, bem como a capacidade utilizada e a capacidade
ociosa (ambas em UEP); a identificação dos gargalos produtivos; a mensuração comparativa da evolução do
desempenho fabril de um mês para outro; a medição de indicadores acerca da eficiência, da eficácia e da
produtividade (econômica e horária) fabril dos postos operativos e a absorção dos esforços produtivos necessários
para elaborar os lotes de produtos em cada posto de trabalho.
Por outro lado, é pertinente salientar que os achados desta pesquisa corroboram as conclusões dos estudos
de Wernke, Junges e Cláudio (2012) e Wernke, Junges e Lembeck (2013), cujos focos se restringiram à obtenção de
indicadores não financeiros a partir do método UEP em duas empresas industriais de portes distintos e de segmentos
sem ligação com o agronegócio. Ou seja, constatou-se a possibilidade obter indicadores não financeiros que ofertam
informações relevantes para o gestor industrial, como os citados anteriormente para o caso do frigorífico em
evidência.
Destarte, os autores entendem que ao relatar as informações derivadas das métricas de avaliação citadas
considera-se atingido o objetivo do estudo ao atestar a viabilidade do uso desses parâmetros de gerenciamento fabril
no frigorífico pesquisado. Constatou-se, então, que essas medidas não financeiras permitiram mensurar a evolução
ocorrida naquele ambiente produtivo de um período para outro em vários aspectos relevantes para a gestão das
atividades industriais da empresa em tela.
Porém, em que pese os diversos benefícios proporcionados, cabe ressaltar que o método UEP possui as
limitações destacadas na revisão da literatura, o que deve ser considerado pelo gestor quando cogitar implementá-lo
ou utilizar as informações dele provenientes. Além disso, no caso da empresa pesquisada é válido salientar que a
qualidade de todas as informações erenciais obtidas está atrelada à maior ou menor exatidão dos tempos de passagem
atribuídos para cada produto nos postos operativos. Se os tempos inseridos na planilha de custos não correspondem à
realidade da indústria em tela, o aspecto qualitativo dos resultados oriundos seria afetado de maneira significativa.
Por último, é pertinente ressalvar que um estudo de caso, por sua natureza, circunscreve as conclusões
oriundas ao âmbito da entidade pesquisada. Contudo, os procedimentos adotados e a descrição efetuada ao longo do
texto permitem que pesquisas posteriores sejam aplicadas a outros contextos empresariais. Por isso, recomenda-se
que futuros estudos abordem esse tema em empresas de outros segmentos e portes, a fim de corroborar ou negar os
achados relatados neste artigo. Além disso, que aplicação semelhante seja feita com outros métodos de custeio,
de forma comparativa nesse tipo de agroindústria.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), victor.sordi@yahoo.com.br
2
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
³Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Resumo. As organizações do agronegócio necessitam inovar para suprir a crescente necessidade de processos
produtivos mais eficientes e atender a alta e crescente demanda por alimentos e combustíveis. Compartilhar
conhecimento de maneira eficiente se torna essencial neste contexto, pois é a partir de novos conhecimentos que
as inovações fundamentalmente são concebidas. Neste estudo realizamos uma revisão integrativa dos
antecedentes literais sobre o compartilhamento de conhecimento nas organizações, que permitiu a construção de
um modelo de análise do compartilhamento de conhecimento. Apresentamos também uma nova abordagem do
compartilhamento de conhecimento como ação cooperativa, expondo exemplos de possíveis casos e situações em
que organizações do agronegócio podem utilizar os elementos de análise do modelo para planejar futuras ações.
Abstract. The agribusiness organizations need to innovate in order to meet the increasing need for more efficient
production processes and meet the high and growing demand for food and fuel. Effectively sharing knowledge is
essential in this context, once new knowledge fundamentally conceives innovations. In this study, we conducted
an integrative review of the literal history of knowledge sharing in organizations, which has allowed the design of
an analytical model of knowledge sharing. We also present a new approach of knowledge sharing as a cooperative
action, exposing examples of possible cases and situations in which agribusiness organizations can use the model
elements of analysis to plan future actions.
Introdução
Estima-se que o agronegócio mundial terá o grande desafio de alimentar mais de nove bilhões
de pessoas até 2050 (CONNOLLY; PHILLIPS-CONNOLLY, 2012). Neste contexto a
produção de alimentos terá que aumentar em cerca de 70%, disputando espaço com a
necessidade de aumento de produção de combustíveis e com áreas produtivas cada vez mais
escassas (DILL et al., 2012).
Este contexto exige das organizações do agronegócio uma maior eficiência em seus processos
produtivos, pois com ainda menos recursos disponíveis, terão que produzir ainda mais para
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
suprir a demanda supracitada. Uma alternativa para suprir esse gap seria buscar inovar em todo
o processo produtivo, desde os insumos, produção, distribuição, até a disponibilização desses
produtos ao consumidor final. Buscando novas tecnologias, novos modelos de negócio, novas
soluções para suprir essas necessidades latentes.
A inovação é alcançada, fundamentalmente, por intermédio da criação de novos conhecimentos
(POPADIUK; CHOO, 2006). E para criar novos conhecimentos, as organizações necessitam
disponibilizar aos seus funcionários, de forma sistemática e continua, os conhecimentos
necessários (NONAKA, VON KROGH, 2009). Uma das formas de se disponibilizar tais
conhecimentos é investindo em processos de compartilhamento de conhecimento entre pessoas,
setores, departamentos, elos de uma cadeia produtiva.
No ambiente de trabalho o compartilhamento de conhecimento, mesmo com as facilidades
emergentes das novas tecnologias, ainda é um desafio (HONG et al., 2011). Estima-se que as
500 empresas listadas pela revista Fortune perdem ao menos 31,5 bilhões de dólares por ano ao
não compartilhar o conhecimento de forma eficaz (ABDUL-CADER; JOHAR, 2015). Neste
contexto, as organizações do agronegócio, que necessitam inovar para suprir a crescente
necessidade de processos produtivos mais eficientes, necessitam se preocupar também em
como compartilhar conhecimento.
Por intermédio de uma revisão integrativa da literatura sobre o compartilhamento de
conhecimento nas organizações, apresentamos neste estudo, um modelo de análise do
compartilhamento de conhecimento que pode auxiliar no entendimento destes processos e
permitir às organizações do agronegócio, a proposição de intervenções que visem facilitar o
compartilhamento de conhecimento entre os envolvidos.
O modelo de análise (Figura 1), apresenta seis elementos principais a serem analisados quanto
ao compartilhamento de conhecimento nas organizações: (1) Características do conhecimento
a ser compartilhado, (2) Características do Ambiente Organizacional, (3) Oportunidades para
compartilhar, (4) Barreiras ao compartilhamento, (5) Condições para a existência de
cooperação e (6) Motivações para compartilhar.
Estudos anteriores sugerem que a cultura (KIM; LEE, 2006), o clima (BOCK et al., 2005), as
normas subjetivas (WITHERSPOON et al., 2013), os incentivos (HE; WEI, 2009), o apoio da
gestão (LIN, 2007), a estrutura organizacional (RIEGE, 2005), o layout (YUSOF et al., 2012),
dentre outras características do ambiente organizacional, impactam direta ou indiretamente nos
processos de compartilhamento de conhecimento.
Tais aspectos, na perspectiva do compartilhamento de conhecimento como ação cooperativa,
fornecem o contexto, o ambiente e as condições necessárias para que as pessoas envolvidas
optem por interações cooperativas com seus pares e compartilhem seus conhecimentos. O
ambiente organizacional está favorecendo ou prejudicando o compartilhamento de
conhecimento?
No caso de uma agroindústria que busca incentivar através de premiações novas ideias para a
redução do desperdício de matéria prima, ao buscar e incentivar o compartilhamento de novas
ideias (HE; WEI, 2009), provavelmente está facilitando o compartilhamento de conhecimento.
Assim como uma prestadora de serviços de manutenção de máquinas e equipamentos agrícolas,
que tem por prática de seus gerentes o rotineiro apoio ao compartilhamento de técnicas e
melhores práticas aos funcionários responsáveis pela manutenção, está muito provavelmente
criando um ambiente propício para o compartilhamento destes conhecimentos por intermédio
do apoio da gestão (LIN, 2007).
Por outro lado, um frigorífico que apresenta uma estrutura organizacional muito hierarquizada,
com pouca comunicação entre o “chão de fábrica” e a “gestão de topo”, provavelmente está
dificultando o compartilhamento de conhecimento úteis oriundos da prática nas operações do
“chão de fábrica”.
Em síntese, este elemento de análise pode oferecer ao analista um panorama da organização
focalizada quanto ao contexto atual do ambiente de trabalho. Possibilitando assim, a
visualização de quais características do ambiente estão prejudicando ou beneficiando os
processos de compartilhamento de conhecimento. E, consequentemente, onde a gestão da
organização pode interferir positivamente.
Barreiras ao compartilhamento
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aneliseschinaider@gmail.com
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, leonardo.xavier@ufrgs.br
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, alessandra_082@hotmail.com
4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, gjardibezerra@gmail.com
5
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, marielenacs@outlook.com.br
Resumo. Este artigo revisita os principais autores da Nova Economia Institucional (NEI) ligados à Economia
de Custos de Transação (ECT), trazendo o agronegócio e sua evolução. Por volta da década de 60, o
agronegócio tornou-se um sistema cada vez mais complexo, competitivo e dinâmico entre seus agentes
envolvidos, gerando a incerteza e o oportunismo. Para diminuir a incerteza, o oportunismo e melhor detalhar a
especificidade dos ativos, ocorre a institucionalização de regras, através da efetivação de contratos, formais e
informais, tornando as transações mais eficientes. Neste sentido, tem-se como objetivo analisar a produção
científica da NEI e da ECT. A pesquisa foi realizada a partir de uma revisão bibliométrica, com base no Portal
Periódicos da CAPES onde foram encontrados 51 artigos científicos. Os resultados mostram que há uma
evolução linear no período de 1998 a 2016, e verificou-se, ainda, que apenas 31% relatam a NEI ou a ECT no
agronegócio. Conclui-se que os estudos sobre a NEI e a ECT no agronegócio são aplicáveis, porém incipientes,
abrindo um caminho a ser trilhado para novas pesquisas.
Abstract. This article revisits the main authors of the New Institutional Economics (NEI) linked to the Economy
of Transaction Costs (ECT), bringing agribusiness and its evolution. By the 60s, agribusiness has become a
system increasingly complex, competitive and dynamic among its stakeholders, generating uncertainty and
opportunism. To reduce uncertainty, opportunism and better detail the specificity of assets, is the
institutionalization of rules by execution of contracts, formal and informal, making more efficient transactions.
In this sense, we have to analyze the scientific production of the NEI and ECT. The survey was conducted from a
bibliometric review, based on the CAPES Journal Portal where they found 51 scientific articles. The results
show that there is a linear evolution from 1998 to 2016, and it was also only 31% reported the NIS or ECT in
agribusiness. It is concluded that the studies on the NIS and ECT in agribusiness apply, however inchoate,
opening a way to go to new research.
2 Procedimentos Metodológicos
O estudo é caracterizado por ser descritivo. Nesse aspecto, propõe-se descrever as produções
científicas do Portal de Periódicos da CAPES levando em consideração as seguintes
abordagens teóricas: NEI com a ECT.
Quanto à técnica de pesquisa, o artigo classifica-se como uma revisão bibliométrica, utilizada
para expressar em números os processos de interlocução/escrita e a aplicação de indicadores
bibliométricos para mensurar a produção científica. Conforme Araújo (2006), a revisão
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
bibliométrica consiste no uso de técnicas estatísticas e matemáticas para relatar características
da literatura e de outros meios de comunicação. Na cienciometria, os indicadores
bibliométricos, ou seja, as medidas quantitativas pressupostas na produção científica realizada
por pesquisadores e grupos de pesquisa, têm um papel de destaque e passam a ter importância
crescente dentro de sistemas nacionais de indicadores em Ciência &Tecnologia (MUGNAINI;
JANNUZZI; QUONIAM, 2004).
Quanto aos procedimentos operacionais, pretendeu-se seguir duas etapas, conforme descrito
abaixo:
(I) Primeira etapa: Inicialmente, houve a definição da base de pesquisa para o rastreamento
dos artigos, onde foi utilizado o Portal de Periódicos da CAPES. O Portal de Periódicos da
CAPES fornece acesso a textos completos disponíveis em mais de 37 mil publicações
periódicas, de nível internacional e nacional, e às diversas bases de dados que reúnem desde
referências e resumos de trabalhos acadêmicos e científicos até normas técnicas, patentes,
teses e dissertações dentre outros tipos de materiais, cobrindo todas as áreas do conhecimento
científico.
Posteriormente, foram inseridas as palavras-chave com as aspas “Nova Economia
Institucional” or “Economia de Custos de Transação”, totalizando em 157 resultados.
Entretanto, foram delimitadas as estratégias de busca avançada, com o seguinte filtro de
refinamento no site de busca: tipo de material onde selecionou-se “artigos”, gerando
novamente um resultado de 51 artigos.
(II) Segunda etapa: Após a realização das buscas na primeira etapa, foram definidas as
regras para a seleção dos artigos, conforme os objetivos da pesquisa em relação às abordagens
da NEI e da ECT. O último passo foi organizar os dados, a partir da análise bibliométrica,
com o propósito de construir um banco de dados próprio para desenvolver tabelas, gráficos e
figuras para demonstrar os seguintes indicadores bibliométricos: a evolução temporal; as
palavras-chave mais citadas; os principais periódicos encontrados e seu qualis; as técnicas de
pesquisa; e o número de artigos que abordam a NEI ou a ECT no agronegócio.
3 Resultados e Discussão
Foram identificados 51 artigos que atendessem ao objetivo proposto. Na metodologia
empregada não houve a determinação de uma série temporal como um dos critérios da
pesquisa, deste modo a Figura 1 apresenta a evolução temporal dos artigos que foram
publicados sobre a Nova Economia Institucional ou a Economia de Custos de Transação no
Portal de Periódicos da CAPES.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Figura 1 – Evolução temporal dos artigos
Verifica-se que 55% dos artigos encontrados tiveram como procedimento metodológico um
ensaio teórico; 15% dos autores fizeram entrevista, 14% fizeram uma pesquisa exploratória e
descritiva, 10% realizaram um estudo de caso e apenas 4% aplicaram questionário ou não
discorreram sobre a metodologia. Essa mesma constatação é encontrada por Barbosa Neto e
Colauto (2010) onde a mensuração das técnicas de pesquisas são por ensaio teórico. Partindo
dessa análise, pressupõe-se que os estudos voltados à NEI ou à ECT nos últimos 15 anos
ainda são de ensaios teóricos, ou seja, de revisão bibliográfica embasada pelos autores mais
citados nesta temática.
A Tabela 1 traz os principais periódicos encontrados nesta revisão bibliométrica, seu qualis e
sua frequência.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Tabela 1 – Revista, qualis e quantidade em que foram encontradas
Nota-se que as revistas que tiveram mais publicações em relação à NEI ou à ECT foram a
Revista de Economia e Sociologia Rural, onde aborda questões agroindustriais e agrícolas,
sendo sustentada pela Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
(SOBER), com 8 publicações, a RAUSP: Revista de Administração da Universidade de São
Paulo com 5 artigos e a Revista Estudos Econômicos com 4 publicações. Outras revistas
como a Gestão & Produção, Ciências da Administração e a Brazilian Journal of Business
Management tiveram de 3 a 1 artigo publicado sobre essa temática.
Além disso, foi verificado o qualis das revistas, levando em consideração o qualis* como da
categoria de sua área e o qualis** como da categoria interdisciplinar. Nota-se que as três
primeiras revistas que tiveram um número maior de publicações relacionadas ao assunto de
pesquisa, possuem qualis* e qualis** A2 e B1, presumindo que as publicações nestas revistas
são de fontes fidedignas e de estudos relevantes. Dos 28 periódicos encontrados, 19 são de
qualis B, 6 de qualis A e apenas 2 são revistas internacionais com outro fator de impacto.
Outro indicador bibliométrico analisado foi verificar se a NEI e a ECT estão de fato
envolvidas com o agronegócio ou agribusiness. Diante desses dados, percebe-se que 69% dos
artigos encontrados relatam a NEI ou a ECT, porém apenas 31% citam a NEI ou a ECT
juntamente com o agribusiness, ou seja, esta teoria institucional, vinda para regulamentar e
diminuir a incerteza e o oportunismo gerado pelas partes contratantes, no agronegócio ainda
está em processo de construção e de estudo no ambiente acadêmico.
4 Considerações Finais
O estudo teve como objetivo observar a produção científica com enfoque para as teorias na
NEI e ECT no panorama do agronegócio, por meio do Portal de Periódicos da CAPES, a
partir de uma revisão bibliométrica, colocando na busca avançada as palavras-chave: NEI ou
ECT, encontrando 51 artigos.
O agronegócio é um complexo que envolve toda uma questão de interesse financeiro sendo
caracterizado como uma empresa capitalista, logo as suposições da NEI são aplicáveis neste
setor. Além disso, o agronegócio é caracterizado como um sistema onde os elos se
transacionam entre si, deste modo, os contratos, os agentes coordenadores e as instituições
exercem uma função importante para conduzir e desenvolver este sistema. Entretanto, uma
das falhas da NEI é enfocar apenas alguns pontos importantes do comportamento humano,
como a racionalidade limitada e o oportunismo dos agentes, não constando questões culturais
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
e de relação de poder. Dessa forma, a teoria não consegue gerar uma resposta completa do
ambiente organizacional e não há incentivos para mensurar os custos de transação.
Como sugestão de estudos, há algumas preocupações que precisam ser aprofundadas, como a
análise dos pressupostos comportamentais, da dimensão das transações, das formas de
governança e das relações contratuais, com a finalidade de evitar a superficialidade dessas
análises.
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, C.A. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Revista em Questão, PortoAlegre, vol. 12, n. 1, p. 11-13, 2006.
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ConTexto, Porto Alegre, v. 10, n. 18, 2010.
CONCEIÇÃO, O. A. C. O conceito de instituição nas modernas abordagens institucionalistas. Revista de Economia Contemporânea, Rio
de Janeiro, v.6, n. 2, p. 119-146, 2002.
MUGNAINI, R.; JANNUZZI, P. M.; QUONIAM, L. Indicadores bibliométricos da produção científica brasileira: uma análise a partir da
base Pascal. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 2, p. 123-131, 2004.
STRASSBURG, U.; OLIVEIRA, N. M.; ROCHA JR.W. F. Cadeia do Biogás no Oeste do Paraná: à Luz da Nova Economia Institucional.
Revista de Estudos Sociais, v. 17, n. 34, 2015.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Antonio Luiz Fantinel¹; Yesica Ramirez Flores²; Silvia Cristina Ferreira Iop²
Resumo. O trabalho aborda o tema do cooperativismo no âmbito do agronegócio e das pequenas propriedades
rurais da Região da Quarta Colônia de Imigração Italiana. A partir de um estudo de caso da Cooperativa Mista
Nova Palma Ltda., (CAMNPAL), o artigo procura mostrar os principais fatores que tornam a CAMNPAL uma
organização de grande importância para o agronegócio regional e consequentemente para os pequenos
produtores rurais. A pesquisa foi conduzida através de pesquisa exploratória, por meio de questionário
semiestruturadas aplicado aos dirigentes da cooperativa. Posteriormente utilizou-se também de dados
secundários, obtidos no site. No caso estudado a Cooperativa Mista Nova Palma Ltda. possui grande importância
para o agronegócio da Região da Quarta Colônia de Imigração Italiana, devido ao fato de priorizar o pequeno
produtor rural. Aliado a forte atuação a montante e a jusante da produção agrícola, pincipalmente nos elos de
insumos, armazenamento, industrialização e comercialização da cadeia produtiva agroindustrial, promovendo o
desenvolvimento do setor agrícola nacional e regional.
Abstract. The work addresses the theme of cooperatives within the agribusiness and small farms in the region of
the fourth colony of Italian Immigration. From a case study of Joint Cooperative Nova Palma Ltda., (CAMNPAL),
the article seeks to show the main factors that make CAMNPAL an organization of great importance for the
regional agribusiness and consequently for small rural producers. The survey was conducted through exploratory
research through semi-structured questionnaire applied to cooperative leaders. Later it was used also to
secondary data, obtained on the site. In the case studied the New Joint Cooperative Palma Ltda. holds great
importance for agribusiness in the region of the fourth colony of Italian Immigration, due to the fact that prioritize
the small rural producer. Combined with strong performance upstream and downstream of agricultural
production, watching us links inputs, storage, industrialization and commercialization of agro-industrial
production chain, promoting the development of national and regional agricultural sector.
Introdução
Metodologia
Resultados e discussão
4500000 4285693
4000000
VOLUME EM SACAS (50KG)
3500000
3131100
3000000
2500000
2000000
1500000
1084534
1000000
545052
500000
0
1990 2000 2010 2013
PERÍODOS
Considerações finais
A partir dos dados obtidos pode-se concluir que a Cooperativa Mista Nova Palma Ltda.,
apresenta inúmeros fatores que a tornam de grande importância para o agronegócio da Região
da Quarta Colônia de Imigração Italiana, e para o produtor rural, principalmente da agricultura
familiar, no qual representa 70% de Pronafianos associados a cooperativa.
Verificar-se que a cooperativa CAMNPAL apresenta forte atuação a montante e a
jusante da produção agrícola. A montante verifica-se a venda de insumos, sementes,
agrotóxicos e equipamentos agrícolas em crédito na conta corrente dos associados, aliando a
assistência técnica gratuita, bem como as sobras do exercício anterior. A jusante destaca-se a
industrialização e armazenamento de diversos produtos agrícolas (milho arroz, feijão, carnes e
leite) para o mercado interno e soja para exportação, principalmente para o mercado asiático.
Aliado a logística eficiente no recebimento, armazenamento, secagem e beneficiamento. Suas
unidades estão instaladas estrategicamente para a cultura de maior produção local,
proporcionando competitividade junto ao mercado local e externo. Proporcionando
diversificação na cadeia agroindustrial da região, fortalecendo o agronegócio e
desenvolvimento das famílias rurais
Porém, muito tem-se para pesquisar sobre a importância das cooperativas agrícolas para
o desenvolvimento do agronegócio e dos próprios agricultores rurais, necessitando-se também
trazer a visão dos produtores rurais e não somente dos gestores, como no caso apresentado, não
devendo ser generalizada.
Referências bibliográficas
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FERREIRA, Marco Aurélio Marques; BRAGA, Marcelo José. Diversificação e competitividade nas cooperativas agropecuárias. Revista de
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social de cooperativas de leite e café da região sul do estado de Minas Gerais. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de Lavras,
Lavras, MG, Brasil. 1999.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
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2016.
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estratégias. Marcelo José Braga, Brício dos Santos Reis (org). Viçosa, 2002.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Ana Paula Alf Lima Ferreira1, Rodrigo Ferneda2 , Diógenes Silveira³, Daiane Thais de
Oliveira Faoro 4, Bibiana da Roza Caporal5
1
Universidade de Cruz Alta, alima@unicruz.edu.br
2
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, rodrigo_ferneda@hotmail.com
3
Universidade de Cruz Alta,diogenessilveira@gmail.com
4
Universidade de Passo Fundo, dfaoro22@hotmail.com
5
Universidade de Cruz Alta, bibianacaporal@hotmail.com
Resumo. Este artigo busca aprofundar o entendimento da percepção de discentes do curso de Medicina
Veterinária, de uma Universidade Comunitária do RS, com relação a concepção do que é o Desenvolvimento
Sustentável. Sendo como base teórica principal do presente estudo a concepção dos Três pilares do
desenvolvimento sustentável apontados por Placet, Anderson e Fowler. (2005) e Ethos (2014). Com relação ao
método de pesquisa, classifica-se a presente pesquisa, como um estudo de Caso, descritivo baseado em uma
pesquisa qualitativa, a qual teve sua análise a partir do método de análise de conteúdo. A pesquisa, foi
realizado na primeira semana do mês de junho de 2015, sendo que dos 32 acadêmicos matriculados no 5º
semestre do curso de Medicina Veterinária, convidados a participarem da pesquisa apenas 26 aceitaram
responder a mesma. Com base na resposta dos entrevistados pode-se verificar, que os mesmos percebem o
desenvolvimento sustentável primeiramente a partir dos Benefícios Econômicos e posteriormente dos Benefícios
Ambientais, nenhum dos discentes fez menção aos Benefícios Sociais, o que é preocupante tendo em vista a
importância da atuação dos mesmo junto ao cenário local.
Abstract. This article seeks to deepen the understanding of the perception of students of the course of
Veterinary Medicine, a Community University of RS, regarding the design of what is Sustainable Development.
It is as the main theoretical basis of this study the design of the three pillars of sustainable development
mentioned by Placet, Anderson and Fowler. (2005) and Ethos (2014). Regarding the research method, ranks this
research, as a study case, descriptive based on a qualitative research, which had its analysis from the content
analysis method. The research was conducted in the first week of June 2015, and the 32 students enrolled in the
5th semester of the course of Veterinary Medicine, invited to participate in the study only 26 agreed to answer
the same. Based on the response of respondents can be seen, that they realize the sustainable development
primarily from the Economic Benefits and later of environmental benefits, none of the students spoke about the
social benefits, which is worrying given the importance of acting the same with the local scene.
2 - Desenvolvimento Sustentável
Quadro 1- Histórico DS
Fonte- MADEIRA, 2014
Observa-se, desta forma, que o tripé que enfatiza as dimensões econômica, sociais,
ambientais e visão e estratégia prevalecidos na gestão sustentável no qual as empresas buscam
o equilíbrio entre o que é socialmente desejável economicamente viável e ecologicamente
sustentável (RIBEIRO et al., 2007).
3 - Método
Optou-se por realizar tal pesquisa junto a discente do curso de medicina veterinária,
pois entende-se a importância de se discutir tal temática, com os referidos alunos, uma vez
que já em 17 de novembro de 1997, junto a IX Conferência da Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), apontou que o desenvolvimento tecnológico
e de práticas de plantio e de criação animal para as zonas rurais ao redor do mundo devem, ter
um forte viés para as questões da sustentabilidade dos recursos naturais, o que para se ter
faz-se necessario educar e estabelecer parâmetros, normas e procedimentos para que
profissionais ligados à area, tenham consciência de que o uso sustentável dos recursos
naturais disponíveis no ambiente em que atuam seja encarado como a única forma de
progresso possível (ABREU, 2011).
Assim, os profissionais da área da Medicina Veterinária, estão ao longo dos anos,
despertando para um novo campo de atuação e de orientação de trabalho, ou seja, o campo da
saúde coletiva e da saúde ambiental. Tem-se, conforme Nielsen (2001) de que as relações,
para os profissionais da Medicina Veterinária, as quais compreende ações entre a ecologia e
saúde, que reúnem a atividade humana com as condições do ecossistema e a saúde, a partir de
uma melhor compreensão da prática de desenvolvimento Sustentável, permite uma melhor
compreensão dos processos que determinam o bem-estar das populações como um todo.
Vale ressaltar, que as atividades produtivas (agrícolas e pecuaristas) e suas
externalidades negativas (poluição do ar, água e solo, devastação de áreas naturais,
contaminação por agrotóxicos e medicamentos) provocam sérias consequências na saúde do
meio ambiente natural, rural e urbano, incluindo logicamente a população humana, fato que
deve ser motivo de preocupação de toda a sociedade. Logo, entende-se como muito relevante,
investigar a temática da sustentabilidade junto a esse cenário.
Tanto que para a coleta de dados foi utilizada documentação direta, ou seja, entrevista
semi-estruturada junto aos discentes do 5 semestre do curso de Medicina Veterinária, ou seja,
acadêmicos que encontram-se com 50% do curso concluido, uma vez que o curso tem 10
semestre.
A pesquisa, foi realizado na primeira semana do mês de junho de 2015, sendo que
cada discente, recebeu uma folha de ofício, com a pergunta e posteriormente depositou a
mesma em um envelope que foi deixado junto a uma classe, sendo que não foi solicitado
dados pessoais dos entrevistados, a fim de não intimidar a resposta do mesmo, pelo temor de
ser identificado. Dos 32 acadêmicos matriculados no 5º semestre, convidados a participarem
da pesquisa apenas 26 aceitaram responder a mesma. Também, por questões éticas, optou-se
por não fazer menção ao nome da instituição a qual foi aplicada a pesquisa, sendo que sempre
será feito menção a ela, como uma Universidade Comunitária do Noroeste do RS.
A entrevista semiestruturada é caracterizada pela forma de como ele é aplicada através
de perguntas como se fosse um questionário qual o entrevistador terá que responder as
questões estruturadas conforme o assunto a ser investigado no tema, tendo como o objetivo
principal atingir o máximo possível de clareza nas descrições dos fenômenos que estão sendo
tratadas, são perguntas descritivas, partindo do pressuposto de que uma boa entrevista começa
com a formulação de perguntas básicas, que deverão atingir o objetivo de pesquisa, é possível
fazer uma análise do roteiro para identificar a sua adequação em termos de linguagem,
estrutura e sequência das perguntas no roteiro (MANZINI, 2003).
As entrevistas ocorreram in loco e o roteiro foi baseado em apenas uma pergunta: O
que você considera como desenvolvimento sustentável (o que é para você tal prática)?
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Para Gil (2010) uma vez coletados os dados estes devem ser analisados, a fim de dar
sustentação para as respostas ao problema proposto para a investigação, além disso, o autor
relata que estes dados precisam ter uma interpretação mais ampla, que por sua vez, depende
dos conhecimentos adquiridos anteriormente pelo pesquisador.Assim sendo, a análise dos
dados foi essencialmente qualitativa e através da análise de conteúdo, tendo em vista que ao
longo do percurso, se obteve um embasamento teórico e científico a respeito da bibliografia
relativa ao assunto, facilitando a interpretação e análise dos dados.
5 - Considerações Finais
Com base nos resultados da presente pesquisa, pode-se afirmar que os discente do
curso de Medicina Veterinária de uma Universidade Comunitária do Noroeste RS, possuem
uma forte orientação para os Benefícios Econômicos da prática do Desenvolvimento
Sustentável, seguidos dos Benefícios Ambientais, o que está ligado intimamente a função que
os mesmos pretendem exercer. Tais achados da pesquisa, demostram que os acadêmicos
possuem uma visão de apenas duas partes do tripé que compõem a base da concepção do
Desenvolvimento Sustentável, o que denota um sinal de alerta, uma vez que a combinação de
apenas parte do que é o Desenvolvimento Sustentável, tende a causar um desiquilíbrio das
ações, principalmente uma vez que os mesmos, não fizeram menção nenhuma com relação ao
Benefício Social, o que também demostra que não há um total compreensão, dos mesmos
sobre a própria definição das competências, inerentes aos profissionais da Medicina
Veterinária, o que é um problema ao longo do tempo, uma vez que o mercado carece não
apenas de bons profissionais tecnicamente, mas sim de profissionais com uma postura social
diferente, ou seja, com um perfil comportamental sensível ao cenário social ao qual está
inserido. Logo, faz-se necessário refletir sobre o perfil de profissionais que estão sendo
construindo, junto as Universidades, pois como foi mencionado anteriormente, ensinar/ deter
a técnica do exercício da profissão é vital, mas saber a forma como conduzir a mesma é
questão de sobrevivência.
REFERÊNCIAS
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
MANZINI, E.J. Considerações sobre a elaboração de roteiro para entrevista semi-estruturada. In:
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Educação Especial. Londrina:eduel, 2003. p.11-25.
NIELSEN, N. Ole. Ecosystem approaches to human health. Caderno de Saúde Pública, Rio de
Janeiro, 17(Suplemento):69-75, 2001.
RIBEIRO, M.F.; PEIXOTO, J.A.A.; XAVIER, L.S.; DIAS, L.M.M. Avaliação crítica de
indicadores de desenvolvimento sustentável: uma comparação entre a estrutura adotada no Brasil
e na Suíça.In: IX Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente, Curitiba,
PR. 19 a 21 de novembro de 2007.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
WCED, Our Common Future, World Commission for the Environment and Development,
Oxford, Oxford University Press, 1991.
1
Faculdade Horizontina (FAHOR) - kalkmannmarciol@fahor.com.br
2
Programa de Pós-Graduação em Economia (PPGE), da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) -
jruffoni@unisinos.br
Resumo
O objetivo do estudo é caracterizar como ocorre o processo de incorporação tecnológica em atividades
produtivas da agroindústria familiar. Por meio de uma pesquisa de campo realizada em agroindústrias
familiares do município de Crissiumal, no Rio Grande do Sul, pretendeu-se compreender que tipo de
tecnologias foram inseridas, quais foram os elementos que contribuíram para a mudança tecnológica e os
impactos da incorporação. Como principais resultados, destaca-se que as inovações adotadas são relativamente
simples em termos de intensidade tecnológica, mas causadoras de importantes impactos como a manutenção ou
crescimento dos negócios, a conquista de novos mercados, a manutenção ou crescimento do emprego familiar e
de terceiros. Identificou-se que no processo de incorporação tecnológica foram fundamentais a participação de
instituições diversas, o conhecimento tácito do agricultor e a obtenção de recursos financeiros públicos.
Abstract.
The objective of the paper is to characterize how occur the technological incorporation process in productive
activities of family agribusiness. Through a field research on family farms in the municipality of Crissiumal, in
Rio Grande do Sul, it was sought to understand what kind of technologies were inserted, which were the
elements that contributed to technological change and the impacts of the incorporations. As main results, it was
emphasized that the adopted innovations are relatively simple in terms of technological intensity, but causing
significant impacts to the maintenance or growth of business, the conquest of new markets, the maintenance or
growth of family employment and others. It was identified that the technology incorporation process were
fundamental the participation of several institutions, tacit knowledge of the farmer and obtaining public funds.
Introdução
O objetivo desta seção é apresentar uma breve discussão a respeito da relação entre
tecnologia e agricultura.
Iniciando pelos elementos que parecem justificar ou ainda estimular a introdução de
tecnologias e inovações na agricultura, destaca-se que existem algumas dificuldades em
manter o negócio da agroindústria familiar. Sales e Watanabe (2011) afirmam que a
localização da agroindústria familiar, muitas vezes distante das áreas urbanas, dificulta o
acesso para a comercialização dos produtos na cidade. Outro aspecto levantado por esses
mesmos autores é que a atividade agroindustrial deve atentar mais para o processo que
envolve procedimentos sanitários, visando padronizar processos e produtos gerados nas
agroindústrias familiares. Também comentam que é necessário atentar para uma mudança da
legislação atual, o que consideram de fundamental importância para a inserção do agricultor
familiar no processo produtivo legalizado, bem como melhorar e modificar as estruturas da
rede serviços à disposição do produtor. As políticas públicas devem estar mais próximas da
realidade dos pequenos produtores, afirmam.
Caruso e Dos Anjos (2008) também afirmam que nas agroindústrias familiares
existem problemas relacionados às legislações sanitárias e fiscais. Outra dificuldade relatada
pelos autores é com relação ao gerenciamento do empreendimento. Destaca-se que esses
mesmos autores concluíram em seus estudos que nenhum programa ou apoio governamental
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
irá atingir seus objetivos sem ter uma articulação com os tramites de financiamento dos
empreendimentos, apoio à qualificação dos processos produtivos, formação profissional, bem
como um ambiente institucional que favoreça a continuidade destes empreendimentos no
mercado.
Em termos de origem das inovações incorporadas na agricultura, Dosi (1988) afirma
que as inovações incorporadas na atividade agrícola são provenientes principalmente de
outros setores. Ou seja, os equipamentos e componentes seriam comprados e transferidos para
o setor agrícola, gerando oportunidades tecnológicas exógenas à esta atividade. Portanto,
entende-se que tal afirmação colocava a agricultura como uma atividade muito mais receptora
de tecnologias e inovações do que propriamente desenvolvedora e, assim, as oportunidades de
mudança tecnológica deste sector eram originalmente exógenas.
O processo de incorporação de inovação na agricultura foi estudado por Silva e Rocha
(2007, apud LEFORT, 1990) e esses autores afirmaram que a adoção de uma inovação pode
ocorrer em fases - informação, adaptação, adoção, e domínio - e que agricultor se apropria da
inovação e a modifica conforme suas percepções e condições estruturais, ambientais e
socioeconômicas.
Em termos de impactos da incorporação tecnológica, Kageyama (1990) afirma existir
benefícios ao se introduzir tecnologias na agricultura. Dentre estes impactos, cita a geração de
empregos, aumento da produtividade, melhoramento e simplificação dos processos,
contribuindo também para o aumento da qualidade de vida. Na mesma linha, Ploeg et al.
(2000) afirma que a inovação em produtos, serviços e processos é parte importante do
desenvolvimento rural e é estimulada pelo interesse em atingir novos mercados.
A respeito do Pacto Fonte Nova, Maia (2008, p.90) constatou que a agroindústria
familiar tem sido uma alternativa viável para a persistência e reprodução das famílias no meio
rural no município de Crissiumal-RS. O autor concluiu que a atividade agroindustrial
proporcionou uma maior estabilidade no que diz respeito à oportunidade de trabalho, geração
de renda e emprego e alcance de níveis superiores de qualidade de vida e educação.
Considerando o cenário no qual encontra-se o município de Crissiumal, investigou-se
suas agroindustriais familiares com o objetivo de compreender como o processo de mudança
foi realizado e o impacto que as incorporações tecnológicas tiveram. A próxima seção
apresenta os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa.
4. Procedimentos metodológicos
A partir disso, foi definida a população a ser pesquisada, retirando-se da lista acima o
que não se caracterizava como agroindústria familiar, como por exemplo os horticultores por
realizarem somente atividade agrícola. Restaram, assim, dezessete agroindústrias familiares,
das quais três não quiseram participar da pesquisa e outras duas foram desativadas. Assim, a
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
amostra da pesquisa foi composta por doze agroindústrias familiares, conforme apresentado
no Quadro 2.
A maioria dos agricultores afirmou ter recebido apoio e incentivo por parte das
entidades que participam do Programa Municipal de Desenvolvimento Agroindustrial, o que
facilitou o acesso das famílias à compra de equipamentos necessários, repasse de informações
a respeito de financiamento, realização de visitas técnicas e palestras, além de receberem
auxílios governamentais como o Programa de Manejo dos Recursos Naturais e de Combate à
Pobreza Rural - RS-RURAL e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar - PRONAF.
As agroindústrias familiares incorporaram tecnologias relativamente simples.
Entretanto, observou-se que a introdução das tecnologias foi fundamental para a manutenção
da atividade produtiva das famílias no campo, pois permitiram agregar valor aos produtos
finais, tornando o negócio viável. O Quadro 3 descreve as principais incorporações
tecnológicas adotadas nas agroindústrias familiares do município de Crissiumal-RS.
Pode-se notar que as inovações nas agroindústrias familiares que produzem melado
são praticamente as mesmas, mudando apenas as medidas das mesas inoxidáveis. A
agroindústria I possui características particulares por se tratar de abate e preparação de frango
caipira e, desta forma, necessita de outros equipamentos, que são a escalda e o sangrador,
desenvolvidos pelo próprio dono da agroindústria. Nas demais agroindústrias familiares não
há como comparar as inovações realizadas por se tratar de agroindústrias de segmentos
produtivos distintos.
O proprietário da agroindústria H criou seu próprio equipamento; ele afirma que
necessitava melhorar a forma de fazer as amarrações dos suas vassouras pois no processo
antigo essa atividade demandava muito tempo. Para resolver esse problema ele desenvolveu
um equipamento que mais tarde foi denominado de “amarrador de vassouras”. Da mesma
forma, o proprietário da agroindústria I afirmou que não existiam os equipamentos tal como
ele necessitava e por isso resolvera adaptar equipamentos por conta própria.
Observa-se que o conhecimento tácito dos agricultores teve uma função importante. O
desenvolvimento ou a adaptação de equipamentos foram feitos com base no conhecimento do
agricultor (agora agroindustrial) a respeito do processo de transformação do seu produto, mais
do que pela participação de engenheiros ou outros técnicos com alguma qualificação formal.
Além desta questão do conhecimento tácito, destaca-se também outro elemento que
contribuiu para que as incorporações tecnológicas fossem feitas: financiamento público.
Grande parte das agroindústrias familiares utilizaram alguma fonte de financiamento público,
sendo que apenas três fizeram uso somente de recursos próprios. As fontes mais usadas
foram: o Programa de Manejo dos Recursos Naturais e de Combate à Pobreza Rural (RS-
RURAL) e instituições bancárias vinculadas ao Pacto Fonte Nova
A importância das incorporações realizadas nas agroindústrias familiares também
pode ser observada no que se refere ao total de pessoas ocupadas. Nota-se, conforme o
Quadro 4, que em algumas agroindústrias ocorreu aumento de postos de trabalho após as
incorporações tecnológicas e em outros casos manutenção.
6. Considerações Finais
Agradecimentos
7. Referências Bibliográficas
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, gjardibezerra@gmail.com
2
Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD, MadalenaSchlindwein@ufgd.edu.br
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, bibianamr@gmail.com
4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, aneliseschinaider@gmail.com
5
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, alessandra_082@hotmail.com
Abstract. A Given the importance of family farming for food production and the difficulties this population has
to go through to maintain its production system and promote family’s food security, in addition to the
development of the property, this work aimed to analyze the potential of family farming in Dourados, Mato
Grosso do Sul, for food production. A field research was conducted with questionnaires given to a sample of 60
farmers. Statistics were calculated and, using a descriptive approach, we analyzed the results. It was concluded
that there is still a lot of financial need for sustainable development of rural properties, which most are small
and have their production based on a system of monoculture. The property does not sustain itself, so it is
necessary to seek resources outside of it in order to preserve the family and the farm.
Introdução
Metodologia
Esta pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa de campo, possuindo abordagem descritiva e
explicativa. Para tanto, foram aplicados 60 questionários a uma amostra de agricultores
familiares de Dourados, em Mato Grosso do sul.
Nesta ótica, para atingir o objetivo proposto, utilizou-se um questionário aplicado pelos
servidores da AGRAER a uma amostra populacional de agricultores familiares tradicionais,
cujos selecionados fazem parte da Chamada Pública da Sustentabilidade do Ministério do
Desenvolvimento Agrário - MDA. Além do questionário padrão, acrescentaram-se algumas
questões que foram pertinentes para a realização do presente artigo.
A amostra respondente do questionário padrão foi de 182 agricultores familiares tradicionais
possuidores da Declaração Anual do Produtor Rural - DAP. No entanto, para responder as
questões extras, que foram utilizadas nesta pesquisa, selecionou-se uma subamostra. Nesse
sentido, foi utilizada a fórmula de amostragem sistemática apresentada por Barbetta (1994),
sendo:
no = 1 n = N . no
Eo² N + no
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Onde:
N – número de elementos da população,
n – tamanho da amostra,
no – primeira aproximação do tamanho da amostra,
Eo - erro amostral tolerável.
Para realizar o cálculo estatístico, foi considerada uma população de 182 agricultores
familiares tradicionais (amostra da AGRAER). O valor do erro amostral utilizado para esse
cálculo foi de 8,2%, constituindo uma amostra de 81.
A partir da análise do cálculo, fica visível que a amostra selecionada de 60 agricultores, ou
33% da população, é representativa e pode-se inferir algumas informações através de sua
análise. Em seguida a aplicação dos questionários, os dados foram tabulados e processados
eletronicamente utilizando-se o programa estatístico SPSS (versão 21).
Resultados e discussão
Com base nos resultados da pesquisa, contatou-se que a média de moradores por propriedade
é de 3 (três) moradores, sendo 1 (um) morador o mínimo e 7 (sete) o número máximo de
pessoas na família.
As propriedades são distantes das cidades, pois identificou-se que a distância das
propriedades até o município de Dourados varia entre 2 até 75 quilômetros. Sendo que o
maior percentual (58,01%) dos respondentes moram entre 21 até 40 km da cidade. O segundo
maior percentual (21,8%) responderam que moram até 20 km da cidade e, 15% entre 41 km
até 60 km e, 5,1% moram entre 61 km até 80 km da cidade.
Já com relação ao tamanho (ha) destas propriedades, elas variam de 1 hectare até 72,82
hectares. Sendo que 71,90% possuem entre 1 hectare até 10 hectares. Esse fato certamente
influencia fortemente o desenvolvimento agropecuário da propriedade.
No que se refere à participação dos agricultores no cultivo de alimentos e criação de animais,
38,3% dos entrevistados não possuem animais nas suas propriedades, destacando o plantio
agrícola sobre essas áreas. Observou-se também que 50% dos agricultores cultivam apenas
um tipo de cultura em suas propriedades, com enfoque para a cultura da soja e do milho
(Tabela 1).
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Tabela 1. Cultivos agrícolas nas propriedades familiares tradicionais de Dourados-MS.
Culturas agrícolas Frequência Percentual de Porcentagem Acumulada
respondentes (%)
Milho, soja 14 23,33 -
Hortaliças 11 18,33 41,66
Hortifruti 3 5 46,66
Mandioca 2 3,33 50
Amostra 30 50%
Fonte: Dados da pesquisa.
No entanto, a outra metade dos entrevistados busca diversificar sua produção, sendo as
principais atividades, desenvolvidas na mesma propriedade, o plantio de milho (60%), de soja
(43%), hortaliças (35%), mandioca (23%), hortifruti (12%) e a plantação de arroz (2%).
No entanto, conforme apresentado na Tabela 1, a monocultura está se tornando uma
característica de produção dos agricultores familiares tradicionais pesquisados e, uma das
causas para isso ocorrer é o percentual de agricultores com rendimentos externos a
propriedade. Neste sentido, constatou-se que dos 98,33% de agricultores que recebem
rendimentos externos, as principais atividades geradoras desses rendimentos são:
aposentadoria, pensão, auxílio doença, bolsa família, trabalha como analista de suprimentos,
diarista, manicure, pedreiro, funcionário público, venda de artesanato e aluguel de salão
comercial. Assim, em fase da dificuldade de obter dados concretos para quantificar com
precisão a renda mensal do produtor advinda de fora da propriedade, optou-se por enfocar a
percepção deles quanto a seus rendimentos, sendo a média de R$ 1.036,73/mês, a renda
mínima de R$ 102,00 e máximo de R$ 4.500,00/mês.
Devido à plantação de soja e milho se destacar entre os cultivares dos agricultores
pesquisados, a principal forma de comercialização é a venda direta aos cerealistas, totalizando
60%. No entanto, a entrega dos produtos ao PAA e PNAE, sendo estes programas uma das
principais políticas públicas de inserção dos produtos dos agricultores familiares no mercado,
soma 24% dos respondentes.
No entanto, quando questionados se querem que os filhos continuem na propriedade, 63%
apontaram que sim. Destacando que a maioria já ajuda na propriedade, outros responderam
que gostam do local e não querem vender a propriedade.
Considerações finais
A ideia central do trabalho foi analisar o potencial dos agricultores familiares tradicionais de
Dourados-MS para a produção de alimentos. Diante disso, realizou-se uma parceria com a
AGRAER, e utilizou-se parte da amostra de agricultores que foram selecionados para a
Chamada Pública da Sustentabilidade, do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, e
desenvolvido pela AGRAER. Sendo entrevistados, para este trabalho, 60 agricultores.
Dos principais resultados encontrados, aponta-se que as propriedades são consideradas
pequenas, sendo que a maioria dos entrevistados possui até 10 hectares e, a característica dos
agricultores pesquisados é o cultivo de monocultura. Um dado interessante e também que
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
pode ocasionar este resultado, foi o percentual expressivo de entrevistados que recebem
benefícios advindos da Previdência Social, o que caracteriza uma população mais idosa no
meio rural.
No entanto, é necessário olhar para a realidade de cada região e, inserir os questionamentos
dos agricultores familiares na agenda decisória dos governantes, pois, este se refere a um
segmento com potenciais para abastecimento, produção e distribuição de alimentos para todo
o mundo. Sendo necessário, também, considerar o autoconsumo, dado que as famílias
utilizam parte da produção na propriedade para o consumo da família.
Destaca-se a necessidade de uma análise mais aprofundada dos dados, bem como a realização
de novos trabalhos para contribuir, de forma mais efetiva, com o desenvolvimento sustentável
da agricultura familiar.
Agradecimentos
À Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do estado de Mato Grosso do Sul
(FUNDECT) pela concessão de bolsa durante a realização do Mestrado da primeira autora.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Valéria da Veiga Dias1, Edson Talamini2, Jean Philippe Révillion3, Marcelo da Silva
Schuster4
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Doutoranda no curso de Agronegócio (CEPAN),
valeria-adm@hotmail.com
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Docente de graduação do Departamento de Economia
e Docente de Pós graduação no curso de Agronegócio e Desenvolvimento Rural, edson.talamini@ufrgs.br
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Docente de graduação do Departamento de Tecnologia
de Alimentos e Vice Diretor e Docente de Pós graduação no curso de Agronegócio (CEPAN),
jeanppr@gmail.com
4
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Doutorando no curso de Administração,
marcelo.schuster@gmail.com
Resumo. Este artigo objetivou analisar contribuições e limitações (riscos) associadas às práticas de
agricultura urbana a partir de estudos publicados em periódicos. Este estudo pretendeu ainda descrever
características das publicações sobre urban farms . A complexidade deste tema se reflete na dualidade dos
argumentos positivos e negativos sobre as fazendas urbanas e justifica a escolha desta discussão. A
metodologia incluiu uma coleta de dados na base de dados Scopus e em dois periódicos reconhecidos (Science
e Nature). Os 88 artigos foram analisados em duas etapas, primeiro de forma descritiva, com a intenção de
caracterizar as publicações e em seguida, uma análise de conteúdo foi usada para classificar os artigos entre
mais atuais e mais relevantes. Nesta etapa foram lidos individualmente 33 artigos para identificar os tipos de
fazendas pesquisadas, a relação com outros temas e para elencar, a partir dos achados de pesquisa,
benefícios e riscos associados a agricultura urbana. Notou-se uma diferença entre temas dos artigos mais
atuais e os mais citados. Em termos quantitativos, nota-se que existem mais pontos positivos ou benefícios do
que pontos de ressalva e risco, o que não significa que os mesmos devam ser ignorados. Nota-se uma
convergência nos benefícios para questões sociais e ambientais, também relacionados a segurança
alimentar, visando a promoção da inclusão social, interação entre as pessoas, nutrição adequada e uso de
práticas agroecológicas. Outros pontos positivos e negativos são discutidos nos resultados.
Abstract. This article aims to analyze contributions and limitations (risks) associated with urban agriculture
practices, based on studies published in journals. This study aims too; describe characteristics of publications
about "urban farms". The complexity of this issue is reflected in the duality of positive and negative arguments
about urban farms and justifies the choice of this discussion. The methodology included a data collection in the
Scopus database and two highly recognized journals (Science and Nature). We identified 88 articles analyzed in
two stages, first descriptively, with the intention to characterize the publications and then a content analysis was
used to classify the articles in more current and more relevant. At this stage were read individually 33 articles,
to identify the types of farms surveyed, the relationship with other themes and to list benefits and risks associated
with urban agriculture. It was noted a difference between subjects of the most current articles and the most
cited. Quantitatively, it is noted that there are more positives points that risk, which does not mean that they
should be ignored. Notes a convergence in benefits to social and environmental issues, also related to food
security, aimed at promoting social inclusion, interaction between people, proper nutrition and use of
agroecological practices. Other positives and negatives are discussed in the results.
Introdução
As sociedades globais estão se tornando cada vez mais urbanas, mudando a relação das
pessoas com os alimentos, incluindo a forma de fazer compras e o que comprar, bem como
idéias sobre saneamento e frescura. Alcançar equilíbrio entre cidade e ambiente, e ótimos níveis
de segurança alimentar em uma era de rápida urbanização exigirá muito mais compreensão sobre
como áreas urbana e sistemas alimentares estão interligados (SETO; RAMANKUTTY, 2016).
A expansão de populações urbanas é uma mudança demográfica que reflete diretamente
na redução das áreas agriculturáveis (ROGUS e DIMITRI, 2015), assim como na quantidade
de agricultores que estão no campo para cultivar os alimentos da qual as cidades dependem, foi
possível identificar um declínio de 20% no número de agricultores ao longo dos últimos 40-50
anos (PORTER, et al., 2011).
O cultivo de alimentos em ambientes urbanos pode representar uma proposta atraente
devido à inerente sustentabilidade associada a agricultura urbana, principalmente a questões
ambientais e sociais (BLACKMORE, 2016). As fazendas urbanas podem se localizar em
telhados ou no chão; podem usar estufas; e os alimentos podem ser produzidos no solo ou de
forma hidropônica. Essa atividade agrícola inclui uma gama de atividades como hortas
comunitárias, fazendas comerciais ou sociais, hortas escolares e em estabelecimentos de
ensino (NAPAWAN, 2015; ROGUS e DIMITRI, 2015). O objetivo declarado de alguns para
a agricultura urbana é a produção de alimentos, enquanto, para outros o foco esta nas missões
socialmente conscientes que incluem construção da comunidade, sensibilização sobre o
alimento, e reconectar consumidores com os agricultores e alimentos (GARDINER et al,
2014).
Apesar de diversas contribuições, alguns pesquisadores lançam questionamentos sobre a
viabilidade da expansão das práticas relacionadas com as fazendas urbanas, ressaltando a
necessidade de desenvolvimento de políticas de segurança alimentar e investimentos diversos,
além dos riscos iminentes de contaminação. Dito isso, é notável que o equilíbrio entre cidades,
meio ambiente e agricultura é bastante complexo, e implica em um grande esforço
interdisciplinar.
Esta complexidade refletida na dualidade dos argumentos positivos e negativos,
manifestada no meio acadêmico e na sociedade como um todo, justifica a escolha deste tema
de estudo. Desta forma, este artigo objetivou analisar as contribuições e limitações (riscos),
associados às práticas de agricultura urbana e apresentados nos estudos identificados
publicados em periódicos. Este estudo pretendeu ainda descrever características das
publicações sobre ―urban farms‖.
Metodologia
Resultados
A evolução dos estudos sobre o tema revelou que a primeira publicação sobre o
mesmo se deu em 1981, publicado na revista Town and Country Planning por Cowan,
intitulado Life on the urban farm. Dentre os 80 estudos analisados foi possível notar a
evolução do interesse no tema principalmente a partir dos anos 2000. Entre 2000 e 2010
concentram-se 23% do total publicado, nos anos subsequentes houve uma variação entre 9% e
16% do total, destacando que entre 2014 e 2016 (julho) foram encontrados 31% das
publicações, o que indica um interesse maior nos últimos anos. No que tange ao local de
realização dos estudos, quase 60% das publicações analisadas são provenientes dos Estados
Unidos (57%), seguido de estudos realizados em países como a França (7%), Austrália (6%) e
Canadá (6%). Outros países que publicaram sobre o tema representam menos de 5% do total
de estudos cada um, entre estes estão a Índia, alguns países da África e da Europa.
O método escolhido em cada estudo, bem como técnicas de coleta e análise de dados
possibilita reconhecer o perfil dos pesquisadores, dos resultados apresentados, bem como da
complexidade das análises realizadas. Constatou-se que 90% dos estudos encontrados
utilizaram métodos qualitativos, os 10% restantes dividem-se em 5% de estudos quantitativos
e 5% de estudos que combinaram análises qualitativas e quantitativas.
Entre as técnicas mais utilizadas estão estudo de caso e multicasos (21%), entrevistas
(semi estruturadas e em profundidade) (16%), seguida das análises químicas e bioquímicas
(11%), análise comparativa de dados (8%), observação (8%). As demais técnicas identificadas
foram observação participante, modelo logístico multinomial, dados secundários de censo,
triangulação de dados, análise de dados quantitativos, levantamentos etnobotânicos,
parâmetros entomológicos, episódios de malária auto-relatados, revisão de literatura e
representam cerca de 4% do total cada uma
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Tipo de fazenda estudada
A análise das publicações indica o foco dos estudos sobre fazendas urbanas. A
predominância dos estudos foca-se em compreender características das fazendas estudadas
(56%), estabelecendo um perfil e defendendo a ampliação das mesmas nos locais mais
urbanizados. O segundo tipo de estudo mais encontrado focou-se no desenvolvimento de
hortas caseiras e sua contribuição social, para mudança de hábitos e empreendedorismo
(17%). As fazendas com orientação para o mercado (VOGEL, 2008; RECASENS,
ALFRANCA, MALDONADO, 2016, POULSEN, 2016) aparecem em terceiro lugar,
investigando benefícios e oportunidades de mercado, redução de custos, benefícios para
produtores e consumidores (10%). O quarto tipo mais pesquisado refere-se a contribuição
social para pessoas menos favorecidas (7%), ou ainda com interesse na promoção de fazendas
sem a preocupação econômica, e sim para sobrevivência e sustento (NAPAWAN, 2015;
TRYBA, 2015, TAYLOR e LOVELL, 2015).
De acordo com Recasens, Alfranca, Maldonado (2016) a fazenda com orientação
social/comunitária prioriza a participação e acesso cívico para moradores de baixa renda, e se
esforça para criar um espaço socialmente inclusivo, no entanto, é um desafio incluir os
agricultores. Já a fazenda com orientação de mercado/comercial centra-se na sustentabilidade
financeira, refletindo o uso da produção de alimentos como um meio para o desenvolvimento
da comunidade, em vez de propagação de uma cidadania alimentar. Ambas as fazendas
satisfazem as necessidades autênticas que contribuem para a melhoria da vizinhança
exemplificam projetos enraizados no contexto social local, características necessárias para
promover o engajamento cívico com o sistema alimentar (POULSEN, 2016).
De acordo com Dimitri, Oberholtzer, Pressman (2016) todas as fazendas urbanas,
independentemente da sua missão, são relativamente pequenas e enfrentam desafios
semelhantes para fornecer alimentos. Fazendas com missões sociais explícitas, em relação
àqueles com uma orientação de mercado, doam uma parcela maior de alimentos de sua
fazenda e são menos propensos a possuir terras agrícolas. Fazendas com rendimento médio
mais baixo são mais propensos a ter metas sociais relacionadas com a construção da
comunidade ou melhorar a segurança alimentar (Dimitri, Oberholtzer, Pressman, 2016).
Outros estudos exploraram benefícios de fazendas e hortas urbanas (7%) e fazendas verticais
(3%). A Figura 3 representa os tipos de fazenda encontrados:
3% 7%
Fazendas urbanas
10%
Hortas
7%
56% Fazendas e hortas
17% Fazendas/mercado
Fazendas verticais
e telhados
Fazendas social
Nota-se uma convergência dos benefícios para questões sociais e ambientais, também
relacionados a segurança alimentar, visando a promoção de inclusão social, interação entre as
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
pessoas, nutrição adequada e uso de práticas agroecológicas. Já os riscos referem-se
principalmente a possível contaminação dos alimentos, solo, água, provocada por químicos e
agrotóxicos usados no ambiente rural e poluição urbana Tais questões estão diretamente
relacionadas com segurança alimentar.
Considerações Finais
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Universidade Federal de Santa Maria, danimartins16@hotmail.com
2
Universidade Federal de Santa Maria, maielen_kuchak@hotmail.com
3
Universidade Federal de Santa Maria, gmoraesvargas@yahoo.com.br
4
Universidade Federal de Santa Maria, monica-prestes2013@bol.com.br
5
Universidade Federal de Santa Maria, jujucrema@hotmail.com
Resumo. Este trabalho tem como objetivo fazer a análise da produção e comercialização do fumo no Corede
Rio da Várzea. A presente pesquisa pode ser caracterizada como quantitativa, com base em levantamento de
dados secundários de diferentes fontes analisadas. Na análise da cadeia produtiva do fumo evidencia-se que
para 2015/2016, a estimativa de produção passa a ser de 607.010 toneladas de tabaco produzido nos três
estados do Sul do Brasil – (529.415 de Virgínia, 66.586 de Burley e 11.010 de Comum), contra a estimativa de
produção da atual safra, que é de 695.850 toneladas (601.610 de Virgínia, 83.230 de Burley e 11.010 de
Comum). No que se refere o volume da produção do fumo em toneladas, os municípios que se destacam são:
Liberato Salzano (803 toneladas), Cerro Grande (203 toneladas), Rondinha (162 toneladas), Jabuticaba (180
toneladas), Constantina (40 toneladas), Três Palmeiras (10 toneladas), sendo que os demais municípios do
Corede Rio Várzea não são produtores desta commoditie ou possuem produção abaixo de 10 toneladas.
Abstract. This paper aims to make an analysis of the production and marketing of tobacco in COREDE River
Várzea.A this research can be characterized as quantitative, based on a survey of secondary data from different
sources analyzed. In the analysis of the tobacco production chain is evident that for 2015/2016, the estimated
production is increased to 607 010 tons of tobacco produced in the three southern states of Brazil - (529,415 of
Virginia, Burley 66,586 and 11,010 Common) against the estimated production of the current crop, which is
695,850 tons (601,610 of Virginia, Burley and 83,230 Common 11,010). As regards the volume of tobacco
production in tons, municipalities that stand out are: Liberato Salzano (803 tons), Cerro Grande (203 tons),
Rondinha (162 tons), Jabuticaba (180 tons), Constantine (40 tons ), Three Palms (10 tons), and the other
municipalities of Rio COREDE Lowland are not producers of this commodity or production have less than 10
tons.
Introdução
Este presente artigo irá tratar da caracterização e comercialização do fumo, com pesquisa de
dados feita no site da Corede Rio da Várzea – Palmeira das Missões, Chapada, Nova Boa
Vista, Sarandi, Barra Funda, Novo Barreiro, São José das Missões, São Pedro das Missões,
Boa Vista das Missões, Jabuticaba, Cerro Grande, Liberato Salzano, Constantina, Lajeado do
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Bugre, Sagrada Família, Engenho Velho, Três Palmeiras, Ronda Alta, Rondinha - e alguns
sites das diversas fumageiras que o Rio Grande do Sul possui.
O fumo é denominado de Nicotiana tabacum L., pertence à família Solanaceae e é originário
da América do Sul (SOARES, et al. 2008). A folha seca da planta Nicotiana tabacum é usada
para fumar, mascar ou aspirar (FIGUEIREDO, 2008). Também possui alguns sinônimos
como: Nicotiana chinensis Fisch. ex Lehm.; Nicotiana mexicana Schltdl.; Nicotiana mexicana
var. rubriflora Dunal e Nicotiana pilosa Dunal, que revela portanto, que ele é derivado da
nicotina.
A produção mundial de fumo é concentrada em poucos países, como, China, Índia, Brasil,
Estados Unidos, Zimbábue e Indonésia que são responsáveis por cerca de 70% da produção,
sendo que cerca de 30% é voltado à exportação (TOBACCO ATLAS, 2007 apud
FIGUEIREDO, 2008). O Brasil é o maior exportador mundial de fumo e o segundo maior em
produção segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (AFUBRA, 2008 apud
HEEMANN, 2009). A maior parte da produção é concentrada na região do Sul, onde os
agricultores ficam caracterizados por minifundiários.
O presente trabalho tem como objetivo analisar a produção e a comercialização do fumo no
Corede Rio da Várzea, identificar a quantidade de fumo produzido e comercializado no estado
do Rio Grande do Sul, assim como mapear a concentração da produção e realizar um
comparativo centre os municípios deste COREDE Rio da Várzea.
Referencial Teórico
Cultivo Do Tabaco
A planta do tabaco é de aproximadamente dois metros de altura e é coberta de pelos viscosos.
Os caules são eretos, robustos, cilíndricos e ramosos. As folhas são alternas, sésseis, ovais,
pegajosas, com nervuras muito salientes na página inferior e de cor verde mais carregado na
página superior, de cheiro fraco e sabor levemente picante, amargo e nauseoso. As flores são
grandes, rosadas, munidas de brácteas dispostas numa espécie de panícula na extremidade dos
ramos, tendo cálice tubuloso, esverdeado e o fruto forma uma cápsula ovóide, encerrando
com grandes quantidades de sementes muito pequenas, rugosas, irregularmente arredondadas
(BOIEIRO, 2008).
O tabaco é cultivado em uma grande amplitude de climas, entretanto, necessita de 90 a 120
dias sem geadas, cobrindo desde a fase de transplantio ao final da colheita.Primeiramente é
feito um canteiro de aproximadamente 25 metros de comprimentos por 1,80 metros de
largura. O plantio do mesmo ocorre em duas etapas:
• Produção das mudas: essa produção ocorre nos meses de junho e julho, onde germinam após
12 à15 dias. Quando as mudas atingem 7 cm de comprimento é necessário que seja realizado
a primeira poda para que assim melhora a uniformidade na altura e diâmetro do caule, e após
60 dias ela atingem um porte ideal para que possa ser transplantadas para a lavoura.
• Cultivo em lavoura: é necessário nesta etapa que o fumicultor lavre e gradei, aduba e
prepara as vergas para que possa ser feito então o plantio do fumo; usam plantas de cobertura
para aumentar a quantidade de palha na superfície na busca de um ambiente mais favorável à
umidade, temperatura e no controle da erosão hídrica do solo. Para isso se faz a construção do
camalhão, fazendo com que a água passe pelas vergas que serve de escoador, não afetando
assim a planta, outra maneira é o plantio de aveia, que aduba, protege e conserva umidade,
pois nesta época as chuvas são de menor intensidade.
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O tabaco possui diferentes espécies, veremos as mais conhecidas que são: tabaco Virginia,
tabaco Burley e tabaco oriental. A colheita é feita após 10 dias depois de ser desbrotado
(retirada de flores e brotos), considera-se bem maduro quando seu talo fica esbranquiçado, a
folha quebra-se facilmente na parte do caule, a presença de manchas necróticas nas folhas e a
cor fica verde pálida. Seca ao ar livre, ao sol ou até mesmo na estufa (depende do produtor).
Depois de secas, as folhas são classificadas (separadas), por uma classificação pré-
estabelecida pela empresa fumageira. Depois disso, são feitas manocas (maços de folhas da
mesma classe, amarradas juntas) e vendido o produto. As épocas de realização dessas tarefas
variam conforme a região.
Tabaco versus Saúde
O fumo pode causar sérios riscos à saúde dos agricultores que trabalham no cultivo da planta,
além da alta quantidade de agrotóxicos utilizada durante o desenvolvimento do fumo, a
colheita também pode causar problemas, pois ao arrancar a folha, o agricultor entra em
contato direto com a nicotina, sofrendo intoxicações.
Os inseticidas organofosforados e os carbamatos são inibidores de enzimas fundamentais para
o bom funcionamento do sistema nervoso e essas substâncias são absorvidas pelo organismo
através do contato com a pele, por ingestão, ou inalação, atuam no sistema nervoso central, no
sangue e em outros órgãos. Seus sintomas são: suor abundante, intensa salivação, lacrimeja
mento, fraqueza, tontura, dores abdominais e cólicas, visão turva e embaraçado e em casos
mais sérios, a vítima pode ter vômitos, dificuldade respiratória, colapso, e convulsões.
Por outro lado, os agrotóxicos compostos por piretróides são absorvidos pelo trato digestivo,
pela via respiratória e pela cutânea, não são muito tóxicos, mas irritam os olhos e mucosas,
causam alergias na pele e asma brônquica. Seus sintomas iniciais são: formigamento nas
pálpebras e nos lábios, irritação das conjuntivas e mucosas e espirros. Após pode aparecer
coceira intensa, manchas na pele, secreção e convulsões.
A comercialização
BRANDT (1980) e MENDES (1994) ressaltam que, comercialização é o desempenho de
todas as atividades necessárias ao atendimento das necessidades e desejos dos mercados,
planejando a disponibilidades da produção, efetuando transferência de propriedade dos
produtos, promovendo meios para a sua distribuição física e facilitando a operação de todo o
processo de mercado. No caso da cadeia produtiva do fumo o estudo da comercialização é um
importante instrumento de análise, pois possibilita identificar os agentes personagens da
cadeia assim como de que forma contribuem ao longo da mesma.
Para MENDES (1994), a Margem (M) de comercialização refere-se à diferença entre preços a
diferentes níveis do sistema de comercialização. A margem total (Mt) é a diferença entre o
preço pago pelo consumidor e o preço recebido pelo produtor, que este instrumento no
presente trabalho é um importante componente deste trabalho, pois com ele é possível
compreender o processo de reajuste do preço ao longo da cadeia.
Metodologia
Resultados
Figura 1: Região Sul do Brasil: principais microrregiões produtoras de tabaco em folha e unidades de compra e
processamento industrial de tabaco – 2006
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Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006. Sites das Empresas e Levantamento de Pesquisa de Campo, 2009.
Org. Mizael Dornelles e Rogério Silveira.
Observando o quadro 1, verifica-se que entre 1996 e 2006, no contexto da região, o principal
Estado produtor permanece sendo o Rio Grande do Sul com 43% da produção regional e com
45% da área colhida de tabaco na região. Observa-se também que nesse período tivemos na
região Sul um aumento expressivo de 154% na produção de tabaco, resultante do acréscimo
de 249 mil novos hectares colhidos com tabaco.
Quadro 1: Brasil, Região Sul e Estados: quantidade produzida, área colhida e produtividade da lavoura de tabaco
- 1996 e 2006.
Quantidade Produzida em Produtividade em
Área colhida em hectares
Unidades Territoriais toneladas tonelada/hectare
1996 2006 1996 2006 1996 2006
Brasil 451.418 1.109.036 304.376 567.970 1.48 1.95
Sul 413.342 1.049.724 267.234 516.733 1.55 2.03
Paraná 53.128 294.660 38.160 127.923 1.39 2.30
Santa Catarina 163.310 306.530 101.520 154.702 1.61 1.98
Rio Grande do Sul 196.904 448.534 127.554 234.108 1.54 1.92
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 1996 e 2006.
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No entanto, é preciso considerar que esse forte aumento na produção deve-se também ao
aumento da produtividade na lavoura de tabaco. Os dados evidenciam que se em 1996, a
produtividade era, em média, de 1,55 tonelada/hectare, em 2006 ela ampliou para 2,03
tonelada/hectare.
Figura 2: Produção da fumicultura mundial.
CONCLUSÃO
Referências Bibliográficas
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26 mai. 2015.
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Análise da Competitividade dos Pequenos Laticínios da Região do Vale do
Braço do Norte
Ivone Junges 1, Rodney Wernke 2, Guilherme Martins Inácio 3
1
Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul, Grupem (Grupo de Pesquisas em Empreendedorismo e Gestão
de Micro e Pequenas Empresas, ivone.junges@unisul.br
2
Universidade do Sul de Santa Catarina - Unisul, Grupem (Grupo de Pesquisas em Empreendedorismo e Gestão
de Micro e Pequenas Empresas, rodney.wernke@unisul.br
3
Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul, Guilherme.inácio@unisul.br
Resumo. O objetivo da pesquisa é avaliar o desempenho competitivo dos pequenos laticínios da região do Vale
do Braço do Norte, sul de Santa Catarina. O método escolhido foi o estudo de multi-casos, pois trata-se de uma
coleta de dados e informações com o objetivo de traçar um perfil do fenômeno estudado. Para as entrevistas
foram realizadas visitas aos compradores do setor e entrevistas em profundidade com oito gestores de laticínios
com apoio de um formulário roteiro norteador. Em termos qualitativos foi realizada análise dos depoimentos -
percepção dos empresários - e em termos quantitativos utilizou-se a técnica de estatística descritiva,
especialmente média aritmética e frequência de respostas. Alguns resultados: A maior parte dos laticínios investe
no monitoramento das atividades agrícolas por meio de consultorias técnicas de um agrônomo. Essas atividades
são financiadas pelos laticínios, no entanto, três empresas têm financiado o gerenciamento das propriedades
agrícolas em termos de manejo da pastagem, ordenha, saúde do gado leiteiro, entre outros serviços, sendo que
uma empresa financia a compra de bens de capital para os agricultores, sem a cobrança de juros. Uma das
importantes conclusões do estudo é que não existe na região uma vocação para a formação de cluster do
agronegócio em laticínio. As atividades são realizadas individualmente e a cooperação e a formação de parcerias
interfirmas não foram identificadas.
Abstract. The objective of research is to evaluate the competitive performance of the small dairy from of Braço do
Norte Valley Region, south of Santa Catarina. The chosen method was study multi cases, because it is about data
and information collect with the objective of to draw a profile of the phenomenon studied. For the interview were
performed visits to the sectors buyers and performed depth interview with eight dairy gesture with support of a
script quiz to guide. In qualitative terms it was performed statement analysis – business perception – and in
quantitative terms used descriptive statistic technic, specially arithmetic mean and the frequency of the answers.
