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MULHER
RESUMO
O presente artigo aborda sobre saúde da mulher, levando em consideração que
essa é resultado dos fatores biológicos, sociais, econômicos, culturais e
históricos. Dessa forma, procuramos contribuir para o debate acerca do acesso
da mulher à saúde. O sujeito da pesquisa é o assistente social que atua na área
da saúde. Nesse sentido, busca conhecer as estratégias utilizadas pelos
profissionais para a promoção da saúde da mulher. A pesquisa comportará um
referencial teórico pautado na perspectiva crítica a fim de buscar compreender o
objeto, dentro da realidade social. A pesquisa teve como objetivo geral analisar
a importância da atuação do assistente social na promoção da saúde da mulher,
e os objetivos específicos, abordar sobre as políticas públicas voltadas para a
saúde da mulher, o perfil socioeconômico das usuárias do SUS, e conhecer os
programas e projetos desenvolvidos pelo Serviço Social voltados para a saúde
da mulher. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, documental, descritiva e
qualitativa. Os resultados da pesquisa demonstram a importância do trabalho do
profissional nas ações e políticas públicas voltadas para a saúde da mulher.
Portanto, o profissional que atua na atenção à saúde da mulher visa desenvolver
a autonomia das usuárias, trabalhando o fortalecimento e garantia dos direitos
sociais, e incentivando a promoção do autocuidado.
ABSTRACT
This article addresses women's health, taking into account that it is the result of
biological, social, economic, cultural and historical factors. In this way, we seek
to contribute to the debate about women's access to health. The research subject
is the social worker who works in the health area, in this sense, he seeks to know
the strategies used by professionals to promote women's health. The research
will include a theoretical framework based on a critical perspective in order to
seek to understand the object, within the social reality. The general objective of
1
the research was to analyze the importance of the role of the social worker in
promoting women's health, and the specific objectives, to address public policies
aimed at women's health, the socioeconomic profile of SUS users, and to learn
about the programs and projects developed by the Social Service aimed at
women's health. It is a bibliographic, documentary, descriptive, qualitative
research. The survey results demonstrate the importance of the professional's
work in actions and public policies aimed at women's health. Therefore, the
professional who works in women's health care aims to develop the autonomy of
users, working to strengthen and guarantee social rights, and encourage the
promotion of self-care.
INTRODUÇÃO
A mulher por muito tempo foi limitada a sua função reprodutiva, enquanto
as questões femininas eram ignoradas. O assunto era visto de forma
conservadora e preconceituosa, assim a mulher não tinha direitos sobre o seu
corpo. Com o passar dos anos, as pressões do movimento feminista por políticas
públicas voltadas para a saúde da mulher possibilitaram um grande avanço na
garantia dos direitos das mulheres o que culminou na criação da Política de
Saúde da mulher que garante assistência desde a adolescência até a velhice,
com humanização e qualidade.
Apesar dos grandes avanços conquistados no que diz respeito a saúde
da mulher, ainda temos muito a fazer para efetivar e consolidar esse importante
direito para as mulheres. Por isso, debater a temática é importante, considerando
que ela tem muito a contribuir tanto para o meio social quanto para o acadêmico,
pois vem trazer um rico debate sobre o direito da saúde das mulheres, que por
muito tempo foram alijados.
As mulheres são consideradas a maioria quando se trata de população
usuária do SUS, podemos encontrá-las facilmente nos espaços de saúde, seja
como paciente, acompanhantes ou cuidadoras, às mulheres são atribuídas
diversas funções, como o cuidado dos filhos, o trabalho doméstico, o trabalho
profissional, entre outros, esse acumulo de funções acaba se tornando uma
sobrecarga que vai impactar diretamente na sua saúde.
Logo, se faz necessário o debate em torno da temática saúde da mulher,
uma vez que, a atual conjuntura de nossa sociedade não é favorável para a
qualidade de vida das mulheres, assim, pensar e elaborar estratégias positivas
2
que visem a promoção da saúde da mulher, uma vez que é preciso levar em
consideração o conceito ampliado de saúde que vai muito além da cura das
patologias, abrange a preservação da saúde, com ações educativas que visem
o empoderamento das mulheres.
A pesquisa teve como objetivo geral analisar a importância da atuação do
assistente social na promoção da saúde da mulher e os objetivos específicos,
abordar sobre as políticas públicas voltadas para a saúde da mulher, o perfil
socioeconômico das usuárias do SUS e conhecer os programas e projetos
desenvolvidos pelo Serviço Social voltados para a saúde da mulher. Trata-se de
uma pesquisa bibliográfica e descritiva, qualitativa, de base investigativa
hipotético-dedutivo.
Nesse sentido, o presente artigo procurou caracterizar a atuação do
assistente social na área da saúde da mulher, através de uma trajetória histórica
da saúde no Brasil, da saúde da mulher, buscando apreender sobre o papel do
Serviço Social na saúde e, principalmente, ressaltar a contribuição do assistente
social na promoção da saúde da mulher.
Sendo assim, o sujeito da pesquisa é o assistente social que atua na área
da saúde, dessa forma busca se conhecer as estratégias utilizadas pelos
profissionais para a promoção da saúde da mulher. Frente as demandas das
mulheres os assistentes sociais vão atuar na promoção da humanização e da
qualidade da atenção nos serviços prestados as usuárias com vistas a fortalecer
a autonomia das mulheres, empoderar para que desenvolvam as suas
potencialidades, informar para que conheçam e lutem por seus direitos e,
principalmente, incentivar a promoção do autocuidado.
Assim, este estudo foi elaborado a partir de uma reflexão crítica sobre a
atuação do assistente social na promoção da saúde da mulher, o artigo está
divido em dois tópicos e dois subtópicos cada: o primeiro tópico vai iniciar com
um breve histórico da saúde, destacando as mudanças ocorridas na política, e a
trajetória das políticas públicas voltadas à saúde da mulher, e apontar o perfil
socioeconômico das usuárias do Sistema Único de Saúde – SUS, na sequência,
o segundo tópico vai descrever a inserção do serviço social na saúde e, as
principais ações desenvolvidas pelos profissionais na promoção da saúde da
mulher, assim como os desafios enfrentados.
3
1. O DIREITO À SAUDE: UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A POLÍTICA DE
SAÚDE DA MULHER NO BRASIL
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se destacaram na luta pela saúde pública: profissionais da saúde, partidos
políticos e movimentos sociais. (BRAVO, 2009)
As principais propostas debatidas por esses sujeitos coletivos foram a
universalização do acesso; a concepção de saúde como direito social e dever do
Estado; a reestruturação do setor através da estratégia do sistema Unificado de
Saúde, visando um profundo reordenamento setorial com um novo olhar sobre
a saúde individual e coletiva; a descentralização do processo decisório para as
esferas estadual e municipal, o financiamento efetivo e a democratização do
poder local através de novos mecanismos de gestão – os Conselhos de Saúde.
(BRAVO,2009, p.87)
Assim, em 1986 foi realizada a 8ª Conferência Nacional de Saúde,
considerada um marco para a saúde pública, uma vez que, possibilitou a
discussão sobre a Saúde como direito do cidadão e dever do Estado. A
conferência contou com a participação de mais de quatro mil pessoas sendo
usuários e entidades representativas que se uniram para discutir a pauta: A
saúde no Brasil. O debate em torno da saúde resultou na elaboração de um
conceito mais abrangente para à saúde. Dessa forma, a saúde passa a ser vista
sob um novo olhar, ou seja, as condições vivenciadas pelos usuários vão
influenciar na sua saúde, como o trabalho, a alimentação, a educação, a
moradia, o meio ambiente, entre outros. Esse processo importante, participativo
e democrático originou as bases para a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS) e a implantação da Reforma Sanitária.
Em 1988 a promulgação da Constituição Federal significou a afirmação e
legitimação dos direitos sociais para o povo brasileiro, apesar do cenário de crise
econômica enfrentado pelo país (a crise dos anos 80), que teve como
consequências, uma dívida para o Brasil e o acirramento das expressões da
questão social, pois o Estado não dava conta dos problemas sociais existentes,
como o crescimento das desigualdades sociais e a precarização do trabalho
(BRAVO, 2009).
A Carta Magna com relação à saúde atendeu as reivindicações do
movimento sanitário que tinha como propostas: o acesso universal à saúde, a
saúde como direito e dever do Estado, a saúde como pauta relevante ao Poder
Público, a criação de órgãos desregulamentação, fiscalização e controle e o
financiamento setorial.
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Entretanto, o projeto de reforma sanitária está sendo deixado de lado e
dando lugar ao projeto privatista, onde as propostas que criaram a proteção
Social por meio da Seguridade Social agora são substituídas pelas ações
focalizadas para os “pobres”, e pelo incentivo a saúde privada (BRAVO, 2009).
Em vista disso, procura-se oferecer o mínimo pra quem não pode pagar,
sendo, portanto, um desrespeito com o princípio da universalidade que afirma
que os serviços de saúde devem atender à todos e não ser focalizados para a
população em situação de vulnerabilidade social (CONASS,2003).
Na década de 90 o Brasil enfrenta a reforma do Estado decorrente da
política neoliberal, processo que significou um retrocesso para a seguridade
social preconizada pela Constituição Federal de 1988, visto que, o Estado
passou a apoiar o capital e minimizar o social, o resultado foi a fragilização e
focalização das políticas sociais.
Diante disso, cabe aos profissionais da saúde e a população lutarem pela
efetivação e consolidação do SUS, bem como, pelo fortalecimento do projeto da
reforma sanitária. A partir do exposto, considera-se que essa não é uma tarefa
fácil, uma vez que colocar em prática o projeto ético político seja um grande
desafio. No entanto o/a profissional de serviço social não pode se deixar intimidar
pelos obstáculos que se apresentam no dia a dia, encarando os desafios e
lutando pela defesa dos direitos sociais e pela efetivação das políticas públicas.
E é nesse contexto de lutas pelo direito à saúde que iremos destacar o caminho
percorrido para a garantia da saúde da mulher.
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estabelecer políticas específicas para as mulheres. O movimento social criou
condições para a legitimação da mulher como objeto de estudo. Dessa forma,
procurou-se estudar a condição saúde e doença, assim como o papel da mulher
na sociedade. (PNAISM, 2004)
Até a década de 1980 as Políticas de Saúde da mulher são voltadas para
os problemas relacionados a gravidez e ao parto, tendo como objetivo descobrir
as causas de mortalidade materna e a desnutrição infantil, sendo, portanto a
maternidade o papel mais relevante da mulher. As primeiras ações realizadas
pela Política de Saúde da Mulher são os programas de Saúde materno-infantil e
do leite (PNAISM, 2004).
Assim, podemos destacar que as pressões por políticas públicas, tanto
por parte das mulheres (movimento feminista) como pelo movimento da Reforma
Sanitária foram de extrema importância para a criação do Programa de
Assistência Integral da Mulher (PAISM) em 1986 cujo objetivo era o
fortalecimento da mulher como sujeito de saúde e, assim, dar respostas aos
problemas relacionados à saúde feminina, estabelecendo as diretrizes para a
assistência médica da mulher, estas que, vão direcionar as várias atividades
voltadas para a integralidade do sujeito, preconizando o direito à saúde.
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher criada em
2004, é fruto da parceria e luta dos movimentos de mulheres e o movimento da
Reforma Sanitária que incorporou a temática de gênero nas políticas públicas,
destacando que a saúde da mulher não está ligada apenas às questões
reprodutivas e sexuais, mas também aos aspectos socioculturais, sendo assim,
a saúde da mulher precisa ser apreendida em todos os aspectos, social,
econômico, cultural e político.
Portanto, essa política vem representar o compromisso com a saúde da
mulher, na garantia de seus direitos, e reduzindo assim, os problemas de saúde
enfrentados pelas usuárias, promovendo ações educativas sobre temas de
interesse feminino, como planejamento familiar, aborto, gravidez na
adolescência, combate a violência doméstica, entre outros.
Nesse sentido, ao analisar a Política Nacional de Atenção Integral a
Saúde da Mulher (PNAISM) implantada no século XX, podemos observar a sua
evolução, pois concebe a mulher como sujeita de direito, levando em conta suas
necessidades para além da gravidez e do parto, promovendo ações que visam
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a melhoria da qualidade de vida e saúde das usuárias, abrangendo todos os
ciclos e perfis das mulheres.
Salienta-se que até a implantação da Política Nacional de Atenção à
Saúde da Mulher (PNAISM) estas questões femininas eram ignoradas. No
entanto, o acirramento das expressões da questão social como a alta taxa de
pobreza e o agravamento da morbidade e mortalidade materna, bem como a
degradação dos serviços de saúde, impulsionaram as mudanças nas políticas
de saúde.
Assim, a saúde da mulher é uma questão relevante, uma vez que, as
mulheres vivenciam vários problemas no seu cotidiano que vão influenciar
diretamente na sua saúde como a precarização dos serviços, baixos salários,
longa jornadas de trabalho, péssimas condições de trabalhos, além da falta de
divisão sexual do trabalho que acaba por sobrecarregar as mulheres de forma
física e psicológica (GAMA, 2012).
Deste modo, cabem aos profissionais da saúde promover o acesso dos
serviços as mulheres, orientando sobre seus direitos e incentivando a
participação das mesmas na elaboração das políticas públicas voltadas para as
questões femininas. Considerando que, “possibilitar o gozo da saúde reprodutiva
e sexual das mulheres como parte da sua saúde integral também é um objetivo
das políticas de saúde [...]” (GAMA, 2012, p.94).
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher estabelece a
humanização e a qualidade como princípios para a promoção da saúde da
mulher:
A humanização e a qualidade da atenção em saúde são condições
essenciais para que as ações de saúde se traduzam na resolução dos
problemas identificados, na satisfação das usuárias, no fortalecimento
da capacidade das mulheres frente à identificação de suas demandas,
no reconhecimento e reivindicação de seus direitos e na promoção do
autocuidado. (PNAISM,2004)
Em síntese, podemos ver que muito se avançou no que diz respeito aos
direitos da saúde da mulher, no entanto, ainda se faz necessário lutar pela sua
efetivação e consolidação dos direitos preconizados pela PNAISM.
Atualmente a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da mulher
garante a assistência materna, ginecológica, ao parto e puerpério, planejamento
familiar, climatério e menopausa. Assim como, o controle e prevenção de IST,
câncer de mama e uterino. Dessa forma, a Política Nacional de Atenção Integral
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à Saúde da mulher vem atuar no fortalecimento da promoção e prevenção da
saúde da mulher, priorizando todas as suas singularidades e aspectos
socioculturais. (PNAISM, 2004)
Em suma, as políticas públicas de atenção à saúde da mulher apontam
aspectos importantes que devem ser levados em conta quando se trata da saúde
feminina, como suas condições sociais, raciais/étnicas, culturais e de gênero, ou
seja, um perfil das mulheres usuárias do SUS, uma vez que as diferenças e o
contexto social que cada uma se insere é fator importante para adequar as
políticas públicas.
9
A pesquisa apontou que as mulheres que possui um grau de instrução
mais elevado, dão uma atenção maior aos cuidados com a saúde, uma vez que
elas realizam os exames de preventivos dentro do prazo estipulado, como o
exame do colo do útero e exame de mamas, fazem o planejamento familiar, bem
como o Pré-Natal corretamente.
Sobre o grau de escolaridade, GONÇALVES, SOARES e BERBERIAN
(2014) em sua pesquisa sobre o perfil das usuárias da Unidade de Saúde Mãe
Curitibana do Sistema Único de Saúde apresentaram o seguinte resultado,
51,1% das mulheres que participam das ações de saúde possuem o Ensino
médio ou Ensino Superior incompleto ou completo, reforçando, assim, que o grau
de escolaridade das usuárias é considerado um indicador positivo quando se
trata do acesso aos serviços de saúde. Sabemos que a educação tem um papel
transformador e é primordial para o exercício da cidadania, pois possibilita o
conhecimento, a informação e a melhoria da qualidade de vida. O conhecimento
acerca da saúde contribui tanto para a prevenção de doenças, quanto para a
promoção da saúde e isso depende de uma população bem informada (SOUZA,
2011).
Gráfico 1 – Escolaridade
3,7
Ensino Fundamental incompleto
2,9 7,6 24,2 Ensino Fundamental completo
Ensino Médio incompleto
Ensino Médio completo
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É por meio da educação que se dá a participação social dos usuários, o
conhecimento empodera, liberta, apresenta oportunidades, muda o
comportamento, cria novas ideias. A educação possibilita aos usuários
[...] Assumir uma nova posição frente as às situações do seu cotidiano,
desenvolvendo potencialidades, muitas vezes adormecidas, novas
habilidades, além de acionar a capacidade crítica de organização e luta
pela garantia de direitos [...] (LOBATO, 2012, p. 157)
64,70%
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saúde, o preconceito, a falta de humanização no atendimento, o despreparo dos
profissionais, entre outros que:
[...]Acompanham as mulheres com suas negações, seus medos, suas
incertezas, suas diferentes formas de subordinação, sua dupla moral
sexual e suas vivencias de violência, física, psicológica ou sexual,
dentro ou fora de casa. A isso se soma as dificuldades operacionais e
financeiras da maioria das mulheres que procuram o sistema público
de saúde. (GAMA, 2012, p.95)
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Sabemos que a saúde é um direito assegurado pela Constituição, no
entanto, uma boa parte da sociedade, que é considerada marginalizada
historicamente, por conta dos longos anos de escravidão, enfrentam barreiras
na busca pelos serviços de saúde. Assim, as desigualdades raciais se tornam
um entrave na efetivação do direito à saúde das mulheres negras.
Para tanto, ter um olhar diferenciado e humanizado para as mulheres
negras é essencial, afim de romper com as barreiras das desigualdades que
dificultam o acesso das mulheres negras aos serviços de saúde. Portanto, é
necessário falar sobre o preconceito, sobre o racismo institucional, como um
problema real, que vai impactar profundamente na vida da população negra, afim
de que as políticas públicas, os programas, projetos e serviços sejam ofertados
de forma igual para a população.
O gráfico abaixo demonstra que o quantitativo das mulheres negras e/ou
pardas é superior aos das mulheres brancas usuárias do Sistema de Saúde,
reforçando, portanto, um índice negativo, visto que, a população negra sempre
se encontra com os piores índices quando se trata das condições de vida e
saúde devido as desigualdades sociais.
Gráfico 3 - Cor/raça/etnia
38%
Branco
preto ou pardo
62%
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são “uma barreira ao acesso aos serviços preventivos para a saúde das
mulheres negras. E que essas desigualdades são determinantes sociais que
impactam as condições de vida e o processo de adoecimento” (GOES,
NASCIMENTO, 2013, p.8)
Diante do exposto, podemos perceber que ainda existem muitos entraves
para a consolidação da política de saúde da mulher. Talvez uma das maiores
preocupações diante desse contexto seja o fortalecimento da política de saúde
da mulher como um direito e a conscientização da mulher sobre a promoção do
autocuidado, do autoconhecimento sobre seu corpo, em busca da qualidade de
vida e bem estar, de acordo com o conceito ampliado de saúde.
Corroborando com o que foi explanado, enfatiza-se que o profissional (a)
que trabalha na promoção da saúde da mulher visa contribuir para uma melhor
qualidade de vida e saúde, por meio da garantia dos direitos, da ampliação e
acesso aos serviços, da redução dos índices de morbidade e mortalidade
feminina, e ampliando a atenção e humanização no atendimento às mulheres
(PNAISM,2004).
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compromete com a teoria marxista. A profissão sofre influências do movimento
da Reforma Sanitária que vinha sendo construído desde a década de 70, no
entanto, não é possível identificar a relação concreta com o movimento.
Na década de 90, a profissão ganha maior proporção, período que se
configurou a hegemonia do Projeto Ético-Político da Profissão e posteriormente
o Código de Ética Profissional. Que dão subsídios para uma atuação profissional
comprometida com a defesa dos direitos da classe trabalhadora, bem como o
posicionamento em favor da equidade, justiça social e a universalização de
acesso aos bens e serviços ofertados pelas políticas sociais (CFESS,1993).
Segundo Matos (2013, p. 57) a inserção do Serviço Social na Saúde se
deu a partir da criação do novo conceito de saúde elaborado em 1948 e a busca
por outros profissionais para atuar no setor e assistente social passou a atuar na
área da saúde “como aquele que podia contribuir para o aperfeiçoamento do
trabalho do médico”
Desse modo, o assistente social na saúde vai atuar diretamente na
promoção e prevenção da saúde, mas levando em consideração também as
condições de vida dos usuários e buscando respostas aos problemas
vivenciados pela população. Visto que, “os assistentes sociais trabalham com as
múltiplas dimensões da questão social tal como se expressam na vida dos
indivíduos sociais, a partir das políticas sociais e das formas de organização da
sociedade civil na luta por direitos” (IAMAMOTO,2008, p.160).
O assistente Social como profissional da saúde de acordo com a
Resolução do CFESS nº 383, de 29/03/1999 vai atuar na promoção e prevenção
da saúde, em particular na saúde da mulher. O Serviço Social é uma profissão
regulamentada pela Lei nº 8.662/93 que estabelece as competências e
atribuições profissionais e norteadas pelo Código de Ética Profissional que é a
resolução 273/93.
Assim, o assistente social na saúde é capacitado para acolher, informar e
orientar os usuários e seus acompanhantes sobre seus direitos, acompanhar
e/ou encaminhar de acordo com a demanda, bem como incentivar a participação
social nos Conselhos de Saúde, na elaboração das políticas de Saúde.
O profissional de Serviço Social que trabalha com a saúde feminina vai
perceber que são muitos os desafios enfrentados pelas usuárias como
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problemas relacionados ao trabalho, a violência, vulnerabilidades sociais entre
outros.
Diante disso, o assistente social precisa utilizar de sua capacidade crítica
e reflexiva para observar, interpretar e, assim, compreender a realidade social,
a fim de criar uma estratégia que possibilite a inserção das mulheres na política
de saúde. Nesse sentido, destacam-se alguns serviços realizados pelo
profissional na promoção da saúde da mulher: atendimentos diretos as usuárias,
ações socioeducativas e socioassistenciais, ações de articulação com a equipe
de saúde, mobilização, participação e controle social, investigação,
planejamento e gestão dos projetos realizados pelo setor (CFESS, 2010).
A atuação do assistente social na saúde visa garantir melhoria da
qualidade de vida das usuárias, com compromisso com os direitos da população,
bem como o fortalecimento do SUS:
– Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres
brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e
ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção,
assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro.
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Nesse sentido, Guerra (2000, p.12) vem contribuir afirmando que a
instrumentalidade do serviço é “campo de mediações que porta a capacidade
tanto de articular estas dimensões quanto de ser o conduto pela qual as mesmas
traduzem-se em respostas profissionais”, ou seja, o assistente social é um
profissional capacitado para construir estratégias de superação dos problemas
apresentados.
Sendo assim, o/a assistente social que atua na área da saúde, em
especial, com a saúde da mulher, assim como, em outras áreas vai atuar frente
as demandas da “questão social cujas expressões históricas e contemporâneas
personificam o acirramento das desigualdades sociais e da pobreza na
sociedade capitalista brasileira”, (COSTA, 2009, p. 254), buscando
incansavelmente pôr em prática o projeto ético político do serviço social que
dispõe de pressupostos teóricos que vão nortear a atuação do profissional, ou
seja, vai contribuir para a viabilização dos direitos dos usuários, bem como, a
luta por uma sociedade mais justa.
Portanto, o (a) assistente social na área da saúde, visando a garantia e a
viabilização dos direitos das usuárias vai desenvolver diversas ações de saúde
por meio de programas e projetos.
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Ainda segundo os autores, os programas na área da saúde são um
conjunto de atividades realizadas com foco na prevenção ou promoção da
saúde. Assim, os assistentes sociais inseridos nas instituições de saúde, podem
atuar nos programas já disponibilizados pelo Ministério da Saúde, fazendo os
ajustes de acordo com as demandas de seus usuários ou pode elaborar projetos
próprios de acordo com o seu lócus de trabalho. Já o projeto social é outro
instrumental muito utilizado pelo Serviço Social, pois possibilita o planejamento,
o conhecimento da realidade, a elaboração de estratégias, metas e,
principalmente, a execução das atividades.
Diante disso, Mourão et al (2006) apresenta alguns projetos e programas
desenvolvidos pelo Serviço Social em conjunto com outros profissionais voltados
a promoção da saúde da mulher.
Projetos como DST/AIDS – Na Mira da Prevenção é um exemplo de
projeto desenvolvido por assistentes sociais em conjunto com enfermeiros e
psicólogos que tem como finalidade trabalhar temas como sexualidade, gênero,
IST’S, promovendo por meio de oficinas o acesso à informação, a integração de
pacientes e acompanhantes internados. Visando o esclarecimento da população
usuária sobre as doenças sexualmente transmissíveis e, principalmente, a
superação dos preconceitos e tabus sobre o tema, como aponta Costa (2009, p.
328).
Esse tipo de atividade demanda que os assistentes sociais articulem,
organizem, coordenem e realizem palestras; bem como distribuam
material educativo e de divulgação – cartazes, folhetos e folders
informativos; apresentações de slides e vídeos relativos as formas de
prevenção e controle das doenças; bem como coordenam eventos e
discussões sobre tabus, preconceitos e atitudes prejudiciais à saúde,
como: hábitos alimentares, de higiene etc.
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importantes que envolvem a saúde feminina. O projeto é desenvolvido pelos
profissionais de serviço social, enfermagem e psicologia.
Nesse sentido, o projeto visa oferecer as mulheres qualidade na atenção
à saúde, abrangendo todos os aspectos socioculturais e emocionais que
implicam na saúde das usuárias. Sendo assim, é um espaço importante, onde
as mulheres podem se sentir seguras para falarem sobre seus medos, negações,
incertezas, dificuldades e violências vivenciadas dentro e fora de casa. Criando
assim, condições para a transformação social, e política das mulheres (GAMA,
2012).
Ainda sobre projetos voltados para a saúde da mulher podemos destacar
o Controle do tabagismo, o objetivo deste projeto é promover um espaço de
diálogo sobre a dependência do tabaco. Assim, a equipe multiprofissional
composta por assistentes sociais, enfermeiros, médicos, e psicólogos procuram
apontar os malefícios que uso da substância causa a saúde feminina. Destarte,
procura-se diminuir as taxas de fumantes, uma vez que as mulheres também
são alvos da indústria do tabaco.
De Peito Aberto é um programa que tem por finalidade proporcionar a
prevenção e acompanhamento das mulheres com câncer de mama. As ações
desenvolvidas pelos profissionais de serviço social, enfermagem, fisioterapia,
medicina e psicologia visam prestar assistência às pacientes e suas famílias
sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer.
Como afirma Costa (2009, p.321)
Essa atividade deve auxiliar na busca de alternativas para assegurar o
diagnóstico e o tratamento em nível ambulatorial, evitando, assim,
internamentos, contribuindo igualmente nos casos de urgência, para
agilizar internamentos, na tentativa de evitar possíveis óbitos.
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mulheres, enquanto sujeitos de direitos. Assim sendo, seu grande desafio é
justamente criar um ambiente que foque no fortalecimento de práticas que
potencializem a participação social dessas usuárias na elaboração e aplicação
dos projetos, assim como, na construção de políticas públicas que promovam
condições dignas de atendimento, viabilização e efetivação dos direitos já
conquistados e direitos que ainda não foram conquistados.
Em suma, o assistente social que trabalha com a saúde da mulher se
configura como uma ponte entre a Política de Saúde e a usuária, assegurando
a integralidade das ações e o acesso das cidadãs aos serviços de saúde.
Possibilitando a prevenção e promoção da saúde por meio de ações educativas
garantindo o direito das usuárias à saúde.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Nesse sentido, o assistente social visa garantir os direitos já instituídos,
contribuindo para uma melhor qualidade de vida das usuárias, assumindo esse
compromisso com a autonomia dos direitos da população. Além de contribuir
para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, através de programas e
projetos desenvolvidos, o profissional é capaz de construir estratégias de
superação dos problemas apresentados.
Assim, o assistente social como autor, executor e gestor de políticas
públicas é responsável por pensar e elaborar estratégias que se traduzam em
respostas qualificadas para as demandas apresentadas por cada usuária.
Trabalhando desta forma a prevenção e promoção da saúde, bem como pensar
novas possibilidades de intervenção.
Dessa forma, com o desenvolvimento do estudo chegamos à conclusão
de que as desigualdades sociais e de gênero ainda permeiam as práticas
cotidianas de atendimento, dificultando o acesso das mulheres aos bens e
serviços ofertados na rede pública de saúde.
Portanto, a escuta humanizada, a qualidade no atendimento oferecido e
o olhar diferenciado do profissional de serviço social trazem uma nova
abordagem de atendimento e oferece a essas mulheres possibilidades de se
verem como um sujeito de direitos, além de abrir caminhos de modo efetivo ao
empoderamento feminino. Essas práticas fortalecem não apenas os vínculos
entre si, mas se torna um facilitador para a construção de um novo olhar para a
saúde, com uma nova prática, sob uma nova ética que tem como objetivo acolher
e assistir essas mulheres de uma forma que elas se sintam seguras.
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