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AP ROV ADO

UMA INTRODUÇÃO DE TERMOS


TEOLÓGICOS EM LATIM E GREGQ J
PARA ESTUDANTES DE VÁRIOS NÍVEIS

m c io n a n o
dc Termos Teológic<
Latinos e
Gresos
TA M B ÉM
D IS P O N ÍV E L
IM K O IM Ç À O A U V 4 U.LM ftCMCA N A VERSÃO
n u M V TE N W O M AS üCAPtM T i » E -B O O K

ona

Trobolhor produtivomente no campo da teologia não é tarefa fácil para os estudantes


da área. pois a sua linguagem técnica faz uso com frequência de grego ou latim.

O objetivo deste volume é fornecer um conhecimento introdutório que ajudará os


estudantes a superar as dificuldades inerentes ao vocabulário teológico das obras
acadêmicas oferecendo definições claras e concisas dos termos latinos e gregos
para estudantes de vários níveis.
C A R TA D A CPAD

Os aspectos
gloriosos da
santificação à luz
das Escrituras
esta ed ição d a revista O b re iro A provad o, o tem a

N
tratado c a Doutrina Bíblica da Santificação. Trata-se
de uma doutrina im portantíssim a para a vida cristã.
Sim plesm ente, a Bíblia afirma que "sem santificação,
ninguém verá o Senhor" (11b 12.14). A Obra de Cristo no C alvá­
RONALDO R. DE SOUZA rio não apenas apaga as nossas culpas, mas tam bém nos liberta
Diretor-executivo do poder do pecado: "Porque o pecado não terá dom ínio sobre
da CPAD
vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. [...] E,
libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça" (Rm 6.14,18).
É a O bra de C risto, aplicada diariam ente em nossas vid as pelo
Espírito Santo, por meio da Sua Palavra, que opera essa realidade,
quando nos subm etem os à Sua ação em nós.
Entendem os, à luz das Sagradas Escrituras, que há três tem ­
pos na santificação: há a santificação posicionai, que ocorre logo
É a Obra de qu ando aceitam os a C risto; há a santificação progressiva, que
é esse processo diário de aperfeiçoam ento em C risto pela ação
Cristo, aplicada do Espírito Santo em nossas vidas; e há a santificação total, que
diariamente em ocorrerá quando finalm ente adentrarm os à Eternidade. E no que
tange à santificação diária, um tema muito im portante tam bém é
nossa vida pelo a doutrina bíblica da m ortificação da carne. Sondo assim , nesta
Espírito Santo, edição, tem os os artigos dos pastores VVagnr Tadeu dos Santos
G ab y (PR ), tratan d o sobre o co n ceito bíblico de san tificação ;
que opera a Eduardo Leand ro A lves (PB), sob re a santificação posicionai;

santificação, Claiton Ivan Pom m erening (SC), sobre santificação progressiva;


Douglas Baptista, sobre santificação total; e Silas Q ueiroz, sobre
quando nos m ortificação da carne.
A creditam os que esta edição da revista O breiro Aprovado,
submetemos à p rep arad a com tan to carin h o, será, com o as d em ais, tam bém
Sua ação em nós bênção para o seu ministério. Nesta convicção, desejam os a você
uma boa leitura e até a nossa próxima edição!
06. CARTA À LIDERANÇA PENTECOSTAL
A PRO VA DO JESUS, O FILHO DE ABRAÃO, E A SALVAÇÃO PARA O MUNDO
Pastor José Wellington Costa Junior, presidente da Convenção Geral dos M inis­
tros das Igrejas Ev angélicas Assem bléia de Deus no Brasil (CGADB), fala sobre
Presidente da Convenção Geral como o ministério de Cristo cumpre uma das promessas divinas dadas ao patriar­
José Weüington Costa Junior
ca Abraão, o pai da fé.
Presidenta» do (otisarlho Administrativo
José W ellington Bezerra da Costa
Diretof-execulivo
Ronaldo Rodrigues de Souza
E d itn r-C h efr
O pastor Francisco Soares Raposo Filho, líder da CEADEMA, fala
S üasüanid sobre aspectos da Doutrina da Santificação à luz do texto bíblico
Editor visando o aperfeiçoamento da liderança assembleiana nacional.
Eduardo Araújo
Gerente Financeiro
Josafá Franklin Santos Bomfim
Gerente de Produção c Arte
Jarbes Ramires Silva 12. ARTIGO
Gerente de Publicações A DEFINIÇÃO BÍBLICA DE SANTIDADE
Atezamtn1CJaudbto Coelho Pastor Wagner Gabv, líder da Assembléia de Deus em Curitiba (PR), membro Fun­
Gerente Comercial dador da Casa de Letras Emílio Conde, membro titular da Academia Evangélica
Cícero da Súva
de Letras do Brasil (AELB), membro do Conselho Deliberativo da Sociedade B í­
Chefe do Setor de Arte e Design
Wagner de Almeida blica do Brasil (SBB), mestre em Teologia e Educação, e M ajor Capelão Reformado
Projeto Gráfico do Exército Brasileiro aborda os conceitos bíblicos de santidade e de santificação
Fábio Longo
no Antigo e no Novo Testamentos.
Diagram ação e Cap j
trem ardo Fngd
Projeto Digital
A b tn V a llc 20. ARTIGO
Ilustrações SANTIFICAÇÃO POSICIONAL
Banco de Imagens Shutterstock
Pastor Eduardo Leandro Alves, líder da Assem bléia de Deus em Rio Tinto (PB),
Fotografia
A n ju w o (C P A D )
doutor e mestre em Teologia pela Faculdades EST, e diretor do Centro de Estu­
dos Teológicos da Assembléia de D eus na Paraíba (CETAD PB), discorre sobre o
TF.I.EMARKET1NC
primeiro aspecto da santificação, que ocorre imediatam ente â conversão a Cristo.
(2* a 6* das 8h as 17:30min)
080W C1-7373 - Olfpçfe gratuita)

27. RESENHA
•UfçÊDS SAC
Santidade: Uma Introdução Teológica - Bernie A. Van de Walle
A sU fia tu ra ln p n > « u
Santidade: O Plano de Deus Para Uma Vida Abundante - Henrv Blackabv
A s a l i u t u n D ig ita l
K SZ M V H flB i s o t í t m átigm tam M

A te n d im e n to A m in a tu r a Im p r w bJ
O I) i É u d É y i f iw ilr
SANTIFICAÇÃO PROGRESSIVA
Suporte • iIN g U a l
Pastor Claiton Ivan Pommerening, diretor e professor de Teologia na Faculdade
>2406-7315-
01)24017.
Refidim e no Colégio CEEDUC em Santa Catarina, trata sobre o processo diário e
IJV R A R IA V IR T U A I-
sinérgico entre o Espírito Santo e o crente para o aperfeiçoam ento deste.
w w m r p * d x o m i> r
O uvidoria: in iu id oririkim d.cuM .br

r A C A M O T T O - A C P A I ) « t o mantem nm kum
tip o de pessoa, representante ou vendedor de
uúdnuturm m ttorim d o u receber diretam ente do 38. ARTIGO
d im te < ) pagamento de assinaturas den r s rr frito
pm m em dem m im rm ai4m ia\ tmmÉhas ematrmotf SANTIFICAÇÃO TOTAL
d e c m m é e a ê ã la .
Pastor Douglas Baptista, líder da Assembléia de Deus de M issão do Distrito Fede­
O B R E I R O R rrrsta rz m d iC Ê trim a tn d , c riu h
em outubro de 1977, editam peta C om Puakm doru ral e do Conselho de Educação e Cultura da CGADB, discorre sobre a promessa
das Assembléias de Deus. f destinada ê liderança
p e n te m ta t de m odo g era i. R egistrada sob « .* divina de glorificação dos crentes, concluindo o processo de Salvação nas suas
00/Ü77A78, conform e le i de Imprensa__________
vidas, e conhecido como "Santificação Total".

44. ARTIGO
A MORTIFICAÇÃO DA CARNE
Pastor Silas Queiroz, da Assembléia de D eus em Ji-Paraná (RO), graduado em
A v . B n td 34.401. Bangu
Cep 21852002. R io de faneim . RJ Teologia e Direito, aborda a luta diária do crente contra o pecado e como o cristão
T H i (2 V 24017373/24017413
é vitorioso nessa batalha diária com a ajuda do Espírito Santo.
t e 2406.7370
r
M ENSAGENS

Contribui no
conhecimento teológico
A revista O breiro A provado contribui
sobrem aneira para o m eu m inistério e
tam bém dos dem ais leitores, um a vez
que encontram os em suas páginas arti­
gos de cunho teológico que acrescentam
Manancial de bênçãos
ao conhecim ento do obreiro e auxiliam Esta revista editada pela CPAD tem se
na lida m inisterial. tornado para m im um m anancial de bên­
çãos, pois tem ser\’ido de auxílio para o
P b C léb io A zev ed o, m eu m inistério. A revista chega sem pre
J u n d ia í (SP) para enriquecer o nosso conhecim ento,
para aprimorar, através da sua leitura, o
m inistério de cada leitor, e em especial
o m inistério que o Senhor Jesus a m im
confiou.

P r M arco s R od rig u es M artin s,


N iteró i (R J)

Material enriquecedor
A precio a cada edição a leitura da revista
O breiro A provado por causa dos subsí­
dios que encontro em suas páginas e que
são fruto do trabalho de teólogos reno-
m ados, que enriquecem o nosso saber en­
quanto ceifeiros na Seara do Mestre.

Pr L eo n a rd o A lbu querqu e,
R io d a s O stra s (R J)
Quer também
mandar sua mensagem?
F.ntáo escreva para a revista Obreiro Aprovado. Pode
enviar sua mensagem para o email obreiro@cpad.com.
br ou, se preferir, enviar sua carta para o endereço
Avenida Brasil, 34.401, Bangu, Rio de Janeiro (RJ)
CEP 21852-002.
Esperamos o seu contato!
C A R TA À LID ER AN ÇA P EN TEC O STA L

Jesus, o filho
de Abraão, e
o projeto de
salvação para
todos os povos
o lermos a genealogia de Jesus Cristo no primeiro capí­

PR.DOSÉ WELLINCTON
COSTA JUNIOR
A tulo do Evangelho de Mateus, vemos uma extensa lista
contendo nomes de seus antepassados e um deles chama
a nossa atenção: o patriarca Abraão, o velho peregrino
que, através de sou filho Isaquc c do noto jacó , dou origem ao povo
judeu (Jo 833). A genealogia de Cristo inicia com Ele sendo chamado
Presidente da "filho do Davi", o que significa que o Nazareno tom direito sobre o
Convenção Geral dos trono de Israel e veio exclusivamente para os judeus; mas, quando
Ministros das Igrejas
lemos que Jesus também é identificado como "filho de Abraão", isso
Evangélicas Assembléias
quer dizer que Elo veio dentro do projeto divino que contempla não
de Deus no Brasil
somente os filhos de Israel, mas abraça toda a humanidade.
A encarnação de Cristo não visava apenas contemplar os judeus com
a mensagem das Boas Novas, mas abrangia toda a humanidade. O Filho
de Deus veio para mim e para você, prezado leitor. A palavra emitida
pelo Criador ao velho patriarca foi com o seguinte teor: "E abençoarei
os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti
Quando dizemos serão benditas todas as famílias da terra" ( ( in 12.3). Quando dizemos
"Jesus, filho de Abraão", estamos falando do Senhor contemplando as
'Jesus, filho famílias espalhadas por todo o planeta, estamos falando da promessa
de Abraão', divina ao patriarca de que a bênção que viria por meio dele atingiría o
seu objetivo, mencionado durante a sua chamada registrada no livro de
estamos falando Ciênesis. E essa expressão também nos lembra do jovem Isaque sendo

do Senhor poupado pelo próprio Deus, com seu substituto sendo sacrificado: um
carneiro com os chifres presos nos galhos do arbusto, representando o
contemplando Senhor Jesus Cristo, que morreu em nosso lugar (Gn 22.12,13).
A história de Jesus é incontestável. Gerações se passaram desde
as famílias de o Seu nascimento, mas a mudança de pensamento e estilo de vida
todo o mundo dos seres hum anos através das gerações não foi suficiente para
apagar ou mudar a história dos propósitos da vinda do Senhor a
este mundo. O alcance da vida de Jesus permanece inalterado. O
conceito acerca do Messias continua o mesmo: Ele salva, perdoa e
restaura o homem do pecado. Somente Jesus Cristo continua sendo
o Salvador do mundo, conforme as Sagradas Escrituras (At 4.12).