Some results: The most part of the dairy invest in monitoring of agricultural activities by consulting technic with
an agronomist. These activities are sponsored by dairy, however, three companies have sponsored the
management of agricultural proprieties in terms of pasture management, milking, health of dairy cattle, among
other services, and one company sponsor the buy of capital goods for the farmers without charging of taxes. One
of the important conclusions is that there is not in the region a vocation of cluster formation of agribusiness in
dairy. The activities are performed individually and the cooperation and the formation of partnerships
intercompany were not identified.
Introdução
Materiais e Métodos
O método escolhido foi o estudo de multi-casos, pois trata-se de uma coleta de dados e
informações com o objetivo de traçar um adequado perfil do fenômeno estudado. Apesar do
método ser preferencialmente utilizado para entender situações novas e pouco conhecidas, é
utilizado também para desenvolver novas teorias. A metodologia pode tanto validar, explorar
ou até mesmo refutar teorias (YIN, 2005).
O estudo de estratégia está fortemente vinculado com o contexto no qual a empresa está
inserida e não é possível avaliar as alternativas estratégicas sem o profundo conhecimento do
ambiente em torno da mesma. Essa dificuldade em separar o fenômeno do contexto é um
importante fator na consideração da utilização do estudo de caso como metodologia de pesquisa
(MALHOTRA, 2001).
As formas de coleta de dados utilizadas foram basicamente duas: entrevista em
profundidade e a coleta estruturada de dados. A entrevista em profundidade é definida como
uma entrevista não-estruturada, direta, pessoal, em que um único respondente é testado por um
entrevistador treinado para descobrir motivações, crenças, atitudes e sensações subjacentes
sobre um tópico (MALHOTRA, 2001).
Com o objetivo de descobrir novos critérios competitivos, essas entrevistas em
profundidade foram realizadas com empresários ligados aos segmentos compradores do setor
de laticínios. Por meio desta pesquisa, aliada à revisão de literatura, foi possível gerar os
questionários para a coleta estruturada de dados. A coleta estruturada de dados é a utilização de
um questionário formal que apresenta questões em uma ordem predeterminada No caso em
estudo foram dois, sendo um de importância e um de desempenho, aplicados aos segmentos
compradores do setor, após a realização de um pré-teste. Além de obter os critérios mais
importantes, possibilitou verificar o desempenho das empresas nesses critérios. O pré-teste do
questionário consiste em um teste com uma pequena amostra de entrevistados, visando
identificar e eliminar problemas potenciais (MALHOTRA, 2001).
Para a realização das entrevistas em profundidade foram efetuadas visitas aos
compradores do setor. Para a concretização do estudo, inicialmente foi realizado um contato
telefônico informando da pesquisa e importância de sua participação. Em seguida, foi realizada
a entrevista e a visita técnica em oito laticínios da região estudada.
A análise das entrevistas em profundidade foi realizada quali e quantitaviamente,
considerando as respostas dos entrevistados ao questionário utilizado para nortear as entevistas.
Desse modo, em termos qualitativos foi realizada análise dos depoimentos - percepção dos
empresários e em termos quantitativos utilizada a técnica de estatística descritiva,
especialmente média aritmética e frequência de respostas.
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Resultados
A análise segue a ordem de divisão das variáveis que compõem o questionário de
pesquisa. Isto significa que a análise dos dados está dividida em quatro partes: caracterização
da empresa, competências e critérios competitivos, ferramentas de gestão e visão sistêmica do
setor.
As empresas são relativamente jovens, isto é, implantadas nas décadas de 1990 e 2000,
com exceção de duas empresas que atuam há mais tempo no mercado: uma iniciada na década
de 1960 e outra na década de 1980. Uma característica interessante é que a maioria dos
empreendedores era jovem quando iniciou o negócio e todas as empresas ainda são
administradas pelos fundadores.
Os principais produtos produzidos pelos laticínios da região são “queijo prato tipo
colonial”, “queijo mussarella”, “ricota”, “serrano”, “provolone”, “parmesão”, “creme de leite
(nata)”, “manteiga”, “bebida láctea (iogurte)”, “requeijão” e “doce de leite”.
A produção mensal de queijos varia de 10 toneladas até 120 toneladas, dependendo da
capacidade produtiva do laticínio. A produção mensal de ricota varia de 1 tonelada até 6
toneladas. A produção mensal de creme de leite varia de 2 toneladas até 25 toneladas. A
produção mensal manteiga varia de 500 kg até 10 toneladas. A produção mensal de bebida
láctea varia de 1000 litros até 10.000 litros. Quanto aos demais produtos, a escala produtiva é
em torno de 1 tonelada por mês.
No que se refere ao mercado atendido pelos laticínios da região, a maior parte dos
clientes é da região sul do Estado e litoral sul e norte de Santa Catarina.
Um dos grandes ganhos competitivos no setor de laticínios da região estudada foi a
adequação ao sistema de inspeção. Atualmente todas as empresas possuem certificado da
vigilância sanitária para atuar na área. Analisando os dados, observa-se que 33% das empresas
usam o sistema de Inspeção Federal e 67% sistema de Inspeção Estadual. Isto significa dizer
que a maior parte das empresas não pode atuar em nível nacional, e mesmo com aporte legal, a
maioria atua no litoral catarinense e no sul de Santa Catarina.
Na questão do porte das empresas percebe-se que são, em sua maior parte, micros e
pequenos negócios, fortalecendo uma tendência regional de sustentação das economias locais.
Em termos de fornecimento todas as empresas de laticínios compram leite da região do Vale
do Braço do Norte e de regiões vizinhas. Apenas uma empresa compra leite em outras regiões
do Estado, isto é, das regiões norte e sul. A média de leite comprada varia entre 10.000 e 25.000
litros por dia.
Os fornecedores de equipamentos e outros bens de capital, bem como a manutenção dos
equipamentos são, principalmente, de Itajaí (SC). Outros equipamentos são adquiridos no
estado de São Paulo e em Caxias do Sul (RS), mas a maioria das empresas também utiliza a
infraestrutura de fornecimento de equipamentos de fornecedores catarinenses. Os demais
insumos são provenientes da região norte catarinense e dos estados do Rio Grande do Sul e
Paraná.
Dando sequência à análise dos dados, discutem-se a seguir as competências
competitivas identificadas nos laticínios da região.
A partir da coleta de dados e do depoimento dos empresários do setor analisado,
identificou-se que 56% das empresas têm profissionais especializados na administração,
permitindo uma melhoria na gerência dos subsistemas organizacionais dos laticínios da região
estudada; entretanto, 44% dizem que não existem profissionais qualificados em gestão de
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negócios para atuar na área. Nesse rumo, os gestores contam com a experiência e com métodos
intuitivos na administração dos empreendimentos.
Quando entrevistados sobre a motivação dos seus empregados, 67% das empresas
afirmam que a motivação pode ser considerada um diferencial. Mas, 33% dizem que a
motivação dos funcionários não se caracteriza num diferencial da empresa em comparação com
outras companhias do segmento, informando que os empregados não precisam ser motivados
para exercer as diferentes funções dentro dos laticínios.
Quando questionados sobre os principais pontos fortes da empresa, a maioria dos
proprietários dos laticínios aponta a higiene do processo produtivo e a qualidade dos produtos
lácteos. Todos os empresários do setor acreditam que na produção de alimentos é
imprescindível a higiene e a rigidez nos controles de qualidade da matéria-prima, incluindo o
controle de qualidade e higiene do leite fornecido pelos produtores rurais.
Quando questionados sobre os pontos fracos, os entrevistados mencionam a tecnologia
obsoleta, espaço físico e a qualidade do leite, pois nem todos os agricultores que trabalham com
ordenha possuem o mesmo padrão de qualidade.
Outra questão apresentada na entrevista refere-se à existência na empresa de algumas
atividades ou serviços considerados de referência no Estado de Santa Catarina. Nas empresas
pesquisadas, essas atividades têm relação com uma abordagem estrutural no que se refere aos
fatores da cadeia de produção. Por exemplo: a avaliação da qualidade do produto realizada
pelos laboratórios de análises dos laticínios (06 empresas) e através de laboratórios externos
(08 empresas); tempo de maturação maior do processo de produção, tornando o queijo mais
leve e mais barato (01 empresa); fomento à melhoria da propriedade rural financiada pelo
laticínio (01 empresa); assistência a agricultores controlados pelos lacticínios (01 empresa);
acompanhamento na propriedade (05 empresas) e a credibilidade do empresário (01 empresa).
O preço dos produtos também aparece como ponto forte para boa parte dos entrevistados (06
empresas).
As informações coletadas sinalizam que 67% das empresas afirmam que existem
atividades e serviços que podem ser considerados “referência” no Estado de Santa Catarina e
33% dizem que não existe nenhum tipo de atividade que pode ser caracterizada como destaque
na indústria catarinense de laticínios. Muitos dos empreendedores responderam que a qualidade
do produto fabricado é um destaque no estado e que o processo também se destaca (40% das
respostas).
O preço da concorrência influencia significativamente o preço de mercado. Foi possível
observar que na totalidade das entrevistas a concorrência ocorre na compra do leite, isto é, o
poder de barganha está com o produtor de leite. Esse é um dos raros casos em que o agricultor
possui poder de barganha na cadeia produtiva do agronegócio.
A quantidade vendida tem influência no preço dos produtos lácteos no momento da
negociação do preço entre o laticínio e o atacadista ou varejista. Essa prática não é regra geral,
mas vem acontecendo em boa parte das transações comerciais.
Um outro ponto forte mencionado pelos entrevistados é o valor agregado dos produtos,
especialmente a qualidade do queijo, tornando um diferencial competitivo no mercado.
Os dados sustentam que o preço é formulado a partir de uma estimativa dos custos totais
(todas as empresas), sendo que nenhum entrevistado afirmou utilizar alguma metodologia de
custeio para se chegar no preço do produto.
Como resultado da conquista de competitividade, tem-se como primeiro fator o
crescimento dos investimentos em tecnologia para oito empresas respondentes. Seguido de sete
indicações vem o aumento das vendas e a melhoria da qualidade dos produtos e serviços, ou
seja, empresas investindo em tecnologia e na qualidade dos seus produtos como forma de
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aumentar a competitividade no setor de laticínios. Por fim, a inovação como formar de aumentar
o valor agregado dos produtos, sendo apontado por quatro das empresas entrevistadas. As
estratégias de redução de custos da produção e de capacitação dos funcionários foram
mencionadas por três empresas e duas empresas mencionaram ainda, a capacitação dos
proprietários. Entretanto, uma das organizações diz que no setor é difícil reduzir custos.
Em alguns casos, a história da família dos sócios é empreendedora, constituída por
comerciantes. Em um caso, um dos sócios tinha experiência no setor de comércio na área de
alimentos e um frigorífico antes de implantar o laticínio.
Nos últimos dois anos quatro das empresas pesquisadas afirmam que atingiram um
montante de aproximadamente R$ 1.500.000,00 de faturamento bruto e duas acima dos R$
2.200.000,00.
Analisando as informações coletadas pode-se dizer que os laticínios têm um ganho
médio bruto sobre o queijo na ordem de 30%. Esse é o produto que eles menos ganham, pois o
preço médio do leite é elevado para a produção de queijo. A indústria ganha na escala. A ricota,
a nata (creme de leite) e manteiga são os produtos com maiores ganhos em torno de 100%. A
bebida láctea tem um custo muito baixo em termos de processo produtivo, mas tem custos
elevados com embalagem, fazendo com que os empresários do setor não invistam
continuamente neste produto.
No tocante aos principais problemas que prejudicam a competitividade, os entrevistados
mencionam o alto preço das matérias-primas, especialmente o leite; o custo da mão de obra e a
manutenção dos equipamentos. A maior parte dos equipamentos é de material inox e é caro.
No que se refere à bebida Láctea, o maior custo é a embalagem. Outro custo bastante elevado
é em relação à manutenção da fábrica.
Em seguida são discutidas algumas questões referentes às ferramentas de gestão
utilizadas pelas empresas estudadas.
Todas as empresas pesquisadas apontam a “manutenção técnica” como a principal
ferramenta de gestão utilizada, seguida do “teste de qualidade do leite” para oito empresas, da
“pesquisa e desenvolvimento” para duas empresas e apenas uma empresa diz que os
“entrepostos e outras ferramentas” são utilizados como instrumentos de gestão. Breitenbach e
Santos de Souza (2008) pesquisaram sobre as estruturas de mercado e governança na cadeia
produtiva do leite em pó no Rio Grande do Sul e chegaram a resultados similares de critérios
de competitividade aos relatados neste estudo.
De acordo com os depoimentos dos empresários, verificou-se que cinco empresas
afirmam que o nível de qualificação do empresariado pode ser uma das principais ferramentas
utilizadas para o desenvolvimento cultural da empresa. No entanto, a maior parte não possui
qualificação na área de gestão de negócios (07 empresas). Quatro empresas dizem que a adoção
de técnicas de gestão também pode ser considerada importante, sendo que três empresas adotam
técnicas de planejamento estratégico e informatização dos setores que compõem o cluster. Por
fim, apenas uma empresa utiliza técnicas de marketing rural e nenhuma empresa possui
marketing internacional e nem certificado ISO 9000. Acerca disso, observou-se resultados
similares no trabalho de Paiva, Carvalho e Fensterseifer (2004).
As próximas análises dão conta da visão sistêmica do setor, procurando identificar se
existe vocação para atuação empresarial na forma de agrupamento empresarial. Nesse sentido,
os empresários respondentes acreditam que a região não tem vocação para atuar na forma de
agrupamento empresarial e nem conta com as competências essenciais ao funcionamento do
cluster. A explicação apresentada nas entrevistas é por causa da fraca cultura de associativismo.
Por outro lado, numa visão sistêmica do setor, os empresários acreditam que os
laticínios do Vale Braço do Norte melhoraram consideravelmente o desempenho econômico.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Características como aglomeração, crescimento, especialização, reinvestimento, exportações
foram as mais citadas pelos entrevistados.
Na opinião de um dos entrevistados “o laticínio é o principal crescimento na região e se
não fossem os laticínios, o colono ainda estava no fumo e estaria numa situação muito ruim”.
Segundo os depoimentos, a cultura local é individualista e não existe predisposição para
o trabalho em conjunto, ou seja, não existe a possibilidade de parcerias interfirmas. Conclusões
similares constam no estudo de Sicsú (2000), Junges (2004) e Hill (1994).
Para cinco empresas pesquisadas, um dos principais mecanismos de inserção das
instituições de apoio são os programas institucionais de treinamento e para apenas uma empresa
os programas institucionais de pesquisa ou outros tipos de mecanismos.
As principais instituições de apoio técnico atuando na região são a Epagri (apoiando
diretamente os produtores rurais), a Fatma (que atua no controle ambiental) e a Cidasc (que
também atua com apoio técnico e capacitação dos produtores).
Conclusões
O estudo alcançou o objetivo geral proposto, uma vez que foi possível avaliar a
competitividade no segmento estudado. Nesse sentido, é válido ressaltar os principais
“achados” da pesquisa realizada, conforme enfatizado a seguir.
O segmento de laticínios pertence a uma cadeia produtiva quase completa na região do
Vale do Braço do Norte, com vários “elos” identificados: produtor rural de leite, fornecedor de
lenha para as caldeiras, fornecedor de mão de obra, alguns fornecedores de insumos produtivos,
transporte, laticínios, atacadista, comerciantes e os consumidores.
As empresas do segmento da região são em sua totalidade micros, pequenas e médias
empresas e todas têm inspeção da vigilância sanitária, sendo que três têm inspeção federal e o
restante tem inspeção estadual. Isso foi uma grande conquista para o segmento, gerando
vantagens econômicas importantes.
Os empresários são em sua maioria muito jovens e alguns empreendimentos já estão em
processo de sucessão empresarial, onde efetivamente quem tem conduzido os negócios são os
filhos, sendo que estes estão concluindo o terceiro grau na área de gestão. Entretanto, os
fundadores ainda desempenham o papel principal na administração dessas companhias.
Um dos pontos importantes da pesquisa é a baixa escolaridade dos empresários e isso
explica a reduzida utilização de ferramentas de gestão, principalmente aquelas relacionadas
com a gestão financeira do empreendimento. As ferramentas de controle de qualidade do
processo produtivo e dos produtos são utilizadas por todos os empresários, principalmente pelo
fato de ser uma exigência legal por parte da vigilância sanitária.
O queijo é o produto mais produzido pelos laticínios, no entanto, é o que apresenta a
menor rentabilidade, sendo que os empresários obtêm resultado positivo utilizando a produção
em larga escala. Os demais produtos como ricota, creme de leite, bebida láctea apresentam
excelentes margens de lucro e rentabilidade, porém são produtos produzidos em menor escala.
A maior parte dos laticínios tem investido no acompanhamento das atividades agrícolas
por meio de consultorias técnicas de um agrônomo. Essas atividades são financiadas pelos
laticínios; no entanto, três empresas têm financiado o gerenciamento das propriedades agrícolas
em termos de manejo da pastagem, ordenha, saúde do gado leiteiro, entre outros serviços. Uma
empresa chega a financiar a compra de bens de capital para os agricultores sem a cobrança de
juros.
Uma das importantes conclusões é que não existe na região uma vocação para a
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
formação de cluster do agronegócio em laticínio. As atividades são realizadas individualmente
e a cooperação e a formação de parcerias interfirmas não foram identificadas.
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construção de edificações. In: Anais do XXIV ENANPAD, ANPAD, Florianópolis-SC, Setembro 2000. CD-ROM.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, nara_becher@hotmail.com
2
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, zilli42@hotmail.com
2
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, dricpvieira@gmail.com
Resumo. O agronegócio possui expressiva participação na pauta exportadora do Brasil. Neste setor, se
destacam principalmente a exportação de grãos, dentre os quais, se encontra o arroz. No ano de 2015 o Brasil
foi o oitavo maior produtor mundial e os Estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Santa Catarina são
destaques nacionais na produção de arroz. A partir deste cenário, o estudo tem por objetivo identificar a
dinâmica da rizicultura Sul catarinense na balança comercial brasileira, considerando a variável temporal de
10 anos (2005 a 2015). Metodologicamente, a pesquisa se enquadrou em descritiva e exploratória, quanto aos
fins, e, bibliográfica e documental, quanto aos meios de investigação. A coleta de dados foi feita em publicações
específicas relacionadas com o agronegócio, arroz e principalmente no Sistema Aliceweb. A análise dos dados
foi essencialmente qualitativa. Foi possível verificar a importância e o impacto do arroz da região Sul na
balança comercial catarinense, como um importante produto exportado para diversos mercados mundiais.
Abstract. Agribusiness has significant share in the export of Brazil. In this sector, mainly highlight the export of
grain, among which is the rice. In 2015 Brazil was the world's eighth largest producer and the states of Rio
Grande do Sul, Mato Grosso and Santa Catarina are national highlights in rice production. From this scenario,
the study aimed to identify the dynamics of the rice-growing South of Santa Catarina in Brazil's trade balance,
considering the time variable of 10 years (2005-2015). Methodologically, the research is framed in descriptive
and exploratory, as to the purposes, and bibliographic and documentary, as the means of investigation. Data
collection was done in specific publications related to agribusiness, rice and especially in Aliceweb system. The
data analysis was essentially qualitative. It was possible to verify the importance and impact of rice in the South
of Santa Catarina trade balance as an important product exported to many world markets.
2 Procedimentos Metodológicos
Metodologicamente, quanto aos fins de investigação, trata-se de uma pesquisa descritiva e
exploratória. E, quanto aos meios de investigação, caracteriza-se como uma pesquisa
bibliográfica e documental (GIL, 2002).
Os dados referentes à balança comercial e movimentação do NCM 1006 (arroz) foram
coletados no Sistema de Análise de Comércio Exterior via Web do Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços, por meio de uma abordagem essencialmente qualitativa.
1
A Associação dos Municípios da Região Carbonífera (AMREC) foi fundada no dia 25 de abril de 1983, com
sete municípios participantes, formada por Criciúma, Içara, Lauro Müller, Morro da Fumaça, Nova Veneza,
Siderópolis e Urussanga. Depois foram integrados a associação os municípios de Forquilhinha, Cocal Do Sul e
Treviso. No dia 18 de maio de 2004, a cidade de Orleans se integrou na AMREC. E no dia 09 de abril de 2013
Balneário Rincão passou a integrar a associação. Atualmente, a AMREC possui 12 municípios participantes
(AMREC, 2016).
2 A Associação dos Municípios do Extremo Sul Catarinense (AMESC) foi fundada no dia 5 de setembro de
1979, com nove municípios integrantes. Atualmente a associação possui quinze integrantes, são eles: Araranguá,
Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Ermo, Jacinto Machado, Maracajá, Meleiro, Morro Grande, Passo
de Torres, Praia Grande, Santa Rosa do Sul, São João do Sul, Sombrio, Timbé do Sul e Turvo (AMERC, 2016).
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3 Apresentação e Discussão dos Resultados
Nesta seção são apresentados dados comparativos envolvendo a balança comercial do Arroz
(NCM 1006) no âmbito nacional, do Estado de Santa Catarina (SC) e das regiões da AMREC
e AMESC. O mesmo também foi aplicado para a movimentação em KG.
3.1 Balança comercial do Arroz (NCM 1006) – Brasil versus Santa Catarina (US$/FOB)
A Tabela 1 apresenta comparativamente a balança comercial da NCM 1006 (arroz),
considerando o Brasil versus o Estado de Santa Catarina.
Tabela 1 – Balança comercial do Brasil versus Santa Catarina / Arroz (NCM - 1006) - (US$/FOB Mil)
EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO
ANO BRASIL SC % BRASIL SC %
2005 56.777 343 0,60% 129.459 322 0,25%
2006 59.872 412 0,69% 174.621 1.025 0,59%
2007 53.360 1.282 2,40% 236.802 934 0,39%
2008 311.634 5.868 1,88% 225.703 1.988 0,88%
2009 267.551 17.388 6,50% 272.472 4.460 1,64%
2010 162.758 1.664 1,02% 376.598 6.963 1,85%
2011 612.754 31.883 5,20% 273.050 3.463 1,27%
2012 545.955 20.292 3,72% 341.499 7.053 2,07%
2013 400.593 7.049 1,76% 372.659 7.381 1,98%
2014 396.799 3.850 0,97% 301.617 3.578 1,19%
2015 350.178 4.103 1,17% 157.686 2.353 1,49%
TOTAL 3.218.231 94.134 2,93% 2.862.166 39.520 1,38%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Aliceweb (2016).
3.2 Balança comercial do Arroz (NCM 1006) – Santa Catarina versus AMREC
(US$/FOB)
A Tabela 2 apresenta comparativamente a balança comercial da NCM 1006 (arroz),
considerando o Estado de Santa Catarina versus a AMREC.
Tabela 2 – Balança comercial de Santa Catarina versus AMREC / Arroz (NCM - 1006) - (US$/FOB Mil)
EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO
ANO SC AMREC % SC AMREC %
2005 343 0 0,00% 322 307 95,34%
2006 412 0 0,00% 1.025 237 23,12%
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
2007 1.282 0 0,00% 934 55 5,89%
2008 5.868 0 0,00% 1.988 0 0,00%
2009 17.388 47 0,27% 4.460 282 6,32%
2010 1.664 66 3,97% 6.963 762 10,94%
2011 31.883 915 2,87% 3.463 81 2,34%
2012 20.292 1.709 8,42% 7.053 309 4,38%
2013 7.049 351 4,98% 7.381 75 1,02%
2014 3.850 1.176 30,55% 3.578 129 3,61%
2015 4.103 1.060 25,83% 2.353 57 2,42%
TOTAL 94.134 5.324 5,66% 39.520 2.294 5,80%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Aliceweb (2016).
3.3 Balança comercial do Arroz (NCM 1006) – Santa Catarina versus AMESC
(US$/FOB)
A Tabela 3 apresenta comparativamente a balança comercial da NCM 1006 (arroz),
considerando o Estado de Santa Catarina versus a AMESC.
Tabela 3 – Balança comercial de Santa Catarina versus AMESC / Arroz (NCM - 1006) - (US$/FOB Mil).
EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO
ANO SC AMESC % SC AMESC %
2005 343 0 0,00% 322 0 0,00%
2006 412 0 0,00% 1.025 0 0,00%
2007 1.282 0 0,00% 934 524 56,10%
2008 5.868 19 0,32% 1.988 298 14,99%
2009 17.388 3.721 21,40% 4.460 1.976 44,30%
2010 1.664 0 0,00% 6.963 3.094 44,43%
2011 31.883 15.811 49,59% 3.463 1.538 44,41%
2012 20.292 12.655 62,36% 7.053 2.145 30,41%
2013 7.049 5.678 80,55% 7.381 2.501 33,88%
2014 3.850 1.638 42,55% 3.578 588 16,43%
2015 4.103 1.815 44,24% 2.353 63 2,68%
TOTAL 94.134 41.337 43,91% 39.520 12.727 32,20%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Aliceweb (2016).
A região da AMESC no início do período (2005 a 2008) não realizou exportações de arroz do
NCM 1006. A partir de 2011, as exportações começaram a ser mais significativas e rotineiras.
A região é responsável por 43,91% das exportações de arroz realizadas por SC. E quanto às
importações, a região é responsável por 32,20% das importações realizadas.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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Dentre os países em que a AMESC mais realizou exportações foram a África do Sul, Canadá,
Panamá e Argentina. E os países fornecedores se destacam a Argentina, Itália, Uruguai e
Paraguai.
3.4 Balança comercial do Arroz (NCM 1006) – Santa Catarina versus AMREC +
AMESC (US$/FOB)
A Tabela 4 apresenta comparativamente a balança comercial da NCM 1006 (arroz),
considerando o Estado de Santa Catarina versus a totalidade das regiões AMREC e AMESC.
Tabela 4 – Balança comercial de Santa Catarina versus AMREC/AMESC - Arroz (NCM - 1006) - (US$/FOB
Mil).
EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO
ANO SC AMESC + AMREC % SC AMESC + AMREC %
2005 343 0 0,00% 322 307 95,34%
2006 412 0 0,00% 1.025 237 23,12%
2007 1.282 0 0,00% 934 579 61,99%
2008 5.868 19 0,32% 1.988 298 14,99%
2009 17.388 3.768 21,67% 4.460 2.258 50,63%
2010 1.664 66 3,97% 6.963 3.856 55,38%
2011 31.883 16.726 52,46% 3.463 1.619 46,75%
2012 20.292 14.364 70,79% 7.053 2.454 34,79%
2013 7.049 6.029 85,53% 7.381 2.576 34,90%
2014 3.850 2.814 73,09% 3.578 717 20,04%
2015 4.103 2.875 70,07% 2.353 120 5,10%
TOTAL 94.134 46.661 49,57% 39.520 15.021 38,01%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Aliceweb (2016).
3.5 Movimentação do Arroz (NCM 1006) – Brasil versus Santa Catarina (Volume/kg)
A Tabela 5 apresenta comparativamente a movimentação/kg da NCM 1006 (arroz),
considerando o Brasil versus o Estado de Santa Catarina.
Tabela 5 – Volume (kg) comercializado pelo Brasil e Santa Catarina / arroz (NCM - 1006)
EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO
ANO BRASIL SC % BRASIL SC %
2005 272.536.518 1.037.307 0,38% 532.502.959 2.375.650 0,45%
2006 290.440.019 1.048.897 0,36% 652.924.998 5.083.840 0,78%
2007 201.477.019 3.262.837 1,62% 720.683.782 3.046.022 0,42%
2008 518.076.504 8.160.370 1,58% 446.404.328 3.291.660 0,74%
2009 602.120.229 30.723.684 5,10% 674.362.787 11.207.040 1,66%
2010 430.486.361 3.657.730 0,85% 783.542.037 13.792.348 1,76%
2011 1.350.919.124 59.734.024 4,42% 621.838.719 7.154.508 1,15%
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
2012 1.152.705.316 39.512.101 3,43% 740.372.614 14.319.521 1,93%
2013 918.052.928 11.823.461 1,29% 757.183.050 13.479.020 1,78%
2014 929.918.441 6.517.474 0,70% 624.397.446 5.590.753 0,90%
2015 961.542.327 8.829.560 0,92% 376.987.069 3.454.502 0,92%
TOTAL 7.628.274.786 174.307.445 2,29% 6.931.199.789 82.794.864 1,19%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Aliceweb (2016).
Em média, Santa Catarina foi responsável por 2,29% do volume exportado de arroz pelo
Brasil. O ano com o maior volume exportado foi em 2009, onde o Estado foi responsável por
5,10%. Já as importações, durante o período analisado o Estado foi responsável por apenas
1,19% do volume importado pelo Brasil.
3.6 Movimentação do Arroz (NCM 1006) – Santa Catarina versus AMREC (Volume/kg)
A Tabela 6 apresenta comparativamente a movimentação/kg da NCM 1006 (arroz),
considerando o Estado de Santa Catarina versus a AMREC.
Tabela 6 – Volume (kg) comercializado por Santa Catarina e AMREC / arroz (NCM 1006)
EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO
ANO SC AMREC % SC AMREC %
2005 1.037.307 0 0,00% 2.375.650 2.319.150 97,62%
2006 1.048.897 0 0,00% 5.083.840 2.250.840 44,27%
2007 3.262.837 0 0,00% 3.046.022 532.720 17,49%
2008 8.160.370 0 0,00% 3.291.660 0 0,00%
2009 30.723.684 152.500 0,50% 11.207.040 1.276.440 11,39%
2010 3.657.730 250.000 6,83% 13.792.348 1.406.000 10,19%
2011 59.734.024 1.775.343 2,97% 7.154.508 192.000 2,68%
2012 39.512.101 2.939.561 7,44% 14.319.521 588.000 4,11%
2013 11.823.461 647.011 5,47% 13.479.020 35.000 0,26%
2014 6.517.474 2.019.330 30,98% 5.590.753 64.700 1,16%
2015 8.829.560 2.071.960 23,47% 3.454.502 32.640 0,94%
TOTAL 174.307.445 9.855.705 5,65% 82.794.864 8.697.490 10,50%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Aliceweb (2016).
No início do período analisado (2005 a 2008), a AMREC não participou nas exportações de
Santa Catarina. Já as importações de 2005 a 2006 foram bastante significativas, onde em 2005
a AMREC importou 97,62% do volume total de arroz (NCM 1006). Na análise do período
total, verifica-se que a AMREC é responsável por 10,50% das importações e apenas 5,65%
das exportações realizadas em SC, apesar de ter havido um crescimento na movimentação nos
anos de 2014 e 2015.
3.7 Movimentação do Arroz (NCM 1006) – Santa Catarina versus AMESC (Volume/kg)
A Tabela 7 apresenta comparativamente a movimentação/kg da NCM 1006 (arroz),
considerando o Estado de Santa Catarina versus a AMESC.
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Tabela 7 – Volume (kg) comercializado por Santa Catarina e AMESC / arroz (NCM 1006)
EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO
ANO SC AMESC % SC AMESC %
2005 1.037.307 0 0,00% 2.375.650 0 0,00%
2006 1.048.897 0 0,00% 5.083.840 0 0,00%
2007 3.262.837 0 0,00% 3.046.022 1.458.000 47,87%
2008 8.160.370 25.200 0,31% 3.291.660 675.000 20,51%
2009 30.723.684 6.576.096 21,40% 11.207.040 4.664.000 41,62%
2010 3.657.730 0 0,00% 13.792.348 6.418.000 46,53%
2011 59.734.024 29.289.693 49,03% 7.154.508 3.911.000 54,66%
2012 39.512.101 22.172.316 56,12% 14.319.521 4.559.300 31,84%
2013 11.823.461 9.633.900 81,48% 13.479.020 5.376.000 39,88%
2014 6.517.474 2.773.500 42,55% 5.590.753 1.190.000 21,29%
2015 8.829.560 4.455.250 50,46% 3.454.502 77.000 2,23%
TOTAL 174.307.445 74.925.955 42,98% 82.794.864 28.328.300 34,22%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Aliceweb (2016).
No ano de 2012, a região foi responsável por 56,12% das exportações realizadas por Santa
Catarina. Percebe-se também um volume significativo em 2013, onde a AMESC foi
responsável por 81,48% do volume exportado. No âmbito das importações, o destaque fica
para o ano de 2011, alcançando 54,66 % do volume importado. De uma maneira geral, a
AMESC é responsável por 42,98% das exportações e 34,22% das importações realizadas por
Santa Catarina.
3.8 Movimentação do Arroz (NCM 1006) – Santa Catarina versus AMREC + AMESC
(Volume/kg)
A Tabela 8 apresenta comparativamente a movimentação/kg da NCM 1006 (arroz),
considerando Santa Catarina versus a totalidade da AMREC e AMERSC.
Tabela 8 – Volume (kg) comercializado por Santa Catarina e AMESC/AMREC / arroz (NCM 1006).
EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO
AMESC + AMESC +
ANO SC % SC %
AMREC AMREC
2005 1.037.307 0 0,00% 2.375.650 2.319.150 97,62%
2006 1.048.897 0 0,00% 5.083.840 2.250.840 44,27%
2007 3.262.837 0 0,00% 3.046.022 1.990.720 65,35%
2008 8.160.370 25.200 0,31% 3.291.660 675.000 20,51%
2009 30.723.684 6.728.596 21,90% 11.207.040 5.940.440 53,01%
2010 3.657.730 250.000 6,83% 13.792.348 7.824.000 56,73%
2011 59.734.024 31.065.036 52,01% 7.154.508 4.103.000 57,35%
2012 39.512.101 25.111.877 63,55% 14.319.521 5.147.300 35,95%
2013 11.823.461 10.280.911 86,95% 13.479.020 5.411.000 40,14%
2014 6.517.474 4.792.830 73,54% 5.590.753 1.254.700 22,44%
2015 8.829.560 6.527.210 73,92% 3.454.502 109.640 3,17%
TOTAL 174.307.445 84.781.660 48,64% 82.794.864 37.025.790 44,72%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Aliceweb (2016).
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As regiões da AMESC e da AMREC realizaram juntas no ano de 2013, 86,95% das
exportações de Santa Catarina. Durante os dez anos analisado as duas regiões foram
responsáveis por 48,64% das exportações que o Estado realizou. Referente às importações, as
duas regiões foram responsáveis, no ano de 2005, por aproximadamente 97% do volume total
importado pelo Estado. Durante o período total analisado as duas regiões firam responsáveis
por 44,72% das importações.
4 Considerações Finais
O Brasil tem diminuído a demanda de arroz importado, do qual é percebido um decréscimo da
compra do cereal nos últimos seis anos. Na análise efetuada no período de dez anos as regiões
da AMESC e AMREC foram responsáveis por 48,64% das exportações que SC realizou.
Referente às importações, as duas regiões foram responsáveis, no ano de 2005, por
aproximadamente 97% do volume total importado. Durante o período total analisado as duas
regiões firam responsáveis por 44,72% das importações.
Até 2015, o câmbio comercial foi favorável aos produtores e a exportação do grão permitiu
manter o equilíbrio no mercado interno. No entanto, o câmbio valorizado acaba impactando
nos custos de produção da safra para aquisição dos insumos atrelados ao dólar. Assim, 2015
foi um ano de bastante cautela para os produtores, em razão do momento econômico que vive
o Brasil. O maior entrave para a cadeia orozicola e, consequentemente, para as exportações
brasileiras é a questão logística, que é bastante deficitária.
De acordo com Santos et al (2015) a orizicultura catarinense tem características peculiares,
realizada principalmente por pequenos agricultores, com emprego de mão de obra familiar,
sistema de irrigação por gravidade e práticas tradicionais de limpeza de invasoras das
lavouras, como p.e. catação manual. O Estado perdeu mercado para o Estado vizinho Rio
Grande do Sul proveniente do avanço tecnológico e a conjuntura de mercado. Mas estes
fatores já estão sendo revistos, com a introdução de novas tecnologias e inovações no campo,
principalmente, no que se refere a melhoria da produtividade, condução da lavoura e a
introdução de novas cultivares melhores adaptadas às regiões produtoras.
Aproximadamente 80% do grão produzido em SC é dirigido a produção de arroz parboilizado
e que abastece internamente os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e a região
nordeste, bem como as maiores áreas se concentram na região Sul.
Referências Bibliográficas
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<http://www.amesc.com.br/municipios/index.php>. Acesso em: 3 maio 2016.
AMREC. Associação dos municípios da região carbonífera. Municípios associados. 2016. Disponível em:
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______. ______. Saiba mais. 2016. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/arroz/saiba-mais> Acesso em: 23 fev.
2016.
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Santa Catarina. Revista ADMpg (Online), v. 8, p. 73-83, 2015.
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Comparação econômica entre a compra de Alevinos e Juvenis de Tilápias do Nilo
(Oreochromis Niloticus) – uma alternativa para o pequeno produtor do estado de Mato
Grosso do Sul
Alex Ferreira da Silva1, Gleicy Jardi Bezerra2, Nelson David Lesmo Duarte3, Wellington
Ferreira Nascimento4
1
Mestre em Agronegócios pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), e-mail:
homonímico@gmail.com;
2
Doutoranda em Agronegócios na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e-
mail:gjardibezerra@gmail.com;
3
Mestre em Agronegócios pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), e-mail:
nelsondavlesmd@hotmail.com
4
Mestre em Agronegócios pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), e-mail:
nascimento.wellington23@gmail.com
Resumo: O presente artigo trata sobre a viabilidade entre a utilização de alevinos e de juvenis a partir de 30 g
da espécie Tilápias do Nilo (Oreochromis Niloticus) da linhagem GIFT para o pequeno produtor rural do
estado de Mato Grosso do Sul. Objetiva-se apontar qual a vantagem econômica da compra de juvenil de tilápia
em relação ao de alevino para a produção de corte no estado. Para atingir o objetivo proposto, utilizou dados
secundários e contato via internet. Com base nos resultados, foram elencados a compra, o manejo e os custos de
uma produção de tilápias, bem como o custo para aquisição de alevino e de juvenil. Utilizou-se 723 peixes
divididos em três lotes (A, B e C) e cada lote em três viveiros (1, 2 e 3). O lote A recebeu 480 peixes com peso
médio de 1,3g. O lote B teve 192 peixes com médio de 32g, e o lote C com 51 peixes com peso médio de 87g.
Para a resultados, foram comparados a taxa de sobrevivência, o ganho de peso do período, o consumo e o nível
de proteína bruta da ração, a conversibilidade alimentar e a biomassa. Dentre os principais resultados destaca-
se que entre comprar alevinos ou juvenis de Tilápias, a opção por juvenis se destacou, pois apresenta uma taxa
de 86% de sobrevivência, maior ganho de peso, melhor biomassa, além de menor consumo de ração e o menor
tempo para a despesca.
Palavras chaves: Piscicultura, Vantagem Econômica, Desempenho.
Fundamentação Teórica
A produção da pesca a nível mundial está se centrando na aqüicultura, assim, a projeção feita
pela Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2011) prevê um
aumento de 14,5% da produção de aquicultura até os anos 2020, além de essa atividade
produtiva ser superior a produção de todas as categorias individuais de carne.
A aquicultura contribui de forma relevante para a redução de pobreza e a segurança alimentar
no hemisfério sul, porém com muitas limitações. Um estudo feito em Bangladesh demonstra
que a produção de peixe favorece muito aos mais vulneráveis (TOUFIQUE; BELTON, 2014).
Entretanto, a produção aquícola também contribui com impactado ao meio ambiente devido
aos fertilizantes misturados a água para aumento da produção dos pescados (COSTA et al,
2014).
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Estudo feito pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO, 2009)
sobre a aquicultura de pequena escala e com recursos limitados na America Latina e o Caribe
traz alguns elementos relevantes para as políticas públicas, ou seja, a manutenção do caráter
assistencial pode conduzir ao fracasso e limitar a capacidade e desenvolvimento produtivo nas
zonas rurais, o que inibe sua auto eficiência.
Hein (2006) explica que a denominação Tilápia é dada a uma variedade de espécies de peixes
ciclídeos distribuídos entre o sul da África até o norte da Síria, onde atualmente existem 22
espécies cultivadas no mundo, porém a que apresenta melhor desempenho em cultivos
comparado as demais é a Tilápia do Nilo (Oreochomis Niloticus) ganhando maior destaque na
produção de corte.
Prochmann e Tredezini (2008) salientam que no estado de MS a criação de peixes pode ser
considerada recente se comparada a outras atividades agropecuárias e em desenvolvimento,
tendo à região de Dourados a principal região do estado produtora de peixes, em segundo
lugar está a cidade de Campo Grande. O estado é favorecido pelo clima e pelos recursos
hídricos, sendo esses elementos vantajosos para a prática da piscicultura. Dados da
EMBRAPA (2003) apontam que o estado de MS se destaca na produção de espécies nativas,
como pacu, curimbatá, piavuçu e o pintado, além do tambaqui que é de origem amazônica;
neste sentido, o estado é o maior produtor de tilápia da região Centro-Oeste.
Metodologia
O município de Dourados possui área territorial de 4.086,237 km², com uma população
estimada para 2014 de 210.218 habitantes, possuindo um Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) de 0,747. O bioma predominante da região é o Cerrado e Mata Atlântica
(IBGE, 2015). A região possui cerca de 47 piscicultores associados à Cooperativa de
Aquicultores do Mato Grosso do Sul (MSPeixe), dos quais 35 são do município de Dourados
e 12 deles são dos municípios vizinhos (Batista, 2013).
Para atingir o objetivo proposto, utilizou-se dados secundários, onde extraiu-se informações
de outros artigos estudados para analisar o desempenho de três grupos de peixes com idades,
pesos e tamanhos diferentes. Com base nesses dados, foi elaborado duas tabelas contendo:
Peso Inicial - PI; Peso Final - PF; Taxa de Sobrevivência - TS; Ganho de Peso no Período -
GPP; Conversão Alimentar (kg ração/ kg peixe) - CA, tamanho e quantidade realizou-se a
análise do investimento multiplicando-se a quantidade pelo preço médio praticado atualmente
no mercado.
Para coletar os dados dos preços dos alevinos e juvenis de Tilápia do Nilo, realizou-se contato
via internet junto a empresas que os comercializam. Os preços foram R$ 0,08 para cada
alevino e R$ 0,35 para cada juvenil. Com o resultado monetário do investimento em cada
grupo realizou-se a comparação para compreender e identificar a viabilidade mais adequada
de cada grupo.
Resultados e discussão
Apesar do estado de Mato Grosso do Sul ser o maior produtor de tilápia da região Centro-
Oeste,Vieira Filho (2009) destaca que no estado não há empresas que forneçam alevinos e
juvenis de tilápias. Toda demanda é suprida por outros estados, isso encarece o custo de
produção. No entanto, o mercado consumidor para a produção é diversificado na região
(Batista, 2013).
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Diante desse desafio, na tentativa de baratear os insumos, o pequeno produtor opta em
comprar alevinos entre 1 a 3 centímetros, pois são de menor valor. Nesse ponto, há o risco de
alguns alevinos serem fêmeas e o produtor depositá-los em tanques que impeçam a
monitoração se ocorrerá a reprodução de fêmeas. Caso ocorra, haverá um consumo de ração
sem a conversibilidade necessária para o peso de abate.
Nesse sentido, Oliveira et al (2013) reforçam que se o mesmo produtor comprasse juvenis de
tilápia eliminaria o risco de ter fêmeas no plantel e não seria surpreendido por uma
reprodução desordenada e fora de controle, além de trabalhar em uma fase de maior
conversibilidade de peso.
Os dados analisados foram extraídos de Hein (2006) resultado da realização de pesquisa em
Toledo-PR com três grupos em diferentes estágios separados em 09 (nove) viveiros com 15m2
e 12 m3 com um intervalo temporal de 164 dias. O “Grupo A” conteve 480 alevinos com 1,3
g de peso médio. O “Grupo B” foi formado por 192 juvenis com peso médio de 32g. O
“Grupo C” recebeu 51 alevinos com peso médio de 87g.
Foram administradas as rações de acordo com as prescrições de manejo. Para o Lote A, a
ração utilizada continha 45% de proteína Bruta. Para os Lotes B e C a ração era composta por
30% de proteína bruta. Durante o manejo, conforme orientações foram anotadas a taxa de
sobrevivência (HEIN, 2006). Na Tabela 1 segue a apresentação dos resultados por lotes e
dentro de cada lote o desempenho por tanque, onde PI – Peso Inicial; PF - Peso Final; TS –
Taxa de Sobrevivência; GPP – Ganho de Peso no Período; CA – Conversão Alimentar (kg
ração/ kg peixe):
Tabela 1: Identificação dos lotes, viveiros e números de peixes utilizados no lotação e retirados na despesca.
LOTAÇÃO DESPESCA
PF
Peixes PI Peixes GPP Consumo Biomassa TS
Viveiros Médio CA
(nº) Médio (nº) (g) Ração (g) Final (%)
(g)
Lote A 480 1,3 173 52,8 51,5 8.717 0,96 258,6 36,0
1 160 1,3 39 46,2 44,9 1.991 1,11 149,5 24,3
2 160 1,3 68 55,1 53,8 3.222 0,86 312,2 42,5
3 160 1,3 66 57,1 55,8 3.504 0,93 314,0 41,2
Lote B 192 32 167 115,7 83,7 20.199 1,05 535,0 86,9
4 64 32 57 133,3 101,3 8.035 1,06 631,7 89,0
5 64 32 52 117,3 85,3 5.840 0,96 507,0 81,2
10 64 32 58 96,5 64,5 6.324 1,13 466,4 90,6
Lote C 51 87 49 320,3 233,3 20.318 1,31 434,7 96,0
6 17 87 16 318,7 213,7 6.832 1,34 424,9 94,1
7 17 87 16 315,7 228,7 6.832 1,39 420,9 94,1
8 17 87 17 323,5 236,5 6.654 1,21 458,3 100,0
Fonte: Adaptado de Hein (2006).
Com base na tabela 2 pode-se inferir que a aquisição de alevinos de Tilápia a R$ 0,08
apresenta uma conversão alimentar, ganho de peso no período e biomassa finais menores que
os juvenis. A taxa de sobrevivência é quase 3 vezes menor que os juvenis. Para ampliar essa
discussão é necessário considerar o tempo que o produtor deve aguardar para que o alevino de
1,3g atinja 30g, que é de 40 dias (KUBITZA, 2012).
A respeito da biomassa, Kubtiza (2012) e Oliveira (2013) explicam que é a capacidade de
ganho de peso do peixe. Existe a Capacidade de Suporte (CS) referente às condições do
tanque em propiciar o desenvolvimento dos peixes, a Biomassa Crítica (BC) que é a
capacidade máxima que cada peixe consegue desenvolver e que após esse ponto ocorre a
manutenção e provável perca de peso, haja vista o limite físico do animal. Entre o CS e a BC
surge a Biomassa Econômica (BE), representando o ponto ideal de cada peixe para a
comercialização.
Souza et al. (2008) e Ayroza et al. (2010), concordam que a BE é o ponto de maior
lucratividade para o produtor uma vez que a Tilápia está com a conversibilidade alimentar
ideal, ou seja, não há necessidade de aumento de ração e não há necessidade de
prolongamento de alimentação. Então a despesca está pronta para ocorrer. O Lote B, com os
juvenis, apresentou a melhor condição.
Considerações finais
Após a discussão dos resultados é possível perceber que a Tilápia é uma opção viável para o
pequeno produtor devido às características rústicas, adaptabilidade ambiental e a alta
produtividade. Existe mercado para consumir a oferta da produção, pois além da carne
apresentar baixos índices de gordura, é bastante apreciado por bares e restaurantes.
Considerando essas possibilidades, o tilapicultor pode investir no negócio que há mercado
consumidor para isso. Mesmo havendo esses pontos positivos, o pequeno produtor deve
buscar acompanhamento técnico para assegurar o seu sucesso, desde profissionais capacitados
na administração como também profissionais técnicos.
Em relação à melhor opção em comprar alevinos ou juvenis de Tilápias ficou evidente que a
opção por juvenis de Tilápias é melhor, pois apresenta uma taxa de 86% de sobrevivência,
maior ganho de peso, melhor biomassa, além de menor consumo de ração e o menor tempo
para a despesca. Essas qualidades justificam o investimento inicial ser quatro vezes maiores
que em alevinos, pois a taxa de sobrevivência dos alevinos gira em torno de 35%, com um
maior consumo de ração (ração com mais proteína bruta), com menor ganho de peso, além
apresentar menor conversibilidade alimentar e maior tempo até a despesca final. Portanto a
compra de juvenis de tilápias é mais viável ao produtor de tilápia de corte.
Dessa forma, vendo a participação dos produtores no cultivo do pescado e analisando a
demanda crescente do mercado para este produto, tona-se importante e necessário que
empresas se instalem no estado para comercializar alevinos e juvenis de tilápias, assim, o
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custo de produção reduzirá e consequentemente esse baixo valor na produção será repassado
para o consumidor.
Referências
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, gabriellemosmoraes@hotmail.com
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ariel.behr@ufrgs.br
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, farias@ufrgs.br
Abstract. Agribusiness is an important activity of the Brazilian economic matrix and cost accounting is known
as an important decision-support tool in many business contexts. The present research aims to identify the
profile of the research on the cost accounting in agribusiness theme in articles published in the periodical
Custos e @gronegócio Online between 2011 and 2014. This study is classified as: descriptive, quantitative, with
bibliometric study using documentary research, having as sample 63 articles related to the topic of accounting
costs in agribusiness. Therefore, as a result it was noticed that the presence of four authors is more frequent,
also the most profitable among all were Nuintin, Bornia, Reis and Tavares. The first authors in most cases have
training in "Accounting / Accounting and Actuarial / Accounting / Accounting and Finance", master’s degree
and that most of them are linked to public institutions. Among the institutions stand to Federal University of
Santa Catarina (UFSC) and the Federal University of Uberlândia (UFU). The theme and the focus on more
evidence were "Production costs" and "Milk production / Dairy". Finally, it was found that, regarding the
research methods used, stood out the descriptive, quantitative and case studies; operationalized by analysis of
documents and statistical analysis.
1 Introdução
2 Custos no agronegócio
3 Procedimentos metodológicos
Nessa seção apresentam-se os resultados relacionados a autoria dos artigos analisados quanto
a quantidade de autores por artigo e os autores com o maior número de produção científica.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Na Tabela 1 é demonstrado o número de autores por artigo e sua representatividade no total.
Tabela 1: Número de autores por artigo
Número de autores por artigo Nº de artigos %
1 2 3%
2 11 17%
3 14 22%
4 23 37%
5 9 14%
6 3 5%
7 1 2%
Total dos artigos 63 100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Percebe-se que há uma tendência em se trabalhar em grupos, ao invés do desenvolvimento
individual de pesquisa. Ainda, que a presença de quatro autores por artigo é mais frequente,
representando 37% do total, isto é, 23 artigos. Em seguida, representando juntos 39% do total,
temos as presenças de três e dois autores por artigo. Os artigos com um autor, o que ocorre em
apenas duas publicações representam apenas 3%, sendo muito similar ao que foi observado
por Souza et al. (2012). Observou-se que os autores com maior número de publicações no
período determinado, levando em consideração todos os 228 autores presentes nos 63 artigos
analisados foram Adriano Antônio Nuintin (UNIFAL), Antônio Cezar Bornia (UFSC),
Ernando Antônio dos Reis (UFU) e Marcelo Tavares (UFU).
Também é importante evidenciar que por meio da análise realizada constatou-se que apenas
20 pesquisadores aparecem como autores de 2 artigos cada, demonstrando que a maioria dos
autores publicou um único artigo, o que remete a Lei de Lotka, a qual busca definir as
maiores contribuições de pesquisadores em determinadas áreas, isto é, quanto a produtividade
científica (EGGHE, 2005). Ao se analisar apenas os primeiros autores Adriano Antônio
Nuintin (UNIFAL), seguido de Carlos Roberto Souza Carmo (UFU) e Martin Airton
Wissmann (UNIOESTE) foram os que mais publicaram.
Nessa seção procurou-se caracterizar o perfil dos primeiros autores quanto a formação
acadêmica e titulação. Desse modo, na Tabela 2 é apresentada a formação acadêmica dos
primeiros autores, conforme informado nos artigos selecionados.
Tabela 2: Área de formação acadêmica dos primeiros autores
Área de formação acadêmica dos primeiros autores Nº de artigos %
Ciências Contábeis / Ciências Contábeis e Atuariais
24 38%
/ Contabilidade / Contabilidade e Finanças
Administração 16 25%
Engenharia de Produção 9 14%
Controladoria / Contabilidade e Controladoria 4 6%
Economia 3 5%
Zootecnia 2 3%
Ciências do Ambiente / Socioambientais 2 3%
Contabilidade Gerencial 1 2%
Economia Empresarial e Controladoria 1 2%
Engenharia de Transportes 1 2%
Total de artigos 63 100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Conforme é evidenciado na Tabela 2 foi realizado um agrupamento das áreas dos primeiros
autores que apresentam uma grande aproximação tendo como objetivo melhor analisar os
dados obtidos. Assim, “Ciências Contábeis / Ciências Contábeis e Atuariais / Contabilidade /
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Contabilidade e Finanças” representam o grupo mais evidente com 24 artigos, ou seja, 38%
do total, sendo também comprovado por Walter (2010), tendo o mesmo grupo, exceto pela
área de “Ciências Contábeis e Atuariais”, como mais frequente. É importante analisar que
caso os grupos “Controladoria / Contabilidade e Controladoria” e “Contabilidade Gerencial”,
juntos com 5 artigos, fossem incluídos, os três grupos representariam 46%.
Por meio da pesquisa constatou-se também quanto aos primeiros autores que mestres
(incluindo doutorandos) tem a maior representatividade no total dos artigos. Esse resultado foi
constatado também por Walter (2010) e por Souza et al. (2012), o que indica que no Brasil a
produção científica está concentrada em autores pesquisadores, geralmente ligados a
instituições de ensino superior que oferecem curso de mestrado e doutorado.
Essa seção tem como objetivo aferir quanto as instituições de ensino e suas evidências, para
isso busca analisar a partir da Tabela 3 o número de publicação por instituição de ensino
levando em consideração a vinculação dos primeiros autores.
Tabela 3: Publicação por instituição de ensino dos primeiros autores
Instituição de ensino dos primeiros autores Nº de artigos %
UFSC 4 6%
UFU 4 6%
FURB 3 5%
UFLA 3 5%
UNIFAL 3 5%
USP 3 5%
Outras 43 68%
Total de artigos 63 100%
Fonte: Dados da pesquisa.
A partir dos dados levantados dos primeiros autores ressalta-se que tanto a Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) como a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foram
as instituições de ensino que mais publicaram sobre a temática relacionada a custos no
agronegócio no periódico entre 2011 a 2014, tendo 4 artigos cada, isto é, representando juntas
12%. É importante destacar também que todas as instituições de ensino que mais publicaram
são públicas. Esses resultados são relevantes por determinar a produtividade científica da
instituição, o que significa maior reconhecimento no meio acadêmico.
Essa seção visa apurar o tema e o foco específico dos artigos. Assim, na Tabela 4 estão
presentes os temas de pesquisa dos artigos e as suas quantidades, no mínimo um por artigo,
considerando todos os informados, os quais quando muito similares foram agrupados.
Tabela 4: Temas de pesquisa dos artigos analisados
Temas de pesquisa dos artigos analisados Qtd. Temas de pesquisa dos artigos analisados Qtd.
Custos de Produção 25 Análise Envoltória de Dados 1
Gestão Estratégica de Custos 12 Análise Custo-Benefício Ambiental 1
Custos Ambientais 7 Biodigestão 1
Custeio Variável/Análise Custo-Volume-
7 Custo de Controle 1
Lucro/Margem de Contribuição
Custeio por Absorção 6 Custos de Estoque 1
Análise/Avaliação de Investimentos 5 Custo de Geração da Energia 1
Custos Conjuntos 3 Custos Gerenciais 1
Custos/Rentabilidade da Cadeia Produtiva 3 Custos Irrecuperáveis (Sunk Costs) 1
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Método ABC 3 Custos de Logística 1
Viabilidade Econômica 3 Custo da Mão de Obra 1
Análise de Custos 2 Custos da Sustentabilidade 1
Avaliação de Desempenho 2 Custos de Transporte 1
Custo de Capital/Econômico 2 Derivativos 1
Custos de Transação 2 Eficiência Econômico Social 1
Informações de Custos 2 Gestão de Riscos 1
Método Custo-Reposição (MCR) 2 Método UEP 1
Precificação/Estratégia de
2 Planejamento Econômico Financeiro 1
Comercialização
Produção Acadêmica em Custos 2 Tributação 1
Sistemas de Custos 2 Total (qtd.) 110
Fonte: Dados da pesquisa.
Assim sendo, percebe-se que a temática “Custos de Produção” foi a principal, estando
presente em 25 artigos, ou seja, em 40% do total de artigos analisados, o que do mesmo modo
foi constatado por Walter (2010), porém com uma representatividade menor de 19,4%.
Também ficou em evidência “Gestão Estratégica de Custos” (12 artigos), seguida por “Custos
Ambientais” (7 artigos) e “Custeio Variável/Análise Custo-Volume-Lucro/Margem de
Contribuição” (7 artigos). Desse modo, por meio dos resultados obtidos nota-se que custos
no agronegócio são abordados nas mais diversas áreas temáticas, indicando sua grande
variedade, bem como sua importância. A Tabela 5 explora o foco específico dos artigos
analisados, representando as áreas do agronegócio de que tratam as publicações (agrupando
quando muito similares), assim como as suas quantidades, levando em consideração apenas
aquele que se apresenta como o mais evidente em cada obra.
Tabela 5: Foco específico dos artigos analisados
Foco específico dos artigos analisados Qtd. Foco específico dos artigos analisados Qtd.
Produção de Leite/Laticínios 10 Agroindústria 1
Cafeicultura 8 Agropecuária 1
Sojicultura 4 Ativos Biológicos 1
Sucroalcooleiro 4 Biodigestores 1
Avicultura/Setor Avícola 3 Cadeia Produtiva do Sisal 1
Bovinocultura de Corte 3 Colheita Florestal 1
Cooperativismo 3 Controle da Mosca Minadora 1
Suinocultura 3 Fibras Vegetais 1
Agronegócios 2 Fumicultura 1
Algodão 2 Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural 1
Anais de Eventos e Periódicos Científicos 2 Piscicultura 1
Produção de Grãos (culturas temporárias) 2 Floricultura 1
Vinícola/Mercado de Vinhos 2 Rizicultura 1
Abacaxi 1 Viveiros Florestais 1
Total (qtd.) 63
Fonte: Dados da pesquisa.
Os resultados, conforme a Tabela acima, permitem destacar que o foco específico mais
evidente foi “Produção de Leite/Laticínios” com 10 artigos (16% do total), seguido por
“Cafeicultura” com 8 artigos (13% do total), representando juntos quase um terço (29%) dos
artigos analisados. Segundo os dados obtidos analisa-se também que há uma grande
diversidade de focos de pesquisa, assim como foi observado quanto as temáticas na Tabela 4,
o que em ambos os casos enriquece o desenvolvimento da ciência contábil.
Essa seção tem como objetivo aferir os métodos de pesquisa, isto é, os procedimentos
metodológicos utilizados levando em consideração apenas aqueles informados nos artigos
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
analisados. Dessa maneira, na Tabela 6 estão elencados: o objetivo, a natureza, os meios,
assim como as técnicas de coleta e análises dos dados das publicações.
Tabela 6: Métodos de pesquisa utilizados nos artigos analisados
Métodos de pesquisa utilizados nos artigos analisados
Técnicas de Coleta e
Objetivo Nº Natureza Nº Meios Nº Nº
Análises dos Dados
Descritivo 18 Quantitativo 20 Estudo de Caso 25 Documentos 19
Exploratório 11 Qualitativo 11 Pesquisa Documental 17 Questionário 15
Exploratório-Descritivo 9 Quanti-Quali 9 Pesquisa Bibliográfica 14 Entrevista 13
Explicativo 2 Não informado 23 Pesquisa de Campo 7 Observação 8
Não informado 23 Levantamento (Survey) 4 Formulário 3
Não informado 16 Análise Estatística 20
Planilhas Eletrônicas 16
Simulação 5
Análise de Conteúdo 3
Ensaio Teórico 1
Não informado 8
Fonte: Dados da pesquisa.
Assim sendo, quanto ao objetivo de pesquisa ressaltam-se 18 artigos (29% do total)
classificados como descritivos, sugerindo o desejo dos autores por descrever as características
de determinada população ou fenômeno sem ocorrer interferência por parte do mesmo nos
eventos. Logo após, os exploratórios presentes em 11 publicações (17% do total), o que em
ambos os casos remete a pesquisa realizada por Walter (2010). É importante apontar também
o grande número de 23 trabalhos que não informaram tal quesito, representando 37% do total.
Percebe-se que quanto a natureza dos artigos analisados optou-se em grande escala pelo
quantitativo, constante em 20 oportunidades (32% do total), ou seja, em um terço das
publicações, indicando a preferência dos autores por trabalhos que há coleta de informações e
tratamento delas por meio de análises estatísticas, o que do mesmo jeito foi constatado por
Rezende, Leal e Machado (2014). Nota-se também que a análise qualitativa e a quantitativa-
qualitativa estiveram muito próximas em valores, com diferença de apenas 2 obras publicadas
e que tal atributo não foi informado em 23 ocasiões (37% do total).
É notável quanto aos meios de pesquisa adotados (que poderiam ser mais de um em um
mesmo artigo, e por isso não totalizam 63 artigos na Tabela 6), os quais se coletaram todos os
indicados pelos autores, que a maioria optou pelo estudo de caso (25 artigos), o qual tem
como características principais a exploração de novas pesquisas, variadas hipóteses e
diferentes enfoques, sendo verificado também por Rezende, Leal e Machado (2014). Em
seguida, em destaque estão a pesquisa documental (17 artigos) e a pesquisa bibliográfica (14
artigos), bem como aqueles em que não foram informados, isto é, 16 artigos.
Evidenciou-se quanto às técnicas de coleta de dados (que poderiam ser mais de uma em um
mesmo artigo) que documentos (19 artigos), questionário (15 artigos) e entrevista (13 artigos)
foram as mais assíduas, corroborando com o que foi constatado quanto aos meios de pesquisa
estudo de caso e pesquisa documental serem os mais empregados, enquanto que para a análise
dos dados foram mais utilizadas a análise estatística (20 artigos) e as planilhas eletrônicas (16
artigos), justificando o maior uso do método quantitativo pelos autores. Ainda, vale ressaltar
que nesses quesitos foram considerados todos aqueles mencionados nos artigos.
Enfim, conforme é possível perceber, não foi informado em um grande número de artigos
dados sobre os procedimentos metodológicos, contudo é importante enfatizar que eles
também seguiram métodos de pesquisa para o desenvolvimento do trabalho e, dessa forma,
chegaram aos seus resultados como os demais.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
5 Considerações finais
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
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1
Faculdade IMED, vanessaf.serafin@gmail.com
2
Faculdade IMED, vitor.corte@imed.edu.br
3
Faculdade IMED, julianerufato@hotmail.com
Resumo. O Agronegócio tem uma expressiva participação na economia do Brasil, assim como se revela uma área
que, para continuar em expansão, precisa ser acompanhada por um processo contínuo de pesquisas que gerem
inovação e desenvolvimento. Nessa direção, o presente estudo tem como objetivo identificar as tendências e
perspectivas do agronegócio expressas em artigos nacionais e internacionais diversos, a partir dos sistemas Web
of Science e Scopus. Para cumprir com o referido propósito, delineou-se uma pesquisa qualitativa, exploratória,
utilizando-se do método da pesquisa bibliográfica a vinte artigos de maior relevância (mais citados), a partir dos
índices Web of Science e Scopus, num recorte temporal de dez anos (2005 a 2015), tendo-se como indexador o
termo Agribusiness, no resumo/abstract dos mesmos. A partir da definição amostral de artigos, categorizou-se os
mesmos em função da recorrência. Os principais resultados apontam para o fato de que existe uma preocupação
mundial sobre produção sustentável de alimentos, percebida nas discussões dos principais artigos. Ainda, de que
artigos brasileiros não possuem muita representatividade nas publicações onde o tema foco é o Agronegócio.
1 Introdução
2 Metodologia
Quadro 1: Resumo dos principais artigos publicados – Web of Science e Scopus (continua)
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Nº
Autor Título do artigo Revista/ano Objetivo citações
Argumentar sobre a crise resultante da 269
Agriculture and
McMICHAE A food regime analysis dependência de combustíveis fósseis
human values
L, P. of the ‘world food crisis’ pelo capitalismo industrial a longo
(2009)
prazo.
Abordar alguns mecanismos 250
Global change and ICES Journal of
RABALIS, importantes pelos quais a mudança
eutrophication of coastal Marine Science
N. N. et al. global pode afetar a eutrofização dos
waters (2009)
ecossistemas costeiros e estuarinos.
Challenges posed by the Identificar as influências negativas 209
DEININGER Journal of Peasant
new wave of farmland sobre a ocupação de terras em políticas
, K. Studies (2011)
investment mundiais.
The international 149
political economy of the
Examinar criticamente evidências de
global land rusch: a Journal of Peasant
COTULA, L. tendências globais para aquisição de
critical appraisal of Studies (2012)
terras.
trendes, scale,
geography and drivers
The agroecological 106
ALTIERI, M. revolution in Latin
Fornecer uma visão geral sobre a
A.; America: Rescuing Journal of Peasant
revolução agroecológica na América
TOLEDO, V. nature, ensuring food Studies (2011)
Latina.
M. sovereignty and
empowering peasants
Processes of inclusion Demonstrar como os microprocessos 96
and adverse relacionados à produção de óleo de
McCARTHY Journal of Peasant
incorporation: oil palm palma estão relacionado com as
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Sumatra, Indonesia Sumatra, Indonésia.
Demonstrar as dificuldades 92
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from castor oil in Brazil:
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The roles and 91
Discutir as consequências do
FEARNSIDE movements of actors in Ecology and
desmatamento da Amazônia, em
, P. M. the deforestation of society (2008)
função do agronegócio.
Brazilian Amazonia
Discorrer sobre a necessidade de 85
adaptação das espécies frutíferas às
mudanças climáticas no contexto
Situação e perspectivas Revista Brasileira
FACHINELL brasileiro, levando em considerações a
da fruticultura de clima de Fruticultura
O, J. et al. necessidade de reduzir o uso dos
temperado no Brasil (2011)
agrotóxicos e insumos, os manejos da
colheita e a logística para atender os
diversos mercados.
Committed carbon 84
Avaliar os impactos de
emissions, deforestation,
Proceedings of the desenvolvimento de plantações de óleo
and community land
National Academy de palma na cobertura do solo, fluxo de
CARLSON, conversion from oil
of Sciences of the carbono, e terras comunitárias agrárias
K. M. et al. palm plantation
USA (2012) em Kalimantan Ocidental, na ilha de
expansion in West
Bornéu Indonésia.
Kalimantan, Indonesia
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
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Do they have a future? (2012) pequenas propriedades.
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No-tillage and 57
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practices in grain of Experimental seguir a gestão na produção agrícola na
A. et al.
growing areas of Agriculture (2007) região de grãos do norte.
Queensland
Animal - based 55
medicines: biological
Anais da Academia Evidenciar os impactos causados pela
COSTA- prospection and the
Brasileira de zooterapia, quanto à utilização
NETO, E. M. sustainable use of
Ciências (2005) sustentável dos recursos.
zootheraupeutic
resources
The reliability of third- 54
Deduzir hipóteses empíricas sobre a
party certification in the
ALBERSMEI Food Control confiabilidade da certificação por
food chain: From
R, F. et al. (2009) terceiros e o enquadramento
checklists to risk-
institucional para a cadeia alimentar
oriented auting
Cleaner production and Resumir a evolução da promoção e 53
VAN eco-efficiency initiatives Journal of Cleaner implementação da produção mais
BERKEL, R. in Western Australia Production (2007) limpa e eco-eficiência na Austrália
1996-2004 Ocidental
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Apresentar um quadro para a 51
NTALIANI,
identificação de serviços adequados e
M.;
Government rentáveis de governo Mobile para o
COSTOPOU Mobile government: A
Information setor agrícola e, ilustrar a aplicação do
LOU, C.; challenge for agriculture
Quarterly (2008) quadro proposto, descrevendo um
KARETSOS,
estudo de caso para um setor do
S.
agronegócio particular.
Swimming Upstream: 51
McCARTHY
Local Indonesian World Analisar os processos de
, J. F.;
production networks in Development desenvolvimento de óleo de palma em
GILLESPIE,
“globalized” palm oil (2012) três distritos na Indonésia.
P.; ZEN, Z.
production
Destacar os cenários para os decisores 45
MASUDA, World soybean International Food
políticos e gestores do agronegócio a
T.; production: Area and Agribusiness
necessidade urgente de investimentos
GOLDSMIT harvested, yield, and Management
significativos para melhorar a
H, P. D. long-term projections Review (2009)
produção.
Stting priorities for non- 45
regulatory animal health
Preventive Verificar a opinião de especialistas e
MORE, S. J. in Ireland: Results from
Veterinary agricultores sobre as questões
et al. an expert Policy Delphi
Medicine (2010) relacionadas à saúde.
and a farmer priority
identification survey
O estudo explora como a economia 45
Transactions of the
moral da fome é gradualmente
The biopolitics of food Institute of British
NALLY, D. substituída por uma economia política
provisioning Geographers
de segurança alimentar, por meio do
(2011).
agronegócio corporativo.
The rise of agrarian 44
capitalism with Chinese
Resumir as cinco formas de interacção
ZHANG, Q.; characteristics:
agribusiness agricultor encontradas no,
DONALDSO Agricultural China Journal
e analisar cada uma das cinco formas
N, J. A. modernization, (2008)
em profundidade.
agribusiness and
collective land rights
Avaliar a eficiência agronômica em 14
Agronomic efficiency of
campo de estirpes de rizóbio em
selected rhizobia strains Revista Brasileira
SOARES, A. simbiose com o caupi, comparadas
and diversity of native de Ciência do Solo
L. L. et al. com as estirpes recomendada até 2004,
nodulating populations (2006)
para produção de inoculantes
in Perdões (MG)
comerciais.
Fonte: dados da pesquisa (2016).
O Quadro 1 permite algumas observações em relação a produção acadêmica sobre o
agronegócio no tempo proposto. Primeiramente, dentre os artigos em destaque, torna-se
recorrente a produção de Klaus Deininger e John F. McCarthy, que dentre os vinte e oito artigos,
tiveram, ambos, duas de suas produções destacadas.
É importante ressaltar que, dentre os artigos analisados, apenas 7 eram publicações de
autores brasileiros, e dentre estes, apenas 4 publicados em periódicos nacionais. Independente
se a pesquisa referia-se a contextos brasileiros ou não, observa-se que a maioria é estrangeira
(86%), enquanto quatro (14%) são nacionais: Revista Brasileira de Fruticultura; Revista
Brasileira de Zootecnia; Anais da Academia Brasileira de Ciências e Revista Brasileira de
Ciência do Solo.
O baixo impacto da pesquisa brasileira como um todo pode estar associado à indexação,
que influencia o número de citações recebidas, o idioma do texto, a área temática, o número de
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autores, o nível de colaboração internacional e autocitações. Para alterar esse cenário, o Brasil
terá que fazer um grande investimento para aumentar o ritmo atual de crescimento e qualidade
das publicações em inglês ou bilíngue nos periódicos nacionais (PACKER, 2011).
O tema Agribusiness está entre os que os periódicos brasileiros publicam, mas mesmo
nos periódicos internacionais, o ranking das citações por artigo brasileiro é muito baixo.
Meneghini et al., (2008) entendem que a colaboração internacional em se tratando de autoria
também é fator relevante, e que repercute no número de citações recebidas. Os artigos de
autores brasileiros exclusivamente recebem menos citações do que se comparados com os que
recebem colaboração de autores estrangeiros.
4 Considerações finais
Existe uma discussão constante em termos da preocupação com a produção sustentável
de alimentos sem esgotar a natureza, na tentativa de garantir a segurança alimentar. O Brasil
possui uma riqueza natural que ainda pode ser melhor explorada em termos de pesquisa
científica.
O levantamento bibliométrico revelou que os artigos brasileiros expressam pouca
representatividade nos rankings de mais citados entre os índices de referência mundiais. O
desafio que se apresenta é minimizar a assimetria que existe atualmente entre os títulos
nacionais e internacionais em relação ao impacto e colaboração internacional nas pesquisas de
modo a posicionar as pesquisas com melhor desempenho como referências em suas respectivas
áreas. As condições políticas e de infraestrutura estão dadas e os problemas a superar são
conhecidos: a dispersão das instâncias de editoração e publicação, a persistência de amadorismo
e corporativismo nas políticas, gestão e operação dos processos editoriais, a reduzida
cooperação internacional na editoração dos periódicos e autoria dos artigos, bem como a
publicação predominante em português.
