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Novembro de 2011

VI - EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO DA DESPESA

6.1 – Enquadramento Legal

O n.º 1 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de


Administração Financeira do Estado (SISTAFE), define a despesa pública como todo o
dispêndio de recursos monetários ou em espécie, seja qual for a sua proveniência ou
natureza, com ressalva daqueles em que o beneficiário se encontra obrigado à reposição dos
mesmos.
Por sua vez, o n.º 2 do mesmo artigo preceitua que “Nenhuma despesa pode ser assumida,
ordenada ou realizada sem que, sendo legal, se encontre inscrita devidamente no Orçamento
do Estado aprovado, tenha cabimento na correspondente verba orçamental e seja justificada
quanto à sua economicidade, eficiência e eficácia”.
Nos termos do artigo 11 da lei supracitada, compete aos órgãos e instituições que integram o
Subsistema do Orçamento do Estado, dentre outras responsabilidades, preparar e propor os
elementos necessários para a elaboração do Orçamento do Estado e avaliar os processos de
execução orçamental e financeira.
As regras atinentes à execução do Orçamento do Estado de 2010 estão estabelecidas na Lei
n.º 2/2010, de 27 de Abril, que aprova o Orçamento do Estado daquele ano, na Lei n.º
9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o SISTAFE, no Regulamento do SISTAFE, aprovado
pelo Decreto n.º 23/2004, de 20 de Agosto, na Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente
ao regime relativo à organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal
Administrativo, no Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas,
Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto n.º
54/2005, de 13 de Dezembro, revogado pelo Decreto n.º 15/2010, de 24 de Maio, que entrou
em vigor a 24 de Agosto do mesmo ano, no Manual de Administração Financeira e
Procedimentos Contabilísticos (MAF), aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 169/2007 de
31 de Dezembro, do Ministro das Finanças, nas Instruções sobre a Execução do Orçamento
do Estado, aprovadas pela DNCP, em 31 de Outubro de 2000 e publicadas no BR n.º 17, II.ª
Série, de 25 de Abril de 2001, bem como nas de Execução Obrigatória do Tribunal
Administrativo, aprovadas por despacho do respectivo Presidente, de 30 de Dezembro de
1999 (BR n.º 52, I.ª Série) e as de 29 de Setembro de 2008 (BR n.º 39, I.ª Série), aprovadas
por Despacho n.º 6/GP/TA/2008.
As Circulares números 3/GAB-MF/2010, de 18 de Maio, do Ministro das Finanças, 02/GAB-
VMF/2009, de 02 de Outubro, e 01/GAB-VMF/2010, de 27 de Setembro, do Vice-Ministro
das Finanças, definem os procedimentos a serem observados na administração e execução do
Orçamento do Estado para o exercício de 2010, nos termos do artigo 28 da lei que cria o
SISTAFE.
Quanto à responsabilidade financeira dos gestores públicos, o n.º 5 do artigo 66 da Lei n.º
9/2002, de 12 de Fevereiro, estabelece que “(...) o Estado tem direito de regresso sobre todo o
funcionário público que cause, por seu acto ou omissão, prejuízos ao Estado”.
No que toca à estrutura, a Conta Geral do Estado deve conter o relatório do Governo sobre os
resultados da gestão orçamental, balanço e mapas da execução orçamental, conforme o
preceituado no artigo 48 da referida lei.
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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-1
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O artigo 47 da mesma lei determina, ainda, que a Conta Geral do Estado deverá apresentar,
entre outras, a informação completa sobre as despesas pagas pelo Estado.

6.2 - Considerações Gerais

No âmbito da execução do orçamento da despesa, no exercício em análise, foram auditadas


92 entidades, sendo 20 do nível central, 16 do provincial, 55 do distrital e 1 município.
Todavia, nem todas elas disponibilizaram, para verificação, os comprovativos das despesas
realizadas com receitas próprias e consignadas, nas componentes Funcionamento e de
Investimento, no valor de 122.401.586,63 Meticais que representa 3,4% do valor da amostra
auditada, de 3.557.757.200,83 Meticais, conforme vai detalhado no ponto 6.7.
A falta de justificativos constitui infracção financeira, nos termos do disposto na alínea e) do
n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à
organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo. Foi,
igualmente, preterido o disposto na alínea d) do n.º 7.1 das Instruções Sobre a Execução do
Orçamento do Estado, da Direcção Nacional de Contabilidade Pública, de 31 de Outubro de
2000, (BR n.º 17, II.ª Série, de 25 de Abril de 2001), segundo a qual nenhum registo poderá
ser efectuado sem a existência de documentos comprovativos, que deverão ser arquivados
por verbas e anos, de forma a ser possível a sua identificação.
No exercício económico de 2010, verificou-se que parte considerável dos projectos de
investimento inscritos no Orçamento do Estado e financiados com fundos internos, não foi
executada, o que revela deficiências na planificação, bem como na sua execução.
Verificou-se, ainda, o desembolso tardio dos financiamentos externos com o consequente
impacto na baixa execução e/ou na não execução dos projectos financiados por tal via.
Por outro lado, continuam a ser executados projectos sem inscrição no Orçamento do Estado.
A falta de inscrição no Orçamento do Estado contraria o princípio de universalidade,
consagrado na alínea c) do n.º 1 do artigo 13 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, segundo o
qual todas as receitas e todas as despesas que determinem alterações ao património do
Estado, devem nele ser obrigatoriamente inscritas, bem como o estabelecido no n.º 2 do
artigo 15 da mesma lei, segundo o qual “Nenhuma despesa pode ser assumida, ordenada ou
realizada sem que, sendo legal, (...) seja justificada quanto à sua economicidade, eficiência e
eficácia”.
Os factos acima descritos constituem infracção financeira, à luz do disposto na alínea b) do
n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à
organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo.
Relativamente aos pagamentos realizados por via directa, tanto na Componente
Funcionamento como na de Investimento, verificaram-se divergências entre os números dos
documentos externos constantes das Ordens de Pagamento e os apresentados nas respectivas
facturas.
Constatou-se, também, que os arquivos dos processos de despesa continuam a não se
mostrarem devidamente organizados, o que dificulta a disponibilização de justificativos das
transacções, durante a realização das auditorias. De acordo com o estabelecido na alínea d)
do n.º 7.1 das Instruções Sobre a Execução do Orçamento do Estado, da Direcção Nacional

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de Contabilidade Pública, de 31 de Outubro de 2000, (BR n.º 17, II.ª Série, de 25 de Abril de
2001), nenhum registo poderá ser efectuado sem a existência de documentos comprovativos,
que deverão ser arquivados por verba e ano, de forma a ser possível a sua identificação.
Na celebração dos contratos de pessoal, fornecimento de bens, prestação de serviços,
empreitada, consultoria e arrendamento, nem sempre se cumpriram as normas e
procedimentos legalmente instituídos.
No tocante à contratação pública foram considerados, na verificação dos processos, os dois
regulamentos (aprovados pelos Decretos n.ºs 54/2005, de 13 de Dezembro, e 15/2010, de 24
de Maio), uma vez que este último passou a vigorar no mês de Agosto de 2010.
No que concerne às questões levantadas acima, o Governo, em sede do contraditório, afirmou
que “... através da Inspecção Geral de Finanças, tem estado a realizar trabalhos de
acompanhamento do grau de regularização das situações relatadas, com vista a sanar as
irregularidades que têm sido cometidas na realização das despesas publicas”.
Aditou, ainda, que paralelamente àqueles trabalhos, “continua empenhado na implementação
de novas funcionalidades no âmbito do Sistema de Administração Financeira do Estado,
como são os casos de e-Folha e e-Inventário, bem como na formação dos funcionários e
Agentes do Estado, tendo como horizonte atingir níveis de perfeição que contribuam para
eliminar as situações constatadas”.

6.3 – Análise Global da Evolução da Execução Orçamental

No quadro e gráfico seguintes, elaborados com base na informação colhida das respectivas
Contas Gerais do Estado, apresenta-se a evolução da execução orçamental ao longo do
quinquénio 2006-2010.
Quadro n.º VI.1 – Evolução da Execução do Orçamento no Quinquénio
(Em milhões Meticais)
2006 2007 2008 2009 2010 Var. Var.
Execução do Orçamento Peso Peso Peso Peso Peso (%) (%)
Valor Valor Valor Valor Valor
(%) (%) (%) (%) (%) 10/09 10/06
Funcionamento 25.809 53,1 31.983 52,7 37.276 53,5 43.793 51,6 59.356 55,4 35,5 130,0
Investimento 19.000 39,1 24.661 40,7 28.336 40,7 35.336 41,6 43.681 40,8 23,6 129,9
Operações Financeiras 3.756 7,7 4.019 6,6 4.083 5,9 5.747 6,8 4.049 3,8 -29,6 7,8

Despesa Total 48.565 100,0 60.663 100,0 69.695 100,0 84.876 100,0 107.086 100,0 26,2 120,5

PIB 193.322 201.437 239.249 269.346 323.226


Índice de Inflação 1,14 1,082 1,103 1,0325 1,127
Crescimento Anual (%) da
24,9 14,9 21,8 26,2
Despesa
Crescimento no Período (%)
24,9 43,5 74,8 120,5
da Despesa
Despesa/PIB em % 25,12 30,1 29,1 31,5 33,1
Fonte: Mapas III, IV e V da CGE (2006-2010)
Taxa de inflação média acumulada entre 2006 e 2010 {(1,082*1,103* 1,0325*1,127) -1}*100 =38,9

Como se observa no Quadro n. ° VI.1, a despesa total executada, no quinquénio 2006-2010,


em apreço, registou a variação de 24,9%, em 2007, 14,9%, em 2008, 21,8%, em 2009 e
26,2%, em 2010.

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Gráfico n.º VI.1 – Evolução da Execução do Orçamento no Quinquénio


70.000

60.000 59.356
(Em milhões de Meticais)

50.000
Funcionamento
43.793
43.681
40.000 37.276 Investimento
31.983 35.336
28.336 Operações
30.000 25.809 Financeiras
24.661
19.000
20.000

10.000 4.083 5.747


3.756 4.019 4.049

0
2006 2007 2008 2009 2010

Fonte: Mapa III, IV e V da CGE de 2006-2008 e Quadro 4 da CGE de 2010

No exercício económico de 2010, as Despesas de Funcionamento cresceram 35,5% e as de


Investimento, 23,6%.
Refira-se, ainda, que:
a) o crescimento acumulado situou-se, no quinquénio 2006-2010 e em termos nominais,
em 120,5%. Considerando a taxa de inflação média acumulada no citado período
(38,9%), apura-se um crescimento real de 58,7%1;
b) o indicador da despesa, em relação ao PIB, subiu para 31,5%, em 2009 e 33,1%, em
2010;
c) as Operações Financeiras, em 2010, comparativamente ao ano anterior, reduziram
29,6%;
d) as Despesas de Funcionamento tiveram sempre, ao longo do quinquénio, um peso
maior do que as de Investimento;
e) o crescimento, no período (2006-2010), foi de 130% para as Despesas de
Funcionamento, de 129,9% para as de Investimento e de 7,8% para as Operações
Financeiras.

6.4 – Execução Global do Orçamento Segundo a Classificação Funcional

O Quadro n.º VI.2 ilustra a execução do Orçamento por funções, com destaque para as
consideradas prioritárias, no âmbito do Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP).
Neste quadro, são indicadas as principais sub-funções dos Sectores/Instituições prioritários,
comparando-se as respectivas dotações orçamentais com a sua execução, incluindo as
Operações Financeiras.

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Taxa de crescimento real da despesa no quinquénio {(2,205/1,389)-1}*100=58,7%

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Quadro n.º VI.2 – Execução do Orçamento, Segundo a Classificação Funcional


(Em milhões de Meticais)
Execução
Sectores Prioritários Dotação
Valor % Peso %
Educação 22.177 19.871 89,6 20,8
Ensino Geral 18.040 16.390 90,9 17,1
Ensino Superior 4.137 3.481 84,1 3,6
Saúde 9.894 7.965 80,5 8,3
Sistema de Saúde 9.429 7.708 81,7 8,1
HIV/SIDA 465 257 55,3 0,3
Infra-estruturas 18.026 15.364 85,2 16,1
Energia e Recursos Minerais 1.388 1.045 75,3 1,1
Estradas 10.228 9.207 90,0 9,6
Águas 5.530 4.527 81,9 4,7
Obras Públicas 879 584 66,4 0,6
Millenium Challenge Account 1.250 838 67,0 0,9

Agricultura e Desenvolvimento Rural


4.662 3.719 79,8 3,9
Boa Governação 9.310 8.421 90,5 8,8
Segurança e Ordem Pública 4.205 3.755 89,3 3,9
Administração Pública 2.476 2.102 84,9 2,2
Sistema Judicial 2.629 2.563 97,5 2,7
Outros Sectores Prioritários 1.415 1.165 82,3 1,2
Acção Social 1.109 871 78,5 0,9
Trabalho e Emprego 305 294 96,4 0,3
Total Sectores Prioritários 66.734 57.341 85,9 59,9
Restantes Sectores 44.049 38.332 87,0 40,1
Despesa Sem Enc. da Dívida e Op.
Financeiras e Combustíveis 110.783 95.673 86,4 100
Encargos da Dívida 2.673 2.673 100
Operações Financeiras 2.795 2.386 85,4
Subsídios aos Combustíveis 4.692 4.692 100
Operações Financeiras 4.646 4.048 87,1
Despesa Total 122.794 107.086 87,2
Fonte: Quadro n.° 14 do Relatório e Mapa V da CGE de 2010

No Quadro n.° VI.2, observa-se que a execução dos sectores prioritários que integram o
PARPA, em termos globais, foi de 85,9%, sendo a execução dos restantes sectores de 87%.
A nível da despesa total, a execução fixou-se em 87,2%, sendo a das Operações Financeiras
de 87,1% e a dos Encargos da Dívida de 100%.
Ainda, no mesmo quadro, observa-se que o sector da Educação é o que apresenta maior
expressão, com 20,8% do total da despesa, seguido do das Infra-estruturas, Boa Governação
e Saúde, com 16,1%, 8,8% e 8,3%, respectivamente.
Numa análise sectorial mais desagregada, destaca-se o Ensino Geral (na Educação) e as
Estradas (nas Infra-estruturas), que absorveram 17,1% e 9,6% da despesa total,
respectivamente. Evidenciam-se, ainda, o Sistema de Saúde, com 8,1%, e as Águas, com
4,7%.

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No exercício em apreço, o Governo enquadrou, nas despesas prioritárias, o subsídio aos


combustíveis, orçado e executado em 4.692 milhões de Meticais, montante equivalente a
4,9% das despesas totais (107.086 milhões de Meticais).

6.5 – Execução Global da Componente Funcionamento do Orçamento

No quadro a seguir, verifica-se que, na Componente Funcionamento, foram gastos


59.356.348 mil Meticais, dos quais, 32.046.212 mil Meticais (54%) correspondem às
despesas de Âmbito Central, 21.780.118 mil Meticais (36,7%), do Provincial, 4.820.890 mil
Meticais (8,1%), do Distrital e 709.128 mil Meticais (1,2%), do Autárquico.
Quadro n.º VI.3 – Distribuição das Despesas de Funcionamento
por Âmbito
(Em mil Meticais)
Despesas
Peso
Nível Peso Peso Total
Correntes (%)
(%) Capital (%)
Central 31.839.327 53,8 206.885 92,9 32.046.212 54,0
Provincial 21.773.311 36,8 6.807 3,1 21.780.118 36,7
Distrital 4.811.863 8,1 9.027 4,1 4.820.890 8,1
Autárquico 709.128 1,2 0 0,0 709.128 1,2
Total 59.133.629 100,0 222.719 100,0 59.356.348 100,0
Representatividade 99,6 0,4 100,0
Fonte: Mapa III da CGE de 2010

Constata-se que, do total executado nesta componente, 99,6% foi nas Despesas Correntes e
0,4%, nas de Capital.
Evidencia-se, no quadro que se segue, a dotação e execução da Componente Funcionamento
e das Operações Financeiras. Neste contexto, a execução global situou-se em 95,9%, com as
Despesas Correntes e as de Capital a registarem uma realização de 96,3% e 41,4%,
respectivamente.

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Quadro n.º VI.4 – Execução Global da Componente Funcionamento


Central, Provincial, Distrital e Autárquico
(Em mil Meticais)
Execução
Dotação
CED Designação Peso
Orçamental Valor %
(%)
1 Despesas Correntes 61.375.461 59.133.629 96,3 99,6
11 Despesas com o Pessoal 29.631.260 29.106.192 98,2 49,0
12 Bens e Serviços 10.779.086 10.126.194 93,9 17,1
13 Encargos da Dívida 2.672.857 2.672.857 100,0 4,5
14 Transferências Correntes 10.480.635 9.431.902 90,0 15,9
15 Subsídios 5.259.101 5.259.101 100,0 8,9
16 Outras Despesas Correntes 2.540.522 2.528.758 99,5 4,3
17 Exercícios Findos 12.000 8.625 71,9 0,0
2 Despesas de Capital 538.122 222.719 41,4 0,4
21 Bens de Capital 538.122 222.719 41,4 0,4
22 Transferências de Capital 0 0 0,0 0,0
Total Componente Funcionamento 61.913.583 59.356.348 95,9 100,0

24 Operações Financeiras 4.646 4.048 87,1 100,0


241 Operações Activas 2.795 2.386 85,4 58,9
242 Operações Passivas 1.851 1.662 89,8 41,1
Fonte: Mapas III e V da CGE de 2010

Em relação às Operações Financeiras, a execução foi de 87,1%, com as Operações Passivas a


situarem-se em 89,8% e as Activas, em 85,4%.
No âmbito da execução das Despesas Correntes, destacam-se as com o Pessoal, com uma
representatividade de 49%, seguidas das relativas a Bens e Serviços e Transferências
Correntes, com 17,1% e 15,9%, respectivamente.
No Quadro n.º VI.5, apresenta-se uma amostra das entidades, de Âmbito Central, que
beneficiaram dos fundos do Sector 6518 – EGE – Outras Despesas Correntes. Estes dados
foram apurados durante a auditoria à DNCP, relativa à CGE de 2010.
Quadro n.º VI.5 – Amostra das Entidades
Beneficiárias dos Fundos do Sector 6518 – EGE
(Em mil Meticais)
CED Designação Valor
6518 Outras Despesas Correntes 939.382
1 Confederação das Associações Económicas (CTA) 15.000
Gabinete Técnico de Apoio aos Agentes Económicos e
2 Organizações Sociais 11.401

3 Gabinete do Plano de Desenvolvimento da Região do Zambeze 24.562


4 Electro Muebasse 1.094
Fundos destinados ao reembolso do IVA, IRPS e IRPC (DGI)
5 887.325

Total - Sector 6518 - Outras Despesas Correntes-Central 1.785.708


Representatividade (%) 52,6
Fonte: Relatório de auditoria à DNCP e Mapa III-5 da CGE de 2010

No exercício económico cuja execução do orçamento é objecto do presente relatório,


constata-se que foi registado, no Sector 6518 - Outras Despesas Correntes, o valor de

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939.382 mil Meticais, que representa 52,6% do montante executado a Nível Central
(1.785.708 mil Meticais), destinados ao pagamento das seguintes despesas:
a) 15.000 mil Meticais concedidos à Confederação das Associações Económicas
(CTA), no âmbito do contrato programa válido por um período de (3) três anos, com
início a 1 de Março de 2009 e término a 29 de Fevereiro de 2012, com o objectivo de
promover o desenvolvimento das actividades económicas de Moçambique, em
particular dos seus associados, nos domínios técnicos, económicos, associativo e
cultural;
b) 11.401 mil Meticais atribuídos ao Gabinete Técnico de Apoio aos Agentes
Económicos e Organizações Sociais, para custear as despesas de funcionamento do
mês de Novembro, como compensação pelos danos sofridos pelos Agentes
Económicos e Organizações Sociais, em consequência das explosões do Paiol de
Malhazine, em 2007;
c) 24.562 mil Meticais, de indemnizações aos trabalhadores desvinculados, no âmbito
da decisão tomada pelo Governo, atinente à extinção do Gabinete do Plano do
Desenvolvimento da Região do Zambeze (GPZ), despesa que competia ao IGEPE
suportar, uma vez que é a entidade responsável pela gestão das empresas participadas
pelo Estado;
d) 1.094 mil Meticais pagos a título de indemnização à Electro Muebasse, no litígio com
a Direcção Provincial de Energia de Cabo Delgado, no âmbito do projecto de
electrificação da Vila de Mueda, nos termos do Acórdão n.º 166/2009, de 31 de
Dezembro de 2009, da 1.ª Secção do Tribunal Administrativo; e
e) 887.325 mil Meticais transferidos para a Direcção Geral dos Impostos, destinados ao
reembolso do IVA, IRPC e IRPS.

6.5.1 – Execução da Componente Funcionamento do Orçamento de Âmbito Central

O quadro e gráfico seguintes apresentam a evolução das despesas da Componente


Funcionamento, de Âmbito Central, nos últimos cinco anos.
Quadro n.º VI.6 – Evolução da Execução da Componente Funcionamento
de Âmbito Central
(Em mil Meticais)

Designação 2006 2007 2008 2009 2010

Despesas com o Pessoal 5.604.997 6.818.809 8.040.892 9.657.433 11.187.637


Crescimento anual (%) 21,7 17,9 20,1 15,8
Restantes Despesas 8.563.217 10.400.270 11.209.107 13.050.606 20.858.575
Crescimento anual (%) 21,5 7,8 16,4 59,8
Total 14.168.214 17.219.079 19.249.999 22.708.039 32.046.212
Cresc. do Período (%) 21,5 35,9 60,3 126,2
Fonte: Mapa III da CGE (2006-2010)

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010
Novembro de 2011

Gráfico n.º VI.2 – Evolução da Execução da Componente Funcionamento de Âmbito


Central
35.000.000

30.000.000

25.000.000
Em mil Meticais

20.858.575
20.000.000
Restantes Despesas
13.050.606
15.000.000 Despesas com o Pessoal
11.209.107
10.400.270
10.000.000 8.563.217

5.000.000 11.187.637
9.657.433
6.818.809 8.040.892
5.604.997
0
2006 2007 2008 2009 2010

Fonte: Mapa III da CGE (2006-2010)

De forma global, o crescimento acumulado desta componente, no quinquénio 2006-2010,


situou-se em 126,2%, sendo de 21,5%, em 2007, 35,9%, em 2008 e 60,3%, em 2009. Em
termos mais desagregados é de notar que em 2010, e face a 2006, as Despesas com o Pessoal
registaram um crescimento acumulado de 99,6%, tendo as restantes crescido 143,6%.
A variação anual das Despesas com o Pessoal foi, em 2010, de 15,8% e a das restantes foi de
59,8%.
No Quadro n.º VI.7, apresenta-se a execução de uma amostra de 46,1% das despesas de
funcionamento de organismos de Âmbito Central, seleccionada com base no volume do
orçamento alocado a cada entidade.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO VI-9


RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010
Novembro de 2011

Quadro n.º VI.7 – Execução das Despesas de Funcionamento – Âmbito Central

Peso Var. (%) Peso Var.(%) Peso Var. (%) Peso Var. (%) Peso Var. %
CED Designação 2006 2007 2008 2009 2010
(%) 07/06 (%) 08/07 (%) 09/08 (%) 10/09 (%) 10/06

01 01 Presidência da República 411.168 2,9 554.989 35,0 3,2 747.827 34,7 3,9 698.447 -6,6 3,1 1.029.385 47,4 3,2 150,4

01 05 Casa Militar 160.900 1,1 213.969 33,0 1,2 300.901 40,6 1,6 395.381 31,4 1,7 423.633 7,1 1,3 163,3
Gabinete do Primeiro
03 01 54.057 0,4 50.506 -6,6 0,3 63.960 26,6 0,3 76.555 19,7 0,3 105.234 37,5 0,3 94,7
Ministro

05 01 Assembleia da República 314.232 2,2 375.700 19,6 2,2 455.261 21,2 2,4 493.011 8,3 2,2 602.238 22,2 1,9 91,7

11 01 Tribunal Administrativo 100.578 0,7 115.395 14,7 0,7 111.343 -3,5 0,6 150.889 35,5 0,7 185.422 22,9 0,6 84,4

Ministério da Defesa
15 01 201.245 1,4 287.876 43,0 1,7 312.660 8,6 1,6 364.033 16,4 1,6 388.234 6,6 1,2 92,9
Nacional

Forças Armadas de Defesa


15 02 1.036.184 7,3 1.360.089 31,3 7,9 1.566.786 15,2 8,1 1.829.995 16,8 8,1 2.108.286 15,2 6,6 103,5
de Moçambique

17 01 Ministério do Interior 1.859.548 13,1 2.039.507 9,7 11,8 2.441.146 19,7 12,7 2.678.804 9,7 11,8 2.808.148 4,8 8,8 51,0

Serviço de Informações e
19 01 414.175 2,9 421.869 1,9 2,5 485.683 15,1 2,5 662.263 36,4 2,9 748.876 13,1 2,3 80,8
Segurança do Estado

Embaixadas e Outras
21 03 Representações 640.489 4,5 744.239 16,2 4,3 755.812 1,6 3,9 753.401 -0,3 3,3 931.469 23,6 2,9 45,4
Diplomáticas

Ministério da Planificação e
26 01 60.659 0,4 89.997 48,4 0,5 99.851 10,9 0,5 162.764 63,0 0,7 144.839 -11,0 0,5 138,8
Desenvolvimento

27 01 Ministério das Finanças 160.797 1,1 157.648 -2,0 0,9 167.265 6,1 0,9 178.552 6,7 0,8 205.571 15,1 0,6 27,8

Autoridade Tributária de
2710 203.082 1,4 811.015 299,4 4,7 1.353.342 66,9 7,0 1.333.454 -1,5 5,9 1.706.292 28,0 5,3 740,2
Moçambique

50 01 Ministério da Educação 331.006 2,3 423.415 27,9 2,5 494.838 16,9 2,6 522.168 5,5 2,3 433.815 -16,9 1,4 31,1

Universidade Eduardo
50 61 565.604 4,0 586.984 3,8 3,4 739.832 26,0 3,8 820.229 10,9 3,6 1.023.915 24,8 3,2 81,0
Mondlane

50 62 Universidade Pedagógica 127.566 0,9 148.847 16,7 0,9 160.918 8,1 0,8 223.482 38,9 1,0 253.484 13,4 0,8 98,7

58 01 Ministério da Saúde 865.932 6,1 912.638 5,4 5,3 1.003.645 10,0 5,2 939.275 -6,4 4,1 1.177.833 25,4 3,7 36,0

582711 Hospital Central de Maputo 236.557 1,7 308.478 30,4 1,8 421.369 36,6 2,2 442.160 4,9 1,9 483.508 9,4 1,5 104,4

Amostra 7.743.777 54,7 9.603.160 24,0 55,8 ######## 21,7 60,7 ######## 8,9 56,0 14.762.195 16,0 46,1 90,6
Total 14.168.214 100 ######## 21,5 100 ######## 11,8 100 ######## 18,0 100,0 32.046.212 41,1 100,0 126,2
% da Amostra 54,7 55,8 60,7 56,0 46,1
Fonte: CGE (2006-2010)-Mapa VI