6
obs I ro

EN TR EVISTA

Pastor A Doutrina da
Francisco Santificação
e a sua
Soares importância
Raposo na jornada do
cristão
Filho entrevistado da atu ­

O al edição da revista
O breiro Aprovado
é o pastor Francisco
Soares Raposo Filho, presiden­
te da Convenção Estadual das
Igrejas Evangélicas A ssem bléias
de Deus no Estado do M aranhão
(CEADEM A) e da A ssem bléia de
Deus em Bacabal (MA). Nela, ele
fala acerca da D outrina da Santi­
ficação, que para certos cristãos
parece que já caiu em desuso
por considerarem sem efeito em
suas vidas, quando a Bíblia diz
que sem santificação "ninguém
verá o Sen hor" (Hb 12.14).
O pastor Francisco Raposo é
form ado em Teologia e Pedago­
gia, e considerado um a das m ais
relevantes lideranças assem bleia-
nas do Nordeste brasileiro. Entu­
siasta do m odelo bíblico para a
vida cristã, ele faz nesta entrevista
um a an álise m inuciosa acerca do
real significado da santidade na
vida do cristão, bem com o sobre
as três etapas da santificação, a
d istin ção en tre a real santifica­
ção e a religiosidade hum ana, a
relevância do ensino da doutrina
d a sa n tifica çã o e o u tro s tem as A

RO
relev a n tes relacio n ad o s ao a s ­ dor passa a ser uma nova criatu­
sunto. Km uma época de avanço ra, passa a fazer parte da família
da degradação moral no mundo, de Deus e a viver numa posição
cuja influência tenta adentrar as muito privilegiada e maravilhosa,
igrejas, urge a necessidade, frisa­ pois nesse novoestado, segundo a
da pelo pastor Francisco Raposo, Palavra de Deus, "as coisas velhas A san tificação
de a Igreja enfatizar a sua missão já passaram; eis que tudo se fez
novo" (2Co 5.17).
é um a
de "salgar" e "ilu m in ar" pelo tes­
tem unho (Mt 5.16) e pela pregação A s a n tific a çã o p ro g ressiv a, exigência
da genuína Palavra de Deus, que por sua vez, é um processo que
é lâmpada para os cam inhos do acontece diariam ente na vida do
inegociável
ser hum ano (SI 119.105). cristão. Uma vez que a pessoa já de Deus para
aceitou Jesus, ela agora precisa se

Como o senhor definiría esforça r conti nua mente pa ra viver to d o aqu ele
biblícamente o que é a san­ em novidade de vida. A santifica­
ção tam bém é uma decisão pes­
que deseja
tificação?
Santificação é o ato de apar­
soal de aband onar diariam ente servi-IO . A
o pecado para crescer em Cristo.
tar-se do pecado para viver em A santificação não é um processo B íblia en fa tiza
co m u n h ã o com D eu s. P. um a
decisão consciente e firm e de re­
lento em que a pessoa aos poucos que sem a
vai deixando o pecado, m as é uma
jeitar o m undo e as suas paixões decisão definitiva de negar todo o san tificação
e buscar de todo o coração fazer pecado e buscar viver no centro da
a vontade de Deus. A santificação vontade de Deus. A partir dessa
‘n in g u ém verá
é um a exigência inegociável de decisão, a pessoa não estará mais o Senhor’
D eus para todo aquele que dese­ sob o dom ínio do pecado, m as
ja scrvi-lO . A Bíblia enfatiza que precisará lutar e vigiar cm todo (Hb 12.14)”
sem a santificação "ninguém verá o tem po para não cair m ais em
o S en h o r" (H b 12.14). pecado. Já a santificação total se
dará na vinda de nosso Senhor
Como o senhor definiría e Je s u s C ris to , q u a n d o , atrav és
resumiría as três etapas da da ressu rreição, para os qu e já
santificação: a santificação m orreram , ou do arrebata mento,
posicionai, a santificação para os que estiverem vivos, re­ guem que é apenas um religioso
progressiva e a santificação ceberem os novos corpos que não não se im porta real mente com as
total? estarão m ais sujeitos ao pecado. coisas de I )eus, se satisfaz em tão
A santificação posicionai é o Para chegarm os finaImente ã san­ som ente frequentar as program a­
passo inicial na fé. Acontece no tificação to tal, a recom endação ções de um a igreja. Uma vida de
bíblica c: "Todo o vosso espírito, santid ad e fala de um a entrega
momento em que aceitamos a Je­
sus como Salvador e Senhor das e alm a, e corpo sejam plena mente total a D eus. É qu an d o C risto
conservados irrepreensíveis para vive em nós. Q uando vivemos em
nossas vidas. Q uando o pecador
a vind a de nosso S en h o r Jesu s santidade, andam os em tanta co­
encerra um a vida sob o dom ínio
C risto" (lTs 5.23). m unhão com Deus que c possível
do pecado e passa a v iv er em
Cristo. Cum pre-se, assim , o que perceber a Sua presença em nós!
está escrito: "H aveis sido lavados, Como distinguir a mera Com isso não estam os dizendo
haveis sido santificados, haveis religiosidade da verdadeira que a religiosidade deve ser des­
sido justificados em nom e do Se­ vida de santidade? prezada. A boa e correta religião
nhor Jesus e pelo Espírito do nosso A mera religiosidade consiste ( lg 1.27) não pode ser desprezada.
D eus" (ICo 6.11). Ao aceitar Jesus no fato de apenas fazer parte de O Senhor Jesus tem um a igreja e
e o Seu sacrifício na cruz, o peca­ um a denom inação religiosa. Al- nós sabem os disso. A igreja local

8
OB RÉ
r
é im portante e faz parte do pro­ nos dispor, com todas as nossas a santificação na vida do
cesso de santificação do crente. A forças e recursos, para pregá-la crente?
pessoa salva em Cristo Jesus ama como meio de transform ação da
Deus trabalha em nós de mui­
a sua igreja e procura zelar por ela. n ossa so cied ad e. C om o igreja,
ta s m an eiras. A sa n tific a çã o é
não podemos negociar os valores
primeiramente um a obra de Deus,
e princípios da Palavra de Deus.
Em uma época em que a m as que ocorre com a cooperação
A mensagem do m undoé um des­
sociedade tem se degene­ hum ana. Atos 26.18 aponta um
prezo ao temor do Senhor. A men­
rado cada vez mais e essa dos instrum entos que Deus usa
sagem da igreja deve ser apontar
corrupção moral e espiritual para gerar santificação em nós:
o senhorio de Cristo e o dever que
tem tentado entrar nas Igre­ a fé. Pela fé viva e verdadeira, o
temos de serm os santos para Ele
jas, fale da importância de crente é despertado para se apro­
em toda a nossa maneira de viver.
se ensinar a Doutrina Bíblica xim ar m ais de Deus, rejeitando,
O Senhor Jesus Cristo nos chamou
da Santificação. assim , o pecado. Também somos
para serm os sal da terra e luz do
A igreja do Senhor Jesus Cristo mundo, e isso fala de uma pos­ santificados pelo sangue de Jesus:
é "a coluna e firmeza da verdade" tura que consegue influenciar os "O san g u e de Jesu s C risto, seu
(lTm 3.15). A defesa da verdade outros para que deixem o mundo Filho, nos purifica de todo peca­
faz parte da nossa missào. Além e busquem a Deus. d o" (ljo 1.7). O Senhor Jesus tra­
de estabelecer a santificação como balhou (e continua trabalhando)
fator v ital p ara a n ossa so b re­ Quais os instrum entos para santificar os Seus discípulos
vivência esp iritu al, precisam os que Deus usa para operar por meio da Sua Palavra: "Vós já
estais lim pos pola palavra que que tão de perto nos rodeia. Nes­ que nutrem e fortalecem a nossa
vos tenho falad o" (Jo 15.3) . Na ta determ inação, algu n s hábitos v id a e sp iritu a l. Sim p lesm en te,
sua oração sacerdotal, ele rogou d e v e m m a rc a r o n o ss o v iv e r não conseguirem os m anter a fé
ao Pai: "Santifica-os na verdade; a diário. Gosto de lem brar dc três que recebem os se desprezarm os
tua palavra é a verdade" (Jo 1717). coisas que fazem parte da vida ou m esmo negligenciarm os essas
do verdadeiro cristão: a Bíblia, coisas. O apóstolo Paulo escreveu
Quais hábitos o cristão a oração e o culto. Todo crente qu e "o ex ercício co rp o ral para
deve m anter diariam ente salvo gosta de ler a Bíblia, orar pouco aproveita, m as a piedade
em sua vida espiritual para ao Senhor e participar do culto. para tudo é proveitosa" (lTm 4.8).
que o Santo Espírito o faça E quando falo em culto, não me O Diabo, a carn e e o m undo e as
crescer em santificação? refiro ao rito, mas, sim , ao ato de su as paixões buscam a cada ins­
A v e rd a d e ir a s a n tific a ç ã o louvar e adorar a D eus em espíri­ tante nos seduzir, m as o Senhor
requer de nós o esforço para vi­ to e em verdade. São essas coisas Jesus disponibilizou e nos oferece
verm os de tal forma a não nos que m antêm a n ossa vida com os recursos necessários e suficien­
co n ta m in a rm o s com o p ecad o D eus. E ssas são a s d iscip lin as tes para a nossa vitória. I

10
QBp f e o


SEJAMOS IMITADORES
DE CRISTO EM ESPÍRITO
E VERDADE
Para a maioria dos cristãos, a santidade é um estilo de vida ou uma ética que se espera atingir.
Escrito de forma abrangente para leigos e estudiosos, Santidade desafia esta ideia comumente
aceita, ao mergulhar no seu conceito teológico. Buscando ocupar um espaço não antes desbravado
no estudo do tema, o pastor e doutor em filosofia Bernie A. Van De Walle preparou esta introdução

Z
r— v


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E
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S A N T ID A D E
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O

5 - UMA INTRODUÇÀO
S ;
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v*vA*<pa<Ucnvbr

«& S9I 0800-021-7373 H Livra rias CPAD Persiste


© (021)2406-7373 o ©OO emLer CBO
Wagner Tadeu dos Santos Caby

A definição I
esde a criação, Deus separar; e o adjetivo Qadosh quer

W agner Tadeu dos santos Gaby é


pastor, presidente da Assembléia
de Deus em Curitiba (PR), m em bro
fundador da casa de Letras
D quis um povo santo.
"Sede santos porque
sou santo ' (lPe 1.16).
Ele desejou uma com unhão es­
pecial com os homens que tos­
d izer san to , sagrado. Q odesh é
ainda a palavra cognata de termos
que significam "honra", "b rilh o ",
g lo ria, p eso , ab u n d an cia.
No grego, temos hagiasmos, que
sem capazes de andar com Ele e significa tornar santo, consagrar,
Emílio Conde, m em bro titu la r da
falar com Ele numa união espe separar do mundo e apartar-se do
Academia Evangélica de Letras
do Brasil, m em bro d o Conselho ciai. M as a própria natureza de pecado a fim de term os am pla co­
Deliberativo da sociedade Bíblica Deus estabelece lim ites para tal m unhão com Deus e servi-lO com
do Brasil, autor de vários livros associação. Seu caráter santo não alegria (Ou em sua forma verbal,
pela CPAD, m estre em Teologia e pode perm itir ser contaminado santificar). Significa literal mente o
Educaçao, advogado, com entarista pelo pecado e pela corrupção. Os processo pelo qual se separa algo
de Lições Bíblicas da c p a d e m ajor homens só podem estar na Sua ou alguém para um uso ou um
capelao reform ado do Exercito. presença se forem puros. propósito religioso, por isso tem
Quando o Senhor começou a o sentido de torn ar sagrado ou
falar com Moisés sobre o m inis­ consagrar. H aguiôsynê é o estado
tério sacerdotal que Arão deveria qu e resulta de ser dedicado ao
A a p ro x im a ç ã o ex ercer no A ntigo Testam ento, serviço de Deus - é "dedicação",
um dos prim eiros preceitos que "consagração". É a qualidade de
do hom em do Ele exigiu foi a santidade. Ao de­ santidade com o um a expressão
s e u C ria d o r fa z talhar sobre toda a indumentária do divino em contraste com o hu­
que Arão e seus filhos deveríam mano, "qualidade divina" (LOW,
c o m q u e o seu usar, Ele encerrou com uma lâmi­ Johannes P. e NIDA, Eugene A.
c a r á te r se to r n e na de ouro a qual deveria estar na (editores). Léxico Grego-Português
testa de Arão com esta expressão: d o N ovo T estam ento b a sead o em
c a d a v e z m a is "Santidade ao Senhor" (Cx 28.36). dom ínios sem ânticos, Barueri, SP:
p a r e c id o c o m o Em hebraico, Qotlesh In YHWH. Isso Sociedade Bíblica do Brasil, 2013,
significa consagrado, separado, de­ pp. 479 e 480).
d e s e u M e s tre dicado ao Senhor. Como dizia A. H a g u iá z o s ig n ific a "s e p a ro
VV. Tozer, "nào podem os estudar a das coisas profanas” c "consagro
Bíblia com diligência e seriedade para a possessão e o uso divino";
sem que nos deparemos com um purifico por expiação"; purifico
fato óbvio: toda a questão da san­ intim a mente"; "considero limpo,
tidade pessoal é extrem am ente legítim o, lícito"; "santifico", quer
im portante para Deus". no sentido jurídico de considerar
separado de vez e pertencente a
Definição e conceito Deus os recipientes da expiação
d e s a n t id a d e de Cristo, quer no sentido da pro­
No h eb raico , o su b sta n tiv o gressiva e gradual realização des­
Qodesh quer dizer separação, san­ ta consagração do crente a Deus
tidade; o verbo Q adash significa e à santidade pela obra do Espí-
líblica de santidade
rito Santo na sua vida (TAYLOR,
William Carey. Dicionário do Novo
Testamento Grego. Rio de Janeiro:
JUERP, 1991, pp. 8 e c>).
Hágios e separodo do uso prol a no
por Deus e para Deus, sacro, santo;
uma referência aos cristãos, aos cren­
tes, ao novo povo de Deus, sucessor
dos hebreus no favor e propósito d i-
vino; enfim, os santos. H aguiôsynê é
estado do santo, santidade, pureza
mora I (BR( )VVN, Colin e C ( )EN KN,
Lothar (organizadores). Dicionário
Internacional de Teologia do Noix) Tes­
tamento, tradução Gordon Chown,
2J edição, São Paulo: Vida Nova,
2000, pp. 2257 a 2265).
Em suma, santidade significa j A
separação total a Deus, dedicação
total a Deus; vem de sagrado, con­
sagrado. Sem um coração santo
não se pode viver em santidade.
Santidade é o clam or do co ­
ração de Deus para o Seu povo
desde a Antiguidade até os dias
de hoje. Na Teologia, a santificação
é o processo de aperfeiçoamento
gradual do ser hum ano em que
ele se aproxima do caráter divino
e afasta-se do pecado.
Na Bíblia, as palavras "santo" e
"santidade" ocorrem mais de 600
vezes, quase sempre se referindo
ao caráter do homem e ao atributo
de Deus. Deus deseja uma geração
que seja exclusiva para si, separa­
da para si, consagrada para si. E
esse anseio do coração de Deus
se revela em toda a Bíblia. É um
cuidado da parte de Deus com os
Seus escolhidos. Não há como fa­
lar em santidade, separação, con-
Â
sagração, dedicação, obediência e da santificação não precisa fazer (Hb 12.14), isto é, não entrará no
fidelidade sem falar de Daniel e esforço em praticar o bem e a jus­ Reino de Deus. A santidade não
seus am igos Sadraquc, Mesaquc e tiça. É tão lógico como a figueira pode ser protelada para se bus­
Abede-Ncgo. Danie c seus amigos dar figos c a videira, uvas. car nos m om entos de agonia e
sào um exemplo forte, com a his­ O homem santificado opòe-se sofrim entos na vida. Q uem não
tória deles se apresentando como a todo pecado, anda nos estatutos se preparar e tiver vida santa na
um a das m ais lindas no que diz do Senhor, guarda os Seus juízos terra, não terá santidade na Eter­
respeito à dedicação a Deus. e O s observa. Um homem com nidade. A santidade é requerida
A santidade, por nos aproxi­ coração puro vê pureza em tudo; na vida presente.
m ar de Deus, por ser agradável a o de coração impuro ve impureza Todo aquele que crê no Deus
Deus e totalm ente desagradável em tudo e interpreta com malícia Santo deve buscar ser santo. Ser
ao in fern o , ab re p o rtas para a qualquer coisa. Não basta falar de santo não é sugestão, mas impe­
m anifestação poderosa de Deus. santidade. É preciso vivê-la. Esse é rativo para todo aquele que se
Os milagres acontecem c os livra­ o testemunho. tornou filho de Deus. "Sede santos
mentos vêm, deixando os inimigos A verdade não pode ser adul­ porque eu sou santo" (lP e 1.15,16).
perplexos. Tudo isso porque a san­ terada ou d etu rp ad a. A m ente A santidade é uma qualidade
tidade nos aproxima de Deus e o carnal combate sistematicamente moral de pureza do espírito, alm a e
desejo do nosso coração se alinha a santidade. O coração do homem corpo. O cristãoe, portanto, um ele­
ao desejo do coração de I )eus, que carnal não admite a lei de Deus, mento raro no mundo corrompido,
se realiza plenamente em nossas a verdade, porque esta restringe pois tem a qualidade de santidade,
vidas e através das nossas vidas. suas tendências im puras. Sem a cujo grau e intensidade vai gradu­
Quem já experim entou a graça sant idade, ninguém verá o Sen hor al mente crescendo.