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Universidade Federal de Santa Maria, maielen_kuchak@hotmail.com
2
Universidade Federal de Santa Maria, danimartins16@hotmail.com
3
Universidade Federal de Santa Maria, amanda.m1713@yahoo.com.br
4
Universidade Federal de Santa Maria, alinesforttes@bol.com.br
5
Universidade Federal de Santa Maria, lucianemiritz@terra.com.br
Resumo. O chimarrão é consumido fortemente no sul do país, o qual determina o Rio Grande do Sul como o
estado de maior consumo da erva-mate para chimarrão. Os diversos processos pelos quais a erva-mate passa
até chegar ao consumidor final pode ser denominado como cadeia produtiva. A partir disto, pretende-se
responder o seguinte problema da pesquisa: “Quais as principais dificuldades que ocorre no processo
produtivo e no mercado da erva-mate?”. Partindo do problema de pesquisa, o objetivo geral desse estudo é
compreender melhor a cadeia produtiva da erva-mate em Palmeira das Missões – RS. Foram realizadas
entrevistas semiestruturadas seguindo um roteiro padronizado com os responsáveis de três ervateiras, referente
à caracterização da cadeia produtiva. Indagadas sobre quais fatores dificultam na produção da erva-mate, a E1
enfatiza que não têm dificuldade para produzir, mas sim para comercializar, pela baixa no consumo devido ao
aumento do preço na venda e a diminuição da demanda. Logo, a E2 ressalta que o clima dificulta na produção
da erva-mate e a E3 relata que vender pouco é o que dificulta a produção. Portanto com referência ao futuro da
cadeia produtiva, conclui-se que em curto prazo não haverá mudanças devido à instabilidade econômica, mas
no longo prazo tem-se uma visão de que a cadeia irá melhorar resultando no investimento de maior qualidade e
o aumento da produção.
Abstract. The mate is heavily consumed in the South, which determines the Rio Grande do Sul as the state of
higher consumption of yerba mate to mate. The various processes by which yerba mate passes to reach the end
consumer can be termed as the production chain. From this, we intend to answer the following research
problem: "What are the main difficulties that occurs in the production process and yerba mate market?". From
the research problem, the general objective of this study is to better understand the production chain of yerba
mate in Palmeira das Missões - RS. Semi-structured interviews were conducted following a standardized script
with the heads of three ervateiras relating to the characterization of the production chain. Asked about which
factors hinder the yerba mate production, E1 emphasizes that have difficulty to produce, but to market, low
consumption due to the price increase in sales and a decrease in demand. Thus, the E2 points out that the
climate hinders the yerba mate production and E3 reports that sell little is hampering the production. So with
reference to the future of the production chain, it is concluded that in the short term there will be no changes due
to economic instability, but in the long run has a vision that the chain will improve resulting in the investment of
higher quality and increased production .
O chimarrão é consumido fortemente no sul do país, evidenciando o Rio Grande Do Sul como
o estado de maior consumo da erva-mate para chimarrão. A erva-mate foi plenamente
incorporada aos hábitos alimentares dos brasileiros, atualmente nas infusões de erva-mate são
amplamente consumidas, não apenas nesta forma, mas como chá mate e tererê (mate gelado)
(JUNIOR, 2005). Os diversos processos pelo quais a erva-mate passa até chegar ao
consumidor final pode ser denominado como cadeia produtiva da erva-mate. A cadeia
produtiva da erva-mate é formada por alguns agentes, sendo eles, fornecedores de insumos,
produtores rurais, colhedores (conhecidos ainda como tarefeiros), indústrias processadoras e o
comércio (PICOLLOTO et al., 2011).
No transcorrer da cadeia produtiva, os produtores usam insumos e equipamentos para ampliar
a produção e a qualidade, e para simplificar a manipulação da matéria-prima (RIGO et al.,
2014). No Rio Grande do Sul, a produção de erva mate tem sido uma das atividades com forte
participação no mercado devido ao aumento do consumo de chimarrão. No decorrer dos anos,
Palmeira das Missões é o município que mais tem crescido na produção de erva-mate devido
à capacidade produtiva existente na cidade e a economia da cidade girar, basicamente, em
torno da agricultura familiar (SINDIMATE, 2014).
A partir disto, pretende-se responder o seguinte problema da pesquisa: “Quais as principais
dificuldades que ocorre no processo produtivo e no mercado da erva-mate?”. Partindo do
problema de pesquisa, o objetivo geral desse estudo é compreender melhor a cadeia produtiva
da erva-mate em Palmeira das Missões – RS. E como objetivos específicos: a) caracterizar o
processo de produção da erva-mate em Palmeira das Missões – RS; b) investigar quais são os
agentes envolvidos no processo produtivo; c) investigar quais dificuldades ocorrem no
processo produtivo e mercado da erva-mate; e d) levantar ações que possam contribuir para o
desenvolvimento da cadeia produtiva da erva-mate em Palmeira das Missões – RS.
O estudo é importante para compreender quais as principais dificuldades que ocorrem no
processo produtivo da erva-mate, caracterizar a cadeia produtiva da erva-mate em Palmeira
das Missões – RS e levantar possíveis ações que possam contribuir para o desenvolvimento
da cadeia produtiva da erva-mate na cidade.
Referencial Teórico
A erva-mate, cujo nome científico de Ilex paraguariensis ST.HILL, é uma planta nativa das
regiões subtropicais, desenvolve-se em países como Argentina, Brasil e Paraguai. No Brasil,
seu cultivo está dividido entre os estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (PICOLLOTO et al., 2011). Para
Bagatini (2012) a erva-mate é uma planta de grande importância socioeconômica, com
ocorrência da espécie de forma nativa ou cultivada. Seu plantio colabora para preservação do
solo, no combate à erosão, e na economia contribui como fonte de renda.
Seu cultivo é responsável por aproximadamente 64% da produção regional na Argentina, no
Brasil com 31 % e no Paraguai com 5% (RIGO et al., 2014). A utilização do da erva-mate no
chimarrão, nos estados consumidores faz parte do cotidiano Graef et al. (2013) é o símbolo da
hospitalidade e da força da tradição. O mesmo, sendo, um notório símbolo da cultura do
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gaúcho, é originado da palavra em espanhol “chimarrón”, com significado de amargo,
selvagem (JUNIOR, 2005).
A erva-mate passou com o decorrer dos anos a ser utilizada para fabricação de outros
produtos como, na preparação de cosméticos, no preparo de bebidas como o chá e
refrigerantes, mas é no chimarrão que ela se populariza (PICOLLOTO et al., 2011). Para
aumentar ou até manter o consumo, as indústrias criam ervas com outros ingredientes, como o
açúcar ou mistura com outras ervas, no objetivo de propagar sua utilização. A diversificação
pode viabilizar a conquista de novos mercados e consumidores (JUNIOR, 2005, p.3).
O consumo da erva-mate pode proporcionar ao organismo alguns benefícios, devido as suas
características e propriedades, como a cafeína, por exemplo, que possui funções digestivas e
agentes que favorecem o funcionamento do coração e previnem contra o câncer (RIGO et al.,
2014). Em função destas características e por ser avaliada como uma das plantas mais ricas
em substâncias que favorecem saúde humana, a erva-mate vem sendo alvo de estudos não
somente no Brasil, mas inclusive no exterior (MENDES, 2005). Sendo assim, em virtude
destes benefícios as instituições econômicas através de suas análises apontam um crescimento
no consumo da erva-mate (BAGATINI, 2012).
Os vários processos pelo quais a erva-mate passa até chegar ao consumidor final denomina-se
como cadeia produtiva da erva-mate. A cadeia produtiva da erva-mate é composta por alguns
agentes, sendo eles, fornecedores de insumos, produtores rurais, colhedores (conhecidos ainda
como tarefeiros), indústrias processadoras e o comércio (PICOLLOTO et al., 2011).
No transcorrer da cadeia produtiva, os produtores usam insumos e equipamentos para ampliar
a produção e a qualidade, e para simplificar a manipulação da matéria-prima. Diversos
utilizam fertilizantes e adubos químicos e orgânicos para conseguir ter uma alta
produtividade. Também, necessitam de defensivos agrícolas para eliminar pragas, e
herbicidas e máquinas para monitorar as plantas invasoras, assegurar a manutenção do erval
para cortar as árvores (RIGO et al., 2014).
O responsável pela produção da matéria-prima é o produtor rural que está envolvido no setor
agropecuário. O setor atinge todas as etapas desde a preparação do solo para o plantio, até o
replantio e manuseio da propriedade. O início do processo de produção da erva-mate dá-se
pela preparação do solo, por meio de adubação química ou orgânica, e posteriormente planta
as mudas. Depois do plantio, alguns cuidados devem ser tomados para garantir que as mudas
cresçam. A próxima etapa é o replantio, que se torna necessária para garantir a sobrevivência
da muda. O manuseio se estende por todo o processo produtivo, com isso, o segmento da
distribuição é o responsável por fazer a erva-mate chegar até o consumidor final (RIGO et al.,
2014).
No Rio Grande do Sul, a produção de erva mate tem sido uma das atividades com forte
participação no mercado devido o aumento do consumo de chimarrão. Contudo, com base em
dados recentes, isso tem mudado, pois o estado vem perdendo uma parcela significativa no
mercado nacional, sendo que o estado de Paraná vem se sobressaindo nos últimos anos na
produção (OLIVEIRA; WAQUIL, 2014).
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Segundo dados do Sindimate (2014), o Rio Grande do Sul possui uma área plantada de
35.240 hectares com colheita anual de 276.232 toneladas de erva mate. Diante disso, tem-se
uma área colhida de 28.772 hectares e um valor referente à produção de erva mate de R$
302.935,00, esse custo refere-se à quantidade colhida de erva mate, sendo que nos estados que
o compõe esse valor vem diferindo ao longo dos anos.
A erva mate produzida é destinada a indústria totalizando 89,67% devido à mesma ser um
agente transformador (secagem e moagem) para o consumo e os demais é comercializada por
intermediários (MORLIN, PEDERIVA; WAQUIL, 2012). De acordo com Bender, Neris e
Böttcher (2014), a produção no Rio Grande do Sul está organizada em seis polos sendo eles:
Planalto Missões, Alto Uruguai, Nordeste Gaúcho, Alto Taquari, Vale do Taquari e Polo Sul.
No decorrer dos anos, Palmeira das Missões é o município que mais tem crescido na
produção de erva mate devido à capacidade produtiva existente na cidade e a economia da
cidade girar, basicamente, em torno da agricultura familiar. Em 2014, a cidade possuiu 4,3%
por hectares de área plantada, além de, uma colheita anual de 21000 toneladas de erva mate
representando 7,6% da produção e a maioria da erva mate produzida é destinada a
comercialização e uma parcela significativa à exportação do produto pelas ervateiras da
região (SINDIMATE, 2014).
De acordo com pesquisas recentes, em média é destinado 20 hectares por produtor rural para a
produção de erva mate convencional e os demais para a produção de erva mate orgânica
sendo que os ervais devem ser certificados pela Ecocert, órgão responsável pelo
acompanhamento da produção de erva mate. Com isso, estima-se que nos próximos anos a
produção e a exportação do produto aumentem significativamente no mercado (ZATT, 2016).
A erva-mate é considerada uma das plantas nativa mais consumida no Brasil, com isso,
Ribeiro, Cruz e Urias (2005, p.02) destacam que “a atividade ervateira sempre apresentou
grande importância para as regiões sul e centro-oeste do Brasil [...]”. Diante disso, o mercado
de erva mate sofre constantemente mudanças devido às necessidades dos consumidores e as
técnicas utilizadas no processo produtivo (RIGO et al., 2014).
Matieski et al. (2015, p. 18) afirma que “com a modernização da produção e a diversificação
dos produtos oferecidos, é possível que se tenha uma ampliação do mercado”. Assim sendo, a
exportação e a importação auxiliam no crescimento das empresas produtoras de erva mate no
comércio com o intuito de aumentar a competitividade.
O Brasil e a Argentina são os maiores exportadores de erva mate, totalizando 92% das
exportações mundiais, sendo que 49,7% corresponde ao Brasil e 42,3% a Argentina. Dos 110
países que exportam Brasil e Argentina estão nas primeiras colocações do ranking mundial
totalizando em torno de US$ FOB 1,1 bilhões, os demais representam 8% das exportações.
No período de 1997 a 2011, o maior importador era o Uruguai com 45,8% de erva mate,
sendo que o Brasil estava com 5,8%, contudo nos dias atuais a importação brasileira de erva
mate caiu significativamente (SCHIRIGATTI, 2014).
No entanto, verifica-se que o Brasil tem uma redução na sua exportação, todavia, ainda que o
mesmo seja um dos maiores exportadores é o país que menos importa erva mate, além da,
produção ser mais concentrada na região sul. A diminuição da exportação se dá pelo fato de
que a indústria ervateira está numa crise e o aumento da concorrência faz com que haja uma
oscilação no preço, levando os produtores locais especularem o prejuízo. Apesar dos
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problemas enfrentados na exportação, a erva mate possui uma quantidade exportada
significativa, ano a ano com o intuito de superar os déficits na economia (BOGUSZEWSKI,
2007).
Método do Estudo
Para a construção deste trabalho, o método aplicado foi pesquisa descritiva e exploratória,
sendo de acordo com Gil (2009, p.41) a pesquisa descritiva “[...] são aquelas que visam
descobrir a existência de associações entre variáveis”. A pesquisa exploratória se envolve ao
trabalho, porque permite ao pesquisador agregar conhecimento e experiência em torno do
problema em questão. De acordo com Severino (2007, p.123) “[...] a pesquisa exploratória
busca levantar informações sobre um determinado objetivo”.
Sua abordagem é qualitativa, abrange nesse trabalho a qualificação dos fatos observados no
transcorrer na pesquisa. De acordo com Diehl e Tatim (2004, p.52) os estudos qualitativos
podem:
[...] “descrever a complexidade de determinado problema, e ver a interação de certas
variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais,
[...] e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das
particularidades do comportamento dos indivíduos”.
Foi utilizado como instrumento, entrevistas gravadas onde o entrevistador visa apreender o
que os entrevistados pensam, sabem, representam e fazem (SEVERINO, 2007). Para Gil
(2007) a entrevista é uma maneira de interagir socialmente, em que uma das partes se
apresenta como fonte de informação e a outra busca coletar dados. Entretanto essa entrevista é
considerada semiestruturada, de modo que é feito um roteiro de questões, conduzidos aos
responsáveis pelas organizações pesquisadas, sempre dando a oportunidade de o entrevistado
falar sobre tais assuntos que irão surgindo durante a entrevista (PÁDUA, 2009).
O roteiro das entrevistas foi padronizado, sendo planejado com as mesmas questões para cada
entrevistado, contendo perguntas relacionadas especificamente ao problema em questão,
sempre oportunizando as informações relevantes que ao longo da conversa acabam surgindo,
observando assim a opinião de cada entrevistado.
A seguir são expostos os resultados das entrevistas realizadas com os responsáveis das
ervateiras, referente à caracterização da cadeia produtiva da erva-mate em Palmeira das
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Missões - RS, os agentes envolvidos na cadeia produtiva, as dificuldades encontradas na
cadeia produtiva e as ações que possam contribuir para a cadeia produtiva. Desse modo,
denominaram-se as ervateiras como E1, E2 e E3 visando não expor as mesmas.
Questionadas referente como é desenvolvido o processo da cadeia produtiva da erva-mate. De
acordo com o E1, primeiro é feito a colheita da matéria-prima, após isso ocorre a sapecagem
da folha, posteriormente ela é cancheada, em seguida passa para a secagem, depois de seca é
moída e por fim empacotada. Já a cadeia produtiva da E2 é muito semelhante com a da E1,
ocorrendo da seguinte forma: a colheita, sapecagem, secagem, moagem e empacotamento. E
por fim, a E3 relatou que a cadeia produtiva de sua ervateira é feita a partir da colheita,
secagem e moagem.
Pode-se analisar com base nas informações obtidas a confirmação com a caracterização
descrita da cadeia produtiva feita por Rigo et al. (2014) onde diz que inicia com a colheita da
erva-mate, vindo após a sapecagem, o cancheamento e posteriormente a etapa de descanso da
erva-mate. Com isso, pode-se dizer que o segmento da distribuição é o responsável pela
fabricação da erva-mate, assim, possibilitando o envio para o consumidor final.
Ao serem questionadas sobre a produção mensal constatou-se que a E1 produz 1000kg por
dia totalizando 25000kg mensal, na E2 15000kg mensal e a E3 3000kg a 4000kg mensal. A
partir disso, analisou-se qual a origem da matéria-prima sendo que na E1 são 99,9%
compradas de terceiros, E2 a matéria é comprada na região do Paraná e já na E3 é comprado
somente matéria-prima da região de Palmeira das Missões. No que se refere aos elos da
cadeia produtiva, na E1 representa-se pela ervateira e parcerias, já a E2 corresponde ao
produtor e ervateira e a E3 constitui-se entre associação, produtor e ervateira.
E investigadas sobre que fatores influenciam diretamente na cadeia produtiva, a E1 ressalta
que o fator principal é o consumo. Já a E2 e a E3 afirmam que são as condições climáticas
(geada e sol muito forte). Indagadas sobre quais fatores dificultam na produção da erva-mate,
a E1 enfatiza que não têm dificuldade para produzir, mas sim para comercializar, pela baixa
no consumo devido ao aumento do preço na venda e a diminuição da demanda. Logo, a E2
ressalta que o clima dificulta na produção da erva-mate e a E3 relata que vender pouco é o
que dificulta a produção.
No que diz respeito à utilização de aditivos na erva-mate, a E1 ressalta que produz “erva sem
e com açúcar, produzíamos com chá também, mas paramos de produzir devido à vigilância,
mas vamos nos adequar para voltarmos a produzir”. A E2 diz que produz erva com e sem
açúcar e a E3 produz erva-mate com e sem açúcar, mas não vão mais fabricar com açúcar, até
se adequarem nas normas da legislação.
Questionou-se também se as ervateiras produzem só a erva-mate ou a utilizam para a
confecção de outros produtos. De acordo ao questionamento a E1 salienta que também produz
erva para Tererê a partir da matéria-prima utilizada para a fabricação da erva-mate. Por
conseguinte, a E2 e E3 ressaltaram que só produzem erva para o chimarrão.
Quando indagadas sobre os locais de distribuição a E1 relata que “é bastante disseminada na
região, exportamos a erva para o Brasil inteiro: em Porto Alegre Goiás, Brasília, Rio de
Janeiro, Mato Grosso, Santa Catarina, Florianópolis, Balneário Camboriú, Jaraguá do Sul e
em algumas ocasiões enviamos erva-mate para a Alemanha e Estados Unidos". Assim, a E2
destaca que os locais que distribui a erva-mate “em Palmeira das Missões e na região
Noroeste, abrangendo as cidades de Três Passos, Santa Rosa, Cruz Alta, Campo Novo,
Horizontina e São Martinho”. Desse modo, a E3 ressalta que comercializa para os mercados
de Palmeira das Missões e Novo Barreiro.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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E referente à logística da erva-mate a E1 enfatiza que o difícil acesso, os concorrentes, o
preço e as despesas é o que dificulta para a distribuição. Segundo a E2 o que dificulta na
venda é o preço das concorrentes e para a E3 é a produção não legalizada.
No que diz respeito ao que favorece na venda da erva-mate a E1 afirma que é a “parceria
tanto como compra e venda e a seriedade da empresa”. A E2 frisa que é devido à “tradição,
gostar do serviço e o consumo das pessoas”. E por fim, a E3 destaca que a venda se favorece
por meio da tradição passada de pai para filho. Referente às dificuldades da venda de erva-
mate, a E1 ressalva que o preço elevado e o consumo são os fatores principais. Dessa
maneira, a E2 refere-se ao preço e as concorrências como fatores principais e segundo a E3 o
principal fator que dificulta na venda é o preço.
Interrogadas sobre o que poderia fortalecer a cadeia produtiva a E1 se refere ao “consumidor,
pois se não tem consumo, não tem venda, o que melhoraria o consumo está relacionado com
propaganda e a qualidade da erva”. Para a E2 o “escoamento da produção e a produção de
outros produtos poderia fortalecer a cadeia produtiva da erva-mate”. E a E3 relata que se
“aumentasse o consumo e baixasse o preço da venda melhoraria a cadeia produtiva”.
Quando questionadas sobre quais as perspectivas para o futuro da cadeia produtiva da erva-
mate, a E1 responde “que sejam boas, nos próximos 15 e 20 anos, pois a erva está ficando nas
pequenas propriedades e nas grandes é só um adicional”. A E2 diz que “a curto prazo não tem
mudanças devido à instabilidade da economia”. E por fim a E3 afirma que deve ocorrer um
“controle de qualidade do produtor na produção, e em relação à ervateira, a mesma pretende
aumentar a produção e a qualidade, por ser o motivo de sua permanência no mercado”.
Considerações Finais
A presente pesquisa teve como objetivo geral compreender melhor a cadeia produtiva
da erva-mate em Palmeira das Missões – RS. Assim, foram levantadas questões
essenciais na busca a esta indagação dada aos responsáveis pela produção de erva-mate
das ervateiras questionadas, por meio de uma entrevista semiestruturada aplicada na
cidade de Palmeira das Missões – RS.
Do mesmo modo, constatou-se que a cadeia produtiva da erva mate de ambas possui
praticamente o mesmo processo, colheita, sapecagem, cancheagem, secagem, moagem e
empacotamento, sendo que há a existência de diferenciais em cada processo. Indagadas sobre
quais fatores dificultam na produção da erva-mate, a E1 enfatiza que não têm dificuldade para
produzir, mas sim para comercializar, pela baixa no consumo devido ao aumento do preço na
venda e a diminuição da demanda. Logo, a E2 ressalta que o clima dificulta na produção da
erva-mate e a E3 relata que vender pouco é o que dificulta a produção.
Por conseguinte, nas ervateiras pesquisadas, analisou-se que todas produziam erva mate com
açúcar, mas por conta da não legalização duas (E1 e E3) pararam com a produção devido não
estarem adeptas a produzir esse tipo de produto, no entanto, pretendem voltar a fabricação da
mesma. Em relação à distribuição, verificou-se que as três ervateiras distribuem para
diferentes localidades, sendo que a E1 e E2 abrangem uma maior quantidade de regiões e a
E3 possui uma distribuição centralizada em duas cidades.
Portanto com referência ao futuro da cadeia produtiva, conclui-se que em curto prazo não
haverá mudanças devido à instabilidade econômica, mas no longo prazo tem-se uma visão de
que a cadeia irá melhorar resultando no investimento de maior qualidade e o aumento da
produção. Essa pesquisa limitou-se no fato de não coseguir abranger todas as ervateiras da
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
região devido o curto período de tempo. Além disso, pode ser realizado um aumento da
amostra com a finalidade de realizar um comparativo entre ambos referentes à produção, a
distribuição e os custos agregados à produção e o transporte.
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Katianny Gomes Santana Estival1, Sonia Maria Leite de Oliveira2, Christiane M. Pitaluga3
Jaqueline Correa Gomes4, Caroline P. Spanhol Finocchio5, Solange Rodrigues Santos
Corrêa6
Resumo. A riqueza da flora e fauna brasileira revelam oportunidades para os mercados agroalimentares, sobretudo
quanto a agregação de valor aos alimentos regionais, o desenvolvimento de marcas e estratégias de diferenciação.
Nesse contexto, o objetivo geral do artigo foi caracterizar as estratégias de negócio utilizadas pela Associação Brotos
Frutos Culinária do Cerrado, destacando-se seus pontos fortes e fracos. Para atingir os objetivos propostos foram
utilizadas técnicas de observação e entrevistas diretas junto aos representantes da Associação. Os resultados revelaram
a ausência de um plano de negócios capaz de orientar as práticas da organização, o desconhecimento do mercado e do
comportamento do consumidor. Diante disso, sugestões de melhoria são discutidas no decorrer do estudo.
Regional foods and cuisine: the case of Brotos Frutos Culinária do Cerrado
Association
Abstract: The richness of flora and fauna reveal opportunities for Brazilian agri-food markets, especially as the added
value of regional foods, brand development and differentiation strategies. In this context, the aim of this study was to
characterize the business strategies used by the Brotos Frutos Culinária do Cerrado Association, highlighting their
strengths and weaknesses. To achieve the proposed objectives we used techniques of observation and direct interviews
with the responsible of the Association. The results revealed the absence of a business plan capable of guiding the
organization's practices, the lack of knowledge about the market and consumer behavior. Suggestions to improve the
management are discussed during the study.
Introdução
Em cadeias produtivas dos sistemas agroalimentares, como por exemplo na cadeia produtiva
do cacau e chocolates, observa-se o reforço das discussões e pressões para ações das empresas
impulsionadas pelos movimentos dos consumidores nas redes sociais virtuais, sobre as
questões de gênero, diante do desprezo do trabalho da mulher na produção cacaueira. De
acordo com o relatório publicado pela organização OXFAM (2013) as mulheres que
trabalham em fazendas de cacau geralmente recebem menos do que os homens; raramente
possuem a terra que elas cultivam, mesmo se elas trabalham na atividade durante a vida toda.
Também foi identificada a prática da discriminação e assédio no trabalho.
Os mercados de qualidades dos alimentos são influenciados atualmente por diferentes fatores,
entre eles os “fatores éticos” e os “fatores técnicos”. Os primeiros estão relacionados às
práticas sociais e ambientais das organizações, enquanto os fatores técnicos não se limitam a
higiene e ao cumprimento às leis de segurança alimentar, envolvendo, por exemplo, a
certificação de origem do produto. Na visão de Cruz e Schneider (2010), esse processo
endossa o deslocamento dos consumidores na busca pela valorização de produtos regionais,
de origem conhecida, tradicionais ou artesanais, em oposição aos alimentos industrializados e
aos problemas relacionados a segurança do alimento.
Se por um lado a valorização dos alimentos locais representa vantagem competitiva para as
empresas agroalimentares, por outro enfrenta custos elevados no que tange à sua adequação às
normas e regras sanitárias. Diante dessas restrições, surge a importância da discussão e
adequação em torno dos critérios de qualidade, bem como a necessidade de refletir sobre os
processos, escala de produção e distribuição de alimentos (CRUZ; SCHNEIDER, 2010).
A economia das qualidades pode ser visualizada nesse contexto como um dos temas centrais
da dinâmica e organização dos mercados. Ela propõe visualizar a economia de uma forma
dinâmica sob os produtos, levando em consideração a necessidade de adaptação à oferta e
demanda, às formas de concorrência e a todas as formas de estratégias organizadas e
implantadas pelos diferentes atores para qualificar os produtos. Baseia-se na singularidade dos
produtos que leva a busca do estabelecimento de relações mais estreitas entre o que o
consumidor deseja e espera e o que é oferecido pelas organizações. Os consumidores
influenciam fortemente a qualificação dos produtos e a atribuição da legitimidade (CALLON,
MÉADEL E RABEHARISOA, 2002).
O valor simbólico é aquele relacionado aos aspectos socioculturais dos produtores, às formas
tradicionais de produção e de consumo. Além disso, os referidos autores verificaram, também,
que na alta gastronomia brasileira há uma tendência crescente da agregação e valoração do
capital cultural e simbólico aos alimentos tradicionais. No entanto, há uma exigência dos
chefs de gastronomia quanto aos critérios relacionados ao sabor, singularidade e qualidade
desses produtos. Ainda na perspectiva dos chefs, a garantia da origem e rastreabilidade dos
alimentos são atributos associados a qualidade dos alimentos.
A Associação Broto Frutos Culinária do Cerrado (ABFCC) foi criada no ano de 2013, por 12
agricultores familiares, 70% mulheres e 30% homens, residentes nas cidades de Campo
Grande e Terenos em Mato Grosso do Sul. A ideia surgiu a partir da necessidade dos (as)
agricultores (as) ampliarem a renda e a busca pela melhoria da qualidade de vida.
Uma viagem de intercâmbio entre empreendimentos de mulheres em um congresso da ONU
em Nova York no ano de 2015, despertou as associadas para a maior valorização das matérias
primas da região do cerrado Sul MatoGrossense e para a identificação de ingredientes que
poderiam ser utilizados em diversos pratos salgados e doces e a criação de novos aromas e a
difusão do conhecimento dos saberes locais.
A missão da Associação é realizar a integração entre o planejamento da produção de plantas
nativas do cerrado para ampliar a conservação da sociobiodiversidade e garantir alimentos
saudáveis, como forma preventiva de cuidar da saúde das pessoas, gerar trabalho e renda para
o campo e a cidade. Faz parte dos objetivos também promover a valorização do ser humano e
o resgate do saber e das tradições culturais.
O foco dos associados está em diversificar a produção, ampliar a geração de renda dos
agricultores familiares e proteger e ampliar a produção de mudas nativas do bioma Cerrado.
O empreendimento encontra-se em fase de incubação na Incubadora Municipal de Campo
Grande-MS, Norman Edward Hanson, onde recebe assessoria técnica para a maturidade do
empreendimento. A incubação durante 1 (um) ano já possibilitou avanços com relação a
diversificação do portfólio de produtos e início de parcerias comerciais, mas ainda há grandes
dificuldades para a potencialização da comercialização e consequentemente para a
sustentabilidade financeira.
As principais instituições parcerias da ABFCC são: i) SEBRAE-MS que oferece capacitações
eventuais e consultorias; ii) Prefeitura de Campo Grande/MS; iii) Universidade Federal do
Mato Grosso do Sul (UFMS), iv) Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) por meio do
Centro de Tecnologia e Análise do Agronegócio (Ceteagro), v) IFMS através da atuação de
seus cursos de graduação e pesquisas para ampliação do conhecimento das frutas do cerrado,
envolvendo o plantio, manejo e o aproveitamento integral; vi) Business Professional Woman
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(BPW) que oferece apoio para divulgação e comercialização dos produtos e vii)
SENAR/SESC com orientações para a comercialização e divulgação.
A Associação busca também proporcionar formas de agregação de valor aos produtos,
ampliação da geração de renda e qualidade de vida dos fornecedores parceiros da Cooperativa
dos Produtos Rurais do Assentamento Nova Aliança (COOPERANA), cooperativa de
produtores orgânicos da agricultura familiar, principal fornecedora das matérias primas
utilizadas na produção da Associação Brotos Frutos Culinária do Cerrado.
Nas parcerias vigentes e na busca da ampliação dos relacionamentos comerciais pretende-se
alcançar a auto sustentabilidade financeira do empreendimento através da potencialização da
comercialização nos mercados institucionais como o PNAE (Programa Nacional da
Alimentação Escolar) e ampliação da inserção nos mercados locais de Mato Grosso do Sul:
empórios de produtos naturais, supermercados, feiras, restaurantes e hotéis.
Diante da originalidade da proposta do empreendimento, cujo objetivo é valorizar a produção
e beneficiamento de produtos orgânicos e regionais oriundos do cerrado Sul-Mato-Grossense,
a Associação recebeu diversos prêmios, entre eles: o Sebrae Mulher de Negócios 2014, 2°
lugar na Confam (Convenção anual da BPW Brasil) 2014 em Cuiabá com apresentação do
Case de Sucesso em evento internacional da mesma entidade em nova Iorque (EUA) em
março de 2015, Prêmio Zumbi dos Palmares (Câmara Municipal de Campo Grande) 2014 e
conquista do Prêmio Santander Universidade Solidária 2015/2016 parceria entre UCDB e a
Associação.
Com as matérias primas: araçá, buriti, baru, bocaiúva, jatobá, guavira, pequi, pitomba,
hibisco, entre outras, produzidas pelas agricultoras e agricultores familiares são produzidos
pães, bolos, biscoitos, doces, sucos, tortas, salgados e patês. A receita mensal das vendas é de
aproximadamente R$ 4.000,00. Os produtos são comercializados no varejo, feiras locais e
Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE). Possuem planos para a ampliação dos
canais de comercialização com junto a grandes redes varejistas e programas governamentais
como o PNAE – Programa Nacional da Alimentação Escolar.
O público – alvo do empreendimento são os indivíduos com nível de escolaridade médio e
superior, pertencentes as classes A, B e C, desportistas e pessoas que buscam a alimentação
saudável, agroecológica,com segurança e conhecimento da origem e processo produtivo.
Os resultados das entrevistas realizadas permitiram a identificação de alguns pontos fortes do
empreendimento, tais como: utilização de mão-de-obra própria, coleta e processamento dos
frutos, localização privilegiada (próxima do centro comercial da cidade de Campo
Grande/MS), produto sem agentes químicos, orgânicos (matérias primas adquiridas da
cooperativa parceira tem certificação participativa), integrais e enriquecidos com frutos do
Cerrado.
Como pontos negativos foram identificados: pequena infraestrutura física para a produção e
comercialização, dificuldade na logística para busca das matérias primas junto aos
agricultores (as) familiares, ausência de mão de obra qualificada para a produção e
comercialização e ausência de capital de giro.
Na região na qual os agricultores (as) familiares estão inseridos (as) há vulnerabilidade de
mulheres, jovens e adultos, situação de baixa escolaridade e falta de oportunidades para que
se insiram nas atividades da agricultura familiar com perspectivas de renda e qualidade de
vida. Diante disso, na opinião dos participantes, a implantação e desenvolvimento da
Associação oportunizou a geração de trabalho e renda, a diversificação da comercialização, da
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produção, bem como a melhoria da qualidade de vida e da organização do grupo de
agricultores (as).
Por outro lado, mesmo com as diversas parcerias firmadas e prêmios conquistados, vários
desafios foram identificados, em que se destacam:
3. Considerações Finais
Agradecimentos
A Associação Brotos Frutos Culinária do Cerrado de Mato Grosso do Sul. Sra. Rosa Maria da Silva – Presidente
da Associação.
Referências Bibliográficas
Anexos e Apêndices
Figura 1: Portfólio de produtos da Associação Brotos Frutos fabricados com o uso de matérias primas do
cerrado oriundas dos fornecedores regionais
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QUALIDADE E CERTIFICAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA DA
ERVA-MATE
Caroline Soares da Silveira¹, Renata Milani2
Resumo. A segurança dos alimentos atualmente vem sendo objeto de interesse por parte de agentes
econômicos, consumidores, organizações não governamentais e agentes do Estado. Esta preocupação deve-se
principalmente porque a segurança dos alimentos está relacionada com a sua contaminação física, química ou
biológica. A gestão destes riscos de contaminação garante a qualidade dos alimentos, tanto como sinônimo de
inocuidade ou com a finalidade de atender aos requisitos do mercado. A partir da crescente preocupação com a
segurança dos alimentos e o aumento do consumo e uso dos produtos derivados da erva-mate torna-se relevante
investigar quais medidas são tomadas visando garantir a qualidade dos alimentos em todos os elos da cadeia
produtiva. Sendo assim, o presente estudo objetiva investigar as medidas de segurança adotadas na cadeia
produtiva da erva-mate que visam garantir a qualidade do produto final nas diversas etapas de produção no
setor ervateiro. O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica sobre o assunto, com fins exploratórios
e os dados analisados foram baseados na qualidade dos produtos derivados da erva-mate como sinônimo de
inocuidade e conforme as exigências de mercado e por fim os certificados de qualidade existentes nesta cadeia
produtiva. Alguns dos resultados obtidos mostram que o consumidor de erva-mate não tem informações claras
do produto que consome, este problema deve-se principalmente a falta de fiscalização da qualidade dos
subprodutos devido à insuficiência de laboratórios de análise e recursos financeiros. No aspecto legislação,
observou-se que as que existem não tratam especificamente do produto erva-mate e não atendem aos requisitos
se segurança alimentar, na maioria dos casos, a certificação de qualidade alimentícia é dada pela Emater-RS,
na qual apenas agregam valor ao produto e não trazem benefícios para o setor como um todo.
Abstract. The food safety is currently the object of interest on the part of economic agents, consumers, non-
governmental organizations and state agents. This concern is mainly because food safety is related to your
physical contamination, chemical or biological. The management of these risks of contamination ensures the
quality of food, both as a synonym for safety or in order to meet market requirements. From the growing
concern about the safety of food and increased consumption of products derived from yerba mate becomes
relevant to investigate which measures are taken to ensure the quality of food in all links of the production
chain. Thus, this study aims to investigate the security measures adopted in the yerba mate production chain
aimed at ensuring the quality of the final product in various stages of production in this sector. This study deals
with a literature review on the subject, with exploratory purposes and the data were analyzed based on the
quality of products derived from yerba mate as a synonym for safety and according to market requirements and
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
finally the existing quality certificates this production chain. Some of the results show that yerba mate consumer
has no clear information of the product that consumes this problem is mainly due to the lack of supervision of
the quality of by-products due to insufficient testing laboratories and financial resources. In the aspect
legislation observed that there are not specifically deal product yerba mate, and don’t meet requirements to food
security in most cases, food quality assurance is given by Emater-RS, which add value only the product and
don’t bring benefits to the industry as a whole.
Introdução
2 Referencial Teórico
2.1 Segurança Alimentar
3 Materiais e Métodos
4 Considerações Finais
BALZON, D. R., SILVA, J. C. G. L., SANTOS, A. J. Aspectos Mercadológicos de Produtos Florestais Não Madeireiros: Análise
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Resumo. A Economia dos Custos de Transação permite formular e avaliar hipóteses a respeito do arranjo de
sistemas em geral e do agronegócio, possibilitando aplicações na coordenação e competitividade dos sistemas
produtivos. Desta forma o objetivo do presente estudo é analisar a cadeia produtiva do tabaco a partir da
Economia dos Custos de Transação. Para alcançar os objetivos propostos utilizou- se como metodologia a
revisão sistemática da literatura. Foram realizadas buscas através de bases de dados como periódicos Capes,
Cnpq e Scielo, além de teses e dissertações de universidades brasileiras. Desta forma, foram selecionados seis
artigos para responder as questões de pesquisa e alcançar o objetivo do trabalho. Os resultados da investigação
apontam que o Sistema Integrado de Produção de Tabaco é bastante complexo e apresenta algumas
fragilidades. Referindo-se à racionalidade limitada dos fumicultores percebe-se que esta dá- se principalmente
por conta de seu menor nível de informação sobre as condições de mercado que envolve seu produto. Os
trabalhos demonstram que a confiança dos produtores no orientador técnico e na empresa está enfraquecida e
esta relação tem ocasionado um meio para gerar incertezas e oportunismo por parte dos produtores. Os
desajustes de informação entre os componentes podem gerar espaço para os atravessadores, que estimulam os
fumicultores, a agirem de forma oportunista. Se os agentes participantes da cadeia produtiva evitassem as ações
oportunistas talvez em longo prazo as relações do sistema integrado conduziriam a construção de contratos
perfeitos, ocasionando a redução ou diminuição dos custos de transação.
Introdução
O tabaco constitui-se como uma cultura agrícola não alimentícia relevante na economia
de mais de 150 países, sendo que sua cadeia produtiva envolve, no mundo, 2,4 milhões de
pessoas (RUDNICKI, WAQUIL e AGNE, 2014). A indústria do tabaco compõe-se de
empresas de pequeno, médio e grande porte, sendo as últimas àquelas que fazem parte de um
sistema mundial de produção de tabaco. O setor conta também com a participação crescente
de países em desenvolvimento para a sua produção mundial (PERONDI, SCHNEIDER e
BONATO, 2008).
Atualmente o Brasil se configura como o maior exportador de tabaco em folhas do
mundo e o segundo produtor mundial de tabaco, a maior parte de seus produtores está
concentrada na região Sul do país, nesta região estão localizadas 92,7% da área cultivada em
grande parte cultivada por pequenas propriedades (DESER, a. III, n. 4, dez. 2003:10- 151).
A cultura do fumo se destaca como relevante em diversos países. De acordo com Greco
(2004) são vários motivos que contribuíram para o Brasil alcançar o posto de maior
exportador mundial de fumo. Uma delas foi à disponibilidade de área para expansão do
plantio. De maneira geral a área destinada para o plantio do fumo ocupa uma área pequena
dentro das propriedades do sul do país, ou seja, quando as condições compensam, é
relativamente fácil para o agricultor estender a área plantada. Outro fator que se destaca como
relevante é a qualidade do produto brasileiro, chamado de “fumo limpo”.
Assim como ocorre em outras estruturas de produção agrícola que envolvem diferentes
setores da economia, como de carnes, de frango e, mais recentemente, a suína, a folha do
tabaco (fumo) também está inserida no Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT).
De acordo com Dallago Filho (2003, p.08), o SIPT “consiste em um vínculo contratual
existente entre a empresa fumageira e o produtor de fumo que deveria estabelecer uma relação
de cooperação do tipo usuário-produtor que teria benefícios e obrigações equilibradas”.
Este sistema estabelece relações com o produtor através de um contrato formal que tem
como base as relações informais, estabelecidas, a partir de relações de proximidade, na figura
do orientador técnico. Este realiza o intermédio das relações, principalmente no que se refere
à operacionalização dos contratos formais entre os agricultores e as empresas. Esse vínculo
entre os agentes da cadeia acontece com a presença de contratos que vão estar presentes em
todos os elos da referida cadeia. (RUDNICKI, 2012).
De acordo com Silva (2002), referindo-se a Zylbersztajn (2000), através da importância
dada aos contratos, que explicam o conceito de firma, o autor avaliou que é preciso encontrar
uma formatação eficiente para induzir os agentes a cooperem, visando a maximização do
valor da empresa e do produto final. Para tanto, Silva (2002), salienta que se torna necessário
identificar as variáveis determinantes da produção e da sobrevivência das firmas, para que tais
acordos sejam preparados, incorporando inclusive direitos de propriedade sobre os resíduos,
formas de monitoramento e cláusulas de rescisão contratual. Isso faz com que se tenha uma
consistente teoria dos contratos.
As relações entre dois elos de uma cadeia produtiva que envolve a construção dos
contratos deveriam ter como critério a maximização conjunta do lucro (BEGNIS,
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
ESTIVALETE E PEDROZO 2007). A Economia dos Custos de Transação (ECT) tem no
contrato um pré-requisito para a confiança, já alguns autores revelam que o alto grau de
confiança e os contratos formais podem ser considerados mecanismos complementares
(POWELL, 1990), ademais a confiança seria um fator que contribui para a redução da
necessidade do uso de contratos (LARSON, 1992).
A ECT está inserida no contexto teórico da Nova Economia Institucional, na qual as
bases conceituais tiverem inicio nos anos trinta a partir dos trabalhos realizados por Coase
(1988). Neste sentido Langlois e Foss (1997) ressaltam a relevância de Ronald Coase, na qual
introduziu em seu célebre artigo “The nature of the firm”, em 1937, uma nova perspectiva
para o entendimento das estratégias empresariais ao mostrar que existem outros custos além
dos custos de produção, custos estes que estão relacionados ao funcionamento dos mercados:
os custos de transação. Estes custos são definidos por WILLIAMSON, (1985) como os custos
necessários para o funcionamento do sistema econômico.
Os custos de transação são os gastos que os agentes econômicos enfrentam todas as
vezes que recorrem ao mercado, ou seja, são aqueles custos para negociar, redigir e garantir
que os contratos sejam cumpridos. O argumento apresentado por Coase (1988) sobre a
existência de custos associados ao funcionamento do mercado possibilita ampliar as ideias de
minimização de custos, incorporando-se os custos de transação (SILVA, 2002).
A ECT trata de uma teoria que permite analisar as organizações e o seu relacionamento
com o mercado e as instituições a partir das características das transações e de pressupostos
comportamentais dos agentes envolvidos (Augusto et al, 2014). De acordo com Williamson
(1985), os atributos que caracterizam uma transação são três: a frequência, a incerteza e a
especificidade de ativos, sendo este último, na visão do autor, o principal determinante da
estrutura de governança a ser adotada.
Segundo Silva (2002), o enfoque proposto pela ECT está ligado à contratação e sustenta
que qualquer questão pode ser formulada em termos de contratos, para facilitar a sua
investigação. Além dos atributos das transações em se tratando de contratos Williamson
(1985) afirma a existência de atributos que conduzem a construção e o cumprimento de um
contrato. A saber: racionalidade limitada e o oportunismo, sendo estes pressupostos
comportamentais que fazem parte da natureza humana (SILVA, 2009).
Neste contexto Silva (2002), salienta que a abordagem dos custos de transação
possibilita interpretar as atitudes das instituições que pertencem à cadeia do tabaco, no que se
refere às negociações que ocorrem entre os agentes da cadeia possibilitando o aumento da
eficiência das atividades envolvidas.
As questões norteadoras deste estudo são as seguintes: como ocorrem as relações
contratuais entre as empresas fumageiras e os produtores de tabaco no Brasil? Quais
elementos da ECT estão presentes nesta relação? Desta forma o objetivo do presente estudo é
analisar as relações contratuais existentes na cadeia produtiva do tabaco.
2 Materiais e Métodos
4 Considerações finais
BEGNIS, H. S. M.; ESTIVALETE, V.F.B.; PEDROZO, E.A. Confiança, comportamento oportunista e quebra de contratos na cadeia
produtiva do fumo no sul do Brasil. Revista Gestão da Produção. São Carlos, v. 14, n. 2, p. 311-322, maio/ago. 2007.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
RESUMO: Na Amazônia, com a escassez dos recursos naturais, a preocupação com o meio ambiente, vem
estimulando iniciativas de agricultores familiares em Rondônia na busca de alternativas sustentáveis de
produção orgânica para um melhor aproveitamento dos recursos naturais na perspectiva de uma
sustentabilidade ambiental. Neste sentido, a inter-relação entre a ética ambiental e a reflexão crítica sobre os
processos de desenvolvimento, tendo como foco a análise sobre os conflitos entre sistemas de valores e os
conflitos ambientais que afetam o meio social vem contribuindo na construção de uma ética ecológica que
concilie equidade social e expansão da consideração moral para além dos humanos. Como resultados
principais, o estudo demonstra a valorização dos agricultores com a produção orgânica familiar, além da
mudança de comportamento cultural no cultivo de uma agricultura mais sustentável e possibilitando retorno
financeiro considerável. Envolveu pesquisa de campo em 29 propriedades orgânicas em Rondônia no ano de
2015. Estudo com abordagem qualitativa.
ABSTRACT: In the Amazon, the scarcity of natural resources, concern for the environment, has been
encouraging family farmers initiatives in Rondonia in search of alternative sustainable organic production for a
better use of natural resources with a view to environmental sustainability. In this sense, the interrelationship
between environmental ethics and critical reflection on the processes of development, focusing on the analysis of
conflicts between value systems and environmental conflicts affecting the social environment has contributed in
the construction of an ecological ethics that reconciles social equity and expansion of moral consideration
beyond human. The main results, the study demonstrates the value of farmers and family organic production, in
addition to changing cultural behavior in the cultivation of a more sustainable agriculture and providing
considerable financial return. Involved field research in 29 organic farms in Rondonia in 2015. Study with
qualitative approach.
1. Introdução
Nos últimos anos, com a escassez de recursos naturais e a preocupação com o meio
ambiente, os agricultores vem buscando alternativas sustentáveis de produção no aproveitamento
dos recursos naturais provenientes do solo, da água e do ar, de maneira a suprir todas as demandas
da geração atual sem comprometer o desenvolvimento das gerações futuras. Na perspectiva do
desenvolvimento como estimulo a agricultura no Brasil, a busca pela sustentabilidade ambiental
vem sempre sobreposta às variáveis sociais, econômicas e tecnológicas, envolvendo uma
dimensão valorativa que preestabelece o rumo dos caminhos a serem seguidos.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
A reflexão acerca da ética ambiental está alicerçada a partir dos fundamentos e dos valores
nos quais se estabelecem as relações com a natureza e os seres vivos não humanos.
Para Florit (2016, p. 259), a ética está relacionada à filosofia da moral como: [...] “a reflexão
sistemática sobre os valores e comportamento dos indivíduos, realizada com o intuito de se chegar
a uma conclusão sobre se uma ação deve ser considerada correta ou incorreta.”
Neste sentido, Florit (2016, p. 259), apresenta o contexto da ética ambiental na perspectiva
do antropocentrismo, “naturalizado na moralidade dominante, que concede reconhecimento moral
apenas aos seres humanos, legitimando [...] práticas especistas”, relacionando a moralidade “aos
processos de reprodução social” e “à natureza no contexto da sociedade capitalista”,
reconhecendo nela apenas “um valor instrumental. A reflexão da ética ambiental analisa
criticamente este entendimento, em muitos casos concluindo que haveria na natureza algum tipo
de valor intrínseco”.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Esta forma de perceber a natureza apenas por seu valor instrumental é reforçada por
Gudynas (2010), ao abordar as grandes consequências do neo-extrativismo com o intuito do
desenvolvimento econômico nos governos progressistas da América do Sul, reforçando a
necessidade de alternativas de produção que preservem os recursos naturais de maneira a
combater a agricultura tradicional baseada na monocultura de grande escala:
De manera similar, estos gobiernos han promovido el sesgo extractivista de una
agricultura basada en monocultivos de amplia cobertura geográfica, y orientada a la
exportación. El ejemplo más evidente en este caso es la continua expansión de la
soja transgénica en los países del Cono Sur, la que en la última zafra 2009/10 ha
alcanzado los 55 millones toneladas en Argentina, y los 68 millones toneladas en
Brasil (GUDYNAS, 2010 p. 42)
O autor evidencia que tal modelo extrativista contemporâneo de grande escala, nocivo ao
meio ambiente e promovido pelos governos da nova esquerda não é idêntico ao que foi feito em
décadas anteriores, ao contrário do que aconteceu no passado, há maior presença do Estado na
melhor regulamentação nos modelos de exploração capitalistas, aumentando tributações
necessárias ao desenvolvimento além da cobrança dos royalties, mais evidente nos setores do
petróleo, por exemplo, na Bolívia, Equador e Venezuela.
Com relação à ética ambiental, Robert Elliot (2004), a classifica em quatro abordagens: a)
centrada no ser humano; b) centrada nos animais; c) centrada na vida; e d) holismo ecológico.
Embora seja possível encontrar justificativas para lidar com a natureza considerando exclusiva-
mente as necessidades dos seres humanos na perspectiva do desenvolvimento sustentável, existe a
convicção, compartilhada entre muitos pensadores da ética ambiental, de que um dos traços mais
problemáticos do modo como a civilização ocidental vem lidando com a natureza está no seu
exacerbado antropocentrismo, quem está amparado nas suas tradições religiosas (judaico-cristãs)
e filosófico-morais, notadamente as escolas aristotélica, kantiana, utilitarista e contratualista
(FLORIT, GRAVA, 2013)
O gênero feminino prevalece em 63% dos entrevistados, justificado por ser o cultivo de
hortaliças historicamente e culturalmente tarefa das mulheres em Rondônia. No que se refere a
faixa-etária, dos agricultores, 74% possuem idade entre 26 a 45 anos.
Ao analisar a renda familiar proveniente da atividade orgânica, 50% afirmou possuir renda
entre R$1.001,00 a R$2.000,00. Por outro lado, apenas 12% possui renda de R$3.001,00 a
R$4.000,00. Para estes com renda superior, o estudo mostrou que a experiência no cultivo da
produção orgânica auxiliou na melhor qualidade dos produtos e por consequência na melhor
comercialização. Outro aspecto de destaque diz respeito apenas aos 25% (figura 1) que afirmou
que a renda advinda da atividade orgânica é insuficiente para o sustento da família, necessitando
possuir outra fonte de renda que não seja a agricultura familiar, a exemplo da prestação de
serviços em escolas, auxilio na atividade pecuária e transportes rurais coletivos.
20% De 6 a 10
anos 25%
De 11 a 15 SIM
60% 75%
anos NÃO
20% Acima de 20
anos
A posse da propriedade está relacionada à 50% dos agricultores, enquanto outros 50%
respondeu que a área cultivada é de terceiros (família, parentes e vizinhos). A preocupação com o
meio ambiente (figura 02) foi a motivação de 75% dos pesquisados para o cultivo dos produtos
orgânicos. Outrossim, também foram observados outros fatores influenciadores, como o alcance
de atividades pastorais de interesse em produção sustentável, a exemplo da pastoral da terra e do
movimento terra sem males, ambos ligados à igreja católica, onde grande parte dos agricultores
participam (13%), além do estímulo em cursos de capacitação promovidos pela Empresa Estadual
de Assistência Técnica e Extesão Rural de Rondônia (EMATER), (12%).
NOVAS
9% ALFACE
TECNOLOGIAS
38% 37% NÃO TER CHEIRO
36% 55%
EMPREGADOS VERDE
NENHUM TOMATE
25%
PROCEDIMENTO
Rondônia, sendo, portanto, relevante que seja abordado novos estudos de viabilidade econômica e
social entre propriedades orgânicas e não orgânicas, para melhor analisar os indicadores de
crescimento e os principais desafios que serão enfrentados a partir da opção de uma atividade
produtiva mais sustentável.
Por fim, a observação dos princípios propostos pela ética ambiental são importantes no
caminho do desenvolvimento sustentável, pois além de preservar os recursos e os seres naturais
que os habitam (diminuição do antropocentrismo), contribuem na mudança do comportamento
social, cultural e ambiental das gerações futuras, principalmente quando nos referimos à
contribuição da produção de alimentos no Brasil gerados pela agricultura familiar.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Resumo. O Brasil é o 7º maior produtor mundial de ovos. A partir de meados da década de 1990 tal produção
teve um incremento significativo no Brasil, sendo que regiões como o Centro-Oeste brasileiro experimentaram
um crescimento de produção na ordem de 85,79%. Estes resultados foram atingidos em boa parte por mudanças
na forma de produzir, através da importação de tecnologia que automatizaram a produção, desde a recria de
aves até a classificação de ovos. Neste trabalho busca-se relatar duas experiências vividas pela autora, no
período compreendido entre 1999 e 2011 em duas empresas produtoras de ovos de duas regiões diferentes do
Brasil (Nordeste e Centro-Oeste). O primeiro ano analisado (1999) coincidiu com a implantação de duas
granjas totalmente automatizadas nos estados de Minas Gerais e Bahia. A nova forma de produzir resultou em
aumento de produção, mas também na crescente dependência tecnológica e de assistência técnica
especializada, além de mudanças institucionais e adaptação às normas do Ministério da Agricultura. A
transformação na forma de produzir ovos comerciais causou impactos em diversas áreas além da tecnológica,
incluindo a necessidade de treinamento das pessoas envolvidas no processo produtivo, questões ambientais,
gerenciais e financeiras; todos estes fatos tornam esta cadeia interessante como objeto de pesquisa.
Abstract. Brazil is the 7th largest producer of eggs. From the mid-1990s that production had a significant
increase in Brazil, and regions such as the Brazilian Midwest experienced a production growth of around
85.79%. These results were achieved in large part by changes in production methods, by importing technology
that automated the production, from the rearing of birds to the classification of eggs. This work seeks to relate
two experiences lived by the author, in the period between 1999 and 2011 in two companies producing eggs
from two different regions of Brazil (Northeast and Midwest). The first year analyzed (1999) coincided with the
implementation of two fully automated farms in the states of Minas Gerais and Bahia. The new form of
production resulted in increased production, but also the increasing dependence on technology and specialized
technical assistance, as well as institutional changes and adapt to the Ministry of Agriculture standards. The
transformation in the way of producing commercial eggs caused impacts in several areas beyond the
technology, including the need for training of those involved in the production process, environmental issues,
management and financial; All these facts make this interesting chain as a research object.
Este trabalho tem por objetivo analisar as transformações que ocorreram na forma de produzir
ovos desde o final dos anos 1990. Até então havia algumas iniciativas de automação na coleta
e classificação de ovos, no entanto nenhuma unidade produtiva era totalmente automatizada,
desde a recria das aves até a retirada de esterco e classificação dos ovos.
A produção mundial de ovos, segundo dados da FAO (Anualpec, 2012) coloca o Brasil como
7º maior produtor (40.731 milhões de unidades), sendo a primeira posição ocupada pela
China (482.974 milhões de unidades), seguida dos EUA (91.855 milhões), conforme a FAO
se somadas à produção dos sete países maiores produtores de ovos eles respondem por
66,59% dos ovos produzidos no mundo. No Brasil o período compreendido entre os anos de
2003 a 2011 coincidiu com um crescimento na produção de ovos de 29,62%, passando de
31.423 milhões de ovos produzidos para 40.731 milhões de ovos/ano, isso representa 3,34%
da produção mundial de ovos.
Neste trabalho são colocados dois casos de empresas produtoras de ovos comerciais, sendo a
primeira situada no Nordeste brasileiro, conforme dados do IBGE esta região teve um
crescimento na produção de ovos de 16,92% entre os anos de 2002 até 2011 e foi responsável
por 15,14% do total de ovos produzidos no referido período. A segunda empresa, esta
localizada no Centro Oeste brasileiro esta região experimentou um crescimento na produção
de ovos de 85,78%, sendo responsável por 11,51% dos ovos produzidos no Brasil no período
de 2002 até 2011. Este crescimento na produção de ovos comerciais no período de 2002 a
2001 no Brasil deve-se em grande parte à modernização do processo produtivo, ocorrido a
partir da década de 90.
Este trabalho não tem intenção de estudar a cadeia de produção de ovos, mas é fundamental
abordar algumas características referentes a esta cadeia produtiva e ao mercado no qual ela
está inserida. Neste trabalho são estudados dois casos de empresas produtoras de ovos
comerciais, em dois estados diferentes e em épocas também diferentes. Segundo as
características observadas pela autora e baseada na literatura (Miele, Waquil, Shultz, 2011)
podemos dizer que estamos diante de duas estruturas organizacionais diferentes, sendo uma
de formato unitário (forma U) em que todas as funções são realizadas em uma única planta
(produção, marketing, recursos humanos, finanças, etc.); a segunda como uma estrutura
multifuncional (forma M), quando a empresa tem diversas unidades que se organizam por
produto, função ou região geográfica. Embora cada unidade operacional seja responsável por
decisões locais, geralmente referentes a preço, produção e vendas, as questões estratégicas ficam a
cargo de uma direção central.
O mercado de ovos pode ser considerado um Oligopólio Competitivo, com poucas barreiras
de entrada, considerando como pequena ou inexistente a de economia de escala e onde a
concorrência é através de preços (empresas líderes x seguidoras) e sendo a indústria de bens
de consumo não duráveis com menor possibilidade de diferenciação (alimento), conforme
Miele, Waquil e Shultz (2011).
Neste trabalho utilizarei o termo Cadeia de produção, conforme define a literatura
(BATALHA, 1997). Trata-se de um termo oriundo da escola francesa das Cadeias de
Produção Agroindustrial (CPA), a qual propõe estudar os processos de integração dentro do
que se convencionou chamar “sistema agroalimentar”. Foca sua análise no itinerário de um
produto e no conjunto de agentes envolvidos desde a produção até o consumo. Esses autores
ressaltam a heterogeneidade que existe em um sistema agroalimentar devido à diversidade de
funções (comercialização, industrialização e produção), à diversidade na localização da
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produção e do consumo e, também, nas técnicas produtivas (LABONNE, 1985;
MONTIGAUD, 1991; BATALHA, 1997).
Figura 1 - Fluxograma da Cadeia Produtiva do Ovo.
Fonte: Relatório interno preliminar da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo,
MARTINS et al. (1996).
2 Metodologia da pesquisa
Durante o período compreendido entre os anos 1999 2011 a autora deste trabalho esteve
diretamente ligada à produção de ovos comerciais como supervisora de classificação, sendo
responsável pela operação e manutenção de classificadoras de ovos, além de todos os outros
aspectos que envolvem o processo, como gestão de pessoas, treinamentos, qualidade final do
produto, dados de produção, etc.
Os dados utilizados neste trabalho foram obtidos em conversas informais com produtores,
fornecedores de insumos e equipamentos, técnicos internos e externos das granjas, reuniões
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de trabalho, treinamentos realizados para funcionários das salas de classificação de ovos, bem
como outras atividades rotineiras do ambiente de classificação de ovos. Trata-se do relato de
duas experiências ou situações empresariais, sem a profundidade acadêmica, mas farto em
informações do cotidiano de um processo produtivo inserido em uma cadeia produtiva maior,
relativamente pouco estudada na literatura acadêmica.
Neste sentido, busco compreender como aconteceu esta inovação, com grande tecnologia,
pouco planejamento coletivo, muitos interesses econômicos, com pouca preocupação com
recursos naturais e com os impactos ambientais decorrentes do processo produtivo.
Tomarei como base para este trabalho a perspectiva das mudanças (Barbier, Elsen, 2012),
como forma de organizar e analisar as questões envolvidas e as principais interações sócio
técnicas. Se avaliada de forma isolada talvez esta cadeia não apresente nenhum problema a
ser estudado, no entanto a realidade mostra que nem tudo acontece tão perfeitamente como
parece, o deslumbramento causado por grandes e complexos equipamentos parece esconder
grandes conflitos sociais e técnicos.
3 Resultados e discussão
A frota de Pedro Álvares Cabral que aportou no que é hoje o litoral sul da Bahia em 1500
trazia galinhas, que foram deixadas e parece certo que alguns exemplares destas aves
permaneceram com os índios nas terras recém-descobertas, inclusive na companhia dos
degredados que Cabral teria deixado no local. O ovo através dos tempos é um alimento que
acompanha a evolução da civilização, seja por sua simbologia, seu valor nutricional, seja pela
facilidade do transporte e criação das galinhas.
Inicialmente as aves eram criadas tanto para consumo de ovos como da carne. Nesta fase
pode-se dizer que o ovo era um subproduto na produção de aves. Com o passar do tempo
ocorreu à seleção genética e separação das aptidões, linhagens de aves para produção de carne
e aves para postura de ovos.
Além da modalidade de “ovos de mesa”, uma parte significativa da produção de ovos é
destinada à industrialização, transformando o ovo “in natura” em ovo líquido pasteurizado,
ovo em pó, albumina, etc.
Conforme a demanda e a produção de ovos foram aumentando, a comercialização foi se
tornando mais especializada. Os produtores começaram a classificar os ovos por tamanho,
diferenciando, assim, o seu valor comercial, produção se tornou mais tecnificada e a
comercialização foi tornando-se mais especializada.
A seleção e aprimoramento genético das aves poedeiras ocorreram principalmente na França e
Estados Unidos. Este cenário ainda hoje se mantém, pois atualmente as avós das linhagens
utilizadas no Brasil são importadas. Os equipamentos com maior sofisticação tecnológica
utilizados na automação da produção e classificação de ovos são de origem europeia (Espanha
e Holanda) e norte-americana. A abertura do mercado para importação de equipamentos, que
possibilitaram a automação da produção de ovos, também impulsionou a produção nacional
de classificadoras e equipamentos utilizados para a criação das aves. Esta produção acontece
principalmente no interior do estado de São Paulo, na região de Bastos (onde houve imigração
e colonização Japonesa) e tornou-se uma região tradicionalmente produtora de ovos no Brasil.
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A produção e classificação totalmente automatizada de ovos no Brasil tem como marco o ano
de 1999, coincidindo com a aparição de pelo menos dois grandes empreendimentos, quais
sejam, a Granja Mantiqueira (Minas Gerais) e a Granja Avipal Nordeste (Bahia). Ambas as
unidades de produção totalmente automatizadas, desde a recria até a classificação dos ovos.
Um dos fatos mais significativos para que 1999 tenha esta importância é a estabilidade
financeira vivida no Brasil e o cenário positivo para investimentos de maior vulto, além da
possibilidade de importação dos equipamentos numa época em que a cotação do dólar era
favorável a estas negociações.
A partir deste ano a produção de ovos passou por uma grande transformação exigindo alto
investimento financeiro. Esta nova realidade deixou muitos produtores fora do mercado, pois
a nova forma de produzir representa também um grande avanço no que se refere à redução de
custos pelo ganho de produção, devido principalmente ao adensamento das aves.
Todas estas adaptações foram ocorrendo de forma não muito organizada. A legislação sofreu
alterações para adaptar-se à nova realidade. Não obstante, as definições das regras sanitárias
para classificação de ovos não eram totalmente claras. Um exemplo é o modelo europeu de
classificação que não contemplava a lavagem de ovos e o americano obrigava tal processo.
Atualmente estas regras estão definidas pelo ministério da Agricultura, mas a exigência e
fiscalização ainda é falha. A maior pressão vem através dos concorrentes, os quais denunciam
aos órgãos públicos o não cumprimento de normas.
Questões ambientais são preponderantes e decisivas na atualidade, no entanto a consciência
da responsabilidade nem sempre é voluntária. Na maioria das vezes a atuação reguladora só é
feita por força da exigência dos órgãos fiscalizadores. Uma síntese das transformações
observadas em duas empresas que produzem ovos e que são relatadas neste trabalho são
apresentadas no Quadro 1.
Empresa A Empresa B
Estrutura organizacional de formato Estrutura organizacional de formato
multifuncional - Bahia unitário - Mato Grosso
Dados de 1999 até 2005 Dados de 1999 até 2011
Empreendedores do Rio Grande do Sul, com Empreendedores do Rio Grande do Sul com
experiência anterior na atividade, desde a década de experiência anterior na atividade.
50. O investimento foi realizado por três sócios que
A unidade de produção de ovos foi planejada e ampliaram uma unidade já existente, com recursos
aprovada pelo ministério da Agricultura, era parte próprios. Investimento realizado sem um
integrante de um complexo produtivo cujo planejamento prévio e sem o aval do ministério da
principal foco era a produção de frangos de corte Agricultura.
pelo sistema de integração, teve financiamento e Tecnologia em 1999: maior parte da produção
incentivos governamentais para sua implantação. automatizada, com recria e 20% da produção não
Tecnologia em 1999: Totalmente automatizada. automatizadas.
Dois galpões de recria automatizadas (Espanha), 10 Quatro galpões piramidais (EUA), classificadora
galpões para produção de ovos (Espanha), eletrônica de ovos (Holanda)
classificadora eletrônica de ovos (Holanda). Capacidade produtiva de aprox. 850 caixa/dia (caixa
Capacidade produtiva de aprox.. 1000 caixa/dia de 360 ovos)
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(caixa de 360 ovos) Entre 1999 e 2003 houve uma ampliação na
Em 2001 houve uma grande mudança produção, com a aquisição de quatro galpões
administrativa do Grupo Empresarial, e o projeto climatizados (verticais de origem espanhola), e
Bahia deixou de ter a relevância que possuía até reposicionamento da máquina classificadora, além
ali, nesta mudança a produção de ovos deixou de da implantação de uma linha paralela para lavagem
ser uma atividade de interesse da empresa, as de parte dos ovos sujos.
unidades produtivas do RS foram desativadas e a Em 2005 foi retirada a linha paralela de lavagem e
Granja de Feira de Santana tornou-se a única do adquirida uma lavadora em linha com a
grupo em atividade. A unidade não recebeu os classificadora, para lavagem de todos os ovos
investimentos necessários para manutenção, muitas produzidos.
adaptações foram realizadas, em 2003 toda a Em 2007 aconteceu a 1º visita de inspeção do
unidade estava em estado caótico de ministério da agricultura, muitas adequações foram
funcionamento. exigidas, nesta mesma época um concorrente de
Em 2005 a granja foi desativada e posteriormente grande porte, do grupo Mantiqueira, instalou-se em
todo o grupo foi comprado por uma concorrente. um município vizinho Primavera do Leste,
tornando-se o padrão a ser seguido.
Considerações gerais: A partir de 2010 muitos investimentos que sempre
Suporte técnico e administrativo foram deixados para 2º plano não puderam mais ser
estruturado e organizado, como parte adiados, devido a fiscalizações ambientais (máquina
integrante de um grande grupo Nacional. fermentadora de esterco), trabalhistas e sanitárias.
Em 2011 aconteceu à dissolução da sociedade, a
A produção de ovos era uma atividade empresa continua ativa sob o comando de um
secundária, sendo a principal a produção proprietário.
de frangos de corte em regime de Considerações gerais:
parcerias. Constantes adaptações e mudanças, sem
Morosidade nas decisões devido ao um planejamento claro e organizado.
tamanho do grupo. Muito cuidado com a manutenção,
investimento em peças de reposição e
produtos de limpeza dos equipamentos.
Administração pouco profissional,
conflitos de ideias entre os sócios.
Empreendimento realizado com pouco
planejamento da estrutura física, sem
atender as exigências sanitárias e sem
previsão de futuras ampliações.
Fonte: Dados da Autora (2016).
4 Conclusões:
Referências bibliográficas:
BARBIER, M. and ELSEN, B. (eds), 2012. System Innovations, Knowledge Regimes, and Design Practices towards Transitions for
Sustainable Agriculture. Inra [online], posted online November 20, 2012.
BATALHA, M. (coord.). Gestão agroindustrial. São Paulo: Atlas, 2001
FARINA, E.; AZEVEDO, P. F. de; SAES, M. S. Competitividade: Mercado, Estado e Organizações. São Paulo: Editora Singular, 1997.
MARTINS, S.S; LEMOS, A.L; DEODATO, A.P; POLITI, E.S.; QUEIROZ, N.M.S. Cadeia Produtiva do Ovo no Estado de São.
Informações econômicas, SP,v.30, n.1, janeiro.2000
PUPPIN, SÉRGIO. OVO, o mito do colesterol. Rio de Janeiro: Editora Rio Sociedade cultural Ltdª. 2004
QUADROS, M.J. Avipal Nordeste inaugura complexo avícola na Bahia. Disponível Avesite http://www.avisite.com.br/, Acesso em
Julho de 2015.
SILVA, ROBERTO. Análise de conjuntura Agropecuária Avicultura de Postura 2012/2013. SEAB - Secretaria de Estado da
Agricultura e do Abastecimento. DERAL - Departamento de Economia Rural. Paraná, Brasil.
VELDEN, F. F. V. As galinhas incontáveis. Tupis, europeus e aves domésticas na conquista no Brasil. Departamento de Antropologia
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Campinas, São Paulo, Brasil. 2012 (artigo)
Versão revista e atualizada de texto apresentado para discussão no Workshop sobre a Cadeia Produtiva do Ovo. Martins, 1997, promovido
pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em fevereiro de 1997, no auditório do IEA.
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1
Graduanda do curso de Ciências Econômicas - Universidade de Passo Fundo. 134507@upf.br
2
Graduanda do curso de Ciências Econômicas - Universidade de Passo Fundo. 134496@upf.br
3
Administradora e Bolsista - Universidade de Passo Fundo. eluanepseidler@gmail.com
4
Mestre em Desenvolvimento Rural PGDR/UFRGS. Economista. Professora na Universidade de Passo Fundo.
amandaguareschi@yahoo.com.br
Resumo. A instabilidade enfrentada pelos produtores agrícolas, fez com que surgisse a necessidade de algo que
garantisse que iriam receber, caso a safra de um determinado produto não fosse boa. Por meio dessa demanda,
criou-se as bolsas de valores. Mediante elas tem-se a garantia ao produtor e, indiretamente se tornaram
determinantes dos preços das commodities. Assim, tem-se por objetivo analisar o quanto a volatilidade dos
preços da commodity milho da Chicago Board of Trade (CBOT group CME) gera de efeitos no preço da
commodity milho na Bolsa de Valores Mercadorias e Futuros (BM&FBOVESPA). Para o desenvolvimento
desta análise utilizou-se variáveis econométricas que tem como propósito testar a volatilidade de preços desta
série histórica atráves do modelo ARCH. Verificou-se que a alta volatilidade de períodos anteriores influencia
na volatilidade dos preços atuais da commodity e que as variações nos preços da CBOT e taxa de câmbio têm
efeitos significativos sobre os preços da commodity na BM&FBOVESPA.
Abstract. The instability faced by farmers, brought up the need of payment guarantee, in case the harvest of a
certain product is not good. Because of this demand, stock exchanges were created. Through them farmers have
their guarantee and, indirectly they become determinant of commodities prices. Thus, the objective of this
project is to analyze how much the price volatility of the corn commodity of the Board of Trade (CBOT group
CME) affects the price of the corn commodity in the Brazilian mercantile and futures exchange
(BM&FBovespa). Econometric variables that test price volatility of this time series were used for developing
this analysis through an ARCH model. We verified that the high volatility in previous periods affects the current
price volatility of the commodity, and that the vartiations in CBOT prices and in the dollar exchange rates have
significant effects on the commodity price in BM&FBovespa.