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO VI-10


RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010
Novembro de 2011

Como se mostra no Quadro n.º VI.7, destacam-se, em 2010, pela sua representatividade no
total das despesas de Funcionamento, o Ministério do Interior, com 8,8%, e as Forças
Armadas de Defesa de Moçambique, com 6,6%. As outras instituições apresentam uma
percentagem inferior a 6%.
Quanto à variação das despesas, relativamente ao ano anterior, destaca-se o crescimento das
da Presidência da República, em 47,4% (de 698.447 mil Meticais, em 2009, para 1.029.385
mil Meticais, em 2010), do Gabinete do Primeiro Ministro, em 37,5% (de 76.555 mil
Meticais, em 2009, para 105.234 mil Meticais, em 2010), da Autoridade Tributária em 28%
(de 1.333.454 mil Meticais, em 2009, para 1.706.292 mil Meticais, em 2010), do Ministério
da Saúde, em 25,4% (de 939.275 mil Meticais, em 2009, para 1.177.833 mil Meticais, em
2010) e da Universidade Eduardo Mondlane, em 24,8% (de 820.229 mil Meticais, em 2009,
para 1.023. 915 mil Meticais, em 2010).
Por outro lado, verifica-se uma queda no valor da execução dos Ministérios da Planificação e
Desenvolvimento e da Educação em 11% (de 126.764 mil Meticais, em 2009, para 144.839
mil Meticais, em 2010) e 16,9% (de 522.168 mil Meticais, em 2009, para 433.815 mil
Meticais, em 2010), respectivamente.
Conforme já atrás se disse, no quinquénio 2006-2010 e em termos globais, as despesas
cresceram 126,2%, e nas instituições da amostra, a taxa situou-se em 90,6%, assumindo
especial relevo os incrementos verificados na Autoridade Tributária de Moçambique
(740,2%), Casa Militar (163,3%), Presidência da República (150,4%), Ministério da
Planificação e Desenvolvimento (138,8%), Hospital Central de Maputo (104,4%) e Forças
Armadas de Defesa de Moçambique (103,5%).
No Mapa III-5-1 da CGE, constata-se que 11 instituições, do nível central, registaram taxas
de execução dos seus orçamentos, na Componente Funcionamento, muito baixas, situadas
entre 15,8% e 60,4%, conforme se evidencia no quadro seguinte.
Quadro n.º VI.8 – Instituições com Baixa Taxa de Execução-Âmbito Central
(Em mil Meticais)
Dotação
Código Designação Execução %
Orçamental
Serviços Sociais da Polícia da República de Moçambique
1781 26.310 11.671 44,4
2781 Instituto de Gestão das Participações do Estado 85.463 43.785 51,2
2786 Inspecção Geral de Seguros 27.150 12.994 47,9
3593 Fundo de Desenvolvimento Agrário 290.992 45.971 15,8
3784 Instituto Nacional de Inspecção do Pescado 29.498 17.818 60,4
3981 Fundo de Fomento Mineiro 86.710 23.719 27,4
4081 Fundo de Energia 310.593 120.262 38,7
4382 Instituto Nacional de Turismo 86.193 19.345 22,4
4584 Instituto Nacional de Hidrografia e Navegação 53.536 17.822 33,3
4764 Conselho de Regulação de Abastecimento de Água 19.152 3.417 17,8
Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de
5064 Moçambique 9.668 3.011 31,1
Sub-Total 1.025.264 319.815 31,2
Fonte: Mapa III-5-1 da CGE 2010

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-11
Novembro de 2011

6.5.2 – Execução da Componente Funcionamento do Orçamento de Âmbito Provincial

No que respeita às despesas da Componente Funcionamento de Âmbito Provincial, segundo


a classificação económica, consta, do Quadro n.º VI.9, a comparação entre os valores da
dotação actualizada e a respectiva execução.
Quadro n.º VI.9 – Execução da Componente Funcionamento de Âmbito Provincial
(Em mil Meticais)
Execução
Dotação
CED Designação Peso
Orçamental Valor %
(%)
1 Despesas Correntes 22.114.428 21.773.310 98,5 100,0
11 Despesas com o Pessoal 14.199.124 14.079.117 99,2 64,6
12 Bens e Serviços 2.829.074 2.700.262 95,4 12,4
14 Transferências Correntes 4.914.602 4.823.260 98,1 22,1
16 Outras Despesas Correntes 166.598 165.643 99,4 0,8
17 Exercícios Findos 5.030 5.027 99,9 0,0
2 Despesas de Capital 21.429 6.807 31,8 0,0
21 Bens de Capital 21.429 6.807 31,8 0,0
Total 22.135.857 21.780.117 98,4 100,0
Fonte: Mapa III da CGE de 2010

De uma dotação (actualizada) de Despesas de Funcionamento de 22.135.857 mil Meticais,


foram executados 21.780.117 mil Meticais, o equivalente a 98,4%. Neste âmbito, as
Despesas Correntes tiveram uma realização de 98,5% e as de Capital, de 31,8%.
Verifica-se, ainda, do mesmo quadro, que 64,6% dos recursos foram consumidos em
Despesas com o Pessoal, 22,1%, em Transferências Correntes, 12,4%, em Bens e Serviços,
não tendo as restantes verbas, no seu conjunto, atingido 1%.

6.5.3 – Execução da Componente Funcionamento do Orçamento de Âmbito Distrital

O Quadro n.º VI.10, a seguir, apresenta a execução do orçamento de Âmbito Distrital, na


Componente Funcionamento, segundo a classificação económica.
O total das despesas dos 128 distritos foi de 4.820.890 mil Meticais, representando 8,1% do
total executado na Componente Funcionamento do OE de 2010 (59.356.348 mil Meticais).
Quadro n.º VI.10 – Execução da Componente Funcionamento do Orçamento de Âmbito
Distrital
(Em mil Meticais)
Execução
Dotação
CED Designação Peso
Orçamental Valor %
(%)
1 Despesas Correntes 4.851.393 4.811.863 99,2 99,8
11 Despesas com o Pessoal 3.848.872 3.839.438 99,8 79,6
12 Bens e Serviços 954.908 935.816 98,0 19,4
14 Transferências Correntes 44.070 33.066 75,0 0,7
16 Outras Despesas Correntes 3.544 3.544 100,0 0,1
17 Exercícios Findos 0 0 0,0 0,0
2 Despesas de Capital 9.405 9.027 96,0 0,2
21 Bens de Capital 9.405 9.027 96,0 0,2
Total 4.860.798 4.820.890 99,2 100,0
Fonte: Mapa III da CGE de 2010

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-12
Novembro de 2011

Verifica-se que a taxa de execução das Despesas de Funcionamento de Âmbito Distrital foi
de 99,2%, sendo que as Correntes registaram igual grau de execução (99,2%) e as de Capital,
96%.
A maior expressão, em termos de peso, corresponde às Despesas com o Pessoal e a Bens e
Serviços, que representam 79,6% e 19,4%, respectivamente, da despesa total.

6.5.4 – Fundo de Compensação Autárquica

De acordo com o disposto no artigo 45, conjugado com o n.º 1 do artigo 46, ambos da Lei n.º
9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado, a
Conta Geral do Estado tem por objecto evidenciar a execução orçamental e financeira, bem
como apresentar o resultado do exercício e a avaliação do desempenho dos órgãos do Estado,
devendo, assim, ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a
sua análise económica e financeira.
Como se pode observar do Quadro n.º VI.11, a dotação orçamental do Fundo de
Compensação Autárquica fixada pela Lei n.º 2/2010, de 27 de Abril, na Componente
Funcionamento, foi de 709.668 mil Meticais.
A execução foi de 704.427 mil Meticais, que representa 99,9% do valor da dotação final
alocada. No geral, a execução dos municípios situou-se em 100%, à excepção dos de
Mocímboa da Praia e de Gorongosa, com 98,4% e 93,5%, respectivamente.
Relativamente ao peso da execução de cada município, no total da despesa do Fundo, são de
destacar os da Cidade de Maputo, da Beira, da Matola e de Nampula, com 19,5%, 9,8%,
9,5% e 7,1%, respectivamente.

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-13
Novembro de 2011

Quadro n.º VI.11 – Execução do Fundo de Compensação Autárquica


(Em mil Meticais)
Dotação Orçamental Execução
PROVÍNCIA Código Autarquias Lei n.º Peso
CGE Valor %
2/2010 (%)
900110 Lichinga 16.389 16.389 16.389 100,0 2,3
900120 Cuamba 10.131 10.131 10.131 100,0 1,4
NIASSA
900130 Metangula 3.224 3.224 3.224 100,0 0,5
900140 Marrupa 5.957 5.957 5.957 100,0 0,8
Sub-total 35.701 35.701 35.701 100,0 5,1
900210 Pemba 14.621 14.621 14.621 100,0 2,1
CABO 900220 Montepuez 8.440 8.440 8.440 100,0 1,2
DELGADO 900230 Mocímboa da Praia 6.692 6.692 6.582 98,4 0,9
900240 Mueda 4.593 4.593 4.593 100,0 0,7
Sub-total 34.346 34.346 34.236 99,7 4,9
900310 Nampula 49.727 49.727 49.727 100,0 7,1
900320 Angoche 11.845 11.845 11.845 100,0 1,7
900330 Ilha de Moçambique 8.019 8.019 8.019 100,0 1,1
NAMPULA
900340 Nacala 26.051 26.051 26.051 100,0 3,7
900350 Monapo 6.811 6.811 6.811 100,0 1,0
900360 Ribáuè 8.984 8.984 8.984 100,0 1,3
Sub-total 111.437 111.437 111.437 100,0 15,8
900410 Quelimane 23.182 23.182 23.182 100,0 3,3
900420 Gúruè 11.246 11.246 11.246 100,0 1,6
ZAMBÉZIA 900430 Mocuba 9.245 9.245 9.245 100,0 1,3
900440 Milange 6.047 6.047 6.047 100,0 0,9
900450 Alto Molócuè 5.437 5.437 5.437 100,0 0,8
Sub-total 55.157 55.157 55.157 100,0 7,8
900510 Tete 19.267 19.267 19.267 100,0 2,7
TETE 900520 Moatize 4.532 4.532 4.532 100,0 0,6
900530 Ulónguè 3.169 3.169 3.169 100,0 0,4
Sub-total 26.968 26.968 26.968 100,0 3,8
900610 Chimoio 26.787 26.787 26.787 100,0 3,8
900620 Manica 6.404 6.404 6.404 100,0 0,9
MANICA
900630 Catandica 3.242 3.242 3.242 100,0 0,5
900640 Gondola 5.218 5.218 5.218 100,0 0,7
Sub-total 41.651 41.651 41.651 100,0 5,9
900710 Beira 69.349 69.349 69.349 100,0 9,8
900720 Dondo 12.767 12.767 12.767 100,0 1,8
SOFALA
900730 Marromeu 4.275 4.275 4.275 100,0 0,6
900740 Gorongosa 6.483 6.483 6.059 93,5 0,9
Sub-total 92.874 92.874 92.450 99,5 13,1
900810 Inhambane 17.085 17.085 17.085 100,0 2,4
900820 Maxixe 17.091 17.091 17.091 100,0 2,4
INHAMBANE
900830 Vilanculo 7.035 7.035 7.035 100,0 1,0
900840 Massinga 4.392 4.392 4.392 100,0 0,6
Sub-total 45.603 45.603 45.603 100,0 6,5
900910 Xai-Xai 18.795 18.795 18.795 100,0 2,7
900920 Chibuto 11.231 11.231 11.231 100,0 1,6
GAZA 900930 Chókwè 8.038 3.331 3.331 100,0 0,5
900940 Mandlacaze 3.331 3.331 3.331 100,0 0,5
900950 Macia 5.282 5.282 5.282 100,0 0,7
Sub-total 46.677 41.970 41.970 100,0 6,0
901010 Matola 66.739 66.739 66.739 100,0 9,5
901020 Manhiça 8.713 8.713 8.713 100,0 1,2
MAPUTO
901030 Namaacha 6.635 6.635 6.635 100,0 0,9
Sub-total 82.087 82.087 82.087 100,0 11,7
CIDADE DE
901110 Maputo 137.167 137.167 137.167 100,0 19,5
MAPUTO

Total 709.668 704.961 704.427 99,9 100,0


Fonte: Mapa L da Lei n.º 2/2010, de 27 de Abril, e Mapa IX-1 a IX-11 da CGE de 2010

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-14
Novembro de 2011

6.5.5 – Concessão de Subsídios

Nos termos da alínea d) do n.º 2 do artigo 14 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente
ao regime relativo à organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal
Administrativo, compete a este Tribunal, no âmbito do Relatório e Parecer sobre a Conta
Geral do Estado, apreciar, entre outras matérias, “as subvenções, subsídios, benefícios
fiscais, créditos e outras formas de apoio concedidos, directa ou indirectamente”.
Para cumprir o desiderato acima indicado, apresenta-se, a seguir, a evolução da execução dos
subsídios.
Quadro n.º VI.12 – Evolução da Execução dos Subsídios
( Em mil Meticais)
Var. Var. Var. Var. Peso
Subsídios 2006 2007 2008 2009 2010
(%) (%) (%) (%) (%)
Às Empresas: 244.406 267.341 9,4 289.032 8,1 304.885 5,5 350.621 15,0 68,4
Televisão de Moçambique 86.918 117.361 -25,9 124.215 42,9 116.974 5,8 134.521 15,0 26,3
Rádio Moçambique 123.000 139.380 -11,8 151.039 22,8 172.592 8,4 198.482 15,0 38,7
Hidráulica de Chókwè 10.000 10.600 -5,7 13.778 37,8 15.319 30,0 17.618 15,0 3,4
Carbomoc 24.488 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0,0
Aos Preços: 68.048 77.265 13,5 105.494 36,5 132.623 25,7 161.787 22,0 31,6
Transportes P. de Maputo 48.429 54.821 13,2 69.498 26,8 93.346 26,8 108.749 16,5 21,2
Transportes P. da Beira 19.619 22.444 14,4 35.996 60,4 39.277 60,4 53.038 35,0 10,4
Total 312.454 344.606 10,3 394.526 14,5 437.508 10,9 512.407 17,1 100,0

Crescimento da despesa face ao ano base (%) 10,3 26,3 40,0 64,0
Taxa de Inflação Anual 8,2 10,3 3,25 12,7
Crescimento da taxa de inflação no período 22,9 35,6 41,3 41,3
(%)
Fonte: Anexo Informativo 4 da CGE de 2009 e 2010
Taxa de inflação média acumulada entre 2006 e 2010: {(1,082*1,103*1,0325*1,127)-1}*100=38,9%

Verifica-se, neste quadro que, em matéria de subsídios e no ano em apreço, foram gastos
512.407 mil Meticais, tendo sido alocados 350.621 mil Meticais (68,4%) às empresas e
161.787 mil Meticais (31,6%), aos preços.
De uma forma global, os valores dos subsídios registaram um crescimento nominal anual de
10,3%, em 2007, 14,5%, em 2008, 10,9%, em 2009 e 17,1%, em 2010.
As taxas de crescimento dos subsídios estiveram sempre acima da inflação ocorrida em cada
ano, sinal de que, em termos reais, houve um efectivo crescimento da despesa neste domínio.
O crescimento nominal dos subsídios, no período em análise, foi de 64% e a inflação
acumulada de 38,9%.
Os subsídios às empresas e aos preços, em 2010, cresceram 15% e 22%, respectivamente.
Quanto aos subsídios pagos às empresas, em 2010, destacam-se, pelo seu peso, os
concedidos à Rádio Moçambique, E.P., com 38,7%, e à Televisão de Moçambique, E.P., com
26,3%. No que tange aos preços, a empresa Transportes Públicos de Maputo beneficiou de
21,2% e os Transportes Públicos da Beira, de 10,4%.
Da auditoria realizada à empresa Rádio Moçambique apurou-se que, para além dos 198.482
mil Meticais que lhe foram disponibilizados, sob a forma de subsídios, esta recebeu, ainda,
30.150 mil Meticais, no âmbito de projectos de investimento, perfazendo um total de 228.632
mil Meticais.

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-15
Novembro de 2011

Os 30.150 mil Meticais foram registados na CGE como execução do orçamento do Gabinete
de Informação (GABINFO), relativamente aos projectos “GPM02-02-GPM-2007- Grandes
Reparações de Emissores-RM” (7.650 mil Meticais) e “GPM02-02-GPM-2008- Conclusão
da Obra do Centro de Produção Padronizado de Xai-Xai” (22.500 mil meticais), quando
deveriam ter sido contabilizadas na verba “Transferências de Capital – Instituições
Autónomas”, por tratar-se de uma subvenção para a aquisição de Bens de Capital.
Relativamente a este assunto, em sede do contraditório, o Governo afirmou que “os 30.150
mil Meticais disponibilizados à Rádio Moçambique foram contabilizados como execução do
Gabinete de Informação, pelo facto de aquele valor destinar-se à realização de
investimentos da responsabilidade do Governo, como são os casos de grandes reparações de
emissores e construção do Centro Padronizado de Xai-Xai”.
O registo, no GABINFO, da execução dos fundos pela Rádio Moçambique, E.P., constitui
desvio de aplicação, nos termos do estabelecido no n.º 1 do artigo 78 do Título I do Manual
de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, aprovado pelo Diploma
Ministerial n.º 169/2007, de 31 de Dezembro, do Ministro das Finanças.
Ademais, incorreu-se em infracção financeira, nos termos do disposto na alínea b) do n.º 3 do
artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, a qual preceitua que constitui infracção
financeira a violação das normas sobre a elaboração e execução dos orçamentos, bem como
da assunção, autorização ou pagamento de despesas públicas ou compromissos.
O Tribunal Administrativo reitera que esta despesa, sendo da responsabilidade do Governo,
deveria ter sido registada no Sector 6518-EGE-Despesas de Capital, o qual se destina aos
pagamentos de construções, reabilitações, aquisição de maquinaria e equipamentos.

6.6 - Execução da Componente Investimento do Orçamento

No quadro a seguir, verifica-se que na Componente Investimento foram gastos 43.680.650


mil Meticais. Deste valor, 35.369.226 mil Meticais (81%) correspondem às despesas de
Âmbito Central, 6.049.659 mil Meticais (13,8%) às do Provincial, 1.919.919 mil Meticais
(4,4%) ao Distrital e 341.846 mil Meticais (0,8%) ao Autárquico.
Quadro n.º VI.13 – Distribuição das Despesas de Investimento por Tipo de
Financiamento
(Em mil Meticais)
Financiamento
Peso
Âmbito Peso Peso Total
Interno Externo (%)
(%) (%)
Central 14.633.585 73,0 20.735.641 87,7 35.369.226 81,0
Provincial 3.306.719 16,5 2.742.939 11,6 6.049.659 13,8
Distrital 1.750.174 8,7 169.746 0,7 1.919.919 4,4
Autárquico 341.846 1,7 0 0,0 341.846 0,8
Total 20.032.324 100,0 23.648.326 100,0 43.680.650 100,0
Fonte: Mapas IV-1,2,4,5,6,7 da CGE de 2010

Do quadro acima, pode-se observar que da execução das despesas por tipo de financiamento,
23.648.326 mil Meticais (54,1%) correspondem ao financiamento externo, dos quais
20.735.641 mil Meticais foram gastos no Âmbito Central e o remanescente, no provincial e
distrital, não tendo, o nível autárquico, beneficiado deste tipo de financiamento.

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Quanto ao financiamento interno, 14.633.585 mil Meticais do total de 20.032.324 mil


Meticais foi para o nível Central e o remanescente (5.398.739 mil Meticais) para o
Provincial, Distrital e Autárquico.
De seguida, é analisada a evolução das Despesas de Investimento financiadas com fundos
internos e externos, no quinquénio.

Quadro n.º VI.14 - Evolução das Despesas de Investimento no Quinquénio


(Em milhões de Meticais)
2006 2007 2008 2009 2010 Var.
Financiame nto Pe so Pe so Pe so Pe so Pe so (%)
Valor Valor Valor Valor Valor 10/06
(%) (%) (%) (%) (%)
Inte rno 6.542 34,4 9.236 37,5 11.296 39,9 13.431 38,0 20.032 45,9 206,2
Exte rno 12.459 65,6 15.425 62,5 17.040 60,1 21.905 62,0 23.648 54,1 89,8
Donativos 7.623 40,1 11.632 47,2 13.402 47,3 15.924 45,1 15.810 36,2 107,4
Empréstimos 4.836 25,5 3.793 15,4 3.638 12,8 5.980 16,9 7.838 17,9 62,1
Total 19.001 100,0 24.661 100,0 28.336 100,0 35.336 100,0 43.681 100,0 129,9
Crescimento Anual da Despesa
T otal (%) 29,8 14,9 24,7 23,6
Crescimento Anual das
Despesas Financiadas com
Empréstimos Externos (%) -21,6 -4,1 64,4 31,1
Fonte : CGE (2006-2010)

As Despesas de Investimento cresceram 129,9%, no quinquénio, tendo a comparticipação do


financiamento interno crescido 206,2% e a do externo 89,8%.
Verifica-se, ainda, que o investimento, no quinquénio, variou positivamente de 35.336
milhões de Meticais, de 2009, para 43.681 milhões de Meticais, em 2010, o que representa
um crescimento de 23,6%.
Do quadro acima, verifica-se que a representatividade dos donativos, por sua vez, conheceu
um crescimento até 2008, começando a decair, a partir daí, acusando, face aos respectivos
anos anteriores, quebras da ordem dos 2,2 pontos percentuais, em 2009 e de 8,9 pontos
percentuais, em 2010.
Ainda do Quadro n.º VI.14, nota-se que o peso dos empréstimos externos, depois de ter
registado diminuições sucessivas, até ao exercício de 2008, começou a ganhar expressividade
a partir desse ano, aumentando o seu peso, face aos respectivos anos anteriores, em 4,1
pontos percentuais em 2009 e 1 ponto percentual em 2010.

6.6.1 – Execução da Componente Investimento, Segundo a Classificação Económica

Os dados relativos à execução da Componente Investimento do Orçamento, tanto do


financiamento interno como do externo, referentes ao ano de 2010, são ilustrados no Quadro
n.º VI.15. Em termos globais, a taxa de execução das despesas financiadas com fundos
internos foi de 92,6% e de 68,1% a das financiadas com os externos.
Por sua vez, a execução das Despesas Correntes com fundos internos, foi de 95,4%, enquanto
a das Despesas de Capital situou-se em 91,8%.

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Quadro n.º VI.15 – Despesas de Investimento - Âmbito Central


Financiamento Interno e Externo
(Em mil Meticais)
Financiame nto Inte rno Financiame nto Exte rno Total
CED De signação Dotação Dotação Dotação Pe so
Exe cução % Exe cução % Exe cução %
Final Final Final (%)
1 De spe sas C orre nte s
3.780.640 3.608.584 95,4 12.980.467 9.343.526 72,0 16.761.106 12.952.111 77,3 36,6
Despesas com o 1.238.505 1.218.003 98,3 1.163.056 754.241 64,8 2.401.561 1.972.243 82,1 5,6
11 Pessoal
12 Bens e Serviços 2.384.487 2.322.291 97,4 11.670.582 8.479.911 72,7 14.055.069 10.802.202 76,9 30,5
T ransferências
157.647 68.291 43,3 146.829 109.374 74,5 304.476 177.665 58,4 0,5
14 Correntes
2 De spe sas de C apital 12.015.929 11.025.001 91,8 17.462.759 11.392.115 65,2 29.478.688 22.417.116 76,0 63,4
21 Bens de Capital 10.416.037 9.432.973 90,6 17.238.380 11.287.568 65,5 27.654.417 20.720.541 74,9 58,6
T ransferências de
1.595.533 1.587.670 99,5 191.659 96.483 50,3 1.787.193 1.684.153 94,2 4,8
22 Capital
Outras Despesas de
4.359 4.359 100 32.720 8.064 24,6 37.079 12.422 33,5 0,0
23 Capital
Total 15.796.569 14.633.585 92,6 30.443.226 20.735.641 68,1 46.239.795 35.369.226 76,5 100
Fonte : Mapa IV-1 da CGE 2010

Por outro lado, do total executado de 20.735.641 mil Meticais das Despesas de Investimento,
com os fundos externos, as Despesas Correntes registaram uma taxa de 72% e as de Capital,
65,2%.
Pela sua representatividade, conforme se alcança do citado Quadro n.º VI.15, são de destacar
as despesas em Bens de Capital (58,6%) e em Bens e Serviços (30,5%).

6.6.2 – Execução das Despesas de Investimento, Segundo a Classificação Orgânica -


Âmbito Central

No Quadro n.º VI.16, mais adiante, é apresentada a evolução das Despesas de Investimento
de Âmbito Central, no período 2007-2010, com base numa amostra cuja representatividade
foi de 83,1%, em 2007, 82,5%, em 2008, 71,7%, em 2009 e 72,9%, em 2010.
O crescimento das despesas das instituições indicadas no quadro foi de 47,6% no quadriénio
(tomando como base 2007), sendo de 6,4%, em 2008, 7%, em 2009 e 29,7%, em 2010.
Das instituições que registaram níveis de crescimento mais elevados, no período 2007-2010,
destacam-se o Ministério das Obras Públicas e Habitação, com 342,9% e o Fundo de
Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG), com 229,5%.
Em 2010, o Ministério das Obras Públicas e Habitação (141,2%) e o Fundo de Estradas (com
69,6%), registaram o crescimento anual mais significativo.
Em contrapartida, o Conselho Nacional de Combate ao HIV/SIDA, os Ministérios da Energia
e da Saúde e a Administração Regional das Águas do Sul executaram, em 2010, valores
inferiores aos do ano anterior.
Em termos de peso, verifica-se que, em 2010, ao Fundo de Estradas corresponde 26% do
total, ao Ministério da Educação e Cultura, 12,3%, ao Ministério da Saúde, 7,5% e o

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Ministério das Obras Públicas e Habitação, 7,2%. As outras entidades que integram a
amostra, apresentam um peso igual ou inferior a 6,1%.
Nota-se que a participação do Fundo de Estradas, no investimento total anual, diminuíu de
2007 a 2008, mudando essa tendência em 2010, ano em que o seu peso subiu de 19,6%
(registado em 2009), para 26%. O Ministério da Administração Estatal, depois de ter atingido
uma representatividade, em 2007 e 2008, de 1,5% e 3,3%, respectivamente, baixou, 1,3%,
em 2009 e 1,2%, em 2010. O peso do Ministério da Saúde passou de 17,7%, em 2007, para
12,3%, em 2009 e 7,5%, em 2010.

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Quadro n.º VI.16 – Execução das Despesas de Investimento Segundo a Classificação Orgânica – Âmbito Central
(Em mil Meticais)
2007 2008 2009 2010
Var. Var. Var.
Financiamento Peso Financiamento Peso Financiamento Peso Financiamento Peso Var. (%)
CED Instituições (%) (%) (%)
(%) (%) (%) (%) 10/07
Interno Externo Total Interno Externo Total 08/07 Interno Externo Total 09/08 Interno Externo Total 10/09

25 01 Ministério da Administração 29.676 286.434 316.110 1,5 93.965 644.535 738.500 133,6 3,3 124.262 227.687 351.949 -52,3 1,3 206.047,6 226.340,7 432.388 22,9 1,2 36,8
Estatal
2601 Ministério da Planificação e 54.679 467.768 522.447 2,5 61.050 318.495 379.546 -27,4 1,7 57.279 351.151 408.430 7,6 1,5 38.096,9 380.182,0 418.279 2,4 1,2 -19,9
Desenvolvimento
2704 Unidade Técnica da Reforma 110.054 408.111 518.166 2,5 57.858 261.456 319.315 -38,4 1,4 148.318 189.924 338.242 5,9 1,2 312.147,9 109.794,7 421.943 24,7 1,2 -18,6
da Administração Financeira
do Estado
3501 Ministério da Agricultura 29.161 786.335 815.497 3,9 228.524 729.056 957.580 17,4 4,3 482.785 328.338 811.123 -15,3 2,9 649.114,1 412.654,6 1.061.769 30,9 3,0 30,2
4001 Ministério da Energia 247.166 179.936 427.102 2,0 693.212 426.969 1.120.181 162,3 5,0 445.779 484.911 930.690 -16,9 3,4 382.314,5 211.336,9 593.651 -36,2 1,7 39,0
4701 Ministério das Obras Públicas 288.021 286.372 574.394 2,7 241.812 854.777 1.096.589 90,9 4,9 212.536 842.361 1.054.897 -3,8 3,8 513.132,2 2.030.924,6 2.544.057 141,2 7,2 342,9
e Habitação
4751 Fundo de Estradas 2.576.452 2.556.696 5.133.149 24,4 3.242.483 1.744.754 4.987.236 -2,8 22,1 2.574.309 2.851.024 5.425.333 8,8 19,6 4.875.006,3 4.326.230,3 9.201.237 69,6 26,0 79,3
47 56 Administração Regional de 196.359 235.913 432.272 2,1 134.563 86.789 221.352 -48,8 1,0 120.357 101.841 222.198 0,4 0,8 115.983,4 41.406,6 157.390 -29,2 0,4 -63,6
Águas do Sul
4763 Fundo de Investimento e 115.946 541.986 657.932 3,1 87.339 1.220.527 1.307.866 98,8 5,8 104.740 1.484.421 1.589.161 21,5 5,7 175.744,3 1.992.456,9 2.168.201 36,4 6,1 229,5
Património do Abastecimento
de Água
5001 Ministério da Educação e 162.640 2.370.848 2.533.488 12,1 150.568 3.157.827 3.308.395 30,6 14,7 180.124 3.326.293 3.506.417 6,0 12,6 684.474,8 3.657.981,4 4.342.456 23,8 12,3 71,4
Cultura
5801 Ministério da Saúde 90.560 3.624.055 3.714.616 17,7 68.836 2.520.447 2.589.284 -30,3 11,5 81.558 3.342.469 3.424.027 32,2 12,3 84.558,9 2.558.217,3 2.642.776 -22,8 7,5 -28,9
58 03 Conselho Nacional de 62.998 429.146 492.144 2,3 53.323 447.375 500.698 1,7 2,2 56.062 261.879 317.941 -36,5 1,1 62.872,4 192.072,9 254.945 -19,8 0,7 -48,2
Combate ao HIV/SIDA
6519 Encargos Gerais do Estado 1.322.450 0 1.322.450 6,3 1.045.588 0 1.045.588 -20,9 4,6 1.489.303 0 1.489.303 42,4 5,4 1.540.045,4 0,0 1.540.045 3,4 4,4 16,5
Amostra 5.286.165 12.173.602 17.459.766 83,1 6.159.122 12.413.008 18.572.129 6,4 82,5 6.077.411 13.792.299 19.869.710 7,0 71,7 9.639.539 16.139.599 25.779.137 29,7 72,9 47,6
Total Investimento/Central 7.140.351 13.869.297 21.009.648 100 8.169.088 14.349.596 22.518.684 7,2 100 8.674.319 19.054.341 27.728.660 23,1 100 14.633.585 20.735.641 35.369.226 27,6 100 68,3
Fonte: CGE de 2007-2010 - Mapa IV - 5

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-20
Novembro de 2011

6.6.3 - Execução da Componente Investimento, Segundo a Classificação Económica –


Âmbito Provincial

Apresenta-se, no quadro a seguir, a execução das Despesas da Componente Investimento de


Âmbito Provincial.
Quadro n.º VI.17 – Execução das Despesas de Investimento – Âmbito Provincial
(Em mil Meticais)
Financiame nto Inte rno Financiame nto Exte rno Total
C ED De signação Dotação Dotação Dotação Pe so
Exe cução % Exe cução % Exe cução %
Final Final Final (%)
1 De spe sas Corre nte s 854.586 853.699 99,9 2.542.743 1.878.365 73,9 3.397.329 2.732.064 80,4 45,2
11 Despesas com o Pessoal 615.619 615.614 100,0 819.940 673.602 82,2 1.435.559 1.289.216 89,8 21,3
12 Bens e Serviços 224.847 223.964 99,6 1.496.135 1.012.981 67,7 1.720.982 1.236.945 71,9 20,4
14 T ransferências Correntes 14.120 14.120 100,0 226.668 191.782 84,6 240.789 205.902 85,5 3,4
2 De spe sas de Capital 2.462.932 2.453.020 99,6 1.718.673 864.574 50,3 4.181.605 3.317.594 79,3 54,8
21 Bens de Capital 2.436.456 2.426.544 99,6 1.712.975 861.463 50,3 4.149.431 3.288.007 79,2 54,4
22 T ransferências de Capital 11.788 11.788 100,0 950 54 5,7 12.738 11.842 93,0 0,2
23 Outras Despesas de Capital 14.688 14.688 100,0 4.748 3.057 64,4 19.436 17.745 91,3 0,3
Total 3.317.518 3.306.719 99,7 4.261.416 2.742.939 64,4 7.578.934 6.049.658 79,8 100,0
Fonte : Mapa IV-2 da CGE 2010

Em termos globais, a execução das Despesas de Investimento financiadas com fundos


internos foi de 3.306.719 mil Meticais e as com fundos externos, de 2.742.939 mil Meticais,
representando 99,7% e 64,4% das respectivas dotações.
A execução das Despesas Correntes foi de 80,4% e as de Capital de 79,3%.
Quanto ao peso, 45,2% correspondem às Despesas Correntes e 54,8% às de Capital. Nas
Correntes, destacam-se as Despesas com o Pessoal, com 21,3%, seguidas de Bens e Serviços,
com 20,4%.

6.6.4 - Execução da Componente Investimento - Âmbito Distrital

O Quadro n.° VI.18 evidencia as Despesas da Componente Investimento de Âmbito Distrital,


focalizando os distritos com as taxas de execução abaixo de 50% nas despesas financiadas
com fundos externos.

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-21
Novembro de 2011

Quadro n.º VI.18 - Despesas de Investimento – Âmbito Distrital


(Em mil Meticais)

Financiamento
Total
Peso
Secretarias Distritais Interno Externo
(%)
Dotação Dotação
Execução % Execução % Dotação Final Execução %
Final Final
Mopeia 12.513 12.513 100 19.779 4.491 22,7 32.291 17.003 52,7 0,9
Morrumbala 14.743 14.743 100 38.178 4.751 12,4 52.921 19.494 36,8 1,0
Mutarara 12.871 12.871 100 43.970 6.396 14,5 56.841 19.267 33,9 1,0
Cheringoma 10.768 10.768 100 2.949 1.249 42,4 13.717 12.017 87,6 0,6
Marínguè 10.833 10.833 100 20.732 2.496 12,0 31.565 13.329 42,2 0,7
Homoíne 20.528 20.528 100 3.160 978 31,0 23.688 21.506 90,8 1,1
Jangamo 19.222 19.222 100 3.174 887 27,9 22.396 20.109 89,8 1,0
Inhassoro 14.463 14.463 100 1.782 782 43,9 16.245 15.245 93,8 0,8
Funhalouro 22.277 22.277 100 3.317 1.208 36,4 25.594 23.485 91,8 1,2
Mabote 15.636 15.636 100 3.219 1.176 36,5 18.854 16.812 89,2 0,9
Total de Amostra 153.854 153.854 100 140.259 24.414 17,4 294.113 178.267 60,6 9,3
Total Âmbito Distrital 1.759.223 1.750.174 99,5 309.818 169.745 54,8 2.069.041 1.919.919 92,8 100,0
Fonte: Mapa IV-07 da CGE 2010
A execução total destas Secretarias Distritais situou-se em 60,6%, com o financiamento
externo a registar 17,4% e o interno, 100%.

6.6.5. – Execução da Componente Investimento das Autarquias

No Quadro n.º VI.19, é apresentada a execução das Despesas de Investimento de Âmbito


Autárquico, com financiamento interno, que foi de 98,8%.
Quanto ao peso na execução, distinguem-se os municípios da Cidade de Maputo, com 14,8%,
da Beira, com 8,5%, da Matola, com 7,8%, e de Nampula, com 5,5%.

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-22
Novembro de 2011

Quadro n.º VI.19 - Execução da Componente Investimento das Autarquias


(Em mil Meticais)
Execução
Dotação
PROVÍNCIA Código Autarquias Peso
Final Valor %
(%)
900110 Lichinga 9.497 9.497 100 2,8
900120 Cuamba 5.482 5.482 100 1,6
NIASSA
900130 Metangula 2.149 2.149 100 0,6
900140 Marrupa 3.208 3.208 100 0,9
Sub-total 20.336 20.336 100 5,9
900210 Pemba 7.286 7.286 100 2,1
CABO 900220 Montepuez 4.355 4.355 100 1,3
DELGADO 900230 Mocímboa da Praia 2.974 2.974 100 0,9
900240 Mueda 3.062 3.062 100 0,9
Sub-total 17.676 17.676 100 5,2
900310 Nampula 18.867 18.867 100 5,5
900320 Angoche 7.488 7.488 100 2,2
900330 Ilha de Moçambique 4.074 4.074 100 1,2
NAMPULA
900340 Nacala 14.590 14.590 100 4,3
900350 Monapo 4.419 4.419 100 1,3
900360 Ribáuè 3.101 3.101 100 0,9
Sub-total 52.539 52.539 100 15,4
900410 Quelimane 11.377 11.377 100 3,3
900420 Gúruè 7.276 7.276 100 2,1
ZAMBÉZIA 900430 Mocuba 5.480 5.480 100 1,6
900440 Milange 2.753 2.753 100 0,8
900450 Alto Molócuè 2.989 2.989 100 0,9
Sub-total 29.875 29.875 100 8,7
900510 Tete 10.772 10.772 100 3,2
TETE 900520 Moatize 4.581 4.581 100 1,3
900530 Ulónguè 2.113 2.113 100 0,6
Sub-total 17.466 17.466 100 5,1
900610 Chimoio 11.688 11.688 100 3,4
900620 Manica 4.064 4.064 100 1,2
MANICA
900630 Catandica 1.737 1.737 100 0,5
900640 Gondola 3.479 3.479 100 1,0
Sub-total 20.968 20.968 100 6,1
900710 Beira 29.012 29.012 100 8,5
900720 Dondo 9.680 9.680 100 2,8
SOFALA
900730 Marromeu 3.082 3.082 100 0,9
900740 Gorongosa 3.604 3.604 100 1,1
Sub-total 45.379 45.379 100 13,3
900810 Inhambane 11.168 11.168 100 3,3
900820 Maxixe 8.538 8.538 100 2,5
INHAMBANE
900830 Vilanculo 3.373 3.373 100 1,0
900840 Massinga 2.635 2.635 100 0,8
Sub-total 25.713 25.713 100 7,5
900910 Xai-Xai 9.161 9.161 100 2,7
900920 Chibuto 4.992 4.992 100 1,5
GAZA 900930 Chókwè 4.950 4.950 100 1,4
900940 Mandlacaze 2.331 2.331 100 0,7
900950 Macia 3.438 3.438 100 1,0
Sub-total 24.871 24.871 100 7,3
901010 Matola 29.673 26.706 90 7,8
901020 Manhiça 7.080 6.372 90 1,9
MAPUTO
901030 Namaacha 3.787 3.409 90 1,0
Sub-total 40.541 36.487 90 10,7
CIDADE DE 901110 Maputo 50.536 50.536 100,0 14,8
MAPUTO
Total 345.900 341.846 98,8 100
Fonte: Mapa IV-8 da CGE de 2010

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-23
Novembro de 2011

6.7- Resultados das Auditorias

As auditorias realizadas nas instituições apresentadas no quadro que se segue,


corresponderam às acções de controlo previstas no Plano Anual das Actividades de 2010, da
3.ª Secção do Tribunal Administrativo, relativamente à análise da Conta Geral do Estado.
Quadro n.º VI.20 – Relação das Entidades Auditadas

Âmbito Central Âmbito Provincial Âmbito Distrital


Distrito da Ilha de Distrito de Bilene-
Província de Maputo
Ministério da Agricultura Distrito da Manhiça Distrito de Matutuíne Moçambique Macia
Direcção Provincial do Plano e Finanças Secretaria Distrital da Ilha de Secretaria Distrital de Bilene-
Secretaria Distrital da Manhiça Secretaria Distrital de Matutuíne
de Maputo Moçambique Macia

Serviço Distrital da Educação, Serviço Distrital da Educação, Serviço Distrital da Educação,


Direcção Provincial da Agricultura de Serviço Distrital da Educação,
Ministério do Turismo Juventude e Tecnologia de Juventude e Tecnologia da Ilha de Juventude e Tecnologia de
Maputo Juventude e Tecnologia da Manhiça
Matutuíne Moçambique Bilene-Macia

Serviço Distrital de
Ministério das Obras Direcção Provincial das Obras Públicas Serviço Distrital de Planeamento e Serviço Distrital de Planeamento Serviço Distrital de Planeamento e Infra-
Planeamento e Infra-
Públicas e Habitação e Habitação de Maputo Infra-Estruturas da Manhiça e Infra-Estruturas de Matutuíne Estruturas da Ilha de Moçambique
Estruturas de Bilene-Macia

Serviço Distrital das


Direcção Provincial da Saúde de Serviço Distrital das Actividades Serviço Distrital das Actividades Serviço Distrital das Actividades
Ministério das Pescas Actividades Económicas de
Maputo Económicas da Manhiça Económicas de Matutuíne Económicas da Ilha de Moçambique
Bilene-Macia
Serviço Distrital da Saúde, Serviço Distrital da Saúde,
Direcção Provincial da Indústria e Serviço Distrital da Saúde, Mulher e Serviço Distrital da Saúde, Mulher e
Ministério da Saúde Mulher e Acção Social de Mulher e Acção Social de
Comércio de Maputo Acção Social da Manhiça Acção Social da Ilha de Moçambique
Matutuíne Bilene-Macia
Direcção Provincial de Coordenação e
Ministério da Educação
Acção Ambiental de Maputo
Distrito de Boane Distrito da Moamba Distrito de Angoche Distrito de Chókwè
Instituto Nacional de Delegação Provincial de Viação de
Secretaria Distrital de Boane Secretaria Distrital da Moamba Secretaria Distrital de Angoche Secretaria Distrital de Chókwè
Estatística Maputo
Serviço Distrital da Educação, Serviço Distrital da Educação,
Instituto Nacional de Gabinete de Prevenção e Combate à Serviço Distrital da Educação, Serviço Distrital da Educação,
Juventude e Tecnologia da Juventude e Tecnologia de
Hidrografia e Navegação Droga de Maputo Juventude e Tecnologia de Boane Juventude e Tecnologia de Angoche
Moamba Chókwè
Serviço Distrital de
Instituto de Comunicação Conselho Municipal da Cidade da Serviço Distrital de Planeamento e Serviço Distrital de Planeamento Serviço Distrital de Planeamento e Infra-
Planeamento e Infra-
Social Matola Infra-Estruturas de Boane e Infra-Estruturas da Moamba Estruturas de Angoche
Estruturas de Chókwè
Serviço Distrital das
Instituto Nacional de Serviço Distrital das Actividades Serviço Distrital das Actividades Serviço Distrital das Actividades
Actividades Económicas de
Desminagem Económicas de Boane Económicas da Moamba Económicas de Angoche
Província de Nampula Chókwè
Serviço Distrital da Saúde, Serviço Distrital da Saúde,
Instituto do Algodão de Direcção Provincial do Plano e Finanças Serviço Distrital da Saúde, Mulher e Serviço Distrital da Saúde, Mulher e
Mulher e Acção Social da Mulher e Acção Social de
Moçambique de Nampula Acção Social de Boane Acção Social de Angoche
Moamba Chókwè
Direcção Provincial da Agricultura de
Instituto Nacional de Nampula Distrito da Namaacha Distrito de Magude Distrito de Nacala-Porto
Educação à Distância Direcção Provincial da Saúde de
Secretaria Distrital da Namaacha Secretaria Distrital de Magude Secretaria Distrital de Nacala-Porto
Nampula
Serviço Distrital da Educação, Serviço Distrital da Educação, Serviço Distrital da Educação,
Fundo de Fomento Direcção Provincial das Obras Públicas
Juventude e Tecnologia da Juventude e Tecnologia de Juventude e Tecnologia de Nacala-
Mineiro e Habitação de Nampula
Namaacha Magude Porto

Fundo de Fomento Serviço Distrital de Planeamento e Serviço Distrital de Planeamento Serviço Distrital de Planeamento e Infra-
Pesqueiro
Província de Gaza Infra-Estruturas da Namaacha e Infra-Estruturas de Magude Estruturas de Nacala-Porto

Fundo de Investimento e
Direcção Provincial do Plano e Finanças Serviço Distrital das Actividades Serviço Distrital das Actividades Serviço Distrital das Actividades
Património de
de Gaza Económicas da Namaacha Económicas de Magude Económicas de Nacala-Porto
Abastecimento de Água
Serviço Distrital da Saúde,
Direcção Nacional de Direcção Provincial da Agricultura de Serviço Distrital da Saúde, Mulher e Serviço Distrital da Saúde, Mulher e
Mulher e Acção Social de
Contabilidade Pública Gaza Acção Social da Namaacha Acção Social de Nacala-Porto
Magude
Hospital Central de
Direcção Provincial da Saúde de Gaza
Maputo
Escola Superior de Direcção Provincial da Educação e
Ciências Náuticas Cultura de Gaza
Transportes Públicos de
Comando Provincial da PRM de Gaza
Maputo, EP

Rádio Moçambique, EP

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-24
Novembro de 2011

6.7.1 – Aspectos Gerais

Dos relatórios das auditorias relativas à CGE de 2010, foram extraídos os seguintes aspectos
de âmbito geral:
a) nos processos de pagamento de ajudas de custo dentro do país, dos Ministérios do
Turismo, das Obras Públicas e Habitação, dos Institutos Nacionais de Desminagem e
de Estatística, e das Direcções Provinciais da Saúde de Nampula e Gaza, das Obras
Públicas e Habitação de Nampula, da Indústria e Comércio de Maputo e do Comando
Provincial da PRM de Gaza, não foram anexados os relatórios de actividades
desenvolvidas nem as respectivas guias de marcha, violando-se, deste modo, o
estabelecido no artigo 129 do Regulamento do Estatuto Geral dos Funcionários e
Agentes do Estado, aprovado pelo Decreto n.º 62/2009, de 8 de Setembro, o qual
estatui que após o termo da deslocação e dentro do prazo de 7 dias, deve ser
apresentado um relatório circunstanciado das actividades desenvolvidas,
relativamente às deslocações com direito ao abono de ajudas de custo.
Por sua vez, o n.º 2 do artigo 58, do mesmo regulamento, estabelece que por cada
deslocação é elaborada uma guia de marcha, da qual devem constar a data e a hora da
deslocação, com a apresentação no local de execução de trabalho.
Por outro lado, o n.º 3 do artigo 26 do Diploma Ministerial n.º 58/89, de 19 de Julho,
dos Ministros da Administração Estatal e das Finanças, preceitua que a não
apresentação do relatório implicará o não abono das ajudas de custo a que haja lugar,
e ao reembolso do adiantamento, porventura efectuado, ou das despesas pagas;
b) ainda, nalguns processos de despesas das entidades mencionadas na alínea anterior e
do Fundo de Fomento Mineiro, das Direcções Provinciais da Saúde de Nampula, de
Gaza e de Maputo, das Obras Públicas e Habitação de Nampula, e da Indústria e
Comércio de Maputo, não foram identificadas as viaturas que beneficiaram de
combustível, em preterição ao disposto na alínea e) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º
26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização,
funcionamento e processo da 3.a Secção, do Tribunal Administrativo, segundo o qual
constitui infracção financeira a sonegação ou deficiente prestação de informações ou
documentos pedidos pelo Tribunal Administrativo;
c) ao longo de 2010, no Ministério do Turismo, no Fundo de Fomento Pesqueiro, no
Hospital Central de Maputo, na Direcção Provincial para a Coordenação da Acção
Ambiental de Maputo e na Secretaria Distrital de Chókwè, foram pagas despesas de
anos anteriores, em violação do disposto no n.º 3 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12
de Fevereiro, segundo o qual as despesas só podem ser assumidas durante o ano
económico para o qual tiverem sido orçamentadas.
Ainda, nos termos do estabelecido no n.º 1 do artigo 83 do Manual de Administração
Financeira e Procedimentos Contabilísticos, todas as despesas referentes a anos
anteriores devem ser contabilizadas em rubrica específica no Orçamento do Estado;
d) nos Ministérios das Pescas e da Saúde, no Hospital Central de Maputo, no Instituto
Nacional de Desminagem, nas Direcções Provinciais da Educação e Cultura de Gaza,
e do Plano e Finanças de Nampula e Maputo, nas Secretarias Distritais de Nacala-
Porto e de Angoche, nos Serviços Distritais das Actividades Económicas de Nacala-

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-25
Novembro de 2011

Porto e Angoche, da Educação, Juventude e Tecnologia, da Saúde, Mulher e Acção


Social e de Planeamento e Infra-Estruturas de Angoche, foram realizadas despesas em
verbas inapropriadas, o que constitui desvio de aplicação, nos termos do estabelecido
no n.º 1 do artigo 78 do Capítulo VIII, Título I, do Manual de Administração
Financeira e Procedimentos Contabilísticos, aprovado pelo Diploma Ministerial n.º
169/2007, de 31 de Dezembro.
Ademais, o n.º 2 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12 Fevereiro, estabelece que
“Nenhuma despesa pode ser assumida, ordenada ou realizada sem que, sendo legal, se
encontre inscrita devidamente no Orçamento do Estado aprovado, tenha cabimento na
correspondente verba orçamental e seja justificada quanto à sua economicidade,
eficiência e eficácia”;
e) nos Ministérios das Obras Públicas e Habitação e das Pescas, no Instituto Nacional de
Estatística, no Hospital Central de Maputo, nas Direcções Provinciais do Plano e
Finanças e das Obras Públicas e Habitação, ambas de Nampula, e da Indústria e
Comércio de Maputo, nalguns casos, os números das facturas registados nas Ordens
de Pagamento emitidas pelo e-SISTAFE diferem dos constantes das próprias facturas.
É de referir, a este respeito, que a falta de conformidade processual e documental no
pagamento da despesa configura violação do preceituado no n.º 2 do artigo 26, do
Título I do Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos,
aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 169/2007, de 31 de Dezembro, do Ministro das
Finanças, segundo o qual é da competência do Agente do Controlo Interno certificar-
se da legalidade dos actos que resultem no recebimento de numerário, realização de
despesas e ainda registar a conformidade processual e documental;
f) nos Institutos de Comunicação Social e Nacional de Estatística, e na Direcção
Provincial das Obras Públicas e Habitação de Nampula, foram concedidos
empréstimos aos trabalhadores com fundos do OE. Por outro lado, nos processos
analisados, não existem evidências de que os valores em causa tenham sido
reembolsados.
A concessão de empréstimos aos funcionários constitui violação das normas sobre a
elaboração e execução dos orçamentos, bem como da assunção, autorização ou
pagamento de despesas públicas ou compromissos, à luz do disposto na alínea b) do
n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à
organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo;
g) em todas as secretarias distritais auditadas, há falta de monitoria e acompanhamento
dos projectos do Fundo de Investimento de Iniciativa Local (FIIL), por parte dos
gestores daquele fundo.
Quanto aos factos indicados nas alíneas acima, o Governo, em sede do contraditório,
pronunciou-se, apenas, em relação à alínea e), referindo que, através da Inspecção Geral de
Finanças, está a realizar trabalhos de acompanhamento do grau de regularização das
situações levantadas pelo Tribunal Administrativo.

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Novembro de 2011

6.7.1.1 – Despesas sem Justificativos

No exercício em apreço, algumas entidades auditadas não disponibilizaram, nem durante as


auditorias, nem em sede dos contraditórios, os comprovativos das despesas realizadas com
receitas próprias e consignadas, nas componentes Funcionamento e de Investimento, no valor
de 122.401.586,63 Meticais que representa 3,4% do valor da amostra auditada,
(3.557.757.200,83 Meticais), sendo que:
a) no Âmbito Central, os justificativos não disponibilizados totalizaram 36.133.470,77
Meticais que representam 1,4% do valor da amostra (2.515.896.413,04 Meticais),
sendo de destacar, nesta situação, o Fundo de Fomento Mineiro, com 18.730.601,45
Meticais, o Ministério do Turismo, com 6.121.939,37 Meticais, a Escola Superior de
Ciências Náuticas, com 3.237.375,03 Meticais e o Ministério das Obras Públicas e
Habitação, com 2.024.877, 33 Meticais;
b) no Âmbito Provincial, não foram entregues comprovativos de 79.255.669,25
Meticais, representando 9,1% da amostra auditada (868.754.502,34 Meticais), com
destaque para o Conselho Municipal da Cidade da Matola, com 25.198.963,19
Meticais, a Direcção Provincial da Saúde de Maputo, com 17.491.093,05 Meticais e a
Direcção Provincial da Saúde de Gaza, com 12.061.782,63 Meticais;
c) quanto ao Âmbito Distrital, não foram apresentados justificativos de 7.012.446,61
Meticais, da amostra de 173.106.285,45 Meticais, o que representa 4,1%,
destacando-se o Distrito da Ilha de Moçambique, com 2.795.852,81 Meticais, seguido
do Distrito de Angoche, com 2.228.388,38 Meticais e do Distrito de Magude, com
1.217.341,13 Meticais.
A falta de justificativos constitui infracção financeira, nos termos do disposto na alínea e)
do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à
organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo. Foi,
igualmente, preterido o disposto na alínea d) do n.º 7.1 das Instruções Sobre a Execução
do Orçamento do Estado, da Direcção Nacional de Contabilidade Pública, de 31 de
Outubro de 2000, (BR n.º 17, II.ª Série, de 25 de Abril de 2001), segundo o qual nenhum
registo poderá ser efectuado sem a existência de documentos comprovativos, que deverão
ser arquivados por verbas e anos, de forma a ser possível a sua identificação.
É de referir que a solicitação de disponibilização dos justificativos em falta foi feita
mediante a apresentação dos ofícios de anúncio da realização das auditorias e durante a
execução destas, através de notas de pedido.
Relativamente à falta de justificativos, o Governo, no exercício do direito do contraditório,
afirmou que “...através da Inspecção Geral de Finanças, tem estado a realizar trabalhos
de acompanhamento do grau de regularização das situações relatadas, com vista a sanar
as irregularidades que têm sido cometidas na realização das despesas públicas”.
O detalhe da informação acima apresentada poderá ser visto nos Quadros n.ºs VI.21,
VI.22 e VI.23 que se seguem.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-27
Novembro de 2011

Quadro n.º VI. 21 – Despesas sem Justificativos das Entidades de Âmbito Central
Auditadas
(Em Meticais)
Despesas Sem Justificativos

N.º Instituição Amostra auditada Componente % da


Despesas Realizadas Com Receitas Total
amostra
Próprias Consignadas Funcionamento Investimento
1 Ministério da Agricultura 835.306.515,49 0,00 0,00 0,00 3.338.457,11 3.338.457,11 0,4
2 Ministério do Turismo 90.170.915,76 0,00 0,00 1.170.202,21 4.951.737,16 6.121.939,37 6,8
Ministério das Obras Públicas e
576.700.852,37 0,00
3 Habitação 0,00 866.545,63 1.158.331,70 2.024.877,33 0,4
4 Fundo de Fomento Mineiro 89.560.448,97 15.273.236,82 0,00 0,00 3.457.364,63 18.730.601,45 20,9
5 Fundo do Fomento Pesqueiro 133.173.125,38 0,00 0,00 0,00 372.857,73 372.857,73 0,3
Instituto Nacional de Desminagem 35.882.663,78 1.636,67
6 0,00 6.000,00 762.973,00 770.609,67 2,1
7 Instituto Nacional de Estatística 93.829.864,43 480.236,73 0,00 279.661,82 515.732,82 1.275.631,37 1,4
8 Instituto de Comunicação Social 4.901.124,58 0,00 117.403,93 0,00 0,00 117.403,93 2,4
9 Hospital Central do Maputo 651.634.434,10 0,00 0,00 143.717,78 0,00 143.717,78 0,0
Escola Superior de Ciências Náuticas 4.736.468,18 1.752.909,68
10 0,00 2.375,35 1.482.090,00 3.237.375,03 68,3
Total 2.515.896.413,04 17.508.019,90 117.403,93 2.468.502,79 16.039.544,15 36.133.470,77 1,4
Fonte: Relatórios de auditorias
No ICS, a amostra inclui o contravalor de USD 5.730, ao câmbio médio de USD 32,79

Quadro n.º VI. 22 – Despesas sem Justificativos das Entidades de Âmbito Provincial
Auditadas
(Em Meticais)
Despesas Sem Justificativos

Componente
N.º Instituição Amostra auditada % da
Despesas Realizadas Com Receitas Total
amostra
Próprias Consignadas Funcionamento Investimento

Direcção Provincial do Plano e Finanças de


1 Nampula 63.242.338,84 0,00 0,00 8.901.614,76 0,00 8.901.614,76 14,1

Direcção Provincial da Saúde de Nampula


2 169.243.639,89 0,00 0,00 0,00 7.635.831,64 7.635.831,64 4,5
Direcção Provincial das Obras Públicas e
3 Habitação de Nampula 27.682.767,33 0,00 0,00 0,00 151.367,78 151.367,78 0,5
4 Direcção Provincial da Saúde de Gaza 120.819.100,33 0,00 0,00 1.927.651,45 10.134.131,18 12.061.782,63 10,0
Direcção Provincial da Educação e Cultura de
5 Gaza 186.764.780,19 0,00 0,00 1.373.841,04 0,00 1.373.841,04 0,7
6 Comando Provincial da PRM de Gaza 8.984.505,70 0,00 24.752,00 2.673.209,90 2.697.961,90 30,0
Direcção Provincial do Plano e Finanças de
7 Maputo 64.443.388,75 448.475,00 0,00 202.209,00 2.052.090,00 2.702.774,00 4,2
Direcção Provincial das Obras Públicas e
8 Habitação de Maputo 5.165.189,97 0,00 174.955,09 175.013,07 242.768,00 592.736,16 11,5

Direcção Provincial da Saúde de Maputo


9 81.233.935,39 0,00 0,00 14.737.498,56 2.753.594,49 17.491.093,05 21,5
Direcção Provincial da Indústria e Comércio de
10 Maputo 7.268.677,88 0,00 17.930,00 2.320,56 3.156,35 23.406,91 0,3

Delegação Provincial de Viação de Maputo


11 29.235.630,04 79.941,46 0,00 308.863,73 388.805,19 1,3
Gabinete de Prevenção e Combate à Droga de
Maputo
12 1.490.539,33 0,00 0,00 35.491,00 35.491,00 2,4

Conselho Municipal da Cidade da Matola


13 103.180.008,70 0,00 0,00 14.795.967,40 10.402.995,79 25.198.963,19 24,4
Total 868.754.502,34 528.416,46 217.637,09 45.133.680,47 33.375.935,23 79.255.669,25 9,1
Fonte: Relatórios de auditorias

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-28
Novembro de 2011

Quadro n.º VI. 23 – Despesas sem Justificativos das Entidades de Âmbito Distrital
Auditadas
(Em Meticais)
Despesas sem Justificativos
Despesas Realizadas com
Amostra Componente
N.º Instituição Receitas % da
auditada Total
amostra
Próprias Consignadas Funcionamento Investimento
1 Distrito da Ilha de Moçambique 20.581.946,11 0,00 0,00 2.560.956,11 234.896,70 2.795.852,81 13,6
2 Distrito de Angoche 31.135.442,23 0,00 0,00 1.968.186,91 260.201,47 2.228.388,38 7,2
3 Distrito de Nacala-Porto 30.716.800,66 0,00 0,00 36.783,00 0,00 36.783,00 0,1
4 Distrito de Magude 21.701.674,13 0,00 0,00 175.205,13 1.042.136,00 1.217.341,13 5,6
5 Distrito do Chókwè 23.015.947,65 0,00 0,00 599.873,02 0,00 599.873,02 2,6
6 Distrito do Bilene-Macia 17.291.138,96 0,00 0,00 14.145,00 0,00 14.145,00 0,1
7 Distrito da Namaacha 11.592.631,56 0,00 0,00 9.322,77 91.012,50 100.335,27 0,9
8 Distrito de Boane 17.070.704,15 0,00 0,00 19.728,00 0,00 19.728,00 0,1
Total 173.106.285,45 0,00 0,00 5.384.199,94 1.628.246,67 7.012.446,61 4,1
Fonte: Relatórios de auditorias

6.7.1.2 – Divergência da Informação sobre a Execução do Orçamento da Despesa

Da comparação entre o valor da execução de despesas apurado nas entidades auditadas


(14.509.378.994,93 Meticais) e o apresentado na CGE de 2010 (19.376.083.432,00
Meticais), resulta uma diferença de 4.866.704.437,07 Meticais, que representa 4,7% do total
executado de 103.036.998,00 Meticais, como ilustra o quadro que se segue.

Quadro n.º VI.24 – Divergência da Informação sobre a Execução do Orçamento da


Despesa de 2010

(Em Meticais)
Apurado nas Peso
Âmbito CGE Diferença
Entidades (%)

Central 11.685.162.699,45 16.557.896.060,00 4.872.733.360,55 4,7


Provincial 1.492.834.154,03 1.489.163.200,00 -3.670.954,03 0,0
Distrital 1.331.382.141,45 1.329.024.172,00 -2.357.969,45 0,0
Total 14.509.378.994,93 19.376.083.432,00 4.866.704.437,07 4,7
Execução Global do Orçamento 103.036.998.000,00
Fonte: Relatórios de auditorias e mapas da CGE de 2010

Apesar dos esforços feitos, não foi possível esclarecer os motivos de tais divergências. A
questão em apreço, assume uma particular relevância, uma vez que é susceptível de pôr em
causa, tanto os registos das entidades que efectuaram a despesa, como a fiabilidade da
própria CGE.
Além disso, limitam grandemente o exercício de controlo externo que cabe a este Tribunal.
Assim e no que toca a esta matéria, a Conta não evidencia, de forma clara e inequívoca, a
execução orçamental e financeira, como prescreve o artigo 45 da Lei n.º 9/2002, de 12 de
Fevereiro, e não foi elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, conforme dispõe o n.º 1
do artigo 46 da mesma lei.
O detalhe da informação acima apresentada poderá ser visto nos Quadros n.ºs VI.25, VI.26 e
VI.27 que se seguem.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-29
Novembro de 2011

Quadro n.º VI. 25 - Divergência da Informação sobre a Execução da Despesa de Âmbito Central
Execução
Valor
N.º Instituição
Apurado na entidade Demonstrativo Consolidado CGE
Com Receitas Com Receitas Componente Com Receitas Com Receitas
Componente Investimento Total Func. + Invest.
Próprias Consignadas Funcionamento Próprias Consignadas
Ministério da Agricultura
1 117.353.687,20 1.036.969.864,36 1.154.323.551,56 1.179.376.270,00
2 Ministério do Turismo 52.017.593,70 95.547.227,77 147.564.821,47 276.405.230,00
Ministério das Obras
3 Públicas e Habitação 124.056.020,08 805.656.322,78 929.712.342,86 5.568.150,00 721.000,00 2.668.112.800,00
4 Ministério das Pescas 6.276,59 18.472.056,16 40.167.685,52 175.666.814,79 234.312.833,06 10.738.770,00 215.834.500,00
5 Ministério da Saúde 1.177.832.597,74 2.207.655.439,47 3.385.488.037,21 7.250,00 182.749.640,00 3.820.608.810,00
Ministério da Educação
6 433.815.485,22 3.261.479.908,77 3.695.295.393,99 4.776.271.680,00
Fundo de Fomento Mineiro 18.042.987,62 24.588.767,30
7 23.715.613,86 10.567.931,14 76.915.299,92 0,00 13.533.610,00 34.307.340,00
Fundo do Fomento
11.262.160,80
8 Pesqueiro 166.103.793,84 177.365.954,64 307.890.270,00
Fundo de Investimento e
Património de
Abastecimento de Água
9 710.079.680,26 710.079.680,26 2.168.201.200,00
Instituto Nacional de
3.300.992,72
10 Estatística 49.034.210,10 247.589.566,44 299.924.769,26 296.683.740,00
Instituto do Algodão de
11 Moçambique 19.383.380,14 28.452.674,85 47.836.054,99 3.728.420,00 47.836.050,00
Hospital Central do Maputo 264.234.359,92 343.616,93
12 483.508.304,31 32.213.122,98 780.299.404,14 515.728.730,00
Escola Superior de Ciências
12.455.203,92
13 Náuticas 20.969.277,53 12.620.074,64 46.044.556,09 33.592.600,00
Total 309.301.981,57 43.404.440,39 2.541.853.855,40 8.790.602.422,09 11.685.162.699,45 9.303.820,00 207.743.020,00 16.340.849.220,00
Fonte:Relatórios de auditoria, mapas demonstrativos Consol. do Orçamento de Funcionamento/Investimento por UGB e mapas III-5 e IV-5 da CGE de 2010

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-30
Novembro de 2011

Quadro n.º VI.26 - Divergência da Informação sobre a Execução da Despesa de Âmbito Provincial
(Em Meticais)
Execução
Valor
Apurado na entidade Demonstrativo Consolidado CGE
N.º Instituição
Diferença
Com Receitas Com Receitas Componente Componente Com Receitas Com Receitas
Total Func. + Invest. Total
Próprias Consignadas Funcionamento Investimento Próprias Consignadas

Direcção Provincial da Agricultura de Nampula 137.030.170,00 -2.919.646,74


1 2.919.654,49 44.705.746,14 92.324.416,11 139.949.816,74 137.030.170,00
2 Direcção Provincial da Saúde de Nampula 260.739.693,16 130.283.773,27 391.023.466,43 659.030,00 391.023.460,00 391.682.490,00 659.023,57
Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação
23.921.980,00 -1.092.286,82
3 de Nampula 608.000,00 607.675,00 12.465.050,84 11.333.540,98 25.014.266,82 123.390,00 23.798.590,00
4 Direcção Provincial da Agricultura de Gaza 15.534.653,97 24.656.205,02 132.185.135,65 172.375.994,64 143.860,00 156.841.350,00 156.985.210,00 -15.390.784,64

Direcção Provincial da Educação e Cultura de Gaza 301.231.860,00 -4.023.720,12


5 8.188.540,01 198.757.447,59 98.309.592,52 305.255.580,12 4.164.820,00 297.067.040,00
6 Comando Provincial da PRM de Gaza 915.559,00 9.899.796,60 0,00 10.815.355,60 9.899.800,00 9.899.800,00 -915.555,60

Direcção Provincial do Plano e Finanças de Maputo 200.386.300,00 22.555.997,37


7 1.422.899,50 46.379.415,08 130.027.988,05 177.830.302,63 200.386.300,00
8 Direcção Provincial da Agricultura de Maputo 2.733.720,41 26.914.227,87 81.786.321,61 111.434.269,89 108.700.550,00 108.700.550,00 -2.733.719,89
9 Direcção Provincial da Saúde de Maputo 94.107.304,66 53.625.380,02 147.732.684,68 2.284.390,00 147.732.680,00 150.017.070,00 2.284.385,32
Direcção Provincial da Indústria e Comércio de
9.307.770,00
10 Maputo 2.619.488,86 8.782.927,62 0,00 11.402.416,48 524.840,00 8.782.930,00 -2.094.646,48
Total 12.953.159,92 22.597.031,32 727.407.814,58 729.876.148,21 1.492.834.154,03 7.231.630,00 668.700,00 1.481.262.870,00 1.489.163.200,00 -3.670.954,03
Fonte: mapas demonstrativos Consol. do Orçamento de Funcionamento/Investimento por UGB e mapas III-5 e IV-5 da CGE de 2010

Quadro n.º VI.27 - Divergência da Informação sobre a Execução da Despesa de Âmbito Distrital
(Em Meticais)
Execução
Valor

Apurado na entidade Demonstrativo Consolidado CGE


N.º Instituição
Diferença
Com Receitas Com Receitas Componente Componente Com Receitas Com Receitas
Total Func. + Invest. Total
Próprias Consignadas Funcionamento Investimento Próprias Consignadas

Distrito da Ilha de
276.380,50 14.021.099,32 12.447.159,92 26.744.639,74 0,00 0,00 26.468.260,00 26.468.260,00 -276.379,74
1 Moçambique
2 Distrito de Angoche 9.315.366,50 99.552.824,62 14.466.728,97 123.334.920,09 52.480,00 7.980,00 114.019.550,00 114.080.010,00 -9.254.910,09

Distrito de Nacala-Porto 387.497,19 22.870.471,80 13.661.660,48 36.919.629,47 0,00 0,00 36.532.130,00 36.532.130,00 -387.499,47
3
4 Distrito de Magude 54.392,55 89.861.679,36 11.732.134,75 101.648.206,66 882.350,00 0,00 101.593.810,00 102.476.160,00 827.953,34
5 Distrito do Chókwè 162.414.653,22 16.188.512,09 178.603.165,31 475.050,00 57.680,00 178.603.160,00 179.135.890,00 532.724,69

Distrito do Bilene Macia 124.147.208,61 14.448.639,50 138.595.848,11 1.659.410,00 156.300,00 138.595.850,00 140.411.560,00 1.815.711,89
6
7 Distrito da Namaacha 96.082.660,05 17.050.459,32 113.133.119,37 405.600,00 49.460,00 113.133.120,00 113.588.180,00 455.060,63
8 Distrito da Moamba 95.405.416,74 16.114.224,27 111.519.641,01 645.068,00 20.650,00 111.519.640,00 112.185.358,00 665.716,99
9 Distrito da Manhiça 199.178.607,63 14.169.167,95 213.347.775,58 443.790,00 246.790,00 213.347.780,00 214.038.360,00 690.584,42
10 Distrito de Boane 185.961.525,47 13.262.860,77 199.224.386,24 1.788.850,00 44.150,00 199.224.390,00 201.057.390,00 1.833.003,76
11 Distrito de Matutuine 71.906.744,39 16.404.065,48 88.310.809,87 740.064,00 0,00 88.310.810,00 89.050.874,00 740.064,13
Total 9.979.244,19 54.392,55 1.161.402.891,21 159.945.613,50 1.331.382.141,45 7.092.662,00 583.010,00 1.321.348.500,00 1.329.024.172,00 -2.357.969,45
Fonte: Relatórios de auditorias, mapas demonstrativos Consol. do Orçamento de Funcionamento/Investimento por UGB e mapas III-5 e IV-5 da CGE de 2010

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-31
Novembro de 2011

6.7.2 – Aspectos Específicos

6.7.2.1 – Instituições de Âmbito Central

Da verificação feita aos comprovativos das despesas realizadas pelos órgãos do Estado de
Nível Central, apurou-se o seguinte:

6.7.2.1.1 – Ministério do Turismo

Nesta instituição, através da Ordem de Pagamento (OP) n.º 201000123, de 99.054,54


Meticais, pagaram-se à Entreposto Comercial de Moçambique, os trabalhos de bate-
chapa, pintura, fixação de faróis e grelha realizados na viatura Toyota, com a
matrícula MMS 65-62, envolvida num acidente de viação.
Dado que a viatura em causa se encontrava coberta por seguro, questionou-se a
entidade auditada sobre o pagamento, pela própria instituição, da reparação, não
tendo a mesma fornecido qualquer explicação para o facto.
De acordo com o preceituado no artigo 96 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, os
pagamentos acima referidos configuram pagamentos indevidos.

6.7.2.1.2 – Ministério das Obras Públicas e Habitação

Nesta entidade, não foram executados 2 projectos, nomeadamente, “MOP08-01-


MOP-1988-0006 - Reabilitação de Furos para Abastecimento de Água Rural” e
“MOP08-01-MOP-2010-0004 - Reabilitação de 5 Pequenos Sistemas de
Abastecimento de Água (PSAA)”. Por outro lado, 3 projectos, designadamente,
“MOP08-04-MOP-2010-0031 - Programa de Saneamento Ambiental”, “MOP09-07-
MOP-1993-0001 - Apoio à Gestão de Recursos Hídricos” e “MOP-2008-0002-
Projecto ASAS”, tiveram baixas taxas de execução (3,1%, 6,9% e 44,4%),
respectivamente.
Reagindo ao relatório preliminar de auditoria, os gestores do MOPH afirmaram que
“o projecto MOP08-01-MOP-1988-0006 - Reabilitação de Furos para Abastecimento
de Água Rural não apresenta execução, a Nível Central, porque foi descentralizado na
totalidade para as províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Tete, Manica,
Sofala, Inhambane, Gaza e Maputo, para a reabilitação de fontes no montante de
26.998.200,00 Meticais”.
Quanto ao projecto “MOP08-01-MOP-2010-0004 - Reabilitação de 5 PSAA”, os
mesmos responsáveis esclareceram que, considerando que não se concretizou o
previsto financiamento da União Europeia, procedeu-se à reafectação da componente
interna aos projectos de Saneamento do Estádio Nacional e de Saneamento Urbano.
No que tange às baixas taxas de execução dos três projectos, os gestores
pronunciaram-se apenas em relação a um deles (o projecto MOP08-04-MOP-2010-
0031 - Programa de Saneamento Ambiental), tendo referido que tal situação ficou-se
a dever ao facto de o primeiro semestre ter sido dedicado, basicamente, à instalação

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-32
Novembro de 2011

da Unidade de Implementação do Projecto, bem como ao processo de transferência


dos fundos externos de Off Cut para On CUT.

6.7.2.1.3 - Ministério da Saúde

a) foram pagas, pelo Orçamento de funcionamento do MISAU, facturas de consumo de


energia do Hospital Central de Maputo, referentes aos meses de Abril, Junho, Agosto
e Setembro de 2010, no valor de 4.225.109,21 Meticais, não obstante o HCM ter o
seu próprio Orçamento;
b) pelo orçamento do exercício de 2010 do MISAU, através da OP n.º 201003449, foi
paga a dívida do HCM, contraída com a empresa Águas de Moçambique,
relativamente aos consumos dos meses de Outubro a Dezembro de 2009 e de Janeiro
a Junho de 2010, no valor de 2.578.669,47 Meticais.
No concernente às alíneas a) e b) a entidade, em sede do contraditório, pronunciou-se
nos seguintes termos: “tratava-se de uma intervenção urgente e de apoio à maior
unidade hospitalar e instituição subordinada do MISAU, que a seu pedido
demonstrando a falta de fundos para cobrir despesas vencidas e, para garantir a
continuidade de fornecimento de serviço, assumiu a dívida, pagando os valores em
questão”.
Não obstante o pronunciamento, a entidade não remeteu qualquer documento que
sustenta a solicitação de fundos ou a assunção de despesas do HCM pelo Ministério
da Saúde.
Estes factos constituem violação das normas sobre a elaboração e execução dos
orçamentos, bem como da assunção, autorização ou pagamento de despesas públicas
ou compromissos, à luz do disposto na alínea b) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º
26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização,
funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo;
c) não está reflectida, no mapa Demonstrativo Consolidado do Orçamento, de
Investimento por UGB/Programa, do financiamento externo, a execução de 22
projectos, no valor de 527.922.147,58 Meticais, dos 43 previstos no Orçamento.
A entidade, no exercício do contraditório, reconheceu o facto, tendo afirmado que
“trata-se de uma grande lacuna que existe em relação à falta de informação sobre a
execução dos projectos verticais. Esta questão já foi colocada aos parceiros do
MISAU e ao Grupo de Trabalho de Auditoria Financeira. Até ao momento, este
assunto ainda não está resolvido”.

6.7.2.1.4 - Instituto Nacional de Hidrografia e Navegação

Nesta entidade, através do cheque n.º 3556557, foi concedido um empréstimo de 262.701,00
Meticais ao Instituto Nacional da Marinha (INAMAR), destinado ao pagamento de salários
aos membros do Conselho de Administração. Compulsados os processos justificativos
daquela despesa, não constam documentos da devolução do valor em causa.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-33
Novembro de 2011

No exercício do contraditório do relatório preliminar de auditoria, os gestores da entidade,


reconhecem o facto e informaram que estão a envidar esforços no sentido de recuperar o
valor.
Estas despesas não têm enquadramento legal no orçamento da entidade, pelo que constituem
pagamentos indevidos, à luz do disposto no artigo 96 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro,
atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção deste
Tribunal.
O Governo, nos seus comentários sobre o relatório preliminar, afirmou que “houve um
compromisso institucional visando a devolução do montante concedido a título de
empréstimo, até o dia 30 de Novembro do ano em curso, conforme atesta a nota n.º
218/INAMAR/DG/2011, de 07 de Novembro, sendo que este tipo de procedimento não será
repetido”.

6.7.2.1.5 - Instituto de Comunicação Social

Do processo de prestação de contas desta instituição, não constam evidências de que se tenha
concretizado o reembolso do adiantamento do 13.º vencimento, solicitado pela Directora
Geral, em 11/01/10, e pago mediante o cheque n.º 1465279, no valor de 5.000,00 Meticais,
bem como, do empréstimo concedido à mesma, em 02/02/10, através do cheque n.º 1465287,
de 20.000,00 Meticais.
Refira-se, a este propósito, que a concessão de empréstimos aos funcionários constitui
violação das normas sobre a elaboração e execução dos orçamentos, bem como da assunção,
autorização ou pagamento de despesas públicas ou compromissos, à luz do disposto na alínea
b) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.
Exercendo o direito de contraditório, a gerência afirmou que os adiantamentos estão sendo
amortizados e remeteu os talões de depósitos n.ºs 11728725 e 13306994, datados de 22/10/10
e 23/11/10, no valor de 10.000,00 Meticais cada, faltando por justificar 5.000,00 Meticais.
Quanto ao dispositivo legal utilizado para a concessão de adiantamentos de salários aos
funcionários, os gestores da entidade afirmaram que o fizeram com base no disposto no n.º 1
e seguintes, do artigo 45 e n.º 1 do artigo 53 do Regulamento Interno do ICS.
O argumento da entidade não contesta a matéria apresentada, visto que, em termos de
hierarquia, a lei é superior ao regulamento, além de que este não devia contradizer as leis
vigentes.
Em sede do contraditório, o Governo remeteu a este Tribunal os talões de depósito n.ºs
17165486 e 24904935, nos montantes de 3.000,00 Meticais e 2.000,00 Meticais,
respectivamente, atinentes ao saldo de 5.000,00 Meticais que não fora justificado. Em relação
ao Regulamento Interno do Instituto, o Governo acrescenta que decorre um trabalho visando
a revisão do mesmo, de modo a adequá-lo às demais leis vigentes sobre a administração
financeira do Estado.

6.7.2.1.6 - Instituto Nacional de Desminagem

No IND, através da conta bancária n.º 1091005341069, de receitas, sediada no Standard


Bank, foram pagos subsídios de chefia, no valor global de 269.435,32 Meticais, sob a

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-34
Novembro de 2011

designação de “diferenças salariais”, a 3 funcionários que exercem cargos de chefia, embora


dois daqueles não tivessem despachos de nomeação para esses cargos e o terceiro tivesse
despacho não visado pelo Tribunal Administrativo.
Em sede do contraditório, a entidade afirmou que “os pagamentos ocorreram em virtude
destes funcionários terem desempenhado tais funções até aquele momento com despacho de
nomeação, embora não tivesse sido visado pelo Tribunal Administrativo. No entanto, esta
situação já se encontra regularizada”.
É de referir, a este propósito, que a falta do visto torna os actos, contratos e mais
instrumentos inexequíveis, sendo insusceptíveis de quaisquer efeitos financeiros, nos termos
do n.º 1 do artigo 78 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à
organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo.
Outrossim, a falta de actos relativos à carreira dos funcionários, no caso, a inexistência, nos
processos, dos despachos de nomeação aos cargos de chefia, infringe o estabelecido no n.º 1
do artigo 93 das Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública,
aprovadas pelo Decreto n.º 30/2001, de 15 de Outubro.
De acordo com o preceituado no artigo 96 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, os
pagamentos acima referidos configuram pagamentos indevidos.
Relativamente a este assunto, o Governo, exercendo o direito do contraditório, pronunciou-se
nos seguintes termos “...dada a especificidade do Instituto e a necessidade urgente de
realização de trabalho de desminagem, foram sendo feitas nomeações de funcionários sem
observância dos requisitos exigidos para as funções. Esta situação já foi normalizada em
relação a dois dos funcionários que obtiveram visto do Tribunal Administrativo, enquanto o
terceiro cessou as funções por falta de requisitos”.
Apesar de ter sido regularizada a situação de dois funcionários e cessado as funções o
terceiro, o Tribunal reitera que os pagamentos efectuados sem visto, consubstanciam
infracção financeira, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29
de Setembro.