14

OB O
Deus é 100% santo e essa qua­ cada um que segue a Jesus Cristo. rosos, denotando aquilo que é es­
lidade de ser santo, puro, isento D escarte qualquer tentativa de sencialm ente "santo", o "tabu", o
de m istu ra da velh a n atu reza, desejar ver a Deus se você guar­ "poder divino" ou 'aquilo que era
hum ana e ad âm ica, deve fazer da em seu coração iniquidades c consagrado àquele", c.g., "santuá­
parte da vida do cristão. Um cris­ impurezas. rio", "sacrifício", "sacerdote". Por
tão autêntico tem cm sou coração As expressões "santo" e "as coi­ contraste, hágios - com o grupo de
o amor, a fé, a paz, a mansidão, a sas santas" denotavam, no início palavras m ais frequente no Novo
sinceridade, a bondade, a honesti­ da história da religião, "poder", Testamento - contém um elemen­
dade e esses traços de caráter vão "tabu " e, depois, de modo geral, to ético. E nfatiza-se o dever de
sendo confirm ad os, am pliados, a esfera do poder divino que o adorar àquilo que é santo. Hosios
amadurecidos e desenvolvidos. hom em considerava su p erior e também se inclina nesta direção:
Em sín tese, p od em os d iz er ameaçador. O antônimo do "santo" de um lado, indica o mandamento
como escreveu John Brown, teólo­ era o "profano", a esfera da vida e a providência divinos; do outro
go escocês do século XIX: "Santi­ humana fora do âmbito do divino. lado, a obrigação e a moralidade
dade consiste em pensar como Deus As raízes da religião se acham nos humanas.
pensa e querer como Deus quer". esforços no sentido de separar o N ão ex iste etim o lo g ia certa
Pureza é a ausência do pecado, que é santo, mediante processos para /j í Í ç k j s . O term o relaciona-se
assim como a saúde é a ausência cultuais c rituais, da profanação c com hazontai (de hagiomai), que não
da d oença. E sv a z ia n d o -se dos contaminação causadas por coisas se acha na I .XX nem no Novo Tes­
pecados, imediata mente o cristão profanas. O s gregos empregavam tamento, e significa "ter reverente
deve ser cheio da santidad e de três grupos de palavras diferentes tem or" dos deuses ou dos pais, e.g.
Deus, e essa plenitude de pureza para denotar aquilo que é "santo": de Apoio (Homero, 77.1,21), bem
deve ser o estado perm anente de hieros, com seus derivados nume- com o "respeitar", e.g. de Zeus, que A

15
OB01RO
%
respeita àqueles que estão debaixo As vezes, pode-se pensar na todos estes casos, "santidade" dá
da proteção de Palas. santidade quase de modo físico; a en ten d er um relacionam ento
Temos também hagizo, "consa­ é tra n sferid a p elo con tato (Êx com D eus que não se expressa
grar", de onde se form a hagiázoi 29:37; 30:29) e o contato incorreto prim ariam ente através do culto,
por extensão. Esta última palavra, pode ser fatal (Nm 4:15,20). Da mas, sim , através do fato de os
com seu s d erivad os (hagiasm a, mesma forma, a im pureza tam ­ crentes serem guiados pelo Espí­
"santuário", "santidade"; hagias- bém é transferível (Ag 2:11 e ss). rito Santo (Rm 8.14). A ssim como
tttos, "s a n tid a d e "; h a g ia sterioti, Visto que a pureza é a caracterís­ no Antigo Testamento, a santidade
"s a n tu á rio "), o co rre p rin cip a l­ tica apropriada de tudo quanto é um termo pré-ético; ao mesmo
mente na LXX. O s substantivos é santo (puro), é dever de todo tempo, também com o no Antigo
posteriores hagiotes e haguiôsynê, p articip an te do cu lto ser puro Testamento, ela exige o momento
"santid ad e" (tam bém principal­ ("santificar-se"). Quem é impuro em que responde corretam ente ao
mente na I.XX), derivam de há- precisa tom aras medidas im edia­ Espírito Santo.
gios, que não era especialm ente tas para se purificar. Há também A santificação é com o o cres­
frequente em grego fora da LXX. pessoas santas (sacerdotes, levitas, cim ento de um fruto que resulta
Empregava-se, sem dúvida, como nazireus) e a santa unçâo dos reis na vida (Rm 6.19-22; cf. 1 T s 4.3-7).
equivalente do hebraico qudosh, davídicos (SI 89.20; cf. ISm 24.6). A adoração espiritual e racional
porque expressava, cm contraste Da re ssu rre içã o em d ian te, é o ferecer-se a si m esmo com o
com h ieros, não aq u ilo qu e era Jesus é o Cristo, poder que opera sacrifício vivo, santo e aceitável a
santo em c por si m esmo, mas, segundo o Espírito da santidade Deus (Rm 12.1). O s "santos" não
si m, o convite à adoração que em a­ (Rm 1.4). A santidade é uma di- são simplesm ente pessoas "agra­
na daquilo que é santo. Na LXX, ção de aceitação na parousia e da dáveis" e dignas. São aqueles que
somente hagiázo, hagiasma e hágios entrada na herança do povo de foram cham ados, e um aspecto
desem penham qualquer papel. Deus (Cl 1.12; At 20.32; 26.18). Em essencial da santificação é o amor
por todos os santos (Ef 1.15), é ficar feito com mãos (Hb 9.24; 8.2). A termos a paz com todos os homens,
fiel a eles nas necessidades (Rm divisão do santuário terrestre de e a santidade, sem a qual ninguém
12.13), é abrir mão do profanar o Israel em Lugar Santo e Santo dos poderá ver a Deus (Hb 12.14).
sagrado por m eio de levar ques­ Santos (H b 9.2-3) m ostra que o P ara p ro p o sição in versa, os
tões com irm ãos crentes d iante acesso ao santuário ainda não foi irm ão s sa n to s (H b 3.1) devem
das autoridades seculares, e per­ conseguido. Cristo, porém, entrou reconhecera disciplina que Deus
m itir que os santos as julguem (1 no santuário para sempre, com a aplica para ajudar, pois Ele nos
Co 6.1-2). Paulo em ite o ju ízo de oferta do Seu próprio sangue, c d iscip lin a a fim de qu e g an h e­
que um cônjuge não-cristão não obteve eterna redenção (Hb 10.14). m os um a p a rticip a çã o na Sua
profana o cristão; pelo contrário, Seu sacrifício de Si mesmo torna santidade (hagiotes, 11b 12.10; cf.
o n ão-cristão é santificado pelo obsoletos os sacrifícios de animais. Pv 3.11-12).
cristão, assim com o santificados Segundo a vontade de Deus, 1 Pedro é de especial impor­
ficam os filhos do casam ento (ICo "temos sido santificados, mediante tância no desenvolvim ento adi­
7.14). Por ser o próprio Deus quem a oferta do corpo de Jesus Cristo, cio n al do co n ceito . À ideia da
santifica (lTs 5.23), frutificar para uma vez por tod as" (H b 10.10). santificação pelo Espirito (1 Pe 1.2)
a santificação fica tanto m ais im­ Mesmo assim, Hebreus nos adver­ acrescenta-se a advertência fran­
portante (Fp 2.12-16). te que, "tendo ousadia para entrar ca: "Como filhos da obediência,
no Santo dos Santos" (11b 10.19), não vos am oldeis às paixões que
Santidade nas Epístolas não devemos profanar o santo da tínheis anteriorm ente na vossa ig­
de Hebreus e 1 Pedro aliança com o qual cada um foi norância; pelo contrário, segundo
A Epístola aos Hebreus apre­ santificado, pois "nósconhecem os é santo aquele que vos chamou,
senta um aspecto altam ente es­ aquele que disse: ’A mim pertence to rn ai-v o s sa n to s tam b ém vós
pecializad o da santidade. Jesus a vingança; eu retribuirei'. E outra mesmos em todo o vosso proce­
com o Sum o-Sacerdote é Aquele vez: 'O Senhor julgará o seu povo " dim ento" (IPe 1.14-15; cf. Lv 19.2).
qu e s a n tific a o S e u povo (H b (Hb 10.29,30; cf. Dt 32.35,36). De­ O conceito continua em 1 Pedro
13.12; 2.11) e oficia santuário não vemos, portanto, esforçar-nos por 2.5: " Também vós mesmos, como
pedras que vivem, sois edificados Israel e um rompimento radical com em um mundo conturbado c in­
casa espiritual para serdes sacer­ o Israel histórico. Alguns argumen­ justo pode parecer um a utopia.
dócio santo, a fim de oferecerdes tam que conceber a igreja em tais Porém , ao a d o ta r a sa n tid a d e
sacrifícios espirituais, agradáveis term os institucionais representa com o estilo de vida, devemos ter
a Deus por interm édio de Jesus uma institucionalização do caráter em mente que isso não será possí­
C risto". A ssim , a d in â m ica do dinâmico e carismático da comuni­ vel se deixarm os as coisas aconte­
derram am ento do Espírito é aqui dade cristã primitiva. Ao fazer as­ cerem naturalmente. Para buscar
re-declarada em term os das fun­ sim, a igreja se resguardava contra a santidade, é preciso querer ter
ções sagradas do sacerdócio. o tipo de excessos que ocorriam na um a vida irrepreensível diante de
O s crentes são considerados sa­ igreja de Corinto. O emprego des­ Deus. I lá um preço a ser pago - a
cerdotes outra vez em Apocalipse tas figuras, no entanto, tem uma saber, o preço da renúncia. A san­
1.6; 5.10 e 20.6. Além disso, o Apo­ função m ais importante. De um tidade só é possível para aqueles
calipse retrata a moradia futura dos lado, a aplicação delas ã igreja sig­ que tem o Senhor Deus habitando
cristãos como sendo a Cidade Santa, nifica que agora estão obsoletas as em seu coração e para isso é neces­
a Nova Jerusalém (Ap 21.2,10; 22.19). instituições históricas cm Israel. Do sário ter uma experiência pessoal
O aspecto mais importante de Jeru­ outro lado, o emprego dos conceitos com o Senhor Jesus Cristo. S c ado­
salém era que continha o Templo, de sacerdote, templo e cidade santa tarm os a santidade com o estilo de
o ponto central de encontro entre desta maneira dinâmica eespiritual vida, estarem os cm consonância
Deus e o homem. Na Nova Jerusa­ ofereceã igreja sofredora, persegui­ com a vontade do Deus. "Porque
lém, porém, não há templo, "porque da, uma perspectiva que a capacita esta é vontade de Deus, a vossa
o seu santuário é o Senhor, o Deus a ver a sua situação e o seu papel santificação" (lTs 4.3). Como dizia
lódo-poderoso e o Cordeiro" (Ap em termos dos propósitos de I )cus. Clem ente de Roma, "por sermos,
21.22). Estes quadros apresentam, ao A busca da santidade começa portanto, um a porção santa, tudo
mesmo tempo, uma continuidade com uma vida intensa de oração. devem os fazer de acordo com a
com as instituições estabelecidas de A ideia de viver uma vida santa santidade". I
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BÍBLICO DO o contexto é tudo. O Manual Bíblico do Pregador


visa atender a essa necessidade e auxiliar

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literários e teológicos mais relevantes
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trará segurança para que o pregador
prepare sermões expositivos em qualquer
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W K S L K Y A LLEN
Editor Código: 350727 / Formato: 14,5 x 22,5cm / Pag.: 368

II
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V . 0800-021-7373 Livra rias CPAD Persiste
£ ) (021) 2406-7373 O © O O emLer CPAD
Pr Eduardo Leandro Alves

A s a n t i f ic j
Eduardo Leandro Alves e pastor
e a ação d
da a d em Rio Tinto (PB). Doutor
e Mestre em Teologia pela
chamada santificação tificação (ihagiasmos) c usada para