Introdução
Meses de vencimento Janeiro, Março, Maio, Julho, Agosto, Março, Maio, Julho, Setembro e
Setembro e Novembro. Dezembro.
Data de vencimento e último Dia 15 do mês de vencimento. Dia útil anterior ao dia 15 do mês
dia de negociação do vencimento.
Variação mínima de R$0,01 (um centavo de real) por 60 ¼ de um centavo por bushel (US
apregoação quilos líquidos. $ 12,50 por contrato).
Fonte: Elaborada pelos autores com base na CBOT e BM&FBOVESPA.
No canto direito da Figura 1, encontra-se a taxa de câmbio comercial (R$ / US$) para
os mesmos períodos usados para os preços da commodity, estes valores foram adquirido no
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site IPEADATA. Para Lopes e Vasconcellos (2014), quando se compara preços de diferentes
paises com moedas diferentes utiliza-se a taxa de câmbio, pois esta é quem converte a moeda
de um país na moeda do outro. Pode-se identificar por meio do gráfico, que quando a da taxa
de câmbio esta baixa o preço as commodity é mais alto, ocorrendo o inverso quando a taxa de
câmbio estiver alta. Um dos grandes influenciadores na hora de comprar ou de vender um
contrato futuro é o preço.
Uma das variáveis que pode influenciar na formação do preço da commodity milho no
Brasil pode ser o preço dos contratos negociados na CBOT e a taxa de câmbio. O presente
estudo irá testar por meio da série histórica do milho, com a utilização do modelo ARCH para
se analisar a volatilidade dos preços e, se há efeitos da variação do preço de um contrato de
milho da CBOT e da taxa de câmbio, no preço de um contrato de milho na
BM&FBOVESPA.
Procedimentos Metodológicos
(1)
(3)
(4)
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é a variação relativa média ajustada nos preços, ao utilizarmos como medida de
volatilidade, quando houver grandes oscilações o seu valor será alto, e pequeno quando
houver variações modestas.
Assim estima-se o modelo ARCH representado pela equação (5), onde a volatilidade
atual é relacionada com seu valor no período anterior.
(5)
(6)
Resultados e Discussão
Para entender as variáveis analisadas, fez-se uma descrição estatística sobre cada
uma. Por meio desta, apresenta-se a média, o desvio padrão e o máximo e mínimo, estes
analisados em pontos percentuais.
A estatística descritiva conforme a Tabela 2, indica que os preços da commodity milho
na BM&FBOVESPA, para o período analisado de 2011 a 2015, tem uma média de 2,57%,
com um desvio padrão de 0,26%. O ajuste máximo observado em um mês foi de US$ 2,99 e,
o ajustamento mínimo foi para as duas variáveis iguais a US$ 2,02. Em comparação, aos
preços da CBOT que oscilou, durante o mesmo período, entre um máximo US$ 2,97, com
desvio padrão de 0,27% e uma média de 2,54%. Em relação à taxa de câmbio, mostrou-se um
desvio padrão de 0,20% e uma média de 0,76%. De modo que, os pontos mínimos e máximos
oscilarão entre US$ 0,42 e US$ 1,33.
BM&FBOVESPA -1.450375***
CBOT -0.927570***
Conforme o teste de ADF, as três variáveis têm raiz unitária com significância de 1%,
assim realizou-se o teste de cointegração Johansen. E, por meio deste, verificou-se que não
há cointegração no modelo entre BM&F, CBOT e taxa de câmbio. Mostrando a existência de
um equilíbrio entre as variáveis, porém as variáveis não têm tendência e nem constante.
A análise dos resultados econométricos para os efeitos da volatilidade dos preços da
commodity e da taxa de câmbio apresentaram os resultados, expressos na Tabela 4, obtidos
por meio da utilização dos dados secundários e do software Eviews.
Variável Coeficiente
CBOT 0,358843***
Resíduo(-1)^2 1,237718***
Considerações Finais
Por meio desse estudo, estimou-se os efeitos que os preços do millho da CBOT, a taxa
de câmbio e a volatilidade do período anterior tem nos preços do milho cotados na
BMF&Bovespa, no período de 2011-2015. Assim, como outros autores os resultados obtidos
foram similares, tanto para a commodity milho, como para demais commodities.
Obteve-se os resultados por meio do instrumeto econométrico, que esta bém ajustado.
Dessa forma, pode-se dizer que as variáveis explicam sim uma a outra, as mesma geram
efeitos positivos e negativos.
O efeito entre as variáveis é comprovado por meio do modelo ARCH, onde a taxa de
juros estando cotada em preços baixos aumenta os preços da commodity milho da
BM&FBOVESPA e, estando com cotação alta gera uma diminuição nos preços da commodity
milho. Os preços da CBOT, quando altos, geram um aumento nos preços da commodity
milho na BM&FBOVESPA.
O modelo demostra que quando os preços da commodity milho da BM&FBOVESPA
do período analisado oscilão, eles comprovam ser voláteis. Fazendo assim, com que preços
atuais tenham grandes oscilações para alguns períodos e para outros, calmaria.
Por fim, pode-se afirmar que as duas variáveis indenpendentes explicaram a variável
dependete preços da commodity milho da BM&FBOVESPA, e como suas próprias oscilações
do período fizeram efeitos, em si mesma, e demonstrando que no longo prazo não pode-se
estimar preços. Tem-se ainda a possibilidade, por meio do modelo GARCH , explicar os
riscos de um preço aumentar ou diminuir.
Referências Bibliográficas
O Perfil dos Consumidores das Feiras dos Agricultores Familiares de Júlio
de Castilhos
The profile Consumer Fairs Farmers Family Julio de Castilhos
MELLO1, Andressa Lúcia Pereira de; ALVES2, Ethyene de Oliveira; MOREIRA3, Jordano Pereira; COELHO4,
Juliano de Carvalho; BALEM5, Tatiana Aparecida, UGALDE6, Mariana Lobo
Resumo: A pesquisa objetivou o levantamento de dados e informações a cerca dos consumidores das feiras da
agricultura familiar do município de Júlio de Castilhos. A metodologia aplicada foi através de questionários
com perguntas mistas (objetivas e discursivas), assim tomando caráter de pesquisa qualiquantitativa. Foram
aplicados o total de 48 questionários, sendo 23 a consumidores da feira dos agricultores familiares que
acontece na sexta feira e 25 aos consumidores da FAPRA que acontece no sábado. Os resultados levantados
demonstram que o público que frequenta a feira é composto por pessoas de ambos os sexos, sendo que há uma
expressiva participação de pessoas mais jovens. Observouse ainda que 81,25% afirmam preferir produtos
orgânicos e agroecológicos. 62,5% frequentam semanalmente as feiras, o que confere uma relação de
fidelização entre agricultores e consumidores. A busca por qualidade diferenciada nos alimentos é o principal
condicionante do consumo nas feiras de agricultores. Essa qualidade pode ser expressa por questões materiais e
imateriais ou simbólicas. A confiança e as relações de reciprocidade entre agricultores e consumidores, também
são elementos importantes identificados. Um aspecto que chama a atenção é em relação aos produtos orgânicos
e agroecológicos, pois a maioria dos consumidores acredita ter a possibilidade de consumir os mesmos, no
entanto apenas alguns agricultores afirmam produzir dessa forma. No caso dos consumidores, as feiras se
configuram em um importante espaço de incentivo à alimentação saudável com oferta de alimentos frescos e a
propagação dos princípios de uma cultura alimentar ainda não esquecida ou completamente erodida. Por outro
lado, para os agricultores representa um importante espaço de comercialização de produtos típicos da
produção familiar.
Palavras chaves: Mercado de circuito curto, qualidade diferenciada, cultura alimentar, agricultura familiar.
Abstract: The research aimed to data collection and information about consumers of fairs of family farming in
the municipality of Julio de Castilhos. The methodology applied was through questionnaires with mixed
questions (objective and discursive), thus taking quantitative and qualitative character in research. Were applied
48 questionnaires, 23 in consumers of the fair of rural farmers that happened on Fridays and 25 questionnaires
in consumers of the fair FAPRA that happened on Saturdays. The results show that the public that frequent the
fair is composed of people of both sexes, and there is a significant participation of younger people. It was also
observed that 81.25% of the consumers prefer organic and agroecological products. 62.5% of consumers
frequent weekly the fairs, giving a loyalty relationship between farmers and consumers. The search for
differentiated quality of food is the main determinant of consumption in the fairs of farmers. This quality can be
expressed by material and immaterial or symbolic issues. Trust and relationships of reciprocity between farmers
and consumers, are also important elements identified. One aspect that stands out is in relation to organic and
agroecological products because most consumers believe consume this products, however only some farmers
produce that way. For consumers, the fairs are important spaces to encourage healthy eating with supply of
fresh food and the spread of the principles of a food culture that has not forgotten or completely eroded. On the
other hand, for farmers it is an important local market for typical products of household production.
Keywords: short circuit market, differentiated quality, food culture, family agriculture.
1
Autora e Apresentadora, Graduanda de CST em Agronegócio Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de
Castilhos, email: melloagro98@gmail.com.
2
Graduanda de CST em Produção de Grão Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos, Coautora.
3
Graduando de CST em Produção de Grão Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos, Coautor.
4
Graduando de CST em Agronegócio Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos, Coautor.
5
Dr. Professora Orientadora, Docente do Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos.
6
Dr. Professora Coorientadora, Docente do Instituto Federal Farroupilha Campus Júlio de Castilhos.
Introdução
A agricultura familiar pode ser considera um importante player no cenário nacional de produção de
alimentos e abastecimento interno, malgrado os processos históricopolítico de não priorização por parte do
Estado brasileiro desse público. As características culturais, produtivas, organizativas e políticas da Agricultura
Familiar e a sua importância na produção agrícola nacional, foram determinantes da luta por reconhecimento
dessa categoria (PICOLLOTTO, 2015) tanto nos fóruns acadêmicoscientíficos como políticos em nível nacional
nas últimas décadas, fato comprovado pelas diferentes políticas agrícolas voltadas para esse público que tem sido
implementadas recentemente (GRISA e SCHNEIDER, 2014).
A agricultura familiar brasileira tem suas raízes em diversas formas e evoluções sociais, abrangendo
desde os descendentes da imigração europeia até as comunidades indígenas. As diversas formas de AF guardam
semelhanças entre si, pois se aproximam nas formas e relações com os agroecossitesmas, propriedade, trabalho e
família. Porém, diferenciase na relação econômica e com os mercados e isso principalmente por consequência
da modernização que o setor agropecuário sofreu na história brasileira, deste modo, poderseia afirmar que a
agricultura familiar modificase conforme a sociedade se transforma (PADILHA, et al, 2005). Desde os meados
dos anos de 1980, começaram a surgir grupos de agricultores familiares que passaram a procurar novas
alternativas. Essas corresponderam ao desenvolvimento de estratégias de reprodução social, pautadas nas
potencialidades endógenas e na realidade vivenciada pelo grupo familiar, diversificando a produção, através da
implantação de pomares de frutíferas, bovinocultura de leite, horticultura, entre outros (PERES et. al., 2009).
Segundo Padilha et al. (2005) uma das estratégias produtivas da AF, relacionadas com a cultura
alimentar e o saber fazer intrínseco da pequena produção é a agroindústria familiar, artesanal ou de pequeno
porte, que no sul do País é uma realidade antiga. Nos últimos anos, a agroindustrialização presente na AF vem
envolvendo muitos técnicos e empresas de renome nacional, como por exemplo, a Embrapa, a Fepagro, e a
Emater, entre outras, na pesquisa e no treinamento de agricultores e agricultoras (PADILHA et al, 2005).
Desse modo, dentre as alternativas que os agricultores familiares encontraram para melhorar suas
condições de vida e de agregar valor à produção está a agroindustrialização da produção agropecuária. Peres et.
al. (2009) relata que a industrialização dos produtos agropecuários é uma alternativa para a sustentabilidade da
agricultura familiar. Vieira (1998) consta que a agroindustrialização rural se constitui, geralmente, a partir de
duas motivações mais comuns: a primeira, e mais frequente delas, é o aproveitamento de excedentes que o
agricultor não consegue colocar no mercado, seja por não atender aos padrões de comercialização ou por falta de
opções de mercado; a segunda motivação, também bastante frequente, surge quando das conjunturas
desfavoráveis de preço para sua produção agrícola e o produtor vê na agroindustrialização a maneira óbvia de lhe
adicionar valor.
Em territórios onde há influência da cultura de imigração europeia, os produtos locais são chamados de
coloniais, denominada aqui como identidade colonial. Para Guimarães (2011), essas regiões guardam os traços
identitários deixados pelos colonizadores europeus e esses ainda repercutem entre os atores sociais, estando
expressos no cotidiano das famílias, nas formas de vida, agricultura e gastronomia típica. Ou seja, é o resultado
do processo histórico de ocupação territorial. SILVEIRA et al. (2006) caracteriza como colonial o saberfazer
passado de geração a geração, transformado e materializado em produtos de significação identitária.
Para Guimarães (2011), a agroindustrialização de alimentos de caráter artesanal, como parte da
identidade cultural herdada, tem constituído importante alternativa de renda às famílias em complementaridade
às suas atividades agrícolas. Guimarães (2011, p. 30) afirma que a “a valorização das atividades de
processamento de alimentos de caráter colonial ocorre de forma dinâmica, onde se combinam a expansão e a
diversificação da produção artesanal de alimentos, característica do território, com a “recriação” de
agroindústrias artesanais”. A autora salienta que, ao mesmo tempo em que se valorizam saberes tradicionais,
passados de geração a geração, “há espaço para criação de novas oportunidades, não necessariamente existentes
do ponto de vista intergeracional, mas recriadas em função da existência de um mercado favorável à produção
artesanal de alimentos” (p. 30).
Para Estevam et al. (2015) no processo de consumo alimentar moderno, a confiança tem sido um
preceito que não se limita à relação de parentesco ou amizade entre produtor e consumidor. Assim, a
comercialização em feira se torna uma forma positiva pois permite o contato direto dos produtores com os
consumidores, estabelecendo relações de confiança, amizade e respeito, consequentemente de preferência e
credibilidade (ESTEVAM et. al. 2015).
Já se tratando do comportamento individual dos consumidores de alimentos, este vem passando por
mudanças ao longo dos anos, principalmente relacionado a aspectos sociais e culturais (NEUTZLING, et. al..
2010). Segundo o autor, diferentes estilos de vida, alterações tanto nas refeições como nos papéis familiares,
além de inovações trazidas pelas ciências como a biotecnologia e a química na composição destes alimentos.
Simultaneamente a esses fatores, observase o crescimento de novos tipos de apresentação e de distribuição de
alimentos em lojas, supermercados, feiras e diferentes pontos de venda (NEUTZLING, et. al.. 2010).
Neste contexto Neutzling et. al. (2010) afirma que é fundamental que a feira livre passe a ser percebida
como uma ação social de grande valor para a comunidade, pois, além de um patrimônio cultural da cidade e um
canal de comercialização diferenciado, ainda oferece uma alternativa econômica e social para muitos agricultores
familiares.
Algumas peculiaridades fazem das feiras livres um ambiente de comercialização singular, que atrai
consumidores até os dias de hoje. Dentre elas, a oferta de produtos diferenciados (produzidos de maneira quase
artesanal e em pequena escala) e as relações de amizade e confiança estabelecidas entre vendedores e
compradores ao longo do tradicional ato de “fazer a feira” (SALES, et al. 2011).
A forma de mercado de circuito curto da Agricultura Familiar mais presente no município de Júlio de
Castilhos são as Feiras Livres, uma acontece na na sextafeira e a outra no sábado, contando com produtores
distintos em tais. As feiras acontecem semanalmente. A feira de sextafeira ocorre nas instalações do Centro de
Comercialização e Lazer, rua ao lado da Praça João Vieira de Alvarenga, e no sábado nas instalações da Praça
Manoel Alvarenga.
Desta forma, por não haver maiores conhecimentos das feiras municipais de Júlio de Castilhos
realizamos uma pesquisa que visava o diagnóstico das feiras e a identificação do perfil dos consumidores das
mesmas. Esse trabalho é um recorte da pesquisa e visa discutir e identificar o perfil dos consumidores que
participam desta forma de comercialização de suma importância para o município.
Materiais e Métodos
No levantamento de dados foi utilizado questionários com perguntas mistas (objetivas e discursivas),
que abrangiam conhecimentos básicos dos produtos que estariam consumindo, quais características que levavam
os consumidores até a feira, e outras mais, que constam no questionário em anexo. Assim a pesquisa do referido
trabalho tornou um aspecto quantiqualitativa. A aplicação dos questionários foi realizada nos dias 3 e 4 de junho
de 2016, nas feiras de sexta e sábado, respectivamente. A feira da sextafeira é denominada Feira dos
Agricultores Familiares de Júlio de Castilhos, nesta foram questionados 25 consumidores, no dia 3. No dia
posterior foram aplicados 23 questionários na Feira do Abastecimento Popular da Reforma Agrária (FAPRA)
Os consumidores foram escolhidos ao acaso.
A análise qualitativa será orientada pela análise interpretativa. Para Gomes (2012) a análise
interpretativa busca a lógica interna dos fatos, dos relatos e das observações e os situa no contexto dos atores.
Para essa análise, seguiremos ao que Gomes (2012) recomenda:
1 A montagem da estrutura de análise e categorização dos conteúdos. A separação dos
conteúdos das entrevistas será efetuada em quatro grandes blocos, de acordo com os objetivos
específicos e, posteriormente, categorizadas em função das categorias de análise estabelecidas.
Essa categorização será dinâmica e, em muitos casos, a etapa seguinte de exploração do material
será realizada através da interpretação e paráfrase das falas registradas nas entrevistas.
2 Exploração do material. Para esse fim, identificaremos as ideias implícitas e explícitas nas
entrevistas, buscando os sentidos mais amplos, atribuídos às ideias, e realizaremos o cotejamento
com a teoria estabelecida. Através da análise destes dados possivelmente encontraremos os
principais avanços, questões ocultas e, não raro, reformularemos as categorias de análise.
3 A elaboração do documento final. Com o intuito de responder os objetivos propostos
sucederemos, de forma a dar corpo e face para o trabalho, respeitando os critérios de cientificidade
e a realidade concreta desvendada a partir das lentes estabelecidas. Ou seja, articularemos os
objetivos com a base teórica e os dados empíricos, como afirma ser necessário Gomes (2012).
Resultados e Discussões
As estratégias de comercialização de circuito curto, via de regra, são estratégias que possuem
características culturais, sociais e de reciprocidade, entremeadas com a relação de mercado. O processo de
globalização da economia ocorrido no final do século XX produziu o que Friedmann (1993) chama de
consolidação dos impérios alimentares e do modelo da comida global, onde ocorre a concentração do comércio
mundial de alimentos nas mãos de poucas empresas. Esse modelo de alimentação, onde vigoram os alimentos
processados e ultra processados, aliado ao marketing desenvolvido pelas empresas tem impactado a cultura
alimentar.
De acordo com Lang, Barling e Caraher (2009), as características da alimentação industrial foram
definidas pela indústria de alimentos. As tecnologias de armazenamento, transporte, embalagens e
processamento (conservação artificial com uso de produtos químicos), segundo os autores, possibilitaram o
advento da “comida global”. Assim, com os alimentos cada vez mais processados, as indústrias adquirem o
poder de impor aos agricultores as condições de produção e os produtos que devem ser comercializados e aos
consumidores, com o uso massivo do marketing, à indução do consumo (Ibidem).
Balem e Silveira (2015) discutem o processo de erosão da cultura alimentar, onde os alimentos cada vez
mais industrializados invadem a mesa dos consumidores, e as práticas alimentares tradicionais vão aos poucos
sendo substituídas por refeições rápidas e préprontas. Esse processo ocasiona um estreitamento da dieta
alimentar.
No entanto, apesar do advento da “comida global”, muitos consumidores ainda preferem consumir
produtos dos mercados locais, nesse sentido as estratégias “face a face” de mercado se configuram em uma
alternativa de consumo para os consumidores e de renda e atividade para os agricultores. o estreitamento das
relações entre agricultores e consumidores é percebido nas feiras estudadas, pois a maioria dos consumidores
prefere comprar sempre dos mesmos agricultores. Por outro lado os agricultores, ao conhecer as demandas dos
consumidores que atende, tendem a adequar a produção de acordo com os gostos dos mesmos.
Percebemos que o ato de “fazer feira”, discutido por Sales et al. (2011) é realizado por consumidores
de ambos os sexos. Embora teve predominância do gênero feminino, 27 entrevistados, o número de pessoas do
sexo masculino também é expressivo, ou seja, 21 dos entrevistados. Uma das hipóteses do trabalho era que os
consumidores de feira seriam pessoas de mais idade, pois acreditávamos que esse consumo estaria relacionado à
antigos hábitos alimentares. Por outro lado, a hipótese também se baseava em uma premissa discutida por
Bauman (2001), ou seja, o impacto da modernidade no hábito da vida das pessoas, assim supomos que os
consumidores mais jovens estariam menos presentes nas feiras, pois teriam hábito alimentar mais impactado e
erodido, utilizando a noção de Balem e Silveira (2015). No entanto, a faixa etária inferior a 50 anos totalizou 28
dos questionados, com destaque que 17 dos entrevistados se encontravam na faixa de 18 a 30 anos, idade esta
que apresentou maior densidade de consumidores, o que demonstra que os jovens estão despertando o
conhecimento pela alimentação saudável, contrariando nossa hipótese inicial.
Outro aspecto importante evidenciado é que 33, ou seja 68,75%, dos consumidores possuem
remuneração inferior a 4 salários mínimos mensais, o que evidencia que se alimentar de forma mais saudável
não é mais uma prioridade somente de pessoas com altas remunerações.
As Feiras de Júlio de Castilhos, no seu início, tiveram um maior investimento em marketing,
essencialmente na divulgação, via rádio. Talvez esse fato justifique o percentual de 29,16% dos questionados
afiermarem que conheceram a feira e foram até ela por meio das propagandas, 27,08% por possuírem residência
perto, 22,91% por meio de amigos, e os outros 20,85% representam os conhecedores através da família, vizinhos
e outros. Os 44% dos consumidores que conheceram a feira por intermédio de outras pessoas demonstram que os
mercados e as interações “face a face” produzem relações para além da feira, funcionando como um modo de
divulgação do mercado de circuito curto.
Os consumidores possuem uma fidelidade as feiras, pois 62,5% dos questionados (30 consumidores),
frequentam semanalmente as mesmas, assim considerando que a forma de comercialização “face a face” é uma
alternativa em municípios pequenos, pois por haver maior familiaridade com os agricultores, desenvolvemse
relações de confiança nos produtos a serem adquiridos. Além disso, esses espaços são os únicos onde os
consumidores podem adquirir produtos frescos, coloniais e com a identidade e cultura procurada pelos
consumidores. Como afirma Guimarães (2011) essas formas de mercado são construtoras de identidades
alimentares preservadas e recriadas. Além disso, de acordo com Estevam et. al. (2015), o contato “face a face”
reduz os custos de transição ao aproximar o produtor do consumidor, uma vez que é possível conhecer a origem
dos produtos.
Os produtos ofertados nas feiras são de grande quantidade e diversidade, como pode ser observado no
quadro 01. Observamos, desde a comercialização de hortifrutigranjeiros até agroindustrializados artesanalmente,
como panificados, doces, geleias, produtos de origem animal, além disso, a comercialização de grãos como
feijão, ovos, mel e carnes. Salientando que é mais expressivo é o consumo de hortifrutigranjeiros, pois se
considera que os mesmos recebam tratamento diferenciado aos que estão disponíveis nos mercados
convencionais. os consumidores acreditam que esses produtos recebem porções menores de agroquímicos no
processo produtivo, o que confere aos mesmos maior qualidade e saudabilidade.
Além disso, os panificados, embutidos e ovos possem uma expressante venda em função da
caracterização colonial (Quadro 01). Essa questão dialoga diretamente com o que Guimarães (2011) aponta, ou
seja, a preservação da identidade alimentar, expressa através do produto caracterizado como colonial. Ainda há
uma procura significativa por mandioca, batata doce e ovos.
Quadro 1: Relação entre o número de consumidores e os produtos produtos adquiridos nas feiras
Produtos Consumidos nas Feiras Feira de Agricultores familiares FAPRA Total
Hortifrutigranjeiros 17 23 40
Feijão 7 6 13
Temperos 7 8 15
Pescados 3 2 5
Panificados 12 11 23
Embutidos 7 10 17
Batata / Mandioca 11 4 15
Doces 8 9 17
Conservas 3 3 6
Compotas 3 1 4
Ovos 13 13 26
Leite 4 6 10
Queijo 8 11 19
Milho verde 9 4 13
Outros 2 2 4
Obs: Cada questionado pode assinalar mais de um produto.
Quando abordados sobre quais produtos gostariam de encontrar nas feiras os únicos produtos que
obtiveram uma expressabilidade maior foram o mel e melado; a falta ou deficiências destes produtos se dá em
função de que nosso município não possui grande expressão no cultivo da canadeaçúcar, no caso do melado. Já
o mel são poucos os agricultores que se dedicam a essa atividade, além disso a expressiva presença da lavoura de
soja no município (86 mil hectares, segundo IBGE, 2015) confere uma realidade agrícola e de uso de
agroquímicos nada favorável a apicultura.
Os consumidores, ao optarem pela consumo de produtos de feira buscam produtos de maior qualidade,
com identidade, origem, que transmitam confiança, além disso, consideram o preço. Cabe salientar que 81,25 %
dos consumidores afirmaram que o critério principal na escolha da feira em vez de outro mercado é a
possibilidade de encontrar produtos de maior qualidade. O critério de qualidade pode ser descrito como
orgânicos ou agroecológico, ou com menos agroquímicos, fresco e bem conservado, para os produtos in natura.
No caso dos processados a qualidade está relacionada diretamente com as características dos produtos
agroindustrializados artesanalmente ou coloniais, como são chamados nessas feiras, nesse caso, além do sabor e
das características simbólicas do produto, ainda é necessário considerar a ausência de produtos químicos que são
encontrados nos alimentos similares produzidos pelas grandes industrias alimentares. Essa qualidade dialoga
diretamente com a produção artesanal e com a característica “caseira”, ou seja, aquela forma de fabricar que
pode ser repetida em casa, que é lembrada como o alimento que a mãe ou a vó fazia, presente no imaginário dos
consumidores. São alimentos com os quais, de alguma forma cultural, os consumidores se identificam.
De acordo com Friedmann (2005), a completa globalização e transnacionalização da indústria alimentar
levam à crença de que todo o mercado seria globalizado e controlado por grandes e poucos complexos
transnacionais de controle da alimentação. No entanto, inúmeras iniciativas de mercados que valorizam mais os
atributos dos alimentos locais e sustentáveis contrariam essa lógica, a autora chama isso de contramovimento, ou
seja, movimentos contrários ao padrão hegemônico. Para Wiskerke (2009), a globalização e a industrialização do
abastecimento alimentar não desligaram o alimento por completo do seu contexto sociocultural e territorial,
elementos essenciais para a construção de uma proposta de paradigma alternativo. A busca por produtos
diferenciados nas feiras corroboram com a discussão da Friedmann (2005) e Wiskerke (2009). Apesar disso,
cabe salientar que muitos consumidores acreditam consumir produtos orgânicos ou agroecológicos (98%), no
entanto não são todos os agricultores que produzem dessa forma. ainda cabe salientar que 81,25% dos
consumidores questionados possuem preferência por produtos orgânicos e até mesmo 66,66% pagariam mais
caro para tal alimento. Essa questão demonstra um consumidor mais consciente, disposto a consumir alimentos
livres de produtos químicos e uma agricultura que não está apta a atender esse consumidor.
Ao considerar os critérios elencados como decisivos na compra de produtos das feiras são nítidas as
peculiaridades de confiança que os agricultores passam aos consumidores. No entanto, um aspecto negativo é
que os consumidores acreditam ter a possibilidade de consumir produtos orgânicos, o que não pode ser
comprovado com o instrumento aplicado nos agricultores. No entanto, mesmo ocorrendo essa questão, cabe
salientar que os agricultores de modo geral afirmam utilizar poucos produtos químicos na produção. Os
agricultores que afirmam não utilizar agroquímicos e produzir de forma orgânica não possuem certificação,
como determina o MAPA, de acordo com a Lei 10.831, de 31 de dezembro de 2003 que dispõe sobre a
agricultura orgânica e dá outras providências. Essa questão, novamente vem ressaltar as relações estabelecidas
no mercado “face a face”, principalmente a confiança, onde apenas o processo de interação construído basta para
o consumidor.
Considerações Finais
Afim de não esgotar o presente assunto consideramos que ainda há muitos aspectos que podem ser
estudados e analisados nas feiras da agricultura familiar de Júlio de castilhos, pois aqui apenas foi avaliado os
consumidores. No entanto, apenas da dimensão estudada é possível considerar sobre a importante função social
que a feira possui, tanto para os agricultores envolvidos, como para os consumidores. No caso dos consumidores,
as feiras se configuram em um importante espaço de incentivo à alimentação saudável com oferta de alimentos
frescos e a propagação dos princípios de uma cultura alimentar ainda não esquecida ou completamente erodida.
É necessário salientar que a busca por qualidade diferenciada nos alimentos é o principal condicionante
do consumo em feiras de agricultores. Essa qualidade pode ser expressa por questões materiais e imateriais ou
simbólicas.
A qualidade material pode ser traduzida por produtos de sabor diferenciado, alimentos frescos e com
maior saudabilidade. A saudabilidade se refere a alimentos que recebem uma quantidade menor de produtos
químicos, quando comparados com os alimentos ofertados pelos mercados convencionais. Nesse ponto reside
um dos principais problemas observados no ato de “fazer feira”, uma intenção, vontade e às vezes crença por
parte do consumidor em consumir alimentos orgânicos e agroecológicos, e uma agricultura familiar que ainda
não pode atender esse quesito.
A qualidade imaterial ou simbólica se refere às características do produto colonial e estão diretamente
relacionadas à cultura alimentar local e à busca por parte dos consumidores, de alimentos com identidade e
diferentes dos alimentos similares encontrados em mercados convencionais. Essa qualidade dialoga diretamente
com a produção artesanal e com a característica “caseira”, ou seja, aquela forma de fabricar que pode ser repetida
em casa.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
MODERNIZAÇÃO RURAL DO RIO GRANDE DO SUL: UMA ANÁLISE DO
DESENVOLVIMENTO DOS MUNICÍPIOS NO ANO DE 2006
Lauana Rossetto Lazaretti¹, Patricia Batistella², Elen Presotto², Claílton Ataídes de Freitas³
Resumo: A modernização rural é sinônimo de aumento da produtividade dos estabelecimentos agrícolas. Assim, ao
contribuir para o aumento da produção essas novas técnicas acabam por acentuar as desigualdades econômicas e
sociais neste setor. Em função disto, o objetivo do presente trabalho foi analisar o impacto exercido pela
modernização rural sobre a renda agrícola, a concentração de renda (Índice de Gini) e o desenvolvimento dos
municípios do Rio Grande do Sul (IDESE). Para tanto, utilizou-se a análise fatorial, para identificar os fatores
comuns associados ao grau de modernização do setor agropecuário em cada município gaúcho. Constituídos os
fatores, estimou-se três modelos econométricos do tipo cross-section para identificar os efeitos da modernização,
mensurados pelos fatores comuns, para cada indicador proposto (renda, Índice de Gini e IDESE). Confirmou-se a
hipótese de que um aumento na modernização rural acarreta aumento na renda nos estabelecimentos rurais.
Ademais, verificou-se, também, que a concentração de renda aumenta com fatores de modernização, especialmente
aos ligados ao crédito rural. E, para com o desenvolvimento, um elevado grau de modernização contribui
negativamente para o índice de desenvolvimento socioeconômico dos municípios.
1. INTRODUÇÃO
A adoção de inovações e técnicas avançadas de produção são marcos de vários estudos. O aumento da
produtividade, da qualidade e diferenciais de mercado cada vez mais são objetivos do setor produtivo. No setor
agropecuário, de modo específico, esses avanços tecnológicos também são difundidos. Os produtores que adotam
técnicas modernas em suas propriedades se destacam frente aos produtores que as não utilizam.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Segundo a Fundação de Economia e Estatística (FEE), nos últimos anos o Rio Grande do Sul apresentou
aumento no Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE1), especialmente porque os municípios das áreas
com colonização caracterizado por pequenas propriedades obtiveram desempenho médio superior à média dos
demais municípios (FEE, 2016). O município de Carlos Barbosa atingiu o índice de 0,882 em 2013, sendo o
município com o maior IDESE do estado, seguido por Água Santa (0,868) e Nova Bossano (0,866).
O Rio Grande do Sul é caracterizado por possuir uma ampla diversidade regional e vasta área rural,
responsável por grande parte das exportações gaúchas, somente o complexo soja corresponde cerca de 20% do total
das exportações do estado (MDIC, 2016). Os dados do censo demográfico (2010) apontam que cerca de 14,90 % da
população do Rio Grande do Sul reside na zona rural.
Sabendo da representatividade do meio rural tanto para fomentar a produção de alimentos, quanto para gerar
desenvolvimento econômico e social por meios de suas técnicas de produção e qualidade de vida da população, o
trabalho busca analisar a influência da modernização rural na renda, na concentração de renda e no desenvolvimento
do estado, adotando como unidades de análise, os municípios do Rio Grande do Sul (RS).
A hipótese principal é a existência de concentração de renda agrícola, vinculada aos municípios com maior
índice de modernização, projetando também índices de desenvolvimento socioeconômicos mais baixos. Para a renda
agrícola, a hipótese fundamental é que ocorra aumento com maior grau de modernização.
Com isto, o trabalho retrata o seguinte problema de pesquisa: Qual a relação entre a modernização rural, a
renda média, a concentração de renda e o desenvolvimento dos municípios do Rio Grande do Sul?
Ricardo (1982) relata que o produto da terra consiste no que se obtém da superfície, empregando a
combinação de trabalho, maquinários e capital. Para a realização da produção, existem três classes da sociedade
envolvidas, o proprietário de terras, o dono do capital e os trabalhadores. Em cada classe da sociedade, o produto é
dividido de forma diferente, e dependerá, entre outros meios da habilidade, da engenhosidade e dos instrumentos
empregados na agricultura.
Ao tratar do desenvolvimento da maquinaria Marx (2014) relata que ela é um meio de produzir mais-valia.
A economia capitalista para o autor é influente para a acumulação de riqueza e consequentemente para a acumulação
de miséria. No entanto, após a economia clássica e marxista, a economia neoclássica deteve-se no estudo do
mercado, enquanto outras questões ficaram em segundo plano. Foi a partir da Segunda Guerra mundial que
retornaram as questões de distribuição de renda e desenvolvimento, período que se destacaram ideias
como as de Lewis (1969) de não convergência da renda.
Lewis (1969) foi uns dos primeiros autores a abordar a existência de oferta de mão de obra ilimitada, nos
países onde a população é numerosa em relação ao capital e os recursos naturais. Essa oferta se limita ao deparar-se
com a mão de obra especializada, visto que em economias mais desenvolvidas o conhecimento é maior. Para o autor,
a mudança na implantação de investimentos direcionados para a agricultura, por exemplo, mudará somente quando
há conhecimento, caso contrário continua-se usando as técnicas antigas. Para Martine (1991) a viabilização de
implantação de novas técnicas possui requisitos, como informação, atitudes empresariais e capacidade de
endividamento.
O emprego de capital e máquinas, e como novas técnicas são implantadas na produção estão diretamente
ligados com o volume de produtividade (RICARDO, 1982). Hoffmann e Kageyama (1985) entendem a
modernização rural como a tecnologia, as relações sociais, o grau de monetarização e a presença de financiamentos
por vias institucionais com o intuito de implantar novas técnicas de produção. Assim, a modernização ao empregar
insumos modernos como máquinas, equipamentos, fertilizantes e corretivos, leva ao aumento das produtividades do
trabalho e da terra.
Segundo Delgado (2001), como reação do estatuto da terra, foi criado no Brasil, em 1967, o Sistema
Nacional de Crédito Rural com o intuito de fomentar a produção agropecuária. Além deste instrumento Martine
1Trata-se de um índice sintético que abrange um conjunto amplo de indicadores sociais e econômicos (como
Educação, Saúde e Renda) com o objetivo de mensurar o grau de desenvolvimento dos municípios do Estado.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
(1991) ressalta, também, a importância de políticas agrícolas como de preços mínimos, do seguro rural e de subsídios
como fundamentais para o processo de modernização da agropecuária no País.
O sucesso e o insucesso do desenvolvimento das regiões não possui uma definição certa, no entanto Cargnin
(2014) ressalta que as desigualdades possuem influência relevante no desenvolvimento. O autor ressalta a
importância do papel do Estado na formação de políticas públicas, afim de aumentar os benefícios do
desenvolvimento para população.
Kageyama (1982) explana que o crédito subsidiado brasileiro chegou aos produtores viabilizando a
modernização, mas a falta de planejamento da distribuição de recursos favoreceu grandes propriedades. Desta forma,
a modernização está diretamente ligada a ganhos de produtividade e escala, no entanto os impactos negativos
predominam entre as classes menos favorecidas. A expansão da tecnologia significou concentração fundiária e
concentração de renda (PINTO e CORONEL, 2014).
O progresso tecnológico diminuiu a capacidade dos trabalhadores de buscarem aumentos de salários, o que
acarreta menos homogeneização social2. Assim, o processo de modernização alavanca a concentração de renda e
riquezas e retarda o processo de desenvolvimento. O Estado possui ação orientadora para diminuir as
heterogeneidades, seja através de uma estratégia educacional ou creditícia. (FURTADO, 1990).
A distribuição de renda é um fator importante ao se abordar desenvolvimento. Mas, a definição de
desenvolvimento é ampla e se difere para vários autores. O ponto de partida do estudo de desenvolvimento abordado
por Furtado (2003, p. 103) caracteriza-o como: “a transformação do conjunto das estruturas de uma sociedade em
função de objetivos que se propõe alcançar essa sociedade”.
Partindo desta visão ampla do desenvolvimento, Evans (1996) deixa claro o papel do estado na busca do
desenvolvimento. Para o autor, o desenvolvimento é alcançado a partir de investimentos seletivos nas áreas de maior
carência. Com isto, é possível verificar que o desenvolvimento não é homogêneo para todos os municípios depende
de várias de características, sejam elas institucionais, econômicas ou sociais. E, a modernização rural não contribui
positivamente para a melhoria dos índices de desenvolvimento econômico dos municípios.
Neste sentido, ao considerar o desenvolvimento rural no Rio Grande do Sul, Conterato et al. (2008),
propuseram um índice de desenvolvimento rural (IDR). Isso possibilitou que os autores caracterizassem o
desenvolvimento rural como um processo multifacetado e multidimensional e distinto entre regiões. Desta forma, é
possível notar que o desenvolvimento rural do estado é exógenamente desigual, mas endogenamente harmonioso
(PINTO E CORONEL, 2014; CONTERATO ET AL., 2008).
3. METODOLOGIA
As variáveis utilizadas para determinação da modernização rural foram escolhidas conforme a literatura e
trabalhos já realizados sobre o tema. Os dados utilizados na análise fatorial foram extraídos do Censo Agropecuário
de 2006, disponível no sistema IBGE. Tratam-se de dados cross-section para os 460 municípios do Rio Grande do
Sul.
As variáveis utilizadas como indicadores de modernização, ponderadas pelo número de estabelecimentos
agropecuários, foram:
X1= Área colhida (Hectares); X2= Área de pastagens (Hectares); X3= Valor dos bens (Reais); X4= Número
de estabelecimentos com empregados permanentes (Unidades); X5= Financiamento (Mil Reais); X6= Área plantada
nas lavouras temporárias (Hectares); X7= Número de estabelecimentos que utilizaram aeronave na aplicação de
agrotóxico (Unidades); X8= Valor das despesas com sementes, agrotóxicos, medicamentos, sal e rações (Mil Reais);
2 Refere-se a membros de uma sociedade que satisfazem de forma apropriada as necessidades de alimentação,
vestuário, moradia, acesso a educação, ao lazer e a um mínimo de bens culturais. (FURTADO, 1990).
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
X9= Valor dos investimentos (Reais); X10= Valor das despesas totais (Mil Reais); X11= Valor das despesas adubos
e corretivos (Mil Reais); X12= Número de estabelecimentos com uso de irrigação (Unidades); X13= Número de
máquinas e implementos agrícolas existentes (Unidades); X14= Número de estabelecimentos com depósitos e silos
para guarda da produção de grãos (Unidades); X15= Número de meios de transporte utilizados (Unidades); X16=
Número de estabelecimentos com empregados temporários contratados no ano (Unidades); X17= Número de
estabelecimentos com tratores (Unidades); X18= Área plantada nas lavouras permanentes (Hectares).
A variável renda foi extraída do Censo Agropecuário de 2006. Como se trata da renda agrícola total do
município, ela foi ponderada por número de trabalhadores existentes no mesmo, visto que é a informação disponível
no Censo Agropecuário do presente ano. O Índice de Gini utilizado para medir a concentração de renda é calculado
pelo DATASUS. O cálculo do índice é realizado através do Censo demográfico, que não possui o mesmo ano que o
agropecuário, logo, visto não haver mudanças relevantes entre os anos de 2000 e 2010, utilizou-se a variável
referente ao ano de 2010. O índice de desenvolvimento IDESE, foi extraído da FEE.
A extração de dados para analisar a modernização, consiste em um amplo conjunto de variáveis, Hoffmann
e Kassouf (1989) e Freitas, Paz e Nicola (2007) utilizaram variáveis indicadoras do grau de modernização como
crédito, área plantada, colhida, por tipo de lavoura, despesas, número de pessoas ocupadas, máquinas e
equipamentos, valor dos bens, entre outros.
Existe um grande número de indicadores associados ao processo de modernização agropecuária no Rio
Grande do Sul. Assim, se conjuntamente tais indicadores estivessem presentes em uma regressão poderia gerar
problemas de colinearidades elevadas entre os regressores, o que afetaria a eficiência dos estimadores, sem contudo,
evidentemente, não afetar a consistência. Contudo, na busca de modelos econométricos mais parcimoniosos, buscou-
se reduzir a dimensão desses regressores, via análise fatorial.
Fávero et al. (2009) destacam a importância da análise fatorial para captar um número pequeno de fatores
comuns que representam um amplo conjunto de variáveis. A extração dos fatores foi realizada pelo método de
Análise de Fatores Comuns (AFC), o qual possibilita utilizar a maior variância total explicada pelo conjunto dos
indicadores. Os fatores foram rotacionados através do método VARIMAX. Cabe ressaltar, que os fatores não são
correlacionados entre si, ou seja são fatores ortogonais (FÁVERO ET AL. 2009).
Realizada a extração dos fatores, é necessário identificar os escores fatoriais para cada município do Estado
do Rio Grande do Sul. Os escores fatoriais são constituídos através do Método Bartlett. De posse do número de
fatores que explicam a maior parte da variância dos indicadores, passa-se para a estimação da influência dos fatores
nas variáveis dependentes em questão.
De acordo com a teoria econômica, prevalece a ideia do impacto negativo da modernização no
desenvolvimento. O método utilizado é o dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), com dados de corte
transversal ( cross-section). Segundo Wooldridge (2010), é necessário que o modelo atenda as hipóteses de Gauss-
Markov, com vista que o MQO seja o melhor estimador linear não viesado. Definidos os fatores comuns e seus
respectivos testes os modelos econométricos são especificados da seguinte forma:
Sendo que, é a renda média agrícola por trabalhador, é o índice de concentração de renda, o
é o índice de desenvolvimento socioeconômico do Rio Grande do Sul, 1é o fator de modernização intensivo
na exploração da terra, 2é o fator intensivo na produtividade da terra, 3 é o fator é intensidade do uso de
instrumentos avançados e o 4 é o fator intensidade da relação lavoura permanente/trabalho e ( )² significa uma
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
função quadrática na análise, o subscrito i indica o i-ésimo município na amostra. Os fatores que indicam
modernização são os Fatores 1 e 3.
Além da análise da significância dos parâmetros, evidenciada através da estatística t e teste de exclusão de
variáveis, foram realizados testes de Heterocedasticidade (White), de Colinearidade (FIV) e de correta especificação
do modelo (RESET).
Para verificar a adequação da análise fatorial, torna-se necessário examinar a estatística KMO e o teste de
esfericidade de Bartlett.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Antes de proceder a estimação dos fatores comuns, faz-se necessários realizar os testes de KMO e de
Barlett. O índice de KMO analisa a existência de correlações entre as variáveis, sendo que zero não existe correlação
e um existe, o valor do teste no modelo incide em 0,72, que indica dados consistentes. E o teste de Barlett (p-valor:
0,000), rejeita a hipótese nula da matriz de correlações ser identidade, o que indica que há correlação entre as
variáveis. (FÁVERO, 2009).
Como os testes foram favoráveis à aplicação da análise fatorial, passa-se, então, para a estimativa dos
fatores comuns já rotacionados. A partir dos dezoito indicadores analisados, foi possível extrair quatro fatores. Esses
fatores foram capazes de captar 63,19% da variância das variáveis.
O primeiro fator consiste no agrupamento das variáveis 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e X8 que pode ser chamado
de “intensidade da exploração da terra”. O fator 2 pode ser considerado como “intensidade da produtividade da
terra”, devido estar relacionado com as despesas de insumos e corretivos agrícolas, os quais aumentam a quantidade
produzida, neste fator estão as variáveis X9,X10 e X11.
As variáveis 12, 13, 14 e 15, representam o terceiro fator caracterizado como “intensidade do uso de
instrumentos avançados”. E o quarto fator agrupa as variáveis 16, 17 e X15, que representam a “intensidade da
relação lavoura permanente/trabalho”.
O teste Fatores de Inflacionamento da Variância (FIV), foi significativo para todos os parâmetros do
trabalho. O teste White para medir heterocedasticidade, evidenciou a presença de homocedaticidade. E no teste de
especificação do modelo demonstrou a especificação correta, para todos os modelos propostos.
Todas as variáveis dos modelos apresentados abaixo possuem significância estatística a um nível de 5%,
com exceção do Fator 2 e 3 quando analisado contra o índice de Gini, são significativos a somente 15%.
A modernização da agricultura é analisada principalmente em seu caráter tecnológico e a algumas relações de
produção. A modernização visa aumentar a produtividade dos estabelecimentos, bem como aumento da renda do
agricultor. Desta forma, a primeira análise consiste em verificar a interação dos fatores de modernização para com a
renda.
Verifica-se que todos os fatores incluídos na análise provocam efeitos positivos sobre a renda por
trabalhador. Assim, as variáveis presentes nos Fatores 1, 2 e 4 tiveram impactos positivos sobre a renda do agricultor
Especificamente, o Fator 1, o qual retrata exploração da terra, maior área plantada e colhida, empregados
permanentes, financiamentos, valor dos bens e utilização de aeronave na aplicação de agrotóxicos. O fator 2 retrata
produtividade da terra, investimentos e despesas com corretivos e adubos. E o fator 4, apresenta variáveis como
empregados temporários e lavouras permanentes. Pelo teste F de incremento de variável o Fator 3 pode ser excluído
do modelo.
Esses resultados corroboram com Martine (1991) ao constatar que novas técnicas são implantadas quando
há informação, atitudes empresariais, níveis educacionais mais elevados e capacidade de endividamento e provocam
aumento da renda.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
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A renda é uma variável importante, mas somente a partir dela não é possível analisar a situação da
distribuição de renda no meio rural, uma das dimensões do desenvolvimento econômico. Por essa razão, faz-se a
regressão da influência da modernização rural no índice de Gini.
Na análise de regressão dos fatores de modernização contra a variável índice de Gini, é possível observar
que quando há um aumento do Fator 1, o índice de Gini aumenta inicialmente, mas depois de certo ponto o índice
passa a diminuir. Para o fator 4, ocorre o oposto, inicialmente um aumento dele provoca diminuição da concentração
de renda, no entanto após dado aumento a concentração passa a aumentar.
Para medir o índice de Gini, adota-se o nível quanto menor melhor, pois mais baixo será o nível de
concentração de renda. A abscissa do ponto máximo da função quadrática do Fator 1, trata-se de 6,00, sendo que
apenas três municípios possuem o índice de modernização acima deste valor. Pode se afirmar que o Gini cresce com
o 1 no intervalo onde quase 100% dos municípios estão situados. A função quadrática do Fator 4 possui um ponto
crítico quando ele é 5,00, como existem somente três municípios acima deste valor, em cerca de todos os municípios
uma elevação no Fator 4 provoca diminuição da concentração de renda.
O Fator 2, que possui a variável investimento provoca um aumento da concentração de renda. Conforme já
relatado por Kageyama (1982), Martine (1991), Hoffmann e Kageyama (1985) e Delgado (2001), o crédito é
importante para a modernização, a grande questão estava entorno de como esse crédito chegava até as famílias
menos favorecidas, ou seja, a concentração de renda que ele provoca e as desigualdades.
Ressalta-se que o Fator 2, o Fator 3 e a renda, possuem influências menores sobre o GINI, quando
comparados aos Fatores 1 e 4, e o Fator 2 e 3 possuem significância estatística a apenas 15%. O Fator 3, que inclui
técnicas avançadas de produção contribui para a diminuição da concentração de renda. Com relação à renda é
possível identificar que um aumento de R$1.000,00 provocará uma subtração do índice de Gini de 0,002 pontos
percentuais. Essas variáveis conjuntamente são significativas para o modelo, no entanto ao serem analisadas
individualmente, não apresentam significância relevante para aprofundamentos da analise no modelo.
O aumento do GINI, a partir do aumento consecutivo da modernização, esta de acordo com vários estudos
já realizados na área. Pinto e Coronel (2014), também ressaltam a contribuição da modernização para a concentração
de renda. Para Furtado (2000) a demanda é indispensável para o fechamento do ciclo econômico e para o
desenvolvimento, o que está diretamente ligado à distribuição de renda.
O IDESE mede o índice de desenvolvimento econômico dos municípios, considera fatores como a renda, a
saúde e a educação. Conforme Todaro e Smith (2009), essa análise multidimensional se faz importante, pois o
desenvolvimento não engloba apenas a renda como a visão neoclássica. A análise de regressão foi realizada,
inicialmente, com todos os fatores da modernização rural, no entanto, após realizar o teste F (visando testar a
permanência das variáveis no modelo), as únicas variáveis conservadas no modelo foram o Fator 1 e o Fator 3 nas
suas formas originais e quadráticas, respectivamente.
Para analisar a variável dependente IDESE, atribui-se quanto maior o índice melhor, pois mais desenvolvido
será o município.
Ambos fatores possuem uma função quadrática, ou seja, o Fator 1 e 3 até dado ponto de máximo possuem
influência positiva no aumento do desenvolvimento, no entanto quando a modernização se eleva o índice de
desenvolvimento dos municípios começam a sofrer decréscimos. O desenvolvimento possui vários aspectos,
Hoffmann e Kageyama (1989) também relatam a importância de outros fatores (econômicos, sociais ou políticos)
que promovem o desenvolvimento e minimizam as desigualdades. No entanto, para a análise de algumas dimensões
do desenvolvimento aqui analisadas a partir da modernização conforme objetivo do trabalho pode-se dizer que
quando ocorre um forte incremento no processo de modernização agropecuária, tem-se um impacto negativo no
desenvolvimento desse setor, ou seja, pode se considerá-la um fator de diminuição do desenvolvimento econômico
quando a modernização for muito elevada.
Em estudo realizado, Conteratto et al. (2009) identifica que principalmente em época de intensa mudança
institucional e tecnológica os processos de modificação social não ocorrem com a mesma intensidade em todas as
microrregiões gaúchas.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
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Furtado (1990) destaca que a inserção de progresso técnico para aumento da produtividade, conduz a um
bloqueio da passagem do crescimento para o desenvolvimento. A redução da heterogeneidade social não ocorre com
a modernização. O mercado por si só, não é capaz de realocar fatores.
5. CONCLUSÕES
A modernização rural torna-se um assunto relevante e complexo ao ser analisada sob a perspectiva de se
alcançar maior patamar de desenvolvimento do Rio Grande do Sul. O uso de técnicas avançadas é capaz de gerar
aumento da produtividade, no entanto a sua propagação até os níveis de desenvolvimento da população pode gerar
reflexos negativos.
Os fatores de modernização rural contribuem para o aumento da renda. O Fator 1 de intensidade de
exploração da terra influência consideravelmente para o aumento da concentração da renda, e o Fator 4 de
intensidade da relação lavoura permanente/trabalho colabora para a diminuição da concentração de renda dos
municípios. Um elevado nível de modernização diminui o desenvolvimento socioeconômico do município.
Frente aos resultados propostos cabe ressaltar a importância de programas agrícolas, que possam diminuir o
quadro de efeitos negativos da modernização rural para agricultores com baixo nível tecnológico em suas
propriedades. A intervenção do Estado de modo geral, se torna respeitável para o setor primário do Rio Grande do
Sul.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1
Universidade Federal de Pelotas, stefanie.herbsthofer@yahoo.com.br
2
Universidade Federal de Pelotas
³Universidade Federal de Pelotas
⁴Universidade Federal de Pelotas
Resumo. A diversificação e a especialização da produção agrícola são temas bastante discutidos atualmente no
setor rural, e representam uma escolha decisiva para os agricultores. O artigo aqui proposto busca relacionar
esses temas com dados colhidos por profissionais da extensão rural em propriedades produtoras de tabaco no
território Centro Sul do Rio Grande do Sul, a fim de identificar o que leva os agricultores a se especializarem
nessa cultura.
Abstract. The diversification and the specialization of agricultural production are themes very discussed
currently in the rural sector, and represent a crucial decision for farmers. The article here proposed seeks to
connect these themes with data collected by agricultural extension professionals in tobacco producing
properties on the South Central territory of the Rio Grande do Sul, in order to identify what leads the farmers to
specialize in this cultivation.
Introdução
Segundo PLOEG (2008), a agricultura pode ser conceituada a partir de três grupos díspares,
porém inter-relacionados: a agricultura camponesa, a agricultura empresarial e a agricultura
capitalista. Os dois primeiros grupos estão intimamente conectados com os temas de
especialização e diversificação.
A agricultura camponesa se baseia no uso sustentado do capital ecológico, e considera a
defesa e o melhoramento das condições de vida dos camponeses. Ela apresenta como
principais características a multifuncionalidade, a mão-de-obra familiar, a posse das terras e
dos meios de produção por parte dos familiares, e a produção voltada não só para o mercado,
mas também para a reprodução da unidade agrícola e da família.
Já a agricultura empresarial é essencialmente baseada no capital financeiro e industrial,
expandindo-se através do aumento de escala, com produção altamente especializada e voltada
para o mercado (PLOEG, 2008).
Essa dinâmica entre especialização e diversificação pode ser observada em ambientes
empíricos como em produtores familiares, por exemplo das propriedades produtoras de tabaco
do território Centro Sul/RS.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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Este artigo, que compõem parte de uma linha de pesquisa do Núcleo de Estudo do
Agronegócio, objetiva caracterizar a dinâmica da especialização dos agricultores que cultivam
tabaco buscando quais fatores possuem maior significância nessa vertente de produção.
Metodologia
As informações de campo para este texto foram retiradas do banco de dados sobre o tabaco,
sistematizado e codificado por uma equipe da UFPel, utilizando o software SPSS - Statistical
Package for the Social Sciences.
Esses dados são provenientes de entrevistas realizadas pela equipe de ATER da Emater/RS,
em visitas de diagnóstico a 960 agricultores familiares produtores de tabaco dentro dos
municípios de Dom Feliciano, Chuvisca, Camaquã, Cerro Grande do Sul, Barão do Triunfo,
São Jerônimo e General Câmara (COTRIM, 2016).
Resultados e discussão
De maneira geral, a análise dos dados nos mostra que para a maioria dos produtores
entrevistados, o tabaco representa acima de 75% da renda, e essa faixa tem como
características a plantação de até 50.000 pés de tabaco, possuindo a integração e a existência
de dívidas com a indústria fumageira, e estão a até 20 anos na atividade do fumo.
Conclusões
COTRIM, D.S. ett all A caracterização dos agricultores familiares que cultivam tabaco no território
Centro-Sul/RS. SOBER, 2016
PLOEG, J. D. van der. Panorama geral. In: PLOEG, J. D. van der. Camponeses e Impérios Alimentares: lutas
por autonomia e sustentabilidade na era da globalização. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2008. Cap. 1, p. 17 –
31.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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Percepções do varejo supermercadista sobre sustentabilidade:
evidências/análise do setor no município de Aquidauana, Mato Grosso do
Sul, Brasil.
Christiane M. Pitaluga(UFMS)christiane.pitaluga@ufms.br
Luiz Filipe Araújo da Silva Cozer(UFMS)lipe1412@hotmail.com
Caroline P. Spanhol Finocchio(UFMS) caroline.spanhol@ufms.br
Katianny Gomes Santana Estival (UFMS)ksgestival@uesc.br
Resumo.
Debates a favor do meio ambiente têm sido cada vez mais frequentes na atual conjuntura mundial, bem como as
relações de troca envolvendo consumidores e empresas, assuntos esses que se mantiveram por muito tempo no
esquecimento devido à busca perene por parte das empresas em apenas se conseguir uma maior
competitividade no mercado. Exemplo disso é o setor do varejo supermercadista, que tem se voltado cada vez
mais para o desenvolvimento sustentável. Assim, muitos grupos já deram o start para novas estratégias
relacionadas à conquista desse modelo, pois perceberam o impacto que suas atividades podem causar, tanto no
meio ambiente como para a sociedade. Esse entendimento ocorreu devido ao fato de que o varejo exerce o papel
de mediador, pois este, como nenhum outro setor, é tão próximo dos consumidores finais e dos fornecedores e
sua influencia na cadeia produtiva pode ser usada de maneira positiva, agindo como agente transformador em
toda sua área de extensão e fomentando consumidores e fornecedores a adotarem práticas de responsabilidade
socioambiental. A pesquisa teve como objetivo central entender a percepção dos proprietários dos principais
varejos supermercadistas da cidade de Aquidauana/MS quanto o consumo sustentável e qual o papel que eles
podem exercer quanto a questões em torno da sustentabilidade. Para tanto, o estudo consistiu em uma pesquisa
descritiva, exploratória e qualitativa. As ferramentas para a coleta dessas informações foram as entrevistas
semiestruturadas aplicadas aos proprietários dos seis principais supermercados da cidade de Aquidauana/MS
em Junho de 2016. Contudo, a pesquisa revelou que o varejo supermercadista da referida cidade encontra-se no
início de atividades orientadas às essas questões e há muito ainda o que se fazer para que essas práticas
responsáveis junto ao meio ambiente sejam alcançadas, tanto por parte da cadeia varejista quanto por parte
dos consumidores. Os varejistas revelaram que reconhecem que a temática em volta da sustentabilidade se faz
relevante e cada vez mais presente na pauta das discussões dos grandes players. Entretanto, verificou-se pouca
disposição em planejar ações que visem estimular novos hábitos de consumo e também na aquisição de
produtos que contemplem atributos ligados a sustentabilidade, uma vez que foram unânimes em alegar que o
perfil de seus consumidores não está vinculado às preocupações em consumir produtos sustentáveis.
Abstract.
Debates in favor of the environment have been increasingly frequent in the current global environment and the
terms of trade involving consumers and businesses, subjects those who remained long forgotten due to the
perennial search for companies in just achieve greater competitiveness. One example is the retail supermarket
industry, which has turned increasingly to sustainable development. So many groups have given the start for
new strategies related to the achievement of this model, because they realized the impact that their activities can
cause, both in the environment and for society. This understanding was due to the fact that retail plays the role
of mediator, because this, like no other sector is so close to the end users and suppliers and their influence in the
production chain can be used in a positive way, acting as an agent along its entire length area and encouraging
consumers and suppliers to adopt environmental responsibility practices. The research had as main objective to
understand the perception of the owners of the major supermarket retailers in the city of Aquidauana / MS as
sustainable consumption and what role they can play as the issues surrounding sustainability. Therefore, the
study was a descriptive, exploratory and qualitative research. The tools for gathering this information was the
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semi-structured interviews applied to the owners of the six major supermarkets in the city of Aquidauana / MS in
June 2016. However, the survey revealed that the retail supermarket of that city is at the beginning of activities
aimed at these issues and there is much still to be done to those responsible practices with the environment are
met, both by the retail chain and by consumers. Retailers revealed that recognize that the issue around
sustainability is relevant and increasingly present on the agenda of discussions of major players. However, there
was little willingness to plan actions aimed at stimulating new consumption habits and also the acquisition of
products that include attributes related to sustainability, since they were unanimous in claiming that the profile
of its consumers is not tied to concerns in consuming sustainable products.
Introdução
As discussões relacionadas ao meio ambiente têm sido cada vez mais frequentes na
atual conjuntura mundial, bem como nas relações de troca envolvendo consumidores e
empresas (BATTISTELLA, VELTER e GROHMANN, 2012). Nesse contexto, nota-se que o
desenvolvimento sustentável tem sido visto como um modelo alternativo desejado,
operacionalizado pelas iniciativas de responsabilidade socioambiental no campo empresarial
(BUARQUE, 2008).
Os movimentos sociais e as discussões relacionadas sobre a necessidade de mudança
nos padrões de produção e consumo e a manutenção da vida no planeta, vão ao encontro do
conceito de desenvolvimento sustentável, que tem como premissa o fato de que se deve haver
uma harmonização das diferentes visões que envolvem a esfera social, econômica e ambiental
visando atender as necessidades da atual geração sem que se comprometa a satisfação das
necessidades das gerações vindouras (ELKINGTON, 2001; SACHS, 2007; WCDE, 1987).
No Brasil, pesquisas relacionadas ao desenvolvimento sustentável surgiram na década de
1990, a partir de discussões em torno da conservação do meio ambiente e da conjuntura social
e econômica que a sociedade passava naquele momento (SOUZA; RIBEIRO, 2013).
A temática que versa sobre o desenvolvimento sustentável, de modo geral, está inclusa
em diversos debates nas diversas esferas governamentais e em programas regionais, porém o
que se percebe é que esta ainda não se firmou nos níveis estratégicos das empresas, o que
consequentemente, não a torna prioridade para as mesmas (CORAL, 2002). Conforme Peattie
(2007), para que se consiga a incorporação dos desafios pertinentes a essa forma de
desenvolvimento, é necessário que essa visão seja incorporada nas práticas de gestão,
considerando que as atuais estruturas de produção e consumo não são sustentáveis e precisam
ser melhores regidas para que seja alcançado o êxito no desenvolvimento sustentável.
Cruz, Pedroso e Martinet (2007), ao analisar o setor do varejo supermercadista,
afirmaram que muitos grupos empresariais já deram o start nas estratégias voltadas para o
desenvolvimento sustentável, pois perceberam o impacto que suas atividades podem causar,
tanto no meio ambiente como para a sociedade de modo geral. Diversos países, tais como a
Alemanha, já aderiram ao modelo de varejo sustentável como exemplo tem-se uma startup
que criou o primeiro supermercado sem embalagens no mundo. A ideia do estabelecimento
partiu do pressuposto de que o cliente pudesse levar seu próprio recipiente para guardar as
suas compras, portar uma embalagem de papel reciclável ou, em última instância, fazer o
empréstimo de um recipiente (HYPENESS, 2014).
No Brasil um exemplo de adesão às práticas sustentáveis surgiu no Distrito Federal,
em 2014, uma empresa do varejo supermercadista anunciou sua primeira loja sustentável, em
que toda a infraestrutura foi pensada exatamente para a redução de consumo de energia e água
e tem como intuito mitigar os danos causados ao ambiente e ainda fazer o engajamento da
própria comunidade nessa tarefa (HYPENESS, 2014).
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O varejo, ao exercer o papel de mediador entre os fornecedores e os consumidores
finais, pode influenciara cadeia produtiva de maneira positiva nessa questão, agindo como
agente transformador, ao estimular os consumidores e fornecedores a adotarem práticas de
responsabilidade socioambiental (BELINKY, 2006).
Considerando o relevante papel do varejo supermercadista nesse contexto, surge a
presente investigação que tem como objetivo principal analisar apercepção do varejo
supermercadista na cidade de Aquidauana/MS quanto ao consumo e práticas sustentáveis.
Busca-se, também, entender como o varejo pode contribuir para a sustentabilidade, justificada
pela relevância mundial da temática, uma vez que tem sido uma pauta amplamente debatida
em diversos segmentos não apenas do Brasil, mas permeando também o âmbito varejista dos
grandes players internacionais.
1A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), realizada em junho
de 1992 no Rio de Janeiro, marcou a forma como a humanidade encara sua relação com o planeta. Disponível
em: <http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/rio20/a-rio20/co.aspx>. Acesso em 21 jul. 2016.
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mercadorias ou presta qualquer tipo de serviço a um consumidor final para o seu consumo,
tanto pessoal como doméstico, a organização estará exercendo uma função de varejo. Sabe-se
que o setor varejista está presente há muito tempo na história da humanidade. O ato de
negociar mercadorias segue o ser humano desde muito tempo, que foi desde métodos
primitivos de troca, evoluindo até o mercantilismo, o momento em que aconteceram os
primeiros movimentos de trocas monetárias, chegando até as formas conhecidas no contexto
atual, como dinheiro, cheques cartões de credito, entre outros (PRESTUPA, 2008).
Cardoso (2008), explana a despeito do papel que o varejo pode exercer afirmando que
a posição em que ele está na cadeia de valor, entre a produção e o consumo, ele pode se
manter atuando nas duas posições. Na primeira pode induzir seus fornecedores a mitigar seus
problemas sociais e ambientais na sua cadeia de produção e na extração de produtos e no
segundo, contribuir para a disseminação da cultura do consumo sustentável para as pessoas
menos informadas, tanto na oferta de produtos quanto por meio de informações em seus
pontos de vendas.
No Brasil, de acordo com Deloitte (2009), esse segmento é visto como crescente,
diversificado, com concorrência acirrada e que já atravessou diversos momentos da economia,
dentre eles, taxas de inflação elevadas e constante necessidade de mudança nas estratégias,
visando não apenas a minimização de custos, mas também a sua extensão a níveis regionais,
distribuindo filiais especializadas e aumentando a sua cadeia de grupos em um nível nacional.
Parente (2009), evidencia que os arquétipos de consumo ligados às atividades varejistas têm
impactado significativamente no meio ambiente, considerando que os níveis de consumo no
mundo estão cada vez mais elevados.
Assim, impulsionar atitudes e práticas sustentáveis em conjunto com membros
externos e internos facilita e coloca em evidência a autenticidade e a reputação no mercado,
além de ainda aproximar a empresa com a comunidade local bem como a contribuição na
criação de líderes que atuem como dirigentes e proporcionem maior visibilidade da empresa
no julgamento das pessoas (ALIGLERI; ALIGRELI; KRUGLIANSKAS, 2009).
Para Mendes (2012, p. 44), “o varejo oferece serviços e vende produtos de outras
empresas, assim esse modelo de negócio não era responsável pelas consequências da
comercialização dos seus produtos, e muito menos pela preservação do meio ambiente”.
Contudo, para que os varejistas consigam atuar de maneira responsável a cerca da
sustentabilidade empresarial é necessário levar em consideração três importantes aspectos
(UNEP, 2011, apud DELAI; TAKAHASHI, 2013): I) A gestão de seus próprios impactos em
torno da sustentabilidade fazendo um planejamento e elaborando sistemas de gestão
ambiental, visando à conservação de energia, água e até mesmo programas relacionados à
reciclagem. II) Gerenciamento da sua cadeia de suprimentos para que se desenvolvam
produtos com características sustentáveis, o incentivo para mecanismos de produção mais
limpos e até mesmo o uso de preceitos sustentáveis para que se selecionem fornecedores. III)
Reeducação dos clientes, por meio de ensinamentos sobre o que vem a ser o consumo
sustentável e seus impactos no meio em que estão inseridos, o estimulo a aquisição de
produtos sustentáveis bem como o uso e descarte devido de produtos, entre outros.
2. METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se como qualitativa quanto à abordagem e
bibliográfica e exploratória quanto aos objetivos. Foram realizados levantamentos em
diversos periódicos, dissertações, revistas, livros, como também artigos publicados em jornais
e congressos visando ampliar o entendimento e propiciar uma visão mais clara a respeito das
ações do varejo em relação à sustentabilidade. A pesquisa exploratória proporcionou um vasto
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estudo em livros de marketing cujos temas estavam estreitamente relacionados com a
sustentabilidade e com o comportamento do consumidor sustentável, visando maior
entendimento do assunto.
O método dedutivo orientou o desenvolvimento de uma análise de forma mais
abrangente, identificando as principais teorias relacionadas com a temática do
desenvolvimento sustentável, varejo e consumo sustentável, para que se chegasse ao
entendimento do varejo quanto às suas práticas sustentáveis e conseguir trazê-lo para a
realidade da cidade de Aquidauana/MS.
A pesquisa qualitativa permitiu visualizar, compreender e fazer a interpretação, por
meio de entrevistas semi-estruturadas realizadas com seis proprietários do varejo
supermercadista, com uma duração média de aproximadamente vinte minutos com cada
varejista, estes representando os maiores estabelecimentos da referida cidade, objetivando a
busca de um maior entendimento sobre as práticas de sustentabilidade no varejo. O
levantamento ocorreu em junho de 2016 e os estabelecimentos foram selecionados de acordo
com a classificação ACNIELSEN (2004), que enquadra os supermercados de acordo com seu
número de check-out, ou seja, os supermercados de porte pequeno e médio têm de 05 a 09
check-outs, foram analisados. Quanto ao tratamento dos dados, a análise se apoiou na técnica
de análise de conteúdo (BARDIN, 1977), cujo consistiu em uma pré-análise em torno da
leitura geral extraído por meio das entrevistas com proprietários do comércio varejista,
conforme apresentada neste trabalho.
A partir das entrevistas junto aos proprietários dos principais supermercados varejistas
da cidade de Aquidauana/MS quanto ao seu entendimento de consumo sustentável, constatou-
se que eles consideram como uma questão ainda incipiente na visão do varejo, mas
reconhecem a sua importância diante da atual conjuntura mundial, dado ao crescimento do
consumo desenfreado que se evidencia nas últimas décadas, indo ao encontro do pensamento
de Parente (2009). O referido autor destaca que os atuais hábitos de consumo ligados às
atividades varejistas têm impactado significativamente no meio ambiente, considerando que
os níveis de consumo no mundo estão cada vez mais elevados. Porém, os varejistas afirmaram
que são totalmente dependentes das grandes indústrias e fornecedores, e que não há muito que
se fazer por parte deles, pois o papel que eles exercem consiste apenas na distribuição, e que
os fornecedores não transmitem informações necessárias para que eles possam disseminar
essa mudança de hábitos junto aos consumidores.
Entretanto, Cardoso (2008), apresenta um posicionamento diferente quanto ao papel
do varejo, esta entende que como o varejo está posicionado na cadeia de valor entre a
produção e consumo, este pode se manter atuante nas duas posições respectivamente. Na
primeira induzindo seus fornecedores a mitigar seus problemas sociais e ambientais na sua
cadeia de produção e na extração de produtos e na segunda, contribuindo para a disseminação
da cultura do consumo sustentável para as pessoas menos informadas, tanto com produtos,
quanto por meio de informações em seus pontos de vendas. Os entrevistados também
afirmaram que para tomarem alguma iniciativa neste sentido, eles precisam perceber alguma
demanda proveniente dos seus consumidores.
Perguntados sobre a realização de algum tipo de pesquisa direcionada a seus
consumidores visando investigar se houve alguma mudança nos seus hábitos de compras e se
eles estão preocupados com assuntos relativos ao meio ambiente e sua proteção, todos os
proprietários, de forma massiva, responderam que nunca fizeram nenhum tipo de indagação
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
para seus consumidores e que também nunca sofreram algum tipo de questionamento por
parte deles a despeito de ações voluntárias ou práticas de proteção ambiental.
Outro questionamento para os proprietários consistiu em verificar o que eles pensavam
sobre a comercialização de produtos sustentáveis em seus estabelecimentos. Assim, na visão
deles, isso é algo positivo, porém é um investimento que pode haver um grande risco, porque
esse tipo de produto possui um valor agregado e estes precisariam fazer um estudo mais
amplo de mercado, descobrir o universo de consumidores que estariam dispostos a pagar por
tais produtos e outro fator evidenciado quanto a essa restrição de comercializar esses
produtos, é que os próprios varejistas precisariam verificar se seus concorrentes também
adeririam a essa prática comercial, para assim analisarem se a ação foi absorvida
satisfatoriamente pelos consumidores, para que então ajam de forma similar, e não percam
mercado por não terem um segmento disposto a adquirir esses produtos.
