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ESD – Descargas electrostáticas

Descarga Electrostática (ESD)


A eletricidade estática é um fenomeno físico que não se vê mas que se sente.
Causador de perda de produção, de tempo, de matéria-prima, podendo ainda criar
incêndios, choques em operadores, contaminações com fuligem ou pó e causar
graves danos aos componentes eletrônicos sensíveis, requerendo altos custos de
manutenção e/ou reparação.

ESD – Definição
A eletricidade estática é a electrificação de materiais através do contacto físico
e posterior separação. Uma descarga eletrostática, ou ESD (do inglês Electrostatic
Discharge) ocorre quando há uma transferência de cargas eléctricas entre corpos que
possuem diferentes potenciais electrostáticos. Essa descarga pode também ocorrer
quando os corpos estão muito próximos ou em contacto directo.

Habitualmente o fenómeno pode ser visto na natureza em forma de raios, ou


quando estamos potencialmente carregados e essa eletricidade estática é
descarregada quando tocamos num objeto metálico, como a maçaneta de uma porta
ou um carro.

Os componentes electrónicos são muito sensíveis às descargas eléctricas. Um


circuito integrado pode ser afectado com uma descarga electrostática de apenas 100
volts. O simples caminhar de uma pessoa sobre um tapete, dependendo da taxa de
humidade do ar, pode produzir mais de 1.500 volts!

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ESD, como é gerada


A descarga electrostática pode ser gerada essencialmente por três meios:

• Fricção entre duas superfícies (triboelectrificação);


• Transferência de carga de um material isolante a um material condutor pelo
contacto directo ou indução;
• A aproximação de dois materiais com potenciais diferentes. Também é possível
a descarga electrostática pela separação de materiais de diferentes
capacitâncias.

A quantidade de carga acumulada por geração triboeléctrica é afectada


maioritariamente pela área de contacto, velocidade da separação e humidade
relativa. A série triboeléctrica (simplificada) mostrada na tabela abaixo é utilizada
para determinação da tendência de um material em acumular cargas positivas ou
negativas.

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O nível de humidade relativa do ar no ambiente de trabalho também interfere


nas tensões electrostáticas. Ambientes com baixos níveis de humidade produzem
maiores tensões do que ambientes com baixos níveis, já que o ar ou materiais em
ambientes com alta humidade conduzem cargas menores.

Alguns exemplos:

Quando sentimos um choque de electricidade estática, estamos perante uma


descarga de pelo menos 3.000 Volts. Sendo possível sentir uma descarga de 3.000
Volts, as cargas menores estão normalmente abaixo da sensibilidade humana mas no
entanto são capazes de provocar sérios danos nos dispositivos semicondutores.

Os componentes electrónicos tendem a tornar-se cada vez menores com o


avanço da tecnologia e com isto, menor é o espaço entre isoladores e circuitos
internos, o que contribui significativamente para o aumento da sensibilidade ao ESD.
A necessidade de proteção contra ESD tem aumentado com esta evolução.

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ESD e os seus efeitos


Os efeitos da ESD sobre componentes electrónicos são invariavelmente
destrutivos. Após uma descarga electrostática, um componente pode apresentar
falha total, degradação de desempenho, redução da expectativa de vida ou operação
errática. As imagem abaixo mostram exemplos de microchips danificados após um
simples toque do utilizador.

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Os prejuízos das ESD para os componentes electrónicos podem tomar a forma de


falhas passivas ou falhas catastróficas.

• Falha passiva

A descarga não é potencialmente alta para danificar o equipamento de uma


forma geral, mas pode ser suficiente para causar falhas aleatórias,
comportamento errático, bloqueios, reinícios, falta de desempenho, etc.

• Falha catastrófica direccional

Quando o componente é danificado no momento da descarga e a falha é


identificada no teste.

• Falha catastrófica oculta

Quando a falha não chega a danificar o componente no momento da


descarga, continuando a funcionar por algum tempo. Geralmente a falha
total ocorre quando o equipamento já está em uso no cliente.

Controle da ESD
O modo básico de protecção contra ESD consegue-se através da combinação de
métodos que previnam a acumulação de cargas e mecanismos que eliminem as
existentes. Para minimizar os problemas com electricidade estática, nomeiam-se 4
regras básicas de protecção:

1. Estações de trabalho (local de trabalho, bancada, ambiente e prevenção pessoal);


2. Transporte e armazenamento;
3. Ensaios periódicos;
4. Fornecedores.

Regra 1 – Estações de trabalho e ambiente

A primeira regra é manter as estações de trabalho protegidas, onde os


componentes sensíveis só podem ser manuseados nesta área.

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Para tal protecção, podem ser utilizados dispositivos como pulseiras e


calcanheiras dissipativas, ionizadores, superfícies dissipativas, como mantas, tapetes
ou pisos com tratamento dissipativo e controle da humidade relativa do ar.

Os pisos dissipativos são eficientes no sentido de minimizarem a geração de


cargas estáticas, através do deslocamento pela sala de pessoas ou carrinhos de
transporte de materiais.