A
Faculdades EST. m em bro da
posicionai ou inicial sign ificar 1) separação para Deus
COMADEP. Secretario Executivo
ocorre no início da (ICo 1.30; 2Ts 2.13; lPe 1.2); e 2) o
da SEMAD-PB, Diretor do Centro
de Estudos leologicosda ADPB jornada cristã, quan­ curso de vida adequado aos que
(CETAD-PB) do aceitamos a Cristo como Se­ assim são separados (lTs 4.3,4,7;
nhor e Salvador (ICo 6.11). Nesse Rm 6.19,22; lTm 2.15; H b 12.14).
instante, por um ato de fé no sa­ Assim, a santificação é a relação
crifício vicário de Cristo, deixa­ com Deus na qual os seres hum a­
O Espírito Santo mos de ser escravos do pecado nos entram pola fc no sacrifício do
ajuda o crente e somos redim idos pelo sangue Jesus no Calvário.
de Jesus. Desta forma, ao sermos D e sd e a d e s o b e d iê n c ia de
a se opor às perdoados, também somos de­ Adão e Eva no Jard im, o ser huma­
tendências clarados santos em Cristo Tesus. no teve a sua natureza manchada
Logo, somos santos por estarm os pelo pecado, tornando a hum a­
malignas de em Cristo. A santificação ocorre nidade d esobediente à vontade
nossa natureza ju nto com a justificação, dois ter­ de Deus e, assim , distante de Sua
m os que estão no cerne do Evan­ santidade (Rm 5.12). O apóstolo
pecaminosa após gelho. A justificação dirige se à Pedro desafia os seguidores de

a nossa conversão culpa em relação aos nossos pe­ Jesus a refletirem a santidade de
cados, ao passo que a santificação Deus: "Segu n d o é santo aquele
a Cristo dirige-se ao dom ínio e a corrup­ que vos cham ou, tornai-vos santos
ção produzida pelo pecado no ser tam bém vós m esmos em todos os
humano. Ou seja, diz respeito às vosso proced i mento, porque escri­
nossas mentes, vontades, senti­ to está: Sede santos, porque eu sou
mentos e comportamentos. santo" (lP e 5.15,16).
O escritor aos Hebreus destaca O m odelo d e sa n tid a d e do
o aspecto inicial da santificação crente está em Deus. A ideia é que
ao escrev er “Temos sido santifi­ se som os cham ados por Deus e
cados pela oblação do corpo de seguim os ao Senhor, devemos ser
Jesus Cristo, feita uma vez". So­ santos assim como Deus é santo.
mos santos em Jesus. Por isso as No en tan to , essa é um a tarefa
expressões do apóstolo Paulo ao extrem am ente d ifícil - por que
iniciar muitas de suas cartas: “Aos não d iz e r im possível - à nossa
santos em Cristo Jesus que estão n atu reza pecadora. Na jornada
em..." (IC o 1.2; Ef 1.1; Cl 1.2). rum o à santidade, o Espírito de
O D icionário Vine, editado pela Deus vem nos ajudar. Essa é Sua
CPAD, explica que a palavra san­ obra especial. Nenhum membro
ação posicionai
o Espírito Santo
da Trindade é m ais santo que o
outro, pois as três Pessoas da San­
tíssim a Trindade são igualmente
santas; no entanto, é o Espírito que
opera em nós Sua obra de tornar
santos os seguidores de Jesus.
A obra de santidade operada
pelo Espírito Santo visa a cooperar
conosco para que se possa conse­
gu ir separar a vida do pecado e
dedicar-se à prática da vontade de
Deus. O novo nascimento, a nos­
sa regeneração em Cristo, é obra
do Espírito Santo, que convence
o homem do pecado, da justiça e
do juízo. Estando o ser hum ano
morto em seus delitos e pecados,
há a necessidade da m anifestação
da graça preveniente.
Em uma definição inicial, por­
tanto, a graça prevenienteé o meio
polo qual Deus, antes de qualquer
ação humana, atrai graciosamente
o pecador e o capacita espiritual­
mente para que se arrependa e se
converta a Cristo. Ela não salva
por si só, mas apenas perm ite o
a rre p e n d im en to , cria n d o um a
condição favorável para que todos
venham a crer 0 o 3.16).
A graça preveniente, portanto,
é o meio pelo qual Deus vai ao
encontro do pecador para com e­
çar a obra da salvação, atraindo-o
e capacitando-o espiritual mente
para responder á obra divina. Tal
doutrina bíblica ensina que, em se
Â
tratando de salvação, é Deus quem sempre presente, o mesmo poder o Espirito Santo. O apóstolo Pau­
tom a a in icia tiv a d e ch eg ar-se capacitador do Espírito é inces- lo expressou essa ideia em aos
ao homem caído, e nunca o con­ santem ente exigido. Existe uma filipenses: "Assim, pois, amados
trário, reconhecendo ao m esmo noção mal refletida e excêntrica meus, como sem pre obedecestes,
tem po tanto a total depravação de que a espiritualidade é conse­ não só na m inh a presença, po­
hum ana quanto a possibilidade guida quando há uma cessação rém, muito m ais agora, na m inha
de o homem resistir a essa oferta de algum as form as exteriores do ausência, desenvolvei a vossa sal­
graciosa. mal, que a espiritualidade consis­ vação com temor e tremor; porque
A ação do Espírito, gerando o te naquilo que uma pessoa não Deus é que efetua em vós tanto o
novo nascim ento em Cristo, torna faz. C ontudo, a esp iritu alid ad e querer como o realizar, segundo
o ser hum ano habitação de Deus, não é uma supressão apenas; ela a sua boa vontade" (Fp 2.12,13).
pois o Espírito, que é Deus, passa a é tam bém uma expressão. Ela é
fazer morada nos salvos (K o 3.16). somente restringente do eu; ela é
Essa habitação do Espírito capa­ sobrevivente do Cristo que habita. O esforço humano pode
cita o ser hum ano a desenvolver O não-regenerado não seria salvo gerar santidade?
a verdadeira espiritualidade em se ele cessasse de pecar; ele ainda Ao lermos o texto do apóstolo
santidade, não por ausência do estaria sem o novo nascim ento; Paulo em Gaiatas 3.3 ("Sois assim
mal, m as por obra e graça de Deus. faltariam a ele ainda as m anifes­ insensatos que, tendo começado
Visto que o mal sem pre surge tações positivas do Espírito.' no Espírito, estejais, agora, vos
no coração por causa do poder Assim, embora a santificação aperfeiçoando na carne?"), vemos
ativo da natureza pecam inosa, o seja posicionai, ou seja, é um ato que o que era fundam ental para
poder do Espírito Santo é sempre junto á justificação, a obra da san­ tornar-se cristão - a ação do Espí­
necessário para vencê-lo; e vis­ tidade é um trabalhar do Espírito rito - tam bém perm anece funda­
to que a obrigação de viver e de Santo juntam ente com o crente, é mental para permanecer cristão. O
servir para a glória de Deus está uma cooperação entre o crente e anseio pelo crescimento espiritual

1 CHAFER. Le-»\-is. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos. 2003, p. 514.


é legítim o. O Novo Testam ento Paulo com bate um a pseudo- Espírito; mas o aperfeiçoamento,
fala sobre aum entar, crescer na -esp iritu alid ad e, um a pseu d o- a santificação, c por esforços hu­
fé, crescer no conhecim ento, na santidade, um falso crescim ento manos. Deus dá em nós o pontapé
justiça, na santificação, no amor, espiritual, os quais eram baseados inicial, mas depois disso, você tem
no t raba Iho o na entrega. Mas esse na carne, em esforços humanos. que se empenhar. Deus faz uma
crescim en to deve acon tecer na Adolf Pohl nos diz que os produ­ parte, e você tem que fazer a outra.
sequência correta, d a forma que tos finais desse desenvolvimento A justificação é pela fé, m as não a
Paulo orienta em Filipenses 1.6: podem ser depreendidos no texto santificação; a santificação é por
"Estou plenamente certo de que do capítulo 5 da Carta aos Gálatas. seu esforço; a santificação é algo
aquele que começou boa obra em F.les não demoraram a "morder- que você tem que obter". Ao que
vós há de completá-la até ao Dia -s e , d ev o rar-se, v a n g lo ria r-se , parece, chegaram pregadores na
de Cristo Jesus." m agoar-se e con d u zir in fin d á ­ Igreja dos gálatas com essa mensa­
O s tolos e néscios gaiatas pro­ veis brigas facciosas (Gl 5.15,26). gem. Mas, nas palavras de Paulo,
curaram crescim ento e aperfei­ No final, surge a vergonha pelas tais pregadores estavam perver­
çoam ento "p ela carn e", ou seja, flagrantes infâm ias nas próprias tendo o Evangelho. Infelizmente,
fora do acontecimento criador por fileiras (Gl 5.19-21)".2 Isso confirma não é difícil ouvir mensagens como
meio do Espírito. Entregaram -se o que está cm Gálatas 6.8: "O que essa no Brasil do século XXI.
às m àos de pessoas que realiza­ semeia para a sua própria carne da A m en sa g em d e P au lo, no
vam nelas cerim ônias como, por carne colherá destruição" (NVI). entanto, vai de encontro a essa
exem plo, a circu n cisão. O bed e­ O engano dos Gálatas era fruto ideia de esforço humano, de mé­
ciam a instruções de alimentação de uma má compreensão sobre a rito humano, d e espiritualidade e
e prescrições de festas, isto é, a salvação. Pode-se dizer que eles santificação por esforço humano.
"rudim entos fracos e pobres" (G1 seguiram um cam inho muito pa­ Paulo d iz que não só o com eço
4.9), com vistas a coroar as obras recido com os legalistas nos dias é por fé, mas tam bém todo o ca­
de Deus com tais coisas, um triste de hoje: "A salvação é por graça, a m inhar, toda a jornada, é por fé;
"progresso" para trás. salvação é por fé, a salvação é pelo não é por obras nem no princípio,

2 POHL. Adolf. Caria aos Gálatas - Comentário Esperança. Curitiba, PR: 1999, p. 102. á
nem no meio, nem no final. Paulo zendo na prática? D izendo que tom imperativo - ou seja, é algo que
quer que os C álatas (c todos nós) não é por obras, que não é com temos que fazer -, que temos que
en ten d am que o ev an g elh o de esforço hum ano. Então, surge a andar no Espírito: "Digo, porém:
Cristo, o evangelho da graça de pergunta: "O que faço? Se para ser andai no Espírito e jam ais satis­
C risto, deve co n serv a-se puro. justificado somente tive que crer, fareis à concupiscência da carne".
Não há lugar para a carne, nào há e agora você me diz que para ser Então, o que significa a santifica­
lugar para o esforço humano, não santo, para alcançar a santidade, ção ser por fé? Significa que não
há lugar para as obras do homem ou para experim entar a santifica­ se pode alcançar a santidade por
em nenhum ponto da vida cristã. ção, não tenho que fazer esforços esforços próprios porque a obra
É um a boa notícia dizer que hum anos - em ou tras palavras, santificadora é um a função espe­
tudo é por fé; do começo ao final, não é algo que eu posso conseguir cial do Espírito Santo. Precisa men­
tudo é por fé. É uma boa notícia ou obter -, então o que tenho que te, cham a-se Espírito Santo porque
dizer que nossas obras não servem fazer? Fico sentado, usando redes uma de suas íunçòes principais é
nem antes, nem agora, nem nunca. sociais? Fico dorm indo?". Bem, santificar o povo de Deus.
Portanto, não só a justificação é parece uma contradição, mas não O q u e te m o s q u e fa z e r? O
por fé, m as tam bém a santifica­ é suficiente afirm ar que é por fé. apóstolo Paulo d iz: "V ivam no
ção, ou o aperfeiçoamento da vida E Paulo não encerra aqui a discus­ Espírito, andem pelo Espírito, e
cristã, é por fé. são. No capítulo 5 da C arta aos então não vão satisfazer os desejos
C álatas, ele segu e o raciocínio. da carne." file segue orientando:
Vamos acompanhá-lo. "Porque o desejo da carne é contra
Como entender a Quando Paulo diz que a santi­ o Espírito, e o do Espírito é contra
santificação pelo Espírito ficação é por meio da fé, significa a carne; e estes se opõem entre si,
Q uando se d iz que a santifi­ que a santificação é pelo Espírito. para que não façais o que quereis.
cação é por fé, o que se está di­ Ele diz em Cálatas 5.16, com um Mas se sois guiados pelo Espírito,

OB RO
não estais debaixo da lei" (17-18). prát ica dessa verdade, só é possível hum anos não servem nem para
Dessa forma, conform e o ensino pelo Espírito Santo de Deus. o começo, nem para o meio, nem
do apóstolo, o ú n ico qu e pode para o final; os esforços hum anos
derrotar a carne não ó a natureza só fazem que o pecado abunde e
hum ana por si só, m as o Espírito
Conclusão se multiplique.
Santo (que é contra a carne) que Paulo conclui em G álatas 5.25 Não defendemos o monergis-
habita naqueles que pela fé creram da seguinte forma: "Se vivemos mo, mas o sinergismo,3 onde há a
em Jesus como Salvador. Tudo o pelo Espírito, andem os também colaboração do ser humano. A coi­
que se tem que fazer e andar no pelo Espírito". Ou seja, se você sa não parte do ser humano, mas,
Espírito, ser guiado por Ele. No é salvo em Cristo Jesus, se tem a sim, do Espírito; no entanto, o ser
entanto, a decisão de andar ou não vida pelo Espírito, se tudo com e­ humano necessita deixar-se domi­
no Espírito cabe a cada pessoa. çou pelo Espírito, tudo o que terá nar pelo Espírito. Se não, ele pode
Uma vez que se decide a andar no que fazer é seguir pelo Espírito. am ar m ais as trevas do que a luz,
Espírito, Ele nos capacita nas lutas Se tens recebido a vida pelo Es­ visto que suas obras são más, con­
diárias na jornada da santificação. pírito, tudo o que tens que fazer forme João 3.19,20: "O julgamento
A santificação é por fé, porque é continuar com o Espírito, andar é este: que a luz veio ao mundo, e
é pelo Espírito Santo. E, sem o Es­ pelo Espírito. É por fé, do princípio os homens amaram m ais as trevas
pírito Santo, não há experiência de ao fim; é pelo Espírito, do princí­ do que a luz; porque as suas obras
santidade. É certo que a obra de pio ao fim. A ideia é que a carne eram más. Pois todo aquele que
Cristo nos santificou, Dessa forma, nunca teve lugar no processo de pratica o mal aborrece a luz e não
somos santos. Mas a verdade sub­ santificação, "pois a inclinação da se chega para a luz, a fim de não
jetiva, a verdade da experiência, da carne é para o mal". O s esforços serem arguidas as suas obras". H

3 Monergismo - Essa palavra faz parte do vocabulário radical do agostinianismo e do calvinismo. Afinna que a regeneração depende
totalmente das operações do Espírito Santo, onde a vontade humana torna-se totalmente passiva durante todo o processo da
salvação (Enciclopédia de Bíblia. Teologia e Filosofia, Hagnos, volume 4, M/O, p. 344). Sinergismo - Essa palavra vem do termo grego
composto que significa "trabalhar junto com". No contexto, teológico, essa palavra significa que a salvação do Indivíduo é o
resultado final de um esforço cooperativo com Deus (Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, Hagnos, volume 6, S/Z, p. 233).

25
OB REI RO
I

AO LEREM O QUE ESCREVÍ, PODERÃO ENTENDER


A MINHA COMPREENSÃO DO MISTÉRIO DE CRISTO;; |
Efésios 3.4
CRISTOLOGIA PAULINA, GORDON D. FEE

Esta obra única em sua abordagem e temática oferece um estudo exaustivo da


Cristologia Paulina pelo acadêmico Gordon Fee. O autor oferece uma análise detalhada
das cartas de Paulo individualmente, explorando a cristologia de cada uma e então elabora
uma síntese da obra exegética com os seguintes temas:

• O papel de Cristo como o salvador


divino preexistente e salvador
encarnado;

• Jesus como o segundo Adão;

• O Messias judeu e filho de Deus;

• Como o Messias e Senhor exaltado.