Quanto às atitudes, ações e/ou práticas sustentáveis adotadas pelas empresas, os
proprietários afirmaram que não há no momento nenhuma sendo executada, mas que já
tomaram algumas iniciativas em relação à restrição quanto ao fornecimento das sacolas
plásticas. Outra informação relevante consistiu na prática de alguns estabelecimentos
comercializarem outros tipos sacolas, bem como também distribuírem sacolas retornáveis
gratuitamente. Foi destacado por um dos entrevistados que além das ações discorridas acima,
este já adotou uma estratégia temporária de realizar promoções para àqueles os consumidores
que não fizessem o uso das sacolas plásticas. Contudo, cabe destacar que todos os varejistas
foram unânimes em afirmar que esta ação se configurou muito mais como um modismo do
que propriamente uma alteração nos hábitos dos consumidores. Segundo os varejistas, a
cultura é um elemento muito marcante e presente e assim entende-se que levará um tempo
considerável até que ela seja dissipada para que se possam construir novos hábitos de
consumo. Por outro lado, ações de menor impacto foram verificadas, dos seis supermercados
pesquisados, quatro varejistas disponibilizam suas embalagens para as cooperativas de
reciclagem da região, o que demonstra claramente um sinal de comprometimento nessa
questão, já que o varejo produz uma quantidade significativa de embalagens sem o correto
destino final e que em diversas situações não são adequadamente reaproveitadas.
Por fim, as entrevistas permitiram afirmar que os principais varejistas da cidade de
Aquidauana/MS até se sensibilizam com as questões relacionadas a sustentabilidade, bem
como de seus respectivos impactos em toda a cadeia de valor e com as ações em prol da
construção de uma cidade que respeite os novos ordenamentos mundiais. Entretanto, cabe
destacar que as ações ainda são tímidas por parte dos supermercadistas, uma vez que
prevalece o pensamento de que a função primordial do varejo consiste apenas na distribuição
e comercialização de produtos, e que a variável preço ainda é vista como um atributo
fortemente decisivo no momento das compras pelos seus consumidores, estes que, na visão
dos supermercadistas, também não se configuram como agentes dispostos a pagar um preço
premium por tais produtos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, estevan.munoz@ufsc.br
2
Professor do Departamento de Sociologia e dos Programas de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) e em
Desenvolvimento Rural (PGDR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
pauloniederle@gmail.com
Resumo. A relação produção-consumo ganha cada vez mais complexidade no seu atual período pós-fordista
nos mais diversos setores econômicos. A partir da dinâmica de reestruturação produtiva desse período, as
empresas especializam-se na diferenciação de seus produtos e serviços, assim como os consumidores assumem
cada vez mais um papel de protagonismo na definição dos valores percebidos para a tomada de decisão sobre o
que consumir. Tais transformações também se expressam nos alimentos. Tendo esse debate como pano de
fundo, o presente artigo analisa as principais correntes que tratam dos sistemas agroalimentares, elencando
seus marcos analíticos: Economia Industrial, Economia Institucional e Economia Política. Observa-se uma
diversidade de interpretações para um mesmo fenômeno, o que representam as heterogeneidades das realidades
dos diversos sistemas agrários existentes.
Abstract. The production-consumption relationship is becoming increasingly complex in its current post-
Fordism period in various economic sectors. From the productive restructuring dynamics of this period,
companies are specializing in the differentiation of their products and services, and consumers are increasingly
taking a leading role in defining the values perceived for decision making about what to consume. These
changes also express with the food. Having this debate as a backdrop, this article analyzes the main currents
dealing with agrifood systems, listing their analytical frameworks: Industrial Economics, Institutional
Economics and Political Economy. There has been a diversity of interpretations of the same phenomenon, which
represent the heterogeneities of the realities of the various existing farming systems.
A relação produção-consumo ganha cada vez mais complexidade no seu atual período
pós-fordista nos mais diversos setores econômicos. A partir da dinâmica de reestruturação
produtiva, as empresas especializam-se na diferenciação de seus produtos e serviços, assim
como os consumidores assumem cada vez mais um papel de protagonismo na definição dos
valores percebidos para a tomada de decisão sobre o que consumir.
Tais transformações também se expressam nos alimentos. Inúmeras inovações
ocorrem nas esferas de produção, processamento, distribuição e consumo, representando o
debate dos sistemas agroalimentares.
Entretanto, a compreensão desse fenômeno ocorre de maneira diversa e, por vezes
contraditória, pelas distintas lentes da ciência. Nesse contexto, o presente artigo objetiva
analisar as principais correntes que tratam dos sistemas agroalimentares. O trabalho está
organizado em duas seções, além desta introdução. Na seção dois, analisam-se os sistemas
agroalimentares a partir de três matrizes teóricas: Economia Industrial, Economia
Institucional e Economia Política. Na última seção são apresentadas algumas considerações
finais.
1 Destaca-se que esta classificação é utilizada para facilitar uma abordagem analítica.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Na perspectiva da Economia Industrial, encontra-se uma abordagem associada com a
literatura organizacional que envolvem, principalmente, as escolas de administração,
economia e engenharias, tal como a ‘Supply Chain Management’, que também se expressam
(com diferenças) no debate de Global Commodity Chain, Global Commodity Value’e Filiére
(GEREFFI, 2001).
Gereffi (2001) identifica quatro dimensões que devem ser analisadas na ‘Commodity
Chain’: 1. Estrutura entrada-saída (o processo de transformação de matérias primas em
produto acabado); 2. A territorialidade (ou escopo geográfico); 3. A estrutura de governança;
e 4. O contexto institucional.
Para esta corrente, os Sistemas Agroalimentares são representados pela governança
competitiva dos agentes econômicos das cadeias produtivas que estão envolvidos no processo
de produção, processamento, distribuição e consumo de massas, por meio de análises
setoriais. Neste aspecto, a lógica do agribusiness se insere de forma adequada.
Inicialmente circunscritos a uma dimensão espacialmente local e temporalmente
imediata, os alimentos transformaram-se em commodities que circulam globalmente e
transcenderam a perecibilidade tornando-se bens de consumos duráveis, segundo Friedmann
(2000), mediante os processamentos agroindustriais coordenados por empresas
multinacionais.
Bosch Iribarren (1981) comenta que as características desse mercado se incluem no
que a teoria econômica neoclássica classifica como Concorrência Monopolística para os
produtos agroindustriais e de Oligopolista para as cadeias produtivas.
A leitura da Economia Industrial possui como pano de fundo a liberalização comercial
dos países capitalistas (ideário neoliberal), o papel-chave de empresas transnacionais líderes
que coordenam o processo e a baixa importância do Estado como ente regulador, dado o
processo de internacionalização da produção e que se torna cada vez mais integrada em
sistemas globais coordenados que podem ser caracterizados como produtor-coordenador e
comprador-coordenador das cadeias de commodities (WILKINSON, 2008; GEREFFI, 2001;
BAIR, 2005).
De acordo com Wilkinson (2008, p. 155):
[...] essa onda de transnacionalização proporciona uma transformação do ambiente
concorrencial, que leva a maiores níveis de eficiência e a pressões tanto sobre custos
quanto sobre um maior ritmo de inovações e modernização tecnológica.
A maior expressão desse processo, segundo Wilkinson (2008), está no chamado fenômeno
da ‘supermercadização’, representado pelos super e hipermercados, que revolucionaram as
vendas do varejo e, não apenas dominaram a etapa da distribuição de alimentos
(especialmente dos processados), como se consolidaram como segmento de maior Valor
Agregado da cadeia produtiva.
Na perspectiva da segunda corrente de interpretações dos Sistemas Agroalimentares
adotada no presente trabalho, destaca-se a Economia Institucional, onde uma série de
abordagens buscam ressaltar a complexidade contemporânea do rural, suas relações sociais,
bem como suas formas distintas de organização econômica que buscam escapar ao controle
direto do capital, contando diretamente com o apoio dos arranjos estatais e as organizações da
sociedade civil.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Nesse aspecto, associados principalmente com uma literatura da sociologia,
antropologia e geografia, esse debate destaca mais os aspectos simbólicos e imateriais do
enraizamento de territórios, autenticidade e as singularidades dos alimentos. Aqui se
encaixam, dentre outras, a teoria dos Sistemas Alimentares Localizados (SIAL), Redes Sócio-
Técnicas, Teoria Ator-Rede e as Redes Alimentares Alternativas.
Essas abordagens criticam o estruturalismo exacerbado das perspectivas associadas à
Economia Política, em especial do Sistema-Mundo, bem como a perspectiva produtivista
associada à Economia Industrial, que se preocupa centralmente com a competitividade dos
arranjos empresariais voltados à produção e consumo de massas. Murdoch et. Al. (2000),
afirmam que essas abordagens não são capazes de compreender as especificidades da
produção local e os aspectos que valorizam a qualidade e a segurança do alimento.
Com leituras diferenciadas, essas teorias possuem uma perspectiva pós-fordista e
centralmente buscam destacar o papel de agência dos atores sociais (produtores e
consumidores) para a diferenciação dos alimentos produzidos e comercializados em nichos de
mercado, associados ao enraizamento de seus territórios, cultura, identidade, reciprocidade,
bem como na construção social dos padrões de qualidade e dos mercados que buscam ser
legitimados (MURDOCH et. Al, 2000; PONTE e GIBBON, 2005; MARDSEN et. Al., 2000).
Tal debate vai ao encontro do que Goodman (2002) denomina de ‘Quality Turn’, em
que a questão agroalimentar se relocaliza e caminha em direção à qualidade como um valor
associada na confiança, na tradição local e novas formas de organização econômica. Esse
debate também se expressa na ideia de McMichael (2016) na dualidade de ‘comida de
nenhum lugar’ versus ‘comida de algum lugar’.
Atualmente verifica-se uma crescente tendência de produções diferenciadas que levem
em consideração as características expressas pelo ‘Quality Turn’, que se apresentam nas mais
diversas formas como produtos artesanais, tradicionais, caseiros, coloniais, orgânicos,
agroecológicos, solidários, com indicação geográfica, sustentáveis, religiosos, sem
transgênicos, Fair trade, Slow Food etc.
De forma concomitante às transformações nas cadeias de produção alternativas,
importantes alterações vem ocorrendo na esfera do consumo onde a relação passiva do
consumidor do período fordista, passa para um posicionamento pró-ativo na busca de
produtos e serviços além da variável preço. Questões como denominação de origem,
segurança alimentar e nutricional, impactos sociais e ecológicos e outras, passam a ser
valorizadas no processo de tomada de decisão sobre o que consumir.
Desse modo, é possível vislumbrar importantes transformações na dinâmica tanto de
produtores, quanto consumidores de alimentos, que conformam redes agroalimentares
alternativas que podem ser conceituadas como “comunidades de práticas reflexivas” onde se
buscam criar novos espaços simbólicos e materiais em relação aos alimentos e à construção
de mercados (CASSOL e SCHNEIDER, 2015).
Por fim, a terceira leitura desse debate adotada no presente trabalho se insere na
perspectiva da Economia Política, que observa as transformações do capitalismo e analisa de
forma crítica os impactos nos Sistemas Agroalimentares, se destacando a teoria do Sistema-
Mundo e as abordagens marxistas (WALERSTEIN, 1979).
Nesse sentido, Friedman e McMichael (1989) utilizam o conceito de ‘Regimes
Alimentares’ para traçar um quadro geral de referência histórica das transformações do
capitalismo, entendida a partir da perspectiva da alimentação.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Os autores classificam três Regimes Alimentares: 1. O chamado primeiro regime
alimentar, constituído no período final da hegemonia britânica (1870 - 1914); 2. O segundo
regime alimentar, correspondendo ao período “fordista” centrado na hegemonia americana no
pós - II Grande Guerra (1947 - 1973); 3. O terceiro regime alimentar que ocorre a partir de
1980 com característica liberal produtivista e corporativa, também compreendida na literatura
como pós-fordista.
Ramos e Junior (2001, pág. 1), destacam que:
O conceito de Regime Alimentar proposto por Friedman e McMichael (1989) com
base na teoria regulacionista procura ressaltar as relações sistêmicas entre as dietas
alimentares e os fenômenos econômicos e políticos no nível global, que resultaram
na formação dos Estados Nacionais do século XIX e na expansão mundial das
relações capitalistas, com a consequente construção de um sistema agroalimentar
mundial.
Vale destacar que a abordagem dos Regimes Alimentares sofreu inúmeras críticas.
Embora tenha caído em desuso a partir do avanço das estratégias de diferenciação dos
alimentos, especialmente na distribuição varejista, atualmente há a retomada de seus
referenciais analíticos diante do momento atual da globalização financeira, da
commoditização dos alimentos e das críticas das teorias muito focadas no localismo.
Desse modo, Friedman e McMichael (1989) apontam que vivemos no 3º. Regime
Alimentar, no qual o processo de produção e consumo de alimentos está amplamente
integrado aos Complexos Agroindustriais coordenados por empresas multinacionais
globalizadas pertencentes ao capital financeiro.
Nesse sentido, Cabeza (2010, p.2) afirma que:
En esta etapa, los procesos de producción, distribuicción y consumo alimentario se
integran por encima de las fronteras estatales; de modo que las formas de gestión de
las organizaciones empresariales que modulan la dinâmica del sector contemplan
ahora al acceso, tanto a los recursos como a los mercados, a escala mundial (global).
3. Considerações Finais
Por meio de uma breve análise das principais correntes teóricas que analisam os
sistemas agroalimentares – economia industrial, economia institucional e economia política -,
foram elencadas seus marcos analíticos para a compreensão do complexo fenômeno que
envolve da produção ao consumo de alimentos.
Para a corrente da Economia Industrial, a comercialização global de alimentos e
commodities, representam os significativos avanços dos processos produtivos, logísticos e de
gestão, amparada pelo prisma da competitividade. Nessa perspectiva, as grandes empresas são
os players centrais, enquanto o Estado possui pouca importância.
Para a corrente da Economia Institucional, a produção e o consumo massificados pelas
grandes corporações não dão conta de compreender as especificidades dos consumidores no
período pós-fordista e não levam em consideração as relações sociais estabelecidas no
território pelos atores sociais. Nessa perspectiva, o papel de agência dos atores sociais, as
experiências localizadas amparadas pelo Estado e organizações da sociedade civil são
centrais.
Para a corrente da Economia Política, a evolução dos sistemas agroalimentares está
fortemente submetida à lógica do capitalismo contemporâneo e, portanto, sujeito às suas
contradições. Desta forma, o alimento se transforma em mercadoria e a estruturação das
cadeias produtivas globais tem como objetivo a busca de crescimento e acumulação infinita
de capital das grandes empresas independentemente dos custos sociais e ecológicos. Nessa
perspectiva, o Estado necessita assumir o papel de regulação dos sistemas agroalimentares.
Diante das heterogeneidades dos sistemas agrários, a compreensão dos Sistemas
Agroalimentares de forma crítica a partir das três correntes propostas – Economia Industrial,
Economia Institucional e Economia Política, quando associadas à questão agrária e à questão
ambiental, pode encontrar na agroecologia uma alternativa de reestruturação parcial da
complexa relação de produção & consumo contemporâneo, levando-se em consideração a
realidade da pequena agricultura. São agendas de pesquisas interessantes que se colocam para
a temática.
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2 Mazoyer (2010) aponta um importante instrumento analítico para se compreender o fenômeno da agricultura
no mundo com a definição de “sistemas agrários” que permite identificar a ocorrência de vários tipos de
agricultura, cada qual com sua complexidade, transformações históricas e diferenciação geográfica. Ou seja, um
sistema agrário é a classificação arbitrária de uma modalidade de fazer agricultura de acordo com os fatores
apresentados.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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1
Pós-graduando em Especialização em Agronegócio, Unipampa, fidorneles@gmail.com
2
Graduando em Zootecnia, Bolsista PET Agronegócio, Unipampa
3
Doutoranda em Agronegócio, UFRGS
Resumo. As profundas mudanças nas várias dimensões da vida social e econômica, juntamente com o despertar
das preocupações com a questão ambiental repercutiram diretamente na compreensão moderna da relação
sociedade/natureza, em que considera o homem e a natureza ocupando polos opostos. Neste sentido, frente à
emergência do debate que acerca a relação homem natureza, emergem pautas sobre o processo de
desenvolvimento e crescimento econômico das nações no âmbito da sustentabilidade. O presente artigo objetiva
analisar os desdobramentos acerca da questão ambiental no âmbito do agronegócio, a partir da discussão da
relação sociedade/natureza. Adotou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica. Observou-se a partir da
construção histórica da relação sociedade/natureza que problemas ambientais produziram uma série de
mudanças, seja na sociedade civil que, ainda timidamente está sensível a problemática ecológica, seja no
Estado e no mercado com suas estratégias. Consideramos que muitos foram os avanços e desafiadores são os
limites permeiam as discussões e as práticas do meio ambiente. Ademais, é possível concluir uma modificação
no modo de se produzir no setor do agronegócio a partir do momento em que a sustentabilidade é percebida
como uma ação de entrada nos mercados internacionais e uma estratégia de competitividade.
Abstract. The profound changes in the various dimensions of social and economic life, along with the
awakening of concerns about the environmental issue reverberated directly in the modern understanding of the
society/ nature that considers man and nature occupying opposite poles. In this sense, opposite the emergence of
the debate about the relationship with nature, emerge guidelines on the development and economic growth of
nations in the area of sustainability. This article aims to analyze the developments regarding the environmental
issue in the agribusiness, from the discussion of the society / nature. It was adopted as the methodology
literature. It was observed from the historic building of the society / nature that environmental problems have
produced a number of changes, whether in civil society, timidly is sensitive to ecological issues, and is in the
state and the market with their strategies. We believe that there have been many advances and challenging the
limits permeate discussions and environmental practices. Moreover, it is possible to conclude a change in
producing mode in the agribusiness sector from the moment that sustainability is perceived as an entry action in
international markets and a competitiveness strategy.
Introdução
Desde antes das décadas de 1960 e 1970, muitos eram os questionamentos levantados nas
discussões a respeito da problemática ambiental, seja no que se refere às diversas concepções
de natureza, seja no relacionamento que as sociedades estabelecem com a mesma, seja ainda
nas relações entre homens, homens e a produção e apropriação desigual do tempo e do
espaço. Todavia, essas indagações acerca da sobrecarga imposta pela sociedade industrial ao
ambiente limitavam-se a um debate e medidas mitigantes em escala local. O autor Jacobi
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(2003) destaca que a partir da Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental
realizada em Tsibilisi (EUA), em 1977, iniciou-se um amplo processo em nível global
orientado para criar as condições que formem uma nova consciência sobre o valor da natureza
e para reorientar a produção de conhecimento baseada nos métodos da interdisciplinaridade e
nos princípios da complexidade. Já na segunda metade do século XX emerge um contexto
efetivamente diverso, em que a ciência e a tecnologia se aperfeiçoam em velocidade acelerada
e intensa, com um poder de transformação da natureza nunca antes registrado na história
humana, assistimos à produção das implicações sócio ambientais, mas também a
sensibilização de grupos sociais, políticos e agentes econômicos para a questão da
insustentabilidade ambiental frente a reprodução da sociedade industrial em nível global.
Enfatiza-se que por longos anos o homem usou descontroladamente os recursos que a
natureza ofereceu, sem nenhuma preocupação com o futuro. Entretanto, a partir do momento
em que começou a ser questionada a permanência desses recursos, vários conceitos surgiram
em prol do meio ambiente e sua sustentabilidade por intermédio da renovação natural. No
momento isso só será possível se o próprio ser que o utiliza souber fazê-lo, preservando,
renovando, incentivando e buscando meios de desenvolver sustentabilidade contínua.
(SANTOS; VALENÇA, 2011)
Ainda assim, com a grande expansão da indústria e da produção de alimentos para atender
uma demanda, principalmente uma economia em desenfreado crescimento, surgiu a urgência
de se colocar uma direção para o desenvolvimento, antes figurando-se em progresso, onde
não se incluía questões sociais, culturais, políticas e principalmente, ambientais. Em
conferência realizada pela ONU, em 1972 na Suécia, abordou-se a necessidade de incentivar a
preservação e a melhoria do ambiente humano. E, em 1987, na Comissão Brundtland, que o
conceito de desenvolvimento sustentável foi criado, sendo um marco a mais na história do
movimento ambientalista e colocando em pauta outra vez mais a importância de ser
responsável com as ações na produção como um todo. (ONU, s/d)
Referencial Teórico
As próprias tecnologias criadas e/ou aperfeiçoadas a partir do século XX, como, por exemplo,
os satélites, radares, sensores que produzem imagens do globo possibilitaram a visualização
do planeta em sua totalidade, o que permitiu ampliar a noção acerca da ação do homem na
modificação da superfície terrestre. Dessa forma, tanto os problemas quanto os
questionamentos ambientais assumem e se mostram numa escala global, não sendo mais
discussões enclaves, mas pautas obrigatórias nos debates sobre desenvolvimento
socioeconômico e espacial (BECKER, 2006).
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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As profundas mudanças nas várias dimensões da vida social e econômica, juntamente com o
despertar das preocupações com a questão ambiental repercutiram diretamente na
compreensão moderna da relação sociedade/natureza, em que considera o homem e a natureza
ocupando polos opostos, na qual o meio natural é um objeto de fonte inesgotável que está a
serviço e a disposição do homem.
Na atual fase do capitalismo, a produção do espaço geográfico tem sua condição econômica
alterada, não sendo apenas valor de uso, mas também valor de troca. A dinâmica de mercado
se estabelece no próprio espaço, onde o seu valor é atribuído pela disposição de recursos
naturais e artificiais capazes de serem tomadas como vantagens comparativas pelos agentes
capitalizados, capazes ainda de se tornarem mercadorias altamente rentáveis para o capital,
que passa a incutir valor em algo extremamente complicado de ser quantificar, por exemplo,
qual o valor em dinheiro de um ar de qualidade? Assim, “o espaço modificado é um dos
produtos desses processos e podemos afirmar que toda diferenciação social precede e
predetermina toda diferenciação ecológica” (BERNARDES; FERREIRA, 2009, p. 25).
Logo, o mercado mundial tem requerido que cada vez mais se certifique os produtos, para
saber se a origem destes foi dada a partir de uma produção que atenda critérios ambientais,
impostos pelas barreiras de comercialização internacional. Países como o Brasil, que
exportam muitas commodities, principalmente para países desenvolvidos, são impulsionados
a agir em harmonia com a natureza.
Segundo Assad et. al. (2012), o agronegócio tem grande participação na economia do Brasil e
o potencial do crescimento da produção é evidenciado por uma série de fatores, porém, por
outro lado, os desafios socioambientais entram em cena na busca de um equilíbrio entre o
homem ‘produtor’ e natureza.
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De acordo com Silva (2012), uma das questões chave para o agronegócio é a problemática da
sustentabilidade. A gestão deve focar na minimização dos impactos causados ao meio
ambiente como, por exemplo, erosões e poluição do solo e água. Pois segundo Soglio e Kubo
(2009), foi através do uso da terra e dos recursos naturais que o agronegócio tem se mantido
entre as atividades mais lucrativas nos últimos anos e segue em franca expansão nesse novo
milênio. Ao mesmo tempo, nas últimas décadas, os movimentos sociais e ambientais
começaram a unir forças, motivados tanto por um inimigo comum, o agronegócio, quanto por
um objetivo convergente, a luta pela soberania alimentar. Para Cruvenil (2009), já estava
claro que a sustentabilidade não deveria ser apenas ambiental, mas também social e, que antes
de tudo é um princípio de solidariedade com as gerações futuras.
Neste sentido, Lopes e Contini (2012) destacam que os desafios no horizonte são enormes.
Tecnologias mais eficientes serão necessárias para permitir o atendimento das necessidades
básicas de alimentos para a sociedade brasileira, além da produção de excedentes exportáveis
para o mundo, constituindo em oportunidade de negócios e responsabilidade social. Ao
mesmo tempo, estas mesmas tecnologias deverão incorporar práticas para a preservação dos
recursos naturais. Acrescente-se a esperada contribuição para o mais recente desafio do
aquecimento global e seus potenciais efeitos sobre a produção agrícola.
Metodologia
Resultados
Gonçalves (2010) reconhece que as mudanças ocorridas nos últimos anos são dadas como
significativos avanços no estabelecimento de outro olhar sobre as formas de conceber, usar e
se apropriar da natureza, mas levanta alguns limites, problematizando a questão da condição
social ecológica, pois uma vez que o movimento ambiental se posiciona em torno de um
problema ecológico pode estar, indiretamente e não intencionalmente, beneficiando alguns
atores sociais em detrimento de outros. Isto é, o movimento ecológico contribuiu para a
geração de vários outros problemas sociais, que podem a vir produzir outros problemas
ambientais.
Desde a implantação das lógicas produtivas taylorista e fordista, o homem produz muito mais
do que necessariamente precisa para sobreviver. Na verdade, a economia capitalista do século
XX, caracteriza-se pelo exagero e pelo desperdício, o incentivo ao aumento do consumo está
atrelado a uma lógica sustentada pelo aperfeiçoamento ininterrupto da ciência e da tecnologia,
induzida, principalmente, pelos sujeitos capitalizados na ânsia de maior acumulação de
capital, transformando, a cada dia, o novo em velho para o consumo de um novo objeto, sem
que o mesmo tenha cumprido o ciclo vital e sua total funcionalidade social a que próprio
fabricante havia previsto, os analistas chamam essa prática de obsolescência programada e/ou
psicológica, e é comprovadamente uma estratégia capitalista insustentável ambientalmente e
socialmente.
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A obsolescência planejada está em limitar de maneira artificial a vida útil dos produtos, tendo
a intenção de promover a substituição mais cedo do aconteceria quando houvesse uma
obsolescência psicológica. Esta prática foge da consciência quanto a causa e consequências
por parte de produtores e organizações, pois o descarte feito gerando um giro econômico,
acaba impactando também em um desafio ecológico e ambiental por questões não resolvidas
ou ainda, mal implementas, como a coleta seletiva.
A natureza talvez nunca tenha aguardado silenciosa a evidência desse total desequilíbrio
produzido no cerne da relação predatória da sociedade com o meio natural, mas o próprio
conhecimento científico e tecnológico, permitiu legitimar as implicações sócio ambientais do
próprio uso inadequado e irracional da natureza e os riscos há muito minimizados pelas
práticas cotidianas e pela sensação que talvez nada de muito grave possa estar ocorrendo, uma
vez que, mascaradamente, não se perceba os reais efeitos desse desequilíbrio ao longo do dia-
a-dia, principalmente, nas grandes cidades de ritmo frenético, e no campo, pela negligência
em conhecer uma realidade que é dada como atrasada.
Para Soglio e Kubo (2009), alterações no comportamento dos agentes econômicos tem
relação com o desenvolvimento sustentável, que como se sabe, tem em conta as novas formas
de se considerar as relações dos homens com os recursos naturais. Arendt (1997) avança sua
análise sobre a forma do relacionamento da sociedade com a natureza e da possível medida
para buscar alternativas que tratem coerentemente da questão ambiental.
Um caso muito famoso é relatado pela bióloga Rachel Carson, no livro “Primavera
Silenciosa”, de 1962, na qual a autora ressalta os efeitos negativos da mecanização e do uso
abusivo de agrotóxicos nas lavouras norte-americanas. Os pesticidas agiam tanto sobre as
pragas quanto sobre as demais espécies benéficas ao meio ambiente cultivado, como também,
contaminavam os alimentos e as pessoas que os consumiam, além de poluírem o solo e as
águas superficiais e subterrâneas.
Silva (2012) salienta que transformações e impactos ocorridos no século XX, tornaram-se
uma problemática para agronegócio, setor que possui intima relação com os recursos naturais.
Giordano (2005) argumenta que as atividades agrícolas são reconhecidamente causadoras de
problemas ao meio ambiente. Ainda, Silva expõe que, iniciativas que busquem uma produção
agrícola de forma sustentável, são bem-vindas, para que sejam minimizados os problemas
enfrentados pelos produtores, principalmente quanto à colocação dos produtos no mercado,
seja por logística, custos ou escala. No caminho de se buscar atender uma demanda por
alimentos cada vez mais bruta - onde inicialmente, produtores visavam produzir em alta
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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escala sem respeitar uma margem imposta pelo meio ambiente - extrapolando barreiras e
imergindo na questão ecológica, surgiu um questionamento: como continuar a produzir sem
degradar e comprometer o futuro? Para Cruvinel (2009, p. 11), “é necessário tratar de
questões que estão associadas aos indivíduos e ao povo que habita as diferentes regiões do
país, de forma a considerar o processo de uma geração de riqueza, as particularidades
regionais e as especificidades dos Biomas e sua utilização”, expondo a ideia de que o
desenvolvimento, em especial no âmbito do agronegócio, deve ser tratado não somente por
uma ótica puramente econômica, mas também, devendo priorizar a integração de dimensões
ambientais e sociais.
Colocando-se uma lupa sobre a questão ambiental nas atividades do agronegócio, Canuto
(2004) expõe as principais ações do homem sobre a natureza. Entre estas ações, o autor
destaca que “imensas áreas de florestas e do cerrado estão sendo ilegalmente desmatadas,
secando nascentes e mananciais, sugados pelo ralo das monoculturas, pastos de capim,
carvoarias, mineradoras e madeireiras. Os agrotóxicos, despejados por aviões e tratores, estão
contaminando solos, águas, ar e as plantações camponesas, causando doenças e mortes”. É
neste contexto, que novas ações vem sendo desenvolvidas pelo setor como formas de mitigar
ou evitar os impactos negativos do agronegócio sobre a natureza.
Considerações finais
Conclui-se que as transformações ocorridas nos vários aspectos da vida social, na segunda
metade do século XX, possibilitaram uma revisão das concepções, dos usos e apropriações da
natureza pelas sociedades ocidentais modernas, o que levou a problematizar o lugar do
homem, o lugar da natureza e o entendimento da sua totalidade. Permitiu ainda analisar o
papel desempenhado pelas relações de poder, pela divisão do trabalho, pelo uso das técnicas e
do conhecimento científico no tratamento de modificação do meio natural e as implicações
socioambientais decorrentes de uma lógica contraditoriamente considerada racional de
acumulação de bens e poder.
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Entretanto, devemos avaliar que não só as sociedades ocidentais modernas têm a concepção
que o homem é o sujeito competente para dominar a natureza e que os povos pré-modernos
são aqueles que entendem e estabelecem harmonicamente uma relação com a natureza, é
necessário compreender para além dessas dicotomias representativas, reconhecendo,
respeitando e refletindo acerca das diversidades existentes ao longo da história e, também
daquelas que coexistem nos dias de hoje. É necessário fazer a autocrítica e dialogar com as
críticas alheias. Sem dúvida alguma, as formas de ação coletivas que se arranjaram em torno
da questão ambiental produziram uma série de mudanças de atitude, seja na sociedade civil
que, ainda timidamente está sensível a problemática ecológica, seja no Estado e no mercado
com suas estratégias, consideramos que muitos foram os avanços e desafiadores são os limites
que permeiam as discussões e as práticas do meio ambiente. Além do mais, é possível
concluir uma modificação no modo de se produzir no setor do agronegócio a partir do
momento em que a sustentabilidade foi percebida como uma ação urgente, buscando somar as
atividades humanas com o meio ambiente em um conjunto harmônico. Atualmente, coletivos
sociais e políticas governamentais buscam dar luz a medidas que mitiguem os impactos
ambientais das operações agrícolas, com o cunho de sustentabilidade econômica, social e
cultural à procura de um caminho promissor para a sociedade e seguro para a natureza, tal
destino que não resgate ou fortaleça questões e problemáticas ambientais que há tanto se
busca resolver.
E por fim, vale enfatizar que a sociedade e a natureza em busca de um aspecto sustentável,
obteve ganhos nos últimos anos, ainda mais pelo contexto do desenvolvimento sustentável,
onde se é possível analisar que com o tempo que passou e que vivemos hoje é notável a
importância da melhoria de ambos. Fora que, o desenvolvimento sustentável se mostra como
uma ferramenta essencial para a resolução de questões, oportunizando um futuro melhor. É
importante ressaltar que ainda existe um grande caminho a ser seguido para alcançarmos
melhores resultados sobre a questão ambiental e o agronegócio.
Referências Bibliográficas
1
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Rondônia – Câmpus Ariquemes, email:
quezia.rosa@ifro.edu.br
2
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Rondônia – Câmpus Jí-Paraná, email:
fernando.silva@ifro.edu.br
3
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Rondônia – Câmpus Ariquemes, email:
bialaumello@gmail.com
4
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Rondônia – Câmpus Ariquemes, email:
mayko.fernandes@ifro.edu.br
5
Programa de Pós-Graduação em Agronegócios - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Resumo. O objetivo deste artigo é analisar e traçar o perfil dos alunos do Curso Técnico em Agropecuária do
IFRO – Campus Ariquemes. A pesquisa caracterizada como descritiva, foi realizada com quarenta dos noventa
e oito alunos do primeiro ano do Curso Técnico em Agropecuária – Turma 2016. Utilizando-se de um
questionário como instrumento da coleta de dados. Os resultados apontam que o Curso Técnico em
Agropecuária do Campus Ariquemes atende prioritariamente a Região do Vale do Jamari e que é composto por
maioria de alunos oriundos da zona urbana, de 14 a 17 anos. O prosseguimento dos estudos foi apresentado
como a maior expectativa dos alunos. Em se tratado de verticalização do ensino, a maior parte dos alunos
pesquisados manifestam desejo em prosseguir pela área de agropecuária.
Abstract. The aim of this paper is to analyze and profile the students of Agricultural Technical School of IFRO -
Campus Ariquemes. The research characterized as descriptive, it was held with forty of ninety eight first year
students of the Agricultural Technical School - Class 2016. It was made using a questionnaire as an instrument
of data collection. The results show that the Agricultural Technical School Campus Ariquemes primarily serves
Region Jamari Valley and is composed by a majority of students from the urban area of 14 to 17 years. The
further education was presented as the greatest expectation of students. When it treated verticalization of
education, most of the surveyed students expressed desire to continue the agricultural area.
Com a explosão da oferta de cursos técnicos no País através da criação da Rede Federal, uma
das preocupações passou a ser a verticalização do ensino. Tanto que Eliezer Pacheco, que foi
Secretário da Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) afirmou que:
Os Institutos fundamentam-se na verticalização do ensino, onde os docentes
atuam nos diferentes níveis com os discentes, compartilhando os espaços
pedagógicos e laboratórios, além de procurar estabelecer itinerários formativos do
curso técnico ao doutorado. Os Institutos Federais também assumem um
compromisso de intervenção em suas respectivas regiões, identificando
problemas e criando soluções tecnológicas para o desenvolvimento
sustentável, com inclusão social (PACHECO, 2016, p. 1)
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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De acordo com Pacheco (2011), nessa proposta do Governo, os Institutos Federais atuam em
cursos técnicos (50% das vagas), geralmente integrados com o ensino médio, licenciaturas
(20% das vagas) e graduações tecnológicas. Mas pode ainda disponibilizar especializações,
mestrados profissionais e doutorados voltados principalmente para a pesquisa aplicada de
inovação tecnológica.
Isso, aliado ao fato de que os Institutos Federais têm uma estrutura multicampi e clara
definição do território de atuação, leva a crer na possibilidade de que o aluno que ingresse no
ensino técnico na Rede Federal trilhe o caminho vertical até o fim da sua formação
acadêmica. Durante esse percurso, possa então contribuir de modo efetivo para a criação de
soluções voltadas para a comunidade em que está inserido ajudando a desenvolver a região.
A verticalização extrapola a simples oferta simultânea de cursos em diferentes níveis sem a
preocupação de organizar os conteúdos curriculares de forma a permitir um diálogo rico e
diverso entre as formações. Implica ainda, no reconhecimento de fluxos que permitam a
construção de itinerários de formação entre os diferentes cursos da educação profissional e
tecnológica: qualificação profissional, técnica, graduação e pós-graduação tecnológica
(PACHECO, 2011).
2. MATERIAL E MÉTODOS
Essa trabalho caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, que para Andrade (2010, p. 112)
é aquela em que “os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e
interpretados sem que o pesquisador interfira neles”. Os fenômenos são estudados, porém não
são manipulados pelo pesquisador.
O universo pesquisado é composto pelos alunos do Curso Técnico em Agropecuária do IFRO
– Campus Ariquemes. A amostra foi composta pelos alunos do primeiro ano (início em
2016), que entregaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido – TALE assinado pelos
pais ou responsáveis por se tratarem de alunos menores de idade.
O TALE foi entregue aos alunos na data de 23 de fevereiro de 2016 e teve como prazo final
para o recolhimento 18 março de 2016, totalizando 56 dias de prazo para os alunos
devolverem o TALE assinado para os pesquisadores. De posse dos TALES assinados, a
pesquisa foi realizada com 40 dos 98 alunos constantes na lista de frequência disponibilizada
pela Coordenação de Registros Acadêmicos do Campus na data inicial.
A coleta de dados se deu através de questionário que é um conjunto de perguntas que o
informante responde, sem necessitar da presença do pesquisador; nele as perguntas podem ser
fechadas ou abertas, sendo as abertas àquelas que dão mais liberdade de resposta, mas
dificultam muito a apuração dos resultados (ANDRADE, 2010). No questionário utilizado, as
perguntas foram prioritariamente fechadas, utilizando-se de questões abertas apenas para
identificar a cidade de origem e o curso superior pretendido pelo aluno depois de formado. Os
dados foram coletados no dia 19 de março de 2016 e de posse dos mesmos, foi realizada a
análise por meio de planilhas para extração dos dados.
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3. RESULTADOS
Em relação ao perfil do aluno, os dados coletados apontam que 40% dos alunos são do sexo
masculino e 60% do sexo feminino. Em relação aos respondentes, eles têm idade entre 14 e
17 anos, sendo que a maioria deles, ou seja, 72% têm 15 anos. No que diz respeito ao
município de origem, 21 alunos responderam que são do município de Ariquemes, o que
totaliza 52% dos alunos. Outros municípios do Vale do Jamari representam 33% da
procedência dos alunos, sendo que Alto Paraíso tem 4 alunos, Cacaulândia, Cujubim e Buritis
com 2 alunos cada um. Os 15% restantes se dividem entre outros municípios do estado de
Rondônia.
Quando se avalia a procedência dos alunos, tem-se que 58% dos alunos vieram da zona
urbana e 42% da zona rural. Mas um dado chama a atenção nesse quesito, quando se
estratifica esses números tomando por base o gênero dos alunos, percebemos que a maioria
dos meninos, representada por 11 alunos contra 5, vieram da zona rural; enquanto que as
meninas, a maioria é advinda da zona urbana num quantitativo de 18 alunas, contra 6 que
vieram da zona urbana (gráfico 1 e 2). Em suma, oriundos do campo, temos 69% de alunos e
25% de alunas.
Gráfico 1. Residência dos alunos Gráfico 2. Residência dos alunos
Sobre o curso pretendido pelos alunos para a continuidade dos estudos, convém levar em
consideração o exposto pela Lei Nº 11.892/2008, em seu artigo 6º, que apresenta como
característica e finalidade dos Institutos Federais a promoção da integração e da verticalização
da educação básica à educação profissional e superior, com o objetivo de otimizar a estrutura
física, as pessoas e os recursos de gestão (BRASIL, 2008). Se a lei prevê que haja integração
e harmonia entre os cursos da educação profissional e de educação superior, a fim de otimizar
recursos, então, seria natural que a lógica acompanhasse a opção de cursos pretendidos pelos
alunos, que poderiam aproveitar os conhecimentos desenvolvidos ao longo do curso técnico e
dar continuidade nos cursos de graduação. Quanto mais alunos optarem por cursos de áreas
correlatas, mais fará sentido a opção pelo curso técnico integrado. Apesar disso, existe
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também a possibilidade de uma interdisciplinaridade entre o curso técnico e o futuro curso do
ensino superior do aluno (uma vez que seja ou não um curso que tenha relação direta). Essa
ligação interdisciplinar é também muito importante, ao passo que permite ao aluno um olhar
mais diverso em seus estudos e para o mercado de trabalho.
4. DISCUSSÕES FINAIS
Através do estudo, pode-se concluir que os alunos do curso Técnico em Agropecuária do 1º
ano do IFRO - Campus Ariquemes, são homens em sua o maioria, embora as mulheres
apresentem um nível maior de compromisso em relação à pesquisa realizada. Esses dados
extrapolam os dados obtidos junto à Coordenação de Registros Acadêmicos do Campus que
aponta que 48% dos alunos são do sexo masculino e 52% do sexo feminino. Esses dados
poderiam ser explicados face a já debatida maturidade apresentada pelas mulheres em
detrimento da apresentada pelos homens desta faixa etária. Sobre isso, convém apresentar a
pesquisa realizada por Lim et al (2015) que investigou o amadurecimento do cérebro
masculino e feminino. Os investigadores concluíram que em mulheres, o processo de
amadurecimento do cérebro começa a partir dos 10 e 12 anos de idade enquanto que nos
homens isso acontece a partir dos 15 e 20 anos. Como poderiam participar da pesquisa apenas
os alunos que apresentassem o TALE assinado pelos responsáveis, pode-se lançar mão desta
teoria para explicar o fato de meninas terem apresentado mais TALEs do que meninos, uma
vez que mais maduras, levaram com mais seriedade a participação na pesquisa. A idade de
entrada no curso mais frequente é 15 anos. Os ingressantes são da Região do Vale do Jamari
sendo os homens em sua maioria, oriundos da zona rural, as alunas, em sua maioria, são
oriundas da zona urbana. Independentemente de onde reside, a maioria possui propriedade
rural na família.
As perspectivas dos alunos passam necessariamente pela continuidade dos estudos, pois quer
seja apenas estudando, trabalhando ou desenvolvendo a propriedade da família, pretendem
ingressar no nível superior seja em cursos correlatos ou em outras áreas.
Em relação à verticalização do ensino, tem-se que muitos alunos, mais de 30%, não optarão
por continuar os estudos em áreas correlatas ao curso que ingressaram. Neste caso convém
maior divulgação dos cursos e das habilitações que este obterá ao finalizar o curso, assim, o
aluno ao ingressante saberá exatamente o que o espera. Poderá também assim, ser mais
engajado no curso produzindo resultados que sejam importantes para o desenvolvimento de
sua região. Com isso, os esforços envidados e os recursos públicos disponíveis poderão ser
aproveitados em sua plenitude.
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Lei 11.892 de 29 de Dezembro de 2008. Diário Oficial da União - Seção 1 - 30/12/2008, Página 1.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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PREÇOS AGRÍCOLAS PARA AGRICULTURA FAMILIAR
Daiane Pereira 11, Gabrielli Martinelli 22, Maria Madalena Schlindwein 3³
1
Mestranda em Agronegócios na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD),
daihpereiradsozua@hotmail.com
2
Mestranda em Agronegocios na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD),
gabrielli_martinelli@hotmail.com
³Professora Dra. e Pesquisadora na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD),
MadalenaSchlindwein@ufgd.edu.br
Abstract. Family farming is crucial for Brazilian food supply, especially for developing different cultures,
although the production is small-scale contributes to the growth and development of the productive
economic environment in which it operates. The relationship between family farming and the marketing
value of products are key variables for the expansion of this class. In this perspective, the objective was to
check the influence of the Minimum Price Guarantee Policy for the family farmer. For this study,
exploratory and descriptive research was used with a quantitative approach to the analysis of the data was
used descriptive statistics, in consultation with the official websites compiling secondary data, the study
area was the Mato Grosso do Sul State . The results indicate that occur differentiation between agricultural
prices of Mato Grosso do Sul state in relation to Brazil, so the prices of domestic products are valued more
than the state price. The PGPM instrument has been able to raise the value of the products marketed by
farmers
Keywords. Prices; Family farming; Public policy.
1. INTRODUÇÃO
Tabela 1 – Média de preços dos produtos selecionados para o estado do Mato Grosso
do Sul (R$) para a agricultura familiar no período de 2011 a 2015.
Média de preços (R$) / ano
PRODUTO
2011 2012 2013 2014 2015
Arroz longo fino sem casca (60 Kg) 32,50 32,42 43,73 44,60 46,20
Feijão de cor (60 Kg) 82,75 140,00 187,00 98,20 138,00
Milho em grão (60 Kg) 20,26 22,81 25,48 18,19 19,49
Soja (60 Kg) 48,25 41,75 54,20 58,90 53,30
Trigo (ton.) 365,00 446,25 650,00 763,00 542,00
Café arábica (60 Kg / Produtor) 240,00 330,00 330,00 258,00 382,00
Bovino (15 Kg / Produtor) 90,63 88,50 90,20 106,00 136,20
Leite de vaca (1L /Produtor) 0,63 0,72 0,69 0,87 0,76
Fonte: Adaptado pelo autor a partir da Conab (2016).
O quarto item, a soja segue com uma situação inversa quando comparado com o
milho, obtendo o maior preço no ano de 2014 em R$ 58,90. O trigo segue na mesma
situação do soja, o valor pago na tonelada desse produto no ano de 2014 foi R$ 763,00.
A cultura do café arábica e boi tiveram um crescimento progressivo durante os períodos
de 2011 até 2015 e por fim o leite que possui oscilações por ano, um ano o preço diminui
no outro aumenta.
Algumas peculiaridades encontradas ao longo da analise dá-se a produção de leite
de cabra tipo C (1L/ varejo) que no ano de 2015 tem, como registro na CONAB, o mês
de dezembro com o valor representativo de R$ 9,85. Os anos anteriores não possui
registro na base de dados.
Numa análise geral da Tabela 1
, as oscilações dos preços de alguns produtos ocorrem por consequência de alguma
eventual intervenção de políticas econômicas por parte do governo estadual ou até mesmo
federal, crises sazonais, e eventuais arranjos fora do contexto econômico.
Já os preços dos produtos praticados pelos Programas do Governo como o PAA e
o PNAE eles não possuem disponível os preços para consulta, limitando assim uma
análise detalhada. Os preços destinados aos produtos variam de município para município
não tendo um padrão Estadual. Para uma análise dos preços praticados possuindo os
preços da CONAB, os autores fizeram um levantamento das medias dos preços praticados
na produção vegetal e pecuária nacionalmente, dispostos nos Gráficos 1 e 2,
respectivamente em casca.
Durante o período de 2012 a 2015, o único produto vegetal que obtinha vantagem
ao preço de compra/venda do estado em relação ao preço nacional, foi o arroz No caso
da produção do feijão tipo carioca estava compensando comprar do estado durante os
anos 2013 e 2014, possivelmente causado por alguma mudança econômica política, pois
nos anos anteriores como 2011, 2012 e 2015 o preço que compensava comercializar a
saca através do preço nacional.
No caso da compra/venda da saca de milho em grão nos anos 2011 e 2012 a média
de preço nacional era mais compensador que a média dos preços comercializados no
estado do MS, mas os próximos anos de 2013 a 2015, o estado comercializou a saca de
milho em grão mais atrativo que aos preços nacionais.
O último item que o censo 2006 do IBGE divulga como produto vegetal
comercializado pela agricultura familiar, a saca da soja foi um produto que compensou
fazer comércio de compra/venda no ano de 2011 ao preço do estado, e a partir de 2012
até 2015 o preço de mercado nacional compensava mais que o estadual.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
777,04
686,93
649,61
523,16
476,72
438,49
400,65
373,26
437,6
357,27
280,26
215,16
280,5
182,84
151,46
171,1
163,9
141,4
88,59
62,97
59,09
59,16
45,75
42,79
41,59
32,14
32,14
24,76
25,13
23,46
22,98
95,3
58,9
42,1
21,9
ARROZ EM FEIJÃO MANDIOCA MILHO EM SOJA EM TRIGO CAFÉ
CASCA CARIOCA (TON.) GRÃO GRÃO GRANEL. ARÁBICA
(60KG) (60KG) (60KG) (60KG) (TON) (60KG)
90,49
81,08
76,12
65,46
63,63
60,19
2,36
2,24
2,23
1,92
0,97
0,95
0,86
0,77
1,8
Não pode-se dizer com total certeza, mas sugere-se fazer um estudo aprofundado
de quais são os motivos dos preços no MS serem menores que os preços nacionais, uma
das causas possíveis são as políticas intervencionistas do estado na compra/venda dos
produtos, até para vender posteriormente ao preço nacional para outras empresas.
Algo que pode ser notado no estado é que a comercialização não é tão baixa
quanto a média nacional, porém se compensava na maioria dos produtos fazer mercado
com os preços nacionais quanto os estaduais. Algo que pode estar relacionado é as
políticas adotadas para tais comércios e tipos de culturas e oriundas das culturas
familiares.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os agricultores, sejam eles pequenos, médios ou grandes produtores inserem-se
no mercado com intuito de comercializar seus produtos e obter lucro. O mercado
econômico é cada vez mais competitivo, os produtores concorrem com outros
agricultores de várias localidades e ainda enfrentam as instabilidades do mercado.
Os resultados da pesquisa apontam que ocorrem diferenciação entre os preços
estabelecidos para comercialização dos produtos estaduais com os nacionais. Com a
análise, observou-se que os preços praticados nacionalmente são mais lucrativos e
interessantes para os pequenos produtores rurais, porque podem trazer um
desenvolvimento econômico, financeiro e social maior em menos tempo.
Porém o pequeno produtor rural comercializa sua produção em uma escala maior
através dos Programas de incentivo voltado ao fomento da agricultura familiar como o
PAA e o PNAE, e por isso vende à preço estadual ou municipal, tendendo a uma menor
lucratividade. Isso, pode estar contribuindo com o êxodo rural e a instabilidade econômica
dessa classe de pequenos produtores rurais.
Verificou-se que existe uma diferenciação entre os preços impostos para os
agricultores familiares em relação aos não familiares. Os preços são distintos para cada
produto comercializado, e com o apoio da PGPM, política essa que visa os preços
mínimos de compra/venda dos produtos dos pequenos agricultores, mostra que a inserção
destes no mercado competitivo ainda é pouco, pois como os preços do mercado nacional
são maiores do que os praticados no estado do MS, o agricultor não familiar detém um
poder maior de barganha, e como visualizadas nas tabelas ao longo do trabalho, os valores
de produção dos grandes latifundiários são quase sempre 50% maiores que dos pequenos
agricultores, mesmo com menores quantidades de estabelecimentos.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Refugio de Vida Silvestre Laquipampa: Valorización e identificación de planes de
intervención
Licela Paredes Tafur1
1Estudiante de Post Grado en Economía Agraria por la Universidad de Buenos Aires – Argentina. Especialización
en Derecho y Economía del Cambio Climático en FLACSO Argentina. Economista de la Universidad Católica Santo
Toribio de Mogrovejo Perú. E-mail:licelapt24@gmail.com
Resumen
El objetivo de la investigación es validar la implementación de una estructura de preferencias por los visitantes de
tres planes a intervenir que han sido agrupados en: a) Señalización de senderos y folletos informativos b)
Actividades económicas para la comunidad c) Zona de rescate temporal para animales. Con el cual se determina el
rango de posibilidades para la estimación de una tarifa de ingreso al Refugio de Vida Silvestre Laquipampa (RVSL)
mediante el método de valoración económica ambiental denominado Choice Experiment (experimentos de elección).
Se logra identificar que se debe intervenir en la implementación de un proyecto de agroforesteria comunitaria y se
determina la tarifa de ingreso, dada entre S/. 13.30 a S/. 15.70 (PEN) que servirían como recaudación para la
administración del RVSL ya que en la actualidad no se perciben ingresos por las visitas. Usando el modelo
logitmultinomial, se estimó la disponibilidad a pagar de los visitantes.
Introducción
El Refugio de Vida Silvestre Laquipampa es el primer refugio de vida silvestre (D.S. N°045-2006-AG/6
Julio 2006), cuenta con una superficie de 8 328,64 hectáreas protegidas e inscritas en registros públicos 11 346,9 has.
Formado por bosques secos con vegetación más húmeda que conserva a la pava aliblanca, oso de anteojos, cóndor
andino (especies en peligro de extinción) etc. Y gran diversidad de flora (palo santo, etc.).
Es de gran atractivo para trabajos científicos y tecnológicos de estudio de flora y fauna, además de turismo
de aventura. Está ubicado en uno de los distritos más pobres del Departamento de Lambayeque: Incahuasi; con
81,1% de pobreza total y 46,8% de pobreza extrema, además de 79 centros poblados rurales, con una población
aproximada de 1 027 habitantes (INEI, 2007).
El RVSL cuenta con un total de visitas anuales entre 1400 a 1600 turistas entre nacionales y extranjeros
(SERNANP, 2014), los visitantes están demandando diferentes servicios, que se prestan actualmente pero de forma
aislada y desorganizada.
Marco Conceptual
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
El modelado que da origen a modelos de elección, se ha desarrollado de manera paralela por economistas y
psicólogos cognitivos como Thurstone (1920) quien investigo sobre preferencias alimentarias y la teoría de la
utilidad aleatoria. El campo inicial fue el marketing, pero también se ha aplicado en geografía, transporte y
economía. (Lauviere, 1999). La primera aplicación a bienes ambientales fue utilizada para valorar mejoras en
la calidad del agua para pesca (Adamowicz et al, 1994). La primera aplicación de experimentos de elección para la
estimación de valores de no-uso fue por Hanley et al. (1998). Las investigaciones en su mayoría son de Canadá,
Inglaterra, Alemania, Europa, EEUU entre otros. Existen escasas investigaciones con la aplicación del método
porque implica un esfuerzo considerado en cada etapa del diseño.
Dentro de los modelos de elección existen cuatro métodos posibles: Experimentos de elección; Rango
contingente o conjunto; Calificación contingente y Comparaciones pareadas (Choice experiments, Conjoint ranking,
Contingent rating and Paired comparisons, en inglés). Los dos primeros, análisis conjunto y experimentos de
elección, son métodos de valoración de atributos múltiples. Sin embargo, el análisis conjunto sólo puede analizar una
combinación de atributos a la vez, mientras el experimento de elección permite al investigador estimar los valores de
varios atributos de un producto y sus compensaciones de forma simultánea (Merino, 2003).
Para el caso de nuestro estudio se considera la aplicación de experimentos de elección porque reflejan
situaciones reales del mercado y son coherentes con la economía del bienestar (Merino 2003). La técnica de
experimentos de elección reta a los encuestados con un problema mucho más fácil: ¿prefiero A, B o ninguna? y
brinda estimaciones consistentes de bienestar por cuatro razones:
1.- Obliga a los encuestados a intercambiar niveles de atributos versus los costos de hacer estos cambios.
2.- Los encuestados pueden optar por el statu quo, es decir que no haya una mejora en la calidad ambiental
basado en no incurrir en un costo adicional para ellos.
3.- Podemos representar la técnica econométrica usada de modo que es exactamente paralela a la teoría de la
elección racional y probabilística.
4.- Podemos derivar estimaciones de superávits compensatorios y equivalentes del resultado de la técnica.
Metodología y Desarrollo
El proceso para generar un experimento de elección requiere los siguientes pasos:
Hensher, Rose y Greene, (2005).
1. Identificación y refinamiento del problema.
2. Identificación de atributos y niveles.
3. Generación del diseño experimental.
4. Codificación de los atributos por valorar.
5. Diseño e implementación de la encuesta.
3T r f ε ( )
donde la variable dependiente es la elección, codificada según la elección que realiza el visitante. La elección j del
individuo i, depende de un conjunto de atributos del RVSL contenidos en el vector de características de los atributos
( j ); que incluyen señalización de senderos y folletos informativos, actividades económicas para la comunidad y
zona de rescate temporal para animales. Las variables socioeconómicas y explicativas (nivel de ingreso, años de
estudio, género, edad, tiempo de visita, número de visitas) están contenidas en el vector b . La variable tarifa de
entrada o costo (Tarifa ij) asociado al individuo i por elegir la alternativa j también se incluye como variable
explicativa, así como el término de error (εij), el cual se asume independiente entre alternativas irrelevantes (iia).
Resultados
Especificación Econométrica
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Antes de proceder a especificar el modelo logit condicional, es necesario precisar que se tienen dos
posibilidades: estimar un modelo con efectos de interacción o estimar un modelo sin efectos de interacción. Teniendo
en cuenta las variables codificadas para los tres atributos de la RVSL y adicionando la tarifa de acceso (que
representa el costo de cada alternativa de elección) como un atributo más, la especificación econométrica del
modelo logit condicional sin interacción es:
= 1 1+ 2 2+ 1 + 2 + 3 + 4
+ 5 + 6 + 1( ∗ 1)+ 2( ∗ 2) (3)
+ 3( ∗ 1)+ 4( ∗ 2)+
En ambos tipos de modelos, la variable dependiente es la función de utilidad indirecta (Vij), la cual está
codificada según la elección que realiza el usuario. Si, por ejemplo, el usuario elige el plan A, a esta alternativa se le
codifica con 1 y a las restantes alternativas (plan B y status quo) se les codifica con 0. La variable dependiente Vij
depende de un conjunto de atributos del refugio (ESFI, EAEC, BAEC, EZRA, BZRA) y del costo (tarifa) en el
primer modelo; mientras en el segundo modelo se adicionan las variables socioeconómicas (educación e ingresos)
interactuando con las propuestas de mejora incluidas (plan 1 y plan 2). Esta interacción permite capturar de manera
conjunta los efectos de los atributos y las características de los usuarios en la implementación del programa de
recuperación y conservación del RVSL.
Análisis Econométrico
En las regresiones condicionales la variable dependiente es la elección que realiza el visitante sobre la base
de alternativas de recuperación y conservación. De lo anterior se puede desprender que de un conjunto de variables
asociadas a las diferentes alternativas de mejora, el usuario elegirá una alternativa dependiendo de esa información
(variación intrapersonal) y de las características socioeconómicas del visitante que determinan las preferencias por
alternativas similares (variación interpersonal). Al obtener mejor eficiencia con el mejor modelo, podemos dar
respuesta al primer objetivo específico planteado. La estructura de preferencias planteadas a los visitantes, de
atributos y niveles a valorar atribuye que:
Fuente: Elaboración Propia. Base de datos del modelo econométrico logit condicional estimado
Identificación del plan de intervención es: b) Actividades económicas para la comunidad, el nivel a valorar
de DAP es S/. 18.76 (PEN) representa el valor más alto, respecto a todos los niveles, quiere decir que los visitantes
aprecian más que se invierta en proyectos de mejora en agroforestería comunitaria en el RVSL.
Conclusiones:
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
El modelo evidencia que los niveles a valorar son: 1) Implementación de un proyecto de agroforestería
comunitaria (S/. 18.76 PEN) 2) Mejoras en los folletos informativos y la señalización de senderos (S/. 11.65 PEN) 3)
Construcción de un área de refugio de 1000 m2 y la contratación de un veterinario (S/. 9.35 PEN). Con ello se ha
identificado el Plan de intervención para la implementación, además estos resultados indican que los usuarios
valoran positiva y de manera diferencial el programa de recuperación y conservación propuesto. La disponibilidad a
pagar manifestada por los visitantes no depende de las características socioeconómicas, el análisis de datos realizado
no arroja validez, ni confiabilidad probabilística por ello son excluidas para la explicación del modelo.
La determinación de la tarifa de ingreso al RVSL estaría dada entre un mínimo de S/ 13.30 PEN y un monto
máximo de S/. 15.70 PEN, tomando la tarifa mínima el monto total a recaudar que ingresaría al RVSL sería S/. 21
801.73 PEN.
Con el uso de estas metodologías y el mix en la identificación de planes de negocios se incorpora el valor
ambiental del mismo, que es plenamente identificado y valorado por los visitantes.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO 6 e 7 de
Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
AGRICULTURA URBANA: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS
PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL
Cristian Rogério Foguesatto1, Felipe Dalzotto Artuzo¹, Dieisson Pivoto¹, João Armando Dessimon Machado2
1
Doutorando – Programa de Pós-Graduação em Agronegócios UFRGS.
2
Doutor em Economia Agroalimentar. Docente – Programa de Pós-Graduação em Agronegócios UFRGS.
Resumo: As atividades agrícolas no meio urbano vêm emergindo como objeto de estudos no cenário acadêmico,
principalmente pela importância social e econômica. Dessa forma, a pesquisa tem por objetivos: i) analisar por
meio da percepção de estudiosos do tema as características atuais e; ii) destacar quais são as perspectivas da
agricultura urbana para os próximos anos, para o desenvolvimento local. O estudo é exploratório e qualitativo.
A amostra é composta por quatro estudiosos do tema. Os resultados evidenciam o importante papel da
agricultura urbana no cenário brasileiro, nos Estados Unidos e no Canadá e seu potencial para maximizar o
desenvolvimento local por meio de diversas variáveis como a diminuição dos custos de transação, de transporte,
estocagem e a partir do desenvolvimento de um selo de “produção urbana orgânica”.
Keywords: Vertical farm. Urban centers. Social development. Economic development. Food security.
INTRODUÇÃO
As formas de fazer agricultura e o espaço em que esta é desenvolvida têm passado por
alterações ao longo do tempo. Aliado a isso, o panorama mundial sofreu um processo
expressivo de urbanização, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos emergentes. Dessa
forma, acompanhando o processo migratório rural-urbano e consequentemente a urbanização
massiva em escala global, as práticas agrícolas migraram também para as cidades.
A associação que é feita entre agricultura e meio rural pode levar a uma impressão de
incompatibilidade entre agricultura e o meio urbano (AQUINO; ASSIS, 2007). Entretanto, a
agricultura urbana (urban farming) ultrapassa a fronteira do meio rural, contribuindo para a
segurança alimentar e nutricional, além de ter importante papel na geração de renda e
subsistência para os atores envolvidos nos centros urbanos (HAGEY; RICE; FLOURNOY,
2012). Além disso, a agricultura urbana possibilita o fomento da utilidade de espaços urbanos
que em muitos casos não são usados adequadamente, como espaços ociosos em terraços e
terrenos baldios, por exemplo.
Analisando a segurança alimentar neste contexto, Almeida (2004) destaca que a
produção agrícola no meio urbano acarretou em melhores hábitos alimentares para os atores
envolvidos nessas atividades, sobre tudo por ter evidenciado a relação que há entre
alimentação e saúde. Nessa perspectiva, o desenvolvimento local, no âmbito social e
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
econômico, é retratado por Hagey, Rice e Flournoy (2012) a partir da geração de empregos,
revitalização do espaço onde essas práticas agrícolas ocorrem, redes de colaboração entre os
vizinhos bem como o surgimento de políticas e parcerias organizacionais.
Levando em consideração esses fatores, as organizações e pesquisadores de diversas
áreas do conhecimento vêm analisando esse panorama, principalmente pela emergência da
agricultura urbana e o seu papel para o desenvolvimento local. Dessa forma, o objetivo do
estudo é: i) analisar por meio da percepção de estudiosos do tema as características atuais e;
ii) destacar quais são as perspectivas da agricultura urbana para os próximos anos no
panorama do desenvolvimento local.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÕES
1
Nesta pesquisa, define-se como agricultura vertical a realização do cultivo em camadas verticais (em andares),
diferentemente do formato horizontal onde o cultivo é desenvolvido apenas em uma camada no solo ou em
bancadas.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Todos os respondentes ressaltam o aumento da preocupação da população no âmbito
de questões que envolvem a qualidade dos alimentos, principalmente a segurança alimentar.
Dessa forma, a produção agrícola urbana ganhará mais evidencia nesse enfoque. Tagtow
(2016) afirma que em países desenvolvidos como os Estados Unidos o termo “segurança
alimentar” engloba também as variáveis que dificultam o acesso ao alimento, como a baixa
renda. Nesse sentido, a percepção dos respondentes compartilha a mesma ideia frente à
ascensão da importância da agricultura urbana nesse contexto para os próximos anos.
É consenso também, que os produtos cultivados nas cidades poderão apresentar
vantagens competitivas referentes a outros, em virtude da diminuição dos custos de transação,
de transporte e estocagem. Além disso, com a emergência do mercado alimentar de orgânicos
(MANN et al., 2012), produtos oriundos desse tipo de agricultura poderão ter selos ou
certificados de “agricultura urbana orgânica”, desenvolvendo um novo atributo de valor ao
produto, que poderá vir a ser comercializado com um preço diferenciado.
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Mestranda do PGDR/UFRGS, daiane.netto2@gmail.com
2
Acadêmica do curso de Nutrição FAMED/UFRGS, carolinegallicchio@gmail.com
3
Professor Dr. FCE/IEPE, PGDR e PPG-Agronegócios/UFRGS, glauco.schultz@ufrgs.br
Resumo. A produção orgânica de alimentos é uma proposta de revisão das culturas convencionais que busca
garantir a segurança alimentar e o fornecimento de insumos produtivos sem comprometer os recursos naturais,
de forma socialmente justa e sem a utilização de agrotóxicos. O mercado de orgânicos não está totalmente
consolidado; está em construção e vem se organizando através de certificações ou circuitos curtos de
comercialização. A comercialização via circuitos curtos possibilita maior aproximação entre produtores e
consumidores, além de transações mais justas. O objetivo deste trabalho é fornecer um parâmetro inicial acerca
da distribuição de alimentos orgânicos em Porto Alegre/RS, identificando e caracterizando os principais canais
de comercialização através dos circuitos curtos. Para isso, utilizou-se o levantamento de dados realizado pelo
Grupo de Pesquisa em Sistemas Cooperativos Agroalimentares (PESCAR) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) entre o fim do ano de 2014 e início de 2015. Caracterizou-se brevemente os espaços
varejistas que realizam a venda de alimentos orgânicos. Uma análise preliminar possibilitou concluir que a
distribuição de alimentos orgânicos, na forma in natura, ocorre em maior parte nas feiras, cestas e
restaurantes. As lojas especializadas são as responsáveis por distribuir os produtos beneficiados e processados,
embora também realizem a venda de alimentos in natura, porém em quantidade menos significativa. Identificou-
se várias características, nos canais de comercialização analisados, que coincidem com aquelas esperadas para
definir a comercialização como um circuito curto.
The Organic Food Marketing through Short Food Supply Chains in Porto
Alegre
Abstract. The organic food production is a proposal to revise the conventional culture which seeks to ensure
food security and provide production inputs without demaging natural resources, in a fair trade way and without
agrotoxics. The organic market is not totally consolidated; it is under construction and has been organized
through certifications or short circuits of commercialization. The sales through short circuits allows greater
proximity between producers and consumers, as well as more fair transactions. The objective of this study is to
provide an initial parameter about the distribution of organic food in Porto Alegre/RS, identifying and
characterizing the main marketing channels through short circuits. In order to do so, we used the survey data
conducted by the Research Group in Agrifood Cooperative Systems (PESCAR) of the Federal University of Rio
Grande do Sul (UFRGS) between the end of 2014 year and beginnig of 2015 year. Organic food retail spaces
were briefly characterized. A preliminary analysis led us to conclude that the distribution of fresh organic
produce occurs mainly in farmers markets, baskets and restaurants. The specialty stores are responsible for
distributing processed organic food, yet they also sale fresh food, though a less significant amount. Several
features were identified in the analyzed marketing channels, which coincide with those expected to a short
circuit definition.
Metodologia
O estudo tem caráter descritivo e exploratório, envolvendo a pesquisa bibliográfica em
diversas formas. Segundo Santos (2000) apud Siqueira; Schultz e Talamini (2015, p. 04) “a
pesquisa exploratória visa prover a compreensão do problema enfrentado pelo pesquisador e,
na maioria das vezes, é feita como levantamento bibliográfico, entrevistas com profissionais
que estudam ou atuam na área pesquisada, visitas a web sites e outras ferramentas”.
Além disso, utilizou-se os dados coletados por Chechi et al. (2015) e Sá et al. (2015). Nesse
estudo, primeiramente, os autores realizaram um levantamento dos espaços varejistas de
venda de produtos orgânicos, em Porto Alegre, via internet. O contato com as lojas online foi
realizado via telefone, os demais espaços receberam visitas in loco. No momento das visitas
foram preenchidos os questionários semi-estruturados com questões de caráter qualitativo e
quantitativo.
Discussão
Circuitos Curtos de Comercialização
Segundo Darolt (2013), na França o termo circuito curto remete a circuitos de distribuição e
comercialização que mobilizam até um intermediário entre produtor e consumidor. A venda
pode ocorrer de forma direta, quando o produtor entrega a mercadoria direto ao consumidor;
ou de forma indireta, quando há um único intermediário. Porém, outros autores têm
introduzido ideias diversas ao tema.
Aubri e Chiffoleau (2009) trazem a ideia de proximidade geográfica e demonstram a
importância das relações sociais entre consumidor e produtor para o desenvolvimento local e
territorial. Somada a essa noção, Deverre e Lamine (2010) trazem o conceito de circuito
alternativo, no sentido de questionar o modelo convencional e propor relações mais justas
entre os produtores e consumidores; aproximando-se, Galli e Brunori (2013), veem os
circuitos curtos como uma alternativa para a distribuição desigual de poder entre os diferentes
participantes do mercado.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Destaca-se ainda que, conforme Guthman (2004), é importante compreender que nem sempre
a distância geográfica irá garantir uma alternativa ao sistema convencional, visto que uma
grande empresa pode encurtar a cadeia por questões de logística. Considera-se então a
“distância relacional”, como sendo aquela que conserva a troca de informações entre produtor
e consumidor, e que possibilita a construção de relações de confiança e padrões de qualidade.
No sistema de comercialização através dos circuitos curtos, a autonomia do agricultor, no que
se refere à gestão dos recursos naturais, relação com a terra, planejamento e comercialização
é maior, além de aproximar agricultores e consumidores, tornando as relações mais
justas e solidárias (FONSECA, 2009; CALDAS et al., 2012).
1
A caracterização das feiras foi realizada por Cechi et al. (2015), integrantes do grupo de
pesquisa PESCAR/UFRGS.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
encontram-se à venda também nas lojas especializadas, porém em espaços reduzidos,
diferenciando-se das feiras nesse aspecto. Observou-se que na maioria das lojas, os produtos
in natura ocupam menos de 10% do espaço destinado aos orgânicos. Assim, a concentração
da oferta está nos produtos beneficiados ou processados.
Conforme Darolt (2013), as pequenas lojas especializadas em produtos naturais e orgânicos
caracterizam-se como um circuito curto, onde as vendas ocorrem de forma indireta. O
encurtamento da cadeia se dá pela diminuição da distância geográfica e maior proximidade
relacional entre consumidor e produtor. Mas não somente por estes fatores, autores como
Marsden, Banks e Bristow (2000), deixam claro que não importa o número de vezes que o
produto é manuseado ou a distância que ele percorre, mas sim a transmissão de informações
até o consumidor, além da diminuição do número de intermediários.
A partir dos dados coletados, observou-se que aproximadamente 75% das lojas especializadas
disponibilizam fontes de informação aos seus consumidores: são oferecidos materiais de
publicidade e referências relacionadas aos fornecedores. Essas informações permitem que o
consumidor realize conexões com o local de produção, pessoas envolvidas, valores e métodos
produtivos, ainda que por intermédio do estabelecimento.
Outro exemplo de venda direta, além das feiras, é o sistema de entrega de cestas a domicílio.
Essa é a forma mais recente de comercialização através dos circuitos curtos. As cestas
apresentam uma nova forma de conexão entre produtores e consumidores. Em Porto Alegre
existiam, na época em que os dados foram coletados, 7 estabelecimentos que praticam a
venda online de alimentos de origem orgânica e realizam a entrega no domicílio do
consumidor. A comunicação e encomenda dos produtos se dá via telefone ou internet. Esse
sistema de distribuição de alimentos mobiliza maior articulação das organizações envolvidas,
grupos de produtores, consumidores e demais parceiros. A transmissão de informações sobre
os produtos, formas de cultivo e fornecedores é realizada via correio eletrônico ou
disponibilizada nos sites. As entregas são realizadas apenas em municípios próximos à
propriedade de origem da produção.
Conforme visita realizada às lojas virtuais, no mês de julho de 2016, constatou-se que as
mesmas oferecem uma grande variedade de produtos da estação. As compras podem ser
realizadas, geralmente, através de “cestas prontas” com produtos e preço total pré-definidos,
ou então, por produtos individuais como hortaliças, grãos e cereais, temperos e chás. Algumas
lojas virtuais ainda oferecem produtos processados como massas, pães, bolos, biscoitos,
laticínios, sucos e geléias, de diversas marcas.