Os ionizadores são equipamentos que lançam iões negativos e positivos no


ambiente, de forma a neutralizar as cargas acumuladas nos objectos sob sua área de
protecção, podendo ser de pequeno volume de vazão para uso em bancadas ou de
grande volume, este adequado para salas limpas.

Importância do Aterramento
Considerando que as cargas eléctricas não podem ser destruídas ou
eliminadas, devemos ter em mente que a forma viável de controle será o seu desvio
para o terra.

Todo o processo de protecção contra as ESD necessitará de um bom sistema de


aterramento, onde serão ligados todos os dispositivos de protecção, tapetes e piso
dissipativo, pulseiras e calcanheiras, equipamentos electrónicos, estações de
soldadura, etc.

A qualidade do sistema de terra e sua a eficiência são fundamentais para a


implementação de qualquer programa de controle de ESD realmente eficaz.

Área de trabalho sob controle


Nas bancadas de trabalho existem diversos pontos que devem ser verificados
na análise para implementação de um sistema de controle ESD.

O primeiro ponto é a superfície da mesa. Devemos avaliar a sua capacidade de


acumular cargas assim como sua capacidade de drenar as cargas dos objectos que
são colocados sobre sua superfície. A acumulação de cargas deve ser mínima e
capacidade de as drenar deve ser eficiente e segura.

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Os materiais usados para controle de ESD são normalmente classificados como


condutivos, dissipativos e antiestáticos. As superfícies dissipativas são as ideais, por
apresentarem uma resistividade entre 105 e 109 ohms/m2.

Não devem ser utilizados materiais condutores porque podem danificar os


componentes electrónicos devido às descargas muito rápidas a altas correntes que
estes proporcionam. Os antiestáticos por outro lado oferecem descargas demasiado
lentas.

Existem divergências quanto ao uso destas classificações e o termo genérico


antiestático é usado com mais frequência. Usa-se a expressão pulseira antiestática,
por exemplo, para se referir à pulseira com propriedades dissipativas.

O segundo ponto que deve ser verificado são as caixas de armazenamento


colocadas junto às mesas. Normalmente, as caixas
são construídas em material plástico devido à
facilidade de fabrico e baixo custo. As mesmas
considerações feitas em relação à superfície da mesa
devem ser aplicadas às caixas. Novamente também
se deve dar preferência aos materiais dissipativos.

Todos os materiais e ferramentas utilizadas na área de trabalho devem ser


analisados em relação à sua capacidade de gerar cargas electrostáticas. Por exemplo,
o cabo de uma chave de fenda em plástico não condutivo poderá atingir um nível de
1700 volts.

Escovas para limpeza são artigos que deverão ser escolhidos


com muito cuidado, visto que a sua utilização implica uma
forte geração de cargas. Devem ser escolhidos os modelos
especialmente preparados para minimizar o risco de ESD.
Normalmente, as melhores utilizam alguns tipos pêlos de
animais ou então sintéticos, criados especificamente para
esta finalidade.

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Controle de ESD no corpo humano


A pele de um técnico ou operador deve estar sempre ligada à terra, mas em
conformidade com os requisitos de protecção pessoal. A solução mais eficiente para
esse problema é a utilização de pulseiras especiais
de aterramento. Estas pulseiras ligam a pele do
operador à terra através de uma resistência de 1
Mohm, garantindo que o escoamento das cargas
acumuladas não atinja correntes excessivas e evita
simultaneamente os riscos de choques eléctricos.

Outra medida que deve ser tomada é o uso, por todo o pessoal com acesso à
área onde existir controle de ESD, de calcanheiras ou calçado ESD, em conjunto com
pisos dissipativos, para assim minimizar a geração de cargas electrostáticas durante a
deslocação.

Outro aspecto muito importante que se


deve ter em conta diz respeito às técnicas de
manuseamento dos componentes e placas
electrónicas. O técnico ou operador deve estar
sempre consciente do facto de que as cargas
estáticas estão sempre presentes e por isso
deve evitar tocar directamente em qualquer
componente sensível como circuitos
integrados, terminais, etc.

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Na falta de equipamento adequado, é importante descarregar a electricidade estática do


corpo antes de manusear qualquer componente sensível. Tocar num
corpo metálico não pintado ou isolado, por exemplo, com a as mãos.
Essa descarga também pode ser feita tocando a grelha da fonte de
alimentação ou a estrutura metálica interna do equipamento. É
recomendável que esta operação seja repetida a cada 10 ou 15
minutos e que a estrutura ou corpo do equipamento esteja ligado à
terra (com o cabo de alimentação ou outro meio que seja seguro).

As roupas também são elementos que devem ser cuidadosamente analisados.

Os tecidos sintéticos acumulam cargas que não podem ser


facilmente descarregadas. Deve ser dada preferência às roupas
de algodão, relativamente neutro na geração de cargas
electrostáticos. Idealmente deve adoptar-se o uso de coletes ou
batas especialmente desenvolvidos para a dissipação de cargas.
Estes acessórios especiais possuem fibras condutoras embebidas
no tecido.

Manutenção em campo
Além da preparação das bancadas de trabalho, devemos ter em consideração o
trabalho móvel ou no exterior, onde o técnico tem que se deslocar, seja até ao
ambiente do cliente ou outro, para a realização de um serviço de manutenção ou
reparação em campo.

Para tais ocasiões, sugere-se a utilização de kits


portáteis para serviço em campo, que geralmente
contam com um tapete dissipativo com ponto de
aterramento e pulseira (recordar que a manta e
pulseira devem estar aterradas para funcionarem
adequadamente), além das ferramentas adequadas
(ferramentas e pincéis antiestáticos, etc.).

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Regra 2 – Transporte e armazenamento

A segunda regra prende-se com o transporte e armazenamento de todos os


componentes e placas sensíveis em recipientes apropriados, com blindagem da
descarga electrostática. Existem no mercado diversos produtos criados
especialmente para esta tarefa, embalagens antiestáticas, caixas condutivas,
protectores de bordas, espumas antiestáticas, etc.

Regra 3 – Ensaios periódicos

Um aspecto importante no ambiente de trabalho diz respeito às condições dos


equipamentos de controle antiestático. De nada adianta utilizar uma pulseira
dissipativa sem a certeza de que está a funcionar correctamente.

Todos os meios de controle ESD devem ser testados regularmente,


certificando-se de que todos estão em perfeitas condições de funcionamento.
Existem dispositivos de teste especialmente desenvolvidos para os diferentes meios
de protecção (pulseiras e calcanheiras, teste de superfície, sensor de campo
electrostático, sensor para ionizadores, etc.

No entanto, na ausência destes


equipamentos de teste, a eficácia dos
elementos de protecção mais básicos pode
ser testada com o auxilio de um multimetro
de bancada (na escala de Mega-Ohms),
medidos conforme o exemplo. O mesmo
procedimento deve ser usado nas
calcanheiras, tapetes de bancada e chão.

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Regra 4 – Fornecedores e parceiros

Garantir e certificar que todos os fornecedores de componentes e serviços


seguem as três primeiras regras e se possível, que sejam realizadas auditorias
regulares.

De nada adianta garantir um controle rigoroso contra ESD no nosso ambiente


ambiente de produção, transporte, armazenamento e serviços, se nos demais
ambientes onde os componentes são manipulados não existir qualquer preocupação
e controle contra ESD!

Nesta regra incluem-se todos os parceiros que prestem serviços de instalação e


reparação. Estes não devem estar autorizados a realizar serviços quando não
evidenciem ter conhecimento e meios de protecção ESD.

Nunca permitir e chamar a atenção se necessário, que componentes


electrónicos de qualquer natureza sejam colocados em embalagens que não
ofereçam protecção ESD (por exemplo; sacos de plástico comuns, filmes, etc).

O incumprimento deste procedimento deve excluir imediatamente qualquer


compromisso de garantia sobre o produto ou componente danificado!

Conclusão
Estabelecer um programa de controle de ESD eficaz não é um objectivo
simples, embora a maioria das medidas necessárias o seja.

O elemento principal em qualquer programa de controle é o técnico ou o


operador. É importante ter em mente que um técnico treinado, mesmo sem
equipamento de protecção, será mais eficiente do que um técnico sem treino
munido de todos os dispositivos de protecção possíveis. Todas as pessoas envolvidas
devem ser periodicamente treinadas e actualizadas relativamente aos procedimentos
e práticas.

A utilização de equipamentos de controle ESD pode transmitir uma falsa


sensação de segurança e facilitismo em relação a actividades simples do nosso
quotidiano, onde se devem evitar, por exemplo, o uso de copos plásticos, folhas de
papel e embalagens desnecessárias na área de trabalho.

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1. Analisar as instalações e procedimentos

Verificar os processos e equipamentos com maior maior possibilidade de


estarem na origem de problemas de ESD. Por exemplo, a limpeza de placas com
escovas de cerdas sintéticas que podem provocar sérios danos nos componentes
electrónicos sensíveis.

2. Identificar os componentes ou placas susceptíveis de serem danificados por ESD.

Ter em conta que quanto menores e mais rápidos os componentes


semicondutores forem, mais sensíveis a ESD são. Um processador Intel Core 2 Duo é
mais sensível que um antigo 486.

3. Obter o apoio do todos

A implantação de um processo de controle de ESD só só é eficaz com o apoio e


colaboração de todas as áreas envolvidas. Isto significa que esta colaboração deve vir
desde o topo da empresa até ao pessoal da limpeza.

4. Documentar as medidas e procedimentos

Criar documentos com detalhes sobre os processos e procedimentos e afixa-los


em local de fácil acesso para consulta imediata. Criar sinalizações simples e directas
nas áreas onde ocorrem manipulações de componentes e placas sensíveis.

5. Treinar os colaboradores

De nada adianta estruturar um processo se os técnicos e operadores não


souberem como proceder ou como utilizar os equipamentos de controle ESD.

6. Rever, analisar e melhorar os procedimentos

Nenhum processo é definitivo. Com o tempo, novas medidas devem ser criadas
ou ajustadas a novos componentes ou equipamentos. Recordar que a melhoria dos
processos práticas provém de pessoas que os conhecem e utilizam regularmente.

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