Gordon D. Fee
PhO pela Un/verstty o!Southern Califórnia. Fee é professor
emérito de Estudos do Novo Testamento no Regent CoUege.
em Vancouver, Canadá. Exerce a função de editor da série
New Inlcrnahooal Comtnontary Fee lem publicado vários livros
e artigos, entre eles. Exegese7 Para qué7 e Jesus o Senhor

8C
cn
CRISTOLOGIA segundo o Apóstolo Paulo, publicados no Brasil pela CPAO

CL

3CD
PAULINA TAM BÉM
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OBRAS PARA O
ENRIQUECIMENTO DA
SUA VIDA MINISTERIAL

Santidade:
Uma Introdução Teológica
Bem ic A. Vau de Walle

Para a maioria dos cristãos, a santidade é um estilo de vida ou


um a ética que se espera atingir. Escrita de form a abrangente para
alcançar leigos e estudiosos da Palavra de Deus, esta obra desafia
essas idéias comumente aceitas ao mergulhar no seu conceito

S A N T ID A D E teológico. Buscando ocupar um espaço ainda nào desbravado no


estudo do tema, o pastor e doutor em Filosofia Bernie A. Van De
Walle preparou esta introdução teológica para que você redescu-
U M A IMTOODOÇAO bra a santidade bíblica. Ela foca na natureza da santidade cristã,
TEOLÓGICA esclarecendo que santidade não é fundamentalmente um código
de conduta ou uma espécie de comportamento, mas, antes disso,
uma referência ao próprio Deus e, somente de modo derivado,
uma referência à ética. "Antes de abordarmos a santidade como
uma categoria moral ou legal, nós devemos explorá-la como uma
categoria divina, teológica e teocêntrica", pois ela "diz respeito a
Deus e ao que Ele é", enfatiza o autor. Trata-se de uma importante
e necessária introdução ao tema da santidade bíblica.

Santidade: O Plano de Deus


para Uma Vida Abundante
Hettry Blackaby

Neste livro, H enry Blackaby, doutor em Teologia e célebre pastor


batista nos Estados Unidos com m ais de 30 anos de m inistério
pastoral, cham a a atenção para a necessidade de olharm os para
dentro de nós, para nossas reais motivações, e observarm os a
Palav ra de Deus em todas as áreas de nosso viver. Ele concla­
ma seus leitores a ver o pecado sob um a perspectiva divina e e
reorientarem suas vidas em todos os níveis segundo a vontade
do Senhor. Ao retratar o modo com o D eus lida com o Seu povo
O PIANO i x [ ) n > PMU I MA V1UA \m M M K tl nas Sagradas Escrituras, o pastor Blackaby ilustra a ligação vital
entre arrependimento, reaviva mento, julgam ento e santificação.
O autor enfatiza que Deus alm eja que o Seu povo seja santo com
H enry urgência, pois somente dessa forma poderemos experim entar a
plano de Deus para um a vida abundante. "O verdadeiro reavi-
Bl a c k a b y vamento só pode acontecer", observa Blackaby, "quando o povo
de Deus retornar a um temor santo e saudável dEle".

27
OB REI RO
Claiton Ivan Pommerening

Santifica<
o Antigo Testamente, santificado de forma progressiva,
Claiton Ivan Pom m erening e pastor-
auxiliar na Assembléia de Deus em
Joinville (SC), mestre em Teologia
pela Faculdade est . graduado
em Teologia e ciências contábeis,
diretor e professor de Teologia
N era o assombro reve­
rente diante da ma­
jestade divina que
causava a reação da adoração,
da reverência e do medo de p e­
substancial c constante no intui­
to de levar à m aturidade cristã, à
produção do fruto do Espírito e à
m anifestação da vida e do amor
de Cristo. Mas não sem sobressal­
car contra D eus (SI 96.9). Assim, tos, avanços e retrocessos, pois o
na Faculdade Ref idim, diretor do
o Seu povo especialm ente esco­ Espírito Santo opera em união e
Colégio CEEDUC, professor visitante
da Faculdade crista de Curitiba, lhido e separado era cham ado a simbiose com o desejo e a vontade
editor da Azusa Revisto d e Estudos venerá-lO (Êx 12.16; Dt 7.6; Sl 20.6; hum anas. N inguém é tão santo
Pentecostois. edrtor-executivo da Is 6). No Novo Testamento, é a que esteja livre do pecado.
Revista REPAS/CPAD. avaliador justificação e a resposta à graça
institucional do in e p / m e c , m em bro que propicia ao crente, com a aju­
fundador do Grupo de Estudo do da do Espírito Santo, promover o O que é santificação
Pentecostalismo (GEP) da Faculdade seguim ento de Jesus numa cam i­ progressiva?
Ref idim. autor de livros e de O processo de santificação é
nhada de santidade, tonando-se
revistas da Escola Dominical
"raça eleita, sacerdócio real, n a­ passivo (Rm 6.13; 12.1; 8.13) e ativo
Lições Bíblicas Adultos da CPAD.
ção santa" (lP e 2.9). (Rm 8.13; Fp 2.12-13) por parte do
A perm anência no C orpo de crente. fi passivo porque é obra
Cristo e o que garante ao crente do E spírito Santo e, por isso, é
O Espírito Santo a santidade, porque, estando no necessário apenas entregar-se ao
faz nascer no C orpo de Cristo, todos os peca­ Seu agir sem resistir-lhe (Ef 4.30);
dos são afogados nEle; o crente e é ativo porque o crente busca a
crente o desejo so santifica estando no corpo e santificação através da leitura e

de usufruir mortifica seu desejo de pecar, mas, m editação da Bíblia, da oração,


em pecando, seu pecado é afogado da adoração, do testem unho, da
uma vida de no mesmo corpo se há arrependi­ comunhão, do dom ínio próprio e
santidade e de mento (ljo 2.1). Daí a necessidade praticando disciplinas espirituais
de permanência no Corpo de Cris­ que lhe aperfeiçoem o caráter. O
combate contra to. A santidade do crente decorre esforço ativo da santificaçãoépara
o pecado a fim da santidade de Cristo e do amor não se tornar um cristão passivo
de Cristo pelo Seu próprio corpo e indolente. A passividade de se
de alcançar que o impeliu ao sacrifício na cruz render ao Espírito Santo é para

o porvir (Ef 5.27). não se tornar orgulhoso e falsa­


Em Cristo, o crente ê santifica­ mente confiar na justiça própria
do de forma definitiva, completa e (IP c 2.11). A santificação deve ser
perfeita através da obra do Espíri­ almejada e priorizada pelo crente
to Santo, que o convence do peca­ (Hb 12.14) com muita determ ina­
do (santificação posicionai). Mas, ção, pois a natureza pecam inosa
no m esmo Espírito, também se é que reside quer ter seus privilé-

OB
gios c resistir a este processo (Rm
714,21) (POM M EREN IN C, 2017).
Conforme Natalino das Neves,
a santificação progressiva se dá na
vida do crente que já foi justifica­
do, tendo a justificação de Cristo
como base principal, pois esta pes­
soa recebe uma nova natureza que
a torna uma pessoa que não vive
m ais com voluntariedade para o
pecado (NATALINO, 2023, p. 17).
No entanto, a pessoa luta contra
a sua natureza pecam inosa para
a subjugar ao dom ínio de Cristo
e assim viver um a vida santifica­
da. É preciso salientar que essa
luta contra o pecado não se dá
de form a isolada, mas, sim , com
a ajuda su bstan cial do Espírito
Santo, que atua na vida do crente
fazendo a pessoa tanto desejar a
vida santa quanto a anim ando no
em bate contra o pecado (ljo 4.4),
no sentido de fortalecê-la e fazê-la
aborrecer o pecado.
Para Paulo, a santidade não é
prioritariamente uma carga nega­
tiva de proibições, negações e pri­
vações da vida, mas o abandono de
pensamentos e ações que tornam
a vida pesada e cheia de contradi­
ções (G15.16-21). É antes um desejo
posit ivo de produzir c viver as boas
obras do Espírito Santo, conforme
a lista do fruto do Espírito descri­
ta por Paulo. (POMMERENINC,
2(117). Assim, a santificação é uma
vida abundante, plena e feliz que
transborda no fruto do Espírito e
nas virtudes cristãs, especialmen-
Á
te o amor, antagonizando com a a capacidade de ser coerente com -se em tensão contínua e em ambi­
falsa moralidade e a hipocrisia tão as fraquezas humanas e rcconhocê- guidade por se viver, de um lado, a
presente na santificação negativa, -las sempre diante de Cristo. Sendo realidade presente de ter sido jus­
naquela que apenas proíbe e cer­ assim, quanto mais transparente tificado c santificado estando cm
ceia. Paulo afirmou que este tipo de se é neste relacionamento com F.le, Cristo - Ele que inspira, ilumina e
santidade leva à demência espiritu­ em que não se esconde nada, tanto sustenta em toda boa obra, tornan­
al: "S e vocês morreram com Cristo mais progressividade e possibili­ do todo crente participante da ple­
para os rudimentos do mundo, por dades de santidade se adquire. nitude dEle e já O vendo como que
que se sujeitam a regras, como se Mesmo depois de serem justi­ por espelho embaçado (ICo 13.12)
ainda vivessem no m undo? [...] ficados, os crentes continuam co­ - e assentado com Ele nos lugares
essas coisas têm aparência de sa­ metendo pecados (Tg 3.2; ljo 1.8), celestiais (Ef 2.6) e já co-herdeiro
bedoria, ao promoverem um culto embora não sejam m ais escravos com Cristo (Rm 8.17), e por saber,
que as pessoas inventam , falsa do pecado (Rm 6.2). M as esta cons­ por outro lado, que a santificação
hum ildade e tratam ento austero tatação não pode ser uma desculpa ainda está em processo, p o is o
do corpo. Mas elas não têm valor para se tratar os deslizes espiri­ crente ainda ê carnal e vendido ao
algum na luta contra as inclinações tuais e o pecado com lassidão ou pecado (Rm 7.14). E nova criatura,
da carne" (Cl 2.20-23). indolência; muito pelo contrário, nascido de novo, lavado no sangue
Os que vivem sob a liberdade exige-se mais cuidado e vigilância de Cristo, mas sofre as fraquezas
da graça desenvolvem uma santi­ para não cair em tentação (Mt 6.13; da carne e por vezes facilm ente
dade que reflete a beleza de Cristo 26.31) (PO M M EREN IN G , 2017). sucum be às tentações. Portanto,
em sua interioridade, que extrava­ Em bora se alcan ce a santidad e nenhum cristão poderá afirm ar
sa nas m ais diferentes esferas da absoluta som ente na eternidade, que está isento do pecado e que
vida. Neste sentido, santificação é numa dimensão escatológica, está- não necessita do perdão de Deus.
Assim, está-se vivificado e plena­ ficação na vida do crente, conforme ser tentado pelo Diabo (Lc 4.1), a
mente santificado em Cristo, mas Paulo: "M as vocês foram lavados, tentação perm itida por Deus na
a santidade é momentaneamente foram santificados, foram justifi­ vida do crente tem um a função
frágil, incompleta eestá em estágio cados no nome do Senhor Jesus purificadora no sentido de fazer
germinal, se comparada com a san­ Cristo e no Espírito do nosso Deus" o crente perceber as inclinações
tidade perfeita de Cristo (FIORES; (ICo 6.11). Essa santidade posicio­ do seu coração e quais elementos
GOFFI, 1993, p. 1036), que é o pleno nai é alcançada no momento da perniciosos ocupam os seus espa­
santificador e modelo de santidade conversão, mas o mesmo Espírito ços mais secretos. O crente poderá
a ser seguido. promove a santificação progressiva usar, com a ajuda do Espírito Santo,
Antonio Gilberto (2013, p. 364- na vida do crente, desde que esse se as suas próprias inclinações más
365) classifica a santificação como deixe conduzir por sua orientação para confessá-las e purificá-las no
passada e instantânea, porque em amorosa. João Batista, ao vaticinar fogo do Espírito, que começou a
Cristo o crente se torna santo no ato sobre o trabalho salvador do Mes­ boa obra e há de completá-la até o
da conversão (Cl 1.20), chamada de sias, disse que "Ele os batizará com Dia de Cristo Jesus (Fp 1.6).
santificação posicionai; concomi­ o Espírito Santo e com fogo" (Mt O legalism o, com su as proi­
tantem ente, 6 presente progres­ 3.11), dem onstrando que aqueles bições, d iz que o crente precisa
sivam ente no dia-a-dia da vida nos q u ais se cum prir a descida m elhorar na santid ad e para se
cristã, cham ada de santificação do Espírito Santo não experimen­ aproximar de Deus; a graça diz que
progressiva,experimental ou práti­ tariam apenas um derramar sim ­ o crente precisa se aproximar de
ca; e ela também é futura, completa bólico do poder do Espírito, mas Deus para melhorar, se tom ando
e final (Rm 6.22-23), e ocorrerá na
teriam em sua vida o fogo purifi­ mais sem elhante a Cristo. O lega­
Segunda Vinda de Cristo. cador que arde no mais íntimo do lismo cobra pedágio para chegar à
coração, revelando e removendo santidade; a graça pagou o preço
A ação do Espírito Santo na toda a sujidade do pecado e seus completo na cruz de Cristo, o que
santificação processual cruéis grilhões. permite o crente ser santo.
O Espírito Santo como o Aju- Assim como o Espírito Santo No processo de san tificação
dador am ado é o agente da santi­ conduziu Jesus ao deserto para operado pelo F.spírito Santo, a Pa- A
lavra de Deus assum e um lugar para a santidade e a pureza, pois, a partir do interior que se reflete
decisivo, pois é através dela que, através da confissão, Ele vai pu­ a beleza de Cristo (santidade) em
agindo com o um espelho, o Es­ rificando, perdoando, curando e todas as dim ensões da vida. Isso
pírito Santo revela o que precisa finalm ente se tornando íntegro. é possível em relação direta com
ser transform ado (Rm 12.2). í' a Assim , se reconecta o ser inteiro a capacidade de olhar para dentro
Palavra de Deus que penetra até a com Cristo, que é o m ais perfeito de si mesmo em atitude de oração
divisão da alma e do espírito, das e com p leto m odelo de in teg ri­ e perserutação do coração com a
juntas e medulas, e revela todas as dade e santidade. Q uanto m ais ajuda do Espírito Santo (POM.V1E-
coisas ocultas, algumas vezes ocul­ integridade, menor será a neces­ R ENING, 2(117), concordando com
tas do próprio crente, outras vezes sidade de usar m áscaras, pois, ao Paulo, que d isse "aperfeiçoando
ele nào quer enxergar (Mb 4.12). usar m áscaras, se torna hipócrita, a nossa santidad e no tem or de
perdendo-se a santidade. A falta D eus" (2Co 7.1). Por isso, a m elhor
de integrid ade prod uz ídolos e maneira de evitar a falta de inte­
A cooperação e a perm issividade no coração do ser gridade é ser transparente consigo
responsabilidade humana hum ano (Mt 6.24). mesmo, com o próximo e especial­
no processo de santificação Quanto mais preocupação com mente com Deus. O apóstolo Paulo
A tr a n s p a r ê n c ia p ara com a inferioridade secreta, expondo- admoestou Timóteo no sentido de
Deus é quando o crente não dei­ -a diante de Deus sem máscaras, progredir espiritualmente: "M edi­
xa nada oculto dEle; quando, em integral mente, tanto m ais reflexos te estas coisas e dedique-se a elas,
d evoção e q u eb ran tam en to de positivos se experim enta na ex- para que o seu progresso seja visto
alm a, consegue Lhe contar tudo. terioridade, pois e o interior que por todos. Cuide dc você mesmo e
Este é o cam in h o m ais sensato fornece luz ao exterior (Mt 6.23); é da doutrina" (lTm 4.15-16).
A responsabilidade hum ana c se entregou por m im " (Cl 2.20). origem, no coração, cham ando o
na obra de santificação, conforme Assim, ela assume característica de crente a erradicá-lo ali, antes que
os textos bíblicos, são: "andar na profunda comunhão com Cristo, se to rn e co n cretu d e. Portanto,
luz" (IJo 1.7); "g u ard aros manda­ assumindo seu jeito de ser, agir e para Jesus, o pecado é anterior
m entos" de Deus (IJo 2.3); "agra­ viver, posturas estas incorporadas ao ato em si. Ele nasce no coração
d ar a D eu s" (lTs 4.1); "viver de à vida diária na convivência com hum ano para d ep ois se torn ar
modo digno do Sen hor" (Cl 1.10); o am ado Salvador, que santifica em mal. A santidade de Jesus é
ter os "corações confirm ados em a vida do crente pela intimidade rad ical, porqu e trata o pecado
santidade, na presença de nosso piedosa (lPe 1.15). Q uando andou quando é apenas um sentimento,
D eus" (lTs 3.13); e estar "aperfeiço­ na Terra, Jesus nos ofereceu o me­ em sua fase em brionária, antes de
ando a nossa santidade no temor lhor exemplo de integridade, pois ser praticado. Nessa radical idade,
de D eus" (2Co 7.1), dentro outros assum iu a forma hum ana plena, Jesus erradica o pecado usando a
(POM M ERENINC, 2017). "esvaziou-se a si mesmo" (Pp 1.7), figura da m utilação (Mc 9.43-47),
e humildemente conviveu com a pois santidade é discipulado ra­
fraqueza hum ana. A santidade dical. Ê nesse lugar fundamental
O modelo perfeito de de Jesus está baseada na premissa (no sentido de origem e profundi­
santidade a ser seguido antiga, fundamental e que procede dade) que a santidade deve estar
A santidade, expressa de for­ da I ei de Moisés, que afirma: "Ama inserida para que o crente viva em
ma simples, é a união do crente a E>eus sobre todas as coisas e ao progressivid ade santificadora e
com Cristo de forma que se torne próximo como a ti mesmo". Mas em santa progressividade. Em bo­
um com Ele. Dito nas palavras de Jesus amplia isso ao afirm ar que ra experim ente vergonhosos e em­
Paulo, ela assume uma conotação deveriamos amar uns aos outros baraçosos retrocessos, ele sempre
profunda de seguimento a Cristo: como Ele mesmo amou (Jo 13.34). de novo se levanta, com a ajuda
"Já não sou eu quem vive, mas Para Jesus, o pecado e a malda­ do Espírito Santo, e se apropria
Cristo vive em mim. E esse viver de procedem do coração, portanto novamente do modelo a ser segui­
que agora tenho na carne, vivo pela de dentro para fora. No Sermão do do: Jesus de Nazaré. O modelo de
fé no Pilho de Deus, que me amou Monte, Ele trata o pecado em sua Jesus nos convida a uma santida-