Ainda está disponível um plano de assinaturas, como uma espécie de contrato de fidelidade
ou parceria entre o consumidor e o produtor. Nesse plano, o consumidor assume o
compromisso de adquirir um valor fixo semanal ou mensal em produtos, conforme sua
necessidade. Em sua maioria, os produtores que realizam as vendas online integram sistemas
de certificação participativa da produção, com exceção de apenas uma das lojas.
As lojas virtuais, ou cestas, apresentam uma oferta bastante heterogênea. Algumas oferecem a
diversidade de 25 produtos, podendo chegar a mais de 60 produtos em outras. Boa parte delas
oferece também em seus sites dicas e receitas culinárias, novos pratos e alimentos
comercializados e ainda realizam a divulgação de eventos relacionados ao tema. Todas elas
fornecem informações diversas sobre a importância do consumo de produtos orgânicos, local
de produção dos alimentos e o que, de fato, são os alimentos orgânicos. Uma das lojas ainda
apresenta o estágio em que o alimento se encontra, se está em época de plantio ou de colheita.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Essas informações são disponibilizadas sempre relacionadas com a ideia de alimentação
saudável, promoção da saúde, desenvolvimento social e sustentabilidade. O tema dos
orgânicos aparece sempre de forma direta nas atualizações e publicações dos sites.
Os restaurantes, segundo a pesquisa realizada pelo IDEC (2012), tornaram-se um importante
canal de venda de alimentos orgânicos. Em Porto Alegre, Chechi et al. (2015) e Sá et al.
(2015) visitaram quinze restaurantes. Nestes espaços de comercialização, conforme Sá et al.
(2015) os alimentos estão disponíveis em buffets, a lá carte, ou são utilizados no preparo de
outros alimentos como pães, bolos e doces diversos. Cerca de 10 a 30% dos alimentos
orgânicos são oferecidos na forma in natura, o restante é beneficiado ou cozido. Os autores
constataram que alguns restaurantes funcionam também como lojas especializadas,
disponibilizando gôndolas com alguns tipos de produtos orgânicos, geralmente beneficiados.
Conclusões
Há pontos de comercialização de alimentos orgânicos em praticamente todos os bairros da
capital, com maior concentração nos que se localizam próximos da área central. Assim,
conclui-se que os alimentos orgânicos estão presentes na cidade de Porto Alegre e são
comercializados em diversos canais e consumidos em diversas formas, contribuindo para a
garantia da alimentação saudável e segurança alimentar que os consumidores buscam.
A partir dos dados apresentados e analisados neste trabalho, confirma-se que os principais
canais de comercialização de alimentos orgânicos, em Porto Alegre, caracterizam-se como
circuitos curtos. As características apresentadas demonstram a importância desses espaços
varejistas, tanto para garantir aos produtores o escoamento da produção, quanto para
viabilizar o fácil acesso aos alimentos orgânicos.
A análise prévia demonstra que as feiras e as cestas são os canais que possibilitam contato
direto e maior transmissão de informações ente os produtores e os consumidores, assim como
maior estreitamento das relações de confiança e reciprocidade. Esses dois canais de
comercialização são também os que disponibilizam maior oferta de produtos in natura,
fornecidos principalmente por cooperativas de produtores e associações. Já os restaurantes e
as lojas especializadas oferecem em maior quantidade os produtos beneficiados e
processados.
Considerando a constante dinâmica do mercado de orgânicos e as inovações dos circuitos
curtos, esse estudo serve como ponto de partida para uma investigação mais aprofundada
sobre as relações e valores que envolvem a compra e o consumo de alimentos orgânicos. A
partir disso indaga-se qual o canal de comercialização que demonstra maior participação no
mercado de orgânicos. Ainda, notamos a necessidade de realizar uma análise mais detalhada
da presença de intermediários na cadeia de comercialização dos alimentos envolvendo lojas
especializadas, tanto com o objetivo de evidenciar a proximidade entre produtor e
consumidor, quanto relacionar com o impacto ambiental, ao verificar a distância percorrida
pelo alimento com transporte. Da mesma forma, pretende-se incluir na pesquisa os
supermercados que ofereçam aos seus clientes os alimentos orgânicos, e, assim como nas
lojas, investigar as informações sobre os intermediários e a distância percorrida pelo alimento.
Por fim, introduz-se a ideia da convencionalização da produção orgânica. Tendo em vista a
ampliação da escala e as diversas marcas de produtos orgânicos industrializados, questiona-
se: a produção e consumo de alimentos orgânicos em Porto Alegre estaria se aproximando das
formas convencionais de cultivo e comercialização?
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Mestrando em Administração – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, paulomiranda@unemat.br
2
Mestranda em Administração – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, laisgregy@gmail.com
3
Doutora em Agronegócios – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, carolspanhol@gmail.com
4
Doutor em Engenharia de Produção – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, lffneto@gmail.com
5
Doutora em Agronegócios – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, deniseazevedo1972@gmail.com
Resumo. O objetivo geral deste estudo consistiu em caracterizar as publicações científicas disponíveis no ISI
Web of Knowledge (Web of Science) relacionadas ao tema “Agronegócio e agricultura sustentável” no período
de 2005 à 2015. Para tanto, foi realizada uma análise bibliométrica em que foram observadas as variáveis:
número e ano de publicação, país, instituição, número de citações e idioma dos artigos referentes a temática em
estudo. As discussões e a importância do desenvolvimento sustentável foram intensificadas a partir da década de
90. No entanto, observou-se que o maior número de publicações se concentraram no período compreendido entre
os anos de 2012 e 2015. Entre os países que mais publicaram sobre o tema estão os Estados Unidos, China e
Brasil. Quanto ao idioma, observou-se a predominância da língua inglesa e portuguesa. Os resultados obtidos
poderão ser utilizados para subsidiar e nortear os investimentos em pesquisa e desenvolvimento relacionados ao
tema e com isso contribuir para a melhoria das práticas de produção e gestão.
Abstract. The aim of this study was to characterize the scientific publications available on the ISI Web of
Knowledge (Web of Science) related to the theme "Agribusiness and sustainable agriculture" from 2005 to 2015.
Therefore, we performed a bibliometric analysis that were observed the variables: number and year of publication,
country, institution, number of citations and language of the articles concerning the subject under study. The
discussions and the importance of sustainable development were intensified from the 90s However, it was observed
that the largest number of publications focused on the period between the years 2012 and 2015. Among the
countries that published on the theme is the United States, China and Brazil. As for the language, noted the
predominance of English and Portuguese. The results may be used to support and guide investment in research
and development related to the topic and thus contribute to the improvement of production and management
practices.
Introdução
Ano de 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
publicação
Número 178 192 224 292 275 301 349 361 415 472 530
Tx de Cresc. (%) 31,85 7,8 16,67 30.36 -5,82 9,45 15,95 3,44 19,96 13,73 12,29
Total = 3589
Fonte: Elaborado pelos autores a partir do Web of Science (2016).
A figura 2 apresenta o crescimento no número de citações no período de 2005 à 2015. Segundo
Spanhol-Finocchio (2014), a partir do número de citações é possível identificar sua evolução,
o que pode ser um indicativo da consolidação da temática nesse período. Durante o período
analisado, é possível afirmar que as citações cresceram ano a ano. Entre os artigos mais citados
estão o de Waller et al (2005), Montgomery (2007) e Dayan, Cantrell e Duke (2009) com
citações médias por ano de 29,36; 25,54 e 25,18, respectivamente.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Montgomery (2007) compilou dados de pesquisa do mundo inteiro sobre erosão do solo em
plantio convencional e concluiu que o efeito da erosão nos plantios convencionais pode ser 1 a
2 vezes maior que em solos sob vegetação nativa. Assim, o autor destacou que o plantio direto
pode produzir taxas de perda de solo próximas ao da mata nativa, sendo, portando, uma base
para a agricultura sustentável.
Dayan, Cantrell e Duke (2009), os autores fazem uma avaliação sobre o uso de produtos
naturais como proteção nas práticas agrícolas. Segundo eles, o paradigma atual de depender
quase exclusivamente em produtos químicos para controle de pragas pode ter de ser
reconsiderada. Os autores concluem que com esse novo consenso de produção sustentável na
agricultura, e principalmente a preocupação do consumidor sobre o impacto dos pesticidas
sintéticos no ambiente garante uma continuidade, se não um aumento, do interesse em pesquisar
ferramentas de gestão de pragas ambientalmente amigáveis.
Figura 2 – Crescimento no número de citações (2005-2015)
7570
8000
7000 6175
6000 4827
5000 3755
4000 3165
3000 2287
1660
2000 969
569
1000 37 206
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Elaborado pelos autores a partir do Web of Science (2015)
Destaca-se ainda o estudo de Dias et al. (2015) que ao analisar os mercados de alimentos
orgânicos, indicaram médias de citações de 9,43; 6,47 e 6,36 ao ano nos artigos analisados,
podendo ser um indicativo de que há espaço para crescimento e desenvolvimento de novas
publicações na área.
Entre os países que mais se destacam nas publicações sobre essa temática estão: Estados Unidos
que contribuem com 23,88% de todas as publicações, China (8,28), Brasil (7,05%), França
(6,52%), Inglaterra (6,30%), Índia (5,85%), Alemanha (4,57%), Canadá (4,51%), Espanha
(4,43%) e Itália (4,23%), concentrando 75,65% de todas as publicações. Dias et al. (2015) e
Pereira et al. (2015) e seus estudos, também observaram a liderança dos Estados Unidos na
quantidade de artigos publicados, possuindo 24% e 25,6%, respectivamente, das publicações.
A evolução das publicações por país, ao longo do período de 2005 à 2015, pode ser verificada
na Figura 3, no qual destaca os 10 (dez) países citados anteriormente. Nota-se que todas as
nações tiveram oscilação no crescimento, porém é notório a liderança do Estados Unidos na
produção científica sobre Agronegócio e Agricultura Sustentável, com uma taxa de crescimento
média de 8,05%. Países como a Itália, Brasil, França, Espanha e Índia chamam a atenção por
apresentarem médias elevadas de crescimento de 75,95%, 60,72%, 39,63%, 33,72% e 25,89%,
respectivamente.
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Figura 3 – Crescimento das publicações dos 10 países com maior produção científica no período 2005-2015
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A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS NUMA PERSPECTIVA
BIOECONOMICA
Ângela Rozane Leal de Souza1;
Letícia de Oliveira2
Marcelo Silveira Badejo3
Resumo: O objetivo deste estudo foi realizar um levantamento bibliométrico, visando mapear as publicações
disponibilizadas na base de dados Scopus, referentes ao tema bioeconomia versus produção orgânica, buscando
compreender como as pesquisas científicas vinculadas à bioeconomia estão evoluindo quanto ao tema
relacionado à produção orgânica. A partir da análise de 201 artigos, os resultados revelaram, no intervalo dos
anos de 1974 a 2015, um significativo crescimento da quantidade de publicações, principalmente a partir do
ano de 2006. Já no período de 2013 e 2014 houve o ápice do número das publicações nessa temática.
Analisando os resultados encontrados pode-se constatar que os artigos que estão vinculando a bioeconomia e
produção orgânica assumem atualmente um papel importante, pois retratam a evolução significativa da
comunidade científica, nos últimos anos, em abordar o tema com interesse da população na busca de alimentos
mais saudáveis e desenvolvimento sustentável.
1
Professoras Adjuntas da Faculdade de Ciências Econômicas e do Programa de Pós-Graduação em
Agronegócios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). angela.rsl@gmail.com e
leoliveira13@gmail.com
3
Professor Adjunto - Engenharia Agroindustrial da Universidade Federal de Rio Grande (FURG ).
badejo@gmail.com
1
1 INTRODUÇÃO
2
utilizando recursos renováveis; (m) a produção de produtos orgânicos totalmente
biodegradáveis; (n) garantia que os envolvidos na produção orgânica e processamento tenham
uma qualidade de vida, que atenda as suas necessidades básicas, permita uma remuneração
adequada e satisfação de seu trabalho, incluindo um ambiente de trabalho seguro; (o) estímulo
aos avanços em direção a uma cadeia de produção, transformação e distribuição socialmente
justa e ecologicamente responsável.
É inegável o crescimento do mercado de produtos orgânicos no mundo, e também no
Brasil, em fase de expansão. Conforme dados divulgados em pesquisa realizada pelo
International Federation of Organic Agriculture Movements – IFOAM em 2015, o
faturamento global com orgânicos chegou a US$ 64 bilhões em 2013, crescimento de 8% em
relação ao ano anterior. Segundo essa pesquisa, o mercado mundial de orgânicos cresce
anualmente a taxas que variam de 8% a 10% ao ano. Mundialmente, são 37,5 milhões de
hectares cultivados, destacando-se como os maiores produtores mundiais, em primeiro lugar a
Austrália, em segundo a Europa e em terceiro lugar a América Latina, que apresenta
excelentes oportunidades para expansão da produção nos próximos anos (IFOAM, 2015).
Nesse mercado, tem-se diferenciais nesse tipo de produção tais como: os sistemas
específicos de certificação para agricultura e pecuária orgânica, bem como necessidade de
estabelecimento de cadeias curtas de comercialização, onde ocorrem as interligações sociais
entre produtores e consumidores. Assim, o mercado de alimentos orgânicos tem uma forma
de oferta diferenciada das praticadas nos mercados mundiais de commodities (RAYNOLDS,
2004).
Do mesmo modo, é fato o aumento a oferta de produtos alimentícios orgânicos, têm se
dado não somente através de feiras de agricultores, mas também em grandes cadeias de
supermercados e em lojas especializadas em nichos de consumo específicos de tais produtos,
voltados a um número crescente de consumidores (DALCIN et al., 2014; DIAS et al.; 2015).
Desse modo, a escolha de pesquisa sobre este tema se justifica pela importância dessa
temática para o agronegócio, sob a seguinte problemática de análise: como, e em que medida,
as pesquisas científicas vinculadas à bioeconomia estão evoluindo quanto ao tema relacionado
à produção orgânica?
Neste ambiente, o presente estudo tem por objetivo realizar um levantamento
bibliométrico, visando mapear as publicações referentes ao tema bioeconomia versus
produção orgânica.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2
Todos os registros disponíveis no período da base Scopus.
3
Num segundo momento, realizou-se a leitura do título e do resumo, avaliando-se
artigos que não abordavam a temática de interesse do presente estudo, sendo estes excluídos.
Finalizou-se com as análises descritivas dos dados encontrados, levando em consideração se
as características dos artigos estavam alinhadas com o estudo proposto.
Com base na pesquisa realizada, 201 (duzentos e um) artigos foram selecionados a
partir dos procedimentos metodológicos utilizados. Primeiramente, em relação aos anos em
que os estudos foram publicados, a Figura 1 destaca a série temporal estudada. Nessa óptica,
nos anos de 1974 e 2004, o número anual de artigos publicados, disponíveis na base de dados
Scopus, não ultrapassavam a 5 (cinco) artigos ao ano, sendo que até 1997 eram praticamente
inexistentes, giravam em torno de somente 1 (um) artigo por ano, com exceção ao ano de
1996, em que foram publicados 6 (seis) artigos. Entretanto, o expressivo aumento de
publicações começou a partir do ano de 2006, sendo que os estudos publicados nos anos de
2013 e 2014 representam 27 (vinte e sete) artigos e 25 (vinte e cinco) artigos,
respectivamente.
Figura 1 – Quantidade de publicações entre 1974 e 2014
4
Figura 2 – Países onde foram desenvolvidos os artigos estudados
5
institutos de investigação agrícola (tanto na graduação, como na pós-graduação). Essa
instituição tem centrando nas pesquisas sobre problemas científicos, nas ciências sociais e
recursos naturais. Nas áreas da agricultura e meio ambiente esta Universidade é considerada
de classe mundial.
4 CONCLUSÃO
6
a Wageningen University and Research Centre , da Holanda, foi a instituição em evidência
nessa temática.
Com relação às áreas do conhecimento onde os artigos pesquisados foram publicados,
observou-se uma concentração nas áreas de Ciências Agrárias e Biológicas, com o percentual
superior a 60% do número de publicações; seguidas das áreas de Ciência Ambiental;
Economia, Econometria e Finanças e Ciências Sociais com 27%; 20%; 16%, respectivamente.
Na sequência há uma distribuição em periódicos da área de Bioquímica, Genética e Biologia
Molecular; Energia; Ciências da Terra; Engenharia; Imunologia e Microbiologia.
Para tanto, analisando os resultados encontrados nesta pesquisa, pode-se constatar que
os artigos que estão vinculando bioeconomia e produção orgânica assumem atualmente um
papel importante, pois retratam a evolução significativa da comunidade científica, nos últimos
anos, em abordar o tema com interesse da população na busca de alimentos mais saudáveis e
desenvolvimento sustentável.
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8
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, alessandra_082@hotmail.com
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, gjardibezerra@gmail.com
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, daiane.netto2@gmail.com
4
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, andreialiberalesso@inovanutri.com
5
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, edson.talamini@ufrgs.br
Resumo. A agricultura urbana tem sido destaque nos discursos sobre o desenvolvimento da sociedade e
alternativas para promoção das dimensões social, econômica ou ambiental. Neste sentido, tem-se como objetivo
analisar quais das dimensões, acima mencionadas, tem estado em maior associação com a agricultura urbana na
produção científica. Em termos metodológicos, foi realizada uma revisão bibliométrica por meio da base de dados
Scopus, onde foram encontrados dezesseis, dezoito e dezessete artigos científicos em três pesquisas diferentes
utilizando palavras-chave como, social, econômico e ambiental, respectivamente. Os resultados revelam que a
pesquisa sobre a agricultura urbana não é recente, porém só houve uma maior ênfase de publicação nos últimos
cinco anos. Ainda, percebe-se que os artigos costumam abranger mais de uma dimensão ao abordar a agricultura
urbana, ou seja, há uma ênfase em tratar questões como a segurança alimentar e nutricional (dimensão social),
geração de renda (dimensão econômica) e preservação do meio ambiente (dimensão ambiental).
Abstract. Urban agriculture has been highlighted in speeches on the development of society and alternatives for
promoting of the dimensions social, economic or environmental. In this sense, has like objective to analyze which
of the dimensions, mentioned above, has been a greater association with urban agriculture in scientific production.
In terms of methodology, was realized a bibliometric review by Scopus database, where was found sixteen,
eighteen and seventeen scientific articles in three different searches, using keywords as social, economic and
environmental, respectively. The results show that research on urban agriculture is not new, but only there was a
publication emphasis in the last five years. Still, it perceives that the articles often cover more than one dimension
to approach urban agriculture, that is, there is an emphasis on dealing with issues such as food and nutrition
security (social dimension), income generation (economic dimension) and preservation of environment
(environmental dimension).
Keywords. New Trends, Sustainability, Food Production, Vertical Agriculture, Ecological Economics.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1 Introdução
As novas tendências de agricultura no meio urbano a fim de plantar pequenas
quantidades de alimentos sejam hortaliças, verduras ou leguminosas para o próprio sustento da
família ou de uma comunidade vem a atender diversas questões da sociedade, como, o aumento
da população e a segurança alimentar dessa população. A Fao-Sofa (1998) destacou que, no
ano de 2015, mais de vinte e seis cidades em todo o mundo estariam com mais de dez milhões
de habitantes. Para alimentar essa população, de acordo com a Fao (1998), seria necessário
importar pelo menos seis mil toneladas de alimentos por dia.
A principal função da agricultura urbana é, de fato, contribuir para a segurança alimentar
da população mundial, visto que mais de 840 milhões de pessoas que vivem na cidade passam
fome (BOUKHARAEVA et al., 2005). Ao analisar essa situação, desenvolve-se alternativas
para que possam suprir essa necessidade, levando-se em consideração as dimensões sociais,
econômicas, ambientais.
A agricultura urbana apresenta algumas características específicas que norteiam o seu
termo conceitual. Nesse sentido, os principais elementos de definição da agricultura urbana são:
os tipos de atividades econômicas desenvolvidas; as categorias e subcategorias de produtos
(alimentares e não alimentares); característica locacional (intraurbano e peri-urbano); tipos de
áreas onde é praticada; tipos de sistemas de produção e destino dos produtos e escala de
produção (MOUGEOT, 2000).
Essas características englobam diferentes formas de abordagem da agricultura urbana.
Percebe-se que ao visualizar algumas dessas características, a forma de adotar a agricultura
urbana pode ter um viés de comercialização e geração de renda com uma abordagem mais
econômica, ou um viés mais social a fim de promover uma interação entre pessoas de uma
comunidade. Ainda, percebe-se um viés ambiental, pois ao adotar a agricultura urbana, visa
ocupar terrenos baldios com áreas verdes produtivas. Ao analisar de forma superficial, essas
três principais dimensões ou olhares sobre a agricultura urbana, nota-se que o principal objetivo
da mesma é construir o respeito do saber e do conhecimento local, promovendo a igualdade de
gênero adotando tecnologias adequadas para a agricultura urbana com uma maior participação
na gestão urbana, social e ambiental das cidades, melhorando a qualidade de vida da população
urbana e contribuindo para o desenvolvimento sustentável da cidade (SANTANDREU E
LOVO, 2007).
No sentido de promover o desenvolvimento sustentável da cidade, Bonal (1997) destaca
a forte inter-relação entre diferentes dimensões da sustentabilidade envolvendo a agricultura
urbana. Inicialmente, o estado dos recursos num determinado tempo e lugar resultam das
interações entre as características do meio natural, as perturbações que podem afetar estes
recursos (dimensão ecológico-ambiental). Em seguida, as características econômicas
(dimensão econômica) da produção agrícola, assim como as condições sociais, culturais
(dimensão sociocultural) que predominam na sociedade local e que influem sobre as escolhas
técnicas dos agricultores e têm uma incidência sobre os modos de valorar e sobre o estado dos
recursos naturais.
Coutinho (2007) destaca, que a realização de práticas agrícolas dentro das cidades traz
novas possibilidades de compreensão do espaço urbano e novos elementos para fortalecer os
argumentos que buscam desconstruir as dicotomias modernas entre campo-cidade, agricultura-
indústria, natural-artificial que afetam diretamente a dinâmica territorial. Ou seja, há um novo
olhar para o urbano e uma maior importância do conhecimento local da agricultura familiar
para aplicar nas pequenas produções de alimentos na cidade. Neste sentido, o trabalho tem
como objetivo analisar quais das dimensões social, econômica e ambiental tem estado em maior
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
associação com a agricultura urbana na produção científica através de uma revisão
bibliométrica por meio da base de dados Scopus.
2 Procedimentos Metodológicos
O estudo é caracterizado como bibliográfico, sendo desenvolvido por meio da análise
dos artigos indexados na base de dados Scopus. O Scopus, é a maior base de dados em que há
artigos revisado por pares contando com ferramentas de análise que auxiliam na pesquisa, além
de contar com artigos de diversas áreas atualizados diariamente (ELSEVIER, 2016).
Quanto à técnica da pesquisa bibliográfica, adotou-se realizar uma revisão
bibliométrica, pois, conforme Araújo (2006), a revisão bibliométrica consiste no uso de técnicas
estatísticas e matemáticas para relatar características da literatura e de outros meios de
comunicação. Desta forma, busca-se analisar os artigos que tratam da agricultura urbana com
abordagem social, econômica e ambiental de forma geral.
Os procedimentos operacionais aconteceram da seguinte forma, conforme descrito
abaixo:
(I) Primeira etapa: Inicialmente, definiu-se a base de dados da pesquisa para a busca
dos artigos, onde foi utilizado a Scopus. Logo após, foi realizado três diferentes pesquisas: a
primeira buscou-se inserir as seguintes palavras-chave na língua inglesa no mecanismo de
busca do site Scopus: “urban farms” (no título, resumo e palavras-chave) and “social” (no
título, resumo e palavras- chave) selecionando apenas artigos. A segunda e terceira pesquisa
seguiu-se o mesmo procedimento alterando apenas a segunda seleção de palavras-chave
colocando “economic” e “environmental”, respectivamente. Ao definir esse processo,
encontrou-se 16 artigos para a pesquisa com a palavra-chave “social”, 18 artigos para a
pesquisa com palavra-chave “economic” e 17 artigos para a pesquisa com a palavra-chave
“environmental”.
(II) Segunda etapa: Após a realização do procedimento operacional da primeira etapa,
buscou-se selecionar apenas os cinco artigos mais citados de cada pesquisa e, para finalizar,
iniciou-se a organização dos dados, a partir da revisão bibliométrica a fim de construir um
banco de dados próprio dos autores deste trabalho, com o propósito de facilitar no
desenvolvimento de tabelas, gráficos ou figuras. Neste sentido, buscou-se apresentar os
principais indicadores bibliométricos, tais como, os anos de publicações dos artigos construindo
uma evolução temporal; os principais artigos mais citados; as principais palavras-chave; e,
apresentar a quantidade de artigos que abordam o tema central deste estudo.
3 Resultados e Discussão
Ao todo, foram analisados os cinco mais citados de cada pesquisa que envolvia a
dimensão social, a outra pesquisa que envolvia a dimensão econômica e outra pesquisa que
envolvia a dimensão ambiental totalizando 15 artigos. Primeiramente, foi analisado a evolução
cronológica dos mesmos em relação à publicação da temática urban farms, conforme apresenta
a Figura 1.
Figura 1 – Evolução cronológica dos artigos.
O primeiro artigo foi citado sete vezes e os outros dois artigos que abrangem dimensões
tanto econômica quanto ambiental foram citados 20 vezes. Essa maior quantidade de citação
pode estar relacionada ao ano de publicação dos mesmos, visto que o primeiro, foi publicado
em 2014 e o outro foi publicado em 2007. Ainda, vê-se que a revista Local Environment possui
qualis B2 na área de avaliação “Ciências Ambientais” e a revista Ecological Economics possui
qualis A2 na área de avaliação “Interdisciplinar” com ano de classificação de 2014 para ambas
revistas. Conforme Silva e Mueller (2015), as comissões avaliadoras do Qualis-Periódicos
Capes não têm o objetivo de buscar responder se há qualidade em um determinado periódico e,
sim, responder qual é o interesse de determinada área nesse periódico. Neste sentido, vê-se que
a temática urban farms já é foco dos principais periódicos de pesquisas com qualis A e B,
revelando para a academia a importância da pesquisa nessa temática, conforme apresentado na
Tabela 1. Na Figura 2, revela as principais palavras-chave que foram mais utilizadas pelos
autores ao tratar sobre a temática urban farms.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
AS TRANSFORMAÇÕES NA CADEIA PRODUTIVA DA
SERICICULTURA NO ESTADO DO PARANÁ: 2006-2014
Aline Silva de Lima 1, Marcelino de Souza 2
1
Mestranda em Agronegócios da UFRGS - alynni_lima@hotmail.com
2
Professor do PPG Agronegócios da UFRGS - marcelino.souza@uol.com.br
Resumo. A sericicultura é uma das atividades agroindustrial mais antiga que se tem notícia na história, tendo
sua origem a aproximadamente 5000 anos atrás e representa atualmente uma importante fonte de renda para
agricultores de pequena escala, contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico nas localidades a qual se
insere. Um outro aspecto importante é que esta atividade é realizada sob a forma de contrato agrícola entre os
produtores e a empresa de Fiação de Seda BRATAC S/A a fim de resguardar o direito de ambos no processo
produtivo e caracterizando uma cadeia produtiva. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo
analisar as transformações na sericicultura paranaense no período 2006-2014. O estudo se classifica como uma
pesquisa descritiva e bibliográfica, já que os resultados foram obtidos utilizando-se dados secundários referente
à sericicultura publicados pela SEAB/DERAL do Estado do Paraná no ano de 2014. Os resultados mostram que
no período em estudo a sericicultura no Paraná vem se reduzindo, com uma queda de 71,82% no número de
produtores, devido a vários fatores tais como a crise no setor em 2008, o desestímulo dos produtores com os
baixos preços pagos pelo quilo de casulos pela indústria, êxodo rural e migração dos agricultores para outras
atividades. Todavia, pode-se concluir que a sericicultura continua a ser uma atividade importante para os
pequenos produtores e evidencia-se um processo de crescente concentração produtiva e de maior tecnificação
da atividade neste período.
Palavras-chave. Cadeia Produtiva. Sericicultura. Agricultura de Contrato. BRATAC.
Abstract. The sericulture is one of the oldest agro-industrial activities that we know of in history, having its
origin about 5000 years ago and today is an important source of income for small-scale farmers, contributing to
the socioeconomic development in the localities, which it operates. Another important aspect is that this activity
is carried out in the form of contract farming between producers and Silk Spinning company BRATAC S/A in
order to protect the right of both the production process and featuring a production chain. In this sense, this
paper aims to analyze the changes in Paraná sericulture in 2006-2014. The study is classified as a descriptive
and bibliographic research, since the results were obtained using secondary data related to sericulture
published by SEAB / DERAL of Paraná in the year 2014. The results show that in the period under study in
sericulture Paraná has been reduced, with a fall of 71.82% in the number of producers, due to various factors
such as the crisis in the sector in 2008, the discouragement of producers with low prices paid by the kilo of
cocoons for industry, rural exodus and migration of farmers to other activities. However, it can be concluded
that the sericulture remains an important activity for small farmers and there is evidence of a process of
increasing productive concentration and higher technification of activity in this period.
Keywords: Productive chain, Sericulture. Contract Farming. BRATAC.
1 Introdução
A sericicultura é uma das atividades agroindustriais mais antigas de que se tem notícia
na história. Ela teve sua origem na China há aproximadamente 5.000 anos atrás (Fernandez, et
al., 2005). Basicamente, a criação do bicho-da-seda e a cultura da amoreira, são as duas
principais atividades realizadas pelos sericicultores. Além do mais, a sericicultura pode ser
entendida como a produção de seda direcionada a comercialização. No Brasil, a sericicultura
é uma atividade que contribui consideravelmente para a economia rural, uma vez que tal
atividade é predominantemente desenvolvida em pequenas propriedades rurais, sendo em
muitos casos a principal fonte de renda para muitas famílias.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Em relação à produção mundial de casulos de bicho-da-seda em 2012, dos 40 países
produtores, os cinco principais foram: China, Índia, Uzbequistão, Brasil e Tailândia. Contudo,
mais de 90% da produção mundial é produzida pela China e Índia, 65% e 26%,
respectivamente (SEAB/DERAL, 2014).
Atualmente, no cenário nacional, a agroindústria responsável pela venda das lagartas
de bicho-da-seda e insumos aos produtores, e também incumbida pela compra do casulo verde
e fabricação dos fios de seda é a Fiação de Seda BRATAC S/A, sendo esta a única empresa
atuante no Brasil. Em relação a produção nacional de seda, o Estado do Paraná é o principal
produtor de casulos de bicho-da-seda, sendo que 92% da produção nacional é realizada neste
Estado, entretanto grande parte da seda produzida é destinada ao mercado internacional
(Gazeta do Povo, 2013). Nesse contexto, a sericicultura pode ser vista como uma importante
atividade econômica para o Estado, contribuindo para a geração de renda para as famílias
envolvidas, e consequentemente auxiliando na diminuição do êxodo rural (CONAB, 2013).
De modo geral, a sericicultura se destaca por estar ligada a pequenas propriedades
rurais de produção familiar. O processo produtivo do bicho-da-seda assume uma significativa
importância no alcance econômico e social de uma região. Geralmente, o ciclo de produção
de um casulo é relativamente curto, com duração média de um mês, garantindo renda mensal
ao produtor em grande parte do ano. Dessa forma, além do desenvolvimento econômico das
localidades nas quais se encontra inserida tal atividade, a sericicultura, contribui também com
a geração de empregos, renda e impostos.
Outra importante vantagem ligada à sericicultura é que o produtor de seda pode
desenvolver culturas alternativas paralelamente a sericicultura, pois a área cultivada com
amoreiras não precisa ser extensa, viabilizando a produção paralela de café, milho, pecuária
leiteira, entre outras. Somando a isso, a sericicultura apresenta um baixo custo de insumos,
rápido retorno do capital investido, pequeno custo de produção devido ao fato do alimento do
bicho-da-seda se restringir apenas ao consumo de folhas de amoreira, e garantia da venda de
toda a produção, uma vez que a produção final é comprada diretamente pela BRATAC.
Além disso, a produção de casulos é uma cadeia produtiva, pois geralmente ela é
realizada sob a forma de contrato agrícola para monitorar todos os passos da produção de
casulos, visto que a agroindústria responsável pela distribuição das lagartas aos produtores é
também responsável por todo o suporte oferecido durante o processo de formação dos casulos
de seda e compra dos mesmos. Este contrato permite resguardar os direitos da empresa e dos
produtores a fim de estabelecer uma parceria eficiente entre ambos. Conforme retratado por
Eaton e Shepherd (2001) em uma época de liberalização do mercado, globalização e expansão
do agronegócio, o contrato agrícola tem sido visto como uma forma de organizar a produção
agrícola comercial em grande e em pequena escala. A adoção desse recurso assegura a
inserção e a permanência, principalmente dos pequenos produtores, no mercado.
Ainda, segundo Eaton e Shepherd (2001), a agricultura sob contrato pode ser definida
como um acordo entre os agricultores e empresas de transformação e/ou comercialização oral
ou escrito. Um acordo que estabelece garantias em relação à produção e fornecimento de
produtos agrícolas e serviços, os quais muitas vezes possuem preços pré-determinados. De
maneira geral, um acordo que define compromissos que devem ser respeitados entre um
produtor (agricultor) e a empresa, como por exemplo, o fornecimento de uma mercadoria
específica em quantidade e qualidade pré-determinados pelo comprador, ou ainda, o
compromisso por parte da empresa em apoiar a produção do agricultor a partir do
fornecimento de insumos e provisão de aconselhamento técnico. Desse modo, o contrato
agrícola pode proporcionar acesso aos serviços de produção e de crédito de forma positiva,
bem como o conhecimento de novas tecnologias e definição de preços mais atrativos, o que
pode reduzir o risco de incerteza, além de reduzir também, o que a Nova Economia
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Institucional definiu como sendo os custos de transação, diminuindo então a assimetria de
informações entre produtor e comprador e/ou fornecedor.
A partir da safra 2006/2007 a sericicultura passou a fazer parte da proposta de preços
mínimos divulgados pela CONAB nos relatórios de produtos de inverno, regionais e leite.
Para composição de preços, são levados em consideração alguns fatores tais como o mercado
internacional, o mercado nacional, o custo de produção e as projeções de crescimento da
safra. A imposição de um preço mínimo tem funcionado como um impulsionador da atividade
sericícola no Brasil, uma vez que os produtores passaram a demonstrar maior interesse no
crédito, pois segundo relatório do Banco Central do Brasil, foram formalizados até julho de
2012, 44 contratos de custeio, no valor de R$ 261.148,00, e para a modalidade FEPM/FGPP1
foi concedido um montante de R$ 5.356.000,00.
Ni e Hisano (2014) citam que na sericicultura Chinesa existe a possibilidade de o
produtor vender sua produção para a indústria ou para comerciantes intermediários. Desse
modo as indústrias compradoras do casulo, a fim de garantir a qualidade e quantidade
necessária, começaram a realizar contratos com os agricultores locais produtores de bicho-da-
seda, oferecendo assim, preço mínimo e garantindo a compra dos casulos. No sentido de
tornar o contrato mais atrativo, o preço mínimo apresentado foi definido com base no preço
pago pelos comerciantes intermediários, sendo superior ao preço médio oferecido por tais
comerciantes. Portanto, a venda integral da produção para a empresa contratante acabou se
tornando a opção mais rentável para os produtores da região. Contudo, a adoção desse tipo de
contrato, entre empresa e produtor, acaba favorecendo a integração vertical entre os elos na
cadeia produtiva. Como pode ser visto na Figura 1, Ni e Hisano (2014) propõem um modelo
de cadeia de valor entre os sericicultores e a indústria da seda chinesa.
Visto que os estudos acadêmicos sobre a sericicultura ainda são bastante escassos, o
presente trabalho tem como objetivo identificar e analisar algumas variáveis ligadas às
mudanças econômicas que ocorreram na sericicultura no período entre 2006/07 e 2013/14 no
1FEPM - Financiamento para Estocagem de Produtos Agropecuários. FGPP - Financiamento para Garantia de
Preço ao Produtor.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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Estado do Paraná utilizando-se de dados disponibilizados pela SEAB/DERAL no ano de
2014.
2 Procedimentos Metodológicos
Este trabalho se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica, pois foi desenvolvida
com base em materiais já elaborados, sendo a principal fonte de pesquisa constituída por
livros e artigos científicos. Como definido por (GIL, 2002), a principal vantagem da pesquisa
bibliográfica reside no fato de permitir ao pesquisador a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Nesse
contexto, tal vantagem torna-se importante, principalmente quando o problema de pesquisa
requer dados muito dispersos pelo espaço.
São utilizados na análise descritiva dos resultados do trabalho, dados secundários
disponibilizados pela SEAB/DERAL no ano de 2014 por meio eletrônico. Nesse sentido, por
meio da análise minuciosa do material empírico e bibliográfico foi feita uma breve
compilação referente tanto ao histórico da sericicultura no Paraná, bem como uma análise de
algumas variáveis que estão relacionadas aos aspectos econômicos e produtivos dos
municípios com maior importância na produção de casulos de bicho-da-seda durante o
período em questão.
3 Resultados e Discussão
4 Conclusões
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2016.
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Roni Blume¹, Antonio Luiz Fantinel², Marcella Antonello³ Ramany H. Minello Paz³ Rafaela
Colpo³
Resumo. O presente trabalho examina a percepção dos feirantes do Bairro Camobi, município de Santa Maria
em relação às inovações tecnológicas utilizadas nas suas propriedades, bem como, identificar quais inovações
estão sendo utilizadas e/ou empregadas pelos mesmos nas práticas diárias da unidade produtiva. A mesma foi
conduzida através de pesquisa exploratória por meio de questionário semiestruturadas aplicado a sete feirantes
que comercializam seus produtos na feira do Bairro Camobi, municípios de Santa Maria, RS. Foi analisado o
perfil dos produtores, característica de cada propriedade, as inovações utilizadas em cada propriedade e sua
percepção por parte dos entrevistados. Verifica-se que as percepções sobre inovações tecnológicas estão
relacionadas a influenciam nas suas práticas agrícolas, principalmente para aumentar a produtividade e a
renda das famílias. Assim as inovações, para os que as adotam, é uma forma de manter a sua competitividade e
garantir a sua manutenção no mercado.
Abstract. The present work examines the perception of the stallholders of Camobi District, municipality of
Santa Maria in relation to technological innovations used in its properties, as well as identify which innovations
are being used and/or employed by them in daily practices of the production unit. The same was conducted
through exploratory research through semi-structured questionnaire applied to seven merchants who market
their products at the fair of Camobi Neighborhood, the municipalities of Santa Maria, RS. Was analyzed the
profile of producers, characteristic of each property, innovations used in each property and its perception on the
part of respondents. It turns out that the perceptions about technological innovations are related to influence in
their agricultural practices, primarily to increase productivity and the income of families. The innovations, to
those who adopt, is a way to maintain its competitiveness and ensure its maintenance in the market.
Introdução
Metodologia
Resultados e discussões
Conclusão
As famílias rurais têm adotado diferentes estratégias e inovações nas suas práticas
sócio-profissionais para a manutenção da sua reprodução social e econômica. Como se pode
observar nos resultados deste trabalho a percepção que os entrevistados possuem sobre as
inovações tecnológicas é restritiva, ligadas a produtos externos a seu meio, e como estes
influenciam nas suas práticas. Assim, percebem como inovações somente os produtos que
podem ser adquiridos no mercado, sendo estes empregados como soluções para aumentar a
competitividade através da produtividade, de modo a assegurar a manutenção no mercado e
garantir a renda. Nenhum dos entrevistados citou como inovação a forma de comercialização
que este pratica, o processo do feirante e sua relação com os clientes. Além disso, se observou
vários produtos artesanais diferenciados (embutidos e produtos lácteos) que tem um saber
fazer próprio que os diferencia dos produtos industrializados, para os entrevistados este
conhecimento tácito, aplicado de forma incremental, não é algo diferencial. Da mesma forma,
não destacaram nenhuma modificação no processo de gestão aplicado na propriedade, alguma
ferramenta que ajuda no processo de tomada de decisão, ou que permite a redução de custos
produtivos. No mesmo sentido, nenhuma prática ligada questão da qualidade dos produtos e
do ambiente foi salientada. Como a inovação ficou restrita a produtos a serem adquiridos no
mercado estes apontaram como deficiente a falta de assistência técnica junto à propriedade,
deixando o produtor sem direcionamento e sem conhecimento sobre inovações.
Contudo mesmo com os problemas apontados os produtores entrevistados continuarão
na atividade não sendo refratários ao uso de inovações, porém a adoção de determinadas
inovações só serão efetivadas se estas proporcionarem maior rentabilidade nas propriedades.
Como sugestão para estudos futuros pode-se realizar esta pesquisa com agricultores feirantes
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
agroecológicos, a fim de comparar as percepções quanto às inovações tecnológicas utilizadas
nas suas propriedades e verificar se a natureza ou origem das inovações é semelhante.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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1
Doutoranda em Agronegócios na UFRGS, jzvalent@gmail.com
2
Professor de Pós-Graduação em Agronegócios na UFRGS, leonardo.xavier@ufrgs.br
Resumo: O trabalho ocupou-se em responder a seguinte questão: qual a influência do ambiente institucional na
transição agroecológica dos agricultores familiares de uma Cooperativa Agropecuária, localizada município de
Boqueirão do Leão, estado do Rio Grande do Sul? Para tanto, o objetivo foi descrever este ambiente e a
influência que o mesmo exerce sobre a decisão dos agricultores familiares. Por meio de um estudo qualitativo,
evidencia-se que as restrições informais foram determinantes para a mudança técnica da cooperativa.
Palavras-chave: Agroecologia, Agricultura, Desenvolvimento rural, Instituições.
Abstract: The work was occupied to answer the question: what is the influence of the institutional environment
in agroecological transition of family farmers of Agricultural Cooperative, located city of Boqueirão do Leão,
State of Rio Grande do Sul? Therefore, the objective was to describe this environment and the influence that it
has on the decision of family farmers. Through a qualitative study, it is evidence that the informal constraints
was determinant to the technical change of the cooperative.
Keywords: Agroecology, Agriculture, Rural Development, Institutions.
Introdução
Referencial Teórico
Agricultura Familiar
A atividade da agricultura familiar responde por 500 mil postos de trabalho rurais e
contribui com 33% do valor bruto da produção agropecuária, de acordo com dados do último
censo agropecuário (IBGE, 2006).
No Brasil reza a Lei 11.326/06 que a agricultura familiar deve ter os seguintes
aspectos: I) não deter área maior do que quatro módulos fiscais; II) utilizar
predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu
empreendimento; III) ter renda familiar predominantemente originada de atividades
econômicas vinculadas ao próprio empreendimento; IV) dirigir seu empreendimento com sua
família. A partir destes critérios, os produtores agrícolas precisam entender a dinâmica de
funcionamento do sistema onde estão inseridos para facilitar a comercialização de seus
produtos. Para Vieira Filho (2013) a agricultura familiar enfrenta a heterogeneidade estrutural
que dificulta a participação nos diferentes mercados. A diversidade interna deste segmento
requer ações específicas para promover a produção e realocar recursos. Porém, muitas vezes,
a agricultura familiar segue uma lógica não somente voltada para o mercado.
Desse modo, aspectos sociais, ambientais, éticos, culturais e ideológicos estão acima
do econômico para muitos deles, podendo influenciar, sobremodo, sua escolhas (GOMES;
REICHERT, 2011). Gasson (1973) destaca que estes agricultores preferem uma vida
saudável, assim, desenvolvem as tarefas com prazer e tomam decisões com liberdade e
independência, controlando as situações que surgem ao longo do tempo. Por consequência
disso, novos modelos de agricultura familiar surgem e modificam as relações políticas e
institucionais.
Ambiente Institucional
Transição Agroecológica
Metodologia
Tem que ter consciência que imprevistos podem acontecer no percurso (E19).
Deve planejar sempre para não fazer errado. É só fazendo que se aprende (E9).
É uma coisa boa, mas tem que ser organizado para ter futuro (E15).
Tem que ter organização para a Cooperativa obter sucesso e todos os cooperados
lucrarem com isso (E24).
É uma coisa boa, pois preserva a saúde e sabe o que come (E6).
Não usar agrotóxico é saber o que está comendo, que é saúde, que é uma coisa boa
(E3).
O principal produto orgânico é o fumo. Estou feliz, pois além do preço ser 60% a
mais que o normal, faço umas 10 arrobas por mil pés (E9).
Considerações Finais
Referências
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Resumo. Por entender da importância do uso da irrigação para agronegócio brasileiro, sendo esta o respectivo
fortalecimento para contribuir efetivamente no desenvolvimento do setor e do pais, o presente documento tem o
objetivo identificar as áreas irrigadas pelo método de irrigação por pivô central nos municípios de Bagé, Quaraí,
Barra do Quaraí, Santana do Livramento, Uruguaiana e Dom Pedrito utilizando-se de imagens de satélite. As
imagens foram classificadas com a aplicação de filtros nas bandas de 2 a 7 do OLI, realçou-se as bordas e
aplicou-se extrator de bordas para identificação das áreas com geometria características dos pivôs centrais
(circulares). Após, as mesmas imagens foram tratadas no software ArcGIS 10.4.1 for Desktop Advanced, o qual
possibilitou a extração das áreas irrigadas por pivô central. Assim obteve-se o total de pivôs instalados
compatíveis com a resolução espacial das imagens orbitais utilizadas, quantificou-se por município, o uso de
pivôs central, bem como a área total irrigada pelo mesmo. Com esta quantificação, podemos demonstrar, em
linhas gerais, quais regiões necessitam de maior aporte de recursos para construção de reservatórios de água,
que possam suportar a demanda de hídrica dos pivôs instalados na Região bem como possibilitar o
desenvolvimento de técnicas para aumentar a produção de alimentos sem acrescer de água.
Palavras-chave. Pivô Central; Imagens; Irrigação; Água.
Use of satellite images to survey the area irrigated by pivot-in the State of
Rio Grande do Sul
Abstract. To understand the importance of the use of irrigation for Brazilian agribusiness, its strengthening to
contribute effectively in the development of the sector and of the country, this document aims to identify the areas
irrigated by center-pivot irrigation method in the municipalities of Bagé, Quaraí, Barra do Quaraí, Santana do
Livramento, Uruguaiana and Dom Pedrito using satellite images. The images were classified by applying filters
in the 1 to 5 bands and 7 of the OLI, the highlighted edges and applied to edges Extractor identification of areas
with geometry characteristics of central pivots (circular). After, the same images were treated in the ArcGIS
software 10.4.1 for Desktop Advanced, which allowed the extraction of the areas irrigated by pivot. So was the
total installed pivots that are compatible with the spatial resolution of orbital images used, quantified by
municipality, using central pivots, as well as the total area irrigated by the same. With this quantification, we can
demonstrate, in general lines, which regions require greater amount of resources for construction of water
reservoirs, which can withstand the water demand of the pivots installed in the region as well as enabling the
development of techniques to increase food production without added water.
Introdução
Em 2003 apenas 278 milhões de hectares de um total de 1,5 bilhões de área cultivada
no mundo possuíam sistemas de irrigação, no entanto produziam cerca de 44% da produção de
alimentos. Caso contrário não tivesse irrigação seria necessário ampliar a área plantada em
aproximadamente 45%, para produzir a mesma quantidade de alimento (LIMA et al., 2007).
No Brasil, a área irrigada corresponde a 18 % da área cultivada, mas contribui com 42 % da
produção total (CHRISTOFIDIS, 2002).
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O Brasil possui a nona maior área irrigada do mundo, atrás da Tailândia, México,
Indonésia, Irã, Paquistão, Estados Unidos da América, Índia e China (FAO, 2012). Frente a
área agrícola total, à extensão territorial e um clima favorável, a irrigação no Brasil é
considerada pequena, entretanto os incrementos anuais de área irrigada vêm se mantendo
elevado nos últimos anos, potencializado áreas significantemente maiores a cada ano.
Segundo dados do IBGE (2009) e da Agência Nacional das Águas (2014) verifica-se
um aumento no uso de irrigação no Brasil entre 4,4% e 7,3% ao ano, a partir da década de 1960,
estimando-se em 6,1 milhões de hectares sob irrigação no ano de 2014.
Existem basicamente, quatro métodos de irrigação, os quais são por superfície,
aspersão, localizada e subirrigação. A razão pela qual existem diferentes sistemas de irrigação
é em função da grande diversidade de solo, clima, culturas, disponibilidade de energia e
condições socioeconômicas para as quais o sistema de irrigação deve ser adaptado à cultura.
De fundamental importância para a produção agrícola em regiões áridas, a irrigação
vinha sendo constantemente relegada a um plano inferior nas regiões onde, sob certas
condições, a precipitação natural permitia que as culturas se desenvolvessem e produzissem
normalmente (LIMA et. al., 1999).
Estudos científicos demonstram que o estresse causado pela falta de água reduz
sensivelmente a produção vegetal, inviabilizando-a, por exemplo, em regiões de clima árido ou
semi-árido, onde a falta de água é constante e limita a atividade agrícola. Dessa forma a
irrigação realizada no momento correto, aplicando-se a quantidade certa de água, ocorrem
índices de produtividade acima das médias das culturas, quando cultivadas sob condição de
chuva somente (também chamados de cultivos de sequeiro (Testezlaf, et al., 2002).
O levantamento subjetivo dos estabelecimentos agropecuários realizado pelo IBGE
(2009) através do censo Agropecuário de 2006 apresentou um amplo panorama da área
equipada para irrigação nos municípios brasileiros. Foram identificados 4,54 Mha equipados
para irrigação no País. Sendo o método aspersão e outros métodos presentes em 29,3% do total
das áreas, seguido de inundação com 25,7%, sistema de pivô central em 19,6%, outros métodos
de irrigação com 8,2%, sistema de irrigação localizado com 7,1% e irrigação por sulcos com
4,2% das áreas. Verifica-se também a predominância da Região Sudeste contendo o maior
número de sistemas de irrigação, com 35% do total de áreas irrigadas. A região Sul aparece na
segunda colocação com 27% das áreas, seguida da região Nordeste (22%), Centro Oeste (13%),
e por ultimo a Região Norte do Brasil com 2% das áreas irrigadas.
Tabela 1. Área irrigada em 2006, por método de irrigação – Brasil e Regiões
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste
Inundação 34487 69633 27815 1003115 31299
Sulcos 4091 109732 28417 15291 32191
Pivô central 9076 207757 413562 61488 201004
Aspersão (outros métodos) 31385 420963 738557 110484 29217
Localizado 5018 105455 193217 17654 943
Outros métodos 25525 94118 206114 30781 15706
Total 109582 1007657 1607681 1238812 581801
Fonte: Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2009)
Segundo da Agencia Nacional das Águas (ANA 2014), foram identificados 19.892
equipamentos de irrigação do tipo pivô central no território nacional, ocupando 1,275 milhão
de hectares. Os resultados apontam crescimento de 43,3% da área equipada por pivôs em
relação aos dados apresentados pelo IBGE (2009). Na ocasião foram identificados 893 mil
hectares (IBGE, 2009).
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Procedimento metodológico
Para tal foi utilizado imagens do Sensor OLI a bordo da Plataformas Landsat 8
disponibilizadas gratuitamente, foram selecionadas imagens do período de janeiro a março do
ano corrente e de acordo com a baixa cobertura de nuvens. As imagens de média resolução
espacial utilizadas são do sensor OLI (Operational Land Imager) do satélite Landsat 8, que se
encontra posicionado a uma altitude de 705 km da superfície terrestre. O período de revisita, é
de 16 dias, (período de volta a mesma região da terra). Cada cena (ou imagem) cobre uma área
de 170 km por 185 km. Para cobrir o território brasileiro é necessário o uso de 381 cenas.
Imagens de alta resolução espacial (< 1 metro), disponibilizadas pelo software Google Earth
Pro, foram utilizadas de forma complementar para melhor identificação de equipamentos e
delimitação de áreas.
Após a obtenção de imagens foram classificadas no software para Processamento
Digital de Imagens (ERDAS 2014®); foram aplicados filtros às bandas de 2 a 7 do Sensor
OLI para o realce das bordas entre as ocupações do solo, aplicação de extratores de bordas para
identificação das áreas com geometria características dos pivôs centrais (circulares). Em
seguida foi utilizada a extensão ArcScan do software ArcGIS 10.4.1 for Desktop Advanced, o
qual possibilitou a extração das áreas irrigadas por pivô central. Obtivemos o total de pivôs
instalados compatíveis com a resolução espacial das imagens orbitais utilizadas, obtendo-se
assim a área total irrigada por pivô para cada município.
A área de estudo abrange os municípios de Bagé, Quaraí, Barra do Quaraí, Santana do
Livramento, Uruguaiana e Dom Pedrito, localizados no Rio Grande do Sul (Figura 1A). A
região abrange áreas de 24 Micro bacias Hidrográficas, sendo estas pertencentes a Bacias
Hidrográficas, Negro, Camaquã, Quaraí, Santa Maria, Ibicuí e Mirim São Gonçalo, fazendo
com que a mesma, seja uma área de grande relevância para o estudo (Figura 1B).
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Na identificação das áreas irrigadas foram considerados quatro aspectos os quais foram
identificados e estudados durante a análise das imagens onde estes aspectos serão
indispensáveis para a identificação das áreas irrigadas por pivô central na área de estudo.
O primeiro aspecto a ser considerado é que embora o padrão da forma circular seja uma
característica própria do sistema, foram encontradas varias áreas de formas irregulares, bem
como áreas com padrões semicirculares, já que muitos sistemas são utilizados de forma que
uma parte da área do pivô é irrigada enquanto a outra não é utilizada, geralmente essas
irregularidades são associadas a corpos d’agua, reserva legal, estradas e limites de propriedade.
O segundo aspecto a ser considerado é a mobilidade do sistema, já que estes podem ser levados
de um lugar a outro de lugar, criando uma nova área de irrigação, desta maneira pode ocorrer
um erro de avaliação, sendo que se faz necessário a identificação das torres (equipamentos), e
da área plantada ativa, por este motivo foram selecionadas imagens no período seco, facilitando
a identificação dos mesmos. O erro se deve a que se identificam duas áreas padrão circular
vizinhas, mas na verdade existe um só pivô ativo. O terceiro aspecto a ser considerado é que
em regiões de maior densidade de pivôs, ou regiões de maior fragmentação de propriedades, se
observa maior número de formas irregulares ou semicirculares, bem como áreas menores de
irrigação por pivô central, procurando a irrigação de áreas remanescentes (ANA, 2013). O
quarto aspecto a ser considerado é áreas ativas irrigadas por pivô mas sem a existência de torre
de irrigação, já que são identificadas varias áreas com padrão circular ou semicircular, mas
estas áreas já foram substituídas por outras áreas ativas, o padrão circular continua bem
demarcado mas não existe uma torre de irrigação devido a mobilidade do sistema e o estagio
que se encontra a cultura.
.
Resultados e discussões
de Uruguaiana-RS, sendo esse o que apresentou o maior número de áreas irrigadas por pivô
central.
Figura 3- Mapas de Realce área total estudada (A); Mapa realce munícipio de Uruguaiana-RS (B)
A) B)
Este realce foi realizado em todas as cidades, identificado dessa maneira 24 áreas
irrigadas pelo método de Pivô Central na Região de estudo, onde no município de Uruguaiana
se concentra a maior parte destas áreas, quantificando 13 áreas irrigadas por Pivô Central
(Figura 4).
Figura 4- Localização de Pivôs - Uruguaiana.
A região de estudo apresenta uma área total de 1.465,5 hectares de área irrigada por
pivô central. As áreas encontradas variam de 10,27 hectares a menor a 134,41 hectares a maior.
Embora a região apresente características apropriadas para a implantação deste sistema, tais
como relevo pouco ondulado e culturas de grande potencial econômico, isso não é verificado
com a realização do trabalho.
Figura 5- Localização de Pivôs Identificados.
Segundo Leitão (2007), o Rio Grande do Sul entre os anos agrícolas 1998/99 a 2002/03,
apresentavam sistemas de irrigação por pivô central com área inferior a 60 ha, entre 60 e 90 ha,
entre 90 e 130 ha e superior a 130 ha, representaram uma porcentagem média de 28, 33, 33 e
5% das áreas irrigadas amostradas, respectivamente. Em comparação com dados de Leitão
(2007), a área irrigada por pivô central na área de Estudo nos anos de 1998/99 a 2002/03 eram
de 4 áreas, neste trabalho foram identificadas 24 áreas de irrigadas por pivô central. Já a média
das áreas irrigadas manteve-se igual nos dois trabalhos, média de 60 hectares,
Para a região em estudo verifica-se um crescimento de área irrigadas por pivô central
na ordem de 26%, passando de 19 áreas segundo o levantamento da ANA (2014), para 24 áreas
identificadas nesta pesquisa.
Conclusão
Através do presente trabalho foram identificadas 24 áreas irrigadas pelo método de pivô
central na Região da Campanha - RS, sendo que no município de Uruguaiana concentram-se a
maior parte destas, com 13 áreas. Seguido por Barra do Quarai com 5 áreas, Bagé e Dom Pedrito
com 3 áreas cada um. Já nos municípios de Santana do Livramento e Quaraí não foram
identificadas áreas com padrão circular ou semicircular, ou seja, não foram identificados
equipamentos de irrigação por pivô central.
A metodologia utilizada é de grande importância ao agronegócio, por ser um método
eficaz para identificação de padrões de forma, sendo possível através deste a identificação de
culturas agrícolas, e quais métodos de irrigação estão sendo utilizados. Esta identificação se
deve ao padrão especifico que cada tipo de cultura possui. O trabalho possibilita também a
identificação de áreas onde se faz necessário a outorga de uso da água para produtor, já que em
alguns casos o corpo d’água existente sofreu modificações para irrigar tais áreas especificas, e
quando não implantada de forma eficiente e adequada torna-se um elemento gerador de impacto
ambiental.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DOAGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Tecnóloga em Processos Gerenciais; Centro Universitário La Salle; oliveirakarla@hotmail.com
2
Pesquisador da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária – Fepagro
3
Doutorando em agronegócios, Programa de Pós-graduação em Agronegócios – UFRGS
Resumo. O seguro apresenta-se como um dos mecanismos que possibilita transferir o risco para outros agentes
econômicos. A cultura do milho apresenta períodos sensíveis a variação climática e que influenciam no
desempenho produtivo. Frente a importância da cultura do milho como insumo para outras cadeias produtivas
no Rio Grande do Sul e do seguro como minimizador de riscos, o trabalho tem como objetivo analisar a dinâmica
da política pública de seguro rural e sua aplicabilidade na produção de milho no RS no período de 2006 a 2015.
Foram levantados dados referentes a produção, área plantada, consumo, exportação de milho e dados do
Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA). Verificou-se que a utilização de seguros varia entre regiões. O RS tem participação de
4% em relação ao número total de apólices para milho no Brasil. No aspecto de importância segurada, o milho
gaúcho representa 6% do total de recursos segurados, enquanto o Paraná, primeiro em utilização do PSR,
responde por 45% do total de recursos segurados. Estados que aportam recursos para subsidiar o prêmio pago
pelos produtores e, com menor histórico de frustrações de safra, de modo geral, utilizam mais o seguro rural. No
RS, a contratação tem se mostrado reduzida e com demanda por seguros superior a oferta de produtos por parte
das seguradoras. A taxa do prêmio paga por produtores é superior a outros estados. O aprimoramento do
programa de seguro rural pode contribuir com a produção de milho no RS.
Introdução
Procedimentos metodológicos
Resultados e discussão
Em 2015, o governo federal destinou R$ 577,3 milhões ao seguro rural, sendo R$ 282,2
milhões para pagamentos de apólices de 2015 e R$ 295,1 milhões de 2014. Apenas 18% da
área total agrícola brasileira adotou algum mecanismo de proteção contra perdas de renda ou
produção em 2015, como a política agrícola de seguro rural (FAEP, 2012). O estado do Paraná
é responsável por 37% das contratações do PSR (MAPA, 2016).
Os produtores do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais contam ainda com
a subvenção dos seus governos estaduais, além do PSR do governo federal. Dados sobre o PSR,
demonstram que o governo federal paga, em média, 50%, o governo estadual 25% e o produtor
25% do valor da contratação da taxa bruta de prêmio nesses estados. Mesmo com perdas na
produtividade por fenômenos climáticos, pode-se evitar as dívidas de financiamentos, com a
contratação do seguro contendo subsídios do governo federal e, em alguns casos, do estado.
Conforme (Quadro 1) no Paraná, o seguro rural da cultura do milho em 2015 apresentou
adesão superior a 4,5 mil apólices, atendendo mais de 3,5 mil produtores, com uma área
segurada de, aproximadamente, 300 mil hectares. O segundo do ranking é São Paulo, com
adesão de 711 apólices, atendendo mais de 500 produtores, em uma área segurada de,
aproximadamente, 50 mil hectares, seguidos de Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Minas
Gerais e Santa Catarina, respectivamente, em relação ao número de apólices. É possível
verificar que o valor da subvenção total da cultura do milho 2ª safra é 87% maior que a
subvenção da cultura do milho 1ª safra. Esta diferença, em grande parte, está relacionada com
as exigências da cultura para expressar seu potencial produtivo e desenvolvimento que são mais
adequadamente atendidas na condição de lavoura de 1a safra. A umidade do solo, adição solar,
variações de temperatura e precipitação pluviométrica determinam o alcance de níveis ótimos
para que a capacidade genética do milho plantado se expresse ao máximo (CRUZ et al., 2008).
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DOAGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DOAGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Resumo. Este estudo de caso tem como objetivo identificar e descrever as ações de uma indústria frigorífica,
localizada na região sul do Rio Grande do Sul, para garantir a obtenção regular de matéria-prima nos padrões
de qualidade desejados. Neste estudo, identificou-se que o gerenciamento da cadeia de fornecedores foi o
principal potencializador para a garantia de abastecimento do frigorífico. Os processos de governança e de
formação de redes também foram identificados como sendo facilitadores do gerenciamento da cadeia e do
consequente fortalecimento dos agentes pertencentes ao sistema estudado: os fornecedores de bovinos e a
indústria frigorífica.
Abstract. This case study aims at identifying and describing the actions of a meatpacking industry located in the
Southern region of Rio Grande do Sul (Brazil) to ensure that raw material at the desired quality standard is
obtained regularly. In this study, the management of the supply chain was identified as the most important
aspect for improving the quality of the refrigerator supply. Governance processes and networking were also
identified as chain management facilitators and the consequent strengthening of institutions within the system
studied: cattle suppliers and the meatpacking industry.
Key-words: supply chain management, network and governance, meatpacking industry, raw material.
Introdução
Nos últimos anos, o Rio Grande do Sul enfrenta a escassez de oferta de bovinos para o abate.
Este fato está relacionado ao direcionamento das áreas, que anteriormente eram utilizadas
para a pecuária, à agricultura, principalmente ao cultivo de soja, e à silvicultura, por exemplo,
ao plantio de eucaliptos (OAIGEN; BARCELLOS, 2015). Este fato demonstra a importância
de se tentar construir alguma forma de governança entre a indústria frigorífica e o fornecedor
da sua principal matéria-prima, o pecuarista.
Toda cadeia produtiva da carne abrange diversos níveis, o foco da presente pesquisa é estudar
o elo entre o fornecedor e a indústria frigorífica, tendo em vista a particular situação em que a
indústria estudada também desempenha as atividades de criação de bovinos, atuando como
fornecedor. Além da abordagem de Gestão da Cadeia de Suprimentos, será destacada a
formação de redes para negociações específicas, identificando e descrevendo as práticas de
coordenação existentes entre a referida indústria e seus fornecedores de bovinos. Como
também serão abordados os esforços da indústria para garantir a regularidade da obtenção da
matéria-prima de acordo com os padrões desejados.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
A escolha do tema a ser pesquisado é justificada pela importância da cadeia produtiva da
carne no cenário da economia regional e nacional, estudar gestão e governança é necessário
para que se compreenda as articulações entre as atividades empresariais.
Referencial teórico
Governança se desenvolve dentro dos limites impostos pelo ambiente institucional e pelos
pressupostos comportamentais sobre os indivíduos. Nos sistemas agroindustriais, segundo
Zylberstajn (2005), a governança considera os mecanismos de incentivos e de controle dos
agentes. Nesses sistemas pode-se observar uma maior variedade de modelos de governança,
as vezes bastante particulares a um determinado processo de transação comercial. As diversas
estruturas de governança que unem os elementos de uma cadeia produtiva é definida como
coordenação. A eficiência da coordenação está associada às características das transações
entre esses elementos e também às características dos ambientes institucionais e
organizacionais onde estão inseridos (WILLIAMSON, 1985).
Tane et al. (1998) destaca que os principais elementos de um sistema de GCF, são: relações
interorganizacionais, agregação de valor, processos comerciais, integração de atividades
(logística, marketing, integração de sistemas de informação, planejamento e controle). Outros
autores acrescentam ainda os fluxos de logística, gerenciamento de pedidos, processos de
produção, comunicação intra e interorganizacional, aquisição de know how, gestão de
estoques, controle de custos, entre outros.
Para melhor elucidar o que foi discutido até aqui, organizou-se a Tabela 1 com as principais
diferenças entre as abordagens tradicional e de gerenciamento da cadeia de fornecedores.
Metodologia
Resultado e discussão
Segue quadro resumo dos principais tópicos discutidos em entrevista realizada com os
fornecedores de gado. Para melhor esclarecer alguns tópicos do quadro resumo, vale ressaltar
que a flexibilidade refere-se facilidade de comunicação principalmente com relação ao
cronograma de carregamento da matéria-prima. Quanto ao suporte financeiro havendo a
necessidade de caixa por parte dos fornecedores, o frigorífico proporciona pagamentos
antecipados.
- Conhecimento
Compartilhado Sim Sim Não mencionou Sim
Desvantagens da
parceria:
7% Mercado
30%
GCF
63%
Hierarquia
Considerações finais
Referências bibliográficas
1
mestrando em agronegócios/UFRGS, claudinei.gomes@ufrgs.br
2
professora associada/UFRGS, andrea.troller@ufrgs.br
Resumo. A ovelha Roja Mallorquina é uma das 44 raças ovinas autóctones da Espanha. Trata-se de um animal
rústico e adaptado às severas condições climáticas da ilha de Maiorca, mas que se encontra ameaçado de
extinção. A atividade rural na ilha está submetida à uma grande pressão econômica, visto que a economia local
se baseia no turismo e no setor de serviços. Entretanto, durante os últimos anos, o número de cabeças do rebanho
e o número de propriedades que trabalham com a raça têm se mantido estável. Este artigo analisa o papel que as
Instituições da Espanha e da União Europeia desempenham na conservação desta raça sob a ótica da Nova
Economia Institucional.
Palavras-chave. Raça Autóctone de ovelha; Espanha; Mediterrâneo; Roja Mallorquina; Nova Economia
Institucional.
Abstract. The Roja Mallorquina sheep is one of the 44 Spanish autochthonous sheep breeds. It is a rustic animal,
adapted to the extremely severe conditions of the Mediterranean island of Majorca. Nevertheless, it is threatened
of extinction. Local economy is largely based on tourism and services and the rural activity is under economic
pressure. However, against all odds, the breed’s herd and the number of breeders has not been decreasing in the
last years. This article analyzes the role played by Spanish and European Union Institutions on the conservation
of this sheep breed from the New Institutional Economics’ perspective.
Keywords. Autochthonous Sheep Breed; Spain: Mediterranean; Roja Mallorquina; New Institutional Economics.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Introduction
Spain has 44 recognized autochthonous sheep breeds, of which 4 are located in the Balearic
Archipelago and are threatened of extinction (MAGRAMA, 2015). Modern economic and
agricultural demands tend to lead autochthonous breeds to its disappearance, even though they
are considered a precious fount of genetic resources (TABERLET et al., 2008). Besides, such
breeds may represent also cultural and traditional values of its country, contributing to ethnic
identity (GANDINI & VILLA, 2003).
Pons el al. (2015) points out to the fact that the main treat to these four sheep breeds existing in
the archipelago is the strong socio-economic pressure the islands are experiencing recently,
going from of a rural economy to a service based economy, in which tourism has a higher
importance. Yet, sheep are still the most typical animal of the landscape and local breeders are
recognizing them as a source of income linked to the land.
The Balearic sheep breed Roja Mallorquina (RMS) is found in the island of Majorca and
originated from the Mediterranean sheep steams with fat tail. They are animals with red fur and
yellowish wool who are adapted to extremely severe environmental conditions (CASTILLO et
al., 2014; PONS et al., 2015). This breed population consists in 3993 animals according to the
official census (MAGRAMA, 2015) and it is at risk of extinction according to the Loyal Decree
2129/2008 (SPAIN, 2008).
So far, there are no scientific works concerning an economic prospective for the RMS and the
role Institutions have in its conservation. Available data on RMS is scarce, technically
orientated and economic perspective in one of the gaps on Spanish autochthonous sheep breeds
literature. This work’s purpose is to unfold the role played by Institutions in the conservation
of the RMS.
Methodology
The framework of this study consists on a systematic analysis regarding the interference of
Institutional Environment on the survival of the RMS. The information used was gathered from
three main sources, as follows: literature review, Institutional data and observation in loco.
International database search tools were used in order to find academic papers related to the
RMS. An extremely reduced number of works were found, and then keywords were expanded
to include citations of autochthonous sheep breeds from Spain and sheep production and
marketing. Official Spanish Government data and European Union (EU) and Balearic Island’s
food labeling regulations were also consulted.
Theoretical hypothesis were than formulated employing critical analysis based on database
evidence and the New Institutionalism theory.
Theoretical Framework
The number of farms where RMS are breed has been maintained since 2009, first year with
official data available. The number of animals had slight variations along the last years, but has
remained within a range that allow us to perceive that the number of individuals has not been
dropping. In fact, such data contrasts with studies that suggest sheep farming as not
economically profitable (DE RANCOURT et al., 2006; DUBEUF, 2011), a scenario where,
most probably, RMS herd should decrease.
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Figure 1: RMS herd and number of breeders’ evolution during the last 7 years according to official data.
(Based on MAGRAMA, 2015).
4000 64
3900
62
3800
Number of Properties
3700 60
Herd Number
3600
58
3500
56
3400
3300 54
3200
52
3100
3000 50
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Herd Breeders
The reason RMS breed stands, even while its breeders are under tremendous economic pressure,
may be given by De Rancourt et al. (2006), who state that sheep farming economic margins
depend largely on subsides in the European Union (EU). In a case considering another Spanish
indigenous breed, the Ojinegra de Teruel, Ripoll-Bosh et al. (2014), analyzing economic
sustainability of farming systems with autochthonous sheep breeds, reported that nearly 50%
of all farm income was obtained from subsidies. Similar investigations have never been done
with RMS, but it is logical to presume similar or even higher dependence on subsides, since the
Ojinegra de Teruel is not threatened of extinction and its meat is a product that has Protected
Denomination of Origin (PDO).
That stated, it is important to consider economic theories while analyzing the situation faced by
autochthonous breed farmers in order to enhance our comprehension of the scenario and
perceive the most probable future panorama. According to the New Institutionalism
perspective, Institutions are the main factor behind economic development. As stated by North
(1990), “Institutions are the rules of the game in a society or, more formally, are the humanly
devised constraints that shape human interaction”. The so called “rules” may be formal ones
(contracts, property rights, etc.) or informal ones (social norms followed by a society). For
this work we consider the effects that “formal rules” have in the RMS breed activity, such as
subsides and public labels for food products.
Lamb consumption is traditional in Majorca and the RMS is recognized in local gastronomy
for its meat. Recently, however, some producers decided to produce also handmade cheese, a
clear sign that breeders are looking for a higher diversification degree.
Many consumers have oriented themselves towards local food, which has traveled only short
distances or is commercialized directly by the producer (HOLLOWAY et al., 2007; WATTS
et al., 2005). RMS cheese has specific characteristics that, alongside with the reduced and
seasonal production (from November to May) and direct producer’s marketing, give the cheese
potential as niche product with high value added. This perspective, nonetheless, is shadowed
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AGRONEGÓCIO
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by the need of an insertion on the island’s market, where it has to compete with several
traditional European cheeses, imported especially from France and Germany (IKERFEL,
2015).
Local production
Back in the early 2000’s, farmer’s markets became quite popular in Europe. The reintroduction
of this form of commercialization did not aim the promotion of local commodities, but the
demand for traditional foods and the manifest consumer interest in the various food quality
attributes associated with local food (VECCHIO, 2009). There is an expectation that local food
is tastier and of high quality, attributes considered the most important on food purchase
(FELDMANN & HAMM, 2015).