6.7.2.1.7 - Fundo de Fomento Pesqueiro

a) com os fundos do projecto “MDP-02-00-MDP-2005-0004-Apoio à Pesca Artesanal


nas Águas Interiores”, foram efectuadas despesas que não se enquadram nos
objectivos do mesmo, designadamente, a substituição da estrutura do tecto e
montagem de um novo telhado, no Departamento dos Recursos Humanos, montagem
de um aparelho de ar condicionado, no Gabinete da UGEA, reconstrução de um
alpendre no parque de estacionamento da viatura do Director e, reparação de um
outro aparelho de ar condicionado na biblioteca. Estas despesas foram pagas através
da OP n.º 2010000340, no montante de 50.428,20 Meticais.
Os factos acima descritos consubstanciam desvio de aplicação, nos termos do
estabelecido no n.º 1 do artigo 78 do Capítulo VIII, Título I, do Manual de
Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, aprovado pelo Diploma
Ministerial n.º 169/2007, de 31 de Dezembro;

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-35
Novembro de 2011

b) no investimento externo, os projectos, “MDP-2002-0003-Restituição e


Implementação do Ministério das Pescas, MDP-2010-0010-Desenvolvimento e
Gestão de Recursos Humanos e MDP-2006-0003-Estabelecimento do Museu das
Pescas”, não foram integralmente executados, tendo a sua realização se situado em
62%, 22,2% e 15%, respectivamente.
O FFP, solicitado a esclarecer os motivos da não execução integral dos valores da
dotação disponível dos três (3) Projectos de Investimento financiados com fundos da
União Europeia, informou que isso deveu-se aos seguintes factores:
• Relativamente ao projecto MDP-2006-0003-Estabelecimento do Museu das
Pescas, a maior parte do orçamento (85%) do projecto era destinado ao início
da construção do edifício do Museu das Pescas. Devido à morosidade, por
parte do consultor, na elaboração do caderno de encargos, não foi possível
iniciar o processo de contratação do empreiteiro para a materialização do
projecto;
• No que toca aos restantes projectos, o FFP, através das Notas n.ºs
566/FFP/DGO/TA/2011, 567/FFP/DGO/TA/2011, 568/FFP/DGO/TA/2011 e
569/FFP/DGO/TA/2011, todas datadas de 15/06/11, solicitou ao Ministério
das Pescas o esclarecimento do assunto, não tendo os gestores desta entidade,
até ao término da auditoria, apresentado qualquer informação sobre o facto;
c) através do projecto “MDP01-00-MDP-1996-0021-Gestão e Controlo Financeiro das
Despesas Públicas”, foi paga, pelo cheque n.º 12001045, no valor de 127.310,00
Meticais, uma despesa do ano de 2009, relativa a uma passagem aérea, a favor do
então Ministro das Pescas, na sua viagem à Etiópia.
Este facto contraria o disposto no n.º 3 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12 de
Fevereiro, que aprova o Sistema de Administração Financeira do Estado, segundo o
qual as despesas só podem ser assumidas durante o ano económico para o qual
tiverem sido orçamentadas.
Por outro lado, viola o princípio da anualidade previsto na alínea a) do n.º 1 do artigo
13 da lei acima citada, segundo o qual o Orçamento do Estado tem um período de
validade e de execução anual.

6.7.2.1.8 - Hospital Central de Maputo

a) através da conta bancária n.º 1171003510003, sediada no BCI - Receitas de


Actividades Sociais, foram pagos 4.800,00 Meticais, à comandante da 5.ª Esquadra da
PRM, sem o devido suporte legal.
Especificamente, sobre este assunto, os gestores da entidade afirmaram, através da
Nota n.º 772/HCM/11, de 28/06/11, que esta prática é regra seguida na entidade, visto
a despesa respeitar a uma actividade que garante a vigilância e segurança ao Hospital.
Refira-se, a este respeito, que a comandante não pertence ao quadro de pessoal do
HCM. Por outro lado, o HCM não possui um contrato privado de prestação de
serviços com a comandante.

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-36
Novembro de 2011

O facto anteriormente descrito consubstancia pagamentos indevidos, à luz do disposto


no artigo 96 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, que temos vindo a citar.
Sobre o assunto, o Governo, em sede do contraditório, referiu que em observância da
recomendação da equipa de auditoria do TA, já corrigiu a anomalia, mas não
mencionou as medidas tomadas.
b) através da verba 212099 – Outras Maquinarias e Equipamentos, foram adquiridas 2
motorizadas, no valor de 64.000,00 Meticais, quando tal aquisição deveria ter sido
efectuada pela verba “212001 - Meios de Transportes”. A entidade auditada referiu, a
este propósito, que solicitou à Direcção Nacional do Orçamento a realocação do valor
da verba Construções, para aquisição de diverso mobiliário e equipamento e não
meios de transportes.
Tendo-se utilizado dinheiros públicos em finalidades diferentes das legalmente
previstas, cometeu-se uma infracção financeira, nos termos do disposto na alínea n)
do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.
Por outro lado, a entidade não cumpriu o previsto nos n.ºs 2 e 3 do artigo 3 do
Decreto n.º 11/2010, de 12 de Maio, segundo os quais no concernente à componente
interna das despesas de investimento, é delegado nos ministros dos sectores, nos
dirigentes dos órgãos e instituições do Estado que não estejam sob tutela de qualquer
ministério, nos governadores provinciais e nos administradores distritais, a
competência para proceder à redistribuição de dotações entre as rubricas do mesmo
projecto, exceptuando-se para a rubrica “Maquinaria e Equipamento-Meios de
Transporte”, do respectivo nível. A excepção a esta regra só pode ser afastada por
despacho do Ministro das Finanças, mediante pedido devidamente fundamentado.

6.7.2.1.9 - Escola Superior de Ciências Náuticas

a) através da conta bancária n.º 5102001102 – Conta Receitas do período laboral,


pagaram-se “suplementos” de salários a 4 gestores da entidade, no montante de
228.304,00 Meticais e pela conta bancária n.º 125119040 – Conta Receita do Período
Pós Laboral, suplementos aos mesmos gestores, no montante de 448.200,00 Meticais
e salários no valor de 1.452.000,00 Meticais.
Estes pagamentos foram efectuados à margem do estabelecido no qualificador dos
ordenados dos Agentes do Aparelho do Estado.
É de referir que os mesmos gestores auferem, simultaneamente, salários e gozam de
outras regalias pagas através dos fundos do Orçamento de Estado.
Em relação aos suplementos, em sede do contraditório, a entidade informou que com
o seu pagamento visava-se criar motivação e garantir a permanência daqueles quadros
na instituição.
Com efeito, ainda que a necessidade fosse justificada, o acto deveria basear-se na lei.
Segundo o Governo, em sede do contraditório, estes pagamentos obedeceram a
despachos internos exarados pelo Director-Geral da Instituição, a 19 de Março, 12 de
Julho e a 11 de Setembro, todos de 2009, com o objectivo de criar motivação aos

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-37
Novembro de 2011

quadros por um lado e, por outro, garantir a sua retenção, devido aos salários pouco
atractivos em vigor naquela escola.
Os salários e remunerações dos funcionários e agentes do Estado são fixados por
órgãos competentes da administração pública e não de forma particularizada, por cada
instituição ou organismo do Estado. Assim, aqueles pagamentos são indevidos, à luz
do disposto no artigo 96 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime
relativo à organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal
Administrativo.
Por outro lado, a utilização de dinheiros ou outros valores públicos em finalidades
diferentes das legalmente previstas constitui infracção financeira, nos termos do
estabelecido na alínea n) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro;
b) na Componente Investimento, apurou-se que os projectos “MT05-02-MTC-2010-
0010-Apetrechamento da Biblioteca e MT05-02-MTC-2005-0004-Aquisição de
Equipamento para a Escola Superior de Ciências Náuticas”, orçados em 2.500.000,00
Meticais e 3.000.000,00 Meticais, respectivamente, não foram executados.
Sobre este aspecto, a entidade afirmou, no contraditório, que a aprovação tardia do
orçamento teve alguma influência no nível de execução, aliado ao facto de, até ao
período da auditoria, estarem a ser realizados projectos de investimento.

6.7.2.2 – Instituições de Âmbito Provincial

6.7.2.2.1 - Província de Maputo

6.7.2.2.1.1 - Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação de Maputo

a) através dos fundos da Componente Funcionamento, foram pagas despesas da Cadeia


de Ndlhavela, do encerramento da época de canhú no Distrito de Boane e das
cerimónias de Gwazamuthine, no valor de 72.278,50 Meticais, sem observância do
disposto no n.º 2 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o
Sistema de Administração Financeira do Estado, segundo o qual “Nenhuma despesa
pode ser assumida, ordenada ou realizada, sem que, sendo legal, se encontre inscrita
devidamente no Orçamento do Estado aprovado, tenha cabimento na correspondente
verba orçamental e seja justificada quanto à sua economicidade, eficiência e eficácia”.
Estas despesas não têm enquadramento legal no orçamento da entidade, pelo que
constituem pagamentos indevidos, à luz do disposto no artigo 96 da Lei n.º 26/2009,
de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e
processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo.
Por outro lado, este facto constitui infracção financeira prevista nos termos da alínea
n) do n.º 3 do artigo 93 do regime acima citado, o qual preconiza que “constitui
infracção financeira a utilização de dinheiros ou outros valores públicos em
finalidades diferentes das legalmente previstas”.
A este respeito, os gestores da entidade não se pronunciaram, durante a auditoria, nem
em sede do contraditório.

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-38
Novembro de 2011

b) no âmbito dos trabalhos de reabilitação de infra-estruturas de abastecimento de água


do Posto Administrativo de Pessene, foram pagos 100% de IVA à empresa
Construções do Grande Prémio, Lda., ao invés de 60%, conforme dispõe a alínea l)
do n.º 2 do artigo 15 do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, aprovado
pela Lei n.º 32/2007, de 31 de Dezembro, segundo o qual “para as prestações de
serviço de obras públicas em construção e reabilitação de estradas, pontes e infra-
estruturas de abastecimento de água, no valor tributável, deduz-se 60% do mesmo,
para efeitos da liquidação do imposto”.
Esta situação constitui pagamento indevido, à luz do disposto no artigo 96 da Lei n.º
26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização,
funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo.

6.7.2.2.1.2 - Direcção Provincial da Saúde de Maputo

Nesta entidade, não foram executados os projectos “SAU04-05-MAP-2010-0009-


Reabilitação de 2 casas-Namaacha” (2.156.000,00 Meticais), financiado com fundos internos
e, “SAU03-01-MAP-2009-0055 – Saúde Sexual e Reprodutiva de Adolescente na Província
de Maputo – Geração BIZ”, (2.279.160,00 Meticais) financiado com fundos externos, os
quais foram inscritos no mapa Demonstrativo Consolidado do e-SISTAFE, não tendo a
entidade se pronunciado sobre o assunto.

6.7.2.2.1.3 - Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental de Maputo

Foram despendidos 116.012,55 Meticais (o equivalente a 41,8% do total de 277.764,12


Meticais) no pagamento de uma dívida contraída em anos anteriores, respeitante à compra de
combustível na Estação de Serviço Madruga. Do respectivo processo não constam
documentos comprovativos de a autorização ter sido dada pela entidade competente para o
efeito, nem, tão pouco, da devida inscrição, no Orçamento de 2010, da verba de exercícios
findos.
A falta de inscrição no Orçamento do Estado contraria o princípio de universalidade,
consagrado na alínea c) do n.º 1 do artigo 13 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, segundo o
qual todas as receitas e todas as despesas que determinem alterações do património do Estado
devem nele ser obrigatoriamente inscritas, bem como o estabelecido no n.º 2 do artigo 15 da
mesma lei, segundo o qual “Nenhuma despesa pode ser assumida, ordenada ou realizada sem
que, sendo legal, (...) seja justificada quanto à sua economicidade, eficiência e eficácia”.
Ressalve-se, ainda que, nos termos do disposto no n.º 3 do artigo 15 da lei que temos vindo a
citar, as despesas só podem ser assumidas durante o ano económico para o qual tiverem sido
orçamentadas. As referentes a anos anteriores devem ser contabilizadas em rubrica específica
no Orçamento do Estado, segundo dispõe o n.º 1 do artigo 83 do Manual de Administração
Financeira e Procedimentos Contabilísticos (MAF).
Sobre esta matéria, a gerência referiu que o pagamento da dívida à Estação de Serviço
Madruga, em Julho de 2010, de 116.012,55 Meticais, foi efectuado de acordo com a
recomendação dada pela Inspecção Geral do MICOA, em 2010, e com o conhecimento da
DPPF de Maputo.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-39
Novembro de 2011

Refira-se que a entidade fez estes pronunciamentos sem anexar, ao contraditório do relatório
preliminar, o documento da Direcção Provincial do Plano e Finanças de Maputo que autoriza
tal pagamento.
O procedimento adoptado pela entidade constitui violação das normas sobre a elaboração e
execução dos orçamentos, bem como da assunção, autorização ou pagamento de despesas
públicas ou compromissos, à luz do disposto na alínea b) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º
26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e
processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo.

6.7.2.2.1.4 - Delegação Provincial de Viação de Maputo

a) o Livro de Registo de Receitas é escriturado a lápis, o que contraria o prescrito na


alínea c) do n.º 7.1 das Instruções Sobre a Execução do Orçamento do Estado, de 31
de Outubro de 2000, da Direcção Nacional de Contabilidade Pública.
Reagindo ao relatório preliminar de auditoria, a entidade afirmou que tal
procedimento tem em vista evitar borrões no próprio livro;
b) nem sempre o montante da receita arrecadada num determinado mês coincide com o
valor depositado na conta bancária relativo a esse mesmo mês, conforme ilustra o
quadro a seguir.
Quadro n.º VI.28 - Comparação da Receita Colectada e Depositada na Conta
Bancária n.º 2478157
(Em Meticais)

Total dos Talões de


Mês Resumo Diário Diferença
Depósito

Janeiro 624.199,48 625.682,02 1.482,54


Fevereiro 775.382,29 775.332,14 -50,15
Março 886.560,40 886.560,40 0,00
Abril 1.074.269,27 1.016.506,55 -57.762,72
Maio 946.967,12 934.963,73 -12.003,39
Junho 941.910,88 941.850,88 -60,00
Julho 1.279.907,74 1.279.907,74 0,00
Agosto 798.705,31 804.914,93 6.209,62
Setembro 1.061.500,27 1.065.593,27 4.093,00
Total 8.389.402,76 8.331.311,66 -58.091,10

Os gestores da entidade reconheceram, no contraditório, haver divergências entre os


montantes da receita arrecadada e o efectivamente depositado, explicando que as
mesmas resultavam de ser prática corrente retirar-se, da receita, os valores
necessários para acorrer a algumas despesas de carácter urgente, derivadas do normal
funcionamento das actividades, mas que, quando tal ocorria, era feita a reposição
depois do envio do respectivo valor pelo INAV-Sede.
Apesar deste esclarecimento, a entidade não remeteu comprovativos das reposições
efectuadas, pelo que se mantém a constatação.
De acordo com o disposto no n.º 10.1 das Instruções sobre a Execução do Orçamento
do Estado, aprovadas pela DNCP, em 31 de Outubro de 2000 e publicadas no BR n.º

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-40
Novembro de 2011

17, II.ª Série, de 25 de Abril de 2001, as importâncias cobradas pelos Departamentos


Financeiros ou outras estruturas de um Ministério, a título de receita do Orçamento do
Estado, serão depositadas, no dia útil seguinte ao do seu recebimento, na conta
bancária aberta para o efeito, o que não foi observado pela entidade.
Por sua vez, a alínea b) do n.º 3 do artigo 3 do Regulamento do Sistema de
Administração Financeira do Estado, aprovado pelo Decreto n.º 23/2004, de 20 de
Agosto, preceitua que os órgãos e instituições do Estado abrangidos pelo regime
financeiro geral devem recolher ao Tesouro Público toda a receita cobrada.
A retirada de valores da receita para a cobertura de despesas antes do seu
encaminhamento ao Tesouro Público, constitui violação das normas sobre a execução
dos orçamentos, à luz do disposto na alínea b) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º
26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização,
funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo.

6.7.2.2.2 - Província de Nampula

6.7.2.2.2.1 - Direcção Provincial do Plano e Finanças de Nampula

Na Componente Investimento desta entidade, foram pagas obras de reabilitação da residência


oficial do comandante da PRM de Nampula, através das OP´s n.ºs 201000300, 201000344 e
201000409, nos valores de 634.441,02 Meticais, 380.664,62 Meticais e 253.776,41 Meticais,
respectivamente, não inscritas no orçamento da DPPFN de 2010.
Sobre o assunto, os gestores da entidade afirmaram, durante a acção de auditoria e através de
uma nota de 19/11/2011, que a referida reabilitação foi paga com os saldos do orçamento da
Província, por orientação do Governo da Província, em virtude de aquela obra não ter sido
inscrita no Orçamento de Investimento Interno do referido ano económico. Mais ainda
informaram que a necessidade surgiu após constatação de que aquela residência não oferecia
condições de habitabilidade, por encontrar-se em estado avançado de degradação.
Apesar das alegações da entidade, os pagamentos foram feitos sem observância do disposto
no n.º 2 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de
Administração Financeira do Estado, segundo o qual “Nenhuma despesa pode ser assumida,
ordenada ou realizada, sem que, sendo legal, se encontre inscrita devidamente no Orçamento
do Estado aprovado, tenha cabimento na correspondente verba orçamental e seja justificada
quanto à sua economicidade, eficiência e eficácia.”

6.7.2.2.2.2 - Direcção Provincial da Saúde de Nampula

Nesta entidade, verificou-se que entre a informação registada nos mapas Demonstrativos
Consolidados das componentes Funcionamento e Investimento e a dos Relatórios de Fundos
disponibilizados (relação das OP´s), das mesmas componentes, há uma diferença de
26.845.121,15 Meticais por justificar.
Ora, tratando-se de informações que são processadas pelo mesmo sistema, não fica clara a
origem destas diferenças.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-41
Novembro de 2011

A falta de comprovativos das despesas realizadas configura alcance conforme o preceituado


no artigo 94 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à
organização, funcionamento e processo da 3.a Secção do Tribunal Administrativo.

6.7.2.2.3 - Província de Gaza

6.7.2.2.3.1 - Direcção Provincial do Plano e Finanças de Gaza

a) à Província de Gaza, foram alocados 2.500.000,00 Meticais para despesas com


eventos.
Analisando os respectivos processos, constata-se que foram despendidos
9.192.747,95 Meticais, no âmbito da visita presidencial, e 1.102.898,23 Meticais,
noutros eventos da Província, totalizando 10.295.646,18 Meticais.
Para execução dos 10.295.646,18 Meticais foi aplicada a dotação de 2.500.000,00
Meticais supra indicada e a diferença (7.795.646,18 Meticais) foi coberta com os
recursos do Orçamento da própria DPPFG.
Não tendo havido resposta da DNO, à solicitação de reforço, pela DPPFG, foi, deste
modo, fixado o limite orçamental, nesta verba, para a entidade, em 2.500.000,00
Meticais.
Ao executar 7.795.646,18 Meticais acima do limite da verba, a Direcção Provincial
do Plano e Finanças de Gaza violou o disposto no n.º 4 do artigo 15 da Lei do
SISTAFE, o qual estipula que “as dotações orçamentais constituem o limite máximo
a utilizar na realização de despesas públicas, no correspondente exercício”.
O reforço feito pela DPPFG às despesas com eventos, ao nível da Província, no valor
de 7.795.646,18 Meticais sacados de outras verbas do seu Orçamento, constitui
desvio de aplicação, à luz do disposto no n.º 1 do artigo 78 do Capítulo VIII, Título I,
do Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, aprovado
pelo Diploma Ministerial n.º 169/2007, de 31 de Dezembro.
Foram, deste modo, violadas as normas de execução orçamental, consubstanciando a
infracção financeira prevista na alínea b) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de
29 de Setembro.
Ainda, com fundos da DPPFG, foram realizadas despesas a favor do Governo
Provincial, no valor de 894.447,00 Meticais.
A gerência referiu, no exercício do contraditório, que os Encargos Gerais, para além
de suportarem as despesas relativas à visita do Chefe do Estado, são aplicados nas
despesas dos eventos realizados na Província, afirmando, textualmente, ainda, que “a
utilização dos fundos da DPPFG para o efeito deveu-se à falta da disponibilidade nos
Encargos Gerais do Estado, que embora tenha sido solicitado o reforço, não foi
satisfeito”.
Não obstante o pronunciamento da entidade, é de manter, quer a constatação, quer as
conclusões formuladas, uma vez que, pela sua natureza, estas despesas deveriam ser
suportadas pelo sector de “Encargos Gerais do Estado”;

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-42
Novembro de 2011

a) a conta bancária n.º 62766179 – Centro Social, foi criada com o propósito de nela se
depositarem as contribuições dos membros do Fundo Social e através dela
concederem-se empréstimos aos mesmos. No período em análise ela foi utilizada no
pagamento de despesas de 2.049.731,25 Meticais, no âmbito da visita presidencial à
Província de Gaza, as quais deveriam ter sido feitas por conta dos Encargos Gerais do
Estado.
A entidade, em sede de auditoria, esclareceu que esta situação se tinha ficado a dever
ao facto de o Departamento de Contabilidade Pública ter constatado que a conta para
onde deviam ser transferidas tais verbas, não se encontrava cadastrada no sistema,
tendo-se, em face da urgência da despesa, efectuado a transferência do respectivo
montante para a conta n.º 9418895 – Salários e Remunerações.
Sobre a mesma questão, a gerência da entidade, em sede do contraditório, afirmou
que os Encargos Gerais não têm conta específica por onde sejam movimentados os
seus fundos. Assim, e dado que na altura as contas de funcionamento e as de salários
estavam inacessíveis para receber os fundos via e-SISTAFE, recorreu-se, para o
efeito, àquela conta do Centro Social.
A situação indicia a falta de transparência e dificulta o controlo da utilização dos
fundos públicos, além de violar os princípios de contabilidade geralmente aceites.
Há a referir, ainda, que o procedimento adoptado pela entidade constitui infracção
financeira, à luz do disposto na alínea b) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de
29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e processo
da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo;
b) consta do Mapa Demonstrativo Consolidado do Orçamento de Investimento por
UGB/CED, a dotação actualizada de 9.999.033,00 Meticais, referente ao projecto
“GAZ01-00-GAZ-2010-0084 – Construção de Casa de Hóspedes na Praia do Bilene”,
que inicialmente não estava previsto no orçamento da DPPFG.
Instada a pronunciar-se sobre o assunto, a entidade referiu que inscreveu este projecto
para acomodar os funcionários que se deslocavam em missão de serviço ao Distrito
do Bilene-Macia, como forma de minimizar as despesas de alojamento.
A DPPFG, tanto no decurso da auditoria, como em sede do contraditório, não
disponibilizou os documentos que autorizam a criação deste projecto.
Note-se que a alteração acima indicada contraria o disposto na alínea a) do n.º 2 do
artigo 2 do Decreto n.º 11/2010, de 12 Maio, o qual estipula que é delegada no
Ministro das Finanças, nos casos devidamente fundamentados e em qualquer nível
(Central, Provincial e Distrital), a competência para (...) autorizar a inscrição de
novos projectos e dotações.
Da informação contida no e-SISTAFE, apurou-se que as despesas relativas a este
projecto foram pagas directamente aos fornecedores. Porém, no âmbito da análise dos
processos das despesas pagas com fundos deste projecto, foi possível apurar que
7.789.246,71 Meticais (77,9% dos fundos do projecto em causa) foram gastos no
âmbito da presidência aberta e 2.209.786,29 Meticais (22,1%) no apetrechamento das
instalações da DPPFG.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-43
Novembro de 2011

Quanto àquela despesa de 7.789.246,71 Meticais (77,9% do total da rubrica) a


entidade esclareceu que, tendo em vista a redução das despesas com a construção de
tribunas e de palcos nos locais a visitar pelo Presidente da República, no âmbito das
presidências abertas, a DPPFG, na qualidade de coordenadora dos aspectos logísticos
e financeiros para os eventos a nível da Província de Gaza, foi autorizada (através do
Despacho de 28/10/2010, do Governador) a utilização da dotação do projecto em
causa, para a construção e montagem de duas tribunas e de dois palcos.
Salienta-se que uma parcela destas despesas, no montante de 2.945.000,00 Meticais,
foi transferida do e-SISTAFE para a conta bancária da empresa “Casa de Frescos
Gilda”, através da OP n.º 201000060, tendo o mesmo valor sido depositado,
ulteriormente, pelo fornecedor por instrução da DPPFG, na conta bancária n.º
62766179 – Centro Social da Direcção Provincial do Plano e Finanças de Gaza.
Os restantes 22,1% (2.209.786,29 Meticais) desta rubrica, segundo afirmou a
entidade auditada, destinaram-se à aquisição de equipamento informático. Refira-se
que em 2010 estava previsto o projecto “GAZ01-00-GAZ-2008-0004 –
Apetrechamento da DPPF”, por onde deveriam ser pagas tais despesas.
As situações acima arroladas demonstram uma violação reiterada das normas sobre a
elaboração e execução dos orçamentos, bem como da assunção, autorização ou
pagamento de despesas públicas ou compromissos, à luz do disposto na alínea b) do
n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à
organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo;
c) foram pagos 65.180,81 Meticais, através da OP n.º 201000064, para os trabalhos de
desmontagem e montagem de persianas, montagem de casquilhos, vidros, dobradiças,
tranquetas, parafusos e reparação de fechaduras do edifício da DPPFG, com fundos
do projecto “GAZ01-00-GAZ-2005-0011 - Planificação Distrital -Acompanhamento
dos Projectos de Investimento de Iniciativa Local”, ao invés do “GAZ01-00GAZ-
2004-019 - Manutenção do Edifício da DPPFG”.
Sobre o assunto, a entidade referiu que “houve distracção por parte do agente que
tramitou o processo via e-SISTAFE, contudo, reconhecemos o erro e comprometemo-
nos a melhorar”.
Sublinha-se que a ignorância ou má interpretação da lei não justifica a falta do seu
cumprimento, nem isenta as pessoas das sanções nela estabelecidas, de acordo com o
preceituado no artigo 6.º do Código Civil;
d) foram realizadas despesas no valor de 421.002,45 Meticais, com fundos do projecto
“GAZ01-00-GAZ-2008-003 - Promoção de Desenvolvimento de Gaza, ao invés do
GAZ01-00GAZ-2004-019 - Manutenção do Edifício da DPPFG”, como ilustra o
quadro a seguir.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-44
Novembro de 2011

(Em Meticais)
Data OP Beneficiário Valor Observações
Pagamento da primeira prestação da
EMAF-
16/12/2010 201000053 200.060,63 montagem e reparação de persianas do
Construções
edifício da DPPFG.
Pagamento da última prestação da
EMAF-
21/12/2010 201000061 200.062,63 montagem e reparação de persianas do
Construções
ediício da DPPFG.
Pagamento da substituição de cartas de
Moisés Raúl USB, Parallel , Port Impressora Laser Jet,
21/12/2010 201000063 16.300,00
Sitoe substituição da image na impressora laser
jet 24.

Pagamento de desmontagem e montagem


de percianas e montagem de casquilhos,
Carpintaria
21/12/2010 201000064 4.579,19 vidros, dobradiças, tranquetas, parafusos e
Francisco Bila
reparação de fechaduras do edifício da
DPPFG.

Total 421.002,45

No seu contraditório, a entidade reconheceu o facto e comprometeu-se a prestar mais


atenção, em casos futuros.
As situações indicadas nas alíneas d) e e) consubstanciam desvio de aplicação, nos
termos do preconizado no n.º 1 do artigo 78 do Capítulo VIII, Título I, do Manual de
Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, aprovado pelo Diploma
Ministerial n.º 169/2007, de 31 de Dezembro.
Por outro lado, a utilização de dinheiros ou outros valores públicos em finalidades
diferentes das legalmente previstas constitui infracção financeira, à luz do
estabelecido na alínea n) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.

6.7.2.2.3.2 - Direcção Provincial da Agricultura de Gaza

a) com fundos do projecto “AGR02-03-GAZ-2009-0062 – Estabelecimento de


machambas modelo” foram efectuadas despesas de reabilitação das residências
protocolares na Cidade de Xai-Xai e aquisição de passagens aéreas no valor de
552.101,00 Meticais, que não se enquadram nos objectivos deste projecto,
constituindo, deste modo, desvio de aplicação, de acordo com o disposto no n.º 1 do
artigo 78 do Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos,
Título I.
Refira-se que aquele pagamento não foi autorizado pelo Governador Provincial, mas
foi executado, em desrespeito do estabelecido na alínea a) do n.º 4 do artigo 3 do
Decreto n.º 11/2010, de 12 de Maio, segundo o qual é delegada “(...) nos
Governadores Provinciais e nos administradores distritais, nos casos devidamente
fundamentados a competência para autorizar a transferência de dotações orçamentais
entre acções ou projectos inscritos no Orçamento do Estado que se enquadram num
mesmo Programa do Governo desde que estejam associadas a um Programa do
Governo sob sua gestão”;
b) no projecto “AGR02-04-GAZ-2009-0060 - Mitigação à Seca nas Províncias de Gaza
e Inhambane”, foi pago um excesso de IVA de 3.574.163,68 Meticais, nas obras de
construção de furos de água, reabilitação de barragem e represa, em preterição do

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-45
Novembro de 2011

estabelecido na alínea l) do número 2 do artigo 15 do Código do Imposto Sobre o


Valor Acrescentado (CIVA), aprovado pela Lei n.º 32/2007, de 31 de Dezembro,
segundo o qual “para as prestações de serviço de obras públicas em construção e
reabilitação de estradas, pontes e infra-estruturas de abastecimento de água, no valor
tributável deduz-se 60% do mesmo, para efeitos da liquidação do imposto”.
Sobre o conteúdo das alíneas acima, a entidade não se pronunciou em sede do
contraditório, ficando assim assente a constatação.
O pagamento em questão é indevido, à luz do disposto no artigo 96 da Lei n.º
26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização,
funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo.

6.7.2.2.3.3 - Direcção Provincial da Educação e Cultura de Gaza

a) com fundos do Programa “MEC03-04-GAZ-2003-1021 - Alfabetização-Gaza”,


primariamente concebido para garantir a assistência aos alfabetizandos na Província
de Gaza, foram efectuadas despesas (reparação e manutenção de viaturas da DPEC,
chamadas telefónicas, consumo de água, energia eléctrica e refeições, no âmbito da
visita do Ministro da Educação e do dia dos continuadores, reparação de uma antena
parabólica e montagem de aparelho de ar condicionado), no montante global de
403.650,43 Meticais, que não se enquadram nos seus objectivos.
Relativamente a este assunto, a gerência, no contraditório, afirmou que a mesma
solicitou ao Governador da Província a autorização para a criação da rubrica “Bens e
Serviços”, dentro do programa “MEC03-04-GAZA-2003-1021”, com o objectivo de
cobrir despesas de funcionamento e exames, porque a instituição apresentava défice
de fundos para realizar tais despesas.
Verificado o anexo remetido a este Tribunal, apurou-se que o pedido se referia à
criação, naquele programa, da verba 112000 – Outras Despesas com o Pessoal,
destinada a fazer face às despesas de supervisão dos exames finais, bem como à
retirada do valor de 1.200.000,00 Meticais, para cobrir as despesas de reconstrução
do Monumento Samora Machel (Fase II), nada tendo a ver, por conseguinte, com as
despesas indicadas anteriormente, pela própria entidade.
A utilização de dotações alocadas a uma determinada verba para atender a
pagamento de despesas em outra verba consubstancia desvio de aplicação, de acordo
com o estabelecido no n.º 1 do artigo 78 do Capítulo VIII, Título I, do Manual de
Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, aprovado pelo Diploma
Ministerial n.º 169/2007, de 31 de Dezembro.
Por outro lado, a utilização de dinheiros ou outros valores públicos em finalidades
diferentes das legalmente previstas constitui infracção financeira, à luz do
estabelecido na alínea n) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro;
b) de igual modo, a partir do Programa “MEC02-02-GAZ-2010-0066-Reabilitação da
Escola Primária Eduardo Mondlane”, efectuaram-se as seguintes despesas (sem
prévia autorização da entidade competente):

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-46
Novembro de 2011

i. pagamento das obras de pavimentação e construção de sistema de drenagem da


DPECG, através da OP n.º 201000677, no valor de 1.300.000,00 Meticais.
No concernente a esta constatação, os gestores alegaram, no exercício do
contraditório, que decorreram em simultâneo três obras (Escola Primária Eduardo
Mondlane, Escola Secundária de Chissano e reabilitação do pavê e sistema de
drenagem da DPECG). Como uma delas apresentava défice orçamental, recorreu-
se às verbas deste programa para cobrir tal insuficiência.
Os comentários da entidade não invalidam a constatação, pois nenhuma despesa
pode ser assumida, ordenada ou realizada sem que, sendo legal, se encontre
inscrita devidamente no Orçamento do Estado aprovado, tenha cabimento na
correspondente verba orçamental e seja justificada quanto à sua economicidade,
eficiência e eficácia, segundo o estabelecido no n.º 2 do artigo 15 da Lei n.º
9/2002, de 12 Fevereiro. Ademais, as dotações orçamentais constituem o limite
máximo a utilizar na realização das despesas (n.º 3 do artigo 15 da mesma lei), o
que não foi observado pela gerência;
ii. através da OP n.º 201000048, de 58.178,25 Meticais, pagou-se a um artesão, pelo
fornecimento de material precário para a construção de salas de aulas, na Escola
Secundária de Chissano, no Posto Administrativo do mesmo nome, despesa que
deveria ter sido suportada pelo projecto “MEC02-02-0064-Comparticipação na
Construção de 2 Escolas nos Distritos de Bilene e Mandlakazi”. Além disso, o
número de documento externo (factura), registado na OP n.º 20100048, refere-se
ao recibo n.º 8736, de 8.453,25 Meticais, da Direcção de Área Fiscal de Xai-Xai,
relativo ao pagamento de IVA efectuado pelo fornecedor.
Nos termos do artigo 78 do Capítulo VIII, Título I, do Manual de Administração
Financeira e Procedimentos Contabilísticos, aprovado pelo Diploma Ministerial
n.º 169/2007, de 31 de Dezembro, os pagamentos acima referidos configuram
desvio de aplicação.
Por outro lado, a utilização de dinheiros ou outros valores públicos em finalidades
diferentes das legalmente previstas constitui infracção financeira, à luz do
estabelecido na alínea n) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de
Setembro;
iii. apurou-se, também, da verificação física, que não foi construído o muro de
vedação, nem reabilitados o bloco de 4 salas de aulas, o bloco administrativo e o
sistema de drenagem de águas pluviais. Sobre o assunto, em resposta à Nota de
Pedido de Informação n.º 02 do TA, os gestores da entidade afirmaram que “por
alegada insuficiência do Orçamento não foi possível a realização das obras”.
Este pronunciamento não invalida a afirmação do Tribunal Administrativo, pois,
segundo os comprovativos, a entidade procedeu à retirada de fundos deste
projecto para o pagamento de trabalhos de pavimentação e construção de sistema
de drenagem da DPEC de Gaza, conforme se constata no ponto i) desta alínea.
Por outro lado, estabelece-se, no n.º 2 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12
Fevereiro, que nenhuma despesa pode ser assumida, ordenada ou realizada sem

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-47
Novembro de 2011

que, sendo legal, se encontre inscrita devidamente no Orçamento do Estado


aprovado, tenha cabimento na correspondente verba orçamental e seja justificada
quanto à sua economicidade, eficiência e eficácia.
Outrossim, as dotações orçamentais constituem o limite máximo a utilizar na
realização das despesas, segundo o estipulado no n.º 3 do artigo 15 da mesma lei,
o que não foi observado pela entidade.
A execução das despesas referidas nos pontos i), ii) e iii) desta alínea não foi
autorizada pelo Governador Provincial, nos termos do preceituado na alínea a) do
n.º 4 do artigo 3 do Decreto n.º 11/2010, de 12 de Maio, segundo o qual é
delegada “ (...) nos Governadores Provinciais e nos administradores distritais, nos
casos devidamente fundamentados a competência para autorizar a transferência de
dotações orçamentais entre acções ou projectos inscritos no Orçamento do Estado
que se enquadram num mesmo Programa do Governo desde que estejam
associadas a um Programa do Governo sob sua gestão”.
Assim, os pagamentos acima indicados, por não terem obedecido as normas sobre
a elaboração e execução dos orçamentos, bem como da assunção, autorização ou
pagamento de despesas públicas, constituem violação do estabelecido na alínea b)
do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime
relativo à organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal
Administrativo;
c) com os fundos do projecto “MEC05-01-MEC2008-0017- Construção de 3 escolas de
artes e ofícios”, pagou-se a manutenção e reparação da viatura Toyota MMR 80-34,
através da OP n.º 201000836, de 220.580,85 Meticais.
A este respeito, em sede do contraditório, a entidade referiu que “o projecto em causa
foi erradamente inscrito no sistema pelo Ministério das Finanças, pois a Província
não tinha nenhum plano de construção das mesmas. O valor inscrito destinava-se ao
reforço do projecto MEC04-01-MEC2010-0013 (reabilitação e construção de escolas
secundárias), daí que uma parte desse valor serviu para a manutenção da viatura
mencionada”.
Não obstante o pronunciamento da entidade, não foram apresentados os
comprovativos do afirmado, pelo que o Tribunal Administrativo reitera que houve
desvio de aplicação, ao abrigo do disposto no artigo 78 do Capítulo VIII, do Título I
do Manual de Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos (MAF),
aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 169/2007, de 31 de Dezembro, traduzido no
incorrecto enquadramento orçamental da despesa;
d) pela Componente Investimento Externo, no dia 17 de Dezembro, foi utilizada a verba
(212099 - Outra Maquinaria e Equipamento), no total de 740.000,01 Meticais, para a
compra de 4 motorizadas de marca Honda XL 125 SL DK, na empresa Ciclomotores,
ao preço unitário de 185.000,00 Meticais. Igualmente, foram adquiridas, na Toyota
de Moçambique, 2 viaturas Toyota Hilux 2.5, uma no valor de 1.559.999,95 Meticais
e outra no montante de 1.675.600,05 Meticais. Estas despesas deveriam ter sido
enquadradas na verba “212001 – Meios de Transportes”.

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-48
Novembro de 2011

No contraditório, a entidade afirmou que, efectivamente, nas aquisições efectuadas


não foi lançado concurso público, nem os respectivos contratos foram submetidos à
fiscalização prévia, mas, no caso das motorizadas, que foram solicitadas cotações
junto dos fornecedores para se apurar o melhor preço e, no concernente às viaturas,
optou-se pela marca Toyota que deu provas de suportar as características dos
terrenos da província, sem indicar a base legal dessas decisões.
As alegações produzidas pela entidade não justificam a inobservância dos preceitos
legais, pelo que a constatação do TA mantém-se na íntegra.
Os factos referidos nas alíneas a), c) e d) constituem desvio de aplicação, ao abrigo
do disposto no artigo 78 do Capítulo VIII, do Título I do Manual de Administração
Financeira e Procedimentos Contabilísticos (MAF), aprovado pelo Diploma
Ministerial n.º 169/2007, de 31 de Dezembro, traduzido no incorrecto
enquadramento orçamental da despesa.
Por outro lado, a utilização de dinheiros ou outros valores públicos em finalidades
diferentes das legalmente previstas constitui infracção financeira, à luz do
estabelecido na alínea n) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.

6.7.2.2.3.4 - Comando Provincial da PRM de Gaza

a) entre a informação registada no mapa Demonstrativo Consolidado da Componente


Funcionamento (9.899.796,60 Meticais) e a dos Relatórios de Fundos
disponibilizados (9.927.296,60 Meticais), existe uma diferença de 27.500,00
Meticais;
b) existem divergências entre os valores da execução apresentados pelos gestores da
entidade e os realmente confirmados pelas diversas áreas que compõem o CPPRMG,
conforme ilustra a tabela a seguir;
(Em Meticais)
Titulares das
Áreas CPPRMG Diferença
Áreas
FIR 1.221.923,89 1.046.852,50 -175.071,39
Fundo Operativo 254.181,00 17.358,00 -236.823,00
Total 1.476.104,89 1.064.210,50 -411.894,39
Fonte: CPPRMG e declarações dos respectivos titulares

c) no que tange às despesas realizadas com receitas consignadas, a entidade não


apresentou, no decorrer da auditoria, a prova documental do destino dado aos
24.750,00 Meticais provenientes da Direcção Provincial da Educação e Cultura de
Gaza, pela prestação de serviços de patrulhamento, aquando da realização da Copa
Coca-Cola.
Sobre as constatações das alíneas a), b) e c), a entidade, tanto no decurso da auditoria,
como em sede do contraditório, não emitiu qualquer pronunciamento, tornando,
assim, assente a constatação;
d) da verificação aos processos de despesas pagas através da conta bancária n.º
91637356, do Millennium bim, apurou-se que não foi transferido, no momento
oportuno, o valor das multas cobradas pela Polícia de Trânsito, no montante de

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-49
Novembro de 2011

133.400,00 Meticais, referente ao mês de Dezembro de 2010, para a Direcção de


Área Fiscal de Gaza.
Questionado sobre o assunto, o Chefe do Departamento de Trânsito afirmou que não
efectuara a transferência, por falta de autorização da Comandante Provincial da PRM
de Gaza. É de realçar que só em Julho de 2011, no decorrer da auditoria deste
Tribunal, é que se autorizou a devida transferência.
Assim, não ficaram claras as razões que ditaram o adiamento, por 7 meses, da
autorização da transferência desses valores, pondo em causa o estabelecido no artigo
4 do Decreto n.º 17/93, de 25 de Agosto, em conjugação com a Circular n.º
1/GMI/94, de 14 de Abril, nomeadamente quanto ao retorno da comparticipação de
30% dos agentes intervenientes.
Relativamente aos saldos das contas de receita, não se observou o preconizado nos
artigos 11 e 12, da Circular n.º 01/GAB-MF/2010, segundo os quais os órgãos e
instituições do Estado devem proceder à entrega das receitas consignadas à DAF, até
ao dia 10 do mês seguinte ao da sua cobrança.

6.7.2.3 – Instituições de Âmbito Distrital

6.7.2.3.1–Distrito de Boane

6.7.2.3.1.1– Secretaria Distrital de Boane

a) na Componente Funcionamento, adquiriu-se, através da OP n.º 201000510, no valor


de 11.000,00 Meticais, ração e farelo para frangos criados na residência oficial da
Administradora.
Segundo a entidade “...trata-se duma criação da residência oficial do Administrador,
em mandatos anteriores. Porque o orçamento actual do distrito prevê uma única
rubrica de representação que suporta os encargos de alimentação e aquisição de
produtos alimentares”.
Por outro lado, no exercício do contraditório do relatório preliminar de auditoria
financeira, a gerência da entidade afirmou que “... os animais foram ofertados à
Administradora-Cessante durante as visitas, alguma parte foi abatida na recepção
das visitas centrais e provinciais ao Distrito, no entanto, a prática já foi corrigida”.
Refira-se que os insumos adquiridos para as aves não se enquadram na verba
“Representação” prevista no orçamento. Ademais, da verificação física efectuada à
capoeira onde eram criadas tais aves, nenhuma foi encontrada.
Assim, o pagamento realizado é indevido, à luz do disposto no artigo 96 da Lei n.º
26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização funcionamento
e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo;
b) foram adquiridos, através da OP n.º 201000158, de 75.205,00 Meticais, na empresa F.
F. Trading, Lda., uma cama casal, duas mesinhas de cabeceira, um colchão, uma
colcha, um jogo de lençóis, um par de toalhas de banho e duas almofadas para a
residência do Administrador, e cinco rolos de tapete para a sala de sessões, despesas

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que não se enquadram nos objectivos do projecto de “Reabilitação de Infra-estruturas


Distritais”, o que consubstancia desvio de aplicação, de acordo com o estabelecido no
n.º 1 do artigo 78 do Capítulo VIII, Título I, do Manual de Administração Financeira
e Procedimentos Contabilísticos, aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 169/2007, de
31 de Dezembro.
Por outro lado, a utilização de dinheiros ou outros valores públicos em finalidades
diferentes das legalmente previstas constitui infracção financeira, à luz do
estabelecido na alínea n) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.

6.7.2.3.2 – Distrito da Namaacha

6.7.2.3.2.1 – Secretaria Distrital da Namaacha

a) com fundos da Secretaria Distrital, e pelo seu orçamento de funcionamento, foram


pagos salários, no valor de 121.230,22 Meticais, a um colaborador, sem vínculo
laboral com o Estado, contrariando-se o preceituado no n.º 1 do artigo 9 do Estatuto
Geral dos Funcionários e Agentes do Estado, aprovado pela Lei n.º 14/2009, de 17 de
Março, o que constitui infracção financeira, prevista na alínea b) do n.º 3 do artigo 93
da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização,
funcionamento e processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo.
No exercício do contraditório, a entidade informou que “este funcionário foi admitido
para responder a uma necessidade urgente de trabalho, em substituição do aposentado
Alfândega Pedro para passar a usar o mesmo cabimento orçamental...”.
A entidade adianta, ainda, que “... foram feitas algumas tentativas no sentido de se
fazer a nomeação para o quadro e resultou na impossibilidade devido à falta de
quadro de pessoal...”.
A urgência apontada não justifica a violação das normas legais que regem a admissão
de funcionários no Aparelho do Estado.
Assim, é indevido o pagamento realizado, nos termos do artigo 96 da Lei n.º 26/2009,
de 29 de Setembro, já citada;
b) foram emitidas Ordens de Pagamento, no valor de 284.308,60 Meticais, a favor de
vários beneficiários, para a aquisição de diversos produtos (material de construção,
motor de arranque, material de escritório, carne de vaca e frango), sem indicação do
seu âmbito e destino.
Há a referir que a sonegação ou deficiente prestação de informações ou documentos
pedidos pelo Tribunal Administrativo constitui infracção financeira, conforme o
preceituado na alínea e) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro,
atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e processo da 3.a Secção, do
Tribunal Administrativo.
Por outro lado, o pagamento efectuado é indevido, à luz do disposto no artigo 96 da
Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, já citada.

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6.7.2.3.3 – Distrito de Matutuíne

6.7.2.3.3.1 – Secretaria Distrital de Matutuíne

a) no dia 16/08/2010, foram emitidos os cheques n.ºs 65056 e 65064, de 27.108,90


Meticais e 5.967,00 Meticais, a favor das empresas Auto Taste, Lda. e Auto
Rectificadora, respectivamente, para aquisição de acessórios e manutenção de uma
viatura, cuja matrícula não foi indicada. Além disso, as facturas e os recibos destas
despesas estão em nome da Direcção Nacional de Geografia e Cadastro
(DINAGECA).
Igualmente, foram pagos 122.488,57 Meticais, pela aquisição de acessórios e
manutenção de viaturas e motorizadas cujas matrículas não foram mencionadas nos
respectivos documentos justificativos.
Os pagamentos acima indicados são indevidos, à luz do disposto no artigo 96 da Lei
n.º 26/2009, de 29 de Setembro, que temos vindo a citar.
Por outro lado, a sonegação ou deficiente prestação de informações ou documentos
pedidos pelo Tribunal Administrativo constitui infracção financeira, conforme o
preceituado na alínea e) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro,
atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e processo da 3.a Secção, do
Tribunal Administrativo;
b) nesta Secretaria não foi indicada, no processo de aquisição, a finalidade de diversos
bens adquiridos através de cheques que somam 75.806,00 Meticais, pelo que há uma
infracção financeira, conforme o preceituado na alínea e) do n.º 3 do artigo 93 da Lei
n.º 26/2009, de 29 de Setembro, já citada.

6.7.2.3.4 – Distrito da Moamba

6.7.2.3.4.1 – Serviço Distrital de Planeamento e Infra-Estruturas da Moamba

A entidade não disponibilizou qualquer justificativo das despesas realizadas no projecto de


investimento externo “MOP08-01-MOP-2010-0029 - Programa Nacional de Abastecimento
de Água e Saneamento Rural-PRONASAR”, no montante de 413.000,00 Meticais.
Em relação a este aspecto, a entidade afirmou que a disponibilização dos fundos foi tardia, o
que dificultou a sua execução.
Segundo os registos do e-SISTAFE, este projecto foi executado.
Refira-se que o desaparecimento de dinheiros ou outros valores do Estado ou de outras
entidades públicas, independentemente da acção do agente nesse sentido, constitui alcance,
nos termos do artigo 94 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.
Por outro lado, o extravio de processos ou documentos e sonegação ou deficiente prestação
de informação ou documentos pedidos pelo tribunal competente, ou exigidos por lei é
infracção financeira (alínea e) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro).

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RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-52
Novembro de 2011

6.7.2.3.5 – Distrito da Ilha de Moçambique

6.7. 2.3.5.1 – Secretaria Distrital da Ilha de Moçambique

a) nesta entidade, apurou-se uma diferença de 9.921.191,21 Meticais entre os valores de


Adiantamento de Fundos registados no mapa Demonstrativo Consolidado, como
pagamentos, via adiantamento de fundos (16.583.561,74 Meticais), e os creditados
nas respectivas contas de diversos Serviços Distritais (26.504.752,95 Meticais).
Conclui-se, deste modo, que há despesas que são pagas, via adiantamento de fundos,
sem que o seu registo seja efectivado no e-SISTAFE.
O desaparecimento de dinheiros ou outros valores do Estado ou de outras entidades
públicas, independentemente da acção do agente nesse sentido, constitui alcance nos
termos do artigo 94 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro;
b) da verificação física realizada às obras de construção de dormitórios para enfermeiros
e respectivas casas de banho, no Centro de Saúde de Sangane, ao custo de 780.283,05
Meticais, apurou-se que as mesmas ainda não se encontravam concluídas, apesar de
ter sido já efectuado o seu pagamento na totalidade e ter, igualmente, expirado o
prazo clausulado no contrato para a sua entrega.
Em face do exposto, deveria a entidade ter rescindindo unilateralmente o contrato,
com fundamento no incumprimento das obrigações contratualmente assumidas pela
contratada, nos termos do estabelecido na alínea a) do n.º 1 do artigo 56 do
Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de
Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto n.º 15/2010, de 24 de
Maio, em vez de pagar, na totalidade, um trabalho que não foi executado na íntegra.

6.7.2.3.6 – Distrito de Angoche

6.7.2.3.6.1 – Serviço Distrital da Educação, Juventude e Tecnologia de Angoche

a) com fundos da Componente Funcionamento, foram pagas despesas no valor de


15.145,00 Meticais e 9.244,97 Meticais, através das OP´s n.ºs 201000120 e
201000496, respectivamente, de refeições, sem indicação, no processo, do âmbito
dessas aquisições e da quantidade das refeições adquiridas.
Refira-se que a sonegação ou deficiente prestação de informações ou documentos
pedidos pelo Tribunal Administrativo constitui infracção financeira, conforme o
preceituado na alínea e) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro;
b) pelo Projecto FASE, adquiriram-se bens (3 televisores, 2 congeladores, 6 ventoinhas,
2 pares de sapatos, 4 aparelhos de ar condicionado e 3 motorizadas), através da OP n.º
201000019, no valor de 390.000,00 Meticais, destinados à Secretaria Distrital de
Angoche, o que constitui desvio de aplicação, nos termos do estabelecido no n.º 1 do
artigo 78 do Capítulo VIII, Título I, do Manual de Administração Financeira e
Procedimentos Contabilísticos, aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 169/2007, de
31 de Dezembro, uma vez que aquelas despesas não têm enquadramento naquele
projecto.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-53
Novembro de 2011

Tendo-se utilizado dinheiros públicos em finalidades diferentes das legalmente


previstas, cometeu-se uma infracção financeira, nos termos do disposto na alínea n)
do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.

6.7.2.3.6.2 – Serviço Distrital das Actividades Económicas de Angoche

Através da OP n.º 201000381, de 7.000,00 Meticais, pagou-se o alojamento, no mês de


Junho de 2010, de estagiários. No respectivo processo, todavia, não são indicados os nomes
dos beneficiários, a instituição de origem, o âmbito e a finalidade do referido estágio,
elementos indispensáveis à correcta avaliação da legalidade da despesa.
Nos termos do disposto na alínea e) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de
Setembro, atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e processo da 3.a
Secção, do Tribunal Administrativo constitui infracção financeira, a sonegação ou deficiente
prestação de informações ou documentos pedidos pelo Tribunal Administrativo.

6.7.2.3.7 – Distrito de Nacala-Porto

6.7.2.3.7.1 – Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia de Nacala-Porto

Da verificação dos comprovativos das despesas, apurou-se a existência de dois recibos


viciados (n.º 10956 e 10957, nos valores de 310,00 Meticais e 300,00 Meticais,
respectivamente), emitidos pela Universidade Pedagógica - Delegação de Nampula. Há
indícios de os recibos serem falsos, pois os nomes dos beneficiários foram sobrepostos a
outros, por colagem.
A apresentação de documentos ou declarações falsas consubstancia infracção financeira, à
luz do disposto na alínea a) do número 1 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro,
atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e processo da 3.ª Secção do
Tribunal Administrativo.
De acordo com o n.º 4 do artigo 93 da lei acima citada “(...) a falsificação e quaisquer outros
factos que configurem ilícito criminal são, ainda, punidos nos termos da lei penal”.
Há a referir, ainda, que o facto constitui infracção ao estabelecido no n.º 2 do artigo 26, do
Título I do Manual de Administração Financeira, aprovado pelo Diploma Ministerial n.º
169/2007, de 31 de Dezembro, segundo o qual é da competência do Agente do Controlo
Interno certificar-se da legalidade dos actos que resultem no recebimento de numerário,
realização de despesas e ainda registar a conformidade processual e documental.

6.7.2.3.7.2 – Secretaria Distrital de Nacala-Porto

a) no dia 21/12/2010, foram emitidas as OP’s n.ºs 31, 32 e 33, nos valores de 17.955,65
Meticais, 44.863,35 Meticais e 486.000,00 Meticais, respectivamente, totalizando
548.819,00 Meticais, equivalentes ao valor da requisição emitida para a construção de
10 lavadouros e trabalhos adicionais. Não se indicam, no processo, os locais onde
foram construídos os referidos lavadouros, nem a especificação dos trabalhos
adicionais realizados. Por outro lado, esta despesa não tinha sido prevista no
orçamento da entidade, em violação do preceituado no n.º 2 do artigo 15 da Lei n.º
9/2002, de 12 de Fevereiro, segundo o qual “nenhuma despesa deve ser assumida,

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-54
Novembro de 2011

ordenada ou realizada sem que, sendo legal, se encontre inscrita devidamente no


Orçamento do Estado aprovado, tenha cabimento na correspondente verba orçamental
e seja justificada quanto a sua economicidade, eficiência e eficácia”.
A respeito desta despesa, a entidade, no exercício do direito do contraditório,
informou que os trabalhos adicionais correspondiam à construção dos lavadouros que,
por lapso, os técnicos não tinham incluído no caderno de encargos da abertura de 10
furos de água, em diferentes locais.
A situação acima descrita revela, igualmente, deficiências na planificação das
actividades por parte da Secretaria Distrital de Nacala – Porto;
b) através do Fundo de Investimento de Iniciativa Local (FIIL), foram financiados
600.000,00 Meticais a uma mutuária, através dos cheques n.ºs 6747795 e 1949428
datados de 09/11/10 e 06/12/10, respectivamente, no valor de 300.000,00 Meticais
cada, para a reabilitação de um edifício que servirá de pensão e restaurante. Até ao
momento em que decorreu a auditoria (Maio de 2011), as obras ainda não tinham
terminado, sendo que a reabilitação completa do edifício em causa carece ainda de
intervenções de vulto. Este projecto já tinha beneficiado de um outro financiamento,
em 2007, no montante de 300.000,00 Meticais, pagos através do cheque n.º
4000683211, de 21/08/07, que ainda não foram reembolsados.

6.7.2.3.8 – Distrito de Bilene-Macia

6.7.2.3.8.1 – Secretaria Distrital de Bilene-Macia

a) através de várias ordens de pagamento, adquiriram-se, pela verba “121008-Outros


Bens não Duradouros”, produtos alimentares e de higiene para a residência oficial da
Administradora do Distrito, totalizando 120.871,00 Meticais. Refira-se que estas
despesas não deveriam ser suportadas pelo orçamento da entidade, pelo que, este
facto constitui pagamento indevido, à luz do disposto no artigo 96 da Lei n.º 26/2009,
de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à organização funcionamento e
processo da 3.ª Secção do Tribunal Administrativo;
b) na Componente Investimento, constatou-se que o projecto “BMC03-00-BMC-2007-
0015-Construção e Reabilitação de Infra-Estruturas Distritais” não foi executado nos
termos previstos, sendo que uma parte dos fundos foi aplicada no pagamento de
despesas arroladas no quadro a seguir.
Valor (em
N.º da OP Beneficiário Observação
Meticais)

Compra de material informático (1 máquina fotocopiadora,


3 computadores, 1 impressora HP Laser jet e 1 máquina
manual de escrever para a Secretaria Distrital).
201000143 278.864,82
GESTWIN INFORMÁTICA, LDA. Aquisição de 1aparelho de som e outro de ar condicionado,
para a sala de reuniões do Governo Distrital da Macia.
201000162 395.680,84
Compra de 1 impressora HP Laser Jet 1005, 1 tonner HP
05A, 1 câmara digital shotp 513 e flash 1GB USB, para
201000225 23.325,45 uso na Secretaria Distrital.
Total 697.871,11

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-55
Novembro de 2011

Refira-se que o projecto em causa visava a construção e reparação de infra-estruturas,


no Distrito.
Sobre esta matéria, a entidade, em sede do contraditório, reconheceu o facto e
argumentou que tal situação ocorreu devido à exiguidade do Orçamento na rubrica de
Outras Maquinarias e Equipamentos.
Sublinhe-se que, segundo o estabelecido no n.º 2 do artigo 15 da Lei n.º 9/2002, de 12
de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado, nenhuma
despesa pode ser assumida, ordenada ou realizada sem que, sendo legal se encontre
inscrita devidamente no Orçamento do Estado aprovado, tenha cabimento na
correspondente verba orçamental e seja justificada quanto à sua economicidade,
eficiência e eficácia.

6.7.2.3.8.2– Serviço Distrital da Educação, Juventude e Tecnologia de Bilene-Macia

a) pela OP n.º 201000072, de 15.065,00 Meticais, pagou-se 2.885,00 Meticais na


compra de produtos alimentares para a casa do Director do Serviço Distrital da
Educação, Juventude e Tecnologia, despesas que não deveriam ter sido suportadas
pelo Orçamento do Funcionamento da entidade, pelo que se está perante pagamentos
indevidos, nos termos do disposto no artigo 96 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro;
Os factos acima descritos consubstanciam desvio de aplicação, nos termos do
estabelecido no n.º 1 do artigo 78 do Capítulo VIII, Título I, do Manual de
Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos, aprovado pelo Diploma
Ministerial n.º 169/2007, de 31 de Dezembro;
b) através das OP´s n.ºs 201000087 (20.000,00 Meticais), 201000713 (4.500,00
Meticais) e 201000714 (3.500,00 Meticais) foram pagos bilhetes de passagens2 a
favor de 3 funcionários deste Serviço, não constando, do processo de prestação de
contas, a indicação do âmbito das deslocações, bem como as cópias dos bilhetes de
passagem.
A falta de comprovativos das despesas constitui alcance, conforme o preceituado no
artigo 94 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, atinente ao regime relativo à
organização, funcionamento e processo da 3.a Secção, do Tribunal Administrativo;
c) com fundos do Projecto “BEC01-02-BMC-2008-0003-Fundo de Apoio a Supervisão
Distrital – Educação (FASE)” foi adquirido 1 televisor (plasma) de 55 polegadas e 1
DVD para a casa protocolar do Distrito, cujo pagamento foi efectuado através da
emissão da OP n.º 201000199, no montante de 18.610,00 Meticais. É de referir que
esta despesa não se enquadra nas actividades previstas no projecto FASE, o que
consubstancia desvio de aplicação, à luz do disposto no n.º 1 do artigo 15 da Lei n.º
9/2002, de 12 de Fevereiro, que cria o Sistema de Administração Financeira do
Estado;
d) no mesmo Serviço, foi emitida a OP n.º 201000617, de 3.270,00 Meticais, para a
aquisição de 30 peças de loiça para premiação de funcionário. Também, não consta a
confirmação da recepção dos respectivos prémios.

2
Não é referido no processo se são passagens aéreas ou terrestres.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-56
Novembro de 2011

Em sede do contraditório do relatório preliminar de auditoria, a entidade afirmou que


“...As 30 peças foram adquiridas para premiar o melhor extensionista e na altura não
se elaborou o documento da recepção”.

6.7.2.3.8.3– Serviço Distrital da Saúde, Mulher e Acção Social de Bilene-Macia

Nesta entidade, com a dotação do Funcionamento de 2010, foram pagas dívidas da renda de
uma residência, referente ao período de Janeiro a Julho de 2009. A referida dívida foi
liquidada com o orçamento de 2010, através da OP n.º 201000410, no valor de 70.000,00
Meticais, contrariando o disposto no n.º 3 do artigo 15 da Lei n.º 9/2009, de 12 de Fevereiro,
que cria o Sistema de Administração Financeira do Estado, segundo o qual as despesas só
podem ser assumidas durante o ano económico para o qual tiverem sido orçamentados.

6.7.4 – Processos Relativos ao Pessoal, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços,


Empreitada de Obras Públicas, Consultoria e Arrendamento

Na qualidade de órgão supremo e independente de controlo externo da legalidade das receitas


e despesas públicas, ao Tribunal Administrativo cabe a verificação dos actos, contratos e
demais instrumentos emanados pelo Estado, bem como das condições mais favoráveis para o
Estado, em sede de contratação pública.
É de salientar que a 24 de Agosto entrou em vigor o Decreto n.º 15/2010, de 24 de Maio, que
aprova o Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de
Bens e Prestação de Serviços ao Estado que revoga o Decreto n.º 54/2005, de 13 de
Dezembro.
Neste âmbito, dos níveis central, provincial e distrital, foi feita a verificação de 9.808
processos, sendo 9.315 de pessoal, 209 de fornecimento de bens, 74 de prestação de serviços,
133 de empreitada de obras públicas, 14 de consultoria e 63 de arrendamento, cujas
principais constatações são apresentadas a seguir.

6.7.4.1 - Processos Relativos ao Pessoal

Da conferência dos processos relativos ao pessoal, apurou-se o seguinte:


a) 1.383 actos de submissão obrigatória ao TA, para a concessão do visto ou anotação,
como se observa no quadro a seguir, foram executados sem observância deste dever,
pelos órgãos e instituições do Estado, contrariando-se o estabelecido no n.º 2 do artigo
13 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado (EGFAE), aprovado pela
Lei n.º 14/2009, de 17 de Março.
Por outro lado, as alíneas a) e c) do n.º 1 do artigo 61 da Lei n.º 26/2009, de 29 de
Setembro, atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e processo da 3.ª
Secção, do Tribunal Administrativo, estabelecem que estão obrigatoriamente sujeitos à
fiscalização prévia os actos administrativos de provimento e contratos de qualquer
natureza ou montantes geradores de despesa pública.
Salienta-se que a falta do visto do Tribunal torna os contratos inexequíveis e
insusceptíveis de quaisquer efeitos financeiros, nos termos do artigo 62 da lei
supracitada.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-57
Novembro de 2011

Quadro n.º VI.29- Processos Individuais não Visados pelo Tribunal Administrativo
Âmbito
Central Provincial Distrital

Ilha de
Entidades Qtd. Designação Nampula Qtd. Designação Qtd. Designação
Moçambique
MINAG 10 DPPFN - SDIM 1 Processos de
MITUR - DPAN - Angoche Qtd.
pessoal sem
MOPH 14 DPS 38 Processos de SDA 1 visto do TA
pessoal sem
Nacala - Contratado
MP 2 DPOPHN 4 visto do TA Qtd.
Porto sem visto do
MISAU 35 SDNP 1
TA
FFM 8 Chókwè Qtd.
FFP 2 Gaza Qtd. Designação SDC 1
Processo sem
Processos de
IND 10 título de
pessoal sem visto DPPFG - Bilene-Macia Qtd.
provimento
INE - do TA DPAG 4 SDBM 13
INAHINA 84 DPS 9 Processos de Magude Qtd.
ICS - DPECG 18 pessoal sem SDMAG -
INED 1 PRM - visto do TA Moamba Qtd.
Contratados
Maputo
HCM 425 SDMOA 17 sem visto do
Provincia
TA
ESCN 47 DPPFM 13 Processos de Matutuíne Qtd.
pessoal sem
- - - DPAM - visto do TA SDPIMAT -
Processo sem
- - - DPOPHM 1 diploma de Namaacha Qtd.
provimento
Processos de
- - - DPSM 24 pessoal sem SDN -
visto do TA
- - - DPICM - processos sem Boane Qtd.
título de
- - - DPVM 5 provimento SDB -

- - - DPCAM - Manhiça Qtd.


Pessoal
- - - GCDM SDMA -
Contratado
sem visto do
- - - 595 - - -
CMM TA
Sub-total 638 711 34
Total 1383
Fonte: Relatórios de Auditorias

Em relação à falta de submissão dos contratos à fiscalização prévia do Tribunal


Administrativo, a gerência do Conselho Municipal da Cidade da Matola e a da Direcção
Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental de Maputo, informaram, no
exercício do direito do contraditório, que os processos não visados estavam a ser
instruídos, para envio ao Tribunal Administrativo e, por sua vez, o Serviço Distrital de
Educação Juventude e Tecnologia de Matutuíne afirmou que os contratos em causa
tinham sido celebrados em urgente conveniência de serviço.
Ainda, sobre o assunto, a Direcção Provincial da Educação e Cultura de Gaza, por sua
vez, remeteu as cópias das notas de envio ao TA, dos processos dos 3 funcionários. As

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-58
Novembro de 2011

restantes instituições auditadas não se pronunciaram, relativamente a esta questão, em


claro reconhecimento da infracção financeira cometida;
b) em 10 processos individuais, do Serviço Distrital da Saúde, Mulher e Acção Social da
Moamba, não constam os despachos de nomeação, nem os contratos, pelo que não se
pôde aferir a modalidade de provimento usada.
Em sede do contraditório, a gerência da entidade declarou que os documentos
comprovativos do vínculo com o Estado não estavam inseridos nos processos porque os
contratos com esses agentes do Estado estavam abrangidos pela figura de urgente
conveniência de serviço, prevista no artigo 73 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.
Esta afirmação não afasta a constatação porquanto os processos de pessoal devem
conter todos os dados e documentos respeitantes ao funcionário e à sua carreira, nos
termos estabelecidos no n.º 1 do artigo 93 das Normas de Funcionamento dos Serviços
da Administração Pública (NFSAP), aprovadas pelo Decreto n.º 30/2001, de 15 de
Outubro;
c) em 1030 processos individuais de funcionários e agentes do Estado faltam documentos
respeitantes à sua carreira, o que contraria o estabelecido no n.º 1 do artigo 93 do
instrumento legal acima mencionado, como se apresenta no quadro;

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-59
Novembro de 2011

Quadro n.º VI.30- Processos Individuais com Documentos em Falta


Âmbito
Central Provincial Distrital
Entidades Qtd. Documentos em Falta Nampula Qtd. Documentos em Falta Ilha de Qtd. Documentos em Falta
Moçambique
MINAG 5 Título de provimento, certidão de DPPFN - SDIM 1 Certidão de habilitações
nascimento, declaração de literárias e título de
compromisso de honra, registo provimento
criminal, curriculum vitae e certificado
médico.
MITUR - Títulos de provimento. DPAN - Angoche Qtd. Documentos em Falta

MOPH 1 Contrato DPSN 7 2 contratos e 1 título de 1 título de provimento


provimento SDA

MP 2 1 título de provimento, certidão de DPOPHN 3 Nacala-Porto Qtd. Documentos em Falta


nascimento, declaração de
compromisso de honra, registo
criminal, curriculum vitae e certificado Contratos
médico e 1 despacho de nomeação.

MISAU 22 Título de provimento - - 2 Despacho de transferência


SDNP

FFM 2 1 contrato e 1 despacho de nomeação - - Chókwè Qtd. -

FFP 2 Contrato Gaza Qtd. Documentos em Falta SDC 1 Título de provimento

IND 3 Despacho de nomeação DPPFG - - Bilene-Macia Qtd. Documentos em Falta

INE - - DPAG 3 Despacho de nomeação SDBM 16 Todos documentos


INAHINA - - DPSG 5e2 Magude Qtd. Documentos em Falta
contrato
s
ICS - - DPECG 18 Todos SDMAG - -
INED 3 3 certidões de nascimento, declaração PRM - Não foram facultados Moamba Qtd. Documentos em Falta
de compromisso de honra, registo os processos individuais
criminal, curriculum vitae, certificado à equipa de auditoria
médico e 2 despacho de nomeação

HCM 195 25 certificadões de nascimento, Maputo Qtd. Documentos em Falta SDMOA 17 -


declaração de compromisso de honra Provincia
registo criminal, curriculum vitae e
certificado médico e 170 despacho de
nomeação

ESCN 116 Título de provimento/ despacho de DPPFM 6 Contratos Matutuine Qtd. Documentos em Falta
nomeação
- - - DPAM - - SDPI - -
- - - DPOPHM 2 1 título de provimento e Namaacha Qtd. Documentos em Falta
1 despacho de
transferência

- - - DPSM - - SDN - -
- - - DPICM - - Boane Qtd. Documentos em Falta

- - - DPVM - - SDB - -
- _ - DPCAM - - Manhiça Qtd. Documentos em Falta

- - - GCDM - - SDMAN - -
- - - CMM 595 - - - -
Sub-total 351 641 - 38
Total 1030
Fonte: Relatórios de Auditorias

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-60
Novembro de 2011

d) 27 agentes do Estado, sendo 14 do Ministério das Obras Públicas e Habitação, 1 do


Fundo do Fomento Mineiro, 2 do Instituto Nacional de Desminagem, 3 da Direcção
para Coordenação da Acção Ambiental de Maputo, 2 da Direcção Provincial da Saúde
de Nampula, 1 da Direcção Provincial da Saúde de Gaza e 4 da Secretaria Distrital de
Nacala – Porto, continuam a exercer as suas actividades e a auferir salários, apesar de os
seus contratos terem já expirado, cessando, por consequência, o seu vínculo com o
Estado.
De acordo com o n.º 1 do artigo 9 do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do
Estado (EGFAE), aprovado pela Lei n.º 14/2009, de 17 de Março, o provimento faz-se
por nomeação ou contrato sujeito ao visto do Tribunal Administrativo e à publicação no
Boletim da República, sempre que a dispensa de publicação não seja expressamente
determinada. Em caso de dispensa de visto, haverá sempre anotação, conforme prevê o
n.º 2 do mesmo artigo.
Ora, tendo havido execução e pagamentos destes contratos sem o visto, incorreu-se na
infracção financeira prevista na alínea i) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29
de Setembro, atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e processo da 3.ª
Secção do Tribunal Administrativo.
No contraditório, os gestores do Instituto Nacional de Desminagem reconheceram as
irregularidades e informaram que o IND estava a efectuar o processo de regularização
da situação dos funcionários em referência, junto do Tribunal Administrativo;
e) na Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental de Maputo tendo sido
solicitados pelo TA, não foram facultados, para verificação, 12 processos de bolseiros.
Por sua vez, o Comando Provincial da PRM de Gaza não facultou os processos
individuais dos seus colaboradores, alegando que a verificação só poderia ser feita no
Ministério do Interior em Maputo.
Nos termos do preceituado na alínea e) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29
de Setembro, atinente ao regime relativo à organização, funcionamento e processo da
3.a Secção do Tribunal Administrativo, constitui infracção financeira a sonegação ou
deficiente prestação de informações ou documentos pedidos pelo Tribunal
Administrativo e pelo estabelecido no n.º 1 do artigo 4 da mesma lei, todas as entidades
públicas são obrigadas a fornecer, com toda a urgência e de preferência a qualquer outro
serviço, as informações e processos que lhes forem pedidos;
f) em 2010, foram atribuídas 207 bolsas de estudo a funcionários nas entidades auditadas
de acordo com o quadro a seguir. Destas, 118 foram concedidas sem a observância das
formalidades pré-estabelecidas nos artigos 3 e 6 do Regulamento de Bolsas de Estudo,
aprovado pelo Diploma Ministerial n.º 58/89, de 19 de Julho, do Ministro da
Administração Estatal, nomeadamente, a elaboração de um plano (até 31 de Dezembro
de cada ano) e a sua publicação, no Boletim da República e noutros meios de
informação, bem como a notificação do resultado do concurso.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-61
Novembro de 2011

Quadro n.º VI.31- Processos Relativos a Bolsas de Estudo


Âmbito
Central Provincial Distrital
Ilha de Ilha de
Entidades Qtd. Nampula Qtd. Qtd. Qtd.
Moçambique Moçambique
MINAG - DPPFN - SDIM 4 Namaacha Qtd.
MITUR 4 DPAN - Angoche Qtd. SDN -
MOPH - DPSN 27 SDA 7 Boane Qtd.
MP 7 DPOPHN - SDPIA 2 SDB -
MISAU 27 Gaza Qtd. SDAEA 4 Manhiça Qtd.
INE 19 DPPFG 7 Nacala Porto Qtd. SDMAN 3
FFM - DPAG 14 SDNP -
FFP - DPSG 25 Chókwè Qtd.
IND 4 DPECG 11 SDC -
INAHINA - - Macia Qtd.
Maputo
ICS - Qtd. SDBM -
Provincia
INED - DPPFM 17 Magude Qtd.
HCM - DPAM - SDMAG -
ESCN - DPOPHM - Moamba Qtd.
GCD - CCM - SDMOA -
IAM - DPSM - Matutuine Qtd.
TPM - DPICM - SDAEMAT 2
RM - DPVM - SDEJTMAT 4
FIPAG - DPCAM 19
Sub-total 61 120 26
Total 207
Fonte: Relatórios de Auditorias

As 118 bolsas nesta situação foram atribuídas a funcionários das seguintes instituições:
Ministério do Turismo (4), Ministério da Saúde (27), Direcção Provincial do Plano e
Finanças de Gaza (7), Direcção Provincial da Saúde de Gaza (11), Direcção Provincial
para Coordenação da Acção Ambiental de Maputo (19), Instituto Nacional de
Estatística (19), Direcção Provincial da Saúde de Nampula (4), Instituto Nacional de
Desminagem (4), Secretaria Distrital da Manhiça (3), Secretaria Distrital da Ilha de
Moçambique (4), Secretaria Distrital de Angoche (7), Serviço Distrital de Planeamento
e Infra-estruturas de Angoche (2), Serviço Distrital das Actividades Económicas de
Angoche (1), Serviço Distrital da Educação Juventude e Tecnologia de Matutuíne (4), e
Serviço Distrital das Actividades Económicas de Matutuíne (2);
g) em 4 processos individuais da Direcção Provincial da Educação e Cultura de Gaza, não
há evidências de constituição da relação de trabalho entre o Estado e os agentes que
prestam serviços naquela instituição.
De acordo com o disposto no n.º 1 do artigo 9 do Estatuto Geral dos Funcionários e
Agentes do Estado, aprovado pela Lei n.º 14/2009, de 17 de Março, a relação de
trabalho entre o Estado e o cidadão constitui-se através de nomeação ou de contrato,
sujeitos a visto do Tribunal Administrativo e à publicação no Boletim da República.
Havendo dispensa legal do visto, haverá sempre anotação, de acordo com o n.º 2 do
mesmo artigo.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-62
Novembro de 2011

No exercício do contraditório, a gerência da entidade afirmou que os processos em


causa encontravam-se em tramitação e que tinham sido submetidos ao Tribunal
Administrativo, a 1 de Agosto de 2011. No entanto há a referir que a constatação supra
foi produzida durante a auditoria, pelo que a entidade enviou os processos fora do
prazo, contrariando o disposto na lei acima mencionada;
h) no que concerne ao Comando Provincial PRM de Gaza, não foi possível, durante a
auditoria, apurar-se os dados referentes aos processos relativos ao pessoal, apesar da
diligência feita pela equipa de auditoria, traduzida na formulação da Nota de Pedido n.º
01/CGE/2011, de 12 de Julho, em que se solicitava a relação nominal dos colaboradores
do CPPRMG, assim como a disponibilização dos respectivos processos individuais.
Através dos ofícios n.ºs 325/CGE/TA/2011, 326/CGE/TA/2011 e 327/CGE/TA/2011,
todos de 18 de Julho, a gerência foi notificada, do Despacho do Venerando Juiz
Conselheiro Relator, sobre a matéria em causa, tendo respondido nos seguintes termos:
“cumpre-me o dever de informar que em relação as solicitações acima indicadas
deverão contactar o Comando Geral da PRM - Maputo a fim de lhe ser facultada a
relação nominal de todos os recursos humanos afectos ao Comando Provincial da PRM
de Gaza, assim como a disponibilização dos respectivos processos individuais”. Esta
recusa de disponibilização dos processos individuais e outras informações constitui
infracção financeira, nos termos da alínea e) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de
29 de Setembro.
Além disso, esta acção da gerência da instituição configura desobediência, nos termos
do n.º 4 do artigo 93 e n.º 2 do artigo 108 da lei supracitada.

6.7.4.2 – Processos Relativos a Contratos de Fornecimento de Bens

Da verificação dos 396 contratos relativos ao fornecimento de bens, no valor de


2.150.635.864,62 Meticais, apurou-se que:
a) todos não foram precedidos de abertura de concurso público, contrariando o
estabelecido no artigo 7 do Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras
Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo
Decreto n.º 15/2010, de 24 de Maio.
As despesas mencionadas no quadro a seguir foram realizadas por ajuste directo,
quando as mesmas superam o limite máximo estabelecido na lei (87.500,00 Meticais),
para o recurso a tal modalidade, conforme resulta do n.º 3 do artigo 113 do
Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de
Bens e Prestação de Serviços ao Estado que temos vindo a citar;

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-63
Novembro de 2011

Quadro n.º VI.32- Aquisição de Bens por Ajuste Directo


Âmbitos
Central Provincial Distrital

Valor Valor Ilha de Valor (Em


Entidades Qtd. Nampula Qtd. Qtd.
(Em Meticais) (Em Meticais) Moçambique Meticais)

MINAG 0 0,00 DPPFN 2 4.315.305,50 SDIM 14 1.990.141.442,50


Valor (Em
MITUR 4 7.995.598,44 DPAN 0 0,00 Angoche Qtd.
Meticais)
MOPH 0 0,00 DPSN 12 12.767.520,05 SDA - -
Valor (Em
MP 20 180.184.5,47 DPOPHN 17 0,00 Nacala-Porto Qtd.
Meticais)
MISAU SDNP - -
Valor (Em
FFM 5 778.834,08 Chókwè Qtd.
Meticais)
Valor
FFP Gaza Qtd. SDC - -
0 0,00 (Em Meticais)
Valor (Em
IND 2 155.429,71 DPPFG 16 1.510.873,50 Bilene-Macia Qtd.
Meticais)
INE DPAG 10 2.371.001,67 SDBM - -
Valor (Em
INAHINA 23 6.001.956,65 DPSG 9 3.970.019,27 Magude Qtd.
Meticais)
ICS DPECG 12 2.030.730,50 SDMAG - -
Valor (Em
INED 7 210.895,45 PRM 0 0,00 Moamba Qtd.
Meticais)
Provincia de Valor
HCM 185 109.613.012,33 Qtd. SDMOA - -
Maputo (Em Meticais)
Valor (Em
ESCN 2 525.451,00 DPPFM 0 0,00 Matutuíne Qtd.
Meticais)
- - - DPAM 37 6.819.598,25 SDPIMAT - -
Valor (Em
- - - DPOPHM 17 1.252.164,54 Namaacha Qtd.
Meticais)
- - - DPSM 0 0,00 SDN - -
Valor (Em
- - - DPICM 0 0,00 Boane Qtd.
Meticais)
- - - DPVM 0 0,00 SDB - -
Valor (Em
- - - DPCAM 0 0,00 Manhiça Qtd.
Meticais)

- - - GCDM 0 0,00 SDMAN - -

- - - CMM 2 176.031,18 - - -
Sub-total 248 125.281.177,66 134 35.213.244,46 14 1.990.141.442,50
Total em Qtd. 396
Total (Em Meticais) 2.150.635.864,62
Fonte: Relatórios de Auditorias

b) as entidades indicadas no quadro a seguir, efectuaram várias aquisições sem, no


entanto, terem celebrado os respectivos contratos, o que constitui violação do
preceituado no artigo 110 do regulamento atrás mencionado, o qual estabelece que a
entidade deve adoptar instrumentos escritos simplificados nos casos de contratação de
bens, obras e serviços de pequena dimensão;

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-64
Novembro de 2011

Quadro n.º VI.33 – Processos de Aquisição de Bens sem Celebração de Contratos


N.º de Número de
Entidades
Ordem aquisições

1 2 Escola Superior de Ciências Náuticas


2 4 Ministério do Turismo
3 20 Ministério das Pescas
4 5 Fundo do Fomento Mineiro
5 2 Instituto Nacional de Desminagem
6 37 Direcção Provincial da Agricultura de Maputo
7 2 Conselho Municipal da Cidade da Matola
8 17 Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação de Maputo
9 7 Instituto Nacional da Educação a Distância
10 185 Hospital Central de Maputo
11 2 Direcção Provincial do Plano e Finanças de Nampula
12 12 Direcção Provincial da Saúde de Nampula
13 16 Direcção Provincial do Plano e Finanças de Gaza
14 10 Direcção Provincial da Agricultura de Gaza
15 12 Direcção Provincial da Educação e Cultura de Gaza
16 23 Instituto Nacional de Hidrografia e Navegação
17 9 Direcção Provincial da Saúde de Gaza
18 14 Secretaria Distrital da Ilha de Moçambique

c) 2 contratos do Conselho Municipal da Cidade da Matola não foram submetidos ao


Tribunal Administrativo, infringindo-se o disposto na alínea c) do n.º 1 do artigo 61
da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.
Sublinha-se que a falta do visto do Tribunal torna os contratos inexequíveis e
insusceptíveis de quaisquer efeitos financeiros, nos termos do n.º 1 do artigo 78 da lei
supracitada.
Por outro lado, tendo havido execução e pagamentos destes contratos sem o visto,
incorreu-se na infracção financeira prevista na alínea b) do n.º 1 e alíneas b) e i) do n.º
3 do artigo 93 da lei que temos vindo a citar.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-65
Novembro de 2011

6.7.4.3 – Processos Relativos a Contratos de Prestação de Serviços

Quadro n.º VI.34 – Processos de Prestação de Serviços sem Celebração de Contratos

Âmbito
Central Provincial Distrital

Valor (Em Valor (Em Ilha de Valor (Em


Entidades Qtd. Nampula Qtd. Qtd.
Meticais) Meticais) Moçambique Meticais)

MINAG - - DPPFN - 0,00 SDIM - -


- Valor (Em
MITUR 8 DPAN 0,00 Angoche Qtd.
4.400.274,76 Meticais)
MOPH 3 4.285.729,40 DPSN - 0,00 SDA - -
- Valor (Em
MP 10 2.258.475,41 DPOPHN 0,00 Nacala-Porto Qtd.
Meticais)
MISAU - - - SDNP - -
- Valor (Em
FFM 2 437.476,14 Chókwè Qtd.
Meticais)
- - Valor (em - -
FFP Gaza Qtd. SDC
Meticais)
Valor (Em
IND 3 355.771,00 DPPFG 6 1.407.735,09 Bilene-Macia Qtd.
Meticais)
INE - - DPAG - 0,00 SDBM - -
- - Valor (Em
INAHINA DPSG 9 3.970.019,27 Magude Qtd.
Meticais)
ICS - - DPECG 5 985.618,27 SDMAG - -
- Valor (Em
INED 5 PRMG 0,00 Moamba Qtd.
830.781,21 Meticais)
- -
Maputo Valor (em
HCM Qtd. SDMOA 4 782.983,30
Provincia Meticais)
- - - Valor (Em
ESCN DPPFM 0 Matutuine Qtd.
Meticais)
GCD - - DPAM 8 754.455,84 SDPIMAT - -
- - Valor (Em
IAM DPOPHM 10 673.451,81 Namaacha Qtd.
Meticais)
TPM - - DPSM - 0,00 SDN - -
- - - Valor (Em
RM DPICM 0,00 Boane Qtd.
Meticais)
FIPAG - - DPVM - 0,00 SDB - -
- - - Valor (Em
_ DPCAM 0,00 Manhiça Qtd.
Meticais)
- - - - SDMAN - -
Sub-total 31 12.568.507,92 38 7.791.280,28 4 782.983,30
Total 21.142.771,50
Fonte: Relatórios de Auditorias

Da verificação dos 73 processos relativos à prestação de serviços, no valor de 21.142.771,50


Meticais, apurou-se que:
a) todos eles não foram precedidos de abertura de concurso público, contrariando o
estabelecido no artigo 7 do Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras
Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo
Decreto n.º 15/2010, de 24 de Maio;

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-66
Novembro de 2011

b) as entidades indicadas no quadro efectuaram várias aquisições, por ajuste directo,


quando o valor de cada uma delas supera o limite máximo para o recurso a tal
modalidade (87.500,00 Meticais), violando-se, assim, o disposto no n.º 3 da artigo
113, conjugado com a alínea b) do n.º 2 do artigo 90, ambos do Regulamento de
Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de
Serviços ao Estado, atrás mencionado;
c) 3 contratos do Instituto Nacional de Desminagem, no valor de 355.771,00 Meticais, 2
da Direcção Provincial de Obras Públicas e Habitação de Maputo (673.451,81
Meticais), 9 da Direcção Provincial de Educação e Cultura de Gaza, (5.203.494,54
Meticais), 2 do Fundo do Fomento Mineiro, (437.476,14 Meticais) e 8 do Ministério
do Turismo, (4.400.274,76 Meticais), não foram submetidos à fiscalização prévia do
Tribunal Administrativo, em preterição do estabelecido na alínea c) do n.º 1 do artigo
61 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.
Apesar de legalmente ineficazes, pelas razões antes referidas, os contratos foram
executados, configurando, tal situação, uma infracção financeira, à luz do disposto na
alínea b) do n.º 1 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro;
d) foram realizadas despesas sem celebração dos respectivos contratos pela gerência, no
Instituto Nacional de Desminagem, no valor de (355.771,00 Meticais), no Instituto
Nacional da Educação a Distância (830.781,21 Meticais), no Ministério das Pescas
(2.258.475,41 Meticais), no Ministério das Obras Públicas e Habitação (4.285.729,40
Meticais), na Direcção Provincial da Agricultura de Maputo (754.455,84 Meticais) e
no Conselho Municipal da Cidade da Matola (164.415,59 Meticais), violando-se,
assim o estabelecido no n.º 1 do artigo 44 do regulamento de contratação pública que
temos vindo a citar, segundo o qual os contratos de valor superior ao limite máximo
para o ajuste directo (87.500,00 Meticais) devem ser reduzidos a escrito.
No contraditório do relatório preliminar da auditoria, a gerência do Instituto Nacional
de Educação à Distância afirmou que as aquisições efectuadas respeitavam a
contratos celebrados em anos anteriores, mas não remeteu, a este tribunal, qualquer
documentação comprovativa da asserção, pelo que se mantém a constatação.
Sobre as despesas efectuadas sem celebração de contratos, o Instituto Nacional de
Desminagem afirmou que estas eram pequenas e que não celebravam contratos.
Contudo, comprometeram-se a corrigir os erros cometidos e a cumprir os
procedimentos em causa.
A Direcção Provincial da Agricultura de Maputo afirmou, em sede do contraditório,
que havia lançado concurso para a manutenção de viaturas em que o respectivo
vencedor do mesmo ficou desqualificado. Enquanto aguardava-se pelo lançamento de
um novo concurso e porque as viaturas deveriam ser reparadas em caso de avaria
recorreram ao concurso aberto pelo MINAG. Os factos apresentados pela entidade
não invalidam a constatação. Por outro lado, a entidade apenas anexou o contrato de
prestação de serviços e não juntou nenhum documento referente ao concurso aberto
pelo MINAG. Assim, mantém-se a constatação.
No exercício do direito do contraditório, os gestores do Ministério das Obras Públicas
e Habitação remeteram a este Tribunal o contrato celebrado com a Interauto, Lda.,

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-67
Novembro de 2011

relativo ao fornecimento de 3 viaturas. No entanto, não se pronunciaram em relação


às outras despesas no montante de 4.285.729,40 Meticais. Deste modo, conclui-se
pela manutenção das constatações supra, no concernente às despesas efectuadas no
valor atrás mencionado.
Salienta-se que, sobre a mesma matéria, o Conselho Municipal da Cidade da Matola e
o Ministério das Pescas não se pronunciaram, o que traduz o reconhecimento da
infracção supracitada.

6.7.4.4 – Processos Relativos aos Contratos de Empreitada de Obras Públicas

Da verificação dos 133 processos relativos aos contratos de Empreitada de Obras Públicas,
apurou-se que:
a) não foram precedidos da abertura de concurso público, contrariando o estabelecido no
artigo 7 do Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas,
Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto n.º
15/2010, de 24 de Maio: 1 contrato da Direcção Provincial do Plano e Finanças de
Nampula, no valor de 698.607,73 Meticais, 2 da Direcção Provincial do Plano e
Finanças de Gaza (2.546.578,40 Meticais), 2 do Serviço Distrital de Planeamento e
Infra-estruturas da Macia (1.039.327,50 Meticais), 2 da Secretaria Distrital da Moamba
(2.197.332,96 Meticais) e 8 no Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas da
Moamba (4.538.474,18 Meticais).
O concurso público visa, entre outros, aferir as condições mais favoráveis para o
Estado, conforme resulta do n.º 1 do artigo 35 do regulamento de contratação pública
citado, tendo em vista a salvaguarda do interesse público.

Em sede do contraditório, a gerência do Serviço Distrital de Planeamento e Infra-


estruturas da Macia afirmou que “não foi aberto concurso porque tratava-se da
conclusão de uma obra iniciada no ano de 2009 pelo mesmo artesão”. No entanto, a
entidade não apresentou provas relativas ao concurso realizado em 2009.

Relativamente ao assunto, os responsáveis pela gerência da Direcção Provincial do


Plano e Finanças de Nampula reconheceram a constatação, afirmando que optou-se por
estes procedimentos por se revelarem os mais viáveis.
Sobre a mesma questão, no exercício do direito do contraditório, os gestores da
Direcção Provincial do Plano e Finanças de Gaza afirmaram que as despesas realizadas
por ajuste directo, através das OP´s n.ºs 9, 11, 595, 600, 12 e 15, foram efectuadas com
base na alínea b) do n.º 2 do artigo 113 do Regulamento de Contratação de Empreitada
de Obras Pública, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado aprovado
pelo Decreto n.º 15/2010, de 24 de Maio.
É entendimento do TA que a entidade deveria ter constituído um processo
administrativo interno evidenciando a inviabilidade ou inconveniência de qualquer
outra das modalidades definidas no regulamento de contratação pública, citando as
razões e fundamentos da adopção da modalidade bem como informações pertinentes à
escolha e qualificação dos fornecedores, razoabilidade do preço e condições de

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-68
Novembro de 2011

pagamento, conforme resulta da conjugação do n.º 1 do artigo 113 com o artigo 16,
ambos do regulamento que temos vindo a citar e do ponto 1.12 do anexo M da Circular
n.º 3/GAB-MF/2010, de 18 de Maio, que define os procedimentos de administração e
execução do Orçamento do Estado para 2010. Em relação às despesas realizadas através
das OP´s n.ºs 17, 55, 9, 14, 351, 510, 291, 185, 61, 65, 175, 321, 363, 600, 31 e 216
reconheceram a irregularidade em relação à constatação, tendo-se comprometido a
corrigí-lo.
O Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas da Moamba não se pronunciou, o
que traduz o reconhecimento da infracção supracitada;
b) os contratos mencionados não foram reduzidos a escrito, violando-se o estabelecido no
n.º 1 do artigo 44 do regulamento de contratação pública, que temos vindo a mencionar;
c) não se encontram incorporados, nos processos relativos aos contratos de obras públicas
do Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas de Matutuíne, os comprovativos
do pagamento das garantias definitivas que, de acordo com as respectivas cláusulas
contratuais, deveriam ter sido prestadas como condição ao pagamento do adiantamento
de 30% aos adjudicatários.
Nos seus comentários ao relatório preliminar, a entidade reconheceu o facto e afirmou
que “...por falta de conhecimento não se anexava a cópia da garantia ao processo que é
enviado ao Tribunal Administrativo...”.
O TA reitera a constatação e sublinha que a ignorância ou má interpretação da lei não
justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as pessoas das sanções nela
estabelecidas, de acordo com o preceituado no artigo 6 do Código Civil;
Quadro n.º VI.35 - Contratos Relativos às Obras Públicas sem Visto do TA
(Em Meticais)

N.º de Número de
Entidades Valor do contrato
Ordem contratos

1 3 Escola Superior de Ciências Náuticas 689.546,72


Direcção Provincial do Plano e Finanças de
2 3 Maputo 8.846.783,05

Instituto Nacional de Hidrografia e Navegação


3 5 10.405.303,59
4 2 Conselho Municipal da Cidade da Matola 15.689.227,96
5 2 Direcção Provincial da Saúde de Nampula 4.455.914,52

Direcção Provincial da Agricultura de Gaza


6 3 6.581.509,33
Direcção Provincial das Obras Públicas e
7 4 Habitação de Maputo 3.534.288,80
8 2 Direcção Provincial da Saúde de Gaza 2.691.892,31
9 3 Secretaria Distrital de Angoche 23.900,00
10 1 Instituto Nacional de Desminagem 7.834.285,17
Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas
11 2 de Bilene-Macia 1.039.327,50
Total 30 61.791.978,95

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-69
Novembro de 2011

d) os 11 contratos identificados no Quadro n.º VI.35, no valor global de 61.791.978,95


Meticais não foram submetidos à fiscalização prévia do Tribunal Administrativo, em
preterição do estabelecido na alínea c) do n.º 1 do artigo 61 da Lei n.º 26/2009, de 29 de
Setembro, que dispõe que são obrigatoriamente sujeitos à fiscalização prévia os
contratos e mais instrumentos jurídicos de qualquer natureza e montante, geradores de
despesa pública. Sublinhe-se que a falta do visto do Tribunal torna os contratos
inexequíveis e insusceptíveis de quaisquer efeitos financeiros, nos termos do n.º 1 do
artigo 78 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro já citada;
Apesar de não visados pelo TA, os mesmos foram executados, o que configura
infracção financeira prevista na alínea b) do n.º 1 do artigo 93 em combinação com o
artigo 96 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, já atrás citado;
e) um processo de empreitada de obras públicas do Ministério das Pescas não incorporou a
justificação da estipulação do preço em moeda estrangeira, infringindo o previsto no n.º
2 do artigo 74 do Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas,
Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto n.º
15/2010, de 24 de Maio;
f) os comprovativos da inscrição dos adjudicatários dos contratos no Cadastro Único não
se encontravam inseridos nos respectivos processos de empreitada de obras públicas,
em 2 processos da Direcção Provincial do Plano e Finanças de Nampula; 2 do
Ministério da Saúde; 6 da Direcção Provincial de Obras Públicas e Habitação de
Nampula; e 8 da Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas da Moamba.

6.7.4.5 – Processos Relativos a Contratos de Consultoria

Da verificação de 14 processos relativos aos contratos de consultoria, apurou-se que no


contrato celebrado pelo Instituto Nacional de Desminagem, no valor de USD 238.923,00, 2
processos de Consultoria da Direcção Provincial do Plano e Finanças de Nampula de
626.730,00 Meticais e 3 da Direcção Provincial do Plano e Finanças de Maputo no valor de
8.846.783,05 Meticais, não foram incorporados os comprovativos da publicação do anúncio
dos concursos na imprensa e no Boletim da República, o que contraria o preceituado no n.º 1
do artigo 32 do Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas,
Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto n.º
15/2010, de 24 de Maio. Além disso, os referidos contratos não foram submetidos ao
Tribunal Administrativo, para efeitos de fiscalização prévia, em desrespeito do preceituado
na alínea c) do n.º 1 do artigo 61 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.
Mesmo assim, todos foram executados, incorrendo-se na infracção financeira prevista na
alínea b) do n.º 1 do artigo 93 e artigo 96 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro.

6.7.4.6 - Processos Relativos aos Contratos de Arrendamento

Da verificação de 63 contratos de arrendamento, apurou-se que:


a) os contratos celebrados pelo Hospital Central de Maputo, Instituto Nacional de
Desminagem, Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas de Matutuíne e
Secretaria Distrital da Manhiça, foram executados sem que estivessem instruídos com
os seguintes documentos relevantes: os despachos ou deliberações que determinaram o

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-70
Novembro de 2011

início do procedimento da pré-contratação e que autorizaram a abertura ou dispensa do


concurso, termos de referência, actos de adjudicação e caução definitiva.
A falta destes documentos não permite uma correcta instrução do processo, segundo o
estabelecido no n.º 1 do artigo 64 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro e artigo 15 das
Instruções de Execução Obrigatória do Tribunal Administrativo;
b) no Hospital Central de Maputo, foi acordado, nos contratos celebrados, o pagamento
das rendas mensais em USD, o que contraria o estabelecido no n.º 2 do artigo 74 do
Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e
Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo Decreto n.º 15/2010, de 24 de Maio,
que prevê que a proposta de preços em moeda diferente da moeda nacional deve ser
devidamente fundamentada pela Unidade Gestora Executora e artigo 42 do SISTAFE,
segundo o qual a escrituração dos actos e factos administrativos é efectuada em moeda
nacional;
c) quatro contratos da Secretaria Distrital da Ilha de Moçambique não contêm as
assinaturas das partes outorgantes, o que põe em causa a validade formal dos mesmos;
d) 31 processos do Hospital Central de Maputo, 1 do Instituto Nacional de Desminagem, 1
do Ministério das Pescas, 3 do Ministério do Turismo, 11 da Direcção Provincial da
Saúde de Gaza, 6 do Serviço Distrital da Saúde, Mulher e Acção Social da Moamba, 6
do Serviço Distrital da Saúde, Mulher e Acção Social de Chókwè, 1 do Serviço Distrital
da Saúde, Mulher e Acção Social de Angoche, 4 da Secretaria Distrital da Ilha de
Moçambique, 2 do Serviço Distrital da Saúde Mulher e Acção Social da Ilha de
Moçambique, 3 da Secretaria Distrital de Nacala - Porto e 1 do Serviço Distrital de
Planeamento e Infra-estruturas de Matutuíne não contêm os títulos de propriedade dos
imóveis arrendados, o que viola o preceituado na alínea a) do n.º 1 do artigo 2 do
Decreto-Lei n.º 47611, de 28 de Março de 1967, que aprova o Código de Registo
Predial, mandado aplicar pela Portaria n.º 23088, de 26 de Dezembro de 1967.
Em sede do contraditório, a gerência do Serviço Distrital de Planeamento e Infra-
estruturas de Matutuíne afirmou que “...já estava em curso o processo de abertura do
concurso para a selecção de uma residência...”.
Sobre esta questão, a Secretaria Distrital de Nacala – Porto, no exercício do
contraditório informou que o registo dos imóveis encontrava-se em tramitação no sector
do Património na DPPF de Nampula; Salienta-se que sobre a mesma matéria, as outras
entidades acima referenciadas, não se pronunciaram, em reconhecimento da infracção
supramencionada.
e) um contrato de arrendamento do Instituto Nacional de Desminagem e 2 do Serviço
Distrital da Saúde, Mulher e Acção Social da Manhiça não contêm a respectiva escritura
pública, em preterição do estabelecido na alínea a) do artigo 85 do Código do
Notariado.
Por outro lado, preteriu-se o disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 1029.º do Código
Civil, o qual estipula que devem ser reduzidos à escritura pública os arrendamentos
sujeitos a registo.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-71
Novembro de 2011

6.7.4.7 - Outras Constatações

a) os contratos das entidades mencionadas no quadro que se segue não contêm a cláusula
anti-corrupção, preterindo-se o estabelecido n.º 1 do artigo 6 da Lei n.º 6/2004, de 17 de
Junho, segundo o qual, em todos os contratos em que seja parte o Estado, é obrigatória a
inclusão de uma cláusula anti-corrupção, em que as partes se comprometem a não
oferecer, directa ou indirectamente, vantagens a terceiros, nem solicitar, prometer ou
aceitar, para benefício próprio ou de outrem, ofertas com o propósito de obter
julgamento favorável sobre os serviços a prestar. É de realçar que a omissão da referida
cláusula torna o contrato nulo e de nenhum efeito jurídico, nos termos do n.º 2 do artigo
6 da Lei n.º 6/2004, atrás referida.
Quadro n.º VI.36 – Contratos sem a Cláusula Anti-Corrupção
Número
N.º de
de Entidades
Ordem
contratos

1 1 Instituto Nacional de Desminagem

2 1 Ministério das Pescas


3 1 Ministério do Turismo
4 3 Hospital Central de Maputo
5 4 Conselho Municipal da Cidade da Matola

Direcção Provincial da Agricultura de Gaza


6 2
Direcção Provincial do Plano e Finanças de
7 2 Maputo
8 11 Direcção Provincial da Saúde de Gaza
Direcção Provincial Das Obras Públicas do
9 2 Maputo
10 6 Secretaria Distrital da Moamba
11 1 Secretaria Distrital de Matutuíne
12 1 Secretaria Distrital da Manhiça
13 3 Secretaria Distrital de Nacala- Porto
14 10 Secretaria Distrital da Ilha de Moçambique
Serviço Distital da Saúde Mulher e Acção Social
15 2 da Ilha de Moçambique
16 1 Secretaria Distrital de Angoche
Serviço Distital da Saúde Mulher e Acção Social
17 6 de Chókwè

Sobre o mesmo facto, a Direcção Provincial das Obras Públicas e Habitação de Maputo,
reagindo ao relatório preliminar de auditoria, afirmou que não obedecera a todas as
regras estabelecidas para adjudicação da obra à Construções Grande Prémio, porque
tratava-se de uma emergência para resolver a crise de falta de água para o consumo
humano que afectava o posto Administrativo de Pessene e a Vila da Namaacha;
b) em 1 contrato de arrendamento do Hospital Central de Maputo, foi considerado como
data de início de vigência do mesmo, o dia da sua assinatura pelas partes, facto que
contraria o estabelecido no artigo 62 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro, que
estabelece que os actos e mais instrumentos legalmente sujeitos ao visto, dentre os quais
os contratos, só são eficazes após a concessão do visto, excepto nos casos em que haja
urgente conveniência de serviço;

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-72
Novembro de 2011

c) em 37 processos de aquisição do Ministério da Saúde, 8 do Ministério do Turismo, 4 da


Direcção Provincial de Obras Públicas e Habitação de Maputo, 12 da Direcção
Provincial da Educação e Cultura de Gaza, 2 da Direcção Provincial do Plano e
Finanças de Nampula e 2 da Secretaria Distrital da Ilha de Moçambique, não constam
elementos de qualificação jurídica, económico-financeira e técnica, e nem os
comprovativos da regularidade fiscal dos fornecedores, em preterição do estabelecido
nos artigos 22 e seguintes, do Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras
Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, aprovado pelo
Decreto n.º 15/2010, de 24 de Maio;
d) 1 contrato do Instituto Nacional de Desminagem, 4 da Direcção Provincial da Saúde de
Nampula, 1 da Secretaria Distrital da Manhiça, 1 da Secretaria Distrital da Ilha de
Moçambique não foram rubricados pelas partes outorgantes, o que põe em causa a
validade formal dos mesmos;
e) a Direcção Provincial do Plano e Finanças de Gaza e a Secretaria Distrital da Moamba
efectuaram diversas despesas relativas à aquisição de bens e serviços, de valor
individual superior a 87.500 Meticais, sem prévia celebração de contrato, em violação
do disposto no n.º 3 do artigo 113, conjugado com a alínea b) do n.º 2 do artigo 90,
ambos do Regulamento já citado, que obriga, nestas situações, à formalização dos
contratos. De notar, ainda, que os mencionados contratos implicaram pagamentos no
montante de 13.221.682,44 Meticais, na primeira entidade acima referida, e de
782.983,00 Meticais, na segunda;
f) não constam, dos respectivos processos, os comprovativos da remessa ao TA, para seu
conhecimento e controlo, das cópias dos seguintes contratos: 2 de aquisição de bens e 2
de empreitada de obras públicas da Direcção Provincial da Saúde de Nampula; 6 de
aquisição de bens e 8 de empreitada de obras públicas da Secretaria Distrital de Bilene-
Macia.
É de recordar, a este propósito, que o n.º 3 do artigo 72 da Lei n.º 26/2009, de 29 de
Setembro, que temos estado a mencionar, obriga a remissão, ao Tribunal
Administrativo, de cópias de contratos dispensados de fiscalização prévia, nos 30 dias
subsequentes à sua celebração;
g) em 3 processos de aquisição de bens, 1 de prestação de serviços e 2 de empreitada de
obras públicas, 1 contrato de consultoria da Direcção Provincial da Saúde de Nampula,
4 de aquisição de bens e 8 de prestação de serviços do Ministério do Turismo, 1 de
aquisição de bens, 1 de prestação de serviços e 1 de consultoria do Ministério das
Pescas, 2 de empreitada de obras públicas e 2 de consultoria da Direcção Provincial do
Plano e Finanças de Nampula, 1 de prestação de serviços, da Direcção Provincial da
Saúde de Nampula e 6 de aquisição de bens da Secretaria Distrital da Ilha de
Moçambique, não constam os comprovativos de inscrição no Cadastro Único do
Ministério das Finanças, violando-se o disposto no artigo 9 da Lei n.º 2/2010, de 27 de
Abril, o qual estabelece que ficam isentos de fiscalização prévia os contratos cujo
montante não exceda 5.000.000,00 Meticais (cinco milhões de Meticais), quando
celebrados com concorrentes inscritos no Cadastro Único de Empreiteiros de Obras
Públicas, Fornecedores de Bens e de Prestadores de Serviços, elegíveis a participar nos
concursos públicos;

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-73
Novembro de 2011

h) 3 contratos de Obras Públicas da Direcção Provincial da Educação e Cultura de Gaza,


no valor de 9.351.952,30 Meticais, foram executados, apesar de lhes ter sido recusado o
visto pelo Tribunal Administrativo. Tal facto configura a infracção financeira prevista
na alínea i) do n.º 3 do artigo 93 da Lei n.º 26/2009, de 29 de Setembro;
i) em 37 processos de aquisição de medicamentos e artigos médicos, pelo Ministério da
Saúde, no valor de USD 17.714.735,88, falta a fundamentação, pela UGEA,
devidamente aprovada pela autoridade competente, da fixação do preço dos contratos
em moeda estrangeira, em violação do disposto nos n.ºs 1 e 2 do artigo 74 do
Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e
Prestação de Serviços ao Estado, que temos vindo a citar;
j) 1 contrato de fornecimento de combustível, celebrado pelo Ministério da Saúde com a
Estação de Serviços Sagres, a 21 de Abril de 2006, e 1 pelo Ministério do Turismo com
a Gespetro, têm os seus prazos de validade expirados, tendo cessado, por consequência,
todos os seus efeitos a partir de 1 de Dezembro de 2009, conforme o disposto no n.º 2
do artigo 298.º do Código Civil.

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO
RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2010 VI-74

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