33
OB REI RO
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BJB11A SAGRADA NAA fcrnion SBR,J018
BORfS,Stpfanode,GOFFI,Tuilo D^xmúriodfh^iritiialidade São Pado Paulus, 1993.
611 BfRTO,Antcnio(etal) fe oloçúS rssm M oP m m tf R ode Lançiro CFAD,7013
GRUN.Ansém . hum de(aoçfcamrtboiparo a tm a de Deus. Petfópdis: Vazes. 2016.
NtVLS. NdUlino das. Sejurocte para Dem. Rio de Janeiro: LFAU 2023.
POMMERBING. Odilon R » de Janeiro: CPWX 201/.
QUFIR07, Carlos Ser Co íwsfaníe Curitiba: fixcnlro/Viçosa Ultimato, 7006

de ética, onde o que é importante vocês poderão ver Deus no mun­ disposição da vontade de Deus. A
não são prioritariamente as regras do exterior" (Mt 5.8, AM). Como vontade de Deus ocorre na vida da
pré-estabelecidas, geralm ente de consequência, "os que olham para pessoa quando os vícios e pecados
cunho moralista, mas as escolhas ele estão radiantes de alegria; seus são vencidos. Nesse estágio, o cora­
santas que são feitas diante das rostos jam ais m ostrarão d ecep­ ção alcança paz, fica livre do medo,
com p lexas d em an d as d a vid a, ção" (SI .34.5, NVI).. da agitação o das paixões incon-
preferindo sempre falar, agir e ser
Pureza de coração significa ter troláveis. Assim, quem alcança a
como Jesus (2Co 3.18).
um só propósito na vida, que é di­ pureza de coração encontra a sere­
recionada para buscar unicamente nidade, ambas se inter-rclacionam,
CONCLUSÃO a vontade de Deus e amá-lO acima pois quem é puro de coração tem
Jesus disse: "Abençoados são de tudo (Mt 7.33), se desfazendo de um coração sossegado. Enquanto
vocês, que puseram em ordem todas as falsas intenções secundá­ as paixões e vícios controlarem
seu mundo interior, com a mente rias, para que se alcance tal pure­ a pessoa, ela não encontrará paz
e o coração no lugar certo. Assim, za interior de estar totalm ente à interior (GRÜN, 2016). ■
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£ 3 (021)2406-7373 o © O O emLer C BO
Douglas Roberto de Almeida Baptista

Santificaç
Douglas Roberto de Almeida
Baptista e pastor, líder da Assembléia
definitiva <
de Deus de Missão do Distrito
s Escrituras apontam do termo santificação; o processo

A
Federal (ADMDF) e do conselho
que a finalidade da de santificação do cristão; os erros
de Educaçao e cultura da c g a d b ;
presidente da Academia Evangélica nossa Eleição em Cris­ d oantinom ianism o,d o legalismo
de Letras d o Distrito Federal to é propiciar uma e do falso moralismo; bem como
(AELDF); vice-presidente da Rede vida nova aos eleitos, isto é, para a erradicação final do pecado na
Assembleiana de Ensino (RAE); sermos "santos e irrepreensíveis vida do crente salvo.
graduado em Teologia. Filosofia, diante dEle" (Et 1.4b). O vocábu­
Pedagogia e Ensino Religioso; mestre lo grego bugios (santo), no aspecto Definição de pecado
em ciências das Religiões e novo espiritual, significa "separado do
Testamento; doutor em Teologia; No Antigo Testamento, a mais
pecado" (lPe 1.15-16). O adjeti­
e comentarista das Lições im p o rtan te exp ressão hebraica
vo grego amornos (irrepreensível)
Bíblicas Aduizos da c p a d . para referir-se ao pecado é o con­
expressa algo "sem defeito" ou junto de p alavras representado
"inculpável" (Fp 2.15). O s termos por ch attath , que possui o sentido
apontam para a santificação, isto básico de errar um alvo ou um ca­
Já n a e te r n id a d e , é, para o mais alto padrão ético e m inho (Gn 4.7; Pv 19.2).' No grego
moral de vida a fim de agradar a do Novo Testamento, o principal
o c r e n te s e rá Deus, que nos elegeu (Ef 5.1-3). termo para designar o pecado é
As E scrituras Sagradas ensi­ h am artia, qu e p ossui conotação
p le n a m e n te
nam que Deus é "Santo": Ele é o de "erro m orai" (2Pe 2.13,14). Essa
r e s ta u r a d o e m "Santo de Israel" (Is 1.4); "Deus, palavra aparece cerca de 300 ve­
o Santo" (Is 5.16); e o Seu nome é zes com o sentido de errar o alvo
s u a p e r fe iç ã o proposi ta 1mente.
"Santo" (Is 40.25; 57.15). Portanto,
o r ig in a l, p e r d id a o D eus "S an to " requer que Sua Nesse aspecto, Millard J. Eri-
criação ande em santidade (lPe ckson arrazoa que "esse pecado
no Éden, após é sem pre contra Deus, visto que
1.15,16). O atributo com unicável
o a d v e n to d o de Deus da santidade é concedido não se atin g e a m arca qu e Ele
a todos os que verdadeiramente estabeleceu, seu padrão de am or
pecado são regenerados. D esse modo, o e obediência perfeitos devido a
salvo precisa ser santificado pelo Ele".12 Além disso, a Bíblia Sagrada
Espírito Santo (lP e 1.2). disciplina: "Q uem comete pecado,
N essa persp ectiva, ap resen ­ com ete iniquidade; porque o pe­
tam os abaixo a definição bíblica cado é iniquidade" (ljo 3.4). Nesse
para o pecado; a condição de de- contexto, a palavra "iniquidade"
pravação hum ana; a concoituação ou "ileg a lid a d e" sig n ifica uma

1HORTOX, S. (Ed.). Teologia Sistemática: L'ma perspectiva pentecostal. Rio de Janei­


ro: CPAD, 1996, p. 28
: ERICKSON, 2015, p. 551. 3.
ío Total: a vitória
:ontra o pecado
atitude de rebelião geral contra
os m andamentos de Deus.3 Desse
modo, abrange não apenas errar o
alvo, mas deliberadamente acertar
o alvo errado. Trata-se de desobe­
diência intencional contra Deus e
a Sua Palavra (ISm 15.22,23).
Em con seq u ên cia, o pecado
afasta o homem de Deus e tam ­
bém o faz pecar contra o próximo.
O pecado não é somente praticar
obras contra Deus, m as inclui a
om issão em praticar o bem (Tg
4.17) . Portanto, pecado é a condi­
ção do hom em não regenerado,
e ele só pode ser exp elid o por
meio do novo nascim ento (Jo 3.3-
7). Essa reconciliação do homem
com Deus só é possível em Cristo
(2Co 5.19).

A Depravaçáo Total
A doutrina do pecado original
está sobejamente registrada nas Es­
crituras (Km 5.12-21; ICo 15.21,22,
Ef 2.1-3). Desse modo, sublinha-se
que o ser humano foi criado em es­
tado de inocência: não impecável e
nem pecaminoso, mas perfeito (Ec
7.29) e dotado de livre-arbítrio (Cn
2.16.17) . Porém, o prim eiro homem
escolheu desobedecer a Deus, e

5 STRONSTAD, Roger & ARRINCTON,


French (Ed.). Comentário Bíblico Pente-
cost.il Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003, p. 1.779.

A
37
OB REI RO
a sua Queda contaminou toda a todas as áreas de nosso ser foram Em síntese, o pecado original e
humanidade (Gn 3.9-19; Rm 5.12). afetadas. Esse estado de corrupção a depravação tornaram o homem
A partir da Queda, todos os se­ mental, moral eespiritual da natu­ totalm entc incapaz de até mesmo
rem hum anos nascem em pecado reza humana é denominado de Dc- d esejar se aproxim ar de D eus.15
(SI 51.5). Assi m, o pecado não é pas­ pravação Total, ou seja, a inclinação Mas, por meio da graça prevenien-
sado adiante mera mente pela força para fazer o errado resultante do t e , ele recebe divinam ente a capa­
do mau exemplo, mas é um mal pecado original. Essa depravação cidade para crer, arrepender-se e
inerente à natureza humana (Rm impede o homem de tomar a ini­ ser salvo (Rm 3.24,25). Portanto, a
7.14-24). Jacó Armínio salienta que a ciativa no processo de regeneração libertação do pecado não provém
"abrangência deste pecado [...] não (Rm 8.7,8). de nenhum esforço humano, mas
é peculiar aos nossos prim eiros Por c o n s e g u in te , o hom em é gratuita e divinam ente ofertada
pais, mas é comum a toda a raça só pode ser liberto do pecado se (Rm 6.23; Ef 2.8,9). Não obstante,
humana e a toda sua posteridade".4 Deus o buscar prim eiro (Fp 1.6). n a "história da salvação", a dou­
Em consequência, todo ser huma­ Sem a ajuda de Deus, ninguém trin a da sa n tifica çã o faz parte
no está debaixo da escravidão do pode ser transform ado (2Co 5.17; do plano integral de Deus para
pecado c da condenação da morte Tt 3.5). Isto significa que o homem
a hum anidade.6 A salvação e a
(Rm 3.23; 6.23). não pode d ar início ao processo
santificação devem andar juntas
Contudo, apesar de corrom ­ da salvação, pois seu livre-arbítrio
na vida do crente.
pida, a natureza hum ana pode precisa ser divina mente restaura­
ser eficazm ente regenerada pela do (Rm 2.4). Por isso, somente ao
fé em Cristo (Rm 3.24; 2Co 5.17). ser atingido pela graça proveniente Conceito de santificação
Porém, em decorrência do pecado (ação divina que antecede a con­ No Antigo Testamento, a pala­
de Adão, o homem encontra-se es­ versão) é que o homem recebe a vra hebraica qadash, traduzida por
piritualmente morto e incapacitado capacidade de arrependim ento e "ser santo", possui o significado
de vir a Deus por si mesmo (Ef 2.1). fé. E isso mostra que a fé antecede básico de separação do uso co ­
Significa que, por causa da Queda, a regeneração. mum para a dedicação a Deus e ao

4ARMÍNIO, Jacó. As obras de Armínio. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 439.
*MAIA, Carlos Kleber. Depravação Total. São Paulo: Reflexão, 2015, p. 75.
6 JENNEY, Hmothy P. O Espírito Santo e a santificação. In: HORTON, S. (Ed.). Teologia sistemática: uma perspectiva pentecostal.
Rio de Janeiro: CPAD. 1996, p. 407.
seu serviço.7 O N ovo D icionário de hagnos se refere particularmente à (Ef 2.10); (2) M aturidade cristã. Não
Teologia leciona que "santificação" pureza no sentido ético. Em termos é pelo tem po qu e algo se torna
é um terino técnico de ritual de gerais, "a obra da santificação é a limpo, m as pela ação contínua da
culto. F.lc apresenta a ideia tanto separação de tudo que é contrário limpeza; (3) Batism o com o Espírito
de lim peza (Êx 19.10,14) quanto de à pureza do Espírito".10 Santo ed o n s espirituais. Em si mes­
consagração e dedicação ao servi­ A o b ra T eolog ia S istem ática mos não equivalem à santificação
ço de D eus (Êx 19.22; Dt 15.19; 2Sm P en tecosta l (CPAD) d e fin e qu e com o processo divino e contínuo
8.11; Is 13.3). Contudo, o significa­ santificar é "p ôr à parte, separar, em nós (At 1.8; ICo 14.3).'2
do de santificação e de santidade consagrar ou dedicar uma coisa A santificação bíblica tem três
*
se estende para além do ritual, ou alguém para uso estritam ente aspectos: (1) Posicionai: E a santifi­
para a esfera m oral.s pessoal". Santo é o crente que vive cação completa e perfeita. O crente
No Novo Testamento, o termo separado do pecado e das práticas pela fé torna-se santo "em Cristo"
grego m ais comum traduzido por m undanas pecam inosas, para o (Ef 2.6; Cl 2.10); (2) Progressiva: É
"santo" é hagios. Nosingular, é usa­ dom ínio o uso exclusivo de Deus. a san tificação p rática, aplicada
*

do com o adjetivo para descrever E exatamente o contrário do crente ao viver diário do crente. Nesse
Deus e o Seu Espírito. No plural, que se mist ura com as coisas tene­ aspecto, a santificação do crente
é em pregado com o substantivo brosas do pecado.11 pode ser aperfeiçoada (2Co 7.1). Os
para referir-se ao povo de Deus.9O O teólogo A ntonio G ilb erto crentes mencionados em Hebreus
verbo liagiazo é utilizado no senti­ cham a a atenção para aquilo que 10.10 já haviam sido santificados e
do ritual de se separar algo dentre não é santificação bíblica: (1) Usos, continuavam sendo santificados
o que é comum para a utilização práticas e costum es. Estes últimos, (vv. 10,14-ARA); e (3) Futura: Trata-
com propósitos sagrados (Mt 6.9; quando bons, devem ser o efeito -se da santificação completa e final
Jo 10.39; IP e 3.15). A expressão da santificação e não a causa dela (Ef 5.27; l is 3.13; 5.13; ljo 3.2).n

7 JENNEY, 1996, p. 412.


S FERGUSON, Sinclair B; WRIGHT David F. Novo dicionário de teologia. São Paulo: Hagnos. 2009. p. 892.
9 JENNEY, 1996, p. 419.
10 HENRY, Carl (org.). Dicionário dc Ética Cristã. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007, p. 537.
11 GILBERTO, Antonio (Ed.). Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. 2013, p. 227.
12 GILBERTO, 2013, p. 227.
13 GILBERTO. 2013. p. 22S.

39
OB R B RO
Santificação como processo crente e instilada dentro dele. Em está totalm ente livre do pecado".18
especial, a santificação 6 a opera­ Nesse aspecto, tanto o antinom is-
A santificação c uma "obra pro­
ção do Espírito Santo que aplica mo quanto o legalismo e o falso
gressiva da parte de Deus e do ho­
mem que nos torna cada vez mais à vida do crente a obra feita por moralism o se constituem graves
Jesus Cristo".16 erros. O an tin o m ism o en fatiza
livres do pecado c sem elhantes a
O Dicionário das Cartas de Paulo de tal modo a liberdade cristã de
Cristo em nossa vida presente".14
Significa que viver separado do arrazoa que o apóstolo "insiste no condenação pela lei que deixa de
pecado é um processo mediante comportamento e na conduta san­ salientar a necessidade de o cren­
o qual Deus purifica os que a Ele ta e pura na vida dos fieis em an­ te confessar constantem ente seus
se achegam e passam a ser orien­ tecipação da volta de Jesus Cristo, pecados e buscar de modo sincero
tados pelo Espírito Santo (ljo 3.3). em bora não preveja o alcance da a sant ificação. O lega 1ismo c o mo­
Nossa Declaração de Fé leciona perfeição completa nesta vida".17 ralism o solapam inevitavelmente
que "já salvo e justificado, o novo Timothy P. Jenney pondera que, a certeza da salvação e enfatizam
crente entra de im ediato no pro­ em bora os crentes sejam cham a­ a resp o n sab ilid ad e cristã a tal
cesso de santificação, pois assim dos de santos (Mt 27.52; Rm 1.7; ponto que a obediência ás normas
o requer a sua nova natureza em Ef 1.1), "o cristão não é necessaria­ e a regulam entos passa a ser vista
Cristo (Rm 6.22; 1 Ts 4.3)".''’ N esse mente perfeito, m as alguém que como um elemento constituinte da
aspecto, a santificação "é uma con­ se arrependeu do seu pecado e fé que justifica.19
tinuação do que foi começado na subm eteu-se ao poder pu rificador Em oposição a esses extremos,
regeneração, quando então uma do Espírito de Deus. (...) Nenhum as Escrituras afiançam que a san­
novidade de vida foi conferida ao crente pode chegar a d izer que tificação é um processo que vai

14 GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. Sáo Paulo: Vida Nova, 1999, p. 622.
15 SOARES, E. (Org.). Declaração de Té das Assembléias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 112.
16 HORTON, 1996, p. 40S.
17 HAWTHORNE, Gerald F.; et. al. (Org.). Dicionário de Paulo c suas cartas. São Paulo: \lda Nova; Paulus, Edições Lovola. 2017, p. 1.136.
IS JENNEY 1996, p. 425.
19 FERCUSON, 2009, p. 606,607.

40
OB REI A l* » O V .
*
sendo aperfeiçoado durante toda A vitória final no Eden pelo primeiro Adão será
a jornada do cristão (2 Co 3.18; Fp contra o pecado finalmente restaurada (ICo 15.45).
1.6). Essa obra é realizad a pelo A doutrina bíblica da glorifi­ Trata-se da promessa da futu­
Espírito Santo, ela não cessa após cação descreve a última etapa de ra transformação de nosso corpo
a conversão, m as cresce gradu­ nossa salvação (Rm 8.23,30). Nesse mortal em corpo glorioso (Fp 3.21),
alm ente e requer a contribuição processo, o pecador é salvo pela que se dará por ocasião da Vin­
contínua do crente (2Co 6.16-7.1; graça, justificado pela fé, santifi­ da do Senhor (ICo 15.52-54; 2Co
ljo 3.2,3; Ap 22.11). Significa que cado pelo Espírito e prossegue até 3.18). Esse novo corpo será eterno,
tem os a responsabilidade de co­ que todos cheguemos "a homem imortal, imperecível, impecável.20
o p erar n esse p ro cesso e que o p erfeito, á m edida d a estatu ra Conforme as Escrituras, o homem,
E spírito Santo com p letará essa completa de Cristo" (Eí 4.13, ACF). nascido de novo, em Cristo, é "nova
obra em nós por ocasião da S e­ Km nossa trajetória cristã, continu­ criatura" (2Co 5.17) e se toma parti­
gunda Vinda de Cristo (lTs 3.13). amos sondo santificados, mas nun­ cipante "da natureza divina" (2Pe
Implica em afirmar que o processo ca chegaremos à santificação total 1.4). Contudo, essa participação, no
de santificação dura até a nossa até chegarmos ao céu. Quer dizer tempo presente, é parcial. Isso por­
glorificação final no Dia de Cristo que somente ao final do processo que, embora o pecado não tenha
Jesus (Rm 8.30). da salvação é que a glória perdida m ais domínio sobre o crente, o ho-

20 STRO\'STAD, 2003, p. 1.308.

41
OB REI RO
mem permanece sujeito a fraque­ to em que crem os em Jesus Cristo, não nos cham ou para viver na
zas e ao erro, mas, na glorificação, confessand o-o com o Senhor (Jo im p u reza, m a s em sa n tid a d e "
ele será restaurado à "semelhança" 5.24; Rm 10.9,10), porém a salvação (lTs 4.7). D esse modo, um a con­
da "im agem de D eus" (ljo 3.2). no sentido de glorificação só se duta irrepreensível é requerida ao
Isso sig n ifica qu e um dia o dará a partir do Arrebatam ento cristão, tanto no espírito como na
hom em será restaurado em sua (Rm 13.11; Hb 9.28; Fp 3.20,21)."- alm a e no corpo (lTs 5.23). Con­
perfeição original e será impecável Por essa razão, o autor de I lebréus tudo, essa restauração somente é
diante de Deus. Assim, ocorrerá a chamou essa gloriosa obra de Deus possível por meio do sangue de
salvação da presença do pecado de "um a tão grande salvação" (Hb Cristo, pela ação do Espírito e pela
(lP e 1.5). Antonio Gilberto ponde­ 2.3). O próprio D eus proveu os Palavra de Deus (lP e 1.15-25). O
ra que "a salvação começa com a meios de nossa plena santificação, fruto do Espírito nós é concedido
redenção da alma; prossegue com pois na Cidade Santa "não entrará para andarm os no mundo conser­
a redenção do corpo; e culm ina coisa a Iguma que contam i ne, e co­ vando nossa santidade (Cl 5.16-17,
com a glorificação do crente in­ meta abominação e mentira; mas 22). Esse processo é continuo até a
tegral". Ele acrescenta que "João só os que estão inscritos no livro Volta de Cristo, quando esse corpo
Batista, inspirado pelo Espírito, da vida do Cordeiro" (Ap 21.27). mortal e pecam inoso se revestir
disse que Jesus é o Cordeiro que da imortalidade e da incorrupti­
tira o pecado do mundo — kosmos. bilidade (ICo 15.52,53). Portanto, a
Isso só aco n tecerá p len am en te Conclusão Escritura nos adverte "sede santos,
no futuro".212N esse sentido, Ciro As Escrituras ensinam que "a porque Deus é santo" (lP e 1.16),
Zibordi pontua que "obtem os a vontade de D eus é a vossa san­ pois sem a santificação ninguém
certeza da vida eterna no momen­ tificação" (lTs 4.3); e que "D eus verá o Senhor (Hb 12.14). H

21 GILBERTO, 2013, p. 377.


22 ZIBORDI. Ciro Sanches. Escatologia: a doutrina das últimas coisas. In: GILBERTO, Antonio (Ed.). Teologia Sistemática Pentecos-
tal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. SOS.

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M © (021)2406-7373 O © O O
CPAD
Silas Rosalino de Queiroz

A M ortif i<
elacionada à Doutrina natureza pecam inosa, que é "um a
Silas Rosalino de Queiroz é pastor
na Assembléia de Deus em Ji-
Paranâ (RO), graduado em Teologia
e Direito, pós-graduado em Direito
Péiblico. Processual Civil e Docência
Universitária; assessor jurídico
R da Salvação, a santi­
ficação é apresentada
no Novo Testamento
como ocorrente na experiência
humana em três momentos: pas­
realidade contínua para o cristão;
a propensão ou orientação em di­
reção ao pecado e ao afastam ento
da vontade de Deus que persegue
o crente até o fim de sua vida ter­
da CEMADERON e m em bro do sado, presente e futuro. Tais mo­ rena" (LOWERY in ZUCK, 2018,
Conselho de Comunicação mentos correspondem, respec­ p. 289). A santificação progressi­
e imprensa da CGADB. tivamente, aos três aspectos da va ou contínua tem, na origem, o
santificação: posicionai, progres­ im pulso indispensável da graça
sivo e pleno ou perfeito (GILBER­ de Deus, m as precisa contar com

A doutrina da TO, 2021, p. 364). Cristo consu­ um a cooperação ativa e perm a-


*

mou sua obra salvífica na cruz (Jo nente de nossa parte. E, portanto,
mortificação 19.30; Hb 9.26-28; 10.11-14). Esta resultado da conjugação da im-

da carne é um obra começou em nós através da


regeneração e da justificação pela
prescind ível operação divina e da
disposição de vontade, decisões
dos ensinos que fé, quando nos tornamos "santos e atitudes hum anas (GRUDEM,
em Cristo" - a santificação posi­
mais evidenciam cionai (IC o 1.2;6 .1;C l 2 .10; Fp 1.1;
2021, p p . 628-631).
Conform o J. Rodman W illia­
o aspecto Hb 10.10) - e segue sendo reali­ ms (2011, p. 441), "a santificação
zada pelo Espírito Santo através
progressivo da da santificação progressiva (2Co
tam bém é tarefa do homem: Deus
não opera sem o nosso envolvi­
santificação 3.17,18; 7.1; lP e 1.15,16; Hb 12.14), mento. Não é que Deus faz uma
estendendo-se até a glorificação, parte, digam os 50%, enquanto o
quando se dará a santificação homem é chamado para realizar
completa, a libertação do cor­ o restante, os outros 50%. É, antes.
po do pecado (Ef 5.27; lTs 3.13; 1 Deus inteira mente através de tt>do
Co 15.52). Com o escreveu Paulo, o cam inho do homem". O mesmo
"aquele que em [nós] começou a teólogo diz, contudo, que "é preciso
boa obra a aperfeiçoará até ao Dia observar cuidadosamente que não
de Jesus C risto" (Fp 1.6). é o Espírito Santo que executa a
A m o rtific a ç ã o da " c a r n e " tarefa de mortificação, entretanto
(sarx, no grego: "natureza huma­ ele é ciaramente o potênciaI izador.
na", como em Romanos 8.5-13) tem E, por outro lado, o próprio cren­
lugar no aspecto progressivo da te quem , por meio desse poder,
santificação, que se dá no tempo executa a mortificação. Portanto, o
*
presente. E uma obra realizada em Espírito Santo não é apenas oposto
nós pelo poder do Espírito Santo á carne; ele é também a força potên­
para qu e p ossam os vencer d ia­ cia li zad ora na ação de mortificação
riamente as inclinações de nossa contínua do crente" (p. 442).
Um dos textos nos quais Paulo
trata claram ente dessa teologia da
mortificação é Romanos 8.13: "Por­
que, se vocês viverem segundo a
carne, cam inharão para a morte;
mas, se, pelo Espírito, mortifica-
rem os feitos do corpo, certa mente
viverão" (NAA). Na NVI, a tradu­
ção é ainda m ais clara quanto ao
papel hum ano nesse processo, ao
dizer: "S e pelo Espírito fizerem
m orrer o s atos do corp o, vive­
rão". Cabe ao cristão, através de
d isciplinas espirituais, buscar e
perm itir que o Espírito Santo atue
em seu ser, mortiíicando a carne, a
fim de que esta nào produza suas
terríveis e nefastas obras (G1 5.19-
21). Em lugar delas - das obras da
carne --, o Espírito passa a produ­
zir em nós, sim ultaneam ente, o
seu fruto - o fruto do Espírito
que é m anifesto em virtudes espi­
rituais, como listadas em Gaiatas
5.22: amor, alegria, paz, longani-
m idade, benign idade, bondade,
fc, m ansidão o dom ínio próprio.

O perigo da Justiça própria


O esforço mera mente hum ano
de vencer as inclinações da carne
leva o homem a confiar em sua
própria justiça, através do rigo-
rism o ascético, do legalism o e de
atitudes penitentes c de autofla-
gelo, como faziam os monges nos
m onastérios e, ainda hoje, alguns
cristãos insistem em fazê-lo, ainda
que em práticas menos radicais,

Á
45
OB REI RO
ta n to do c a rá te r físico q u an to toflagelos) para vencer o pecado Há um evidente aspecto ativo ou
montai ou intelectual. Mas não é e ser aceito por Deus. Agora, sal­ prático na busca pela mortificação,
possível fazer m orrer a carne sem vo pela graça, por meio da fé (Ef mas a disciplina inclui não apenas
a ação direta do Espírito de Deus! 2.8), viveria sob a dependência do o fazer, m as tam bém o deixar de
E é isto que o Novo Testamento Espírito, buscando diariam ente a fazer. Salm os 101.3 diz: "N ão porei
nos ensina, especialm ente as car­ mortificação da carne, a suplan- coisa má diante dos m eus olhos;
tas pau linas, sendo Rom anos a tação da natureza pecam inosa e aborreço as ações daqueles que se
principal delas. Não por acaso, foi suas inclinações. desviam ; nada se me pegará". As­
este, por excelência, o livro redes- sim, progredim os no processo de
coberto durante a Reforma Protes­ mortificação da carne quando nos
tante, no qual Lutero encontrou a A responsabilidade afastam os de todo o mal, livrando
grande chave para sua verdadeira humana na mortificação os nossos sentidos (especialmente
conversão a Cristo: "O justo viverá A parte hum ana no processo olhos e ouvidos) de tudo o que
da fé" (Rm 1.17). de m ortificação é, com o já afir­ possa aguçar nossos desejos e ge­
Para um m onge agostiniano m ado, a p rática de d iscip lin a s rar o pecado dentro de nós.
que vivia afligido em sua cons­ espirituais, entre as quais estão a T iago ad v erte: "H a v e n d o a
ciên cia, aturdido pela culpa do vigilância (o afastar-se do mal e de concup iscência concebido, dá â
pecado e golpeado por suas fra­ tudo quanto o aparenta), a oração, luz o pecado; e o pecado, sendo
quezas carnais - crises das quais o jeju m e a leitura e m editação consu m ad o, gera a m o rte " (Tg
as muitas penitências não podiam na Palavra de Deus (Mt 26.41; Mt 1.15). Jesu s n o s a lerto u de que
livrá-lo entender essa revelação 6.16-18; At 10.9,10,30; ICo 7.5; 2Co todo o pecado sai de dentro de
operou um a profunda transfor­ 11.27; Jo 15.3; 1717;C13.16; 1Ts 5.22). nós (Mt 15.19). F.xatam ente por
mação em seu interior e refletiu Precisam os reconhecer nossa in­ isso, o processo de m ortificação
no seu viver diário. Convicto da suficiência pessoal e nos dedicar da ca rn e é im prescindível para
salvação pela graça, Lutero não a uma vida de piedade e devoção, evitar que sejam os vencidos pelas
m ais co n fia ria cm seu próprio nos abstondo dos prazeres carnais tentações. Com o escreveu Donald
esforço e obras (incluindo os au- e desejando frutificar no Espírito. Stam ps (BEP, p. 1926), "a tentação

46

OB O
provem, em princípio, dos desejos Estágios do processo vossos membros que estão sobre
o in clin ações do nosso próprio de mortificação a terra". Mesmo já tendo, pela fé,
coração [...). Se o desejo mau não abraçado integralm ente a obra da
O capítulo 3 de Colossenses é
for resistido e purificado pelo Es­ cruz, descobrim os que nossa na­
um dos m ais belos textos bíblicos
pírito Santo, levará ao pecado e, tureza pecam inosa ainda existe
que tratam dos aspectos posicio­
depois, «i morte espiritual" (Rm e apresentará muitas resistências
nai e progressivo da santificação.
6.23; 7.5,10,13). que precisarão ser vencidas dia­
Nele, Paulo faz um paralelo entre
Para v encerm os o m al, isto riam ente no processo de contínua
morte e vida para expressar essa
é, a nossa própria inclinação ao mortificação.
p ro fu n d a v erd a d e e s p ir itu a l:
pecado, é preciso que o processo Algum as etapas bem distintas
"Porque já estais mortos, e a vossa
de m ortificação de nossa nature­ desse processo são vistas no texto
za carnal seja contínuo. Não se vida está escondida com Cristo de Colossenses 3, a partir do ver­
trata de um a tarefa instantânea, em D eus" (Cl 3.3). Podemos ver sículo 5:
mas de uma obra que precisa ser aqui uma correlação precisa com C olossenses 3.5-7 - No glorioso
m antida e am pliada diariam ente. o aspecto posicionai da santifica­ cam inho da mortificação da car­
%
A luz de 2 C orínitos 4.10, a m or­ ção: cm Cristo, já estam os mortos. ne, precisam os abandonar, desde
tificação c condição sin e qua non Trata-se dc uma imersão inaugu­ logo, o que podemos cham ar dc
para que a vida de Jesus se m a­ ral na obra vicária, recebendo o sa- pecados flagrantes. Paulo lista,
nifeste em nós e através de nós. crif ício dc Jesus cm sua plen it ude. de form a exemplificativa, a pros­
"Vivo, não m ais eu, m as C risto A partir do versículo 5, contudo, tituição, a im pureza, o apetite de­
vive em mim", d isse o apóstolo Paulo começa a tratar do aspecto sordenado, a vil concupiscência c
dos gentios (G1 2.20). progressivo: "M ortificai, pois, os a avareza. Espera-se que esse pri-
m eiro nível da m ortificação seja males terríveis, que insistem em dos pecados, renegá-los, expulsá-
alcançado libertando o corpo da querer nos dominar. -los" (W ILLIAM S, p. 445). Como
prática destes pecados. O cristão Pela d ific u ld a d e d e v en cer acen tu a H EN RY (2008, p. 353),
não pode continuar vivendo sob tais pecados, não é incom um al­ "não conseguim os fazer isso sem
o jugo do pecado. Seus membros guns cristãos se conform arem e o Espírito operando em nós, mas
não podem m ais ser instrumentos apresentarem , como justificativa, Ele não o fará sem o nosso empe­
dessas práticas pecam inosas. aspectos hereditários, principal­ nho o esforço".
C olossenses 3.7-9 - Mas a mor­ mente quanto ao temperamento. C olossenses 3.12,13 - A m ortifi­
tificação não para no nível dos Em vez de buscarem a mortifica­ cação da carne, com o abandono
pecados flagran tes. O apóstolo ção da velha natureza, justificam de todos esses pecados já listados
convida os crentes de Colossos e a atitudes de ira, por exemplo, como e de tantos outros que existam
todos nós a continuar avançando. "herança" dos pais ou avós. Não dentro de nós, traz com o resul­
A vida da carn e precisa ser su­ é isso, contudo, que as Escrituras tado a possibilidade de o cristão
plantada e ir-se e sv a in d o -a carne nos en sin am . Com o d isse Pau­ expressar, com m ais vigor, a sua
deve seguir o curso da m orte de lo, precisam os nos despojar "de nova natureza pela vida de Cristo
maneira que já não nos leve à ira, tudo" (Cl 3.8). que agora passa a dom iná-lo. Daí
à cólera, à malícia, à maledicência, Com o n ascid o s de novo (Jo ser possível vencer não apenas os
a palavras torpes e à mentira. Fica 3.6; lPe 1.23), não podem os nos pecados do corpo, m as tam bém
evidente, então, que o cristão não co n fo rm ar com p ecad o algum os da alm a (PEDRO, 2012, p. 139)
pode se conform ar com uma mor- entranhado em nossa natureza. e do espírito, com o o orgulho, a
tificação que o liberte apenas dos A mortificação precisa continuar soberba, a ganância e a ira (2Co
pecados m ais aparentes. Precisa sempre. Na força do Espírito, pre­ 7.1) (GILBERTO, 2021, p. 347), e
vencer a natureza carnal também cisamos tom ar a atitude de rejeitar seg u ir frutificando no Espírito,
quanto a sentim entos ruins e prá­ o pecado e abandoná-lo, o que sendo m isericord ioso, benigno,
ticas reprováveis nem sempre tão "não significa de forma algum a h u m ild e, m a n so e lon gân im o,
percebidos de todos, m as que são uma ação fácil: implica libertar-se tendo um coração isento de m á-

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goas c ressen tim en tos, sem pre Espírito, expressando virtudes cx- santificação perfeita nesta vida -,
disposto a perdoar. t raord inárias, como a hum iIdade e não encontra respaldo no Novo
C olossettses 3.14-17 - O cam i­ a mansidão. Ao invés de dar-se a Testamento e, muito especia Imen­
nho da m ortificação ainda tem contendas, estará pronto a perdoar te, na teologia paulina (GEISLER,
níveis m ais sublim es para o cris­ c terá seu coração cheio de amor, 2017, p. 485).
tão. Paulo anuncia, na sequência, alegria, paz e gratidão. Tudo isso C) próprio Pau Io, em alusão cla­
a possibi Iidade de o crente mortifi- somente é possível se ele se subme­ ram ente autobiográfica, afirmou
cado desfrutar e expressar o amor, ter ao senhorio de Cristo, aceitando na célebre C arta aos Rom anos:
que é "o vínculo da perfeição" e ter sua inteira mortificação como um "Porque eu sei que em mim, isto
"a paz de D eus" dom inando cm processo contínuo. Na expressão é, na m inha carne, não habita bem
seu coração (Cl 3.14,15). Nesta fase, paulina, "trazendo sem pre [...] a algum ; e, com efeito, o querer está
esse vitorioso cristão estará cheio mortificação no nosso corpo" (2Co em mim, mas não consigo realizar
de gratidão e terá a palavra de 4.10). O advérbio "sempre", no gre­ o bem . Porque não faço o bem que
Cristo habitando abundantemente go, é o vocábulopantote, que signi­ quero, m as o mal que não quero,
em seu coração, expressando sabe­ fica "a toda hora" ou "em todas as esse faço. O ra, se eu faço o que
doria e alegria espiritual (Cl 3.16). ocasiões" (VINE, 2003, pp.848,983). não quero, já o não faço eu, mas
Este, portanto, é o processo de o pecado que habita em mim. [...]
mortificação e a grande transfor­ M iserável hom em qu e eu sou!
mação que ele proporciona ao cris­ A mortificação e o Quem me livrará do corpo desta
tão. De alguém antes dominado perfeccionismo de Wesley m orte" (Rm 7.18-20,24).
pelos mais terríveis pecados, como Apesar de ser possível ao cris­ Paulo descreve o grave quadro
a prostituição e a avareza, o cristão tão desenvolver a mortificação e do homem depois da Queda, tanto
pode passar a viver livre não ape­ alcançar níveis espirituais glorio­ o inconverso quanto o converti­
nas dessas práticas, tão facilmente sos como revelados em Colossen- do. Para o primeiro, o problema
reco n h ecid as, m as tam bém de ses 3.4-17, nunca lhe será possível p erm an ece insolúvel, p o is não
sentimentos ruins (por vezes d is­ eli m inar sua nat u reza pecam i no- pode libertar-se a si mesmo. C)
farçados e escondidos) que antes o sa enquanto estiver habitando nes­ segundo encontrou a solução na
inquietavam e dominavam, como o te corpo (M ENZIES & HORTON, obra de C risto: a salvação, que
orgulho, a ira e a malícia. Esse cris­ p. 127). Portanto, a Perfeição Cristã opera a justificação (a libertação
tão terá um caráter transformado e defendida por John Wesley - que da culpa do pecado) e a santifi­
um temperamento controlado pelo pregava que é possível alcançar a cação (a libertação do poder do
pecado por ação do Espírito). O vitória do homem espiritual: "Por­ se trata de um processo contínuo
que Paulo está fazendo nada m ais tanto, agora, nenhuma condena­ nesta vida. Aliás, a mortificação
é que reconhecer a realidade de ção há para os que estão em Cristo é fundam ental para que a vida
sua natureza pecaminosa, ao mes­ Jesus, que não andam segundo espiritual siga seu curso em cres­
mo tempo cm que se refere ã sua a carne, mas segundo o espírito. cimento: "Porque, se voccs vive­
nova vida em Cristo, o "hom em Porque a lei do Espírito de vida, rem segu ndo a carne, cam inharào
interior" que tem prazer na lei de em Cristo Jesus, me livrou da lei para a morte; mas, se pelo Espírito,
Deus (Rm 7.22). E c exatam ente a do pecado e da m orte" (Rm 8.1,2). m ortificarem os feitos do corpo,
obra do Espírito Santo neste novo certam ente viverão" (Rm 8.13).
homem que o faz rejeitar o pecado C o n c lu ím o s , a s s im , q u e a
e agir, de forma determinada, para Conclusão m ortificação da carne faz parte
alcançar a mortificação da carne, Dos versículos 11 a 13 de Ro­ da san tificação progressiva, na
o não atendimento de sua própria manos 8, Paulo ensina sobrea obra qual devemos estar em penhados
in clin ação ao pecado, processo de mortificação da carne pelo po­ diariam ente, sob a inteira depen­
dicotôm ico no qual ele celebra a der do Espírito, confirm ando que dência do Espírito Santo. H

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