“Local”, as stated Feldmann and Hamm (2015), is a term that is used and understood in different
ways, since neither a general definition of “local origin” nor a legal standard exist. This
incertitude leads to mayor issues, as consumers find difficult to identify local products and have
no guarantees that products labeled as “local” fulfill their expectations. The absence of one
universal definition makes it all but impossible to create a standardized label for local food.
Thus, information and knowledge play a key role in affecting demand, such that specific
information on the label can even change the perception of goods (WASKIN et al., 2000).
Producers from the Majorca Island, nonetheless, may have a way to outcome the lack of an
official definition of what is local and even take advantage of it, since there are no doubts about
the area within the island’s territory. The costs implied in bringing to consumers the perception
of what is “local” sharply fall and the incertitude surrounding food authenticity is reduced to a
minimum. As Bernabéu et al. (2010) assert, the strategy that seems the most adequate as
differentiating element for cheese is origin, a circumstance that could be taken advantage of to
promote consumption.
On the other hand, producers are aware that RMS handmade cheese is a product that is highly
differentiated from an industrialized similar and sought ways to certificate such distinctive
traits. Many steps towards certification have already been taken, e.g. organic production and
ecological farming certificates, what can be considered a consistent strategy, since the organic
attribute could condition consumer preference or increased value for cheese (Bernabéu et al.
2010).
EU registered the current organic production logo as an Organic Farming Collective Mark, and,
from July 2010, it is usable and protected (EU Commission Regulation 271/2010). Some RMS
breeders carry the farming activity according to the requirements described in EEC Regulation
2092/91 and EC 834/2007, which stablish standards for organic production within EU political
territory. By meeting those parameters, they are qualified to use the Organic logo of EU,
advertisement that is already in use in some brands of handmade RMS cheese, e.g. Formatgeria
Son Jover.
The Balearic Islands created in 1994 the Balearic Counsel of Ecological Agricultural
Production (CBPAE), organ that is responsible for the organic certification within the
Autonomous Community. Producers who plead such certification for their products are subject
to CBPAE control system. Once requirements are met, a logo containing CBPAE own brand is
available, advertising therefore that the product has achieved the “Balearic Ecological Farming
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Certificate”. RMS breeders who earned the Organic logo of EU often adopt the usage of
DBPAE logo as well.
The European Commission introduced in 1992 the regulation regarding the protection of
geographical indications and designations of origin. The legal framework used today is based
on the EU regulation 1151/2012, which stands that “Producers can only continue to produce a
diverse range of quality products if they are rewarded fairly for their effort. This requires that
they are able to communicate to buyers and consumers the characteristics of their product under
conditions of fair competition”. This is a clear Institutional attempt to asymmetric information
costs, beneficiating both producers and consumers.
Asymmetric information is a situation in which buyer and seller have different information
regarding a transaction (PINDICK; ROBINFELD, 2002). Considering the RMS case, Majorca
consumers are familiar with its lamb meat, but producers have yet to find ways to let them
perceive their handmade cheese attributes and induce consumers to pay premium prices for it.
Spanish institutions are also making movements towards the promotion of differentiation of the
country’s autochthonous breeds. The Loyal Decree 505/2013 set the regulatory framework for
the voluntary usage of the logo “100% raza autóctona” (100% autochthonous breed), that
recognizes animal products such as wool, skin, milk, meat and cheese, making easier their
identification in places where they can be commercialized or consumed. Even tough “breed
labeling” is a recent strategy, this is an innovative way to grant an alternative marketing path
for Spanish breed’s products. By 2016, 11 sheep breeds were already making use of this
distinction logo, 6 of them threatened of extinction. The RMS, however, was not included
amongst these breeds that already were making use of the logo and so this is a step towards
differentiation that is yet to be taken by RMS breeders association.
Scenario Prospection
Once handmade cheese factories cannot count on economies of scale, offering superior quality
goods is the logical getaway. From consumer’s perspective, certification can be seen as a link
between a certain product and a higher quality. Garavaglia and Marcoz (2014) suggest that
consumers understand that certification entails costs, are aware that these costs guarantee the
higher quality of the products and are willing to pay premium prices.
Bontemps et al. (2013) made discovers that are crucial when discussing the importance of the
Institutional Environment to small farmers. According to their research, PDO positively affects
the survival of small cheese makers in French dairy industry and encouraging PDO production
reduces the risk of extinction only for small firms. Besides, PDO labelling transmit a collective
reputation based more on traditional than capital-intensive technologies. Small firms engaged
in PDO production have a possibility to share the cost of labelling and benefit from a reputation
without contracting large advertising and R&D expenditures.
Further evidence support the idea that RMS breeders should explore Geographical Indication
as a way to differentiate handmade cheese. Bernabéu et al. (2008) report that Spanish
consumers give a lower importance to whether cheese is organic or not, while origin is the most
highly evaluated attribute. They suggest that organic feature becomes an inadequate
differentiation strategy, whereas origin can be converted into a good differentiation element.
Final Considerations
Considering the economic and institutional complexity that surrounds the RMS breed, it is
important that enlighten evidence are accounted by both producers and organizations when
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deciding future strategies. The information gathered in this work led to the recognition of key
aspects that should be acknowledged and taken for further considerations.
Studies suggest that RMS products, especially cheese, should focus on highlighting its origin
instead of its organic attributes. Local producers could take benefit from Majorca’s natural
geographical isolation in order to reduce transaction costs related to asymmetric information
between consumers and them. Besides, EU Institutional Environment is capable of providing
solutions that are advantageous for RMS breeders by ensuring food product’s origin, a feature
not explored so far. On this regard, it is mandatory that attempts to achieve enhanced market
strategies are aligned to Institutional policies opportunities, such as Organic Certification,
Autochthonous Breed logo and PDO. These labels may have an important role in reducing the
incertitude that surrounds credence goods such as food products. Akerlof (1970) sustains that
public labels certify the quality of a product that cannot be observed otherwise and recognized
by consumers.
Furthermore, it is unlikely that autochthonous sheep breeders are able to maintain their
productive structure without subsides, fact that turns EU and Spanish Institutions irreplaceable
pillars for the conservation of the RMS breed. Similar conclusions were draw by Canali (2006)
studying EU policies regarding goat and sheep market and rare breeds conservation. He asserts
that subsides are vital to breeders and, consequently, should policy support be removed,
production would decline rapidly as producers would withdraw from sheep production and,
possibly, from agriculture altogether. This is a scenario were not only RMS breed would find
itself closer to extinction, but also endanger other Spanish autochthonous breeds.
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1
Acadêmica do curso de Nutrição, FAMED/UFRGS, carolinegallicchio@gmail.com
2
Mestranda em Desenvolvimento Rural, PGDR/UFRGS, daiane.netto2@gmail.com
3
Mestranda em Desenvolvimento Rural, PGDR/UFRGS, alessandra_082@hotmail.com
4
Professor Dr. FCE/IEPE, PGDR e PPG-Agronegócios/UFRGS, glauco.schultz@ufrgs.br
Resumo. Em 2012, a FAO publicou a estimativa de que até 2050 a população mundial alcançará o número de
9,7 bilhões de pessoas. Assim, a produção agrícola deve ser 60% maior em relação ao período de 2005 a 2007,
para suprir a demanda de alimentos. A expectativa para 2050 é que 66% da população mundial residam em
áreas urbanas. O processo contínuo de urbanização gera desafios para o desenvolvimento sustentável, como a
falta de alimentos, preservação ambiental e a escassez de empregos. Neste cenário, a prática da agricultura
urbana comunitária surge como uma possibilidade de fornecer renda extra para as famílias em situação de
vulnerabilidade econômica e garantir a segurança alimentar e nutricional nas áreas urbanas. O objetivo deste
estudo é realizar uma reflexão sobre a crescente tendência da prática da agricultura urbana, que vem ganhando
atenção de políticas públicas pelo mundo. Após ser caracterizada, são discutidos alguns fatores associados a
esta prática, como segurança alimentar e nutricional, impactos ambientais, influência nas relações sociais,
potencial de geração de renda e desenvolvimento de cidades sustentáveis, relacionando-os com exemplos de
casos do Brasil e de outros lugares do mundo. Os casos relatados demonstram que a agricultura urbana pode
ajudar a reduzir a pobreza, garantir a segurança alimentar e nutricional e a melhorar as condições ambientais.
Para alcançar e manter esses resultados, é necessária a atuação em conjunto do poder público, sociedade civil,
organizações não governamentais e setor privado.
Abstract. In 2012, FAO published an estimate that by 2050 the world population will reach 9,7 billion people.
Therefore, agricultural production shall be 60% greater compared to the period between 2005 and 2007 in
order to meet food demand. It is expected that by 2050 60% of the world population will be living in urban
areas. The continuous urbanization process brings on challenges for the sustainable development, including
food shortage, environmental preservation and job scarcity. In this scenario, community-based urban
agriculture emerges as a possibility to provide families in economic vulnerability with extra income and food
and nutrition security. This study aims to discuss the increasing trend of urban agriculture practices, which have
been calling attention of public policies around the world. After describing it, some associated factors are
debated, such as food and nutrition security, environmental impacts, influence on social relationships, income
generation potential and development of sustainable cities. These associated factors are explored in case
examples from Brazil and other countries. The presented cases demonstrate that urban agriculture may help
reduce poverty, guarantee food and nutrition security and improve environmental conditions. In order to
achieve and maintain these outcomes, cooperative action between public authorities, civil society,
nongovernmental organizations and the private sector is necessary.
Keywords. Urban agriculture; food and nutrition security; sustainable development; agroecology.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Introdução
A Food and Agriculture Organization (FAO) apresentou, na última revisão de seu relatório
sobre o futuro da agricultura, uma estimativa de que a população mundial alcançará 9,15
bilhões1 de pessoas até o ano de 2050. Associada a esta, a perspectiva de aumento de renda
permite uma projeção para a produção agrícola global: ela deverá ser 60% maior em relação
ao período de 2005 a 2007, com vistas a suprir a demanda para uso alimentar e não alimentar
(ALEXANDRATOS; BRUINSMA, 2012).
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU, 2014), a maior parte da população
mundial reside em áreas urbanas, 54% em 2014, com expectativa de aumentar para 66% até
2050. Enquanto quase metade dos moradores dessas áreas vive em cidades com menos de
500.000 habitantes, uma em cada 8 pessoas vive em uma das 28 megacidades existentes
atualmente, com mais de 10 milhões de habitantes. Para 2030 espera-se a existência de 41
megacidades. No Brasil, em 2014, 85% da população já era considerada urbana, com
prospecção de chegar a 91% em 2050.
A velocidade de urbanização é maior em países de baixa e média renda e é um processo
contínuo que gera desafios para o desenvolvimento sustentável, como a falta de alimentos,
preservação ambiental e a escassez de empregos (FAO, 2014; AQUINO; ASSIS, 2007).
Surge, assim, a necessidade de políticas para melhorar a qualidade de vida de moradores de
regiões urbanas e rurais, bem como vias alternativas que promovam o abastecimento de
alimentos para todos.
Neste trabalho, abordaremos a qualidade de vida das populações urbanas com enfoque no
suprimento de alimentos. O objetivo do estudo é realizar uma reflexão sobre a crescente
tendência da prática da agricultura urbana relacionada à agroecologia como proposta para
guiar a execução de projetos, que vem ganhando atenção de políticas públicas pelo mundo.
Assim, pretendemos caracterizar essa prática para posteriormente discutir alguns fatores
associados a ela, como segurança alimentar e nutricional, impactos ambientais, influência nas
relações sociais e potencial de geração de renda, apresentando exemplos de casos do Brasil e
de outros lugares do mundo.
Quanto aos procedimentos metodológicos, o estudo se caracteriza como uma pesquisa básica
com objetivo exploratório. O objetivo da pesquisa vem a ser exploratório, pois envolve a
pesquisa bibliográfica em diversas formas. Conforme Santos (2000) apud Siqueira; Schultz e
Talamini (2015, p. 04) “a pesquisa exploratória visa prover a compreensão do problema
enfrentado pelo pesquisador e, na maioria das vezes, é feita como levantamento bibliográfico,
entrevistas com profissionais que estudam ou atuam na área pesquisada, visitas a web sites e
outras ferramentas”, as quais se encontram citadas na sessão de Referências Bibliográficas.
Neste sentido, realizamos o levantamento bibliográfico em portais de periódicos online, nas
bibliotecas da academia e em diversos web sites que tratam do tema em estudo e fizemos uma
entrevista.
Discussão
O conceito de agricultura urbana ainda não está consolidado, mas identificam-se algumas
características específicas dessa forma de produção de alimentos. O que define a agricultura
urbana não é apenas seu distanciamento do meio rural, mas sim o fato de ela estar integrada e
1A ONU (2015) atualizou as prospecções populacionais para 9,7 bilhões de pessoas em 2050.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
interagindo com o ecossistema urbano. É a produção de alimentos dentro do perímetro
urbano, que conta com a inter-relação entre homem-cultivo-animal-ambiente e a
infraestrutura urbana, baseada em práticas sustentáveis (GNAU, 2002 apud AQUINO;
ASSIS, 2007). A agricultura urbana também pode incluir áreas periurbanas, nas periferias das
cidades, que abastecem a população local (MOUGEOT, 2010 apud LIN; PHILPOTT; JHA,
2015). A produção nessas áreas é diversa, abrangendo hortaliças, plantas medicinais,
temperos, cogumelos, árvores frutíferas, plantas ornamentais, além da criação de animais para
obter ovos, leite, carne, lã, entre outros produtos (LOVELL, 2010 apud LIN; PHILPOTT;
JHA, 2015).
A agricultura urbana não é uma atividade recente e, de alguma forma, sempre se expressou
nas áreas urbanas, mesmo que timidamente (AQUINO; ASSIS, 2007). No entanto, nos
últimos anos, essa prática tem aumentado mundialmente, influenciada principalmente pelas
crises econômicas. Os períodos de crise, apesar de afetarem tanto as populações urbanas
quanto as rurais, deixam as populações urbanas de baixa renda mais vulneráveis, visto que a
maioria dessas pessoas gasta a maior parte da sua renda com alimentação. Desta forma, a
dependência de compras para consumir, associada às variações dos preços e dos salários,
diminuem o poder aquisitivo desta parcela da população, consequentemente, elevando o risco
de insegurança alimentar. Assim, os períodos de crise financeira incentivam iniciativas da
população em organizar hortas urbanas para garantir uma dieta mais diversificada e saudável,
possibilitando o acesso a alimentos frescos como hortaliças, frutas e temperos, o que ajuda a
melhorar a segurança alimentar (FAO, 2009; ORSINI et al., 2013). Nos países mais ricos, o
“boom” da agricultura urbana é associado também à crescente consciência e preocupação da
população sobre questões ambientais e de saúde, aumentado a demanda por alimentos de
produção local, frescos e não processados (SMIT et al., 2001; AUBRY; KEBIR, 2013 apud
BENIS, 2016).
Nessa perspectiva, a importância da agricultura urbana está vinculada a uma forma alternativa
de renda e à demanda por produtos agrícolas em qualidade e quantidade suficientes no meio
urbano (DRESCHER, 2001 apud AQUINO; ASSIS, 2007). Além disso, a agricultura urbana
cria oportunidades de empregos (AGBONLAHOR et al. 2007 apud ORSINI, 2013) e
estimula empreendimentos na área como, por exemplo, nos setores de insumos para a
agricultura, processamento de alimentos, acondicionamento, marketing, etc. (IIED 2011 apud
ORSINI, 2013). Esses motivos têm despertado o interesse de pesquisadores, urbanistas e
principalmente de formuladores de políticas públicas.
No Brasil, a partir do início deste século, o apoio às hortas urbanas e periurbanas passou a
fazer parte da política nacional de redução da pobreza e garantia de segurança alimentar,
recebendo recursos federais, estaduais e municipais. O foco dos projetos na população mais
pobre gerou benefícios privados como a possibilidade de obtenção de renda direta pela
comercialização da produção (no entanto essa renda foi bastante variável entre os produtores
avaliados em trabalhos publicados, sendo que um salário mínimo foi a renda máxima obtida),
melhora da renda indireta pelo autoconsumo da produção, melhoria dos hábitos alimentares e
segurança alimentar. Também trouxe benefícios sociais (aumento das relações pessoais na
comunidade e melhoria da organização da sociedade local) e ambientais (melhoria da
paisagem urbana pela eliminação de terrenos abandonados e redução de impactos ambientais,
que serão aprofundados mais adiante). Apesar disso, a maioria desses projetos foi de curta
duração, geralmente menos de três anos. As principais dificuldades relatadas foram a falta de
organização social, falta de acesso à assistência técnica, capital, terra e água, sugerindo que o
sucesso desses projetos parece depender muito mais da organização comunitária e da decisão
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política de apoiá-los, do que propriamente da disponibilização de tecnologias (CASTELO
BRANCO; ALCÂNTARA, 2011).
Como a segurança alimentar e nutricional (SAN) é bastante citada como benefício da
agricultura urbana para a população dessas regiões, convém conceituarmos o tema. No Brasil,
a SAN foi definida na Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN) de 2006,
como a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades
essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a
diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
Este conceito é associado ao do Direito Humano à Alimentação Adequada, sendo este um
direito fundamental do ser humano. Assim, fica a cargo do poder público adotar as políticas e
ações que se façam necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional
da população. No entanto, por serem conceitos amplos, na prática demandam ações
cooperativas entre governos, sociedade civil, organizações não governamentais e setor
privado para obter resultados exitosos e sustentáveis, ao estabelecer divisões sensatas do
espaço urbano e periurbano entre moradia, indústria, infraestrutura e agricultura (FAO, 2009).
Quanto à tipologia, identificam-se diversas modalidades de produção de alimentos no meio
urbano: podem ser residenciais (individuais, familiares ou comunitárias), institucionais
(escolas, hospitais), comunitárias (ocupando espaços públicos ou privados) ou empresas de
agronegócio. Podem, portanto, ser destinadas ao autoconsumo e/ou à comercialização.
Qualquer espaço livre pode ser utilizado: jardins, terraços, floreiras em janelas, vasos, paredes
(conhecidas como hortas verticais), estufas, terrenos baldios, espaços públicos subutilizados,
prédios projetados para esse fim (chamados de fazendas verticais). As escalas de produção e
tecnologias utilizadas também são variadas; segundo a Fundação RUAF, em países em
desenvolvimento o nível tecnológico na maioria dos casos é baixo, porém existe uma
tendência buscando avanços tecnológicos e práticas mais intensivas.
Entre os tipos citados, as hortas comunitárias se destacam por serem desenvolvidas com o
intuito de gerar renda e inclusão social, além de possibilitar maior aproximação entre os
membros da comunidade e melhorar a qualidade da alimentação. Monteiro e Monteiro (2006)
explicam o caso do município de Teresina, no Piauí, que sofreu grande aumento populacional
em vilas e favelas devido ao êxodo rural, e com isso surgiu a necessidade de adotar políticas
públicas que pudessem amenizar ou reverter a situação causada por esse fluxo migratório
juntamente com a baixa oferta de empregos. Foram implantadas hortas comunitárias a partir
do Programa Hortas Comunitárias de Teresina, da Prefeitura do município. O Programa
surgiu com o objetivo de gerar renda, trabalho e melhorias nas condições alimentares das
famílias envolvidas, porém, as autoras colocam que o trabalho nas hortas se tornou uma
atividade secundária para complementar a renda dos produtores, mas ainda assim gerou
melhorias nas condições sócio-econômicas dos envolvidos.
No município de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, foi constituída uma
cooperativa solidária em um antigo prédio público que estava abandonado. Após a ocupação,
os moradores desenvolveram um sistema de auto-gestão e instalaram uma horta no terraço do
prédio com utensílios e recursos que estavam disponíveis, no primeiro momento praticavam o
cultivo convencional de produção. Mais tarde, o local foi o primeiro prédio público do país a
ser destinado à moradia popular e, a partir de 2010, com o auxílio de um edital público,
passaram a cultivar diversos alimentos com a utilização da hidroponia orgânica, sendo a
primeira horta hidropônica em terraço do Brasil. Atualmente, cerca de 10 anos após o início
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
do projeto, o local abriga 42 famílias, além de possuir uma padaria autogestionada no local, a
cooperativa está em processo de organização de sua primeira feira orgânica aberta para o
público em geral. Tanto a horta quanto a padaria são importantes fontes de renda para as
famílias que habitam o local.2
Ao pensar em soluções para o suprimento adequado de alimentos no panorama apresentado
até agora, é imprescindível adotar uma visão sistêmica e considerar os objetivos de
desenvolvimento sustentável divulgados pela ONU na Agenda 2030: erradicação da pobreza;
fome zero e agricultura sustentável; saúde e bem-estar; educação de qualidade; igualdade de
gênero; água potável e saneamento; energia limpa e acessível; trabalho decente e crescimento
econômico; indústria, inovação e infraestrutura; redução das desigualdades; cidades e
comunidades sustentáveis; consumo e produção responsáveis; ação contra a mudança global
do clima; vida na água; vida terrestre; paz, justiça e instituições eficazes; parcerias e meios de
implementação. Todos esses objetivos estão interconectados, estabelecendo diferentes graus
de influência uns sobre os outros, e pode-se identificar, dentre eles, vários que a agricultura
urbana tem potencial para promover de forma mais expressiva, especialmente quando
associada aos preceitos da agroecologia.
A agricultura agroecológica defende a menor dependência possível de insumos externos à
unidade de produção agrícola e a conservação dos recursos naturais por ações de reciclagem
de energia e nutrientes (AQUINO; ASSIS, 2007), não permitindo uso de insumos químicos e
sementes transgênicas. Conforme Ribeiro et al. (2011), a agricultura urbana agroecológica
pode ser considerada como uma ferramenta de promoção à saúde. Aquino e Assis (2007)
trazem a produção urbana de alimentos como uma oportunidade de revalorização destes
espaços. Além disso, colocam que a agricultura urbana tem o importante papel de garantir
melhorias na dieta das famílias envolvidas e nas condições ambientais, juntamente com a
reinserção de populações marginalizadas. Os autores ainda apresentam evidências de que a
agricultura urbana configura-se como um importante fenômeno sócio-econômico, associado a
sistemas de base agroecológica, gerando um melhor aproveitamento dos resíduos orgânicos.
A agroecologia surge, então, como uma base científica que pode ajudar a alcançar
agroecossistemas sustentáveis.
Cidades que passam por rápido processo de expansão costumam apresentar problemas de
poluição que ameaçam a saúde pública. A falta de sistemas adequados para tratamento de
esgoto resulta em grandes quantidades de dejetos humanos e efluentes industriais despejados
diretamente no ambiente. A agricultura urbana e periurbana traz a oportunidade de
transformar esses resíduos em um recurso produtivo: na América do Norte, várias cidades
reciclam resíduos orgânicos em composto para jardins e hortas residenciais, que são
oferecidos para os moradores. Em Addis Ababa, na Etiópia, uma empresa privada coleta
diariamente 3,5 toneladas de resíduos orgânicos e os transforma em quase duas toneladas de
fertilizante de alta qualidade. A reciclagem de águas residuais domésticas para uso na
agricultura também é possível, porém necessita de cuidado especial para um tratamento
adequado que elimine patógenos (FAO, 2010). Outra opção para a irrigação sustentável é a
coleta de água da chuva. A agricultura urbana também permite a requalificação de áreas
subutilizadas e degradadas (SMIT et al. 1996 apud ORSINI, 2013), porém, ao escolher o
local de cultivo deve-se atentar para a qualidade do solo, que pode apresentar contaminação
por pesticidas ou metais pesados, principalmente em regiões que no passado eram industriais
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
Resumo:
Compreender e relacionar a teoria dos Stakeholders e a Economia de Custos de Transação
torna-se importante no mundo atual onde as relações inter-firmas estão cada vez maiores devido aos
processos globalizados de produção. Esse trabalho tem o objetivo de Descrever as inter-relações entre
as Teorias dos Stakeholders e a Nova Economia Institucional no contexto dos Contratos e formas de
governança. Para tanto foi realizada uma busca por trabalhos com temas relacionados ao interesse da
pesquisa, a fim de Identificar lacunas, criticas e contribuições da teoria dos Stakeholders, em relação as
formas de governanças propostas pela teoria de economia dos custos de transação. Os resultados
apresentados aqui são preliminares visto que a pesquisa ainda está em andamento.
Abstract:
Understand and relate the theory of stakeholders and Transaction Cost Economics becomes important in
today's world where inter-firm relationships are increasing due to globalized production processes. This
paper aims to describe the interrelationships between theories of Stakeholders and the New Institutional
Economics in the context of contracts and forms of governance. Therefore we carried out a search for
work on issues related to the interest of research in order to identify gaps and critical contributions of the
theory of stakeholders, regarding the forms of governances proposed by saving theory of transaction
costs. The results presented here are preliminary as the research is still in progress.
6. Conclusões
Pensar nos interesses de todos os stakeholders em processos de tomada de
decisão pode ser mais complexo e consequentemente mais custoso. No entanto deve-se
observar que quanto maior forem as externalidades geradas pelas transações
principalmente no que se refere a externalidades ligadas a meio ambiente e a questões
sociais, os stakeholders serão afetados em maior grau por essa decisão.
Concluindo, pode-se observar uma interação entre a ECT e a teoria dos
stakeholders, de certa forma observa-se complementariedades que podem ser discutida
em trabalhos futuros como, por exemplo, a possível redução da assimetria de
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
informação entre os principais interessados nas transações que pode acarretar
em uma redução dos custos de transação nos contratos. A melhor visualização dos
interesses dos vários stakeholders pelos gestores o que pode melhorar nas tomadas de
decisão dos mesmos. Além da criação de possíveis mecanismos de governança para as
organizações através do diálogo com seus stakeholders para assim poder criar o maior
valor possível a esses Stakeholders. Por ultimo é necessário um aprofundamento maior
nas teorias e na identificação de convergências e divergências entre elas no que se refere
a contratos.
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
A EMERGÊNCIA DAS CADEIAS CURTAS E A RELOCALIZAÇÃO
DO SISTEMA AGROALIMENTAR: JUSTIFICAÇÃO, VALORES E
IDEOLOGIAS QUE MOVEM OS ATORES
1
Bióloga -Mestranda em Desenvolvimento rural UFRGS, mirianfabiane@gmail.com
2
Psicóloga -Mestranda em Desenvolvimento rural UFRGS, vidaruralsostenible@gmail.com
Resumo. O presente artigo parte da análise dos sistemas agroalimentares conceitualizados como regimes
ou império traçando o panorama da emergência de alternativas ao sistema hegemônico. A partir de um
estudo de caso, analisamos postulados do campo da psicologia sobre valores e ideologias promovidos pelo
capitalismo, em contraposição as práticas de produção e comercialização de um Colhe Pague, que adota
os princípios da agroecologia como forma de justificação social. A emergência das cadeias curtas,
relocaliza o sistema agroalimentar, que na escala local, acionam nos atores sociais, valores diferentes que
os operacionalizados pelos mercados de escala global, buscando um desenvolvimento que promova a
autonomia, a solidariedade e o bem viver das pessoas.
Introdução
Harriet Friedmann (1993), assinala que a partir dos quatro últimos séculos, e mais
intensamente nos últimos 100 anos, a alimentação e a agricultura passaram a ser
organizadas em escala mundial. A especialização da produção agrícola estendida entre
continentes abriu um vasto espaço onde as pessoas vivem e a origem dos produtos que
consomem, entre o trabalho que realizam e os objetos que utilizam. Segundo a autora, a
relação entre as pessoas, e, entre as pessoas e o seu território tornam-se organizadas em
uma escala para além da observação direta, o que para ela foi um divisor de águas na
história humana.
Segundo McMichael (2009), as grandes corporações submetem a produção a uma
lógica especulativa e buscam tirar proveito dos preços em alta, agravando as crises de
abastecimento alimentar. Elas controlam os preços que são pagos aos produtores e os
preços que são cobrados no mercado, isto é possível por que alimentos tornaram-se
commodities e são vendidas nos grandes mercados internacionais, portanto sujeitos ao
capital especulativo do sistema financeiro, a financeirização da agricultura. Com o slogan
de acabar com a fome, criam novos pacotes tecnológicos que demandam alto
investimento de capital para os produtores, com grande uso de insumos externos e baixo
uso de mão de obra, assim por meio de monoculturas, conseguem obter produtos
uniformes adequados à cadeia de processamento industrial. Evidentemente, quem vende
esses pacotes são as mesmas corporações que irão processar o produto. Nos últimos anos
vemos a ocidentalização dos padrões alimentares com o aumento do consumo de carnes
(bovina, suína e frango), em regiões em que estes alimentos não são consumidos como a
Ásia. Alguns autores o chamam de Regime Alimentar Corporativo, pois as grandes
corporações dominam cadeias inteiras relacionadas aos alimentos, apropriam-se dos
recursos naturais e, em muitos casos, possuem braços em outros setores, como mineração
ou farmacêutico.
Para Ploeg (2008) o que Mc Michael e Fridmann nomeiam como regime será
caraterizado como Império. Este conceito resume para o autor a caraterização de uma
nova super estrutura dos mercados globalizantes, enfatizando a tendência desse modo de
ordenamento para marginalização e destruição do campesinato. O modo de ordenamento
na atual fase de globalização, tem um conjunto de normas e parâmetros gerais que
governam todas as práticas locais. Sua caraterística é a conquista continuada de espaços
que antes eram relativamente autônomos. Assim o império opera para assegurar
controlabilidade e explorabilidade, além de um fluxo de caixa e renda, definido
centralmente a imposição de procedimentos universais que sancionam as práticas. Nessa
ordem, a codificação e a formalização estão sempre no perigo de aniquilar a condição de
agente dos camponeses porque o desvio das normas é tomado como uma infração.
No entanto, a diferença mais notória de Ploeg (2008) com respeito ao conceito de
regime, é o poder de agência dos camponeses, que para o autor configura a emergência
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AGRONEGÓCIO
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de resistências, pressão da contraposição, novidades, alternativas e novos campos de
ação. O autor defende a mudança paradigmática da modernização agrícola para o
desenvolvimento rural, substituindo teórica, prática e politicamente o paradigma anterior,
neste cenário ocorre a emergência das cadeias curtas. Além dos “turns” do consumo e da
qualidade, outra motivação para esse processo estaria nas estratégias, nas práticas, nas
identidades, nas políticas, nas instituições e nas novas redes incorporadas ao rural. O
produto ao chegar ao consumidor envolto de informação, permite fazer conexões e
associações com um mínimo de dados sobre o lugar e o espaço onde foi produzido, os
valores e pessoas envolvidas e os métodos empregados. A singularidade do produto está
imersa em um sistema de valores e práticas específicas, quanto mais escasso ele é no
mercado pela distinção de suas qualidades e proveniência mais valorizado será.
Agradecimentos
Agradeço à Sra. Márcia Inês Sbruzzi Ferrari por colaborar com esta pesquisa.
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AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Universidade Federal de Pelotas, oxilas@hotmail.com
2
Universidade Federal de Pelotas, deciocotrim@yahoo.com.br
Resumo
A agricultura familiar apresenta alguns sinais característicos, que podem ser observados em suas relações
sociais, e, principalmente, no âmbito de mercado. Nesse artigo, dentre os sinais existentes, abordamos a
confiança, o espírito de cooperativismo e os laços fracos e fortes (GRANOVETTER, 1973), e se esses geram o
desenvolvimento de determinado território. Através de um levantamento teórico na literatura, encontramos
indícios nos quais sugerem que os sinais característicos encontrados na agricultura familiar permitam que
ocorra uma troca de experiências entre os agricultores, tanto material quanto cultural, além da oportunidade de
confiarem uns nos outros, e, acima de tudo, fomentam o desenvolvimento territorial. Porém, apenas os sinais
observados na agricultura familiar não são suficientes para promover o desenvolvimento territorial, necessita
estar em conjunto com recursos externos, como a implementação de políticas públicas, por exemplo,
responsáveis por boa parte de ações desenvolvimentistas
Abstract
The family farming has certain characteristic signs, which can be seen in their social relations, and especially in
the market scope. In this article, from the existing signs, we approach the confidence, the spirit of cooperativism
and the weak and strong ties (GRANOVETTER, 1973), and these generate the development of the territory.
Through a theoretical survey of the literature, we found evidence of which suggest that the characteristic signs
found on family farms allow to occur an exchange of experiences among farmers, both material and cultural,
and the opportunity to trust each other, and above all foster regional development. However, only the signals
observed in family agriculture are not enough to promote regional development, needs to be in conjunction with
external resources such as the implementation of public policies, for example, and accounted for much of
developmental actions
O primeiro indício de uso do termo “agricultura familiar”, foi na década de 1990, consequência
de movimentos sindicais, melhoria de preços agrícolas, formas de comercialização mais
rentáveis e diversificadas, implementação da regulamentação constitucional da previdência
social rural, entre outras, que trouxe uma identidade própria de sindicalista ao trabalhador rural.
Anteriormente, os agricultores familiares eram designados como pequeno produtor, produtor
de subsistência ou produtor de baixa renda (SCHNEIDER, 2003). A agricultura familiar
evoluiu ao longo dos anos, se adequou a cada fase e modernização que houve da agricultura, e
conseguiu prosperar nos mais difíceis momentos.
Algumas vertentes teóricas consideram que os agricultores familiares são uma evolução do
campesinato. Outros, defendem que o camponês ainda existe e que o agricultor familiar é uma
classe a parte. Através de suas atribuições, a agricultura familiar se reproduziu e resistiu. Os
produtores familiares, em décadas passadas, eram denominados camponeses. Karl Marx
(1982), filósofo alemão, considera os camponeses uma classe única no sistema social, pois são
proprietários do meio de produção, podendo-se tornar um empresário capitalista e trabalhador,
tornando-se um trabalhador assalariado livre. O avanço do capitalismo, e consequentemente, a
modernização do campo, levaria ao desaparecimento das pequenas propriedades em detrimento
da ocupação de indústrias, e conduziria a extinção do campesinato (SILVA, 1986).
Segundo Jean (1994), as razões da sobrevivência da produção familiar durante as décadas foi:
a capacidade de adoção de inovação; a interação dos agricultores e a formação de associações,
organizações ou cooperativas; a introdução de tecnologia na agricultura, como os tratores Ford.
Portanto, Marx estava errado quando teorizava sobre as pequenas explorações e o seu breve
fim. As pequenas explorações, consideradas sem futuro, prosperaram e desenvolveram ganhos
de produtividade tão extraordinários quanto os da indústria moderna.
O termo “desenvolvimento” pode ser definido como mudança, transformação, podendo ser
positiva, desejada ou desejável. Significa fundamentalmente obter melhorias a partir de certas
identidades culturais, em oposição, portanto, à perspectiva de convergência cultural inerente ao
conceito de desenvolvimento como modernização, ou ao que alguns denominaram de
weberianismo vulgar que toma desenvolvimento como transição da sociedade tradicional à
sociedade moderna (MALUF, 2000).
No meio rural, é possível perceber, algumas características que são própria dos agricultores
familiares e fazem parte de um território, como as relações de reciprocidade, a confiança, o
cooperativismo, os laços entre os agricultores entre tantos outros. O grau de confiança, por
exemplo, inseridos em algumas associações entre produtores, faz evoluir, por exemplo, relações
entre os atores, e, que, possivelmente, fará desenvolver um território. Porém, a existência de
comportamentos oportunísticos encontrados em algumas comunidades faz-se pensar que a
individualidade de alguns produtores pode ruir um esquema que poderia ser tão eficaz. O poder
econômico, muitas vezes é o responsável por essa individualidade. As associações entre os
agricultores são benéficas pois dão mais oportunidades a agricultores com menor poder de
produção e que se não tivessem essas associações, não teriam a possibilidade de comercializar
a sua produção, além de aumentarem a diversificação de seus produtos como um todo.
Nesse sentido, o objetivo desse artigo é buscar e discutir quais as contribuições dos sinais
característicos encontrados na agricultura familiar que podem promover o desenvolvimento de
determinado território.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Metodologia
Este trabalho utiliza o referencial da pesquisa bibliográfica, entendida como o ato de buscar
informações sobre determinado assunto, através de um amplo levantamento realizado em base
de dados nacionais e internacionais, em periódicos, revistas e livros, cujo objetivo foi identificar
a existência de artigos próximos ou similares a temática abordada. Este artigo baseia-se em uma
revisão de literatura na forma de ensaio teórico, que segundo Meneghetti (2011), essa
metodologia proporciona um melhor entendimento sobre a relação existente entre o sujeito e o
objeto.
Resultados e discussão
Agricultura familiar
O segmento da agricultura familiar apresenta algumas características típicas em seu molde,
como a utilização de mão-de-obra familiar, pequena dimensão de território de sua unidade
produtiva, conservação de suas tradições culturais por diversas gerações, possuem
racionalidade camponesa (ligado a atender as demandas da própria família e não as
necessidades de mercado), conhecimento holístico e alta preocupação com o meio ambiente.
Uma característica típica dos agricultores familiares em relação ao trabalho é a sua
pluriatividade. Os agricultores optam por diferentes atividades, urbanas ou rurais, mantendo a
moradia e campo e uma ligação com a agricultura e a vida no espaço rural, que representa uma
prática social que decorre da busca de outras fontes de renda, formas alternativas para garantir
a sobrevivência e reprodução de suas famílias (SCHNEIDER, 2003). O fenômeno da
pluriatividade está associado à crescente mercantilização da vida social e econômica dos
agricultores familiares, a emergência de diferentes estilos de agricultura meio a um processo de
inserção diferencial das unidades familiares aos mercados (NIERDELE, 2007).
A relação de identidade com a propriedade que a agricultura familiar apresenta, é outra
característica que se destaca nesse segmento, pois eles valorizam o ambiente onde vivem e,
geralmente, os antepassados do agricultor viveram e constituíram famílias nessa mesma
unidade, o que torna essa propriedade carregado de um sentimento de posse e identificação
(valores simbólicos).
A economia agrícola no Brasil, em grande parte, é influenciada por latifúndios que detém
muitas parcelas de terra para a produção de poucas culturas, além disso, o mercado agrícola é
dominado por grandes multinacionais. Essa forma de produção e comercialização exercem uma
enorme pressão sobre os minifúndios, que não conseguem competir com os grandes latifúndios,
por ter condição financeira deficiente e ter pouco ou nenhum apoio institucional, seja ele
governamental, não governamental ou público. Segundo Abramovay (1998), esses agricultores
se veem obrigados a procurar outras atividades para garantir seu sustento e sobrevivência de
suas famílias, tendo que migrar para metrópoles onde terão mais oportunidades de trabalho ou
ficando no campo, e trabalhando de forma assalariada, fora de sua propriedade.
O agricultor familiar moderno apresenta uma tríplice identidade: proprietário fundiário,
empresário privado e trabalhador, e, deveria acumular renda por cada função. Como
proprietário fundiário ele renuncia da renda fundiária para produzir, para que possa ser
competitivo em relação a outras formas produtivas; é empresário privado pois possui seus meios
de produção como as terras, máquinas, as benfeitorias, os animais, apesar de sua atividade ser
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deficitária no plano contábil e; por fim, é, acima de tudo, trabalhador, pois trabalha por conta
própria, com sua família, ainda que a produção familiar emprega assalariados (JEAN, 1994).
O conceito de território não deve e não pode ser relacionado apenas aos seus respectivos estados
nacionais e suas divisões administrativas (estados e municípios). Segundo Abramovay (2000,
p. 6), o território possui uma maior abrangência, não se limitando a uma dimensão, pois
“representa uma trama de relações com raízes históricas, configurações políticas e identidades
que desempenham um papel ainda pouco conhecido no próprio desenvolvimento econômico”,
onde o território seria parte integrante do espaço de influência de uma sociedade, através de sua
organização, sua cultura e práticas dentro de uma processo coletivo.
Para Marteleto e Silva (2004), as redes são sistemas compostos por “nós” e conexões entre eles
que, nas ciências sociais, são representados por sujeitos sociais (indivíduos, grupos,
organizações etc.) conectados por algum tipo de relação. Para Haesbaert (2010), as concepções
usuais de território se separam em três vertentes básicas: a jurídico-politica, caracterizada pela
dimensão material, concreta, onde existe formas de poder, na maioria das vezes visto como o
poder político do Estado; a culturalista, é composta pela dimensão simbólica, é visto sobre tudo
como produto de apropriação/valorização simbólica de um grupo sobre o seu espaço e; por fim,
a econômica, é bem menos difundida, enfatiza a dimensão espacial das relações humanas e se
destaca pelas relações capital-trabalho.
Desenvolvimento Territorial
O desenvolvimento territorial é compreendido por sua amplitude e em algumas abordagens, por
sua multidimensionalidade. Segundo ABRAMOVAY (2000, p. 6), o território possui uma
ampla abrangência, não se limitando apenas a uma dimensão e pode ser caracterizado como
uma “uma trama de relações com raízes históricas, configurações políticas e identidades que
desempenham um papel ainda pouco conhecido no próprio desenvolvimento econômico”, onde
o território seria parte integrante do espaço de influência de uma sociedade, através de sua
organização, sua cultura e práticas dentro de uma processo coletivo.
A interação e a proximidade social identificadas nas dinâmicas territoriais, através das relações
específicas de atores e organizações, e com a valorização de seus conhecimentos, tradições e
ecossistemas, são um componente fundamental para a dimensão territorial do desenvolvimento
(ABRAMOVAY et al., 2003).
Conclusões
Os sinais característicos encontrado na agricultura familiar, através da confiança,
cooperativismo e laços fortes e fracos (GRANOVETTER, 1973), servem de base para que todas
as ações adiante sejam possíveis de se realizar. Esses sinais estão interligados e a existência de
um, prioritariamente, depende da existência de outro. Por exemplo, para a formação e a
continuidade de uma cooperativa, é necessário que haja a confiança e a existência de laços
fracos entre os cooperados. É através desses sinais que os agricultores familiares podem formar
organizações, associações ou cooperativas, permitindo a expansão de seus hábitos, de seus
valores humanos, de suas culturas, e com isso, tornando-se chave principal para o
desenvolvimento do território no qual ele está inserido.
Ainda que os sinais encontrados na agricultura familiar sejam fundamentais para promover o
desenvolvimento territorial, apenas eles não são suficientes para fomentar esse
desenvolvimento. Tem de haver forças externas, investimentos vindos de fora do território, que
junto com as forças internas, propiciam o desenvolvimento. No Brasil, em se tratando de
agricultura familiar, essa força externa tem sua origem muitas vezes, nos programas
governamentais, em forma de políticas públicas, como o PRONAF, o Bolsa Família, ATER
(Assistência Técnica e Extensão Rural), o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos).
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Referências Bibliográficas
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MAUSS, M. Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades. Sociologia e
antropologia, v. 2, 1974.
1
Universidade Federal de Pelotas, oxilas@hotmail.com
2
Universidade Federal de Pelotas, fabio.chaves@ufpel.edu.br
3
Universidade Federal de Pelotas,caneverm@gmail.com
Resumo
Abstract
As a consequence of increasing industrial competitiveness and increasing value to meet the desires and needs of
customers, companies opt for strategies that ensure her survival and competitive advantage over competitors.
The beer industry has undergone some changes in recent years in the country. New consumption habits provided
a new market niche, specialty beers. Thus, in recent years, a large number of microbreweries specialized in
producing specialty beers has been installed in the country. This article presents a qualitative study aimed at
identifying how microbreweries obtain quality and its potential as a competitive marketing strategy for these
businesses. Interviews were conducted using a semi-structured questionnaire with microbreweries in Anchieta
burrow of Porto Alegre, Rio Grande do Sul. The survey with the managers showed that the qualitative difference
represented a market strategy of microbreweries and is connected to raw materials and manufacturing
processes, skilled labor, raw material quality, technological equipment and knowledge of the production
technique.
A cerveja é uma bebida obtida a partir da fermentação alcoólica do mosto cervejeiro por
leveduras. Seus principais componentes são o malte de cevada, a água e o lúpulo (MAPA,
2009). É uma das bebidas mais consumidas e difundidas mundialmente, e sua cadeia produtiva
tem relevância para a economia de muitos países, a partir da geração de empregos, coleta de
impostos entre outros (VARNAM; SUTHERLAND, 1997).
Atualmente percebe-se a emergência de um padrão de consumo que busca por sofisticação,
distinção e qualidade, seja no mercado de vinhos finos, cafés ou cervejas especiais
(STEFENON, 2012) independente dos altos preços. Tal atitude exerce influência direta no setor
produtivo, que entende os sinais emitidos pela demanda e se reestruturam para atender
diferentes nicho de mercado. As cervejas especiais parecem estar parcialmente substituindo as
cervejas comuns produzidas em larga escala, de baixo preço e sem necessariamente atender
atributos de qualidade buscados por consumidores críticos (MURRAY; O’NEILL, 2012).
Novas cervejas, produzidas em pequena escala, de variados estilos, aromas e sabores, ainda que
com preço elevado, tem se destacado por satisfazer a demanda de um nicho de mercado até
recentemente desabastecido (ARAÚJO et al., 2003).
Segundo informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o
Brasil em 2014 tinha em torno de 250 microcervejarias e atualmente esse número se elevou
para 400 (MAPA, 2016). O Brasil, ocupa a quarta posição no ranking de produção de cervejas,
tendo uma média per capita de consumo de cerveja de 47,6 litros (MAPA, 2014). Em 2016, a
projeção de crescimento do mercado das cervejas especiais é de 10% (ABRACERVA, 2016).
A produção industrial é altamente competitiva e os consumidores parecem estar mais exigentes
quanto a qualidade dos produtos. A qualidade precisa ser entendida como prática gerencial,
assim indústrias que vislumbrem a qualidade como uma estratégia de mercado podem garantir
sua sobrevivência e conseguir vantagens competitivas frente a seus concorrentes. A atenção
com a qualidade deve estar presente ao longo da cadeia produtiva do campo à mesa.
Esse estudo teve como objetivo, através de uma análise qualitativa, analisar a qualidade como
estratégia competitiva para a sustentação das microcervejarias e identificar os processos de
obtenção da qualidade e sua relação com o mercado consumidor.
Fundamentação Teórica
Estratégias
Ao se falar em indústria, empresa ou ambiente organizacional e todos os processos envoltos, é
pouco provável não estar incluído junto a esses termos a palavra estratégia. Ansoff (1979)
sustenta que a estratégia é um processo que compõe uma empresa, possui controle e interação
entre os dinâmicos ambientes interno e externo, visando a maximização dos lucros da
organização. Segundo Mintzberg (1987), as estratégias são decisões tomadas pelas empresas a
partir da racionalidade dos gestores, e podem ser influenciadas pelas limitações cognitivas de
seus gestores e pelas imperfeições existentes no mercado.
Para Porter (1989), cada estratégia é caracterizada por um número de atividades que a sustenta
e fortalece. Sendo assim, uma vantagem competitiva não advém do desempenho eficiente de
algumas atividades, e sim do conjunto de atividades que amparam a estratégia.
Estratégias em microcervejarias
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Existem na literatura poucos estudos que versam sobre a temática das estratégias competitivas
das microcervejarias. Algumas pesquisas sobre a indústria norte-americana apontam para a
concorrência entre os mercados de cervejas em larga escala e das microcervejarias (WESSON;
FIGUEIREDO, 2001). Outros tratam da concentração e distribuição do mercado cervejeiro
influenciando nas decisões estratégicas (TREMBLAY et al., 2005). Há também estudos que
tratam da análise da perspectiva do mercado microcervejeiro norte-americano sob a ótica da
hiperdiferenciação e do marketing (CLEMONS et al., 2006).
Os estudos brasileiros analisam o mercado das cervejas especiais sob uma ou no máximo duas
óticas. Kalnin (1999), em seu estudo, foca em estratégias voltadas ao produto. Rodrigues e
Colmenero (2009) analisam as microcervejarias, especialmente focados nos serviços de
distribuição. Stefenon (2012) analisa o produto das microcervejarias referentes à adoção de
estratégias com foco na diferenciação, enquanto Moreira (2014) e Rocha (2015), focam no
produto e serviço, respectivamente. Estes analisam a concorrência de mercado e a formulação
de estratégias competitivas a partir da geração de conhecimento do processo produtivo. Por fim,
Coelho-Costa (2015), aborda a temática sobre a perspectiva do turismo, onde as
microcervejarias poderiam criar uma vantagem competitiva através do turismo cervejeiro.
Como em qualquer negócio, o sucesso parece estar associado a um conjunto de estratégias.
Neste sentido, Keblan e Nickerson (2012), ao realizarem um diagnóstico das microcervejarias
dos Estados Unidos, constataram que essas empresas utilizam principalmente as seguintes
estratégias: qualidade, linha de produtos diversificada, distribuição, gestão da produção,
marketing e vendas (Tabela 1). A partir dessas estratégias cada empresa direciona táticas que
traduz no mercado o seu foco competitivo.
Tabela 1 – Estratégia competitiva das microcervejarias
Estratégia Competitiva Tática
Utilizam equipamentos automatizados e tecnológicos para a produção
Qualidade Superior das das cervejas. Utilizam apenas os melhores ingredientes disponíveis
cervejas (cevada, lúpulo, fermento, etc.) para a elaboração dos seus produtos.
A maioria dos fabricantes de cerveja obtém os seus insumos para a
produção através de lojas de insumos e revendas.
Fonte: Adaptado de Keblan e Nickerson (2012).
Qualidade
Metodologia
Na realização dessa pesquisa, optou-se por utilizar uma abordagem metodológica qualitativa.
As pesquisas qualitativas têm como finalidade a aproximação da teoria e dos fatos, a partir da
descrição e interpretação dos dados obtidos, seja em conjunto ou únicos, ressaltando a relação
entre o contexto e a ação. Ainda, a abordagem qualitativa propicia uma análise mais
aprofundada do fenômeno estudado, ressaltando o nível de realidade que não pode ser
quantificado (MINAYO et al.¸ 2001).
O trabalho é caracterizado por ser um estudo de caso múltiplo objetivando explorar e conhecer
os fatos e fenômenos relacionados ao tema através de levantamentos bibliográficos e visitas as
microcervejarias com entrevistas aos seus gestores. O estudo de caso busca retratar a realidade
completa e profunda, bem como, através de um questionamento empírico, buscando investigar
um fenômeno dentro de sua realidade (YIN, 2001).
A figura 1 traz o panorama geral do que foi obtido pela análise de conteúdo das entrevistas. Os
gestores, ao serem perguntados sobre o que compõe a dimensão qualidade como estratégia
competitiva no mundo das cervejas especiais, salientaram sobremaneira a categoria insumos
produtivos. A importância é dada pela frequência com que os gestores citaram a referida
categoria e subcategoria. Na Figura 1, esta métrica é sinalizada pela espessura da seta que liga
o constructo à categoria e subcategoria. Assim, os insumos são imprescindíveis para a obtenção
da qualidade, inclusive em um nível de frequência superior à categoria dos processos. A tática
ou subcategoria que recebeu mais destaque dentre todas, é diretamente relacionada aos insumos
(categoria). Esta subcategoria é a combinação de equipamentos tecnológicos, matérias-primas
de qualidade e mão-de-obra qualificada, a qual foi nominada de ‘mix dos três’. Portanto, para
os gestores, há a necessidade de múltiplos insumos superiores e não apenas um ou outro.
Apesar de não ter sido a categoria mais citada durante a pesquisa, os processos dentro da
produção são fundamentais. Segundo o presente estudo, o conhecimento da técnica por parte
do cervejeiro é o fator nesta categoria que mais possibilita obter qualidade no produto final. A
partir disso se pode afirmar que existe uma forte relação entre o conhecimento do ‘saber-fazer’
com a qualificação da mão de obra, a matéria prima de qualidade e os equipamentos
tecnológicos. A análise mostra que a competência necessária para o domínio dos processos
produtivos fundamentais, assim como a aquisição de matéria-prima adequada, equipamentos,
e o próprio processo de gestão do “negócio” são resultados do conhecimento do mestre
cervejeiro.
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Nota:A espessura das setas de ligação entre a dimensão e as categorias e subcategorias é igual a ¼ ponto para
cada vez que estas foram mencionadas nas entrevistas.
Os entrevistados afirmaram que a qualidade é uma das estratégias fundamentais para o sucesso
neste mercado. É também importante a manutenção (constância) da qualidade dos lotes no
tempo. Ou seja, o produto deve ser o mais homogêneo possível e apresentar um padrão de
identidade e qualidade.
Com isso, os resultados apontam que a qualidade pode ser de fato uma estratégia competitiva
fundamental às microcervejarias. A qualidade deriva da combinação entre quatro fatores
principais: equipamentos tecnológicos, a mão-de-obra qualificada, a matéria-prima de
qualidade e o conhecimento do cervejeiro. É imprescindível que dentro do processo produtivo
haja o conhecimento por trás da aquisição de matéria-prima de qualidade, da inserção de
equipamentos tecnológicos à produção e a qualificação da mão-de-obra.
Considerações finais
1
Doutorando em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, email:
dieissonpivoto@gmail.com
2
Pesquisador da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária; Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e-mail: carlos-
oliveira@fepagro.rs.gov.br
3
Professor da Faculdade de Ciências Econômicas (FCE) e do Programa de Pós Graduação em Agronegócios da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e-mail: waquil@ufrgs.br
4
Professor e coordenador do PPG em Administração da Faculdade Meridional – IMED – Passo Fundo e-mail:
vitor.corte@imed.edu.br
5
Tecnóloga em Processos Gerenciais; Centro Universitário La Salle, e-mail: oliveirakarla@hotmail.com
6
Professor da Faculdade de Ciências Econômicas (FCE) e do Programa de Pós Graduação em Agronegócios da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e-mail: edson.talamini@ufrgs.br
Resumo. Inúmeros são os fatores que determinam a adoção de tecnologias por parte dos indivíduos. O simples
desenvolvimento de inovações não garante a sua difusão e adoção. A agricultura inteligente, conjunto de
tecnologias e ferramentas oriundas da Agricultura de Precisão e Tecnologia de Informação, apresenta-se como
uma nova forma de manejo e gestão agrícola, exigindo entendimento dos caminhos e formas de difusão dessas
tecnologias. Com base no exposto, o trabalho tem como objetivo identificar quais os agentes influenciam a adoção
de agricultura inteligente em propriedades produtoras de grãos no sul do Brasil. Foi elaborado um questionário
estruturado com base no referencial teórico sobre adoção e difusão de tecnologias e em entrevistas preliminares
realizadas com especialistas. Aplicou-se uma amostragem piloto com 32 produtores rurais de grãos. Os canais e
agentes que mais influenciam na adoção de tecnologias de agricultura inteligente pelos produtores rurais foram
as feiras e exposições agropecuárias e os consultores e a assistência técnica. Os vizinhos apresentaram o menor
grau de influência sobre a decisão de adotar tecnologias no presente estudo.
Palavras-chave. Agronegócios, Economia Agrícola, Comunicação Rural, Adoção de Tecnologias.
Introdução
Procedimentos metodológicos
Resultados e Discussões
Conclusões
Referências Bibliográficas
BERNARDI, A. .C INAMASU, R.Y. Adoção da Agricultura de Precisão no Brasil In: Agricultura de precisão: resultados de um novo
olhar. BERNARDI, A.C.C et al. (Org.). Brasília, DF: Embrapa, 2014. Cap. 60.
COHEN, W.M. D.A.; LEVINTHAL D. A. Absorptive Capacity: A New Perspective on Learning and Innovation Administrative. Science
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Disponível em: <
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Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, 2009.
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1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, kevylin.oliveira@ufrgs.br
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, saionara.wagner@ufrgs.br
3
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, liris.kindlein@ufrgs.br
Resumo
Transformações recentes que envolvem a vitivinicultura no Brasil vêm estimulando uma articulação dos
produtores para formulação de políticas públicas que promovam a revitalização da vitivinicultura no Estado do
Rio Grande do Sul. Esta pesquisa teve como intuito caracterizar o perfil socioeconômico e o sistema de
produção de produtores de vinho colonial participantes do 3º Festival Nacional do vinho Colonial. Os
equipamentos utilizados no processamento da uva para a elaboração do vinho colonial, ainda são bastante
rudimentares, construídos nas propriedades ou nas comunidades e vem passando de geração em geração,
porém, muitos produtores vêm investindo em inovação tecnológica.
Abstract
Recent changes What involve the wine industry in Brazil VEM stimulating a Producers Joint paragraph
Formulating Public Policies Promote the revival of viticulture in the state of Rio Grande do Sul . This study was
aimed to characterize the socioeconomic profile and Producers Production System wine colonial Participants of
the 3rd National Colonial wine Festival.The equipment used in the processing of grapes for the elaboration of
colonial wine, are still quite rudimentary , built on the properties or communities and is passed from generation
to generation , but many producers are investing in technological innovation
Introdução
A produção de uva e vinho colonial na serra gaúcha faz parte da história da atividade
agrícola do Rio Grande do Sul, as primeiras experiências com o cultivo e a produção de vinho
vieram na bagagem social e cultural dos primeiros imigrantes italianos. Agricultura familiar é
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a atividade desenvolvida por agricultores que exploram áreas inferiores a 50 hectares e
organizam o processo de trabalho e gestão de atividades agrícolas em torno da disponibilidade
da mão de obra (COSTABEBER, 1998). Os agricultores familiares apresentam nas suas
características sociais e tradicionais uma estreita relação histórica com o campesinato, onde se
verifica que a gestão e as atividades produtivas são coordenadas pela família
(WANDERLEY, 2001; MORAES, 2006). A produção destinada ao consumo familiar e para
comercialização, a prioridade pelo bem-estar do grupo doméstico, como afirma Chayanov
(1974), são outros fatores que distinguem a agricultura familiar dos demais empreendimentos
situados no meio rural. Outra característica refere-se à diversidade econômica, social e
cultural das famílias, que possuem distintas formas de produção, utilização de recursos,
trabalho, sociabilidade e negociação de produtos.
Quanto às atividades produtivas, destaca-se a Agroindústria Rural Familiar – ARF
trata-se da forma de organização onde as famílias rurais produzem, processam e/ou
transformam parte de sua produção agrícola e/ou pecuária, com o objetivo de agregar valor ao
produto que será comercializado. Na agroindústria, a família assume a responsabilidade no
que tange às escolhas sobre quais serão as atividades produtivas que irão desempenhar, assim
como o uso e destinação de recursos econômicos, sociais e ambientais (MIOR, 2007;
PELEGRINI; GAZOLLA, 2008).
No Brasil e principalmente no Estado do Rio Grande do Sul, a Assistência Técnica e
Extensão Rural (EMATER) têm um papel fundamental no diálogo entre os centros de
pesquisa agropecuários e o meio rural, contribuindo ativamente no que diz respeito aos
processos de desenvolvimento local. No Brasil, as ações de extensão rural estão presentes
desde o final da década de 40, com a criação da Associação de Crédito e Assistência Técnica
Rural de Minas Gerais e, conforme discutido na literatura, sempre foram movidas pela ideia
de que o incremento de técnicas modernas de produção causariam melhorias nas condições de
vida dos indivíduos envolvidos (PIRES, 2003).
A vitivinicultura está presente em diversos estados brasileiros e se constitui em uma
atividade geradora de emprego e renda, proporcionando sustentabilidade à pequena
propriedade de agricultura familiar. O Rio Grande do Sul é maior Estado produtor de uvas do
Brasil e concentra a produção na Serra Gaúcha onde a vitinicultura é desenvolvida em
pequenas propriedades, que possuem 15 ha de área, em média l, sendo destes 40% a 60% de
área útil e cerca de 2,5ha de vinhedos (MELO, 2000). A agroindústria do vinho nacional,
centrada no Rio Grande do Sul, assumiu historicamente a liderança da produção e
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
abastecimento da demanda do mercado interno brasileiro. A partir da década de 70,
começaram a ocorrer investimentos com a implantação e/ou modernização das unidades
produtivas, motivados por um mercado interno com potencial para produtos de melhor
qualidade (vinhos finos) e de maior preço.
Neste sentido a produção e comercialização de vinho colonial é uma atividade secular e
está presente na maioria das áreas produtoras tradicionais, como a Serra Gaúcha. O vinho
colonial, além de requerer a responsabilidade técnica de um profissional, deve atender a todos
os Padrões de Identidade e Qualidade (PIQs) estabelecidos na legislação que regulamenta a
produção vinícola em geral, a Lei do Vinho. Neste contexto o projeto de lei N° 12.959, DE 19
DE MARÇO DE 2014, foi aprovado, onde considera o vinho produzido por agricultor
familiar ou empreendedor familiar rural do qual é a bebida elaborada de acordo com as
características culturais, históricas e sociais da vitivinicultura. O vinho produzido por
agricultor ou empreendedor rural deve ser elaborado com no mínimo de 70% (setenta por
cento) de uvas colhidas no imóvel rural do agricultor familiar e na quantidade máxima de
20.000 (vinte mil litros) por ano. Com a aprovação da nova lei, o pequeno vitivinicultor não
precisará constituir empresa para vender a bebida (MENEGOTTO, 2014).
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O cultivo da uva e elaboração do vinho colonial faz parte da história dos produtores da
serra gaúcha que lidam com a terra na região, desde a chegada da colonização italiana a partir
do século XIX no Estado do Rio Grande do Sul. Foram entrevistados 32 vitivinicultores entre
eles 96,9 % residentes no município de Bento Gonçalves e 3,1% residiam no município de
Garibaldi ambos no Rio Grande do Sul. Os produtores familiares inquiridos, com
predominância de 93,8% são do sexo masculino e apenas 6,2% do sexo feminino, e residem,
na sua maioria na Unidade Produtiva Agrícola (UPA), ou seja, na zona rural e apenas 6,2%
residem na zona urbana, porém a UPA está localizada na zona rural.
Observa-se, dentre os produtores que participaram da pesquisa, que a produção e a
comercialização em pequena escala de vinho colonial, faz parte do cotidiano de grande parte
das famílias a mais de décadas, conforme podemos constatar na Tabela 1 abaixo, salientando
que para 31,3% a mais de três décadas mantém a produção de vinho.
Pode-se constatar também, que a maioria dos entrevistados, 87,5%, possui idade
superior a 30 anos, mas que 12,5% tem entre 18 e 30 anos, o que pode nos indicar que pelo
menos em algumas propriedades os jovens estão mantendo a tradição da produção de vinho
colonial, diferente do encontrado por Otani (2010) em sua pesquisa na região de Jundiaí-SP,
onde os produtores de vinho artesanal que em sua pesquisa não constatou nenhum produtor
com idade inferior a 30 anos e sim uma expressiva predominância de 77,2% dos produtores
de vinho artesanal com idade superior a 50 anos.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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Quando questionados sobre a motivação de continuar na atividade, os principais
motivos relatados são: manter a tradição familiar, o prazer de estar em contato com a terra e
mencionaram o elemento renda para a permanência nesta atividade. Esses quesitos também
foram relacionados por Gomes 2003, Otani 2010, além do apego a tradicional atividade
alguns fatores que reforçam a tendência dos produtores para permanecer na atividade podem
ser os fáceis acessos aos locais em que habitam assim como às infraestruturas fomentadas
pela expansão urbana no setor rural, como luz, água encanada, asfalto, transporte e etc.
Cabe salientar também que, embora esses produtores pretendam continuar na atividade,
enfrentam dificuldades principalmente no que diz respeito à mão de obra especializada. Como
a utilização dessa mão de obra é eventual, no período de colheita, é difícil encontrar
trabalhadores disponíveis, pois em toda esta região a colheita da uva se dá na mesma época.
Por isso, 71,9% dos produtores declararam que trabalham sozinhos ou contam apenas com o
auxílio do cônjuge e filhos em suas propriedades.
Os vitivinicultores acima de 46 anos, que tradicionalmente se dedicam com
exclusividade ao trabalho agrícola e à tradição na elaboração do vinho colonial, conduzem as
atividades como os antepassados, porém atualmente vem legalizando a atividade para se
enquadrar na Lei nº 12.959 vigente desde março de 2014, que permite que o agricultor
familiar possa elaborar o vinho conforme as características culturais, históricas e sociais da
vitivinicultura desenvolvida por aquele que atenda às condições da política nacional da
agricultura familiar.
Neste sentido, o vinho colonial produzido por agricultor familiar ou empreendedor
familiar rural deve ser elaborado com o mínimo de 70% de uvas colhidas no imóvel rural do
agricultor familiar e na quantidade máxima de 20.000 litros anuais. A elaboração, a
padronização e o envasilhamento do vinho elaborado por agricultor familiar devem ser
realizados exclusivamente na propriedade rural, adotando-se os preceitos das Boas Práticas de
Fabricação (BPF) e sob a supervisão de responsável técnico habilitado. E pode ser
comercializado diretamente com o consumidor final, na propriedade rural onde foi elaborado
o vinho, em estabelecimento mantido por associação ou cooperativa de produtores rurais ou
em feiras da agricultura familiar.
Os produtores entrevistados relataram que buscam sim se enquadrar na legislação
vigente, porém afirmam que a mesma, deve passar por novas adequações, pois, poucos
produtores se enquadram a lei nº 12.959. Todavia a legislação permite a elaboração de até
20.00 litros anuais de vinho, sendo que a realidade dos produtores familiares da serra gaúcha
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ultrapassa essa quantidade estipulada, sendo assim muitos vitivinicultores não se enquadram
na legislação.
Conforme os dados pesquisados, os produtores tem como renda principal a
vitivinicultura, e para compor a renda total da família eles possuem outras produções para
comercialização como hortifrutigranjeiros, em 18,7% das propriedades, seguida por
atividades relacionadas à agroindústria familiar em 15,6% com o processamento de de geleias
e artesanato, em 9,4% há atividade de turismo rural entre outras, como pode ser observado na
Tabela 2 abaixo. Essas fontes que podem ser observadas na Tabela 2. Um fator interessante
em relação à composição da renda familiar foi o fator agropecuário, nenhum dos entrevistados
utiliza da agropecuária como fonte de renda, conforme Otani (2010) dos 35 produtores rurais
entrevistados 40% deles utilizam a agropecuária como fonte de renda secundária. Outro fator
relevante do mesmo estudo é que apenas 8,6% dos produtores trabalham exclusivamente com
a vitivinicultura e possuem de uma a duas fontes de renda adicional, diferentemente
encontrado dos entrevistados do 3º Festival Nacional do Vinho Colonial no município de
Bento Gonçalves/RS, em que 62,5% dos produtores têm como renda única a vitivinicultura e
apenas 37,5% agregam outra atividade como renda adicional familiar.
No tocante universo da produção de vinho em litros por ano, os vinicultores pesquisados que
comercializam este produto, constatou-se que uma parcela importante produz grande
quantidade de vinho colonial por ano. Mais da metade deles 59,4% produz mais que 31.000
litros por ano, sendo que apenas 21,9% elaboram menos de 20.000 litros. Sendo que 78,2%
dos entrevistados não se enquadram na legislação vigente que legaliza o vinho colonial, pois
ultrapassam a quantidade permitida de 20.000 litros/por ano produzida por produtor familiar.
E apesar da grande variedade de cultivares produzidas por esses produtores
entrevistados, a maior concentração da produção de vinho se dá com as variedades Isabel
21,8% e Bordô 8,8%. Os equipamentos utilizados no processamento da uva para a elaboração
do vinho colonial, ainda são bastante rudimentares, construídos nas propriedades ou nas
comunidades e vem passando de geração em geração, porém, muitos produtores vêm
investindo em inovação tecnológica (SILVA, 1995; TEECE, 1996; PADILHA, 2010).
Mesmo que ainda esses produtores não possuam rótulo registrado junto ao Ministério da
Agricultura, apenas 1 não faz venda direta ao consumidor ou em feiras.
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SILVA, C.R.L. Inovação tecnológica e distribuição de renda: impacto distributivo dos ganhos
de produtividade da agricultura brasileira. São Paulo: IEA – Instituto de Economia Agrícola,
1995.
1
UNESC, igor.olsson@hotmail.com
2
PPGDS/UNESC, melissawatanabe@unesc.net
3
PPGDS/UNESC, carlaspillere@gmail.com
Resumo. Servindo como base para o desenvolvimento do homem, a terra passa por constantes mudanças,
ligadas com a utilização que recebe perante à necessidade que lhe é atribuída e por suas condições
edafoclimáticas regionais. Portanto, diversos são os fatores motivadores que tornam o estudo do uso da terra
um fator relevante e que deve ser levado em conta na tomada de decisões. A dinâmica do uso da terra apresenta
características relevantes frente a diferentes usos na produção de alimentos, fibras ou energia. Este estudo
identificou a partir de séries históricas de área plantada das culturas temporárias e permanentes por município
de Santa Catarina no período de 1990 a 2010. Foi utilizado como procedimentos metodológicos fontes de dados
secundários do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE), desta forma o meio de investigação foi
documental bibliográfica. Após a análise dos produtos demandantes em áreas no estado, observou-se a
característica dos municípios que são os maiores demandantes de área dos produtos selecionados. Há uma
concentração nos municípios a oeste do estado, a exceção foram municípios ao sul na produção de arroz e
fumo. Assim, a localização geográfica das produções agrícolas estão diretamente relacionadas com às
necessidades fisiológicas das plantas e seu valor no mercado.
Abstract. Used as base for the development of human beings, the earth goes through constant changes due to
the use it receives before the need assigned to it and its regional climate and soil conditions. So many are the
motivating factors that make the study of land use a relevant factor that should be taken into account in decision
making. The dynamics of land use presents relevant characteristics in the different uses in the production of
food, fiber and energy. This study identified from historical acreage of temporary and permanent crops series by
the municipality of Santa Catarina in 1990 and 2010. It was used as methodological procedures secondary data
sources from the Brazilian Institute of Research and Statistics (IBGE), this way means research was
documentary literature. After analyzing the applicants products in areas in the state, observed the characteristic
of the municipalities that are the largest producers of selected products. There is a concentration in the cities
west of the state, the exception were municipalities south in the production of rice and tobacco. Thus, the
geographical location of agricultural production are directly related to the physiological needs of plants and
their value in the market
Introdução
Uso da Terra
A definição de uso da terra aqui adotada é dada pela forma de exploração humana
da cobertura vegetal da terra. Tal uso está associado às questões biofísicas, socioeconômicas e
aos contextos culturais que compreendem a geografia humana daqueles que nela vivem e que
dependem da decisão da melhor utilização daquele espaço geográfico. Sobre seu
desenvolvimento e mudança, é importante compreender quais e como são tomadas as decisões
e quais são os fatores que as impactam (LAMBIN; GEIST; LEPERS, 2003; VERBURG et al.,
2006; WATANABE, 2009). Para Youet al. (2010), o uso da terra é influenciado pelo preço das
produções, pela migração de pessoas das áreas rurais para as urbanas, por políticas
governamentais e pelo crescimento da indústria urbana.
Segundo Boserup (2008), a expansão das áreas utilizadas na agricultura é
resultado da inabilidade e/ou impossibilidade da aplicação de métodos e/ou tecnologias mais
avançadas nos cultivares. Busca-se, portanto, aumentar a produtividade, manter o espaço
utilizado para a agricultura e, consequentemente, manejar as áreas de maneira que possam ser
reutilizadas. Logo, observa-se, conforme citado anteriormente, que o desenvolvimento
agrícola não está ligado apenas à avanços tecnológicos, mas aos métodos de manejo aplicadas
às áreas agricultáveis.
Para Watanabe (2009), gerenciar o uso da terra nas dimensões biofísicas,
socioeconômicas e culturais, buscando maximizar o retorno proveniente dos espaços
geográficos, aparece como método para aperfeiçoar a capacidade de retorno econômico das
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
áreas utilizadas. Por sua vez, compreender que tais áreas possuem caráter finito, é
fundamental para que a expansão agrícola aconteça de modo organizado e buscando
constantemente aumentar a produtividade enquanto garante a capacidade produtiva futura
daquela área.
A manutenção do nível de fertilidade do solo depende, portanto, do equilíbrio dos
fatores físicos e químicos, obtido através do manejo adequado do uso da terra, em relação às
necessidades do cultivo da área. Logo, a conservação da capacidade produtiva à longo prazo
está diretamente relacionada à perda do retorno imediato dos produtores rurais (FRASER,
2004).
A falta de ações mitigadoras quanto aos efeitos negativos da produção agrícola no
ambiente tende, conforme o reuso da área persiste, a propiciar erosões, redução da
biodiversidade, índices de contaminações e de compactação, impermeabilização e salinização
do solo. Ainda que sejam problemáticos de forma individual, a ocorrência de múltiplos
impactos negativos em um mesmo local aumenta ainda mais o impacto causado pelos efeitos
individuais (FRASER, 2004; BRADFORD et al., 2006; AMSALU; STROOSNIJDER;
GRAAFF, 2007; YADAV; MALANSON, 2008).
As mudanças no uso da terra podem ter como origem fatores variados, derivadas
de ações e decisões humanas ou provenientes de questões ambientais, bem como de sua
interações (LAMBIN; GEIST; LEPERS, 2003). O principal desafio é identificar claramente
quais os principais condicionantes dentre as múltiplas variáveis associadas à mudança no uso
da terra e identificar os riscos e vantagens inerentes à cada um destes condicionante
(LAMBIN et al., 2001).
Dentre os estudos de caso, são repetidamente consideradas como condicionantes
referentes à: diminuição da produtividade das áreas; geopolíticas que promovem interesses de
grupos específicos; indução à inovação; urbanização e consequente mudanças nos padrões de
consumo da população; criação de oportunidades econômicas em novos mercados, entre
outros (LAMBIN; GEIST; LEPERS, 2003).
Como um dos principais fatores para as tomadas de decisão no uso da terra, o
clima relaciona-se diretamente nas possibilidades produtivas das regiões, bem como nas suas
coberturas vegetais (SALA et al., 2000; PATZ et al., 2005; ROUNSEVELL et al., 2005;
BRADFORD et al., 2006). A agricultura, tendo em vista a natureza da plantação, é
criticamente dependente de condições climáticas e ambientais para o desenvolvimento do
cultivar e o retorno esperado da produção.
Tendo sua vida dividida em ciclos, os processos de plantio, germinação,
crescimento e florescimento da planta, bem como a produção e maturação dos grãos
dependem de temperatura e fotoperíodo ideais (WATANABE, 2009). Logo, áreas plantadas
no mundo como a região sudeste do Canadá, noroeste e norte dos Estados Unidos, nordeste da
Europa e a planície da Manchúria chinesa são exemplos de locais que possuem maior
sensibilidade à variações climáticas (RAMANKUTTY et al., 2002; LOBELL; ASNER,
2003).
Associando-se às questões climáticas, a quantidade de umidade do solo é fator
relevante para o desenvolvimento adequado da planta. Portanto, a distribuição de chuva nas
regiões é outro indicador levado em consideração quando analisada a necessidade hídrica do
cultivo, tendo em vista que a agricultura irrigada é restrita a locais que possuam fontes
hídricas suficientes para a irrigação do cultivo, excetuam-se, por exemplo, as áreas dos
desertos subtropicais da África, Ásia e Austrália (RAMANKUTTY et al., 2002).
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Metodologia
Tabela 1 – Culturas agrícolas e número de municípios que apresentam respectivas área plantada em 2014
Cultura Num. de Municípios
Milho 286
Feijão 267
Mandioca 247
Fumo 218
Uva 192
Soja 182
Laranja 160
Arroz 157
Trigo 145
Fonte: Adaptada de IBGE (2016)
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
AMSALU, A.; STROOSNIJDER, L.; GRAAFF, J. D. Long-term dynamics in land resource use and the driving forces in the Beressa
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
1
Acadêmica do sexto semestre do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio. Discente do IFF JC.
bettinamenezes@gmail.com.
2
Mestre em Desenvolvimento. Administradora. Docente no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Farroupilha- – Campus Júlio de Castilhos. pro_rosangela@hotmail.com
Resumo
O presente trabalho teve como objetivo demonstrar que o agronegócio não é só uma agricultura industrial e
nem trabalha apenas com essa atividade, ele também tem a função de trabalhar e ajudar para o
desenvolvimento da agricultura familiar. Para tanto, a metodologia norteou a aplicação da pesquisa
caracterizada como uma pesquisa tipo exploratória e que utiliza o método a base de referências de sites,
trabalhos acadêmicos e artigos. Os resultados demonstram que o agronegócio é importante para a economia do
Brasil, pois contribui para o crescimento e desenvolvimento do PIB, porém essa contribuição vem das grandes
produções tanto das agrícolas (monoculturas), quanto da pecuária (avicultura, bovinocultura de corte,
suinocultura e entre outros). Porém com o aumento dessas atividades, está comprometendo o meio ambiente
com a intensificação dos desmatamentos, do uso indiscriminado de agrotóxicos, prejudicando a saúde da
população e o meio ambiente do país. A solução para obter um alimento mais saudável é através da agricultura
familiar, pois a mesma ganha cada vez mais destaque na questão ambiental, pois a sua produção se sobressai
por adotar práticas ambientalmente mais sustentáveis, em função, principalmente de sua característica de
produção em pequena escala e por evitar os riscos proporcionados pelas monoculturas de grandes
propriedades. Por fim, se o agronegócio contribuir mais com a agricultura familiar, a população terá muito
mais alimentos saudáveis, os produtores conseguem aumentar a sua renda, e consequentemente mantém o canal
curto entre os agricultores familiares e consumidores, com agregação de valor e a geração de capital.
Abstract. This study aimed to demonstrate that agribusiness is not only an industrial agriculture and not only
works with this activity, it also has the function to work and help for the development of family farming.
Therefore, the methodology guided the application of research characterized as an exploratory research and
using the method of reference sites base, academic papers and articles. The results show that agribusiness is
important to the economy of Brazil, it contributes to the growth and development of GDP, but this contribution
comes from the big productions of both agricultural (monocultures), and livestock (poultry, beef cattle, swine
and among others). But with the increase of these activities, it is compromising the environment with the
intensification of deforestation, the indiscriminate use of pesticides, harming people's health and the
environment of the country. The solution for a healthier food is through family farming, because it is becoming
increasingly prominent in environmental issues, as its production stands to adopt more environmentally
sustainable practices, mainly due to its characteristic of production in small scale and to avoid the risks brought
by monocultures of large estates. Finally, if agribusiness contribute more to family farming, the population will
be much healthier food, farmers can increase their income, and thus keeps the short channel between farmers
and consumers, adding value and generating capital.
2. MATERIAL E MÉTODO
Segundo CALEGARE (2007) a realizar uma pesquisa é uma atividade
básica e essencial para o desenvolvimento do conhecimento, pois através dele buscam-se
novas informações, novas propostas e novas ações para o desenvolvimento socioeconômico-
ambiental.
A natureza deste trabalho, de acordo com o tema e os objetivos
estabelecidos, caracteriza-se como uma pesquisa tipo exploratória e utiliza o método a base de
referência de sites, trabalhos acadêmicos e artigos.
Uma pesquisa exploratória-bibliográfica é aquela realizada com base em
material publicado em livros, jornais, revistas, sites na internet, e que sejam disponibilizados
ao público em geral (VERGARA, 2014).
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com BATALHA e SILVA, (2007) mostram que o agronegócio
foi conceituado a partir de dois autores norte-americanos, são eles, John Davis e Ray
Goldberg, que em 1957 lançaram o termo conhecido como agribusiness nos Estados Unidos.
No entanto os autores apresentaram o agronegócio de forma sistêmica e integrada e não de
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
forma isolada como até então a agricultura e a pecuária eram tratados e assim Davis e Ray
Goldberg definiram o conceito de agronegócio como:
"a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos
agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do
armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas
e itens produzidos a partir deles."
A atividade agrícola é a principal atividade econômica no Brasil, assim o
agronegócio passou a ter maior importância com a influência da abertura econômica vigente
no país a partir da década de 1980 (NOVAES et. al. 2010).
Conforme o relatório da CEPEA de abril de 2016 em relação ao PIB do
agronegócio brasileiro mostra que o mesmo acumulou alta de 1,55 % no primeiro
quadrimestre do ano. Esse destaque foi no ramo agrícola, o qual cresceu 2,37% no período
frente à queda de -0,22% do ramo pecuário. Pois o movimento de alta no ramo agrícola
atrelou-se ao maior patamar de preços, notadamente do segmento primário, destacando-se as
altas para as expressivas culturas o milho e o algodão. Já a agroindústria e os agrosserviços
mostraram um desempenho contrário com relação aos segmentos nos ramos agrícola e
pecuário, pois na indústria de base agrícola, teve desempenho positivo, destacaram-se as altas
em celulose e papel, açúcar, etanol, beneficiamento de produtos vegetais, açúcar e óleos
vegetais. Já no segmento industrial da pecuária, apenas a indústria de laticínios cresceu
ligeiramente no acumulado do quadrimestre.
Na América do Sul, o Brasil é o maior país em extensão de área, com 851
milhões de hectares de área. Desta forma com essa longa extensão territorial e com condições
climáticas favoráveis, permite o país desenvolver uma agricultura diversificada, produzindo
em zonas temperadas e tropicais. Para tanto, em 2006 existiam aproximadamente 90 milhões
de hectares disponíveis para a atividade agropecuária, podendo se esperar um potencial
crescimento do agronegócio, baseado na expansão da fronteira agrícola, impulsionado pelo
aumento de produtividade dos últimos anos (SRIA/MAPA, 2006).
Nesse contexto de aumentar as áreas de produtividade agrícola e pecuária
do país torna-se um fator de grande importância e preocupante para o futuro do agronegócio
que é a questão ambiental, pois os novos desmatamentos, em especial para as áreas de
expansão da soja, no norte do país, podem criar um sério problema de sustentabilidade. Sendo
assim não se pode permitir o atropelo do aspecto econômico sobre os impactos que isso pode
causar nas próximas gerações (GUANZIROLI, 2006).
E conforme aos estudos realizados pela ONU as perspectivas do
agronegócio brasileiro, apontam que o país deverá ser o maior produtor agrícola até 2017
(SRIA/MAPA, 2006).
Por conseguinte, com essa projeção de o país ser o maior produtor agrícola,
consequentemente irá também aumentar mais ainda o uso de agrotóxicos. Pois o Brasil é o
maior consumidor de agrotóxicos no mundo, segundo os autores SPADOTTO e GOMES,
2016 anualmente no mundo são utilizados aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de
agrotóxicos. Já no Brasil o consumo anual de agrotóxicos tem sido superior a 300 mil
toneladas de produtos comerciais. Expresso em quantidade de ingrediente-ativo (i.a.), são
consumidas anualmente cerca de 130 mil toneladas no país; representando um aumento no
consumo de agrotóxicos de 700% nos últimos quarenta anos, enquanto a área agrícola
aumentou 78% nesse período.
Isso se deve também ao grande aumento de comercialização de agrotóxicos
no país, de acordo com os dados do IBGE mostra que a utilização de produtos químicos para o
controle de pragas, doenças e ervas daninhas mais que dobrou em dez anos. Ainda o instituto
demonstra um relatório que entre os anos 2002 e 2012, a comercialização de agrotóxicos no país
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
passou de quase três quilos por hectare para sete quilos por hectare, gerando um aumento de 155%.
Já São Paulo lidera o ranking dos estados onde a venda de agrotóxicos é maior, seguido de Goiás e
Minas Gerais (JORNAL NACIONAL, 2016).
Conforme o que foi relatado nos parágrafos anteriores percebe-se que nós
consumidores estamos cada vez mais consumindo alimentos com alta densidade de
agrotóxicos, o que coloca nossa saúde e a do meio ambiente do país em risco. A solução para
diminuir esse uso indiscriminado de agrotóxicos é o agronegócio dar mais atenção para a
produção de alimentos produzidos pela agricultura familiar.
Pois conforme o autor SCHUTTER, (2014) a produção da agricultura familiar será a
força motriz da sustentabilidade agroalimentar. No entanto Andrioli (2009, p. 13) defini a
Agricultura Familiar como aquela:
“constituída por famílias de agricultores que com seu próprio trabalho
produzem alimentos”.
De acordo com BUAINAIM e ROMEIRO (2000), afirmam que a
agricultura familiar desenvolve-se, em geral, através dos sistemas complexos de produção,
combinando várias culturas, criações animais e transformações primárias, tanto para o
consumo da família como para o mercado.
A agricultura familiar caracteriza-se por predominar pequenas
propriedades, o número de beneficiados com os resultados financeiros também é um
diferencial, o que possibilita a geração de renda em regiões distantes de centros
industrializados, oferecendo alternativa, inclusive, contribuindo para fixação do homem no
campo (CODAF, 2016).
A mesma ganha cada vez mais destaque na questão ambiental, pois a sua
produção se sobressai por adotar práticas ambientalmente mais sustentáveis, em função,
principalmente de sua característica de produção em pequena escala e por evitar os riscos
proporcionados pelas monoculturas de grandes propriedades. O que acaba agregando a isso os
estímulos à produção de alimentos orgânicos ou obtidos por meio da agroecologia, que
conferem aos produtos da Agricultura Familiar diferencial competitivo na busca por
qualidade e responsabilidade socioambiental (CODAF, 2016).
Em uma temática central para o ano de 2014, a Organização das Nações
Unidas – ONU escolheu para discutir a importância da agricultura familiar, pois a mesma
engloba 4,3 milhões de unidades produtivas (84% do total) e 14 milhões de pessoas
ocupadas, o que representa em torno de 74% do total das ocupações distribuídas em
80.250.453 hectares (25% da área total), no Brasil (KERBES et. al., 2016).
Nesse contexto, a agricultura familiar ainda é responsável por suprir a
demanda por alimentos saudáveis dos brasileiros, segundo dados da Confederação dos
Trabalhadores da Agricultura Familiar (CONTAG) 70% da produção de alimentos
consumidos provêm desta fonte (KERBES et. al., 2016).
No mesmo sentido a saída que os pequenos agricultores encontram para
vender seus produtos, conquistar os consumidores e ganhar espaço é através das feiras nos
centros da cidade. É uma forma que eles utilizam para aumentar a sua renda, e, além disso,
contribuem para uma saúde mais saudável aos seus consumidores.
É importante que essa feira seja atuada em grupo, pois assim fortalecem a
comercialização dos produtos no sentido de no grupo um poder auxiliar ao outro na definição
de preços e investimentos necessários, bem como, na oferta de uma maior diversificação de
produtos fazendo com que os consumidores encontrem todos os tipos de alimentos não
industrializados em um só local (BRANDÃO et. al., 2015).
Entretanto a agricultura familiar enfrenta algumas dificuldades como:
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
- As áreas de produção muitas vezes estão localizadas no meio das fazendas que produzem
monoculturas, principalmente a soja, que em épocas de aplicação de venenos acabam
atingindo principalmente a produção hortícula e frutífera e os produtores acabam perdendo
sua produção;
- Falta de informação sobre os incentivos que o governo oferece;
- Os agricultores que são da reforma agrária, muitos estão em situação irregular em suas
terras;
- Falta de assistência técnica.
As políticas públicas são uma maneira de fortalecer mais a agricultura
familiar, no entanto é preciso situar-se de quando foram criadas as políticas para a mesma, a
princípio o Estado brasileiro em meados de 1990 passou a reconhecer a agricultura familiar,
uma categoria social e política (GRISA et. al., 2015).
Desta forma, foram criadas e reconhecidas pela Constituição Federal de
1988, a qual incitou novos espaços de participação social e os direitos, assim a primeira
criação da política pública para a agricultura familiar foi o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura (Pronaf) em 1995 desencadeou a emergência de outras
políticas diferenciadas de desenvolvimento rural; a criação do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA) em 1999, e da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) no
interior deste em 2001, institucionalizaram a dualidade da estrutura agrária e fundiária no
País; e em 2006, foi regulamentada a Lei da Agricultura Familiar que reconheceu a categoria
social, definiu sua estrutura conceitual e passou a balizar as políticas públicas para este grupo
social. Além disso, o Brasil passou a destacar-se pelas organizações internacionais
multilaterais pela estrutura política e institucional que construiu ao longo dos anos para a
agricultura familiar, cujos formatos, objetivos e políticas têm sido “exportados” para outros
países (GRISA et. al., 2015).
O Pronaf é destaque, pois se constituiu na principal política agrícola para a
agricultura familiar (em número de beneficiários, capilaridade nacional e recursos aplicados)
e, historicamente, tem contado com um montante crescente de recursos disponibilizados,
atingindo, no Plano Safra da Agricultura Familiar 2014/2015, o valor de R$ 24,1 bilhões.
Ilustrando seu viés de fortalecimento da produção agrícola, diversos estudos apontam que o
programa tem beneficiado principalmente as unidades familiares localizadas nas regiões Sul e
Sudeste, e promovido o cultivo de produtos competitivos no mercado internacional, os quais
são controlados por poucas empresas do sistema agroindustrial e cuja forma de produção está
assentada no uso generalizado de insumos modernos (GRISA, et. al., 2015).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da pesquisa realizada, observou-se que o agronegócio está ainda
muito ligado apenas as grandes produções tanto nos setores agrícolas, como nos setores
pecuários, o que acaba ofuscando a agricultura familiar que é de extrema importância para
suprir a alimentação dos brasileiros.
Para tanto, o agronegócio tem como alternativa os Tecnólogos em
Agronegócio para ajudar a agricultura familiar, através das seguintes sugestões:
- Unir os agricultores familiares formando um grupo para criar associações para fortalecer a
classe, e consequentemente tornar as feiras legais;
- Ajudar os agricultores a divulgar melhor os seus produtos chamando os consumidores
através do marketing;
- Propor inovações nos seus produtos como, por exemplo, utilização de embalagens
adequadas para o produto e uma forma de garantir a segurança do mesmo, assim consegue-se
agregar valor aos produtos;
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- Procurar ampliar o canal de comercialização, não ficando só em feiras, mas procurar
comercializar para a merenda escolar oferecendo uma alimentação mais saudável para os
alunos, além da merenda, para os supermercados da cidade e região;
- Informar que políticas públicas o governo oferece para a agricultura familiar;
- Informar também sobre a legislação ambiental definida pelo governo;
- Buscar cursos gratuitos para melhorar a qualificação dos produtores;
- Manter eles atualizados sobre o mercado;
- E dentre outras sugestões.
Nesse mesmo sentido, se o agronegócio contribuir mais com a agricultura
familiar, a população terá muito mais alimentos saudáveis, os produtores conseguem
aumentar a sua renda, e consequentemente mantém o canal curto entre os agricultores
familiares e consumidores, com agregação de valor e a geração de capital.
REFERÊNCIAS
JORNAL NACIONAL. Uso de agrotóxico no Brasil mais que dobrou em dez anos, aponta IBGE.
Disponível em:
<http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/06/uso-de-agrotoxico-no-brasil-mais-que-
dobrou-em-dez-anos-aponta-ibge.html>. Acesso em: 06 agosto de 2016.
SCHUTTER, O de. Report of the special rapporteur on the right to food, Olivier De Schutter.
2014. Disponível em:
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<http://www.srfood.org/images/stories/pdf/officialreports/20140310_finalreport_en.pdf,
2014> Acesso em: 06 de agosto 2016.
Álvaro Sérgio Oliveira1, Marcos Roberto Casarin Jovanovichs2, Rosângela Oliveira Soares
Lanes³
Resumo
As atividades que envolvem o Agronegócio são extremamente amplas, o que exige melhoria contínua nos
processos, desde a produção, o beneficiamento, a transformação, a logística e a comercialização, desde as
unidades de produção agropecuária, até o consumidor final. O objetivo deste trabalho será mostrar o cotidiano
de uma empresa rural a cerca de sua gestão, que deve atender as particularidades do setor agrícola e entender
porque o uso de inovações tecnológicas é cada vez mais necessário aos produtores rurais, para tornar o seu
empreendimento competitivo nos âmbitos econômicos sociais e ambientais. Para busca do resultado desta
pesquisa utilizou-se a ferramenta Análise Swot, que demonstrará as forças e fraquezas internas e externas bem
como as oportunidades e ameaças, que a VS Agro identifica na sua gestão.
Introdução
O agronegócio ocupa uma posição de destaque na economia mundial e brasileira com função
importante na produção e disponibilização de alimentos para a crescente população. As
atividades que envolvem o agronegócio são extremamente amplas, o que exige melhoria
contínua nos processos, desde a produção, o beneficiamento, a transformação, a logística e a
comercialização, desde as unidades de produção agropecuária, até o consumidor final. O
objetivo deste trabalho será mostrar o cotidiano de uma empresa rural a cerca de sua gestão,
que deve atender as particularidades do setor agrícola e entender porque o uso de inovações
tecnológicas se faz cada vez mais necessárias para o sucesso do empreendimento rural. Os
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6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
resultados da pesquisa poderão servir de referência para o gestor, e assim ter melhores
subsídios para a tomada de decisões.
Atualmente, é cada vez mais premente, ao produtor rural, fazer uso de instrumentos que
facilitem a tomada de decisão. De acordo com Tejon (2016), [...] O produtor rural que vai ao
futuro vai ser um gestor de dados, vai ter que usar a informática, vai ter que usar assessores,
vai ter que usar “essas novas tecnologias.
Metodologia
Para tal estudo, foi utilizada a metodologia do estudo de caso (YIN, 2015), através da
observação dos processos realizados pela empresa, coleta e análise dos dados para posterior
elaboração do documento. Também se buscou referenciais teóricos em livros e artigos
referentes ao assunto para fortalecer a discussão (VERGARA, 2014) e, por fim, foi utilizada a
ferramenta de Análise SWOT (KOTLER, 2012). Para melhor compreensão sobre o que levou
a VS Agro a obter sucesso em sua atividade e, talvez, sugerir soluções para minimizar
problemas encontrados na gestão da empresa.
Desenvolvimento
Descrição da Empresa – VS Agro
Para o autor as atividades externas, devem ser consideradas, tais como “aquisição de todos os
materiais e de outros fatores produtivos necessários à produção; colocação no mercado dos
produtos e subprodutos obtidos; operação de financiamento”. Callado (2011, p. 23).
Devido às transformações ocorridas no contexto do Agronegócio surge um novo
posicionamento para a propriedade rural, que no início de suas atividades de forma
tradicional, com uma visão limitada do negócio. Vale ressaltar, que a globalização e evolução
da tecnologia, possibilitou o acesso e uma diferente perspectiva, no âmbito rural.
Bens e Tecnologias
Bessant e Tidd (209) afirmam que a inovação é a aplicação de conhecimentos e saberes
através de mudanças que resultam em novos processos, produtos, serviços ou até em uma
nova abordagem.
A propriedade rural, objeto desse estudo busca a inovação para manter a qualidade da sua
produção. Nestes aspectos faz uso de diferentes tecnologias que asseguram um bom
gerenciamento e segurança, tanto no que tange a administração rural, segurança da
propriedade, garantias na produção bem como para gerar informações confiáveis para tomada
de decisões. A empresa possui no seu aporte tecnológico os seguintes bens:
• Agricultura de precisão;
• Sementes geneticamente modificadas;
• Plantio direto;
• Sistema de irrigação por pivôs;
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• Sistema irriga1
• Internet;
• Monitoramento por câmeras (da propriedade);
• Maquinário com (GPS);
• Software para controle rígido das movimentações financeiras: geram
informações confiáveis para tomada de decisões.
Assim sendo, estas tecnologias (Figura 3) auxiliam na tomada de decisões e tornam a empresa
rural diferenciada e competitiva.
No entendimento dos autores (BESSANT e TIDD, 2009), inovação é um processo que precisa
ser gerenciado. Tal afirmação corrobora com a atividade realizada pela VS Agro, ao utili zar
diversas tecnologias para auxiliar nas atividades da empresa, podendo obter dados e ações
mais precisas.
Resultados
Após ter acompanhado as atividades optou-se, por meio da aplicabilidade da ferramenta de
análise SWOT. Essa ferramenta consiste em um suporte importante para a tomada de decisão
e é frequentemente usada como forma de sistematicamente analisar os ambientes interno e
externo da organização.
1 Sistema Irriga iniciou em 1993, desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1993. O
Sistema Irriga® gerencia o manejo e monitoramento de irrigações a serem aplicadas pelos diferentes métodos e
sistema de irrigação. Atua no monitoramento de áreas irrigadas em todo o Brasil, com escritórios nas regiões
Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte. Disponível em https://www.sistemairriga.com.br/?servico=tecnologia.
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Kotler (2012, p. 49) “avaliação global das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de uma
empresa é denominada análise SWOT”. Para fazer uma análise da gestão como um todo no
que tange a administração, trazer a tona os aspectos positivos e negativos da atual
administração.
Depois de vivenciar as rotinas da empresa e também compreender o contexto at ual da
propriedade e dos recursos existentes, foi aplicada a ferramenta de análise SWOT, dessa
forma, contextualizou-se o levantamento dos itens obtidos através dos processos aplicados na
propriedade.
No primeiro momento, o diagnóstico considera o ambiente interno, observando seus pontos
fortes e fracos. No segundo momento busca-se identificar as oportunidades e ameaças que
afetam diretamente a propriedade e são incontroláveis pela mesma.
A análise interna conforme, o Quadro 1, verificou os pontos fortes e pontos fracos que estão
no ambiente da empresa rural estudada e que afetam o seu desempenho organizacional. As
forças internas são aspectos positivos que a propriedade rural deve manter ou ainda melhorar.
Por outro lado, o empreendimento rural também apresenta fraquezas internas, que precisam
ser melhorados ou neutralizados para não atrapalharem o seu desempenho.
Quadro 1 : Análise do ambiente interno: forças internas e fraquezas internas, da VS Agro 2016.
Fonte: Adaptado de KOTLER, 2012.
A propriedade apresenta como forças internas a estrutura física com bons equipamentos e
máquinas não dependendo de terceiros no processo produtivo, suas benfeitorias também se
encontram em bom estado procurando sempre por parte do proprietário a sua conservação e
manutenção, contemplando uma casa de alvenaria, um galpão de que é utilizado para guardar
os equipamentos agrícolas, guardar os insumos. Possui energia elétrica, água encanada e
telefone que permitem o desenvolvimento. Sua mão de obra é basicamente familiar contando
com ajuda de mão de obra sazonal em períodos de safra e de demanda de maiores serviços.
Como fraqueza interna é possível destacar a cultura predominante, onde o proprietário toma
as decisões principais. Esse aspecto da empresa ser familiar, sua postura de gestão é limitada
em alguns casos para a resolução de problemas rotineiros e a difícil inserção de novas ideias
no negócio.
Analisando as oportunidades (Quadro 2), é identificado que existe boa aceitação dos produtos
finais no mercado, isso indica um baixo risco na comercialização dos produtos agropecuários.
A demanda crescente pelos produtos agrícolas, a exportação, a tecnologia à serviço da
produtividade, o que gera queda nos custos operacionais e maior rentabilidade.
E, por último, a proximidade com os for necedores de produtos e serviços, como uma
oportunidade que facilita a solução de problema. Entretanto, devemos considerar que o maior
potencial da propriedade hoje é a manutenção na atividade agrícola.
Esse panorama abrange algumas dimensões que afetam diretamente ou indiretamente a
atuação, o desenvolvimento e o crescimento das atividades da propriedade rural, levando a
mesma a tomar atitudes de reação sobre essas dinâmicas.
Considerações
O objetivo deste trabalho foi relatar o cotidiano de uma empresa rural acerca de sua gestão,
compreender as particularidades do setor agrícola e entender porque o uso de inovações
tecnológicas se faz cada vez mais necessárias para o sucesso do empreendimento rural. Para
tanto, a análise SWOT apresentou resultados que poderão servir de referência para o gestor,
para a tomada de decisões.
Percebeu-se a evolução da VS Agro através da profissionalização de seus proprietários, do
controle rígido das movimentações financeiras e da percepção de se ter um olhar sistêmico
sobre os processos que envolvem a obtenção de um produto ou serviço. Também o
planejamento estratégico e presente no cotidiano da empresa, ou seja, a empresa sabe o que
faz e onde quer chegar no curto e longo prazo através da análise de cenários (fraquezas,
ameaças, pontos fortes e pontos a melhorar).
A empresa demonstra em sua gestão a visão inovadora, visto que investe em novas
tecnologias como agricultura de precisão, irrigação, softwares para coleta e interpretação de
dados e busca novos mercados através da implantação de culturas como feijão, milho saindo
da monocultura do soja e promovendo a diversificação da produção.
Dessa forma, poderá tornar a unidade produtiva competitiva no seu segmento e
principalmente estimulará a sucessão familiar. Poderá desenvolver um ambiente agradável
para o crescimento pessoal e financeiro dos proprietários, familiares e colaboradores com o
aumento da auto-estima de todos envolvidos no processo.
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Referências
BESSANT, J. R.; TIDD, Joe. Inovação e empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2009.
CALLADO, Antônio André Cunha (org). Agronegócio. 3º ed. São Paulo: Atlas, 2011.
FARINA, E. M. M. Q. Organização industrial no agribusiness . In: ZYLBERZTAJN, Décio; NEVES, Marcos Fava (Org.). Economia e
gestão dos negócios agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades 2015. Disponível em: URL:
http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=431120. Acesso em 20.jul de 2016.
INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Tabela de módulo fiscal. Disponível em: www.
http://www.incra.gov.br/tabela-modulo-fiscal Acesso em: 12 abr. 2016.
INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Tamanho das Propriedades Rurais. Disponível em:
http://www.incra.gov.br/tamanho-propriedades-rurais. Acesso em 4 jul. 2016.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2012.
LANES, Rosângela Oliveira Soares. Entraves e avanços na implantação das boas práticas de fabricação em pequenas agroindústrias
familiares em Júlio de Castilhos/RS. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento). Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul – UNIJUÍ – 2014.
TEJON, José Luiz Megido:Visão do Agronegócio na Atualidade. [jun 2016]. Entrevistador: Marcelo Brum. Entrevista concedida a TV A
Voz do Campo.
VERGA RA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 15. Ed. São Paulo: Atlas, 2014.
YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. Tradução: Cristhian Matheus Herrera. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
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Resumo: Tradicional importador de azeite de oliva, o Brasil registrou, nos últimos anos, o crescimento do
cultivo de olivais em algumas regiões, sendo que o Rio Grande do Sul desponta como principal estado produtor.
Considerando o contexto recente da atividade, ainda existem poucos estudos e pesquisas científicas realizadas na
área no País. Este trabalho tem o objetivo de contribuir com a geração de conhecimentos a respeito do setor, que
vem demonstrando expansão no Estado com o interesse e o trabalho de empreendedores e de instituições de
pesquisa e do governo. O estudo identifica os elementos que colaboraram para a estruturação da cadeia produtiva
da olivicultura especialmente entre os anos de 2005 e 2015. Foi possível, por meio da revisão teórica, além da
pesquisa em fontes secundárias, identificar os motivadores para a formação da referida cadeia e as possibilidades
e desafios para a continuidade deste processo de desenvolvimento. O trabalho demonstra que os produtores
gaúchos reúnem as condições necessárias para a manutenção do crescimento da atividade e que são justificadas
por fatores como condições de solo e clima propícias, demanda de mercado e ambiente organizacional favorável.
Introdução
A evolução dos números vem acompanhada da estruturação de uma cadeia produtiva composta
por fornecedores, produtores, indústrias, varejo e mercado consumidor. Ao mesmo tempo,
agrega elementos além deste complexo vertical, como os ambientes organizacional e
institucional. É o que Zylbersztajn (1995; 2010) define como sistema agroindustrial (SAG).
O presente trabalho descreve as principais ações propostas pelo programa governamental, traça
um breve histórico do cultivo de olivais no Rio Grande do Sul e apresenta o perfil da produção
atual. Com o apoio do referencial teórico que abrange cadeias produtivas, agribusiness e
sistemas agroindustriais, o estudo utilizou dados secundários para analisar e demonstrar a
relevância do processo de estruturação da olivicultura no Rio Grande do Sul e, da mesma forma,
indicar potencialidades e desafios para a continuidade do crescimento da atividade.
Discussão Teórica
Os dois pesquisadores, conforme citado por Batalha e Silva (2014), foram responsáveis pela
criação do conceito de agribusiness, que envolve a soma de todas as operações de produção,
armazenamento, processamento e distribuição, tanto de insumos quanto de produtos agrícolas
e seus derivados. Assim, a atividade agrícola passa a fazer parte de uma extensa rede de agentes
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econômicos. Graziano da Silva (1996, p.66) considera que os trabalhos de Harvard tiveram “o
grande mérito de deslocar o centro da análise de ‘dentro para fora da fazenda’, evitando tratar
o setor agrícola como isolado do resto da economia”.
Outra abordagem surge a partir de estudos da escola de economia francesa que levaram à
criação do conceito de cadeia (filière), que reafirma o crescimento da interação entre as
diferentes etapas do processo produtivo, desde a industrialização de insumos até a fabricação
de alimentos. Graziano (1996, p.67) cita que mais do que “traduzir” o termo agribusiness para
o francês, Louis Malassis, em 1973, “enfatizou a sua dimensão histórica, situando o complexo
agroindustrial como característico da etapa do desenvolvimento capitalista em que a agricultura
se industrializa”.
Uma das propostas conceituais dos pesquisadores do Pensa refere-se ao sistema agroalimentar
(SAG), que será utilizado na presente pesquisa por envolver, além dos agentes da cadeia
produtiva, o ambiente institucional e as organizações de suporte relacionados à mesma.
Zylbersztajn (2010, p.13) define o SAG como “um conjunto de relações contratuais entre
empresas e agentes especializados, cujo objetivo final é disputar o consumidor de determinado
produto”. O autor ressalva que embora o SAG represente um conceito mais amplo, a literatura
de cadeias produtivas também considera aspectos institucionais.
Uma característica dos SAGs são as modificações que podem ocorrer ao longo do tempo, já
que as relações entre os agentes podem sofrer mudanças originárias em fatores externos ou
tecnológicos. Percebe-se, ao analisar a cadeia produtiva da olivicultura no Rio Grande do Sul,
que transformações vêm ocorrendo nos últimos anos, também como consequência de um
sistema que ainda se encontra em estruturação.
Zylbersztajn (2010) enumera os agentes que compõem o SAG para um melhor entendimento
do seu funcionamento. São eles: consumidor; varejo; atacado; agroindústria e produção
primária. Os ambientes institucional e organizacional representam as margens que amparam o
fluxo formado pelos agentes (Figura 1).
Consumidor
Insumos Agricultura Indústria Distribuição Distribuição
Alimentos e Fibras Atacado Varejo
T1 T2 T3 T4 T5
Metodologia
Olivicultura no mundo
A história da oliveira remete aos tempos bíblicos, indicando que é um dos cultivos mais antigos
do mundo. Há relatos da existência da planta na Palestina entre 3 mil e 4 mil anos a.C.
Atualmente, a área cultivada com oliveiras no mundo é de aproximadamente 10 milhões de
hectares, sendo que 90% desse total estão na costa do Mar Mediterrâneo (Coutinho et al., 2015).
Excluindo o comércio entre os países da comunidade europeia, o Brasil foi o segundo maior
importador de azeite de oliva do mundo no ciclo agrícola 2014/2015 (01 de outubro de 2014 a
30 de setembro de 2015), atrás apenas dos Estados Unidos. Neste período, o País importou
67.648,6 toneladas. Já os EUA responderam por importações de 311 mil toneladas (IOC, 2016).
Ainda que as importações de azeite de oliva tenham aumentado no período citado, o consumo
per capita no Brasil é baixo quando comparado com outros países. Enquanto os brasileiros
consomem em torno de 200 gramas por habitante/ano, os gregos, por exemplo, registram índice
de 23 quilos por pessoa ao ano (Bertoncini et al., 2010). São números que revelam o grande
potencial que existe para o produto no mercado interno.
Olivicultura no Brasil
Além da cadeia produtiva formada no Rio Grande do Sul e que é objeto de estudo do presente
trabalho, o Brasil registrou, nos últimos anos, iniciativas de cultivo de olivais e industrialização
do azeite em outros estados. Algumas experiências e projetos mais adiantados são relatados em
microclimas favoráveis à cultura, como a Serra da Mantiqueira nos estados de Minas Gerais e
São Paulo. Já na Região Sul, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina (Epagri) realiza ações na área para atender a demanda crescente de produtores pela
cultura (Epagri, 2016).
Esforços e iniciativas por parte de governos se enquadram nas definições retratadas por
Zylbersztajn (2010) nos sistemas agroindustriais (SAGs), em que as relações verticais ao longo
das cadeias produtivas devem servir de balizador para a formulação de estratégias empresariais
e políticas públicas. Para Batalha e Silva (2014, p.22):
Existem registros da presença de olivais no Rio Grande do Sul no início dos anos 1800, quando
a planta teria sido introduzida pelos imigrantes açorianos e, posteriormente, italianos e
espanhóis. No entanto, o cultivo chegou a ser proibido pela Coroa portuguesa para que não
existisse concorrência com os azeites de Portugal (Pró-Oliva, 2016).
O botânico francês Auguste de Saint-Hilaire visitou o Estado em 1820 e, em seus relatos que
deram origem ao livro “Viagem ao Rio Grande do Sul”, descreveu na sua passagem por Porto
Alegre que “plantaram-se algumas oliveiras que produziram muito bons frutos, mas em
pequena quantidade” (Saint-Hilaire, 2002, p.58).
No final dos anos 1930, o governo do Estado importou plantas da Argentina para realizar
estudos em estações de pesquisa. Já em 1948, foi criado em caráter oficial o Serviço Oleícola,
órgão integrante da Secretaria da Agricultura (Pró-Oliva, 2016). No entanto, a carência de base
técnica, de tecnologias apropriadas e de manejo adequado são algumas das razões para
insucessos na produção nas décadas seguintes.
A partir dos anos 2000, a iniciativa de empresários de diferentes setores da economia passou a
influenciar os rumos da olivicultura no Rio Grande do Sul e chamar a atenção para esta que
representa agora uma alternativa de diversificação da matriz produtiva especialmente para
municípios da metade sul do Estado. A região, com base em avaliações técnicas, reúne as
melhores condições para o cultivo da oliveira, planta que não tolera excesso de umidade e que
se desenvolve melhor quando as estações são bem definidas, com inverno frio e verão seco e
quente (Coutinho et al., 2015).
Orientações técnicas são importantes para todas as culturas agrícolas e, no caso da olivicultura,
passa a ter papel fundamental num momento em que a cadeia busca consolidação e suporte para
o crescimento. O envolvimento de pesquisadores de diferentes instituições e universidades
oferecem suporte aos produtores que investem na cadeia. A participação de prefeituras de
municípios produtores, viveiristas, além da pró-atividade dos próprios empreendedores
constituem um ambiente organizacional de importância significativa para a continuidade da
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evolução da cadeia. Associações de produtores criadas nos últimos anos também colaboram
para a organização da atividade.
O programa também relaciona gargalos que precisam ser trabalhados, como a carência de
insumos registrados para a cultura; a necessidade da normatização na produção de mudas; a
pouca assistência técnica disponível; a dificuldade no levantamento de dados; os baixos
recursos para pesquisas; e a falta de mão de obra especializada, segundo informou o engenheiro
agrônomo Paulo Lipp João (Bagé/RS, Encontro Estadual de Olivicultura, 25/11/2015, palestra).
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
ALBA, J. M. F; et al., editores técnicos. Zoneamento edafoclimático da olivicultura para o Rio Grande do
Sul. Brasília: Embrapa, 2013. Disponível em: <https://www.embrapa.br/florestas/busca-de-publicacoes/-
/publicacao/994782/zoneamento-edafoclimatico-da-olivicultura-para-o-rio-grande-do-sul>. Acesso em:
02/08/2016.
COUTINHO, E. F.; et.al, editores técnicos. Oliveira: aspectos técnicos e cultivo no Sul do Brasil. Brasília:
Embrapa, 2015.
GARCIA, T. L. A Olivicultura no Rio Grande do Sul. Palestra. Encontro Estadual de Olivicultura. Bagé,
25/11/2015. Disponível em: http://www.agricultura.rs.gov.br/conteudo/7432/?Pr%C3%B3-Oliva. Acesso em:
28/07/2016.
SAINT-HILAIRE, A. Viagem ao Rio Grande do Sul. Tradução de Adroaldo Mesquita da Costa. Brasília:
Senado Federal, Conselho Editorial, 2002. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/1064>.
Acesso em: 30/07/2016.
RESUMO: Este trabalho busca analisar os efeitos das políticas públicas no desenvolvimento da agricultura
familiar, na região do Vale do Taquari de 1995 até 2015, por meio de uma análise do volume de recursos
financeiros destinados aos municípios da região e da quantidade de famílias rurais beneficiadas pelo programa
PRONAF. O estudo é caracterizado como exploratório, pois analisou a atuação do PRONAF por meio de dados
coletados no site do governo federal e da Fundação de Economia e Estatística. Conclui-se que apesar de haver
um valor crescente de volume de recursos enviados pelo Pronaf à Região do Vale do Taquari, o número de
famílias que aderiram ao programa foi decaindo ao longo do tempo, fato que pode ser explicado em parte pela
diminuição do número de habitantes na Zona Rural.
Palavras-chave: Agricultura Familiar, Políticas Públicas; PRONAF
1. Introdução
A Agricultura Familiar no decorrer dos últimos anos vem sendo objeto de estudo por
muitos acadêmicos do país. A questão social, a qualidade de vida, a sustentabilidade,
produtividade e crescimento estão entre os assuntos mais abordados. Além destes, a criação
na Constituição de 1988, do Capítulo 3, que trata da Política Agrária e Fundiária e da
Reforma Agrária, dos Artigos 184 à 191, propiciou e promoveu o desenvolvimento da
atividade agrícola no país. O Estado e as Instituições por meio de programas promoveram
incentivos na forma de crédito para aquisição de novos maquinários/estruturas e custeio,
como também ofereceram cursos e palestras profissionalizantes para capacitação dos
agricultores, garantindo o desenvolvimento desta atividade de maneira mais produtiva.
Um dos programas que emergiu nesta época e vem crescendo até os dias atuais com
uma importância significativa na vida dos agricultores, é o Programa Nacional de
Fortalecimento a Agricultura Familiar (PRONAF). Em suas ações deve-se incluir a melhorara
na qualidade de vida da agricultura familiar, mediante promoção do desenvolvimento rural de
forma sustentada, aumento de sua capacidade produtiva e abertura de novas oportunidades de
ocupação e renda (Decreto 3508, Art 18, §1).
Neste sentido, o objetivo deste trabalho é analisar a evolução do Pronaf na região do
Vale do Taquari de 1995 até 2015, por meio de uma análise do volume de recursos
financeiros destinados aos municípios da região e da quantidade de famílias beneficiadas pelo
programa.
2. A Agricultura Familiar
Segundo Wanderley (1996) a Agricultura Familiar é aquela “em que a família, ao
mesmo tempo em que é proprietária dos meios de produção, assume o trabalho no
estabelecimento produtivo”. O produtor tem um papel social e de transformação na
agricultura. O autor acrescenta que “A pluriatividade e o trabalho externo dos membros da
família não representam necessariamente a desagregação da agricultura camponesa, mas
constituem frequentemente, elementos positivos, com o qual a própria família pode contar
para viabilizar suas estratégias de reprodução futuras” (WANDERLEY,1996)
Com uma visão um pouco diferente, Abramovay (2007) identifica a Agricultura
Familiar como um modelo de organização centrado na “empresa familiar” que comparado ao
modelo patronal, se tornou mais eficiente, econômico e sustentável. Segundo o autor nomear
essa camada como “pequena produção” ou como “agricultura camponesa” é impedir que se
perceba a especificidade da agricultura familiar, ou seja, “seu dinamismo econômico e sua
capacidade de inovação técnica’’, uma vez que enquanto os agricultores familiares são
capazes de se adaptar as exigências do mercado, e modificarem-se, os pequenos produtores
(camponeses), são incapazes de absorver tais modificações. Abramovay (1998) aborda que “a
Agricultura Familiar é aquela em que a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm
de indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento.”
Já para Chayanov (1974, apud ALTAFIN, 2007) deve se observar as especificidades
do sistema de produção camponês, que relaciona propriedade com realização do trabalho.
Para ele diferente da empresa capitalista, que está baseada no trabalho assalariado e na
maximização do lucro, a empresa familiar se orienta pela satisfação das necessidades e na
reprodução familiar. Assim a decisão de aumentar a produção é determinada levando em
conta o bem estar da família.
Destinada prioritariamente a satisfação das necessidades familiares internas da
propriedade, Schneider (2008) também aponta que o sistema produtivo está centrado no
trabalho da terra realizado pela família, em que as atividades por eles realizadas sempre
coexistem e se completam com outras atividades não agrícolas, como o artesanato, tornando a
propriedade pluriativa. A presença do trabalho familiar em unidades agrícolas torna as
relações sociais e econômicas estáveis e duradouras.
A Tabela 1 apresenta um quadro resumo das principais posições e ideias expostas
pelos autores citados:
Tabela 1- Sintetização das posições dos autores.
Termo Integralmente Propriedade Função Objetivo da Capacidade
Autor
Utilizado Familiar Pluriativa Social Produção Inovativa
Maria N. B. Agricultura Satisfação das
Não Sim Sim NE*
Wanderley Familiar Necessidades
Hugues Agricultura
NE* NE* Sim NE* Sim
Lamarche Familiar
Ricardo Empresa
Sim NE* Sim NE* Sim
Abramovay Familiar
Empresa Satisfação das
Chayanov Não NE* NE* Sim
Familiar Necessidades
Sergio Agricultura Satisfação das
Sim Sim Sim NE*1
Schneider Familiar Necessidades
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
1
NE: Dados não Encontrados.
A maioria dos autores identificaram que o agricultor familiar é uma categoria que
consegue incorporar novas tecnologias, adaptar-se a elas e se desenvolver de forma mais
eficiente a partir disso. Outros levam em consideração também o papel social do agricultor na
sociedade, na medida em que ele transforma o ambiente ao seu redor, proporcionando melhor
qualidade de vida a sua família e a população que o cerca.
5. Metodologia
A pesquisa é caracterizada como exploratória, uma vez que fundamentou-se na
literatura, buscando compreender a trajetória da agricultura familiar no país. Utilizou-se da
base de dados disponibilizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, da Fundação de
Economia e Estatística e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para obter dados
sobre o Pronaf e da caracterização da região do Vale do Taquari. Para a análise dos dados
utilizou-se de tabelas e gráficos para expressar a evolução dos dados, assim como de métodos
estatísticos simples.
16.000
14.000
12.000
10.000
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
8. Conclusões Finais
7
9. Referências
8
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
CARACTERÍSTICAS E ESTRATÉGIAS PRODUTIVAS DE GERAÇÃO
DE RENDA MENSAL ENTRE AGRICULTORES FAMILIARES
Agricultura Familiar e Ruralidade
Deise de Oliveira Alves¹, Geneci da Silva Ribeiro Rocha² e Adeildo de Quadros Moura³
RESUMO:
Com vista à importância que a agricultura familiar tem na produção de alimentos, o presente trabalho tem
como objetivo analisar os aspectos relacionados à agricultura familiar como uma atividade de
empreendedorismo no município de Boa Vista das Missões- RS. Identificando as variáveis dessa atividade em
termos da geração de renda para as famílias e as principais dificuldades enfrentadas por esses agricultores
para o desenvolvimento de seus trabalhos. A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica, quantitativa e
exploratória, tratando-se de um estudo descritivo com treze agricultores familiares que fazem da agricultura
familiar sua principal fonte de renda. Com isso percebeu-se que a principal cultura desenvolvida pelos
entrevistados é a produção de leite e seus derivados, vendem seus produtos para estabelecimentos comerciais,
obtendo renda mensal entre dois e três salários mínimos, utilizam créditos do governo para auxiliar na
produção e a principal dificuldade identificada, a desvalorização dos preços de venda se seus produtos.
1 INTRODUÇÃO
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
3 METODOLOGIA
De acordo com os objetivos proposto pode se disser que os mesmos foram alcançados,
pois foi permitido apontar qual o perfil dos agricultores do Município de Boa Vista das
Missões-RS. Por isso pode-se concluir que a maioria mesmo com insuficiência de terras e
capital, dificuldade de financiamento pouca disponibilidade de tecnologia e assistência
técnica, conseguem contribuir para a riqueza do país não perdendo assim suas forças como
produtor familiar.
Além disso, identificou algumas características da agricultura familiar do município,
que utilizam somente a mão de obra familiar, investem na diversificação da produção para
obter maior retorno financeiro, seus principais clientes são os estabelecimentos comerciais da
área urbana e conseguem obter um lucro de dois a três salários mínimos com as vendas dos
produtos. Para manter suas atividades utilizam créditos do governo em suas diferentes
modalidades, além disso, os agricultores desse município não estão sendo afetados pelo êxodo
rural, pois seus filhos tem vontade de dar continuidade às atividades rurais. E por fim a
principal dificuldade enfrentada pelos entrevistados está na desvalorização dos preços de
venda de seus produtos.
Os resultados deste estudo ajudam a entender a importância da agricultura familiar
destacando assim um papel fundamental na produção de alimentos, este setor deve ser
encarado como um forte elemento de geração de riqueza, não apenas para o setor
agropecuário, mas para a própria economia do país. Pois a agricultura familiar é a principal
fonte fornecedora de alimentos básicos no Brasil sendo uma atividade que mais gera emprego
e renda no campo. Sugere-se, contudo, que novas pesquisas sejam realizadas com agricultores
familiares, a fim de conhecer melhor a agricultura familiar como uma atividade de
empreendedorismo.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
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A EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DE CARNE SUÍNA NO BRASIL,
APÓS AS REFORMAS ECÔNOMICAS E INSTITUCIONAIS
ADOTADAS NA DÉCADA DE 1990
Economia e Gestão no Agronegócio
Adeildo de Quadros Moura 11, Deise de Oliveira Alves 2
Resumo
O processo de abertura econômica que iniciou na década de 1990, bem como a política de estabilização de
preços, iniciada no ano de 1994 propiciou que o Brasil passasse a produzir mais e por consequência competir
mais ativamente no comércio internacional, no ramo do agronegócio. A suinocultura, por sua vez, passou a
partir de então, a ocupar uma parcela significativa no cenário das exportações, atingindo em 2014, o volume de
505.000 toneladas exportadas. O processo de criação de suínos e de melhorias técnicas para o setor suinocultor,
a partir da década de 1990, resultou na profissionalização do segmento, que conta hoje com moderna
tecnologia, resultando em um maior dinamismo na produção, o que também contribuiu para a indústria
nacional tornar-se mais competitiva no mercado externo. O presente artigo tem como objetivo principal analisar
o desempenho das exportações de carne suína, ocorridas no Brasil, no período de 1995 a 2014 e também
mostrar os índices satisfatórios das exportações alcançados pelo país, que o levaram a um lugar de destaque no
cenário mundial nesse segmento, após as medidas de ajustes na economia brasileira ocorridas com
implementação do plano real e o controle da inflação no inicio dos anos 1990. Para isso foi realizado uma
pesquisa quantitativa, de caráter descritivo e exploratório, com dados retirados da Associação Brasileira de
Proteína Animal (ABPA) configurando uma amostra com dados secundários. Os resultados obtidos com o estudo
concluiu-se que o Brasil vem aumentando sua participação em exportações de carne suína, em termos de
quantidade e valor monetário, atualmente o país figura entre os principais exportadores de carnes suínas do
mundo, no final do ano de 2005, atingiu o 4° lugar em volume de exportações no segmento, lugar que ocupa até
os dias atuais. As medidas adotadas pelo governo a partir da década de 1990, com a edição do plano real que
deu fim ao longo ciclo de inflação no Brasil, fomentou o setor de exportações, permitindo que o país
alavancasse no ramo das exportações neste setor.
ABSTRACT
The economic liberalization process that began in the 1990, and the price stabilization policy initiated in 1994
led that Brazil spent to produce more and therefore compete more actively in international trade, in the
agribusiness sector The pig farming, in turn , passed from then , to occupy a significant portion in the scenario
of exports , reaching in 2014 the volume of 505,000 tons exported . The process of rearing pigs and technical
improvements to the swine producer sector, from the 1990s, resulted in the segment of professionalization, which
today with modern technology, resulting in greater dynamism in production, which also contributed to the
industry national become more competitive in foreign markets. This article aims to analyze the performance of
exports of pork, occurred in Brazil in the period 1995-2014 and also show satisfactory levels of exports made by
the country, which led to a prominent place on the world stage in this segment, after the implementation of the
real plan and the control of inflation in the early 1990. For this was made a quantitative, descriptive and
exploratory, with data from the Brazilian Association of Pork Producers (ABPA) setting a sample secondary data.
The results obtained from the study found that Brazil has been increasing its share in pork exports in terms of
quantity and monetary value, currently the country ranks among the leading exporters of pork in the world, at
the end of 2005 reached the fourth place in export volume in the segment, which takes place until today. The
measures adopted by the government from the 1990s to the actual plan of the edition that ended over inflation
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cycle in Brasil, promoted the export sector, allowing the country to leverage in the business of exports in this
sector.
Keyword: Economic openness; Export; Exchange Policy; Privatization; Pig farming
1 INTRODUÇÃO
1
www.planalto.gov.br/camex/camex
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2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA SUINOCULTURA NO BRASIL
O controle da inflação foi a mais significativa mudança, após o fracasso dos demais
planos econômicos anteriores, além de algumas reformas que haviam se iniciado ainda no
final dos anos 1980, após os diversos planos de combate a inflação (GIAMBIAGI;
RIGOLON, 1999). O Plano Real teve três etapas: primeiramente foi feito um ajuste nas
contas públicas que começou no final do ano de 1992, após, em fevereiro de 1994 foi
implantada a URV. O principal objetivo do Plano Real foi reestabelecer a estabilidade
monetária, ou seja, controlar a inflação, para que, desse modo, o país conseguisse a
estabilidade econômica, o que efetivamente ocorreu (CARVALHO; SILVA, 2001).
O Plano Real e a subsequente queda nas taxas de inflação foram, sem sombra de
dúvida, os mais significativos eventos da economia brasileira nos anos 90 (CARVALHO;
SILVA, 2001). Após meados de 1994, com taxas de inflação menores e em tendência de
queda, as exportações começaram a crescer, na verdade o país começou a crescer.
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O plano real, por sua vez, veio com algumas ações de governo, consistente em
reformas estruturais que permitiram alavancar o país. Essas reformas compreenderam uma
série de iniciativas que visavam aumentar a produtividade por meio da minimização da
interferência governamental no mercado e da maximização da competitividade na economia
(Villwock, 2001).
Outra reforma, foi abertura comercial embora tenha iniciado ainda no fim dos anos
1980, foi no governo Collor e no governo Fernando Henrique Cardoso, que as mudanças
significativas na política de comércio exterior começaram a ocorrer. A abertura comercial,
segundo Marinho (2007), foi caracterizada pela redução da proteção tarifária, pelo fim das
proibições impostas a um conjunto de importações e pela eliminação gradual das restrições
não tarifárias.
O mecanismo de processo de abertura comercial, tinha como principais objetivos dar
maior transparência e diminuir a estrutura de proteção, através da eliminação das principais
barreiras não tarifarias e da redução gradativa no nível de proteção à indústria local
(GIAMBIAGI; RIGOLON, 1999). Anteriormente havia uma estrutura protecionista iniciada
na década de 1930, que causava impactos negativos sobre as exportações e até sobre a
competividade de muitos setores da economia.
Outro reforma econômica que ocorreu nos anos 90 foi as medidas que resultaram nas
privatizações, denominadas crises fiscais e a notória ineficiência das empresas estatais. O
principal argumento de quem defendia as privatizações consiste que a empresa pública
passando para a privada, estaria associada a alterações nos incentivos dos seus proprietários
quanto ao nível e intensidade de monitoramento dos responsáveis pela administração das
atividades das empresas, pois no setor privado há um interesse direto dos proprietários nos
lucros do negócio.
Dentre as reformas que estavam previstas para serem implementadas na década de
1990, as privatizações foram as que mais avançaram. Segundo (VILWOCK 2001) entre 1991
e 1998 foram vendidas 63 empresas controladas pelo governo federal, chegando a atingir uma
receita em torno de US$ 57,5 bilhões.
E por fim na década de 1990, foi marcado por diversas medidas liberalizantes e, nesta
tendência de liberação do comércio internacional o Brasil adotou medidas que permitiram um
maior fluxo de capital estrangeiro através da mudança na política cambial. Como se percebe
houve certa liberdade cambial, mas com o controle do Estado, que se necessário interviria,
colocando, portanto uma limitação, inclusive disciplinado penalidades em caso de operações
de câmbio com taxas destoantes das praticadas pelo mercado (MARINHO, 2007).
O mesmo autor relata que nos anos seguintes a liberação foi crescente e a partir do
plano real o governo implanta uma fase de mudança parcial no regime cambial brasileiro,
consistente na minidesvalorização visando produzir saldos positivos nas transações
internacionais, adotando um parâmetro cambial, denominado âncora cambial.
Mas foi em 1999, devido a uma forte crise de fuga de capitais, motivado por uma crise
internacional que envolveu países asiáticos e a Russia, o Brasil foi forçado a acabar com o
sistema de bandas cambiais e a adotar o cambio flutuante. Essa mudança representa uma das
mais importantes para o comércio internacional, pois é o momento onde o Brasil modifica sua
relação monetária perante a economia internacional (CARVALHO; SILVA, 2001).
Obviamente que a mudança, não se deu como esperado, tendo em vista que o impulso
nas exportações e o superávit da balança comercial somente ocorreram no início de 2001 e
durante o ano de 2002, ano que ocorreu a maior desvalorização do real.
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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
5 CONCLUSÃO
Após análise detalhada do presente trabalho, pode-se concluir que a carne suína teve
um retrospecto muito bom e atualmente é uma dos produtos mais importantes do agronegócio.
Conclui-se também que ao Brasil se mostra competitivo na produção e exportação do produto.
Fica evidente, da mesma forma, a evolução das exportações nas últimas das décadas.
Como demonstrado, as mudanças institucionais realizadas ao longo da década de 1990
tiveram forte impacto sobre o comportamento da economia e por consequência um aporte
significativo nas exportações, sendo que grande parte destes efeitos pode ser atribuído ao
ajustamento do setor privado feito através da adoção de novas estruturas organizacionais e
novos métodos de gestão, modernização na estrutura de produção, o que permitiu uma melhor
concorrência no mercado internacional.
Os resultados das medidas de ajustes implementados, ficam evidente ao analisar o
gráfico das exportações de carne suína, figura 2, que demonstra a evolução e crescimento das
exportações do seguimento, após as medidas implementadas.
É certo que o mercado internacional, evidencia-se como um tema de grande
complexidade, não sendo apenas esses fatores que definem ou não o crescimento das vendas
ao mercado internacional, entretanto o que se pretendeu aqui foi elencar o debate em torno
das medidas de ajustes na economia que, sem sombra de dúvidas contribuíram para o
crescimento das exportações nas últimas duas décadas.
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Existem muito a ser feito para que as exportações de carne suína continuem tendo
sucesso e possam evoluir ainda mais. Para isso foi necessário e sempre será a intervenção do
Estado quer seja em decisões governamentais de cunho econômico ou político, sendo também
de fundamental importância o trabalho de órgãos do governo, mas o mais importante é ter
uma visão global de mercado.
A contribuição do presente trabalho está no fato de compreender que as relações dos
fatores estruturais do sistema econômico, tem diferentes impactos em diferentes momentos do
tempo, dando um caráter dinâmico à análise. Sugere-se, contudo, que novas pesquisas sejam
realizadas com outros setores para saber o feito das políticas econômicas do plano real.
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MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da Metodologia Científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
1
Unisinos, rodrigo_ferneda@hotmail.com
2
Universidade de Passo Fundo, dfaoro22@hotmail.com
3
Universidade de Passo Fundo, anapadilha@upf.br
Resumo: O objetivo do presente estudo é analisar a trajetória de uma propriedade rural inserida na Rota das
Salamarias-Marau-RS. Sob a ótica, por meio de um contexto histórico político, necessita-se investigar e
aprofundar o processo de transformação da agricultura familiar pelo fato de observar a trajetória percorrida ao
longo de sua existência e que merecem oportunidades de investigação a fins de relatar as estratégias que
buscam desenvolver para a manutenção do empreendimento e do núcleo familiar, sendo esta a justificativa de
maior pertinência. Por meio de uma pesquisa exploratória, qualitativa e um estudo de caso, foi aplicada uma
entrevista com o proprietário da unidade de produção por meio das categorias de análise determinadas e
realizado observações diretas. A entrevista ocorreu em maio de 2016, sendo esta gravada e posteriormente
transcrita conforme orientação de Trivinos (2012). Esse conjunto de fonte de dados possibilitou adaptar a
análise das trajetórias, tornando relevante através da inserção de elementos internos e elementos externos que
impulsionaram a transição das atividades em diferentes períodos produtivos, constituindo os sistemas de
produção conforme as orientações de Fritz Filho (2009). Como resultados, pode-se constatar que na medida em
que o conhecimento do gestor se amplia e a novos elementos externos surgem para amparar e fortalecer o setor,
o período de vida útil de um sistema reduz o que torna as atividades mais dinâmicas, inovadoras e sustentáveis.
Ainda merece destaque, a transformação da propriedade ao longo de sua existência, migrando de um sistema
totalmente dependente da indústria de transformação para um sistema misto de turismo rural, produção
artesanal e atrativos naturais como apresentado no sistema atual.
Abstract: The aim of this study is to analyze the trajectory of a farm inserted in the Route of Salamarias-Marau-
RS. From the perspective through a political historical context, it needs to investigate and deepen the process of
transformation of family farming because observe the trajectory throughout its existence and deserve research
opportunities the purposes of reporting the strategies They seek to develop for the maintenance of the enterprise
and the family unit, which is the justification of greater relevance. Through an exploratory qualitative research
and a case study, an interview with the owner of the production unit through the analysis of certain categories
and conducted direct observations was applied. The interview took place in May 2016, which is recorded and
later transcribed as guidance Triviños (2012). This set of data source possible to adapt the analysis of the
trajectories, making relevant by inserting internal elements and external elements that drove the transition of
activities in different production periods, making the production systems as the Fritz Son of guidelines (2009). As
a result, it can be seen that in so far as the knowledge manager expands and new external elements emerge to
support and strengthen the sector, the working life of a system reduces what makes the most dynamic activities,
innovative and sustainable. Also worth mentioning, the transformation of the property throughout its existence,
migrating from a totally dependent system of processing industry for a mixed system of rural tourism, handicraft
production and natural attractions as shown in the current system.
Introdução
Revisão da literatura
Método
de novas atividades que corresponde aos limites e potencialidades instaladas na UPA, herdada
pelo proprietário há 25 anos.
As categorias de análise investigadas foram: a) identificação e inserção da propriedade
rural, onde pesquisou-se ocupação da mão de obra; formação e composição da renda; gestão
e administração financeira; b) assistência técnica ( ferramenta de divulgação da diversificação
no meio rural, pontos positivos e negativos da permanência no meio rural); c) estratégia de
diversificação de sustento rural (fatores que levaram a diversificação, pontos facilitadores,
pontos que dificultaram); d) acesso ao uso de capitais (naturais, característica da terra,
qualidade, recursos renováveis e renováveis, maquinários, infraestrutura, recursos humanos,
financeiros, social); e) elementos que modificam o acesso a capitais (relações sociais,
instituições, organizações, tendências, choques).
Esse conjunto de fonte de dados possibilitou adaptar a análise das trajetórias, tornando
relevante através da inserção de elementos internos e elementos externos que impulsionaram a
transição das atividades em diferentes períodos produtivos, constituindo os sistemas de
produção conforme as orientações de Fritz Filho (2009), conforme a Figura 1.
Resultados
nos moldes da nova economia. É com base nessas características que a Figura 2 apresenta os
elementos internos e externos que proporcionaram a modificação nos sistemas produtivos.
virtude da nova produção cultivou-se o plantio da cana de açúcar. Esta possui características
de ser resistentes a pragas e a estiagem, e também seus resíduos são utilizados para adubação
da terra, o que de certa forma eliminou-se a atividade leiteira, sendo esta apenas o consumo de
subsistência, assim como demais frutas e hortigranjeiros. O trabalho era intenso em períodos
de produção da cachaça e, contudo, o trabalho de carpinteiro foi abdicado. Nesse período, o
desenvolvimento de novas políticas e a consolidação de políticas públicas já existentes
proporcionaram meios de maior renda na agricultura com menos atividades. Porém, como o
relevo era impróprio, continuar com a avicultura era impossível, pois as exigências
burocráticas foram tornando-se maiores, e permitiu que o pequeno agricultor repensasse seus
negócios visto que a atividade de maior renda estava em descontinuidade devido a elementos
internos.
No Sistema de Produção 3, que representa o período de 2007 até 2015, as
características produtivas ganharam novo escopo, através da produção diferenciada obtendo
assim vantagem competitiva. Através de um grupo de moradores próximo ao perímetro
urbano, surgiu o convite para a UPA em estudo ser incluída na rota turística, pelas
características diferenciadas que a mesma possuía. No aceite do desafio, iniciaram os planos,
de conhecer outras rotas turísticas do Estado para certificação das reais condições para
implementação da atividade. Nesse sentido, amparado pelo Poder Público Municipal, e com
apoio do Poder Legislativo, Associação Comercial, e Emater, a rota foi oficializada e a UPA
em estudo foi integrada por apresentar características como, o alambique, gastronomia e
produtos coloniais. A busca de recursos como o Pronaf Mulher, foi para a construção do
casarão, espaço esse para acomodação das atividades e recepção dos turistas. Nesse sentido, o
aumento da renda per capita, a busca por atrativos rurais e a posição geográfica em estudo
permitiram uma nova dinâmica na propriedade investigada. A busca de parcerias fortaleceu o
proprietário, bem como sua família e a aprendizagem foi um desafio, que aprimorou e fez
gerar renda e promoção do desenvolvimento local e regional. A participação no Festival
Nacional do Salame, realizado anualmente, no município de Marau-RS, possibilitou a
arrecadação de recursos para novos investimentos, bem como apresentar a propriedade e seus
produtos, tornando-a conhecida em nível regional, estadual e nacional.
A estratégia de modificação e inovação também incide de forma constante no turismo
rural, responsabilizando o produtor a buscar recursos e diversificar e tornar mais atrativo sua
propriedade, ocorrendo uma transição do Sistema 3 para o Sistema 4, caracterizado como
Sistema Atual. Nesse novo sistema, o casarão tornou-se espaço para a gastronomia, sendo
oferecido café colonial no restaurante rural, e no térreo apresenta-se a loja de produtos
coloniais e no subsolo é instalado o alambique. A manutenção da produção da cana de açúcar,
fez o produtor pensar em alternativas de renda, devido a produção de cachaça ser sazonal,
buscando parcerias e sociedade, através da implantação de uma agroindústria produzindo
derivados de suínos que abastece o mercado do sul e sudeste do País. Com o intuito de manter
a família direcionada no empreendimento rural, instala-se no decorrer de 2016, a atividade de
trilha ecológica e a visitação de cachoeiras, instaladas na propriedade. Nessa atividade rural,
as culturas de subsistências foram produzidas em escala superior, gerando externalidades e
que são ofertados aos turistas. Nessa nova fase de transição, a busca por entidades como o
SEBRAE, para orientação nos negócios. Convém destacar que, como no Sistema de Produção
1, a propriedade enfrenta novamente uma nova recessão econômica, política e que interferem
de forma direta nos recursos de financiamentos e verbas para o desenvolvimento da
agricultura familiar, bem como a procura por turismo rural. Convém destacar que o
conhecimento adquirido pelo proprietário e o apoio de entidades públicas e privadas, fazem
com que a vocação para permanecer no campo, a persistência do espírito empreendedor está
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
aliada com a potencialidade econômica da propriedade em estudo, e também com mais forças
e oportunidades de desenvolver os negócios sob a incidência de novas ameaças geradas pela
economia, política, ética, entre outras.
Considerações finais
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4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
RESUMO:
Produzir produtos altamente diferenciados no mercado de chocolates trouxe um novo conceito chamado “da
Amêndoa a Barra”. A demanda por chocolates com alto teor de cacau, rico em nutrientes/flavonóides,
certificados de origem e que estejam dentro padrões ecologicamente corretos, ganham destaque no mercado
mundial. Essas tendências reestruturaram o sistema produtivo do cacau. A partir da observação in loco e
análise de trabalhos científicos, o artigo propõe uma reflexão sobre o processo chamado verticalização da
produção como alternativa viável, para as micros e pequenas agroindústrias da Região Sul da Bahia. Esse
movimento mostra que a verticalização de produção na Região Sul foi possível com a difusão de tecnologias por
um custo menor. Entretanto, essa estratégia é extremamente eficaz para agregação de valor ao cacau, num
cenário globalizado.
ABSTRACT:
Verticalization of production as a Viable Alternative to Micro and Small Farmer of Cocoa roduce highly
differentiated products in the chocolate market has brought a new concept called " Bean to bar ." Demand for
chocolates with high cocoa content , nutrient-rich / flavonoids , certificates of origin and are in environmentally
friendly standards , gain prominence in the world market . These trends have reshaped the production of cocoa
system. From the on-site observation and analysis of scientific papers , the article proposes a reflection on the
process called vertical integration of production as a viable alternative to the micro and small agribusinesses in
the South of Bahia Region . This movement shows that the vertical integration of production in the South was
possible with the diffusion of technologies at a lower cost . However, this strategy is extremely effective for the
cocoa value added in a globalized scenario.
1.Introdução
O aumento da renda per capita vem provocando mudanças nos hábitos alimentares,
que está associada a uma conseqüente preocupação com a saúde. Esses fatores intensificaram
a busca por alimentos prontos, saudáveis, light, dietéticos, orgânicos e ambientalmente
sustentáveis. Dessa forma, os gostos e preferências do consumidor alteraram o estilo de vida e
produziram novas demandas para indústria de alimentos.
1
Doutoranda em Agronegócios no Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios - CEPAN da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Professora Assistente da Universidade Estadual de Santa Cruz
(UESC). E-mail: rejaneweiss@yahoo.com.br.
2
Doutorado em Agronegócios; Mestrado em Administração. Professora Adjunta da Faculdade de Ciências
Econômicas - FCE/DERI/UFRGS e do Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios – CEPAN, na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. E-
mails: leticiaoliveira@ufrgs.br e leoliveira13@gmail.com.
3
Doutorado em Agronegócios; Mestrado em Ciências Contábeis. Professora Adjunta da Faculdade de Ciências
Econômicas - FCE/DCCA/UFRGS e do Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios – CEPAN, na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. E-mails: angela.souza@ufrgs.br e angela.rsl@gmail.com.
4° SIMPÓSIO DA CIÊNCIA DO AGRONEGÓCIO
6 e 7 de Outubro, 2016 – Porto Alegre, RS
Nesse contexto, o mercado dos chocolates vem sofrendo modificações nos últimos
anos. Identificou-se que os consumidores de vários países preferem cacau com alto teor de
cacau, por causa dos fundamentos nos benefícios para a saúde. No mercado internacional,
normalmente, este tipo de chocolate aparece com denominações de Chocolate de “terroir”
chocolate “grand cru”, chocolate “premium”. Cabe ressaltar, que na França, por exemplo, o
consumo desse tipo de chocolate aumentou de 2% para 49% (SANTOS et al., 2016).
A preocupação com a saúde, associada à conservação da biodiversidade, trouxe um
novo conceito na Europa e Estados Unidos, chamado “Bean to Bar” que significa "da
amêndoa a barra". Segundo Vreeland (2015), o renascimento do movimento “Bean to bar”, é
parte de um movimento geral na indústria alimentícia dos consumidores, que querem saber
mais sobre a origem do produto e de produtores. Enfim, a busca por ingredientes menos
processados ou seja, mais artesanal.
O diferencial do negócio “da amêndoa a barra” está na apresentação do produto, no
qual a embalagem indica a origem do cacau (país ou região), e muitas vezes também indicam
a fazenda e variedades genéticas, no intuito de oferecer a identidade e uma verdadeira jornada
de sabores e prazeres.
A nova tendência do mercado de chocolate teve como consequência uma
reestruturação produtiva ou quebra do paradigma da produção de cacau. Esse contexto,
vislumbra na verticalização da produção a alternativa viável para o pequeno produtor no
mercado interno no atual cenário globalizado.
A partir da análise textos científicos e observação in loco objetivou-se uma reflexão
sobre o processo chamado verticalização da produção como alternativa viável, para as micros
e pequenos negócios chamados da “Amêndoa a Barra”, da Região Sul da Bahia.
2. Discussões e Perspectivas
Os estudos sobre o impacto desses negócios na economia local ainda são incipientes,
mas ao direcionarmos o olhar no mercado do Estados Unidos como precursor desse
movimento, percebe-se a dimensão do negócios “Bean to Bar” que segundo Vreeland (2015)
movimenta em torno de 75 a 100 milhões de dólares anuais, sendo que apenas 100 empresas
se dedicam de forma integral.
3. Considerações Finais:
Referências: