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Os Segredos de Micaela

Capítulo 1 – Complexos junguianos

ELECTRA ERA A PRINCESA GREGA de Micenas. Filha de Agamemnon e


Clitemnestra, tinha verdadeira adoração ao pai e passou a odiar a mãe depois que esta
arquitetou com o amante, Egisto, a morte do próprio marido. Por sua fixação paterna,
junto ao irmão Orestes, a princesa jurou vingança à rainha e deu cabo da sua progenitora
com requintes de crueldade.

Eu tinha aprendido tudo sobre aquela tragédia grega durante as aulas de Filosofia da
escola, mas foi em outro lugar que entendi que estava eu mesma sofrendo do chamado
“Complexo de Electra”.

O psicanalista Carl Jung tinha passado a utilizar aquele termo para designar o desejo de
uma filha por seu próprio pai em contrapartida ao “Complexo de Édipo”, que
funcionava da mesma maneira, só que com relação de um filho para com sua mãe. Eu
nunca tinha ouvido falar nem de um e nem de outro, mas foi sentada no divã do
consultório de psicologia que acabei sendo, digamos, diagnosticada dessa forma por
minha analista.

Agora que ganhei a sua atenção com essa introdução inteligente da qual me vali para
ilustrar a minha história, vou começar a contar o início daquele meu complexo.

Meus pais se casaram relativamente cedo e os dois ainda estavam na faculdade quando
minha mãe, Carla, engravidou do meu pai. Segundo ela, apesar do fato de que eles
“praticavam” constantemente sem qualquer proteção, não era do desejo de ambos que
tivessem um bebê tão cedo, mas para a alegria geral da nação — e o aparente
desassossego do casal — eu acabei vindo ao mundo logo em seguida.

Batizada de Micaela — a variação feminina de Miguel e que no hebraico significa


“quem é como Deus? ” —, nasci linda, ruiva e escandalosa numa ensolarada tarde de
julho. Todos na maternidade tinham ficado encantados com a minha beleza, dos
médicos às enfermeiras, e a partir daquele instante, Roque, o meu pai, ficou totalmente
apaixonado por mim.

Meu pai era um engenheiro-civil muito bom que tinha feito uma bela carreira dentro da
construtora fundada por meu avô Jaime Castilho, a hoje intitulada Suares & Castilho.
Antes mesmo disso, no entanto, ele já era bastante influente como assistente de projeto
numa empreiteira de nome Ao Cubo e foi nessa época que ele conheceu Carla Castilho.
Os dois se deram bem logo de início e é claro que a moça — herdeira de uma das
maiores fortunas de São Paulo — ficou de quatro por ele bem rápido. Seus olhos verdes,
os cabelos ruivos naturais e todo o charme que mal cabia em seu um metro e oitenta de
altura fizeram dele o par perfeito para a, na época, estudante de arquitetura. Eu não
estava lá — Dãã! É lógico —, mas todo mundo dizia que eles formavam o casal
perfeito.

A minha chegada ao mundo, de um jeito ou de outro, acabou influenciando


negativamente na união dos dois e eles pararam de se dar bem por conta dos cuidados
que eu exigia. Por mais que fossem fofos, cheirosos e "mordíveis", os bebês tinham o
péssimo hábito de serem barulhentos, grudentos e dependentes da mãe, o que,
obviamente, atrapalhou bastante na parte sexual do casamento.

Minha tia Elisa, irmã mais velha de minha mãe, dizia que até mesmo ela e meu tio
Peterson, seu marido, haviam tido atritos com o nascimento de meus primos gêmeos
Cleide e Cleber, mas que ele, como pai, tinha sabido agir de maneira a não piorar ainda
mais a tensão que se formava ao se ter dois bebês em casa. Roque, por sua vez, por mais
que fosse compreensivo, acabou não sendo tão cuidadoso ao lidar com mamãe e os dois
passaram os primeiros anos após meu nascimento em pé de guerra.

As coisas melhoraram bastante conforme eu cresci um pouco mais. Os dois passaram a


ganhar muito dinheiro depois de formados em suas respectivas profissões, começaram a
viajar pelo mundo, conhecer novos lugares, e a minha avó Vilma não viu problema
algum em cuidar tanto de mim quanto de meus primos Cleide e Cleber enquanto nossos
respectivos pais viajavam e gastavam a fortuna da família. Eu ainda era muito nova para
saber, mas aqueles foram os anos que resgataram o amor que Roque sentia por Carla e
vice-versa.

O tal do “Complexo de Electra” passou a se tornar mais notório depois dos meus dez
anos, que foi quando eu passei a tomar consciência de o quanto eu era apegada a meu
pai. Por mais que eu também amasse mamãe, não dava para esconder de ninguém —
nem dela mesma — a minha predileção por Roque e a segurança que eu sentia agarrada
a aquele peito acolhedor.

Eu e ele vivíamos grudados e as horas que ele passava em casa após o trabalho eram
quase que totalmente dedicadas a estar comigo. Com aquele grude, é claro que vinha
também o mimo, e diferente de minha mãe, que tentava podar os meus desejos cada vez
mais consumistas, ele me dava tudo que eu queria. De brinquedos, passando por jogos
eletrônicos, roupas, calçados e bugigangas variadas, eu ganhava cada presente que lhe
pedia e não tinha como negar que aquilo acabou me estragando como pessoa e me
fazendo crescer sem limites.

Eu não percebia na época, mas meu agarramento constante com meu pai deixava minha
mãe enciumada. Enquanto ela ficava jogada de escanteio, eu e ele nos divertíamos para
caramba juntos e seria impossível contabilizar a quantidade de horas que passávamos
jogando videogame na sala ou assistindo meu desenho favorito, o Pokémon. Além
disso, nós dois saíamos bastante de casa também e ele tinha uma paciência incrível para
me levar ao shopping e me esperar decidir por qual jogo ou vestimenta eu ia escolher.
Íamos quase todo final de semana ao cinema e era indescritível como era boa a sensação
de ficar lá agarradinha a ele em cada filme de animação que assistíamos só nós dois. Eu
amava aqueles momentos a sós e aquilo passou a se tornar meio que obsessivo.

Você deve estar pensando agora que já era algo sexual desde o início, que eu já me
insinuava para o meu próprio pai incestuosamente desde cedo, mas é óbvio que isso não
é verdade. O nosso carinho naqueles tempos era puramente o de pai e filha, e
especialmente ele não tinha qualquer desejo por mim — isso seria até meio doentio! —,
embora adorássemos ficar abraçados e sempre muito colados.

Nosso primeiro selinho foi bastante inocente e rolou quando ele me levou para a cama à
noite depois que eu desmaiei de sono na sala, e sem querer, acabou me acordando
quando me deitou no colchão em meu quarto. Eu estava naquele limiar entre a
inconsciência quase completa e o despertar, mas não sei porque eu me lembro bem que
o segurei pelo ombro, falei que o amava e me precipitei a beijá-lo, voltando a dormir em
seguida. Depois daquilo, fazíamos sempre e não era incomum que trocássemos
bitoquinhas para desejar boa noite um para o outro.

Alguns anos depois daqueles primeiros contatos, eu passei a ter cada vez mais desejo
em estar perto de meu pai e comecei a arranjar todo tipo de desculpas para dormir na
cama de casal de meus pais, entre os dois. Eu não sabia explicar, mas era muito
prazeroso dividir os lençóis com ele, bem como sentir aquele corpão quente em contato
com o meu. Tinha vezes que eu o deixava enlaçar a minha cintura por trás e me
encostava relaxada nele, sentindo seu coração pulsar com seu peito em contato com
minhas costas. Às vezes, era eu quem me deitava em seu peito e o deixava fazer carinho
em meus cabelos até que o sono viesse e tinha noites ainda que eu ficava acordada, só o
vendo dormir, sentindo bem de perto o cheiro gostoso que exalava de seu corpo.

Como eu tinha dito, minha mãe não ficava nada feliz com aquelas interrupções noturnas
e certa vez, ela teve uma conversa séria comigo. Disse, entre outras coisas, que eu já
estava bastante crescida e que não era mais natural que eu me deitasse com eles na cama
atrapalhando, o que ela cuidadosamente me chamou de “relações amorosas”. Se eu me
ligasse naquelas coisas à época, eu saberia que eu estava sendo a maior empatadora dos
meus pais e não teria mais saído do meu quarto à noite. Nada como alguns anos de
experiência para nos botar em nossos devidos lugares!
Capítulo 2 – A família Castilho

ALGUM TEMPO DEPOIS da bronca de mamãe, toda a família Castilho resolveu se


reunir na casa de praia do meu falecido avô Jaime que ficava no litoral Norte de São
Paulo, e à princípio, eu fiquei muito feliz em rever os primos que eu não via há bastante
tempo.

Além da tia Elisa, minha mãe tinha dois irmãos mais velhos, filhos do primeiro
casamento de vovô, que agora gerenciavam a Suares & Castilho, e eram os seus filhos
que eu estava ansiosa para encontrar quando mamãe me falou sobre a tal reunião na
praia.

Renato, o primogênito, era casado com a tia Vânia, e juntos os dois tinham três filhos, o
Jonathan, a Janete e a Jéssica, que era dois anos mais velha que eu. Tinha também o tio
Mauro, que era marido da tia Solange, e ele era o pai da minha prima Priscila e do meu
primo Pedro, que desses todos, era o que eu mais tinha contato. Eu e as meninas
costumávamos nos estranhar um pouco devido a diferença de idade, por isso, o
Pedrinho era o que eu mais gostava, embora ele também fosse mais velho que eu.

Aquele parecia só mais um final de semana em família como tantos outros, mas não
demorou muito para eu perceber que as coisas estavam um pouco fora de controle.
Algumas horas depois de piscina nadando com Cleide, Cleber e Pedro, nós entramos de
volta na casa que tinha dois andares e inúmeras acomodações vagas. A tia Elisa tinha
nos chamado para algo que ela chamou estranhamente de “ritual de início” e quando eu
cheguei à sala, estava todo mundo sem roupa, com os homens da família
assustadoramente excitados.

Eu não tinha qualquer maturidade para entender o que tudo aquilo significava, mas
antes que eu sequer tivesse noção do que estava acontecendo naquele lugar, me vi sendo
levada até o centro da sala por meu pai, que falou baixinho em meu ouvido para que eu
confiasse nele.

— O que está acontecendo, papai?

Eu estava ficando assustada. Não tinha como negar que aquela visão era impactante.
Àquela altura da vida, o único homem que eu havia visto nu em minha frente, dentro da
banheira de casa, era o meu próprio pai, mas para onde eu olhava agora via um pênis
duro e apontado para cima. Meus tios Renato e Mauro, o tio Peterson, o Jonathan, o
Pedro… estavam todos me olhando estranho e me assistindo ser direcionada a uma
cama de casal que tinha sido levada para o meio da sala, enquanto as mulheres da
família — todas igualmente peladas — formavam uma espécie de círculo a nosso redor.
Senti meu pai afoito querendo que eu tirasse logo a roupa.

— Confia no papai, Mica. Está tudo bem.


Eu ainda lancei um último olhar carente em direção à minha mãe, que estava nua ao
lado da irmã Elisa, mas vi que nem mesmo ela poderia me salvar. Milhões de coisas se
passavam em minha cabeça naquela hora e eu só comecei a ter uma ideia do que viria
em seguida, quando meu pai tirou o meu biquíni e eu me vi completamente nua na
frente de todo mundo. Naquele momento, vi os homens começarem a tocar seus
próprios membros, como em expectativa para o que iria acontecer e as mãos firmes de
meu pai me fizeram deitar de frente na cama e afastar as pernas.

— Procura ficar calminha, filha. Está tudo bem.

Assim que disse aquilo em sussurro, ele fez meu corpo deslizar até a beirada da cama
sobre o lençol branco e foi a primeira vez que prestei a atenção. Papai estava tendo uma
ereção completa e eu lembro de ter olhado assustada para aquele membro enorme entre
as suas pernas, rígido e batendo na barriga.

Com o polegar da mão direita, Roque fez uma espécie de massagem entre os lábios da
minha vagina e senti um arrepio com aquilo. Meu coração estava disparado dentro do
peito. Eu não conseguia mais olhar para as pessoas ao nosso redor, tinha medo de ver o
que estavam fazendo juntas e então procurei a segurança de meu pai. Ele continuou
fazendo uma espécie de carinho em minha pepeca e assim que senti como se estivesse
com vontade de fazer xixi, o vi se aproximar de mim, direcionando aquela coisa gigante
para o meio das minhas pernas. Em reprodução humana, no colégio, a gente aprendia
que era daquele jeito que se faziam os bebês e enquanto meu pai começava a enfiar
aquilo em mim, meu único pensamento era que íamos fazer um bebê juntos.

É difícil explicar o que uma mulher sente ao ser desvirginada, mas deve ser algo
parecido a levar uma picada de agulha bem no meio da xoxota. Começa com uma
pincelada firme, depois vira uma apunhalada e termina com a sensação de que algo está
se partindo seriamente lá dentro. Eu não tinha sido preparada para aquilo. Nunca
ninguém tinha me falado como aquela coisa funcionava ou o que eu devia esperar da
minha primeira vez. Somava-se isso ao fato de que eu estava sendo possuída pelo meu
próprio pai bem à vista da família quase inteira, você deve ter uma ideia de como eu
fiquei confusa.

— Tá doendo, papai!

Quando vi que quase não estava mais aguentando, eu resolvi choramingar para a pessoa
em quem mais eu confiava no mundo e tudo que ele fez foi me olhar com ar
complacente e massagear novamente o meu sininho com o polegar. Apesar de gostoso,
aquele movimento não me fez esquecer completamente a dor e eu ainda tive que
aguentar firmemente um pouco mais enquanto puxava o lençol sob mim com força,
evitando gritar.

Embora estivesse desconfortável, eu resolvi assistir à penetração e cheguei a ficar


apavorada ao ver aquele negócio grosso saindo sujo de sangue de dentro de mim.
Quando papai enfim tirou de dentro uma última vez, achei que finalmente aquele ritual
maluco tinha acabado e que ele me tiraria dali em seus braços ou que fosse me fazer
carinho o resto da tarde. Deve acontecer com toda menina. Todas elas devem perder
sua virgindade com seus pais… não deve ser nada demais, pensei, inocente.

— Está feito!

A voz grossa de meu tio Renato soou aos meus ouvidos e eu já estava tentando me
sentar de volta na cama quando vi papai se afastar e abrir espaço para ele, que sorria
com uma tremenda cara de pervertido a segurar o próprio pênis. Achei que o homem
robusto de cabelos castanhos fosse só me falar algo como uma felicitação pela minha
defloração ou algo do tipo — eu juro que não estava raciocinando direito naquela hora!
—, mas quando ele me puxou na cama e começou a levar o seu próprio pênis em
direção ao meio das minhas pernas, eu confesso que desliguei meu cérebro e passei a
agir numa espécie de piloto-automático.

Depois daquilo, eu tenho alguns flashes de memória e não me lembro direito como
aconteceu. Eu tinha acabado de perder o meu selo em público e então passei a sentir um
vai e vem em meu interior que eu não sabia mais distinguir. Em negação, achando que
meus pais não deixariam que sua filha passasse por uma coisa daquelas bem diante de
seus olhos, com o seu consentimento, eu meio que fechei meus olhos e esperei o
pesadelo acabar. Eu só queria que aquele sonho horrível acabasse logo, mas ele
demorou um bom tempo.

Dizem que em situações traumáticas o nosso cérebro dispõe de um mecanismo de


autopreservação que nos faz esquecer de todo o estresse vivido e foi nisso que eu passei
a acreditar a partir daquele fim de semana.

Depois do ritual maluco na sala, me lembro de ter acordado em um dos muitos quartos
da mansão já de banho tomado e com a minha mãe sentada ao meu lado. Não fazia ideia
como havia chegado ali, mas sentia meu corpo arder em febre, além de um desconforto
muito grande entre as pernas. Eu demorei a entender como ela havia deixado que
tivessem feito tudo aquilo com a sua própria filha e acho que depois daquele dia, eu
deixei aflorar um lado meu que me fazia odiar minha mãe e que fez com que eu me
aproximasse ainda mais de meu pai, embora ele tivesse sido o precursor da orgia onde
tinham me servido como prato principal.
Capítulo 3 – Desabrochar de um sentimento

DEPOIS DA REUNIÃO DE FAMÍLIA, nós voltamos para nossa casa no bairro da


Saúde, Zona Sul de São Paulo, e meu pai passou dois dias ao meu lado, cuidando de
mim em meu quarto. Seja pelo trauma ou por uma reação comum de meu corpo ao que
ele tratou como uma infecção, eu voltei a sentir febre, e em delírio, passei a chamar
Roque a noite, o que fez com que ele dormisse ali comigo.

— Não me deixa, papai. Fica comigo, por favor!

Eu achei que iria morrer depois daquele fim de semana insano, mas alguns dias depois,
descobri que era mais forte do que pensava e voltei a meu estado natural. Meus pais
tiveram uma conversa franca comigo sobre o que tinha acontecido naquela casa de
veraneio pouco depois. Me falaram que o incesto era uma prática comum dos Castilho
desde os tempos do vovô Jaime e que eu deveria me acostumar com aquele tipo de
festejo pervertido.

— Ninguém é obrigado a participar, meu amor — disse meu pai, num tom bastante
casual sentado a meu lado na cama — e se você não quiser mais fazer parte da reunião
anual da família, eu e sua mãe vamos apoiar seu desejo.

Podiam ter me perguntado se eu queria também da primeira vez, pensei na ocasião,


ainda remoendo o rancor dentro do peito, mas confesso que aquele incômodo foi algo
que não durou muito. A perversão da família também corria em minhas veias e eu não
demorei a perceber que, mais cedo ou mais tarde, acabaria sendo consumida por ela.

Algumas visitas ao ginecologista, cuidados que precisaram ser tomados posteriormente


e o bom e velho conforto paterno bastaram para me fazer esquecer um pouco daquele
fim de semana de agosto e as coisas voltaram a entrar em sua normalidade. Pelo menos,
aquilo que para os Castilho podia ser chamado de “normalidade”.

Eu estava ainda mais apegada a meu pai em nosso retorno para casa e o fato de eu ter
sido desvirginada por ele me causou um efeito que não esperava que fosse acontecer tão
cedo, mas que passou a me impelir cada dia mais a tomá-lo das mãos de minha mãe. Eu
achava aquele tipo de coisa íntima demais para falar tão abertamente para a minha
psicóloga quando comecei a frequentar o seu consultório anos mais tarde, mas se ela
soubesse dos detalhes — e até então, eu só tinha falado superficialmente sobre a minha
paixão por meu pai —, ela teria dito que foi naquele período que eu passei a
desenvolver ainda mais meu Complexo de Electra.

Tinham se passado alguns meses desde a perda de meu selinho e eu me vi


extremamente excitada na presença de meu pai. Nós estávamos na sala de casa vendo
filme. Minha mãe estava logo ali no sofá, atenta à tela, mas eu me vi incapaz de prestar
a atenção na TV. Ela estava sentada à minha esquerda e ele à minha direita. Eu estava
usando um vestidinho leve do tipo que costumava vestir bastante dentro de casa em dias
quentes como aquele. Ele estava de camiseta e short. Eu não pensei muito no que estava
fazendo, mas de repente, vi um volume fora do normal por dentro de sua roupa de baixo
e me senti com vontade de pegar naquele membro duro, de senti-lo entre meus dedos,
de percebê-lo enrijecer. Papai tomou um susto quando notou minha intenção e enquanto
olhávamos para a TV, a princípio disfarçadamente, eu comecei a apertar seu pênis, no
que ele não demorou a responder lá embaixo. Eu já o tinha visto em plena ação, grosso,
vigoroso, me rasgando quase em duas e senti o meio das minhas pernas ferver em
contato com aquela coisa dura.

— Mica, amor…

Eu senti que ele estava tentando me repreender, mas quanto mais eu massageava, mais
ele deixava eu massagear. Em dado momento, aquilo começou a me divertir tanto
quanto o estava divertindo e eu parei de me preocupar em evitar os olhares curiosos de
minha mãe. Ela estava bem ali do nosso lado e seria estúpido achar que não tinha
percebido. A sala estava com as luzes apagadas, mas o filme não tinha tantas cenas
escuras para ocultar nossos carinhos. Quando vi que não dava mais para esconder,
relaxei e tornei a coisa um pouco mais explícita. Fiz questão de ficar ainda mais
próxima dele e desisti da TV, ficando a encará-lo enquanto sorria ante suas reações a
meus carinhos manuais.

— Tá gostoso, papai?

Ele também tinha desistido de fingir que não estava acontecendo e após acenar que sim
para mim, o vi encarar mamãe ao nosso lado, ainda a nos olhar num misto de surpresa e
condescendência. Ela me deixou ser usada como um pernil suculento na reunião da
família. Quem é ela para me impedir de fazer carinho em meu pai?

Aquela carícia evoluiu rápido e em pouco tempo, eu estava sentada no colo de meu pai,
com ele alisando as minhas coxas por baixo da sainha do vestido. Eu agora estava
sentindo todo aquele vigor com a bunda e parecia que ele estava cada vez mais excitado.
Trocávamos risadinhas cúmplices e às vezes, eu olhava para a tela da TV, embora
estivesse totalmente desinteressada pelo que passava. Senti cada um dos meus pelinhos
se arrepiarem enquanto ele alternava em alisar e arranhar de leve a minha pele e posso
jurar que senti minha xoxota encharcar pela primeira vez na vida quando um de seus
dedos marotos passeou próximo demais da minha virilha por cima da calcinha.

Eu não sabia explicar, mas aqueles carinhos eram bons demais. A minha primeira
relação sexual tinha sido em uma orgia familiar pervertida, eu não tinha a noção exata
de certo e errado, o que me permeou nos primeiros anos de vida sexual. Como
exatamente eu saberia que o meu pai não podia ser também o meu namorado, se ele
tinha sido o primeiro — e até então único — cara com quem eu sentia aquele carinho
especial?
Naquela primeira oportunidade então, com aquilo em mente, eu deixei rolar, e mais
tarde, a minha noite foi povoada de pensamentos libertinos com um único alvo: Roque
Alencar.
Capítulo 4 – O amor de Electra

QUANDO PENSO HOJE em dia com uma clareza maior de julgamento e um pouco
mais afastada emocionalmente, eu consigo me lembrar o ponto exato onde as carícias
manuais que trocava com papai quase que diariamente passaram a se tornar mais
explícitas. Eu era tão grudada a ele há tanto tempo que os carinhos paternais acabaram
se confundindo em minha mente com algo mais, o que não nublou minhas lembranças
sobre a minha primeira noite de amor pra valer com o seu Roque.

Mamãe tinha ido visitar a tia Elisa em sua casa em Moema e papai tinha acabado de
chegar da Suares & Castilho. Como sempre, ele tinha me trazido um mimo da rua e fez
questão de me entregar pessoalmente em meu quarto, enquanto eu ouvia música.

— Acho que vai ficar lindo em você, Mica. Assim que der, você experimenta.

Era um conjunto de blusa e saia de uma loja de grife. Diferente da maioria dos pais
homens das minhas colegas de colégio, ele sempre acertava no tamanho e no modelo
das roupas que comprava. Era quase como se conhecesse o meu corpo como a palma da
própria mão. O que de certa forma, não era mentira!

— Vou experimentar agora, papai!

Inconscientemente, eu provavelmente devia estar querendo me mostrar para ele, porque


me lembro de ter passado a camiseta que usava por sobre os ombros na mesma hora,
ficando com os peitos nus em sua frente. Me lembro que ele ficou hipnotizado olhando
para mim enquanto eu vestia a blusa nova. Fiz a mesma coisa com o short e ele me deu
uma secada entre as pernas pouco após me ver em pé sobre a cama, de calcinha.

— Nossa, papai! Ficou um arraso!

Eu pulei da cama e fiquei me exibindo diante do espelho, dando voltas para conferir
melhor o caimento da saia e da blusa. Não dava para negar que tinha ficado realmente
satisfeita com o presente, mas mais satisfeita ainda em vê-lo com aquela cara de safado
olhando eu me vestir. Sabia que não podia perder a oportunidade e pulei em seu pescoço
logo em seguida, o enchendo de beijos molhados.

— Você é o melhor pai do mundo! Te amo, te amo, te amo!

Foi meio que involuntário, mas as suas mãos seguraram minhas costas para me sustentar
enquanto eu saltitava pendurada nele. Seus dedos suspenderam de leve minha roupa e
senti seu toque quente.

Caralho! Como aquelas mãos firmes me deixavam mole!

— Também te amo, filha. Merece o que há de melhor!


Em meu ímpeto de felicidade, continuei pulando em sua frente e então, num último
impulso, encolhi as pernas e o deixei sustentar todo meu peso, colando meus lábios nos
dele. Nós trocamos um selinho mais demorado, logo depois, nós nos encaramos meio
sem saber o que dizer e as mãos dele foram descendo um pouco mais em minhas costas.
Foi uma questão de tempo até que ele estivesse me segurando pelo bumbum e aquilo
acendeu meu fogo. Eu desci de seu colo e rocei meu corpo no dele. Ele estava rijo feito
pedra lá embaixo.

— Uau, papai! Tá… duro!

Ele me deu uma risada cafajeste, mas depois disfarçou, achando que eu não ia continuar
no assunto. Se virou para apanhar a sacola do presente jogada no chão e quando voltou
sua atenção para mim, sem nenhum pudor, eu disse:

— Sabia que eu não consigo esquecer aquele dia no sofá?

A risadinha sacana se desfez e ele ficou me olhando sem dizer nada. Jogou a sacola
sobre a minha penteadeira e me esperou continuar.

— Eu gosto quando você fica duro assim. Eu fico quente.

Tínhamos bastante intimidade. Provavelmente bem mais do que qualquer outra dupla de
pai e filha que eu conhecia. Não havia aquele lance de timidez ou insegurança entre a
gente. Estávamos acostumados a falar de quase tudo desde que eu era bem
pequenininha, tínhamos certa liberdade. Foi por isso que no momento seguinte, eu
avancei minha mão abaixo da linha da sua cintura e agarrei o volume dentro da calça
jeans.

— Aquele dia eu fiquei bem quente, papai. Pegando fogo!

Não falamos muita coisa depois e quando percebi, meu pai estava abrindo o cinto, o
zíper e abaixando as calças até as coxas. Aquela foi a primeira vez que pude apreciar o
seu pênis mais de perto, com mais atenção, e era algo maravilhoso. Roque gostava de
estar sempre depilado e com a luz do meu quarto dava para ver cada detalhe daquela
coisa enorme à minha frente. Seus dedos seguraram uma das minhas mãos e a levou
para seus testículos, me ensinando a acariciá-los. Eram macios e eu os apalpei um pouco
antes de segurar com firmeza o tronco do pênis. Os meus dedos eram tão finos que eu
quase não conseguia apertá-lo todo.

— Era isso que queria fazer, filhinha?

Eu estava bestificada e só consegui acenar que sim, agora empunhando melhor aquele
pau e massageando para cima e para baixo. Depois de segurar bastante e fazer carinho,
o sentindo cada vez mais inchado e cheio de veias, papai me ensinou a masturbá-lo e
nos sentamos na cama para isso. Suas calças caíram até seus tornozelos e ele afastou
melhor suas pernas para me deixar mais à vontade. Tudo nele era extremamente
excitante. As coxas lisas, os músculos, a cabecinha rosada, as bolas macias… aquela
sensação de molhado dentro da calcinha voltou logo em seguida.

— Estou fazendo direitinho, papai?

Ele respondeu fazendo um carinho em meu rosto, enquanto eu lhe batia uma punheta.
Estávamos sentados perto um do outro e em pouco tempo, uma de suas mãos estava
alisando a minha coxa. Eu ainda estava com a saia nova e o deixei suspender como ele
queria. Já dava para ver a minha calcinha e os olhos dele fixaram entre as minhas
pernas. Com habilidade, papai fez eu parar um pouco a masturbação e me botou em pé
em sua frente. Ouvi o zíper da saia descer e em seguida, estava de lingerie em sua
frente. Ainda de costas para ele, o senti alisar o meu bumbum de leve e então, ele me
puxou para trás, me fazendo sentar em seu colo. Senti aquela rola grossa passar bem no
meio da minha bunda.

— Deixa o papai esfregar um pouco em você, Mica. Vem cá, vem!

Eu tinha sido comida sem dó em uma transa pública há algum tempo. Deixar meu pai
esfregar o pau em minha bunda nem chegava a ser algo que eu considerava pervertido
àquela altura.

Atrás de mim, ele apertou os meus peitos por sobre a blusa e o ouvi gemer enquanto me
fazia rebolar em seu colo. Sentia que o xixi já estava encharcando a minha calcinha lá
embaixo e quando ele puxou a minha roupa para baixo e eu olhei para a minha própria
vagina, vi algo viscoso escorrer dela, o que me fez entender que aquilo não era urina.
Papai deu duas esfregadas bem no meio da minha bunda, me causando um arrepio
impressionante. Circundou minha cintura e levou a mão à minha vagina. Senti seus
lábios se colarem em meu ombro pouco antes dele sussurrar atrás de mim:

— O papai vai brincar um pouco na sua bucetinha.

Estava um pouco tensa, mas claro que eu deixei. Abri as pernas e ele ficou passando a
ponta do dedo médio entre os meus pelos. Sua outra mão ganhou espaço por baixo da
minha blusa e ele apertou meu mamilo. Àquela altura, eu estava completamente
arrepiada e cada vez mais excitada.

— Isso é… muito gostoso, papai!

A ponta daquele dedo entrou um pouco mais e enquanto ele me penetrava, seu indicador
brincava em meu sininho. Estava prestes a sentir meu primeiro gozo chegando. Papai
me fez rebolar em seu colo e enquanto eu sentia aquele monstro roliço pressionando
meu bumbum por baixo, ele já tinha metido mais da metade de seu dedo dentro de mim.

— Que delícia de bucetinha, Mica. Bem quentinha… molhadinha!


Ele começou a me elogiar e a cada nova frase daquelas, eu me arreganhava ainda mais.
Pouco depois, senti minha blusa ser suspensa e mesmo ainda às minhas costas, comigo
sentada em seu colo, papai deu um jeito de botar um de meus peitos na boca e começou
a chupar. Me lembro cada uma das sensações daquele momento erótico. Os lábios
acariciando minha pele, a língua passeando no mamilo, a saliva molhando a minha
aréola rosada… poucas coisas tinham sido mais prazerosas que aquilo na época.

— Uau, papai! Eu estou… eu estou me sentindo tão quente!

Pouco depois de mamar em minha teta, papai tirou a minha calcinha de vez e me botou
sentada de bunda empinada em seu colo. No calor do momento, eu tinha certeza que ele
ia me foder ali mesmo, em cima da minha cama, dentro do meu quarto, com a porta
aberta, mas ele ainda estava se segurando. Feito um tarado, suas mãos seguraram firme
minha bunda e papai ficou sarrando a cabeça do pau entre as minhas pernas, vencendo
cada uma das minhas defesas, me deixando cada vez mais trêmula de prazer.

Comigo ainda sentada, ele me fazia subir e descer, e a cada vez que meu corpo
deslizava em cima daquela rola, mais tesão eu sentia. Por várias vezes senti a cabeça
passar bem entre os meus lábios e era certeza que ele estava carregando o melado entre
minhas pernas para o meio da minha bunda. Eu só conseguia pensar coisas cada vez
mais pervertidas. Quero que ele meta bem dentro da minha xoxota… igual da primeira
vez… meta tudo bem dentro de mim…

Ficamos naquela esfregação por bastante tempo até que papai começou a me apertar
cada vez mais forte e passou a gemer no processo.

— Ah, filhinha! Que delícia essa bucetinha! Como você é quentinha!

A mim estava igualmente gostoso e eu relaxei completamente em seu colo. Queria


muito ser penetrada por meu pai, mas quando achei que ia acontecer, senti algo quente e
viscoso sendo esguichado em meu sexo, me melando toda.

Ele… está gozando… ele está gozando em mim! Oh, meu Deus!

Feito um animal feroz, ele me enlaçou o corpo com força e ficou urrando em minhas
costas enquanto sua pélvis se movia com cada vez menos velocidade embaixo de mim.
Ele tinha ejaculado e como não tinha sido exatamente dentro, me senti um pouco
rejeitada. Eu tinha sido induzida a achar que o sexo quanto mais sujo fosse, melhor era
para a mulher e não fazia a menor ideia que meu pai gozando fora de mim significava
que ele não queria me engravidar. Assim que os esguichos pararam, eu me virei para ele
e perguntei se tinha feito algo de errado.

— Você não fez nada de errado, meu amor. Você foi ótima. Fez tudo direitinho.

Olhei para baixo e seu pau começava a perder rigidez. A cabeça estava inteira melada
de esperma e eu sentia meus próprios pelos encharcados dele.
— Por que não fez dentro de mim?

Carinhosamente, ele segurou meu rosto e após me dar um selinho salgado de suor, me
explicou com paciência:

— Sexo é gostoso, meu amor, mas temos que tomar certos cuidados.

Depois das lições sobre reprodução humana, passamos quase uma hora na banheira
juntos e estreitamos ainda mais a nossa relação amorosa. Eu estava agora
irremediavelmente apaixonada por meu próprio pai e não queria que nada nos separasse.

Eu te entendo perfeitamente princesa Electra!


Capítulo 5 – Tomados pelo desejo

O GANGBANG NA CASA DO VOVÔ Jaime tinha me feito perder boa parte do


respeito que sentia por minha mãe em nosso convívio diário e embora quisesse deixar
claro a ela que eu a culpava totalmente pela forma nada ortodoxa com que havia perdido
a minha virgindade naquele fatídico dia — e que, também por isso, eu tomaria Roque
dela — meu pai não quis permitir de início que as nossas relações fossem de
conhecimento de Carla.

— A mamãe não vai ficar muito feliz com isso, meu amor. Precisamos ser cuidadosos.

Disse ele, após um de nossos passeios de fim de semana no shopping.

— Por que, papai? — Eu estava séria, quase transbordando toda a minha insatisfação —
Ela não parecia preocupada quando me viu ser usada como uma boneca por todos os
homens da família na casa do vovô!

Com toda a sua paciência, papai segurou uma das minhas mãos e me explicou de
maneira que eu entendesse:

— Você não deve culpar a sua mãe pelo que aconteceu, Mica. Eu e ela permitimos
juntos que você fosse iniciada no ritual dos Castilho e quando viu a sua reação na hora,
sua mãe quase desistiu…

Eu estava emburrada, mas continuei ouvindo.

— Ela já me disse que não pretende deixar você participar ano que vem novamente, a
menos que você queira…

Estar com meu pai era maravilhoso e mesmo naquela casa de veraneio, entre todos os
demais pervertidos da família outra vez, eu sentia que seria bom de qualquer forma.

— Eu quero sim, papai — confessei —, tudo para ficar com você de novo!

Eu o abracei aquela tarde dentro do carro e pouco depois, nós voltamos juntos para casa,
comigo um pouco menos chateada com minha mãe. Se ela não tivesse permitido que eu
fosse à tal reunião, talvez jamais tivesse sentido meu pai entre as minhas pernas pela
primeira vez, jamais teria experimentado aquela sensação maravilhosa. Voltei para casa
pensativa e ansiosa.

Após aquele dia dentro do meu quarto — quando meu pai gozou em minha bunda —,
nós tínhamos combinado de só voltar a fazer qualquer coisa daquele gênero durante a
reunião anual na casa dos Castilho, mas estava cada dia mais difícil controlar os meus
desejos enquanto esperava pela data.
O tal encontro de família acontecia no mês de agosto e eu teria que esperar mais de seis
meses até que meu pai me tocasse novamente, o que me obrigou a tomar medidas
drásticas naquele meio tempo.

Num certo dia, ouvi minha mãe combinar ao telefone um passeio com a tia Elisa e vi
naquela saída de casa a chance que eu tanto queria. Meu pai estava de férias da Suares
& Castilho e entre aulas de tênis, treinos diários na academia e corridas pelo bairro, ele
estava passando um período maior dentro de casa. Era um sábado e foi só Carla sair de
carro para encontrar a minha tia que eu o visitei em seu quarto.

Roque estava cada dia mais gostoso agora que malhava com regularidade. Os ombros
largos, os bíceps torneados, o abdômen riscado… Estava cada vez mais parecido com as
estátuas dos deuses gregos que a gente via nos livros de História. Oh, meu Agamemnon,
eu sou a sua filha Electra! Eu nem sabia o que aquilo significava, mas estava com
muito tesão nele.

— Oi, papai!

Ele estava sentado na poltrona do canto do quarto tomando um uísque enquanto tocava
um Rock N’ Roll em seu aparelho de som. Sem camisa, estava com o olhar fixo em
nossa piscina, do outro lado da janela, e nem me ouviu chegar. Se voltou para a porta
quando eu o chamei.

— Oi, Mica. Está tudo bem, filha?

Rolava no som uma das românticas da banda Kiss que ele tanto adorava. Vez ou outra,
seus lábios se mexiam recitando alguns versos da música “Nothing Can Keep Me From
You”. Caminhei descalça até ele e fiquei a menos de um metro de distância, o deixando
ver a minha silhueta iluminada pela luz que entrava através do vidro.

— A mamãe foi visitar a tia Elisa. Estamos só nos dois e a Lourdes em casa.

Lourdes era a empregada e cozinheira que trabalhava com a gente há alguns anos.

— Sua mãe não deve demorar na rua…

Eu senti que havia certa apreensão em sua voz. Ele continuava com medo que nosso
caso fosse descoberto por mamãe, por isso, não conseguia relaxar totalmente e aceitar
que estávamos ficando ligados um ao outro. O desejando cada minuto mais, no entanto,
decidi deixar de cerimônias e me sentei com ele na poltrona, bem espremida, não
permitindo existir muito espaço entre os nossos corpos.

— Está ouvindo Kiss? Ah, eu adoro essa música!

Atrevida, enquanto roçava uma das bandas da bunda em sua perna, eu tomei seu copo e
dei um gole em sua bebida.
— Ei, Mica! Você não pode beber álcool ainda.

Como que o desafiando, eu o encarei por um segundo mantendo o copo longe de seu
alcance, com o braço esticado. Franzi minha testa e então precipitei o recipiente de volta
aos lábios, tomando tudo o que restava do uísque de uma vez só.

— Mica!

A bebida desceu rasgando minha garganta e então, eu tossi em reação àquilo. Era a
primeira vez que eu experimentava uma bebida alcoólica. Ele segurou minha cintura
com uma mão e depois começou a massagear minhas costas, achando que eu estava
engasgando. Gargalhei com o rosto enrubescido.

— Sua maluca!

Saracoteei o suficiente na poltrona até parar no colo de papai e ainda rindo, com o gosto
ruim do uísque na língua, enlacei os braços em torno de seu pescoço.

— É horrível, papai!

— O seu paladar ainda não está pronto para apreciar um bom Macallan, meu amor!

E desta vez ele riu comigo. Eu já estava acomodada em suas coxas. Começava a sentir
algo ficar rijo embaixo de mim.

— Quando é a reunião dos Castilho, papai?

Eu sabia muito bem a data e marcava no calendário cada dia, contando quase as horas
para que aquela reunião voltasse a acontecer. Só queria entrar no assunto.

— Em agosto, meu anjo.

Ele tomou-me o copo vazio da mão e o pousou sobre um móvel à nossa esquerda. Do
lado de fora, fazia um sol muito agradável. Era outono.

— Tem certeza que a gente precisa esperar até agosto para ficar junto de novo?

Eu era só uma adolescente tonta, mas tinha descoberto rápido as manhas que precisava
fazer para deixar meu pai excitado. Comecei aproximando mais meu tronco do dele,
depois lhe dei um beijo de leve no pescoço. Roque tinha um cheiro muito bom e não era
de nenhum perfume. A própria pele dele recendia aquele aroma de homem. Fiquei
sentindo de perto enquanto seu corpo se mexia embaixo do meu.

— Foi o que combinamos, meu amor.

Eu estava vestida com uma regata bem leve e já tinha me acostumado a não usar sutiã.
Meus peitos tinham crescido um pouco mais desde a última vez e eu adorava a sensação
dos bicos roçando no tecido. Aproveitei para esfregar os dois de leve em meu pai. Ele se
excitou.

— Mas quem vai saber se a gente fugir um pouquinho do combinado?

Após dizer aquilo, eu encarei os olhos verdes do meu pai e sua mão deu uma vacilada
em minha coxa esquerda. Minhas pernas estavam totalmente expostas no short pequeno
que vestia e aquele toque me arrepiou inteira.

— Nós dois vamos saber, Mica. E a sua mãe…

Eu não o deixei continuar e dei-lhe um selinho nos lábios. O Kiss entoava os versos
“No mountain could ever stand between us. No ocean could ever be that wide” e era
exatamente daquele jeito que eu me sentia com relação a Roque. “Nenhuma montanha
poderia estar entre nós. Nenhum oceano poderia ser tão largo” para nos afastar.

— Ninguém vai saber, papai. É nosso segredinho.

Depois de dizer aquilo, eu simplesmente abri minhas pernas em cima dele e comecei a
esfregar minha bunda em seu pau. Como era de costume, aquele mastro imenso ficou
totalmente rígido em pouco tempo dentro do calção, e embora ainda quisesse resistir,
Roque deslizou sua mão grande pela minha coxa e encaixou os dedos em meu bumbum,
dando uma apertada caprichada. Estava doido de tesão. Dei um gritinho.

— Ai, papai!

Senti que ele ainda queria argumentar para que parássemos antes que o desejo tomasse
nossos corpos totalmente, mas novamente não permiti. Me agarrei a ele e percorri a
distância de seu pescoço até a sua boca com beijos molhados.

— Mica, você sabe que não é certo…

Mirei bem dentro de seus olhos e me afastei um pouco. Alcancei o cós de seu calção de
esporte e o puxei com força. Deu para ver a cabeça rosada me dando um oi lá embaixo.

— A porta, Mica… A Lourdes…

Antes que ele pudesse pensar mais, fiz um carinho na glande com meu polegar e dei um
risinho. Eu ficava extremamente nervosa e afoita cada vez que via aquele pênis e fiquei
trêmula quando desci um pouco mais o short e o vi até a metade.

Ai, que delícia! Já sinto a minha xota umedecer, pensei enquanto olhava obcecada
aquele pinto duro.

— Mica, espera um pouquinho… A porta…


Eu estava fora de mim e confesso que não estava ligando muito se nossa empregada
podia nos flagrar ali em pleno ato incestuoso. Tudo o que eu queria era sentir o meu pai
mais intimamente. Comecei a masturbá-lo como o safado tinha me ensinado direitinho.

— Oh, esses dedinhos… Uau!

Roque reclinou a cabeça no encosto da poltrona e por um momento, enquanto eu o


massageava, ele também esqueceu do perigo que corríamos. Tratei de aproveitar.
Abaixei o calção até suas coxas e continuei batendo uma punheta. Minha mão era
pequena e quase não conseguia segurar aquele tronco imenso. Conforme eu subia e
descia o prepúcio, sentindo aquele pinto pulsar em meus dedos, eu lambia os lábios
ressecados de nervoso. A sensação de fazer aquela coisa com meu próprio pai era
indescritível.

— Tá gostoso, papai?

Ele se virou para mim com cara de pervertido e levou sua mão ao meu rosto. Massageou
minha maçã esquerda com seu polegar e depois disse, com tom rouco:

— Fecha a porta, meu neném. Quero te ensinar mais umas coisas que o papai gosta.
Capítulo 6 – Lição de casa

DURANTE O GANGBANG na casa de praia, eu tinha sido penetrada de várias maneiras


em muitas posições e embora me lembrasse pouco do ocorrido devido meu bloqueio de
segurança, eu tinha certeza que ninguém tinha enfiado um pinto em minha boca. É claro
que aquela tinha que ser outra exclusividade de Roque.

Depois do esquenta na poltrona, papai trancou a porta do quarto e me levou até a cama
de casal que dividia com Carla. Tirou toda a sua roupa e pediu para que eu me sentasse
na beirada do colchão. Aquele pinto estava incrivelmente duro e dava para ver as veias
em sua superfície. Eu estava ainda mais nervosa e então, Roque se aproximou.

— Eu sei que você deve ter visto alguém praticar sexo oral na casa do seu avô, querida,
e eu quero que você experimente com o papai, tá?

Acenei que sim.

— Eu quero que abra a boquinha e coloque a sua língua um pouco para fora.

Obedeci.

— Isso. Agora se incline um pouquinho…

Me inclinei.

— Assim mesmo, meu amor.

Na sequência, ele deu um passo para frente e aproximou a glande da minha boca,
passando suavemente em meus lábios antes de deixá-la tocar minha língua. Sem segurar
em seu membro, senti aquela coisa dura bater no céu da minha boca e então veio a
instrução:

— Feche a boca levemente e chupe como se fosse um picolé, Mica.

Fechei os olhos e obedeci. Foi a primeira vez que senti seu gosto. Chupei duas vezes e
então o encarei, me certificando que estava fazendo direito. Ele segurou meus cabelos
com uma das mãos e fez um leve movimento em minha nuca, me impulsionando mais
para a frente.

— Assim, meu amor. Continua chupando. Sua boquinha é muito macia.

Ousei segurar com a minha mão direita e continuei fazendo o movimento que ele
queria, me guiando pela nuca. Senti que ele gemia todas as vezes que movimentava a
língua em torno da glande e então comecei a fazer mais vezes.

— Movimenta os dedinhos para cima e para baixo, amor…


Ele queria que eu o punhetasse enquanto o chupava, então comecei a aprender como ele
gostava. Com movimentos circulares da língua em sua glande, chupando com força da
metade de seu pau para cima e sem parar de masturbar.

— Oh, Mica! Você é maravilhosa!

Eu dei um sorriso e então continuei fazendo até que ele me pediu:

— Olha nos olhos do papai, olha, meu amor!

Aquela era a última lição. Ele também adorava que eu o encarasse lá de baixo enquanto
o chupava bem gostoso. Eu só queria obedecer. Aquele pau era delicioso.

Naquele mesmo dia, depois do meu aprendizado na boa arte do boquete, meu pai se
certificou que mamãe ainda demoraria mais um pouco na casa da tia Elisa após ligar
para ela como confirmação e aproveitamos sua ausência para praticar mais. Ele me
deitou de bruços na cama macia dos dois e tratou de me deixar pelada. Outra vez, criei
várias expectativas quanto à penetração — eu estava obcecada por isso e chegava a
sonhar que Roque estava me comendo bem forte — e senti cada pelo de meu corpo se
arrepiar só em sentir aquela mão pesada acariciando a minha bunda.

— Agora o papai vai retribuir, meu amor.

Ele então me virou de frente e fez eu me deitar mais ao centro do colchão. Logo em
seguida, se joelhou na cama com aquele pau ainda duro entre as pernas e suas mãos
fizeram eu me abrir um pouco mais para ele.

— Olha essa delícia!

Roque lambeu os próprios lábios enquanto mirava a minha vagina aberta. Com o
polegar, ele fez um carinho em meus pelos que, àquela época, já estavam bastante
vastos e ruivos em minha virilha, depois o empurrou levemente para baixo, tocando o
meu sino.

— Humm, papai! Adoro quando você toca o meu sininho!

Me arreganhei mais para ele e um sorriso pervertido se alargou em seu rosto másculo.
Cara! Eu adorava quando ele me olhava com aquele jeito que queria me comer inteira!

Eu já começava a pulsar por baixo só em imaginar que, finalmente, ele me foderia, mas
então, Roque se abaixou entre as minhas pernas e enfiou o rosto na minha vagina. Antes
de começar a me estimular com sua boca e sua língua, ele sussurrou:

— O papai estava louco para sentir o gosto dessa bucetinha, meu amor!

O polegar ainda estava esfregando de leve o meu clitóris, mas quando ele deu a primeira
lambida entre os meus lábios de baixo, foi como se eu tivesse sido atingida por uma
onda de prazer que percorreu a região das minhas coxas até o último fio de cabelo em
minha cabeça. Eu me joguei para trás e meus dedos agarraram automaticamente o lençol
sobre a cama. Eu ainda não tinha o costume de falar palavrões àquela época, mas se
falasse, teria soltado um “CARALHO” bem alto.

Roque começou a enfiar sua língua entre as minhas pernas e conforme me lambia, seus
lábios sugavam minha xota alternando delicadeza com força, me deixando
completamente maluca. Por um tempo, eu perdi a noção de onde eu estava ou o que
estava fazendo e só queria que ele continuasse a me chupar.

— Ai, papai! Que gostoso… Oh, papai!

Eu tentava fechar as pernas espasmando sobre a cama e ele as mantinha ainda mais
abertas. Enquanto me chupava feito um bicho sedento, seus olhos ficavam cravados nos
meus lá de baixo. Enfiava a língua, circundava meu grelo, chupava, lambia e então fazia
barulho com a boca.

— Papai… Papai… Eu vou fazer xixi!

Eu gemi tão alto naquele quarto que duvido que a Lourdes não tenha ouvido aquele dia.
Puxei o lençol com força e então enfiei a cabeça em um dos travesseiros, sentindo
aquela coisa quente e molhada saindo do meio da minha xota. Eu tinha gozado com
tanta intensidade — embora não soubesse na época — que eu encharquei a cama de
mamãe e Roque ficou lá, só me observando, vendo eu me contorcer toda. Parei um
instante ofegante e quando o olhei, ele estava dando beijos em minha buceta, tarado.

— Nossa, papai! Isso… Isso foi incrível. Quero de novo!

Vocês se lembram que meu pai fazia tudo que eu queria desde a minha infância? Nem
preciso dizer que ficamos mais de uma hora dentro daquele quarto com ele me
chupando e foi maravilhoso. Quando mamãe chegou da rua, eu estava feliz da vida em
meu quarto e com o corpo inteiro mole. Mal conseguia esperar para a próxima vez em
que estaria com meu pai.
Capítulo 7 – Práticas ilícitas

A MINHA VONTADE EM SER traçada para valer pelo meu próprio pai não me
abandonava e só tinha se intensificado após suas aulas de sexo oral. Passei a tentá-lo
mais vezes dentro de casa querendo que ele avançasse logo aquele sinal, mas nada
demais voltou a acontecer entre nós para o meu desespero.

A minha iniciação sexual agressiva tinha ativado em mim uma libido precoce que
praticamente era inexistente em minhas amigas com a mesma idade que eu e conforme
eu me retraía mais do lado de fora de casa por começar a me achar uma anormal, em
meu lar, mais eu queria estar com meu pai.

Quando percebi que ele não teria coragem de me pegar antes da próxima reunião de
família — e sem nenhuma paciência para esperar aquilo acontecer por vontade dele —
decidi ir contra um dos pedidos expressos que mamãe havia me feito certa vez e aquela
noite, invadi o quarto dos dois para me insinuar de maneira mais pungente. Eu estava
vestida com um baby-doll bem fino e havia colocado a minha menor calcinha para o
atiçar. Os dois estavam deitados tranquilamente na cama e pude perceber o olhar de
reprovação no rosto de Carla, que só não me expulsou, porque meu pai interveio.

— Veio dormir com a mamãe e o papai, meu anjo?

Na frente de Carla, ele me tratava feito uma criança, mas só eu sabia o quanto me
desejava feito uma mulher quando estávamos sozinhos. Acenando que sim, eu me enfiei
entre os dois e foi só uma questão de tempo até que estivesse sentindo o corpo quente de
meu pai roçar no meu por baixo da camisola. Sabendo que aquilo seria pervertido
demais até mesmo para o que já havíamos feito diante de todos os demais membros da
família naquela reunião maluca dos Castilho, eu decidi não agir como se estivesse ali
apenas para dar para o meu próprio pai e envolvi Carla nas brincadeiras.

— Seus peitos são tão lindos, mamãe!

Eu meti a mão por dentro da blusa de seda que minha mãe usava e comecei
massageando meus mamilos com os dedos. Enquanto eu acariciava Carla, olhando para
seus seios médios, Roque se aproximou mais de mim por trás e começou a esfregar o
pau duro em mim na cama, começando realmente a ficar excitado com a minha
presença. Aquele era o plano desde o início e tinha dado certo.

— Você sabe que não devemos fazer isso fora da reunião, Mica.

Carla disse aquilo entre gemidos, aprovando as carícias em suas tetas.

— Só um pouquinho, mamãe. Ninguém vai saber.

Quando ela percebeu, eu tinha colocado seus seios para fora da blusa e passei a acariciar
os dois com a língua. Enquanto mamava atrevidamente, brincando com os dois bicos
castanhos em revezamento, deslizei uma das mãos por sua barriga e encontrei a xota de
Carla. Diferente da minha, não tinha pelos púbicos e ficou úmida com meus carinhos.
Não perdi tempo em massagear seu clitóris que já estava todo exposto, esperando por
mim. Mamãe perdeu o controle e abriu as pernas, me deixando pôr a mão por dentro da
sua roupa curta.

— Está bem molhada, mamãe, humm!

Enquanto fazia minha mãe sentir prazer de uma maneira que nunca antes tínhamos
experimentado — aquele foi meu segundo contato mais íntimo com outra mulher, o
primeiro tinha sido com a minha prima Cleide — Roque já estava completamente tarado
atrás de mim e mal conseguiu se conter em começar a tirar a minha roupa. Meus dedos
já estavam melados do suco de minha mãe quando ele puxou minha calcinha até os
joelhos e fez eu dar um sorriso de satisfação. Sentia que finalmente aconteceria aquilo
que eu mais queria na vida e quase gritei quando senti o toque de seu pau imenso em
minha bunda.

— Aiii, papai! Que arrepio gostoso! Humm!

O safado tinha dado uma esfregada caprichada bem lá dentro e senti tanto minha xota
quanto o meu cuzinho piscarem para ele em retribuição. Era incrível o que aquele
homem conseguia fazer comigo.

Enquanto sentia papai cada vez mais ousado nas carícias, eu masturbei minha mãe com
movimentos desajeitados — eu não tinha tanta experiência na área —, mas que foram
suficientes para fazê-la gozar. Gemendo, ela prendeu a minha mão com a sua entre as
pernas e fui induzida a penetrar-lhe dois dedos em sua vagina, como papai já havia feito
em mim durante a aula de sexo oral. Por reflexo, Carla resolveu retribuir todo o prazer
que eu a estava proporcionando e meteu a sua mão entre as minhas pernas, começando a
me masturbar também.

Estava realmente bom e gemi de prazer com os dedos de minha mãe enfiados em mim.
Carla não parou de me penetrar até que eu sentisse aquela sensação gostosa que eu
chamava de “fazer xixi” por falta de termo melhor e me contorci inteira entre meus pais.
No auge daquele tesão todo, mamãe tirou seus dedos melados do meu suco de entre as
minhas pernas e procurou a boca de Roque em seguida. Feito um lobo morto de sede,
ele chupou e ficou agarrado à mão da esposa por um tempo, sentindo o meu gosto em
seus dedos finos.

— O gostinho da nossa filha é delicioso!

Eu tinha conseguido convencer a minha mãe de que não era errado aqueles nossos
carinhos mesmo longe da data da reunião anual dos Castilho e sem qualquer temor, eu
me virei para meu pai na cama, agarrando seu pênis. Fiz minha voz mais infantil e pedi
suplicante, já louca de desejo:

— Enfia dentro de mim, papai. Por favor!


No calor do momento, minha própria mãe me ajudou a tirar o resto da roupa e enquanto
eu ficava pelada perto dela, tive a certeza que a mulher sentia prazer em ver a sua filha
sendo possuída de maneira selvagem. Sem muito tempo para pensar naquilo, papai me
virou de costas e segurou uma de minhas coxas por sobre o seu quadril. Ele estava
deitado de lado na cama e pouco depois, senti a sua cabeça afoita procurando a minha
xota entre as pernas que ele tinha acabado de abrir. Mamãe também tinha aproveitado
para tirar a sua roupa e ficou se masturbando enquanto nos assistia.

— Ahhhh, papai! Devagarzinho! É muito grande! Aiii!

Eu estava muito ansiosa para ter aquele caralho duro dentro de mim novamente, mas
quando passou mais da metade em minha xota, aquilo doeu um bocado. Tinham se
passado vários meses desde que alguém tinha me deflorado e ainda não estava pronta
para ser comida de novo com tanto vigor. A rola de Roque era imensa e eu senti os
olhos lacrimejarem quando ele meteu a primeira vez. Me fazendo carícias na parte
interna da coxa, ele percebeu que eu ainda não aguentava tudo e ficou metendo só a
cabeça até que eu me acostumasse com a grossura. Agarrado a mim por trás, ficou
massageando os meus peitos, circundando meus mamilos, e sussurrava em meu ouvido,
me deixando ainda mais louca.

— Tá gostosinho, minha bebê, tá?

— Tá, papai! Continua!

Carla estava sentada na cama enfiando o dedo na própria xota, nos olhando com desejo,
e em pouco tempo, o som molhado daquela cabeça entrando em minha buceta era tudo
que soava no quarto, além dos rosnados de Roque. Eu estava com uma das mãos
agarrando firme o lençol e a outra segurando a coxa de meu pai. Quando sentiu que eu
já estava confortável com a penetração, começou a aprofunda mais e cheguei a sentir
alguns golpes em meu útero, o que me fez ver estrelas. Choraminguei na esperança que
ele pegasse um pouco mais leve com a sua neném e ele me obedeceu. Dava mordidas
leves em meus lóbulos enquanto me falava sacanagens no ouvido e não descansava as
mãos de meu corpo, alisando tudo das minhas tetas até o meu quadril.

Papai tinha uma resistência incrível e se eu tivesse contado, provavelmente teria


descoberto que tínhamos ficado bem mais do que uma hora ali em cima daquela cama.
Ele não teve qualquer pudor em me foder bem diante da minha mãe e aproveitando que
a safada estava adorando me ver ali toda submissa sendo traçada daquele jeito, Roque
não conteve nem um pouco o tesão inacreditável que sentia pela própria filha. Eu não
pensei naquilo na hora, mas depois, cheguei a pensar se Electra havia tido vontade de
transar daquele jeito com seu próprio pai. Duvido que Agamemnon fosse tão
incrivelmente gostoso quanto o meu pai era. Essa você perdeu, Electra!

No auge daquela maluquice toda, meu pai me botou de joelhos na cama e prestes a
explodir em gozo, me fez um pedido:

— O papai vai dar leitinho na boca, tá, amor?


Feito uma cadelinha, acenei que sim na mesma hora.

Como tinha aprendido, eu coloquei a língua para fora com carinha de pidona e enquanto
massageava a minha xota, ainda um pouco dolorida depois de ser comida daquele jeito,
eu esperei pacientemente que ele gozasse. Ele tinha colocado o pau bem próximo dos
meus lábios abertos e ficou se masturbando em pé sobre a cama, na minha frente. Eu já
tinha sentido aquele líquido viscoso em minha língua a primeira vez que o havia
chupado, mas estava sedenta por uma carga inteira de esperma. O jato me pegou de
surpresa e quando veio, sujou inteira a minha boca. Eu tive que me esforçar para receber
tudo e Roque segurou minha nuca para me ajudar.

Sem botar as minhas mãos, eu fiquei chupando a sua cabecinha, engolindo tudo que saía
de dentro dela. Eu estava completamente satisfeita aquela noite e senti que ainda
faríamos aquilo juntos, os três, inúmeras vezes mais.
Capítulo 8 – A segunda reunião

ESPERO QUE NÃO TENHAM ficado muito chocados com os meus relatos de sexo
com meus próprios pais até agora, porque ainda tenho coisas bem sujas para contar.
Estão preparados?

Algum tempo depois daquela primeira transa a três no quarto de Roque e Carla, eu
voltei a me juntar aos dois durante a noite e não pude deixar de aproveitar a chance de
demonstrar o quanto eu estava louca por meu pai. E digo no sentido de perdidamente
apaixonada mesmo!

Eu não o enxergava mais como o cara que, certa vez, havia gozado dentro da minha mãe
e ajudado a me conceber, e sim como aquele que existia única e exclusivamente para
satisfazer os meus desejos e impulsos sexuais mais primitivos. Eu andava agora quase
que o tempo todo louca para fazer sexo e Roque percebeu em mim uma fonte quase
inesgotável de libido, quente e fervilhante. Assim como eu, ele simplesmente adorava
foder e nós dois fazíamos uma dupla invencível. Carla não tinha qualquer chance
naquela disputa.

Na segunda noite que invadi o quarto, os dois já estavam prontos para me receber ali e
devo admitir que as preliminares foram incrivelmente satisfatórias. Minha mãe tinha
ficado bastante instigada por nossas carícias íntimas e resolveu cair de boca em mim
antes de papai. Com bastante sede, Carla me chupou a xoxota por um bom tempo e
conseguiu me tirar todas as forças. Eu estava impressionada com o seu talento em
mamar uma buceta e algum tempo depois, acabei descobrindo que ela costumava
praticar bastante em sua juventude com a própria irmã Elisa e depois também com as
cunhadas Solange e Vânia nas reuniões dos Castilho que tinham antecedido a primeira
que participei. Aquela noite, quando papai se aproximou para me foder, eu já estava
inteira babada e pronta para ser comida com vontade. Eu chegava a tremer de tesão.

Depois de devorar a minha periquita com sua fome insaciável, o senhor Alencar deixou
de lado totalmente o papel de pai exemplar e carinhoso para me tratar feito uma putinha
na cama. Naquela noite, ele subiu em cima de mim sem se importar que eu era só uma
moleca semi-virginal que ainda lutava para suportar todo o seu ímpeto de macho
dominador e resolveu acabar comigo. Pouco depois de ele meter em mim até o talo, o
filho da puta começou a bombar dentro com muita vontade, rosnando e me dizendo um
monte de sacanagens no ouvido, entre gemidos.

Eu já nem conseguia mais responder tal era a intensidade com que estava sendo
possuída e depois de quase uma hora me socando feito uma britadeira, Roque
finalmente me deu uma folga e voltou a me chupar bem gostosinho.

Depois de me deixar cheia de vontade outra vez, ele me pegou por trás, como da
primeira vez, e ficamos transando um bom tempo diante de minha mãe, que aquele dia
ficou como figurante em nosso filminho pornô caseiro.
Quando eu já me sentia bastante quebrada de tanto fazer sexo, meu pai decidiu inovar
um pouco e me sentou de frente para ele na cama. Ele estava muito tarado em foder a
sua filha e não se importou em fazer aquilo me encarando dentro dos olhos enquanto me
fazia sentar em seu pau.

Apertando a minha bunda sem parar, ele chupava meu pescoço e descia até as minhas
tetas, mamando em desespero até meus bicos ficarem duros. Minha pele estava inteira
arrepiada e minha xota estava ensopada. Aquela foi uma das noites mais intensas entre
nós dois. Eu enlacei meus braços em torno de seu pescoço e fiquei subindo e descendo
em seu pau, como ele queria. O barulho molhado e oco da nossa trepada ecoava dentro
do quarto e eu comecei a pedir em desespero para que ele não parasse. Eu estava
exausta, mas aquilo estava extremamente prazeroso.

— Não… Para, papai! Não para! Não para!

Aquela foi a primeira vez que gozei com penetração e cheguei a sentir o fôlego faltar no
colo daquele ruivo forte e viril. Eu me tremi toda olhando de boca aberta para o meu pai
gostoso, e de repente, não consegui evitar o que veio em seguida. Projetei meu rosto
contra o dele e me atraquei com Roque, lhe dando um beijo tórrido de língua que ele
não repudiou em nenhum momento. Pelo contrário! Aquele era o meu primeiro orgasmo
para valer e aquele beijo coroou muito bem o momento.

Após enfiar a língua na boca da filha, o pervertido ficou com o rosto bem colado ao meu
e eu não permiti que ele parasse com os movimentos pélvicos. Eu queria que ele
continuasse me fodendo e eu não parei de sentar por muito tempo. Foi majestosamente
épico e eu jamais esqueci aquela nossa segunda vez.

“Nossa, Mica, você é mesmo uma puta! Você trepa com o seu próprio pai! ”

Isso pode ser o que estão pensando enquanto leem esse relato, mas com certeza ficariam
chocados se soubessem o que o restante da minha família também já fazia entre quatro
paredes antes de mim!

Alguns meses depois daquela transa que só serviu para me deixar ainda mais doida por
meu pai, enfim, aconteceu a segunda reunião — que eu participei — na casa de
veraneio dos Castilho, e tirando o fato que eu pude me libertar de todos os preconceitos
da sociedade transando com meu pai na frente de quem quisesse ver, aconteceu também
naquele dia um revival do gangbang que me abriu as portas para o sexo depravado.

Naquele ano, quem estava prestes a ser “estreada” era a minha prima Priscila, a irmã
mais velha de Pedro, e todos fizeram muito bem o seu papel de mantê-la totalmente no
escuro sobre o que acontecia naquela casa uma vez por ano, até que, para ela, fosse
tarde demais. A coitada estava em cólicas horas antes de entender porque todos agiam
tão estranho quando o assunto era a tal reunião de família, mas quando descobriu o
motivo — depois do susto inicial — ela acabou aceitando de maneira bem mais fácil do
que eu um ano antes.
Meu pai foi um dos que teve a honra de iniciar a garota no ritual sinistro em que a
serviram feito um prato de peru no Natal para que todos comessem, mas diferente de
mim, para a sua sorte, Priscila não era mais virgem na ocasião e a coisa acabou
acontecendo de maneira menos sádica para ela.

Aproveitando que estava ali em meio a uma reunião naturista pervertida, eu acabei
experimentando novas sensações ao lado dos meus primos homens e foi o Jonathan — o
primogênito do meu tio Renato — quem mais me deixou excitada. Ele era o atleta dos
Castilho e seu corpo todo definido me deixou bastante interessada logo de início. Quase
oito anos mais velho que eu, o garoto tinha uma pegada incrível e ele foi o primeiro
homem da minha vida além de Roque.

— Eu adorei te comer ano passado, Mica — disse ele me pegando num dos cantos da
casa e sem nenhuma intenção de ser delicado comigo —, tão apertadinha, tão
molhadinha… — Ele me deu uma chupada no pescoço — Estou louco para
experimentar de novo!

Eu estava usando apenas um biquíni na ocasião e foi muito fácil deixá-lo meter em mim
ali mesmo no corredor dos quartos do segundo andar. Jonathan só teve o trabalho de
abaixar a sua sunga e um pau incrível saltou do meio de suas pernas, me deixando
eufórica.

— Nossa, Johnny! Como é grande!

Eu ainda não sabia, mas os homens adoravam ouvir aquela frase exatamente naquele
intervalo entre o tirar da sua cueca e a sua cabeça estar deslizando para o meio de nossas
pernas. Era tipo uma palavra mágica, como “Shazam” ou “abracadabra”. Eles ficavam
loucos, se achando os gostosões!

Apesar disso, Johnny era realmente muito bem-dotado e o surfista me levantou em seu
colo e pressionou as minhas costas contra a parede fria antes de meter aquela maravilha
grossa em mim. Embora não tivéssemos razão para conter nossos gemidos — até
porque, naquele momento, todos os membros de nossa família deviam estar fazendo o
mesmo que nós! —, fomos discretos nos rugidos sexuais e deixamos apenas o som
molhado da nossa transa ser ouvido no corredor. A trepada durou uns vinte minutos,
mas fez eu entender que haviam outras opções fora de casa e que meu pai não era o
único homem da face da Terra, embora eu, às vezes, o tratasse como tal.
Capítulo 9 – Visita cordial

ALGUM TEMPO DEPOIS da última reunião anual dos Castilho no litoral, minha mãe
me chamou para visitar a casa da tia Elisa em Moema e apesar de não estar muito no
clima para visitar parentes, eu me dispus a acompanhá-la, o que acabou sendo bastante
interessante.

Naquele período, meu pai já tinha retornado ao seu trabalho como engenheiro civil e era
o tio Peterson, o marido de Elisa, quem tinha tirado suas tão sonhadas férias da
construtora da família. Logo que chegamos à casa, encontramos ele e os filhos gêmeos
nadando na piscina e partiu do cara o convite:

— Caiam na água, meninas! Está uma delícia!

Minha mãe adorava fofocar com a irmã quando visitava Moema e gostava de fazer
aquilo em sigilo, de preferência dentro da casa. Tão logo ela declinou o convite do tio
Peter, eu decidi aceitar cair na água e a Cleide fez questão de me emprestar um biquíni.

— Nós temos quase o mesmo corpo, as minhas roupas de banho devem servir em você.

Cleide e eu tínhamos apenas alguns meses de diferença de idade e apesar de ser mais
velha que eu, o meu corpo tinha se desenvolvido mais rápido que o dela. Ela possuía um
quadril ossudo e quase não tinha carne na bunda, já eu, estava cada dia mais curvilínea e
as minhas calças jeans já começavam a passar com dificuldade pelos meus quadris. Tive
que experimentar uns quatro modelos diferentes de biquíni antes de acertar um que não
rasgasse a minha xota em duas, mas quando isso aconteceu, eu a acompanhei até a água.
Fazia um dia de sol maravilhoso.

Os filhos de Elisa não eram as pessoas mais simpáticas do mundo, mas nós
costumávamos nos dar muito bem quando um visitava a casa do outro. Mamãe e titia
eram filhas do segundo casamento de meu avô Jaime e eram extremamente ligadas uma
a outra, o que acabava me aproximando de Cleide e Cleber também. Nós três tínhamos
crescido praticamente juntos enquanto nossa avó Vilma tomava conta da gente para que
nossos pais pudessem enriquecer com seu trabalho, e em grande parte, eu devia àquela
boa senhora a minha personalidade mimada de querer tudo aos meus pés a hora que eu
estalasse os dedos. Ser criado pela avó nos dava aquela vantagem!

A ideia de jogar vôlei na piscina partiu da minha prima e ficamos os quatro um bom
tempo batendo bola dentro d’água. A certo ponto, enquanto brincávamos, minha mãe e
minha tia apareceram à porta da varanda e continuaram trocando ideias em voz baixa
enquanto nos observavam da sacada. Eu estava jogando no time de meu tio do lado da
rede e num dado momento, tive a impressão exata que ele havia passado a mão em
minha bunda por baixo da água.

— Muito bem, Mica!


Ele disfarçou tentando dar um contexto de esporte àquela resvalada marota após
fazermos um ponto nos gêmeos, e eu, em minha inocência, acabei acreditando que não
tinha nada demais em ser apalpada. Mal sabia eu o quanto estava enganada.

Depois do banho de piscina e do jogo de vôlei, Cleide ofereceu o seu banheiro para que
eu tomasse um banho e seja lá por qual razão, a garota quis me acompanhar dentro do
box.

Nos primeiros minutos, enquanto nos ensaboávamos, a ruiva sardenta ficou me


enchendo de elogios, me vendo ali nua em sua frente, e eu me enchi de vaidade. A
garota chegou a apertar as minhas saliências e foi de repente que ela revelou:

— O meu pai não tirava os olhos de você dentro da piscina, Mica!

Aquilo era mesmo curioso. Desde a minha infância, eu estava acostumada às


brincadeiras entre meu pai e Peterson dizendo que eles eram “irmãos gêmeos de mães
diferentes” pelas semelhanças físicas que guardavam entre si e fiquei cismada com as
tais olhadas de meu tio. Tanto ele quanto meu pai eram ruivos legítimos, descendentes
de famílias irlandesas, e além dos olhos verdes e das sardas que se espalhavam por
costas e braços, os dois tinham até o sorriso parecido, embora eu achasse Roque mais
bonito e mais charmoso.

— E por que ele ficou me olhando?

Perguntei, ainda desligada das reais intenções de meu tio.

— Sua tonta!

Cleide me deu um tapa no braço que ardeu depois de estalar. Fiz cara de paisagem e ela
continuou:

— Ele já elogiou você um milhão de vezes com a gente no quarto. Disse que você
cresceu rápido, que está muito gostosinha!

Cleide então deu um novo tapa que ecoou em meu rabo. Dei um sorriso amarelo e quis
saber mais sobre o que ela tinha dito.

— Como assim, “com a gente no quarto”? A gente quem?

A parte do me achar gostosinha eu entendia, mas o detalhe do quarto tinha me intrigado.


Será que eles… Transam também fora da reunião dos Castilho? Pensei comigo mesma.

— É, a gente… Eu, meu irmão e meu pai. — E ela abaixou o tom de voz, como se o
som da água caindo no chão não abafasse o suficiente o que era dito ali — Quando a
gente… Faz coisas… Você sabe!

Eu estava certa. Meu tio pervertido também fazia sexo com os filhos fora da casa de
praia e aquele assunto me deixou incrivelmente curiosa.
— Está dizendo que vocês…?

E eu fiz um gesto com as mãos que simulava penetração. Cleide assentiu, ficando mais
fogosa em seguida e se agarrando mais em mim, tirando o meu espaço debaixo do
chuveiro.

— A gente não espera chegar o dia da reunião anual na casa de praia. Quando dá
vontade, a gente faz!

E ela abriu um sorriso largo na cara sardenta.

— E a sua mãe sabe?

Outro aceno positivo.

— Às vezes ela participa, mas é o meu pai quem gosta mais.

A curiosidade estava cada vez mais aguçada.

— E vocês… Tipo… Os três de uma vez?

Ela riu e chegou mais perto para confessar.

— Meu pai faz comigo, depois meu irmão também faz… E às vezes, meu pai faz com
meu irmão.

Eu já tinha visto muita coisa bizarra dentro da casa de praia e aquilo não devia mais me
impressionar, embora eu estivesse chocada. Percebi que queria muito ver aquilo de
perto e quis saber da prima:

— E tipo… O tio Peter mencionou algo sobre mim? Sobre eu participar?

Os olhos verdes de Cleide até brilharam antes de ela responder, empolgada:

— Ele disse que, se você quiser passar a noite aqui com a gente, ele pode arrumar um
jeito de você participar de uma de nossas “festinhas”.

Aquilo me soava incrivelmente excitante e precisei de muito pouco para convencer a


minha mãe que passaria aquela noite na casa dos tios em Moema. Já estava ansiosa para
o cair da noite.
Capítulo 10 – “Às vezes, dá merda”

ATÉ QUE O CÉU ESCURECESSE e minha mãe partisse sozinha de volta para nossa
casa na Saúde, todos nós agimos como uma família tradicional de classe média e nos
comportamos muito bem na sala de estar, ouvindo as histórias do tio Peterson sobre o
seu passado como tecladista de uma banda alternativa de Rock e o papo incrivelmente
chato da tia Elisa sobre o seu emprego como chefe administrativa da Suares & Castilho.

Próximo das dez da noite, Cleide ajeitou o quarto de hóspedes para que eu descansasse
quando fosse a hora, mas me deixou em alerta quando sussurrou, pouco antes de sair
porta afora:

— Fique atenta. Quando eu der três batidas na sua porta, você sai e anda até o final do
corredor. O meu quarto vai estar destrancado.

A casa dos Tomazzi Castilho era uma belíssima construção de dois andares cujo
segundo piso abrigava quatro dormitórios. Além da suíte de Peterson e Elisa e os
quartos individuais dos gêmeos, havia mais um de hóspedes que era onde eu, em teoria,
passaria aquela noite.

Eu me sentei confortavelmente na cama posicionada na parede frontal de meu aposento


e bem perto da meia-noite, as batidas de Cleide soaram em minha porta, me deixando
um pouco nervosa. Eu já tinha feito sexo com meu pai e minha mãe ao mesmo tempo,
tinha me pegado com meu primo mais gostoso em um dos corredores da assustadora
casa de veraneio de nosso avô, mas me descobri estranhamente temerosa quanto ao que
podia estar me esperando no final daquele corredor.

Será que a tia Elisa também vai estar lá? Será que já vão estar todos nus me
esperando? Eu vou ter que fazer sexo com todos eles de uma vez? Meu tio vai me tarar
como fez na piscina?

Eu estava cheia de dúvidas e quando abri a porta que Cleide mencionou que estaria
destrancada, senti meu coração acelerar ainda mais.

— Vem, Mica. Entra!

A própria Cleide me recebeu à porta e segurando meu pulso, a garota magra me puxou
para dentro, passando a chave na fechadura em seguida. Ela estava usando um short de
malha curto e um sutiã cobrindo os peitos volumosos em cima. O ambiente estava
parcialmente iluminado por uma luz amarelada que tomava apenas a área da cama king
size e lá, sobre o colchão, eu vi os dois sentados me esperando.

— Ela veio mesmo! Quem diria!

Peterson se levantou quando me viu entrar e deu dois passos para me recepcionar com
um beijo no rosto, já transmitindo todo clima devasso com a qual queria me
impressionar. Usava apenas uma cueca boxer e segurando a minha mão, me conduziu
até perto da king size.

— Fica à vontade, prima. Vai ser tudo no sigilo!

O primo Cleber era, na época, um garoto bem branco e esquálido cujos cabelos
cacheados caíam no rosto, cobrindo os olhos. Era idêntico à irmã, com exceção da falta
de peitos e o negócio que tinha entre as pernas, àquela hora, já levemente endurecido
por baixo da cueca.

— Eu não disse que ela também ficaria a fim, papai?

Cleide tocou as minhas costas e aproveitou para me empurrar de encontro à sua cama,
sob a luz amarela. Eu não fazia ideia de como aquilo funcionaria, mas Peterson fez
questão de me botar no clima logo, segurando em minha cintura e voltando a beijar o
meu rosto, desta vez mais próximo da boca.

— Seu pai e a sua mãe não precisam saber de nada disso, tá bom? Segredinho nosso.

O clima escalou muito rápido para sacanagem desenfreada e em pouco tempo, meu tio
estava beijando os meus lábios e empurrando a sua língua para dentro da minha boca.
Hesitei um pouco ainda pensando exatamente onde eu havia me enfiado, mas tive pouca
chance de refletir quando Cleide começou a puxar o meu short de dormir, me deixando
só de calcinha. Naquele momento, Peterson interrompeu o beijo e deu uma secada entre
as minhas pernas, como se enxergasse além do tecido branco da minha lingerie.

— Você está muito gostosinha, Mica! Olha isso!

Ele torceu de leve o meu pulso, me obrigando a dar uma volta em sua frente. Deu uma
apertada caprichada em meu rabo, com mais intensidade do que tinha feito na piscina.
Sabia que era isso que queria, filho da puta! Pensei comigo mesma.

— Isso vai ser ainda mais divertido do que eu pensei!

Ao dizer aquilo, Peterson simplesmente abaixou a própria cueca e um pau quase


completamente duro pendeu para fora, me fazendo olhar para baixo, atônita. Pegando
uma de minhas mãos, ele fez com que eu apertasse seus testículos e fez cara de tarado
antes de voltar a me beijar na boca. Desta vez com mais intensidade, cheio de saliva e
com muita língua. Senti ao mesmo tempo duas mãos segurando em minha cintura por
trás e fui induzida a me virar. Meu primo veio logo em seguida, e roçando sua rigidez
em mim, quis me beijar também.

— Vem cá, prima. Deixa eu experimentar essa sua boca.

Diferente do pai, ele era afoito e inexperiente. Parecia que tinham enfiado um peixe
vivo e incrivelmente pegajoso dentro da minha boca quando ele me beijou. Ele parecia
não ter ideia do que fazer com a língua, mas eu sorri assim mesmo, para agradá-lo.
Eu estava me sentindo feito uma boneca do sexo mais uma vez e demorei para entrar no
clima dos Tomazzi. Foi Cleide quem contribuiu para que eu ficasse mais à vontade com
eles e a garota não se acanhou em me acariciar sobre a cama, chegando até mesmo a me
masturbar com seus dedos finos e maravilhosamente habilidosos. Ela mantinha sua
vulva toda depilada e todos eles estavam bastante empolgados com os meus pelinhos
púbicos ruivos, já que eu era a única ali que não me depilava totalmente.

— Que vontade de cair de boca nessa delícia!

Peterson me botou sentada aberta sobre a cama e em seguida, enfiou a cara entre as
minhas pernas, começando a me fazer sexo oral, metendo o nariz entre meus pelos e
cheirando enquanto me chupava. Meu tio era bastante experiente, e em pouco tempo, eu
estava gozando em sua boca, segurando meus gemidos. Enquanto o pai me fazia ver
estrelas lá embaixo, o filho ficou em pé sobre a cama e esfregou seu pinto em meu
rosto, me estimulando a chupá-lo.

— Você sabe chupar um pau, prima?

Ele tinha um sorriso estúpido no rosto e respondi agarrando sua varinha mágica e
metendo ela na boca, chupando algumas vezes com cara de safada. Perto de todas
aquelas rolas que estavam me servindo nos últimos meses, a dele era a menos espantosa
e pela primeira vez consegui enfiar um pinto inteiro dentro da boca durante o oral. Ele
adorou.

Eu finalmente compreendi a aura de perversão que envolvia os Castilho quando vi


Cleide se ajoelhar para botar o pau do irmão dentro da boca. Por suas expressões e a
vontade com que faziam aquilo, era bem óbvio que não eram estreantes ou que só
estavam fazendo aquilo para me impressionar. O incesto devia rolar dentro daquela casa
há bastante tempo, talvez até mais do que no meu próprio lar.

Peterson foi o primeiro homem a me botar de quatro e a me pegar por trás e devo
confessar que aquela posição foi uma das melhores que experimentei. Era como se
aquele pau quisesse me varar o útero e as paredes internas da minha xota pareciam
querer mastigar aquele rola dura conforme ela entrava dentro de mim. Era muito
prazeroso. Fui obrigada a gemer feito uma cadelinha.

— Ai, tio Peter! Não para, por favor!

Peter sabia bem o que fazer com aquela rola grossa que tinha entre as pernas e pouco
depois, meteu em mim apoiando minhas pernas sobre seus ombros, olhando com desejo
as minhas expressões de prazer.

— Aii, tio, Peter… Você é… Incrível! Aii!

Como eu disse antes, qualquer homem adorava ouvir aquilo, mas para a sorte de meu
tio, meus elogios eram verdadeiros.
Depois de um tempo, eu estava realmente empolgada com Peterson e eu o deixei me
foder como ele quis. Como era costume, ninguém usava preservativo em nossa família e
tudo era feito sempre no pelo. Cheia de sorrisos e gemidos em seu ouvido, arranhando
seus ombros e o beijando, acabei deixando Peter maluco enquanto me fodia e feito um
tarado, ele chegou a confessar que queria gozar dentro de mim.

— Você quer me fazer um neném, tio Peter?

Eu já tomava remédios contraceptivos na época, mas gostava de acreditar nas palavras


de meu pai que “às vezes, dá merda”. Eu era a prova cabal disso e não estaria aqui para
contar essa história se os métodos anticoncepcionais fossem 100% seguros.

— Não vai acontecer, meu amor. Eu faço sempre dentro da sua tia e ela nunca mais
engravidou.

Ele tinha me deixado com bastante fogo durante a transa e se eu tivesse pensado um
minuto que fosse sobre aquele assunto, não tinha sussurrado aquilo em seu ouvido,
enquanto seus dois filhos metiam na cama atrás de nós:

— Então pode fazer dentro, tio. Me dá leitinho!

Peterson me deitou na beirada da cama e com ele em pé me segurando pelo quadril,


começou a bombar dentro, afim mesmo de mandar a carga em minha xota. Estávamos
transando quase sem parar há algumas horas e sabia que nenhum homem era capaz de
segurar a ejaculação por tanto tempo. Enquanto metia, ele me olhava com cara de tarado
e eu abri meus braços sobre a cama só assistindo o filho da puta se fartando da própria
sobrinha. Nunca mais nenhum homem havia esporrado dentro de mim desde a minha
estreia na casa de veraneio do vovô, mas quando Peterson gemeu alto e começou a se
tremer inteiro, eu senti que tinha acontecido de novo. Um jorro quente e espesso
esguichou em minha xota e diferente do que eu imaginava, aquilo me deu uma
satisfação incrível. Eu continuei sorrindo, largada sobre a cama da minha prima. Tinha
sido uma das experiências mais maravilhosas da minha vida inteira.
Capítulo 11 – A festa de aniversário

DOIS ANOS DEPOIS DA minha primeira reunião familiar no litoral, meus pais
resolveram me presentear com uma festa bem diferente de tudo que já tinham feito para
mim e os dois alugaram um galpão imenso próximo à Avenida Paulista para que eu
comemorasse a data com todos os amigos que eu quisesse convidar. É claro que eu
aproveitei a oportunidade ao máximo e chamei todos os meus amigos, além dos nossos
vizinhos de condomínio e até alguns professores meus do colégio. Eu queria que aquela
festa fosse inesquecível e realmente foi, em muitos sentidos.

O lugar tinha sido todo decorado por amigos da minha tia Solange — que era designer
de interiores — e minha mãe também deu vários palpites, já que esse era parte do
trabalho dela desde a época da faculdade. Como arquiteta, Carla trabalhava com o que
mais gostava há vários anos e tinha criado um estúdio próprio que funcionava em um
andar de um dos prédios mais requisitados da Vila Mariana. Com o toque de Solange e
a equipe do A3 – Design e Arquitetura — a empresa de mamãe — o galpão ficou
parecendo um cenário de jogo cyberpunk — aqueles do tipo futuristas onde tudo parece
que está meio velho e destruído —, e eu adorei a ideia. Todos os meus amigos viciados
em videogames também curtiram, mas o ambiente descolado estava longe de ser a
melhor surpresa da noite.

Duas horas após o início da festa, a pista de dança já estava fervendo e praticamente
ninguém estava parado. Embora a bebida alcoólica não estivesse liberada — para
desagrado de muitos — o bar do local estava servindo energético à vontade, o que
serviu bastante ao propósito de quem estava querendo ficar elétrico para dançar a noite
toda. Eu tinha me produzido bastante aquele dia e havia apostado num look que contava
com uma blusinha decotada e uma saia curta. Eu estava com o intuito de me exibir
muito, já que aquele era o MEU DIA e recebi vários elogios. Nos pés, eu tinha calçado
um par de botas confortáveis para poder mexer a raba por várias horas consecutivas,
mas depois, fui obrigada a trocar o calçado porque meus pés estavam doendo.

Como aquele era um presente e eles confiavam bastante em mim, meus pais decidiram
me deixar solta a noite toda e resolveram ficar em casa enquanto eu me divertia com a
galera. À primeira vista, aquilo parecia uma atitude desleixada de pais irresponsáveis,
mas eles sabiam quem eu era e as coisas que eu era capaz de fazer. Roque e Carla
sabiam que eu não era de cometer grandes excessos, e além de dançar muito e me
chapar de energético, o que mais eu poderia fazer naquele lugar?

Para o caso de emergências, porém, os dois tinham destacado o Elias, que era o
segurança particular da família Castilho e que prestava seus serviços também para o tio
Renato e o tio Mauro, e o homem grandalhão ficou de prontidão numa das entradas do
galpão, cuidando para que nada saísse do controle.
Quem acabou mesmo saindo do controle fui eu, quando alguém no palco principal do
evento anunciou a presença do Mc Guido na festa. Naquele momento, a multidão de
convidados entrou em polvorosa e eu fui levada até o alto para ser apresentada
pessoalmente ao artista.

Tudo aconteceu muito repentinamente e eu confesso que nem estava acreditando que o
meu pai tinha contratado um cantor famoso para a minha festa de aniversário. Quando
cheguei perto dele no palco, eu o agarrei com força e comecei a gritar feito uma
desmiolada de tanta emoção. O Guido era o artista pop brasileiro mais requisitado dos
últimos tempos e estava fazendo centenas de shows pelo país afora. Suas músicas com
letras que falavam acima de tudo sobre ostentação e sexo caíram fácil no gosto popular
e é claro que eu me incluía no time de fãs do cara. Quando ele segurou a minha mão e
disse ao microfone que estava ali em minha homenagem, que iria cantar todas as suas
músicas para mim, confesso que senti até a calcinha molhar. Aquilo estava bom demais
para ser verdade.

Sentindo que aquele era o meu momento de brilhar, ao lado do MC Guido, enquanto ele
cantava suas letras com várias insinuações sexuais — algumas até explícitas —, eu
decidi que não queria mais me segurar e dancei pra valer todas as coreografias de funk
que havia aprendido com seus clipes. Com as mãos no joelho, abaixando e levantando,
empinando o rabo, fazendo quadradinho, eu senti que eu era a estrela da festa e
aproveitei para curtir muito em minha primeira vez perto de um cara famoso. Lá de
baixo, as pessoas me olhavam extasiadas e todos os meus amigos pulavam, dançavam e
gritavam muito conforme o DJ às nossas costas emendava um sucesso de Guido atrás do
outro. Eu estava de saia e nem preciso dizer que quem estava embaixo do palco deve ter
se divertido bastante me vendo dançar toda empinada. Me exibir era tudo o que eu mais
queria.

A minha festa tinha sido maravilhosa e não havia como negar. Todos os anos, meus pais
costumavam me presentear com viagens ou roupas caras de grife, mas nem mesmo os
dois puderam me negar quando eu lhes pedi insistentemente uma festa estilo bailão.
Apesar das minhas expectativas já serem bem altas, a festa que ganhei tinha conseguido
superar todas elas e eu voltei para casa com uma sensação de satisfação muito grande.

Todos os meus amigos estavam lá — e também uma galera que eu nem sabia quem era
que veio me parabenizar —, o que me deixou num estado de felicidade absurda. Jamais
imaginei que papai tinha conseguido contratar o MC Guido para cantar na festa, até ele
aparecer no palco. Eu ir para a van dele dar uns amassos depois do show foi a cereja do
bolo. Além de gostoso, ele tinha uma pegada incrível e saí toda molhada do seu carro.
Algumas selfies que tiramos lá dentro eram impublicáveis — principalmente a que estou
mamando a rola dele toda putinha —, mas a maioria recebeu várias curtidas em meu
Instagram.

Quando saí da van do MC Guido, ele se prontificou a me levar para o carro da minha
família e dali, o motorista levou a mim e ao Elias, o segurança, para casa, na Saúde.
Meu WhatsApp estava uma loucura quando peguei no celular dentro do carro e tinha
muita gente compartilhando fotos comigo da festa, além de agradecimentos pelo evento.
Eu não podia estar mais feliz.

Cheguei em casa por volta das quatro da manhã e tirei meu sapato de salto para não
fazer barulho. Comecei a subir as escadas cuidadosamente os levando nas mãos. Ainda
elétrica pelo tanto de energético que tinha bebido, corria o risco de ter um espasmo
muscular e rolar os degraus, mas tudo deu certo. Acendi a luz do quarto e me movi
rápido para que meus pais não acordassem no quarto ao fundo do corredor, quando a
voz dele me assustou.

— Espero que tenha gostado da festa.

O par de sapatos escapou da minha mão, caindo ruidosamente no chão enquanto eu


dava um gritinho. Meu pai estava deitado completamente nu sobre a minha cama,
aguardando a minha chegada.

— Papai? A-Achei que estivesse dormindo…

— Fiquei acordado te esperando chegar. Correu tudo bem? — As pernas dele estavam
bem abertas. Eu conseguia ver aquele pau duro imenso e as bolas inchadas. Meu pai era
um titã!

— Melhor impossível!

Eu tinha uma intimidade com meu pai que muita gente fora do nosso círculo familiar
não entenderia. Após o que havia acontecido na casa dos meus tios Peterson e Elisa,
agora eu também sabia que o incesto era mais comum entre os Castilho do que eu
supunha, mas aquele assunto ainda permanecia restrito entre as quatro paredes de nossas
casas. Eu não ousava falar sobre aquilo com ninguém de fora.

— Obrigado, papai! Eu amei o presente!

Meu pai me recebeu de braços abertos sobre a cama e eu me deitei em cima dele de
frente, sentindo meu corpo ser envolvido. Aquela pica imensa roçou em minha coxa tão
logo deslizei nele e suas mãos já encontraram lugar em minha bunda. Minha calcinha
estava socada em minha raba. Não tinha feito qualquer esforço para parecer educada ou
comportada durante a festa, e na hora do funk, eu me soltei, deixando que as pessoas
olhassem por baixo de minha saia curta enquanto estive lá em cima no palco dançando
com o Guido.

— Você é o melhor pai do mundo!

Eu dei um selinho em meu pai que começou a se posicionar sentado na cama. Olhei
aquela pica grossa roçar em sua barriga tão logo se mexeu e então, ele começou a tirar a
minha blusinha.
— Acredito que tenha gostado da festa. Antes de você dormir, eu quero te dar mais um
presente especial. Algo que só eu posso te dar.

Eu estava sem sutiã, meus peitos pularam quase na cara de papai. Ele os olhou meio
tarado, em seguida lambeu o bico direito obscenamente.

— Mais um presente, papai?

— Sim. Você vai adorar!


Capítulo 12 – O pós-festa

MEU PAI LEVANTOU A MINHA saia e o senti começar a me deixar pelada. Ele
segurou firme meus tornozelos para passar a minha calcinha por eles e depois a jogou
no chão. Agarrou com firmeza o meu quadril, me pôs de costas e apertou a minha
bunda.

— O que meu papai vai fazer? — Falei dengosa, com voz de putinha.

Senti um dedo passar em meu cuzinho. Meus pelinhos se arrepiaram pouco antes dele
falar com a voz já abafada, com a língua em minha xoxota:

— Eu vou dar para você seu melhor presente de aniversário!

A língua de meu pai era grande e me fazia derreter quando ele a enfiava dentro de mim.
Eu tinha ficado molhada pelos amassos com o MC Guido mais cedo, mas não tinha sido
nada comparado àquilo.

— Ai, papai! Que delícia! Chupa mais a minha xoxotinha!

Ele dançou com a pontinha da língua em meu grelo por vários minutos e aquilo me fez
gozar gostoso em sua boca. Eu já estava toda melada, mas ele não parava.

Ele colocou um travesseiro embaixo da minha barriga e me comeu naquela posição


mesmo, metendo muito forte em mim por trás. Senti aquela caralha grossa me rasgar a
buceta toda e eu nem conseguia mais responder às suas provocações enquanto era
fodida.

Depois de me castigar muito, ele me virou de frente e colocou minhas pernas sobre seu
ombro, como tinha feito o tio Peter. Era a primeira vez que nós dois íamos fazer naquela
posição e eu já estava totalmente entregue. As lágrimas estavam escorrendo de meus
olhos quando ele voltou a me comer e eu choramingando de tesão o vi me olhar com
cara de tarado. Eu nunca tinha visto o senhor Roque foder outra mulher com o tesão que
me fodia e ele mesmo me confessou uma vez que eu tinha a buceta mais gostosa que ele
já tinha metido. Meu pai era um devasso, mas eu sentia prazer em ser a vadiazinha dele.

Em um dado momento, papai ficou me penetrando naquela posição e tirava de dentro


para olhar o próprio pau duro impregnado do meu mel. Eu estava encharcada e também
aproveitava para olhar aquela coisa imensa lá embaixo toda melada de mim. Ele então
dizia alguma coisa obscena ou então lambia uma de minhas pernas em seu ombro,
voltando a me penetrar, fazendo cara de pervertido.

Eu ficava toda arrepiada o vendo ali, todo machão, metendo em mim. Sentia que saía de
sintonia e parava de pensar em certo, errado ou essas outras bobagens que todo mundo
devia pensar a respeito daquele assunto.
Esse cara é o meu pai, a pessoa que ajudou a me conceber… E é esse mesmo cara que
agora está metendo dentro de mim com vontade, me fodendo gostoso e me fazendo
gozar! Uau!

Era aquele tipo de coisa que eu pensava e só nisso.

Naquela madrugada, o papai estava insaciável e eu fui obrigada a pedir arrego. Ele tinha
me botado de frente em seu colo e estava sentando a vara em mim quando segurei em
seus ombros fortes, me aproximei de seu ouvido e pedi, com lágrimas nos olhos:

— Papai, tô um pouco cansadinha.

Ele me olhou com feição surpresa e então me ajeitou em seu colo, após tirar de dentro.
Fiquei ofegante sentada em suas coxas grossas por um instante e enquanto recuperava o
fôlego, ele ficou me fazendo carinho nos cabelos.

— O papai pegou muito pesado hoje, meu amor?

Acenei que sim, mas em seguida, lhe dei um beijo nos lábios. Ele ainda estava com o
meu gosto na boca.

— Mas é por causa da festa. Eu… Eu já cheguei cansada de tanto dançar.

Parecia que ele tinha ficado um pouco decepcionado e então o agradei, lhe dando um
abraço.

— A gente dorme um pouquinho e amanhã cedo a gente brinca mais, que tal?

Ele fez que sim e após me dar um beijo no rosto, começou a se levantar. Foi então que
tive uma ideia:

— Dorme aqui comigo hoje, papai.

Ele já estava em pé ao lado da cama. O pau já não estava totalmente duro, mas ainda era
impressionante. Me olhando ganhar espaço na cama, para mais próximo da cabeceira,
ele respondeu:

— A sua mãe não vai gostar muito disso.

Dei de ombros.

— É o meu aniversário. Ela vai entender.

Ele então alargou um sorriso no rosto, deu meia-volta e em seguida nos deitamos juntos
sob os lençóis de seda. Agarrada a meu pai, com nós dois nus, aquelas foram as horas de
sono mais proveitosas da minha vida inteira.
Na manhã seguinte, perto das nove horas, eu acordei primeiro que meu pai na cama e
senti algo grosso roçando em minha coxa. Levantei um pouco o lençol e notei que ele
estava tendo uma ereção matinal. Eu tinha descansado após as horas quase
intermináveis de dança no galpão e já me sentia pronta outra vez para aguentar a fúria
sexual insaciável do senhor Roque. Joguei o lençol de lado e expus a nossa nudez. O sol
já entrava em meu quarto por entre as frestas das cortinas e eu o acordei com uma
masturbação.

— Bom dia, papai.

Eu estava sentada com seu pênis ereto entre os dedos e ele sorriu ao perceber o que eu
estava fazendo.

— Melhor bom dia de todos.

Eu estava afim de agradar e então me precipitei até seus lábios, dando um beijo nele.
Uma de suas mãos grandes agarrou a minha nuca e eu fui instigada a intensificar o
beijo. Agora, já estávamos envolvendo saliva e língua. Beijar aquele homem me
excitava muito. Fiquei toda arrepiada e ele percebeu.

— Gosta de beijar o papai, meu amor?

Acenei que sim sem tirar os meus olhos dos dele. Logo depois, ele segurou o meu rosto
com as duas mãos e me deu um beijo ainda mais molhado que eu retribuí. Até soltei um
gemido.

— Ah, papai… Eu… Eu te amo tanto!

A mão esquerda dele então deslizou facilmente pelas minhas costas e alcançou a minha
bunda. Eu já estava mais encorpada naquela época e devo admitir que o meu rabo já era
bastante volumoso. O senhor Roque adorava me apalpar lá embaixo. Enquanto com a
sua força ele já me fazia encaixar em cima de sua virilidade, eu dei um sorriso e
aproveitei um pouco mais de seus lábios. Eu chegava a ficar sem fôlego.

— O papai vai deixar você ditar o ritmo, tá bom?

Aquilo era novidade em nossa relação e senti que ele havia ficado meio culpado pela
madrugada. Em geral, depois que a minha xota tinha se acostumado com a sua
espessura, papai costumava mandar ver dentro de mim sem se importar muito, mas
daquela vez, ele não queria que fosse assim. Segurando em seu peito liso e rijo, eu
sentei em cima e eu mesmo introduzi a cabecinha em minha vagina. Eu já estava bem
melada.

— Aii, papai! Nossa… Isso é… Uma delícia!

Revirei os olhos de prazer e reclinei a cabeça, sentindo aquela maravilha uma vez mais
dentro de mim. Comecei a me esfregar intensificando a penetração e deixei entrar tudo.
As mãos de meu pai estavam apertando as minhas coxas e ele ficou lá embaixo sem se
mexer, só saboreando as minhas expressões de prazer.

— Você é meu maior presente, papai!

Eu tinha começado a dizer aquelas coisas românticas para ele e senti que seus olhos
brilhavam quando eu me declarava. Parecia loucura da minha cabeça, mas era como se
meu pai também estivesse louco por mim e a qualquer momento fosse desistir de vez da
minha mãe para ficar comigo. O que teríamos a perder?

— Você também é o meu maior presente, meu amor. Ahh! Você e essa buceta apertada!

Talvez ele só gostasse de me foder e nada mais, porém, eu gostava de pensar que não.
Na minha cabeça, aquele ruivo delicioso me amava de verdade e faria tudo por mim.
Capítulo 13 – As amigas

NA SEGUNDA-FEIRA APÓS aquele final de semana insano da festa no galpão e


depois do “presente especial” de meu pai no quarto, duas amigas de classe me
convidaram para passear no shopping, aproveitando que tínhamos saído mais cedo do
colégio, e depois de bater perna pelos corredores das lojas, pedimos alguns lanches com
direito a batata frita e refrigerante enquanto fofocávamos sobre o sábado.

— Gente, eu preciso mostrar uma coisa para vocês.

As duas amigas que me acompanhavam eram Kelly Ferraz e Nicole Rodrigues, as


maiores nerds da sala. Fazia pouco tempo que tínhamos começado a andar mais juntas
pelos intervalos e ambas tinham sido convidadas para a minha festa de aniversário. A
Kelly fazia o tipo “boa moça” e raramente dava escândalo ou procurava chamar a
atenção das pessoas, embora tivesse razões para isso. Com os cabelos alourados
ondulados e um belíssimo par de olhos verdes, cor-de-esmeralda, a menina tinha tudo
para ser uma grande concorrente minha ao gosto dos meninos, mas era discreta quanto a
isso.

A outra, Nicole, essa sim era de dar inveja. A filha da mãe era totalmente loira, tinha os
cabelos lisos, olhos azuis bem claros e um corpo lindo. Mesmo alguns meses mais nova
que eu, a garota tinha um par de peitos bem estufados pelo decote e um quadril bastante
sinuoso. Por onde ela passava, todos os olhos se voltavam em sua direção e não havia
um pescoço que ficava no lugar. Nic era realmente muito gata e sabia disso.

— Sintam inveja de mim, por favor! — Eu peguei o meu celular de capinha rosa e
depois de acessar a galeria de fotos, comecei a mostrar para as duas uma das selfies em
que aparecia beijando o MC Guido na boca. Nós estávamos sentadas num dos bancos da
praça de alimentação e as duas ficaram boquiabertas olhando as fotos.

— Você pegou ele? Eu não acredito! — Falou Nicole, com nítido tom de surpresa na
voz.

— Quando seu pai contratou ele para o show, pelo visto, foi SERVIÇO COMPLETO,
hein! — Disse a Kelly, tirando um sarro.

— Que nada, queridinha! — Respondi, metida — A mamãe aqui tem charme. O MC


Guido não resistiu!

Eu e Nicole começamos a nos exaltar na cabine onde estávamos da praça de


alimentação e nossas vozes meio que começaram a chamar a atenção das outras pessoas
ao nosso redor. O shopping estava bastante movimentado àquela hora para uma
segunda-feira e muitos olhos se voltaram para nós três.
— Ele tem uma pegada que meudeusdocéu! Que delícia, Jesusmeacode! — E eu me
abanei com o cardápio da lanchonete sobre a mesa.

— Mas você deu pra ele? Onde foi, miga? — Quis saber Nic.

— Ah, eu não cheguei a dar pra ele. Mas a gente se pegou forte. — Me aproximei das
duas e em tom de cochicho, confessei: — Eu mamei nele!

— Pagou uma gulosa na van do MC Guido? Tô passada! – Falou a loirinha.

— O motorista dele deixou a gente sozinho lá. Tinha o lance de que era meu aniversário
e tal… Aí ele quis me agradar. Ele foi bem bonitinho comigo. Não foi grosso nem nada.
Eu tava toda melada de tanto amasso, aí eu quis pagar um boquete nele.

— E ele gozou? — Perguntou Kelly, me olhando curiosa com aqueles olhos claros.

— Aham! Mamãe mamou tudinho! – Respondi cheia de si, caindo no riso em seguida
com as duas.

— Mas, e aí? Vocês vão namorar, ficar, algo do tipo? Ele te chamou para algum show
dele?

— Não viaja, Nicole! — Respondi, limpando o canto da boca com o resto de catchup
que tinha ficado após uma mordida em meu sanduíche — Tô bem ciente que vai ficar só
nisso mesmo. Ele deve pegar um monte de fã sortuda nesse esquema. Ele me deu
convite pro show dele de sexta que vem na Barra Funda, mas nem sei se vou.

— Que inveja! Minha amiga chupando cantor famoso e eu fiquei só chupando o dedo
na festa. — Comentou Nic, com um tremendo ar de decepção no rosto rosado.

— Credo, miga! Não pegou ninguém? Nem unzinho? — Perguntei.

— Na festa não… Mas rolou um esquenta na casa da sua prima depois.

— Mentira! Na casa da Cleide? Me conta esse babado!

Eu tinha ficado bastante interessada naquele assunto e logo em seguida, me posicionei


melhor no banco para que Nicole me contasse aquela história entre ela e a minha prima
Cleide.

Depois da festa, ela, seu primo Igor — que a tinha acompanhado até o endereço — e os
meus primos gêmeos foram até a sua casa em Moema e lá começaram a se pegar.
Enquanto detalhava tudo, ainda falando baixo para que ninguém à nossa volta ouvisse,
Nic contou que tinha se esfregado em Cleide, mas que não tinha passado muito disso.
Quem realmente tinha aproveitado a situação era meu primo Cleber, que pegou o Igor,
primo de Nic.
— Gente! O meu primo é gay? Nem eu sabia! — As insinuações de que Cleber se
“divertia” à noite com a irmã e o pai tinham sido o bastante para que eu suspeitasse da
verdadeira orientação sexual de meu primo, mas até para mim, aquela revelação da sua
transa com Igor tinha sido bastante bombástica.

— Na verdade ele é bissexual, assim como o meu primo Igor — respondeu Nic —, eu e
a Cleide meio que ficamos de ladinho vendo eles se comerem lá. Foi meio gostoso ver
isso. Nunca achei que ia gostar tanto de ver dois meninos se pegando.

— Tenho essa vontade também — confessei em seguida —, se uma pica é boa, imagina
duas! E duas se esfregando!

Nós três caímos na gargalhada e a partir daquele momento, senti uma sintonia muito
boa com aquelas meninas. Por ser bastante expressiva e popular na escola, eu vivia
rodeada de muita gente quase que o tempo todo, mas sentia que as minhas amizades não
eram verdadeiras. Até que Kelly e Nicole aparecessem, havia uma espécie de vácuo em
meus relacionamentos com as pessoas, espaço que estava prestes a ser preenchido.

— E deu a impressão que o Cleber e a Cleide se pegam também. Isso confere, Mica?

A pergunta de Nicole tinha me pegado desprevenida e fui obrigada a sair pela tangente,
já que os casos de incesto na família Castilho não podiam se tornar públicos.

— Sei de nada — respondi, evasiva.

— Achei estranho. Ele tirou a calcinha da irmã, aí meio que ficou alisando a bunda dela
um pouco antes do Igor ajoelhar para mamar nele. — Kelly bancou a pudica e começou
a gesticular para que Nic diminuísse o tom de voz, para que o assunto não incomodasse
as pessoas da praça de alimentação. Algumas delas já tinham se ligado que estávamos
falando várias putarias.

— Fiquei imaginando agora… Um casal de gêmeos transando. Seria pervertido, não é?


— Kelly parecia ter interesse no assunto e disse aquilo me encarando, como que
tentando me arrancar uma confissão. Senti que ainda não era hora, mas se nossa
amizade continuasse se desenrolando com aquela mesma sinceridade, talvez, muito em
breve, eu teria, enfim, alguém para desabafar sobre todas as loucuras que fazia e via
acontecer no seio da minha família pervertida.

— Vamos tomar um sorvete de sobremesa, meninas?

Eu mudei radicalmente de assunto e depois daquilo, ficamos apenas conversando


amenidades sobre a festa e a nossa vida escolar. As provas de fim de semestre se
aproximavam.
Capítulo 14 – Segredos confessáveis

ALGUNS MESES DEPOIS da minha festa de aniversário, eu e Kelly passamos a ficar


cada dia mais entrosadas no colégio e estendemos aquele entrosamento para além das
paredes do Dom Pedro II, o lugar onde estudávamos juntas há algum tempo.

Em uma tarde, na saída da aula, a garota me convidou para um passeio de ônibus da


Avenida Paulista — onde ficava a nossa escola — até a Vila Mariana, onde ela visitaria
a mãe em seu trabalho. Eu nunca tinha colocado os meus pés dentro de um transporte
coletivo em toda a minha vida e achei a experiência bastante excitante, apesar de
pitoresca.

Costumeiramente, era o motorista da família quem me buscava na saída da aula, mas


naquele dia o havia dispensado, alegando que estaria fazendo companhia à uma amiga.
O “busão”, como dizia Kelly, estava cheio aquele horário e fomos espremidas por todo
tipo de gente até que chegássemos perto do endereço onde Claudia, a mãe da garota,
estava prestando seus serviços de publicitária.

— Vamos andar de ônibus de novo?!

Eu tinha achado aquele passeio bastante divertido, mas a Kelly, mais acostumada ao
empurra-empurra do coletivo, não tinha gostado nada do assédio dos caras que ficavam
nos olhando feito presas suculentas em meio a uma floresta selvagem. Mesmo em meu
uniforme escolar — composto nada mais do que uma camiseta branca com o logotipo
do D. Pedro II e uma calça vermelha de moletom — eu ainda chamava todas as
atenções por causa dos meus cabelos ruivos e das sardas em meu rosto. Eu já tinha
passado do tempo de me achar um patinho feio. Agora eu era um cisne vermelho
maravilhoso!

Eu e Kelly chegamos à recepção do prédio por volta das dezoito horas daquela quarta-
feira e ela anunciou a sua chegada a uma moça sorridente atrás do balcão. O lugar tinha
estrutura impressionante por fora, gigantesca, espelhada, e por dentro, possuía todo o
aspecto de paisagem futurista, o que combinava bem com uma construtora. Eu nem me
ligava àqueles assuntos na época, mas eu estava em pé em meio à Construtora
Monterey, uma das maiores rivais de negócios da Suares & Castilho, empresa tocada
por meus tios Renato e Mauro e onde meu pai Roque e a minha mãe Carla também
trabalhavam de segunda a sexta. Eu estava maravilhada.

Depois de ganharmos crachás de identificação na portaria e de nos caminharmos até os


elevadores por onde chegaríamos ao vigésimo andar, contei para Kelly que meu pai era
engenheiro-civil e que ele trabalhava há vários anos na construtora da família Castilho.
Nós nem imaginávamos que tínhamos tanto em comum uma com a outra e foi então que
começamos a perceber que a nossa amizade estava se solidificando.
Nós tínhamos tomado o elevador no térreo e a cabina começava a subir rumo ao
vigésimo, quando um tranco fora do comum fez o negócio parar. Eu dei um grito
desesperado.

— A gente vai morrer!

As luzes dentro do elevador se apagaram e completamente no escuro, eu me segurei na


parede lisa atrás de mim. Comecei a tremer, apavorada.

— Calma, Mica. Acho que foi só um defeito. Não vamos morrer.

Kelly segurou o meu braço para me dar confiança e sem que eu pudesse controlar, meus
olhos começaram a lacrimejar. Era a primeira vez que passava por uma situação como
aquela e não estava nem um pouco preparada.

— O elevador vai cair! Ele vai cair!

Não dava para enxergar nada dentro da cabina e enquanto eu me lamentava feito uma
criança, a minha amiga foi um pouco mais sensata e se abaixou para pegar seu celular
na bolsa. Com a lanterna, Kelly iluminou nossos rostos e pouco depois, percebeu que
havia um LED vermelho piscando na parede. Era um telefone de emergência.

— Ai, cacete! Eu sou nova demais pra morrer!

Ela apertou meu braço.

— Shhhhhh! Vou tentar falar com a recepção.

Tão logo ela pegou o telefone em um compartimento na parte de baixo da parede,


alguém atendeu da recepção e Kelly começou um diálogo.

— Alô! Por favor é da recepção? Eu e minha amiga ficamos presas no elevador. Podem
mandar ajuda?

A moça pediu para que ficássemos calmas antes de tudo. Uma queda de energia havia
apanhado todo o bairro e os geradores de emergência levariam algum tempo até que
fossem acionados. Segundo a recepcionista que tinha nos atendido em nossa chegada,
tão logo os tais geradores fossem ligados, os elevadores voltariam a funcionar e nós
sairíamos daquela situação embaraçosa. Eu ainda estava em choque e Kelly precisou me
mandar ficar calma mais de uma vez.

— Vem, senta aqui no chão comigo. Nós estamos seguras.

Sem potência para manter o ar-condicionado ligado, o calor dentro daquela lata da
morte começou a incomodar bastante e foi ideia de Kelly tirarmos nossas camisetas para
refrescar um pouco enquanto esperávamos que alguém ligasse os geradores. Ficamos as
duas de sutiã enquanto a lanterna de Kelly nos iluminava um pouco e vendo meu
nervosismo, a garota me incentivou a falar. Conversamos sobre vários assuntos, mas a
sinceridade entre nós duas já era suficiente para que falássemos mais abertamente sobre
temas mais picantes. Quando eu já estava menos encanada em morrer presa dentro de
um elevador, ela me perguntou:

— Qual foi a coisa mais pervertida que você já fez na vida, Mica?

Eu juro que pensei pouco antes de responder aquilo, mas assim que recostei na parede
fria do elevador, as palavras saltaram da minha boca de uma vez:

— Dar pro meu pai.

Eu enxerguei os olhos de Kelly se arregalarem ao meu lado no chão e de repente, a


garota se ajeitou melhor, segurando meu braço e querendo saber mais.

— Como assim? Você transou com o seu pai?

Jamais tinha contado o meu maior segredo a ninguém que não pertencesse aos Castilho.
Ninguém além de meus tios, minhas tias e meus primos sabia o que acontecia quando
nós estávamos sozinhos entre quatro paredes e aquilo, às vezes, era sufocante. Eu
precisava contar a alguém e sentia que Kelly era a pessoa certa.

— “Transei” não, Kelly. Eu TRANSO com ele. — Eu dei um riso malicioso. Enrolei
meus cabelos nos dedos e improvisei um coque, tirando-os já empapados de suor do
rosto. — Eu sento gostoso naquela rola grossa. Várias vezes!

De repente, senti um alívio em revelar aquilo e dei uma risada alta. Tinha ficado
embaraçada, mas me sentia livre daquele segredo.

— Uau! Por essa eu não esperava. Sua mãe sabe disso?

— Sabe.

Kelly estava boquiaberta.

— Minha família é pervertida — continuei — todo mundo fode todo mundo. Meu pai e
eu. Meus tios e as minhas primas. Minhas tias e meus primos. É tudo muito louco, pode
acreditar!

Eu estava ansiosa para contar cada uma das vezes que meu pai havia me possuído
dentro de nossa casa, das vezes que ficávamos sozinhos em casa e que com todo aquele
talento ele havia me feito a garota mais feliz do mundo, mas senti que precisava antes
de uma contrapartida. Kelly adorava se fazer de santinha, mas em meus poucos anos de
experiência, eu já tinha entendido que ninguém era tão inocente assim. Eu tive que
perguntar:

— E você, Kelly? Qual foi a coisa mais pervertida que você já fez?
Passamos mais de quarenta minutos presas no elevador, mas conforme conversávamos
sobre aquele assunto excitante, acabei relaxando totalmente e me esquecendo da nossa
condição periclitante. Naquele tempo, Kelly me contou das festas que participava com
os primos mais velhos em uma casa de veraneio que ficava no litoral Sul e de como
havia sido apresentada ao mundo do sexo. A mãe, Claudia, trabalhava em sua agência
de Publicidade desde a infância da garota e durante a semana, ela acabava ficando aos
cuidados de Natalie e Henrique, que eram filhos do tio de Claudia, portanto, primos de
segundo grau de Kelly.

Na maioria das vezes, os dois tomavam conta da garota em sua própria casa no Itaim
Bibi, mas em alguns finais de semana, levavam sua pequena prima para o litoral, onde
eles, adolescentes e com os hormônios em chamas, tratavam de convidar alguns amigos
para festinhas regadas a putaria e bebedeira. Ainda na infância, Kelly tinha visto os
primos e seus amigos fazerem de tudo juntos, até que anos depois chegou a sua vez de
também experimentar.

— De quantas dessas surubas você participou, Kelly? — Perguntei a ela, com a minha
cabeça encostada na parede.

— Muitas… — Eu não esperava aquela resposta, mas continuei ouvindo. — Minha mãe
sempre trabalhou muito e não tinha com quem me deixar. Meus primos tomavam conta
de mim quase sempre.

— Fiquei excitada com a parte em que os dois chupam você.

Kelly tinha me contado que seu primo Henrique e o amigo dele, Maxwell, a tinham
deixado nua sobre o sofá da casa e haviam lhe feito sexo oral. Naquele dia, também foi
a primeira vez que ela foi incitada a fazer sexo oral nos dois e adorou.

— Eu também era bem nova quando participei da primeira reunião de família na casa de
meu avô — aproveitei o momento de revelação para contar os detalhes menos
prodigiosos sobre a minha família —, foi lá que descobri o quanto os Castilho eram
depravados.

Ainda tinha um pouco de receio de falar sobre o sexo grupal no qual eu havia sido
envolvida e preferi deixar tudo apenas como algo que possivelmente havia acontecido.
Uma vez que nem eu me lembrava com todos os detalhes, acho que foi convincente para
Kelly.

Pouco depois daquilo, as luzes do elevador se acenderam e um novo tranco nos


desequilibrou lá dentro. O ar gelado do ar-condicionado arrepiou nossas peles suadas e
começamos a vestir nossas camisetas. Logo, a cabina estava se movendo para cima e
não demoramos a chegar ao vigésimo andar, assim como era o plano desde o início.

— Oh, glória!
Kelly riu.

Nós duas andamos juntas uns oito metros pelo corredor e deu para ouvir um pessoal nas
salas em volta comemorando que a luz tinha voltado. Até aquele momento, eu tinha
entendido que estávamos ali para visitar a mãe de Kelly que estava prestando serviço
para a construtora, mas quando olhei para a minha amiga, a vi ficar toda eufórica
quando um rapaz apareceu ao fundo do corredor trajando roupa social. Ela apressou o
passo e se jogou em seus braços.

— Tio Digo!

Uma loira de óculos acompanhava o tal cara e eu fiquei ali sem entender nada.

Tio Digo? Ela não me disse nada sobre nenhum tio Digo até chegarmos aqui! Pensei
naquela hora, confusa.

— Oi, gatinha! O que você está fazendo aqui?

O tal “tio” Digo era na verdade Rodrigo Monterey, o herdeiro daquela construtora e o
mais indicado a assumir os negócios da família quando seu pai, Fausto, se afastasse do
posto de CEO. Eu também não sabia na época, mas o homem que hoje gerenciava a
Suares & Castilho com meus tios, João Suares, tinha sido sócio de Fausto no início
daquela construtora e os dois eram grandes amigos no passado.

— Vocês duas estavam no elevador?

A loira de óculos me encarou ao perguntar aquilo e foi a minha vez de responder:

— A gente ficou uma hora presa lá dentro. Vocês acreditam?!

Rodrigo então se virou para Kelly e quis a confirmação:

— É sério isso? Vocês estavam no elevador quando acabou a energia no prédio?

Ela fez cara de cachorrinho abandonado e acenou positivamente. Percebi na hora que
havia entre aqueles dois mais do que eu sabia… E eu não sabia nada mesmo!

— Foi horrível!

A Kelly tinha ficado muito mais tranquila do que eu dentro do elevador, mas estava se
fingindo de vítima perto do rapaz de roupa social. Sua máscara de boa moça estava
caindo cada vez mais e eu estava me divertindo com a sua capacidade de dissimulação.
Capítulo 15 – Os Monterey

ALGUM TEMPO APÓS o encontro de Kelly com o herdeiro dos Monterey no


corredor, nós duas fomos levadas para o interior da sala da presidência que era de onde
o pai do cara despachava e eu fiquei impressionada com a vista dali de cima. Havia uma
janela imensa logo em frente e dava para enxergar toda a cidade dali.

— Que lindo esse escritório!

Eu me debrucei um tempo na janela e fiquei vendo os prédios da Vila Mariana através


do meu próprio reflexo no vidro. Os três riram e foi dele o comentário:

— É, tem uma vista linda, não é mesmo?

Algum tempo depois, fomos apresentadas à moça loira vestida de executiva séria que
nos acompanhava e eu descobri que se chamava Natasha. A mulher era incrivelmente
linda e estava com os cabelos loiros presos num rabo de cavalo e usando um conjunto
riscado de saia e tailleur que caía muito bem em seu corpo curvilíneo. Pensei no mesmo
instante porque grandes executivos sempre contratavam secretárias extremamente
gostosas para aqueles cargos, mas eu já sabia a resposta. Enquanto eu divagava, nossa
visita à sala da presidência se encerrou e Rodrigo nos conduziu pessoalmente — pelo
elevador — até ao andar onde Claudia estava trabalhando com sua equipe de
publicidade. Eu estava louca para conhecê-la.

Claudia Ferraz era uma mulher exuberante cujos traços se assemelhavam muito aos da
própria filha. Quase dava para dizer que uma era a cópia exata da outra e tudo nelas
chamava a atenção, dos olhos brilhantes até o charme que exalavam. Naquele início de
noite, a mulher estava acompanhada de seu assistente Rúbio, as designers gêmeas Dona
e Dana e do fotógrafo e editor gay Richard, que era o mais engraçado de todos eles.

Depois das apresentações, ficamos algum tempo ali naquele andar de criação da
empresa aguardando que Claudia e Rodrigo conversassem em particular sobre negócios
e eu aproveitei para conhecer mais da empresa, fuçando pelos corredores. Depois disso,
as duas irmãs estilosas aproveitaram que os “adultos” estavam conversando para nos
mostrarem um novo catálogo que estavam montando para a Illuminare — a agência de
Claudia — e as páginas estavam cheias de fotos com homens lindíssimos só de sunga.
Não tivemos como conter nossos risinhos enquanto as duas comentavam do volume
dentro da sunga dos rapazes e até o Richard se animou para falar a respeito quando se
aproximou. Foi bastante engraçado, eles eram todos uns amores.

A nossa visita à Monterey e ao setor de criação da empresa onde Claudia estava


trabalhando durou cerca de quarenta minutos e pouco depois, Kelly tinha convencido a
mãe a passar mais algum tempo com Rodrigo desde que eu, sua amiga, estivesse por
perto. Eu podia estar completamente maluca, mas eu havia notado alguma coisa
diferente nos olhares que Rodrigo e Claudia trocavam o tempo todo que estiveram
próximos naquela sala e aquilo me deixou intrigada. Até onde eu sabia, a mulher tinha
ficado viúva quando Kelly ainda era uma criança e desde então, não havia engatado
nenhum relacionamento amoroso mais duradouro. A coitada devia estar subindo pelas
paredes e pelo que eu tinha visto em Rodrigo, o cara parecia ser bem mais do que um
aperitivo. Aquele ali dava para almoçar, jantar e cear a noite inteira!

Rodrigo nos levou pessoalmente a um endereço localizado nos Jardins e só depois fui
entender que era a mansão onde os pais e a irmã mais nova dele moravam em São
Paulo. Durante o trajeto, conversamos bastante sobre vários assuntos e descobri que,
mais recentemente, ele dividia um apartamento com a namorada Natalie, a prima de
Kelly.

Que safado! Namora uma prima, mas de olho na outra! Quando pensei aquilo, eu não
sabia da missa nem a metade!

— O João Suares, que hoje é o sócio dos seus tios na Suares & Castilho, foi quem
ajudou o meu pai a fundar a Monterey. Você sabia, Micaela?

Entre os vários assuntos dentro de seu carro, eu tinha tocado no tema construtoras e foi
aí que descobri que a família de Kelly e a minha tinham muito mais em comum do que
eu supunha.

— Esse mundo é mundo pequeno mesmo, né?

Disse eu, encantada com aquela coincidência.

— Só não diga a seus tios que visitou a construtora da minha família. Aposto que eles
não vão gostar muito de saber. Hoje são todos rivais!

Ele estava de olho em mim pelo retrovisor superior e deu uma risada após dizer aquilo.
Cruzei os dedos indicadores sobre os lábios e prometi que aquele seria o nosso
segredinho.

A empregada da mansão nos recebeu logo que chegamos e fomos conduzidas até a sala
de estar, onde encontramos a dona Marina, mãe de Rodrigo, com uma visita. Ele mesmo
fez as apresentações e conheci a socialite chamada Sophia Telles de Mendonça
enquanto as duas bebiam chá confortavelmente no sofá. Assim que falei o meu nome, a
mulher de porte altivo e rosto fino ficou com uma expressão de curiosidade e fez
questão de dizer:

— Os seus pais, Carla e Roque, já foram a um coquetel beneficente que eu e meu


marido Marco Aurélio promovemos há alguns anos. Os Castilho são grandes parceiros
nossos. Muita coincidência encontrar você aqui, Micaela. Você já está uma moça!
Apesar de toda a liberdade que tinha em casa com meus pais e todo aquele lance do
incesto, eles haviam me educado muito bem e eu sabia me comportar diante de pessoas
finas como Sophia.

— Terei prazer em comentar com eles que encontrei a senhora aqui, dona Sophia. Aliás,
temos aqui três representantes de famílias muito tradicionais, os Monterey — e eu
apontei para a dona Marina e para Rodrigo — os Castilho — apontei para mim mesma
— e os Telles de Mendonça — apontei para Sophia, que pareceu lisonjeada e encantada
com a minha cordialidade. Um dos meus grandes talentos era o poder de improvisação
que era quase intrínseco a mim e paparicar aquela dondoca para parecer a mais fina das
herdeiras paulistanas não era nenhum desafio. Eu até que gostava de atuar em diferentes
papéis.

Passados os cumprimentos casuais, Rodrigo nos levou até o andar de cima da mansão, e
lá, conhecemos a sua irmã caçula, Carina. A garota atendeu à porta vestida só de regata
e calcinha e deu um beijo no irmão antes de cumprimentar Kelly e eu. Ela tinha cabelos
castanhos lisos e a pele bem clara. Era só um pouco maior que eu e tinha um corpo
esbelto.

Kelly me apresentou à moça depois das duas se abraçarem e claro que ela foi só elogios
a mim.

— Caramba! Que gatinha! Olha esses cabelos vermelhos!

Eu já nem ficava mais lisonjeada quando alguém citava os meus cabelos ruivos ao me
conhecer, mas agradeci os elogios assim mesmo.

Eu não sabia exatamente quanto tempo íamos passar na mansão dos Monterey até o
trabalho de Claudia se concluísse na construtora, mas pouco depois das apresentações,
surgiu a ideia de pegarmos uma piscina do lado de fora. Rodrigo tinha sido indicado
para servir como nossa “babá” até que a mãe de Kelly estivesse livre para levar a garota
para casa, mas como ele tinha alguns assuntos de negócio para tratar com o pai Fausto,
que àquela hora estava no escritório da casa, a tarefa de nos entreter por um tempo foi
passada para Carina, que nos emprestou biquínis antes de cairmos na água.

Durante um tempo, o quarto de Carina virou uma passarela de roupas íntimas de banho
e depois que escolhemos os que mais se ajustavam à nossa silhueta, foi muito bom,
enfim, me livrar do traje da escola que estávamos usando até então. Do lado de fora, a
temperatura da água estava idealmente fresca naquela noite e sob as estrelas que já se
formavam no céu escuro, ficamos as três nadando e papeando dentro da piscina.

— Por que nunca conheci essa sua amiga linda, Kel?

Carina tinha acabado de emergir da água e me encarou enquanto ajeitava os cabelos


para trás. Tinha uma boca larga e um sorriso muito bonito.
— Tem pouco tempo que passamos a andar juntas por aí — disse Kelly, apoiada numa
das bordas da piscina —, foi ela quem deu aquela festa no galpão da Paulista que eu
comentei uma vez com você e o Digo, lembra?

Carina fez menção de que se lembrava.

— Com o MC famoso, não é?

Kelly riu e nós duas trocamos olhares cúmplices. Ela me dedurou:

— Essa safada fez sexo oral com ele dentro da van depois do show!

Carina fez expressão surpresa.

— Uau! Com aquele gostosinho? Que danada essa ruiva!

Eu ri e claro que me enchi de vaidade.

— Eu só perguntei se ele me deixava conhecer a van onde viajava para os shows, mas
papo vai, papo vem, quando percebi, já estava chupando ele lá dentro!

Carina e Kelly riram alto e a minha amiga deu uma olhada em volta para se certificar
que não havia ninguém por perto para nos ouvir.

— Eu entendo você, Micaela. Uma chance dessas não se desperdiça!

Eu acenei que sim e em seguida, dei um mergulho. Tão logo emergi, confessei:

— Sabia que eu nunca transei dentro de uma piscina? — As duas ficaram me


observando — Deve ser uma delícia!

Eu movimentei meus braços dentro d’água e de repente, Carina disse:

— Eu já fiz. Muitas vezes! Inclusive com meus irmãos!

Por um momento, eu não sabia se tinha interpretado bem o que a morena havia dito,
mas quando notei Kelly toda sem jeito próximo a ela, tive a confirmação. Incesto.
Rodrigo, Carina e o irmão do meio também praticavam incesto, pensei. Eu estava em
frenesi.

— Ai, que delícia! Deve ter sido muito bom! Desculpa dizer — abaixei o tom, me
dirigindo à Carina —, mas o seu irmão parece ser tão… Gostoso!

Eu ainda não tinha visto Rodrigo mais à vontade com trajes sumários, mas mesmo
dentro daquela roupa social, ele era o tipo de homem que eu considerava “pegável”.
Alto, mais de um metro e oitenta, sombra de barba no rosto de macho, pernas longas,
bunda saliente… Eu realmente gostava do que tinha visto.
— E ele é, menina! Já viu o tamanho do pau dele? — A pergunta de Carina foi bastante
repentina e eu fui obrigada a acenar que não. Aquele detalhe anatômico específico eu
ainda não havia percebido. Logo depois, veio a revelação que eu mais esperava: —
Pergunte a Kelly. Ela já viu. Muitas vezes!

Estávamos iluminadas pelo luar e pelos refletores em torno da piscina, era noite, mas eu
podia jurar que tinha percebido Kelly corar com aquela revelação. Joguei água em seu
rosto para provocá-la.

— Que safada! Agora entendi o lance do “tio Digo”! Ele é o tio que te come!

Carina caiu no riso comigo em seguida e depois daquele babado, a garota não teve mais
como negar. Ela e Rodrigo — que ela chamava de “tio” porque tinha sido apresentado
assim a ela na infância, no início do namoro dele com Natalie, a sua prima — tinham
um caso amoroso há algum tempo e os dois já tinham se relacionado, inclusive
sexualmente. Quando descobri que meu faro para sacanagem não falhava, eu exultei
dentro da piscina e comecei a morrer de curiosidade para saber cada um dos detalhes
sórdidos da relação de Kelly com seu tio gostoso.
Capítulo 16 – Momento íntimo

DEPOIS DO BANHO DE PISCINA com a irmã de Rodrigo e as revelações acerca do


caso que minha amiga mantinha com o rapaz, nós duas ficamos algum tempo andando
pelo jardim da casa e papeamos bastante sobre o que já tínhamos feito na vida, mesmo
tão novas e com tanta coisa ainda para viver pela frente.

Ela me contou sobre quando conheceu Rodrigo em sua casa de praia e como, depois
disso, meio que tinha se apaixonado. Como o cara era o namorado da sua prima, os três
viviam sempre juntos e faziam praticamente tudo em grupo, seja só eles ou também na
presença de Henrique, o irmão de Natalie.

— Eu era um neném — começou ela —, não sabia nada da vida, mas tinha certeza
absoluta que o Digo era o homem da minha vida. O jeito que ele falava comigo, o jeito
que me tratava quando passeávamos eu, ele e a Nat pela praia ou qualquer lugar…
Aquilo tudo me encantou de um jeito muito especial. Não dava para controlar.

O jeito carinhoso com que ela falava de Rodrigo me fez ter um pouco de inveja da
relação dos dois, já que eu mesma só havia sentido algo parecido por meu próprio pai, o
que convenhamos, agora eu sabia que era meio sujo!

Aproveitei que estávamos num momento de confissões e falei um pouco mais


abertamente sobre o que realmente senti na vez que fui desvirginada com toda a minha
família de plateia e o quanto aquilo me soou perturbador por um tempo. Continuamos
depois o assunto dentro de um dos quartos de hóspedes da casa, enquanto esperávamos
por Rodrigo, e estávamos deitadas na cama quando eu disse:

— Acho que a primeira vez que beijei outra menina foi na reunião anual dos Castilho
em que participei, um pouco antes do ritual em que perdi meu cabaço.

Eu sentia que podia falar sobre qualquer coisa com a Kelly e aquela sensação era
libertadora. Era já era a minha melhor amiga.

— Falando assim, parece que você foi, tipo, sacrificada, que jogaram sangue de bode
em você, sei lá! Coisa horrível esse negócio de “ritual”!

Não pude conter uma gargalhada. Aquela era mesmo uma visão engraçada de como a
reunião dos Castilho podia soar a leigos.

— Não é nada disso, otária! Ritual é só um nome feio que eles usam pra não falar
gangbang de família!

— Ai, que merda! — Kelly riu — Piorou mais ainda!

— Mas é o que esses encontros são na real! Eu era virgem ainda, e de repente, tinha um
monte de homens me penetrando…. Parecia um filme pornô!
Kelly ficou com uma expressão enojada por um tempo ao ouvir aquilo, mas logo em
seguida, um brilho de interesse reapareceu em seus dois faróis verdes.

— Mas volte ao assunto de beijar meninas. Você não terminou.

Eu balancei as pernas sobre a cama de colchão macio. Enquanto minha mente voltava
para aquele dia no primeiro encontro na casa de veraneio dos Castilho, a luz do refletor
do lado de fora tentava invadir o quarto escuro pela fresta da janela aberta.

— Foi com a minha prima Cleide, a outra ruiva que você conheceu na minha festa de
aniversário e lá no campeonato intercolegial de vôlei, lembra?

Eu tinha certeza que ela sabia quem era a Cleide, até porque nós três havíamos ficado
bastante tempo juntas um mês antes, durante um evento esportivo em que nossa escola
havia participado, mas perguntei para confirmar. Kelly fez que sim.

— Estávamos eu, ela e o seu irmão gêmeo na sala da mansão. Eu estava ansiosa antes
da minha iniciação sexual grupal, aí os dois toparam me ajudar a relaxar. Eu nunca tinha
feito nada daquilo, e do nada, o Cleber começou a beijar meu pescoço de leve, dando
mordidinhas em minha orelha. Aquilo me deixou bem excitada. A gente tava vestido só
com roupa de banho porque tínhamos saído da piscina há pouco tempo e eu senti a mão
dele apertar um dos meus peitos por cima do biquíni. Ele falou algo como “parece que
alguém tá ficando excitada”, rindo com olhar meio sexy e foi aí que a Cleide chegou do
outro lado e começou a fazer a mesma coisa. Ela começou a beijar e chupar de leve meu
pescoço e eu lembro que me arrepiei toda. Deixei ela continuar porque tava bonzão, aí o
Cleber foi aproximando a boca dele da minha, no que eu deixei ele me beijar.

— Foi bom? — Ela me perguntou, me olhando fixamente, de bruços.

— Foi médio. Ele não beijava muito bem, mas eu mesma não sabia bem o que estava
fazendo. Quando ele enfiou a língua em minha boca, eu meio que fiquei ali parada e
demorou para pegar o jeito. A mão dele àquela hora já tinha entrado por dentro do meu
biquíni e apertava minha teta assim — e fiz questão de mostrar colocando minha própria
mão dentro de meu biquíni e apertando meu seio esquerdo. Kelly acompanhou tudo
bastante interessada. — Quando eu menos esperava, a Cleidinha também começou a me
seduzir e foi chegando a boca perto da minha devagar, até nossos lábios estarem
colados. Ela virou meu rosto para seu lado e começou a me beijar de língua. Eu deixei.
O Cleber começou a dar beijos no bico do peito que ele tinha apertado e foi muito bom.
Enquanto Cleide me beijava, ele começar a chupar minha teta. Pouco antes de me
chamarem pro tal ritual, nós ainda demos um beijo triplo e ficamos passando nossas
línguas uma na outra ao mesmo tempo.

Era engraçado como eu me lembrava bem da minha primeira experiência em beijar uma
outra garota, mas como minha mente havia praticamente obliterado as memórias do que
aconteceu depois, durante o próprio ritual. Eu nem sequer me lembrava se o Cleber
estava lá e se ele foi um dos caras que me foderam.
Enquanto eu contava a minha história, tinha percebido que Kelly havia ficado com a
pele arrepiada e um pouco eufórica. Além do tal beijo que ela havia dado na namorada
do primo, no mesmo dia em que foi apresentada ao sexo oral, eu nunca tinha ouvido
Kelly falar em relações que tivera com outras mulheres, mas estava curiosa. Decidi
provocar e próximo o bastante dela, perguntei:

— Ei, agora me lembrei! Nós duas nunca nos beijamos, né?

Naquela idade, eu me sentia muito bem resolvida quanto à minha sexualidade, mas de
repente, vi em Kelly uma vontade que nunca tinha sentido antes, nem mesmo beijando
Cleide, a deixando tocar minha vagina na casa de seus pais ou sentindo a minha própria
mãe me fazendo sexo oral. Kelly estava mexendo comigo de um jeito diferente naquele
momento. Podia ser o clima de relaxamento dentro do quarto, a brisa que entrava pela
janela ou simplesmente era a minha bissexualidade, enfim, aflorando.

— É normal duas amigas se beijarem às vezes, não é? Só de zoeira?

— Verdade. A gente nunca se beijou.

Senti que aquela frase e a maneira como ela havia me soado era um convite e claro que
não perdi a oportunidade. Sem me segurar mais, expus a minha língua para fora da boca
e toquei levemente o seu lábio com ela. Kelly ficou afoita e então tentou se aproximar
mais, no que eu recuei, a observando provocativa.

— Humm! Está com tesão mesmo!

Dei um sorriso e antes que ela perdesse a coragem, foi a minha vez de avançar, colando
os meus lábios nos seus e abrindo a minha boca para receber a sua língua. Aquele
primeiro contato foi incrível. Fizemos uma pausa para nos olhar melhor e vi que ela
tinha gostado tanto quanto eu. Segurei então o seu rosto e voltei a beijá-la, agora com
mais vontade, com mais sede da saliva de Kelly. Meu corpo começou a pegar fogo e eu
me precipitei a tirar a minha roupa.

— Tira o short também.

Kelly não esperou nada para me acompanhar, e de repente, estávamos as duas


peladinhas sobre a cama daquele quarto de hóspedes. O trinco não tinha sido passado na
porta, a janela estava entreaberta, estávamos correndo sérios riscos de um flagra
embaraçoso, mas naquele momento, mais nada se passou em minha cabeça. Aquele
clima de sedução entre eu e a minha amiga tinha me envolvido de tal maneira, que eu
me esqueci completamente de onde estava.

— Você tem umas tetinhas lindas, Kél!

Eu estava em cima dela e tinha descido as carícias orais de seus lábios até os seus seios.
Eles eram médios, menores que os meus, mas eram macios e gostosos ao paladar.
Chupei os dois por um tempo, um a um e a deixei toda arrepiada. Aprovando meus
carinhos, Kelly começou a passar os dedos entre as pernas o que me induziu a descer
um pouco mais. Já que tinha chegado até ali, sexo oral podia fazer parte do cardápio,
pensei, enquanto descia meus beijos por sua barriga.

— Ai, que docinha, amiga. Você tem um gostinho bom entre as pernas!

Aquela era a primeira vez que eu chupava uma menina daquele jeito com tanto desejo.
Eu havia experimentado com Cleide, mas conseguia diferenciar as coisas. Na época,
aquilo me parecia mais curiosidade, mais para saber como era e nem tinha sido tão bom.
Com Kelly, estava maravilhoso. Eu estava abaixada entre aquelas pernas e por um
momento, tudo que eu queria era passar a língua naquela delícia rosada e chupar o suco
que escorria de dentro dela. Era a coisa mais deliciosa do mundo.

— Você tá com muito tesão, nossa! Vou te fazer gozar mais um pouco!

Kelly gozou a primeira vez, a segunda, a terceira… Eu não queria mais parar de mamar
aquela menina e ela se contorcia toda na cama, segurando os gemidos fininhos para não
chamar a atenção dos moradores e ao mesmo tempo, agarrando os meus cabelos,
querendo que eu continuasse. Nunca tinha feito nada parecido com ninguém.

Após experimentar a bucetinha saborosa de Kelly, nós duas resolvemos nos entregar de
vez ao prazer e após voltarmos a nos beijar na boca, decidi experimentar outras partes
de seu corpo. Eu tinha verdadeira tara pela bunda de Kelly na escola e não perdi a
chance quando a vi toda empinada sobre a cama, incentivando carícias.

— Humm! Que delícia, Mica!

O ânus era algo inédito em minha vida sexual e confesso que ainda não havia
experimentado penetração na região até aquele momento da vida. O de Kelly, no
entanto, parecia piscar a cada carícia, demonstrando intimidade. Me servi dele por um
bom tempo, posicionada às suas costas na cama e abrindo as bandas de sua bunda com
os dedos.

— Que cuzinho mais gostoso, miga. Tem um sabor maravilhoso! Humm! Esse rabo é
exatamente como eu imaginava!

Eu fiquei um tempão chupando Kelly lá embaixo e estávamos no auge do prazer quando


nos posicionamos em tesoura e começamos a esfregar nossos grelinhos deliciosamente,
sem parar. Diferente dela que conseguia conter seus gemidos, eu senti muita vontade de
berrar tal era a satisfação que aqueles movimentos pélvicos estavam me causando e bem
no clímax de meu gozo, ela me calou com seus lábios. Eu nunca tinha esfregado a
xaninha daquele jeito em outra xaninha, mas senti um prazer indescritível fazendo
aquilo. Às vezes, parávamos naquela posição de tesoura e ficávamos uma estimulando o
clitóris da outra com a ponta dos dedos. Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes
tinha gozado dentro daquele quarto que agora exalava um cheiro muito forte de sexo.
Eu não queria mais parar.
Capítulo 17 – Fixação pelo herdeiro

EU NÃO FAZIA IDEIA quanto tempo havíamos passado ali transando escondidas ou
se tínhamos conseguido nos manter em segredo com todo o barulho que tínhamos feito
em cima daquela cama, mas quando paramos para descansar um pouco, ainda peladas
sobre o lençol, apenas uma coisa me passava pela cabeça:

— Eu topava um ménage agora. Será que o gostoso do seu tio Digo topa me mostrar a
imensa pica dele para mim? Fiquei com vontade de conhecer!

Se com Kelly já havia sido maravilhoso, o que mais podia acontecer acrescentando
alguém que topava sem nenhum receio foder duas ninfetas?

Era o que eu queria descobrir.

No intervalo de tempo que levou entre o chamado de Kelly por mensagem e o nosso
deslocamento até o quarto do próprio Rodrigo, a menina me contou brevemente sobre a
noite em que, finalmente, entregou a sua virgindade a ele sobre aquela mesma cama de
casal e como depois daquele dia, a relação entre eles só tinha melhorado. Assim como
eu, Kelly tinha sido iniciada sexualmente muito precocemente, mas tinha conseguido
preservar o seu hímen por quase dois anos, planejando entregá-lo única e
exclusivamente ao homem que dizia amar. Embora eu tivesse sido comida por vários
caras logo depois, pelo menos, também tinha sido desvirginada pelo homem que mais
amava.

— Brincando de gato-mia uma hora dessas?

Kelly tinha dado a ideia de que nos escondêssemos no escuro até que Rodrigo
respondesse ao seu chamado pelo celular e quando ele entrou, nós duas imitamos
miados de gato para tentá-lo. Quando acendeu as luzes, eu e ela estávamos ajoelhadas
em cima da cama, só de calcinha.

— O que estão fazendo, suas maluquinhas?

Ele tinha ficado realmente surpreso em nos ver seminuas ali. Com toda a atividade
sexual que, pelos relatos contados até então, deviam acontecer naquela casa, eu achava
que os Monterey eram tão devassos quanto os Castilho, mas Rodrigo estava realmente
impelido a garantir que ninguém mais na casa soubesse o que estava prestes a acontecer
ali. Eles eram safados, mas só a portas fechadas. Eu podia gostar daquilo.

— A gente ficou um pouco carente aqui enquanto você trabalhava lá embaixo.

Perto de Rodrigo, Kelly se tornava um verdadeiro bebê dengoso e descobri que aquele
era o segredo da relação entre eles. Enquanto meu pai me via como uma mulher feita,
Rodrigo gostava que Kelly fosse o mais infantil possível. Aquilo me excitava e falei na
mesma hora, olhando entre as pernas dele:
— A Kelly fez muita propaganda do seu brinquedinho e eu fiquei com vontade de
brincar com ele.

Demorou pouco para que minha amiga conseguisse convencer o rapaz de subir sobre
aquela cama de casal e brincar com nós duas. Os olhos pervertidos dele escaneavam
cada centímetro das nossas curvas ali sobre os lençóis, praticamente prontas para o
abate e não havia a menor possibilidade de que ele conseguisse resistir. Na verdade, ele
nem sequer tentou. Eu não fazia ideia onde seus pais ou a sua irmã estavam dentro
daquela casa imensa naquele momento, mas quando o vi tirar a roupa e expor o seu pau
para fora da bermuda, confesso que fiquei impressionada e parei de pensar em todo o
resto.

— Nossa, que grosso!

Sim. Eu disse a frase mágica e ele me deu aquele sorriso cafajeste de homem em
retribuição. Seu instrumento era realmente grande e bem grosso. A propaganda que
Kelly tinha feito não era enganosa e eu já estava louca para experimentar aquela
grandiosidade encaixada em mim.

— Agora você pode brincar, Micaela. O brinquedo é todo seu.

Eu e Rodrigo não tínhamos qualquer intimidade até aquele momento e foi bastante
impressionante a maneira como nos sintonizamos um ao outro logo que subimos sobre a
cama. Todas as pessoas com quem eu tinha transado na vida eram conhecidas minhas
— e sangue do meu sangue! —, havia carinho, intimidade. O herdeiro Monterey era
praticamente um estranho que eu mal havia acabado de conhecer, mas tanto pelas
histórias que a Kelly havia me contado sobre ele quanto por seu irresistível charme, de
repente, eu estava louca por ele e quis demonstrar.

Enquanto Kelly nos observava de perto, eu me deitei de bruços e segurei aquele negócio
enorme antes de dar uma lambidinha e começar, de fato, a chupar. Meu pai tinha me
ensinado os truques e eu já sabia como os caras gostavam de ser mamados. Demorou
pouco para que ele estivesse gemendo de olhos fechados enquanto eu fazia o serviço.
Senti uma euforia fora do comum em ver alguém tão entregue aos meus carinhos.

Segurando firme seu pau, eu dava longas chupadas, o tirava da boca, lambia a saliva
nele e então voltava a engolir, numa repetição duradoura. Ele agarrou meus cabelos por
um instante e foi então que eu o encarei lá de baixo, como papai adorava que eu fizesse
com ele. Elogiei:

— A Kelly tinha razão, tio Digo. É a rola mais gostosa do mundo. Hummm!

Ele deu um sorriso e percebi que chamá-lo de “tio Digo” lhe causava um frisson. Era
bancando a menininha inocente que Kelly o deixava tarado. Comecei a fazer o mesmo.
Depois de deixá-lo bastante assanhado com meu boquete, enfim, decidi tirar a calcinha
e sua cara iluminou ao ver o que eu guardava dentro dela. Fiquei em pé sobre a cama e
ele acariciou as minhas coxas sem tirar os olhos da minha xoxota, me causando um
arrepio.

— Sabia que você era inteirinha ruivinha!

Segurei meus cabelos para cima com uma das mãos e com a outra pousada milímetros
acima do local onde começavam a nascer meus pelinhos, dei dois passos à frente, me
oferecendo. Ele praticamente me atacou feito um animal feroz.

— Puta que pariu! — Gemi — Que delícia… Ahhh!

Enquanto aquele gostoso me segurava pela bunda, metendo sua língua elétrica entre as
minhas dobras, eu gozei intensamente, mordendo os lábios e o segurando pelos cabelos.
Quando consegui abrir os olhos novamente, Kelly estava entre as pernas dele, chupando
seu pau e eu mal conseguia me sustentar em pé, tal era o meu tesão.

Caralho! É a melhor mamada que eu já levei. Ele… Ele… É incrível!

Eu não sei quanto tempo ficamos ali naquele ménage delicioso, mas sei que fizemos de
tudo um pouco. Rodrigo era uma máquina de fazer sexo e conseguiu dar conta
direitinho do nosso fogo no rabo. Em revezamento, conseguiu fazer com que nós duas
ficássemos bastante satisfeitas na cama e quando me pediu para gozar dentro,
encerrando de maneira esplendorosa nossa primeira noite de amor juntos, eu nem sequer
titubeei. Receber o sêmen quente daquele deus do sexo era o mínimo que eu, sua nova
súdita, poderia querer. Eu estava incrivelmente fascinada por Rodrigo Monterey e
certamente o ia querer mais vezes entre as minhas pernas.

Naquela mesma noite, horas depois do sexo a três na mansão dos Jardins, já em meu
quarto e de banho tomado, eu e Kelly começamos a conversar via mensagem. Eu ainda
estava bastante empolgada em ter conhecido Rodrigo e não demorei a puxar o assunto
para ele.

— O seu tio Digo é realmente maravilhoso, Kel. Quando vamos nos divertir com ele de
novo? 😏 😏 😏

Digitando…

— Sossega o cuzinho, sua vaca! Ele é o MEU tio Digo! 😠

— Falando em cuzinho… Eu daria o meu para ele!

Eu estava deitada confortavelmente sobre a cama de meu quarto. A temperatura estava


agradável por causa do ar-condicionado e eu estava vestida com um conjunto de seda
bem curto.
— Humm! Ele come tão bem o meu!

Kelly tinha me contado que as relações sexuais entre eles tinham começado primeiro
com carícias, depois com selinhos e dali para sexo oral. Depois que ela teve o ânus
desvirginado pelo próprio primo Henrique, ela conseguiu convencer Rodrigo a também
penetrá-la por trás e a partir de então, passaram a transar sempre, mesmo na presença de
Natalie, a namorada dele. Aquele assunto estava me excitando.

— Dói muito, amiga?

Eu era inexperiente naquela parte, por mais incrível que pudesse parecer. Haviam
tentado me currar na reunião anual dos familiares, mas ninguém havia conseguido.

— No começo sim — disse Kelly, inserindo um emoji com expressão de dor ao final da
frase —, mas se ele fizer com jeitinho, você acaba gostando depois.

Eu queria muito realizar aquela fantasia sexual com o próprio Rodrigo, mas alguns
quilômetros de distância nos separavam aquele momento e eu nem sabia onde ficava o
seu apartamento na Vila Mariana. Tinha ficado com o tesão a mil, mesmo depois do
começo de noite animado com o herdeiro dos Monterey e Kelly, e senti que precisaria
apelar para o meu pai. Tinha certeza que ele não resistiria a meu pedido insistente.

Enquanto tagarelava com Kelly via WhatsApp, tentei a sorte mandando um “oi” por
mensagem para meu pai e logo em seguida, ele ficou online no quarto ao lado. Desde
que eu e ele havíamos começado a nos relacionar com maior frequência dentro de casa
com o consentimento de minha mãe, raramente eu ouvia sons de cópula vindo do
aposento deles e era bem possível que o coitado estivesse passando vontade com a
esposa desanimada. Por sorte, meu papai tinha a mim para matar sua fome e a sua sede.

— Acordado a essa hora, daddy?

Ele demorou alguns segundos para me responder.

— Checando alguns e-mails do trabalho, meu amor. E você? Está sem sono?

Kelly falava agora sobre o primo Henrique e da diferença que era transar com ele e
transar com Rodrigo. A imagem da santinha virginal que eu fazia dela antigamente tinha
se desfeito completamente e eu agora a via como uma forte competidora ao meu próprio
desejo por putaria. Ainda animada, decidi instigar meu pai.

— Pode checar algo para mim então?

Ao escrever aquilo, eu me virei de quatro sobre a cama e deslizei o short e a calcinha de


maneira que meu cuzinho ficasse evidente. Abri a câmera frontal, bati uma foto e em
seguida, enviei a ele de maneira bastante devassa. Levou apenas alguns segundos até
que ele visse.
— O que acha do meu buraquinho, papai? Gosta dele?

A foto era bastante explícita e eu estava com péssimas intenções ao enviá-la.

— Você sabe o que eu acho, meu amor… Tudo em você é lindo!

Comecei a massagear de leve meu clitóris por cima do short após vesti-lo novamente.
Estava fogosa.

— Você nunca brincou com ele, né? Por que não vem aqui e brinca um pouco? Tô
morrendo de vontade de dar o meu cuzinho!

Aquele dia eu tive que esperar até que a minha mãe dormisse para que papai pudesse se
locomover até o meu quarto pelo corredor. Os dois andavam brigando por questões que
ele não queria me revelar e papai preferia não deixar tão óbvio agora que andava o
tempo todo a fim de foder com a filha. Quando bateu em minha porta, o recebi só de
calcinha e pulei logo em seu colo.

— Demorou, papai! Tava morrendo de vontade!

Enlacei as pernas em torno de seu quadril e Roque já foi apertando a minha bunda
enquanto me tascava um beijo daqueles de língua. Agora éramos amantes. O título “pai
e filha” era só figurativo.

Os amassos perto da porta serviram para deixá-lo ereto e pouco depois de chegarmos a
minha cama, ele já tinha ficado nu e começou a tirar a minha roupa.

— Quer algo especial hoje, meu amor?

Ele tinha me deitado de bruços e beijava o meu bumbum enquanto perguntava aquilo.
Respondi com um “aham” e empinei ainda mais.

— Tá com vontade de dar esse cuzinho lindo, filhinha, tá?

O olhei carente.

— Tô, papai. Tô até piscando de vontade!

Roque viu ali a hora de dar um ataque de oportunidade. Flexionou a minha perna
esquerda e enquanto apalpava a minha raba, começou a me dar um banho de língua.
Gemi conforme aquela língua áspera e grande passeava em meu buraco anal, depois
senti um dedo me penetrando com toda a saliva que havia ficado no lugar. Eu já estava
encharcada.

A experiência da penetração anal me foi bastante dolorosa e durante todo o processo eu


precisei pedir para que meu pai aliviasse um pouco as bombadas. Como eu já havia dito,
Roque gostava de ser um pouco bruto durante o sexo e ele não levou muito em
consideração que eu ainda era virgem.

— Ai, papai! Tira um pouquinho, por favor, por favor!

Ele então tirava de dentro comigo ali arreganhada de costas na cama, fazia uma
massagem em minhas coxas, molhava a cabeça do pau em minha vagina e então tentava
de novo.

— Você tem um cuzinho bem apertadinho, neném. Papai vai lacear, viu?

Ele chegou a enfiar até a metade dentro de mim e eu chorei, mais de dor do que de
prazer. Praticamos por uma hora e meia, e custou muito para aquilo ficar bom.
Estranhamente, por todo o tempo em que estive ali com Roque à meia luz de meu
quarto, eu não conseguia tirar Rodrigo Monterey da cabeça. Era a primeira vez que
pensava em outro homem enquanto estava com meu pai.
Capítulo 18 – Na ilha deserta

NO MÊS DE AGOSTO DAQUELE ANO, as coisas ficaram meio tensas entre meu pai
e minha mãe, mas só muito tempo depois é que fui descobrir que aqueles
desentendimentos, em parte, estavam sendo causados por mim. Apesar de tudo que já
tínhamos feitos os três, juntos, entre as paredes de nossa casa na Saúde, a dona Carla
tinha começado a ficar com ciúmes do meu envolvimento excessivo com meu pai à
noite e mandou que ele se afastasse de mim, o que por um tempo, permitiu que eu
experimentasse novas sensações.

Naquele mesmo mês, iria rolar o aniversário de dezoito anos da minha prima mais velha
Janete, a segunda filha de meu tio Renato, mas praticamente em cima da hora da festa,
fui obrigada a cancelar a minha presença. Kelly tinha aparecido com um convite
irrecusável para um passeio ao litoral com a sua mãe, o Rodrigo e vários de seus outros
amigos, incluindo Natalie e Henrique, e eu vi ali a grande oportunidade de, mais uma
vez, me entregar ao prazer, uma vez que tinha certeza qual era o objetivo daquela
viagem.

Roque e Carla ficaram bastante bravos em saber que eu estava desmarcando um


compromisso agendado há vários dias, mas a própria aniversariante não se sentiu
desprivilegiada. Com jeitinho, expliquei a razão de eu não poder ir mais à sua
comemoração e ela entendeu e me apoiou.

A casa de praia dos Monterey ficava localizada numa região praticamente deserta e a
propriedade havia custado alguns milhões de Reais ao bolso do pai de Rodrigo. Era
naquele lugar que minha amiga Kelly tinha se apaixonado pelo rapaz e enquanto
viajávamos de helicóptero até lá, com o próprio herdeiro de piloto, deu para perceber
toda a euforia da garota ao meu lado em poder voltar para aquele paraíso perdido.

Um outro helicóptero havia partido mais cedo de um heliporto em São Paulo e havia
conduzido não somente a mãe de Kelly, como também seu primo Henrique, a amiga de
longa data da família Rafaela Albuquerque — a irmã do Maxwell — e o irmão de
Rodrigo, Lucas Monterey. Carina e o próprio Max — que agora formavam um casal —
tinham viajado com a gente e foi a maior festa quando todo mundo se reuniu na praia,
em frente ao casarão.

Eu estava há algum tempo sem fazer sexo com ninguém e é claro que eu estava cheia de
fogo. O primeiro a me instigar a perder a cabeça naquela reunião foi o namorado de
Carina, que na maior cara de pau, se aproximou me elogiando para depois me convencer
a ir com ele para um quarto onde, em suas palavras, “me serviria leitinho direto da
fonte”.

Maxwell era um negro forte de corpo sarado e cabeça raspada que possuía uma rola
imensa entre as pernas. Era a maior que eu já tinha visto e tive bastante dificuldade em
dar conta. Confesso que temia que ele, além do boquete, quisesse me comer depois, mas
por sorte, a Kelly apareceu algum tempo depois para me ajudar a dividir aquela colossal
obra da natureza.

Depois de um bate-papo bastante revelador em volta de uma fogueira do lado de fora da


casa — onde descobri que o entrosamento daquele pessoal era bastante grande e de anos
—, o grupo inteiro se dirigiu para a sala quando começou a desabar uma chuva pesada
sobre a praia. Foi ali que eu percebi que não era exclusividade da família Castilho a
perversão e o incesto. Uma verdadeira orgia teve início e a grande surpresa foi ver a
mãe de Kelly em meio a todos eles, bastante solta e bastante solícita a sexo grupal. Foi
impressionante.

Eu mesma acabei sentindo de perto todo o fogo que tanto Kelly alardeava que queimava
o primo Henrique, um deus grego louro de corpo sarado e tatuagem no braço. Ele, Max
e Lucas, o irmão de Rodrigo, souberam se servir muito bem de mim e por um momento,
minha mente voltou a divagar, quase como havia acontecido em meu primeiro
gangbang. Por mais pervertida que eu me sentisse quase sempre, às vezes, meu cérebro
me desligava em situações mais excessivas e depois dali, busquei um refúgio nas figuras
que me eram mais familiares. Com jeitinho, convenci Rodrigo e Kelly a fugirem
comigo para um dos quartos da casa e a suruba prosseguiu na sala.

Eu estaria me enganando se não admitisse a mim mesma que havia ficado balançada por
Rodrigo Monterey desde a primeira vez que tínhamos ficado juntos em sua mansão nos
Jardins e quase não consegui esconder de Kelly o quanto estava animada em, mais uma
vez, poder dividi-lo com ela. Mal ficamos a sós, eu tratei de demonstrar a ele o quanto o
queria e o gato ficou bastante empolgado, mesmo com sua “sobrinha” toda oferecida ali
a nosso lado.

Eu tinha ficado igualmente excitada pelos carinhos mútuos trocados com Kelly na
mesma oportunidade em que conheci melhor Rodrigo e usei daquela nossa química para
deixá-la completamente a mercê dos meus caprichos. Com nós três juntos, quanto mais
eu a satisfizesse com meus beijos e carícias, menos ela perceberia o quanto eu estava
louca pelo grande amor da vida dela.

Outra vez, fizemos de tudo em cima daquela cama. O quarto onde estávamos era
bastante arejado e ficava afastado da sala por um corredor, o que também abafava o som
da chuva torrencial que desabava no litoral. O barulho das janelas reagindo ante a força
do vento, o ressoar da água caindo no telhado, a nossa temperatura crescente sobre a
cama… Tudo estava colaborando para aquela que considerei uma das melhores transas
da minha vida.

Eu mal tinha acabado de aprender a fazer sexo anal e quando percebi, lá estava eu, pela
terceira vez tendo meu cuzinho surrado por um pau grande e grosso. Diferente de Roque
e de Henrique que tinham sido bem brutos, Rodrigo sabia pegar com jeitinho e com ele
não senti qualquer dor. Eu estava de quatro na cama, ao lado de Kelly, na mesma
posição, e tudo que eu queria era sentir aquela delícia ainda mais dentro de mim. E ele
era uma máquina de foder!

Depois de muito tempo revezando entre nossas bucetinhas encharcadas e em nossos


buraquinhos, eu quis provar para ele que era melhor que a Kelly e pedi que ele jorrasse
dentro de mim outra vez, como tinha feito na casa dos Jardins. A garota já tinha me
confessado que raramente o deixava gozar dentro, mas eu não tinha aquele pudor. Eu
tinha sentido o quanto ele havia gostado de fazer da primeira vez e o incitei:

— Goza dentro de mim, tio Digo. Me deixa toda melada, vai!

Ele então me pegou de frente, me deixou aberta na cama e enfiou com toda vontade
dentro de mim. O segurando pelos braços, com cara de desespero no rosto, o puxei para
cima e ficamos fodendo sem parar, com ele soltando todo o peso sobre o meu corpo.
Rodrigo era bem maior que eu e o cheiro de suor em sua pele estava me deixando louca.
Comecei a arranhar as suas costas e entre gemidos, pedia para que ele não parasse.

O som molhado da penetração passou a ecoar dentro do quarto. Ele metia sem qualquer
pena e eu abri mais as pernas para aguentar toda aquela tensão. Estava acabando
comigo, mas eu não queria que parasse. A sensação do orgasmo me cegou por um
tempo e me desmanchei em um ofego longo e grave sob seu corpo. Depois daquilo,
imaginei que teria ficado óbvio para Kelly o quanto eu estava curtindo — mais do que
devia até — aquela transa com o seu homem, mas na hora, eu queria que tudo se
fodesse. Que ele me fodesse!

— Ai, tio Digo… Eu… Eu vou gozar…

Minha voz saiu num miado e após o anúncio, gozei de novo, agora com mais escândalo.
Por sua expressão, percebi que também tinha chegado a hora dele e me preparei, de
boca aberta, com a respiração descompassada e inteiramente melada lá embaixo.
Quando senti o esperma banhar a minha buceta tão internamente, eu fechei os olhos e
abri um sorriso largo no rosto. Naquele breve instante, eu fui a mulher mais realizada do
mundo.
Capítulo 19 – Obcecada

AQUELE ENCERRAMENTO APOTEÓTICO tinha esgotado as nossas energias e por


um tempo, ficamos só deitados sobre a cama larga a ouvir o barulhinho da chuva do
lado de fora. De vez em quando, eu escutava um ou outro gemido pela casa e tinha
certeza que a orgia continuava rolando em algum lugar.

Kelly se deitou bem perto de Rodrigo e acabou adormecendo enquanto ele lhe fazia
carinhos nos cabelos alourados. Eu estava cansada, sentia o corpo bastante dolorido em
áreas específicas, mas tão logo percebi que a minha amiga tinha desmaiado exausta,
comecei um diálogo com ele.

— Você é tão safado, tio, Digo!

Eu me virei de bruços na cama e ele se deitou um pouco mais relaxado na cama entre
nós duas. O titã entre as pernas estava adormecido com a cabeça sobre uma de suas
coxas.

— Eu machuquei você?

Eu ainda tinha energia para bancar a safada. Me espreguicei de maneira que ele pudesse
observar bastante os meus seios e em seguida o olhei, com cara de apaixonada.

— Não, é claro que não. Foi a melhor transa da minha vida, sabia?

Pior que estava sendo sincera. Ele deu um risinho canalha.

— Você também é ótima, Mica… Tem um fôlego… Uau!

Ele tinha cometido o erro de me envaidecer. Me movi na cama e encostei o meu corpo
no seu. Dali, se quisesse, ele podia tocar a minha bunda empinada em sua direção.

— Eu tenho mesmo, mas você acabou comigo.

Dedilhei o abdômen dele. Havia pelos que cobriam a região até o seu peito. Acariciei de
leve e tomei o cuidado de ver se Kelly continuava dormindo. Estava até roncando.

— Quase posso dizer que a gente tem uma química grande. Você me pegou de um
jeito… Nossa! Com tanta vontade!

Foi a vez de ele verificar o sono da nossa acompanhante de cama. Seus olhos se
voltaram para os meus e ele deslizou o polegar em meu rosto.

— Não dá para negar. Você é um tesão!

Sem muita cerimônia, esfreguei a mão esquerda espalmada em cima de seu falo e o
senti reagir ao meu toque.
— A gente bem que podia voltar a se encontrar para aproveitar mais dessa nossa…
Química especial.

Eu comecei a massagear Rodrigo em sua área erógena, e feito uma fênix ressurgida das
cinzas, em pouco tempo, lá estava ele todo espigado outra vez.

— Melhor não, Mica…

Ele estava reticente por causa de Kelly, mas eu não me importei. Desviei os olhos
daquela rola gostosa para o seu rosto.

— Jorrou daquele jeito dentro da minha xaninha e já está assim de novo? Uau!

Abri a boca em provocação e avancei em seu membro, dando uma experimentada.


Suguei de leve a cabecinha e vi que ele ainda estava sensível. Se retesou.

— Tão duro… Humm! E tem um gosto… Uau!

Sem conseguir se controlar mais, ele segurou a minha nuca e empurrou de leve a minha
cabeça, me incentivando a engoli-lo mais. Perdi o fôlego um estante e salivei, fazendo
um som de sufocamento. Ele aliviou a pressão em minha nuca e me deixou fazer do
meu jeito. Chupei a glande, engoli até o meio, masturbei com a mão e lambi até seus
testículos.

— Você é muito boa, Mica… Caralho!

Sorri e em seguida, dei uma última chupada. Tinha ficado excitada com aquela carícia
nele e projetei meu tronco do colchão com os braços, levando a minha boca até a dele.

— Por que não me pega de jeito mais um pouquinho enquanto a Kelly dorme, tio Digo?
Eu já tô prontinha, olha…

Segurei sua mão e o fiz passear em minha xota. Eu estava molhada novamente.

— Você é mesmo uma tentação!

Após sussurrar aquilo em meu ouvido e de morder de leve o meu lóbulo direito,
Rodrigo me segurou por baixo dos braços e me puxou para cima dele. Gemi só em
sentir aquele pedaço grande de pau roçando entre as minhas pernas e no momento
seguinte, ele estava me beijando na boca enquanto me sentava em seu colo. Eu mesma
fiz questão de posicionar sua glande em minha entrada, depois disso, escorregou fácil
para dentro. Sem movimentos bruscos, sem socadas fortes, ficamos transando bem
devagar, de maneira delicada, enquanto nos encarávamos. Eu não estava acostumada a
ser tratada daquele jeito e de repente, me vi tendo um prazer que eu nunca tinha sentido
antes. Não daquela forma.

— Oh, Deus… Como… Como você é incrivelmente gostoso, garoto!


Eu fiquei segurando seus ombros e as mãos dele desceram para a minha bunda.
Apertava e alisava conforme metia tudo dentro de mim. Eu estava sentada aberta de
frente e reclinava a cabeça, cheia de tesão com aquela sensação tão carinhosa de prazer.

— Confesso que não sinto isso por alguém há algum tempo… Transar contigo é…
Delicioso!

O beijei na boca e o senti bastante afoito enquanto serpenteava a sua língua na minha.
Deixei escorrer um filete de saliva em meus lábios que ele tratou de sorver, me beijando
ainda mais intensamente. Nem meu pai fazia daquele jeito, e ele era, até então, a minha
expressão máxima de homem.

— É assim que você faz com a Kelly, seu safado?

Eu era obrigada a interromper as frases com gemidos. Ele estava inteiro dentro de mim
e eu continuei sentando devagar.

— É assim que você a deixou perdida de amor por você?

Um novo beijo e então, ele apertou minha bunda mais forte. Segurou por baixo, esperou
o pau sair de dentro e soltou meu peso de volta. O som da fincada ecoou. Gemi e senti
um orgasmo chegar.

— F-Faz de novo…

Segurou minha bunda, tirou de dentro, soltou meu peso, socou outra vez. Aquilo era
delicioso e me contorci em seu colo num gozo descontrolado que fez eu me tremer toda.
Ele ficou lambendo a minha boca enquanto eu delirava de olhos fechados e quando
voltei para o planeta Terra, de volta das estrelas para onde ele havia me enviado, o
abracei e confessei de uma maneira que nunca tinha feito com ninguém, nem na época
que eu era só um objeto sexual de meu pai:

— Eu estou completamente apaixonada por você!

Ele massageou minha bunda e brincou com um dedo em meu cuzinho, me causando
arrepios. Deu um sorriso, lambeu minha boca, desceu com a língua em meu pescoço e
abocanhou meu seio esquerdo. Eu estava rendida.

— A gente só se conhece há pouco tempo.

Inclinei o corpo e esfreguei o outro peito em seu rosto. Ele mordiscou o mamilo sem
parar de me comer.

— Bastou um toque seu para me deixar perdida.

Eu sabia que não devia estar dizendo aquelas coisas em voz alta, na mesma cama em
que a minha amiga repousava após uma tarde cansativa de sexo, mas me deixei levar
por Rodrigo. Tudo nele me deixava maluca. O olhar safado, o sorriso canalha e até o
cheiro do seu suor. Eu queria ficar ali em cima dele a vida toda e então ouvimos sons do
lado de fora e a voz de Natalie ecoou no corredor. Por maior que fossem as liberdades
que eles tivessem naquele relacionamento aberto, vê-lo transar com a amiga da prima
sobre uma cama de maneira tão íntima não deveria pegar tão bem. As regras sociais das
orgias me confundiam.

— Não para não, por favor…

Sob meus protestos, Rodrigo foi obrigado a interromper nossa transa e após me tirar de
cima carinhosamente, ele se levantou. Havia um rastro molhado que ia de seus
testículos até bem próximo da barriga e eu sabia que ele estava impregnado agora do
meu mel.

— A gente marca outra vez de se encontrar.

Depois daquilo, eu o vi sair nu pelo quarto e eu tomei aquela frase de despedida como
uma promessa. Ainda estava cheia de fogo, mas sentia que podia dormir com aquela
lembrança em mente. Eu conheci o homem mais delicioso do universo!
Capítulo 20 – Louca obsessão

COMO ERA O MÊS DE AGOSTO, eu já estava criando expectativas para a reunião


anual dos Castilho, mas em casa, pelo andar da carruagem, aquela seria uma das piores
confraternizações dos últimos anos, uma vez que papai e mamãe continuavam se
estranhando. Como ele queria, eu tinha me afastado por um tempo evitando procurá-lo
de madrugada ou pedindo para dormir junto deles na cama do casal, por essa razão, eu
comecei a subir pelas paredes depois daquele fim de semana na casa de praia dos
Monterey.

Tirando o meu pai, eu sabia que sempre tinha os meus primos para me aliviar de vez em
quando, mas depois do que tinha acontecido entre eu e Rodrigo, não queria mais saber
de Cleber, Pedro ou mesmo as meninas. Eu tinha ficado obcecada pelo herdeiro bonitão
e batalhei na semana seguinte para arranjar um momento a dois com ele, tudo pelas
costas de Kelly que ficaria bastante incomodada se descobrisse.

O meu motorista era um dos caras mais discretos que trabalhava para os Castilho e
quando eu pedi que, após a saída da escola, ele me levasse até a Vila Mariana para a
sede da Construtora Monterey, ele nem sequer me questionou.

Era por volta das dezenove horas, eu já estava bastante impaciente aguardando que o
carro de Rodrigo saísse do estacionamento privativo do prédio quando finalmente o vi
apontando a saída. Mandei que Valmir, o chofer, seguisse de perto o Jeep com nosso
Mercedes, e mais uma vez, ele seguiu minha ordem sem questionamentos.

O Renegade de Rodrigo encostou poucos minutos depois em um prédio de apartamentos


no mesmo bairro a algumas quadras depois da construtora, e nessa hora, pedi que
Valmir fosse ágil e estacionasse antes que o carro escuro embocasse dentro do
estacionamento. Eu estava correndo sérios riscos de dar de cara com Natalie Schneider
quando fizesse aquela tentativa desesperada de me aproximar do cara que eu estava a
fim, mas sentia que valia o risco. Mandei que Valmir seguisse viagem de volta até nossa
casa na Saúde e ele ficou de retornar, caso eu precisasse dele. Segundos depois, estava
batendo no vidro do lado do motorista do Jeep e antes de avançar pela cancela do
estacionamento, Rodrigo me viu.

— Mica? O que você está fazendo aqui?

Ele parecia bastante surpreso em me ver e o porteiro do prédio ficou nos encarando, ao
lado da cancela.

— Fiquei com saudades. Então é aqui que você mora?

Eu me debrucei na janela do Jeep e dei-lhe um beijo no rosto. Olhei para o alto do


prédio e o encarei de volta, esperando alguma reação. O máximo que ele podia fazer era
me dar um toco e me mandar para casa, mas em vez disso, convidou:
— Eu estava subindo para casa… Vem. Entra.

Dei a volta no carro com o coração saltitando e entrei no Jeep. Do lado de dentro, dei
um tchauzinho para o porteiro que ficou com uma risadinha maliciosa na cara. Não
fazia ideia o que o sujeito devia estar pensando daquela minha atitude intempestiva.

Enquanto subíamos até o décimo andar, levei uma bronca disfarçada de brincadeira por
ter aparecido daquele jeito bem na frente de Alcides, o tal porteiro, mas Rodrigo me
explicou que aquele início de noite estaria sozinho em seu apartamento. Natalie era
fotógrafa e estaria envolvida na produção de um catálogo de moda fora da cidade e
dormiria em um hotel. Eu não poderia ter tido maior sorte. Eu o teria só para mim por
várias horas.

O apartamento dos Monterey era grande, arejado e possuía uma vista maravilhosa da
janela. Era equipado com três dormitórios — dois dele suítes —, lavanderia, sala de
estar ampla e tudo ali parecia ter o cheiro dele. Aquele cheiro que me deixava acesa.

— Seus pais não vão estranhar que o motorista chegue em casa sozinho?

Logo que entramos, ele colocou a bolsa que trazia no ombro sobre o sofá e pediu que eu
me sentasse. Botou as chaves do carro em um suporte perto da porta, tirou os sapatos e
ligou a climatização ambiente.

— Eu já te disse que sou praticamente emancipada? — Apoiei meu queixo sobre o


encosto do sofá e o fiquei encarando dali. Ele começou a soltar o nó da gravata roxa que
usava e tirou a camisa de dentro da calça. Comecei a pensar coisas pervertidas. — Meus
pais quase nem percebem quando eu saio ou chego em casa. A essa hora, devem estar os
dois em algum lugar por aí, na rua. Nem vão se dar conta que a filhinha não chegou da
escola.

Ele sorriu. Abriu duas casas de botões da camisa, arregaçou as mangas longas e indicou
uma entrada ao fundo com o polegar.

— Aceita alguma coisa para beber?

Balancei a cabeça, ainda na mesma posição, aconchegada no encosto do sofá.

— O que você quiser me servir.

Alguns minutos depois, Rodrigo voltou com dois copos de suco de cupuaçu e me
passou um. Sentou-se a meu lado, ajeitou a barra da calça social e me viu endireitar a
minha postura. Mantive uma das pernas flexionadas e sentei em cima. O suco estava
gostoso.

— Que ideia foi essa de aparecer assim sem me avisar?

Ele não parecia bravo, mas aquela pergunta tinha jeito de bronca.
— E como eu avisaria? Não tenho o seu número!

Fiz voz de inocente e terminei com um beicinho. Ele me encarou, tomou um gole da
bebida e disse:

— E como foi que descobriu o meu endereço?

— Preciso ser sincera… — Eu então empurrei meu quadril um centímetro para o lado
dele e colei a minha coxa na sua — Eu mandei meu motorista seguir você na saída da
construtora. — Fiz charme, metendo o dedinho mindinho entre os lábios — Fiz muito
mal?

Ele deu outro gole no suco e depois pousou o copo sobre a mesinha envidraçada.

— Você poderia me arranjar uma baita encrenca, sabia?

Abaixei os olhos. Ele estava falando da namorada, com certeza. Eu realmente não fazia
ideia como funcionava o tal poliamor que tanto ele e seus amigos tinham alardeado na
praia, naquele lance de eles terem parceiros fixos, mas com autorização de pegar quem
mais quisessem dentro do grupo. Eu realmente estava forçando uma situação.

Eu devia ter me informado melhor com a Kelly, pensei.

— Desculpa. Não fiz por mal. Eu só fiquei com muita saudade!

O jeito foi apelar para o dengo. Ele não resistiria a uma gatinha ruiva e de olhos verdes
fazendo charminho na sua frente. Ou resistiria?

— Desta vez passa, mocinha.

Ele ficou sério por um segundo, depois, abriu um sorriso. Eu estava perdoada.

Rodrigo encurtou ainda mais o espaço entre nós no sofá e entendi aquele gesto como
uma abertura para que eu me soltasse. Era isso ou eu que estava realmente com muita
vontade de sentar nele!

— A Kelly sabe que você veio?

Ele me recebeu em seu colo sem qualquer reprimenda e me sentei de frente para ele
após deixar o copo junto ao outro sobre a mesa de vidro.

— Não. Esse é mais um segredinho nosso, tá?

Da distância em que estávamos, eu já podia sentir o hálito dele, além do perfume


francês que recendia de seu cangote.

Ai, que cheiro bom!


Suas mãos pousaram com delicadeza em minha cintura e eu me ajeitei dando uma
esfregada caprichada. Senti uma ereção começar por dentro da calça.

— Que história é essa de saudade? A gente se viu tem pouco tempo, lá na praia…

Fiz um carinho em sua nuca e senti os cabelos lisos entre meus dedos. Não parei de
encarar seus olhos castanhos.

— Eu disse que você me deixou fascinada. Um dia longe vira um mês e uma semana
então… É como se fosse um ano!

Eu nem acreditei que eu estava mesmo falando aquelas coisas. Eu, Micaela, romântica?
E logo com ele, duplamente comprometido? Ou triplamente, se a mãe de Kelly também
estivesse tirando uma casquinha daquele gostoso?

— E o seu namorado? Como ele fica nessa história?

Eu duvidava que ele conversasse sobre mim com Kelly e sabia que aquele papo era puro
verde que estava jogando para colher maduro. Pensei um segundo se contava que desde
o início da adolescência o meu único namorado fixo era o meu próprio pai, mas mesmo
sabendo de todas as putarias que eles, os Monterey, faziam entre si, achei melhor
preservar meu segredo.

— Eu sou solteira, gatinho. Não tem ninguém com quem se preocupar.

Eu avancei em seus lábios e ele permitiu que eu o beijasse. Suas mãos ganharam espaço
em minha bunda dando uma afofada e aquele movimento me grudou ainda mais nele.
Rodrigo ficou só saboreando meus lábios e eu tive a iniciativa de encostar a minha
língua na dele. O danado veio afoito em seguida e me deixou até sem ar.

Hum, que delícia de beijo, pensei, já ficando quente.

— Você sabe que o que estamos fazendo é errado, né? Tem a minha namorada, tem a
Kelly…

Me afastei um pouco dele. Suas mãos massagearam minha bunda, peguei a barra do
uniforme do colégio e levantei. Sem nenhuma dificuldade, me livrei da roupa, em
seguida, abri o fecho de meu sutiã branco.

— Ah, é? E alguma das duas tem seios lindos e cheios de sardas como os meus?

Aquilo era um xeque-mate. Ninguém resistia aos meus peitos. Rodrigo os olhou com
saliva na boca e eu me ergui o suficiente para que o bico esquerdo ficasse a seu alcance.
Mais que depressa, senti sua língua circundar de leve, depois ele deu uma chupada,
começando a engolir inteiro aos poucos.
— Eu vi a sua cara a primeira vez que me olhou sem roupa na sua casa… Não parou de
olhar para os meus peitos. Eu tô aqui. Pode mamar gostoso!

Eu estava nadando em território de tubarões. A namorada do cara era um baita avião


todo curvilíneo, além do que a prima mais velha da moça também não era nada de se
jogar fora. Por mais que eu me achasse gostosa — e sim, eu me achava — a competição
era dura.

A minha sorte era que caras como ele, se ligavam em um corpo novinho e fresco como
o meu. Eu era um tremendo banquete e ele estava morrendo de fome.

Depois de chupar as minhas tetas, o safado me virou de costas para ele no sofá e
começou a abaixar a minha calça. Não teve qualquer pudor de também tirar a minha
calcinha, e num instante, senti uma estocada por trás. Aquele pau delicioso tinha saído
para dar um oi. Abri a porta dos fundos. Não podia deixar as visitas esperando.

Eu realmente tinha gostado de fazer sexo anal com ele, e depois dele umedecer a glande
com sua própria saliva, o cachorro meteu em mim sem perder muito tempo. Aquele era
um sinal claro que eu tinha feito um bom trabalho lá na casa de praia.

Com tranco suaves, Rodrigo sabia esperar que o cuzinho deflorado se acostumasse a sua
grossura e quando aquilo aconteceu, ele me botou de quatro e passou a enfiar mais forte.
Inteira arrepiada e cheia de tesão, comecei a dar gritinhos para ele saber que eu estava
curtindo e não parei de incitar.

Paramos algum tempo depois para que ele terminasse de me despir e tão logo ficou
igualmente sem roupa, ele fez eu ficar de frente e voltou a afundar o pau em meu cu.
Levantando o meu quadril com as mãos firmes, deixou que eu cadenciasse o movimento
de entra e sai, aproveitando cada uma das minhas expressões de prazer. Eu tinha
procurado por aquilo, estava carente, e o danado sabia me satisfazer direitinho.

Depois da enrabada, ele se levantou e pediu para que eu o chupasse. Obedeci e fiz o
meu melhor. Enquanto eu o engolia, me esforçando para enfiar tudo na boca, ele ficou
gemendo e me elogiando.

Sorri e continuei chupando, até deixá-lo em total desespero. Eu já estava encharcada e


estava prontíssima para engolir aquela delícia dura pela buceta. Ele me sentou em seu
colo de frente, posicionou a cabeça e deixou deslizar devagar para dentro, me deixando
em êxtase.

— Ah, que delícia, tio Digo!

Ao me ouvir chamá-lo daquele jeito, o homem me agarrou e me deu um beijo de língua


avassalador. Começou a meter embaixo feito uma britadeira e eu gozei a primeira vez
ali.
Capítulo 21 – Escandalosamente ousada

DEPOIS DE ME VER CONTORCER em cima dele, Rodrigo me levantou o quadril na


altura de sua boca e me deu uma chupada bastante barulhenta. Me sentou novamente,
socou duas, três, várias vezes, depois repetiu o movimento, chupando os meus lábios,
embaixo dos pelos ruivos.

— Ah, que delícia, meu tio Digo! Assim… Assim acaba comigo!

Na terceira chupada, eu segurei a sua nuca e fiquei empurrando o quadril contra ele,
gozando de tremer a perna. Ao concluir meu orgasmo, ele fez questão de me deixar
bastante arreganhada para ele e esfregou a glande em meus lábios. Estávamos os dois
bastante melados agora. Confessei, ofegante:

— Você… Não é desse mundo!

Ele me deu mais um beijo na boca, depois, me pôs de quatro outra vez. Segurou firme
meus cabelos e começou a meter em minha xota por trás. Eu me inclinei toda no braço
do sofá e ele ficou ajoelhado atrás de mim bombando com bastante vontade.

— Sua bucetinha é tão molhada… Não dá vontade de parar!

A partir daquele momento, nem conseguia mais dizer minhas putarias. Comecei a gemer
e a sentir um espasmo de gozo atrás do outro. Passei a entender porque Kelly tinha se
apaixonado por aquele cara e porque tantas outras garotas queriam dar para ele. Eu
queria muito ser sua nova amante fixa.

Algum tempo depois daquela trepada maravilhosa, Rodrigo me apresentou o seu


escritório ao final do corredor e enquanto bebíamos água para reidratar e esperar o
fôlego voltar, eu pedi que ele me mostrasse mais sobre a Construtora Monterey. Eu
tinha vários outros assuntos para levantar com ele, mas queria me sentir mais íntima, me
aproximar daquilo com a qual trabalhava. Eu era uma menina, mas sabia que valorizar o
trampo dos caras contava pontos a favor. Se eu queria mesmo que ele ficasse viciado em
mim, precisava bancar a interessada.

— Quer dizer que é você quem vai mandar em tudo isso quando o seu pai se aposentar,
gatinho?

Eu tinha vestido uma de suas camisetas e estava usando a minha calcinha por baixo. Ele
estava sentado na poltrona diante da escrivaninha e nós estávamos a olhar para o site da
construtora em sua tela de 25’’. Sua mão esquerda fazia carinho em meu corpo
enquanto eu me mantinha sentada em seu colo e foi realmente muito gostoso senti-lo ali
à vontade.
— Tem sido uma longa batalha para aprender todo o ofício de um grande administrador
no ramo da construção, Mica, mas com o tempo, eu chego lá. Tenho recebido muita
ajuda.

Ele pousou o seu queixo em meu ombro e eu fiquei fazendo carinho em seu rosto. A
barba cerrada já podia ser sentida por meu toque.

— Está falando daquela tal de Natasha…

Imprimi um óbvio tom de ciúmes em minha fala. Com o fogo que o consumia, a
secretária devia ter sido uma das vítimas de seu abate. Eu não a culparia!

— Sim, principalmente dela. A Tasha tem me auxiliado bastante nessa minha transição
entre o recém-formado executivo para o futuro herdeiro da porra-toda. Ela é
maravilhosa.

Emburrei. Ele percebeu.

— Aposto que vocês já transaram!

Ele deu uma risada canalha que o entregou, mas mentiu:

— Nossa relação é profissional, Mica. Oito horas diárias, quarenta e quatro horas
semanais de puro trabalho. Nos negócios não tem espaço para casos entre patrão e
secretária.

Me virei para ele o olhando por sobre o ombro. Senti seus dedos acariciando mais
próximo da minha virilha e ri.

— Mente que nem fica vermelho!

Dei-lhe um beliscão no braço, ele disse “ai”, e em seguida, continuou mostrando mais
algumas imagens de projetos em São Paulo que sua empresa tinha criado. Pensei
comigo mesma que aquele era o momento mais romântico, não necessariamente
envolvendo apenas sexo, que já havia vivido com um homem.

Algum tempo depois, aproveitei para acessar o site da Suares & Castilho e Rodrigo me
explicou pacientemente alguns termos técnicos do mundo da construção civil e da
engenharia. Aproveitou para dizer que as duas construtoras, às vezes, entravam em
disputa para conseguir a conta de um mesmo cliente e que ganhava no final quem
apresentasse maiores benefícios ao cliente.

— Aposto que a Suares & Castilho ganha sempre da sua Monterey!

Disse aquilo com tom provocativo e levei uma palmada no traseiro. Em seguida,
carinhoso, ele virou meu queixo e me depositou um selinho na boca.
— Os seus tios são bastante conhecidos no mundo da construção civil e urbana, mas é o
João Suares quem meu pai mais teme a frente dos negócios. Os dois tiveram uma briga
séria no passado e depois que a sociedade acabou, se tornaram rivais ferrenhos.

— Que bobos! Se tivessem ficado juntos, hoje, provavelmente a Monterey seria


imbatível, né?

Ele teve que concordar.

— Quem sabe um dia eles fazem as pazes!

Ele emitiu um muxoxo, considerando aquela possibilidade nula. A mão esquerda enfim
alcançou minha virilha e ele ficou acariciando de leve meus pelinhos por cima da
calcinha. Comecei a me excitar de novo.

— Você disse que a sua mãe possui um estúdio de arquitetura na Vila Mariana, não é?

Acenei que sim. Ele tinha uma ótima memória. Tinha dito aquilo há bastante tempo,
durante a viagem de carro até a sua casa nos jardins e ele ainda se lembrava.

— É um estúdio chamado A3?

Me sentei melhor em seu colo e fiquei de lado, o encarando.

— Esse mesmo. Você conhece?

Eu já estava ficando toda arrepiada com aquele polegar indo e vindo em minha virilha.
Ele riu e assentiu.

— O prédio fica praticamente de frente para a Monterey. Vários de nossos clientes já


trabalharam com o estúdio da sua mãe e é bem comum que as empreiteiras para as quais
prestamos serviços, às vezes, consultem a A3.

Eu tinha ficado abismada o quanto o meu círculo de convivência e a minha própria


família se ligava à Kelly, aos Schneider e aos Monterey sem que eu me desse conta.

— Isso é tão incrível! A gente se conhece há tão pouco tempo, mas já temos tantas
ligações um com o outro! Acho que é o destino querendo nos aproximar cada vez mais.

O beijei na boca. Aquele foi um beijo cheio de carinho, delicado, e acabei soltando um
gemidinho no final. Rodrigo me abraçou e percebeu que eu fiquei um pouco mole.
Pousei a minha cabeça em seu ombro forte e confessei:

— Queria muito que a gente tivesse se conhecido em uma outra situação… Você
solteiro, eu maior de idade, dona da minha própria grana, da minha própria vida… Teria
sido perfeito!
A mão que acariciava minha vagina deu a volta e agora agarrou a minha bunda. O
encosto da cadeira rangeu com o esforço de sustentar os nossos corpos fazendo peso, ele
falou baixinho:

— Eu também gostaria muito disso.

De olho semicerrados, lábios afastados, passei a minha camisa sobre os meus ombros e
voltei a lhe exibir os seios. Sem muita hesitação, ele apalpou os montes com as duas
mãos firmemente e aquilo me deu coragem de dizer:

— Me fode gostoso de novo, tio Digo? É tão bom sentir você dentro de mim!

Ele me olhou fixamente por poucos segundos, levou cada um dos meus mamilos a boca,
me chupou, em seguida avançou em minha calcinha. Puxou o cós, desceu a peça pelas
minhas coxas, segurou meus tornozelos e jogou em cima do teclado. O olhei admirada e
sem dizer nada, aquele homem gostoso me trouxe para junto de seu corpo, me levantou
nos braços e caminhou comigo para o quarto, até a cama que costumeiramente dividia
com a namorada loira.

Tão logo senti a maciez do lençol em minhas costas, seu corpo pesou sobre o meu e
voltamos a nos beijar na boca. Estava ficando cada vez mais intenso deixá-lo fazer
aquilo. Seus lábios desceram para o meu pescoço, ele chupou um a um os meus peitos
deixando os bicos duros, lambeu da minha barriga até meus pelos e atacou a minha
buceta. Eu me abri e o deixei se fartar. Ele passou a língua em meu sino, mordiscou com
os lábios, chupou, voltou a lamber e então fez um movimento circular lá dentro. Sorveu
todo o suco que eu tinha derramado e então, esperou até que eu derramasse mais. Eu
estava praticamente em lágrimas lá embaixo. Ficava melada bastante fácil e com ele, era
ainda mais.

Ele me chupou, me chupou, me chupou… Quando eu já tinha perdido as contas de


quantas vezes tinha gozado, ele se deitou em cima de mim, meteu dentro e ficamos
trepando por mais de uma hora em cima daquela cama. Chorei por cima e por baixo
várias vezes e ele me deixou fazer bastante escândalo. Adorava me ouvir gemer e gritar
bem gostoso.
Capítulo 22 – Encontro marcado

DEPOIS DE NOSSO ÚLTIMO encontro em seu apartamento, tentei de tudo para voltar
a entrar em contato com Rodrigo, louca de saudades dele e daquele seu corpo másculo,
mas descobri por Kelly, que Natalie o estava cercando bem de perto e não o estava
deixando livre por muito tempo.

Sozinha em casa depois das aulas, passei a me masturbar mais que de costume pensando
nas transas espetaculares com aquele homem e até encomendei alguns brinquedinhos
sexuais pela internet com o intuito de aliviar a minha carência. Chegava em casa,
tomava um banho, me deitava nua na cama e me masturbava com dildos de vários
tamanhos e espessuras. Sentia uma necessidade grande de ser preenchida, mas dessa
vez, não era por mais ninguém além dele. Eu estava realmente obcecada por aquele
homem e só muito tempo depois é que comecei a entender a razão de todo aquele
fascínio.

Na segunda semana de setembro, vários dias de seca depois, puxei assunto com Kelly
via WhatsApp, e curiosamente, descobri que a minha melhor amiga estava enfrentando o
mesmo problema que eu: Falta de sexo.

Desde a viagem para a o litoral em que tanto ela quanto eu havíamos transado com
Rodrigo na casa de praia, a garota não tinha se relacionado com mais ninguém e andava
subindo pelas paredes. Diferente de mim que até tinha algumas opções se quisesse,
Kelly era bem mais solitária e depois de passar vários anos apenas dando para o primo
Henrique, que agora morava no Rio de Janeiro com a noiva Valéria e para o próprio “tio
Digo”, ela não tinha muito mais a quem recorrer no quesito sexo casual. De repente, vi
naquela conversa noturna uma chance de não só resolver o problema da minha amiga
como também o meu. Eu pretendia afastá-la de Rodrigo.

— E aí, vadia? Acordada ainda?

Ela me chamou a atenção para uma conversa quente que estava tendo com o primo por
mensagem. Os dois costumavam trocar nudes e vídeos eróticos de vez em quando e ela
reencaminhou uma foto dele sem roupa para que eu também visse.

— Caralho! Que rola deliciosa! — Respondi — Até chorei aqui! 😢

Henrique era realmente muito bem servido e nem preciso dizer que toda aquela
conversa me deixou bastante atiçada. Eu ainda estava em abstinência sexual e ver um
pau grosso e cheio de veias daquele àquela hora só aumentou a minha necessidade.

— Uma delícia, né, miga? — Indagou ela — E pensar que eu já sentei gostoso nela! 🍆🍑

— Que vaca!
Kelly passou a me reencaminhar cada foto que Henrique mandava para ela em sua
conversa safada e me surgiu certa curiosidade. Eu ainda não tinha o contato de Rodrigo,
mas queria muito poder bater um papo com ele de vez em quando, quem sabe, naquele
mesmo clima de intimidade.

— E com o seu tio Digo? Rola essas putarias também?

Ela não demorou a responder:

— Antes rolava mais vezes. Agora menos. 😭

— Mas trocava nudes com ele?

— Curiosa você!

Ela adorava fazer um charme. Éramos bastante íntimas àquela altura, mas sempre
tentava manter certas coisas no ar, em segredo. Insisti:

— É claro, piranha! Eu sei que você é louca por ele! Rolava uns nudes?

Kelly estava buscando algo na galeria de fotos, e em seguida, me enviou uma foto de
Rodrigo nu, de perfil, com o pênis duraço a escorrer água sob o chuveiro. Minha buceta
ferveu só de olhar.

— Faltou ar aqui, miga. É uma bela pica! Saudades dela dentro de mim! 🍆

Não tinha sido nada sutil, admito.

— Ele não está online agora pra gente pedir um nude fresquinho? — Perguntei, em tom
de brincadeira, de repente, tentando descolar o contato do gato com Kelly. Não rolou.

— Infelizmente não 😭. — Ela respondeu.

Ainda na tentativa de enrolar Kelly com outra pessoa para fazê-la esquecer de Rodrigo,
me lembrei de um papo dentro da sala de aula sobre um garoto que era muito a fim dela
e que toparia sem problemas resolver a sua carência.

— Alguma possibilidade de você dar pelo menos umazinha com alguém essa semana?

— Nenhuma, amiga — respondeu ela, sincera —, tô carente!

— Porque quer. — Foi aí que eu joguei: — O João Felipe está afinzão de você.

João Felipe era o tal colega de turma que vivia arrumando pretexto para puxar assunto
com Kelly e a cercava feito uma mosca de padaria. Ele pertencia a uma família
abastada, andava sempre com roupas de marca, era razoavelmente bonito e, pelo que se
ouvia nos corredores, possuía uma certa ferramenta bastante satisfatória entre as pernas.
— Já ouvi dizer que ele é bem roludo também, Kel!

— Ele é meio babaca, miga. Eu não ficaria com ele!

— Não estou falando pra namorar. É só pra dar umas sentadas nele!

— Não sou tão vagabunda assim, Mica!

— Falou a mina que dá pro primo e pro namorado da prima!

Tinha sido na lata, mas aquela não era nenhuma mentira. Kelly era a putinha de
Henrique, que desde sempre namorava Valéria, e servia também a xota para o Rodrigo,
que era o namorado de Natalie, a sua prima. Ela não era nenhum exemplo de boa
menina.

No dia seguinte, eu coloquei o meu plano de colocar João Felipe no rastro de Kelly e
armei para que os dois se pegassem num dos andares mais escondidos da escola, no
andar superior, onde a galera costumava se pegar após as aulas. Eu sabia que ela daria
para trás se soubesse de antemão, por isso, combinei tudo com o menino e só precisei
arrastar a garota para o local certo no momento exato.

Como previsto, Kelly ficou cheia de chilique ao descobrir que eu havia combinado tudo
pelas suas costas, mas eu tinha a melhor das intenções. Com sorte, o garoto daria um
belo trato em minha amiga, ela ficaria satisfeita, ia querer repetir outros dias e ficaria
desencanada da sua fissura por Rodrigo, deixando o caminho livre para mim.

Ledo engano.

Toda a parte inicial do plano funcionou perfeitamente, mas aquilo que mais precisava
estar em dia, acabou falhando e “atirando” antes da hora. Kelly apareceu no tal
encontro, eu montei guarda do lado de fora da sala de aula abandonada enquanto os dois
transavam, mas o negócio não demorou nem dois minutos. João Felipe era um broxa e
gozou pouco depois de enfiar na menina. Minha amiga saiu bastante frustrada do local
de encontro e só não me deu uma surra porque tinha muito estima por mim e porque não
era dada a rompantes de violência.

A estratégia era perfeita. Aquele pau-mole tinha que estragar tudo? Eu também tinha
ficado bastante decepcionada.

No dia seguinte, ao chegar no Dom Pedro II, eu descobri que todos os alunos da sala já
sabiam sobre o que havia acontecido naquela sala abandonada entre Kelly e João, e
quando ela entrou, vários grupos começaram a tirar sarro, além de chamá-la por nomes
pejorativos ou insinuar coisas absurdas sobre a minha amiga. O próprio João havia
espalhado que havia transado com ela e enquanto ele ganhava a fama de “comedor
fodão”, a garota acabou sendo difamada, como sempre acontecia naqueles casos.
Com razão, Kelly ficou bastante chateada e quase não suportou a pressão dos xingos e
palavreados obscenos que foi obrigada a ouvir dos nossos colegas. Eu e Nicole tentamos
segurar a barra da menina, mas sentíamos que algo mais incisivo precisava ser feito
quanto ao difamador e eu já tinha uma ideia.

Na hora da saída da aula aquele dia, eu puxei Kelly comigo e andamos juntas bem perto
de João Felipe e a sua cambada de boçais, aqueles mesmos que sempre andavam pelos
corredores se chutando e se xingando, feito idiotas. Esperei que a multidão de alunos
que saía pelo portão principal se aglomerasse mais — eu queria bastante plateia — e
então chamei pelo garoto.

— Ei, João!

No mesmo instante em que ele se virou para ver quem o chamava, sem dar-lhe tempo de
reagir, eu apliquei um chute bem no meio das suas pernas e o fiz cair de joelhos no
chão. A reação na multidão foi em cadeia e todo mundo começou a gargalhar, vendo o
moleque ficar roxo, sem fôlego e com a mão no saco atingido.

— Isso é por expor a minha amiga, seu pau-mole!

Até os amigos de João riram dele. E eu dei o golpe final para limpar a honra de Kelly:

— E saibam que esse broxa tem ejaculação precoce!

Eu e ela saímos rapidamente em meio aos outros alunos antes que sujasse para o nosso
lado com a diretoria da escola, mas eu tinha vingado a minha amiga de toda aquela
humilhação, que de uma maneira ou de outra, tinha começado a partir de uma ideia
infeliz minha.

Agora eu precisava arranjar outra maneira de consolar Kelly.


Capítulo 23 – Servida ao pai

DEPOIS DE SER EXPOSTA daquela maneira para boa parte do colégio e de ter a sua
imagem manchada — de a santinha pura e virginal da sala, ela se tornou da noite para o
dia a putinha safada —, Kelly acabou ficando arrasada e para levantar a sua moral no
dia seguinte, eu aceitei matar aula a seu lado para que fossemos juntas dar um tempo no
shopping center.

Por mais que eu fosse engraçada, desinibida e uma ótima companhia, nada que eu tentei
fazer aquele dia para animá-la deu certo, então, decidi apelar para aquilo que fazia de
melhor. Após um convite inocente para que ela fosse visitar a minha casa, Kelly aceitou
de bom grado e voltamos juntas para o bairro da Saúde, onde eu pretendia levantar o seu
astral com uma boa e deliciosa dose de sexo lésbico.

Depois de passado todo aquele frenesi inconsequente de sexo incestuoso com o meu pai
e com alguns membros da minha família, eu estava vivendo uma fase muito intensa de
descobertas sexuais e não podia negar a parte importante que Kelly estava
representando em minha vida naquele período. Nós tínhamos nos tornado amigas muito
naturalmente e além de Nicole, que era mais ligada a ela do que eu, a menina de olhos
verdes também me considerava muito importante. Quando começamos a nos pegar no
meu quarto aquela tarde, embora transar com ela fosse parte da minha estratégia para
fazê-la esquecer de Rodrigo Monterey — e deixá-lo só pra mim —, eu senti muito
prazer durante o ato, ficando surpresa de o quanto aquela garota também mexia comigo.

Algo havia mudado em nossa relação de amizade desde a primeira vez que tínhamos
feito sexo e Kelly tornou-se facilmente suscetível aos meus carinhos. Ela tinha chegado
à minha casa pela primeira vez extremamente fragilizada pela situação de merda a que
tinha sido exposta por João Henrique e seu ego incrivelmente grande de macho escroto,
mas de repente, estava gozando comigo de um prazer que nenhuma de nós sabia
explicar muito bem. Aquele dia, em cima da cama, enquanto eu chupava aquela
bucetinha rosada e molhada, pela primeira vez, considerei que estivesse me descobrindo
bissexual.

Eu e Kelly ficamos horas em cima da cama transando muito gostoso e quando


terminamos a primeira rodada, ainda tínhamos muito fôlego para mais. Tomamos banho
juntas, demos mais alguns amassos dentro do box do meu banheiro, trocamos carícias e
algum tempo depois, para a minha surpresa, um fator importante fez o jogo virar para o
meu lado. Meu pai tinha chegado mais cedo em casa e estava estacionando na garagem
enquanto ainda estávamos seminuas no quarto. O timing do senhor Alencar não podia
ter sido mais preciso.

Embora adorasse a Kelly e fazer sexo com ela fosse muito bom — mais do que com
qualquer outra menina —, eu ainda cobiçava o seu precioso tio Digo e quando meu pai
chegou em casa antes do previsto, pensei que colocá-lo “na fita” de Kelly seria uma
ótima maneira de resolver a carência da minha amiga gulosa, além de dar a ela um novo
alvo romântico. Meu pai era o maior pervertido que eu conhecia — e isso significava
muito, já que eu só conhecia homens tarados! —, adorava o cheiro e o sabor de leite em
uma buceta e é claro que tinha todas as razões do mundo para ficar maluco por Kelly,
assim como ele claramente era por mim.

Eu vou oferecê-la a ele, os dois vão ficar malucos um pelo outro, de vez em quando nós
vamos praticar um ménage gostosinho e eu ainda vou ganhar um tio Digo todinho só
para mim. É perfeito.

Era o que eu pensava na época.

Antes de levá-lo para o meu quarto, eu saí para recepcioná-lo na sala de nossa casa e
combinei tudo com ele. Papai já tinha visto fotos de Kelly nas minhas redes sociais,
sabia bem de quem eu estava falando, e deu para perceber toda a sua empolgação em ter
outra ninfeta em sua teia de aranha pervertida.

— Você vai adorar a Kelly, papai. Ela é toda rosadinha!

Algum tempo depois, eu apresentei Roque para a minha amiga e senti que ela tinha
ficado toda tímida em sua presença. Nós duas já tínhamos conversado bastante sobre o
caso que eu mantinha com ele dentro da minha própria casa, com o conhecimento de
minha mãe, mas quando nos viu juntos, ficou um pouco assustada. Meu pai era
realmente um cara pervertido e quis demonstrar o quanto na frente de Kelly, me
alisando, me apertando e claro, me bolinando as partes íntimas.

Eu não era uma garota inibida em quase nenhuma situação e para mim, foi até bem
natural trepar com meu pai na frente de Kelly. Ter alguém novo de plateia era até
excitante e eu tratei de dar um show bastante atrativo, deixando minha espectadora com
muita vontade de experimentar o material.

Eu já estava ficando acostumada a ter aquele pau delicioso dentro de mim e não foi
nenhuma novidade aquela tarde. Para variar, meu pai estava insaciável e me deu um
belo de um trato. Depois do nosso showzinho, ele quis pegar a Kelly e ela aceitou, no
início um pouco retraída, mas algum tempo depois, toda safada, deixando Roque comer
aquela buceta de maneira bastante incisiva. Eu tinha ficado molhada só de ver os dois
ali em cima da minha cama e fui obrigada a me masturbar para aliviar um pouco o
tesão.

Era a primeira vez que meu pai tinha duas ninfetas a seu dispor daquele jeito e o
depravado se fartou com nós duas. Dava para ver em sua cara de tarado, no olhar
vidrado, que ele havia adorado foder as duas juntas. Eu também estava gostando muito
de poder dividi-lo com Kelly, que por sua vez, estava sendo satisfeita como bem
merecia. Em alguns momentos, ela elogiou tanto o instrumento fálico de meu pai quanto
o seu desempenho e fez isso com um sorriso no rosto.
À noite, quando ela já estava em sua casa, bastante satisfeita pela tarde de amor, Kelly
confessou que estava ansiosa para encarar um segundo round com nós dois, os Alencar
Castilho, e aquilo me deu uma nova esperança de que, muito em breve, ela estaria
trocando de um “tio Digo” para um “tio Roque”. Aquela noite, eu até me masturbei na
solidão do meu quarto, lembrando de tudo que já tinha feito na cama com o herdeiro dos
Monterey e sonhando acordada com ele.
Capítulo 24 – Amor de interesse

EU ESTAVA SENTADA NO SOFÁ confortável dentro do consultório aquela tarde e o


clima do lado de fora era bastante agradável. Era primavera, eu estava usando um
vestido de alças de tecido fino e curto. Calçava uma sandália de salto médio nos pés e
tinha prendido os cabelos num rabo de cavalo. A doutora Fabíola Fogaça estava em sua
poltrona de sempre; óculos de armação fina sobre o nariz, lábios grossos com um batom
escuro e os cabelos pretos soltos sobre os ombros. Fazia dois meses que estava me
consultando com ela e já tinha contado muitos dos meus segredos de família.

— Já passou por sua cabeça que o seu relacionamento com homens mais velhos é um
reflexo dos sentimentos não-resolvidos por seu pai, Micaela?

Há duas sessões, eu havia contado a ela, sem os detalhes mais chocantes, o quanto tinha
ficado obcecada por Rodrigo Monterey e todas as atitudes impensadas que vinha
tomando, desde então, para ficar com ele. Eu havia contado que o moço era quase dez
anos mais velho, que era herdeiro de uma fortuna incontável, que era comprometido
com uma fotógrafa muito bem-sucedida e que estava fora do meu alcance, embora já
tivéssemos nos relacionado mais intimamente por três vezes.

— Eu penso nisso todas as vezes — respondi, sem medir muito as palavras —, na


verdade, eu acho que o meu total desinteresse por meninos da minha idade seja
totalmente conectado ao fato de que o meu pai, um cara mais velho e mais experiente,
tenha sido o meu primeiro e verdadeiro amor.

“Micaela, sua louca! Você contou à sua psicóloga todas as vezes que trepou com o seu
pai? ”.

Se foi isso que pensou ao ler esse trecho, a resposta é “claro que não”. Por mais que eu
estivesse me consultando em uma clínica psicológica, eu ainda não podia expor —
embora esse fosse o melhor a fazer — toda a perversidade que envolvia a minha relação
com papai. No mínimo, aquilo soaria abjeto, nojento e inapropriado à doutora, e muito
provavelmente, eu acabaria saindo do consultório presa em uma camisa-de-força, direto
para o manicômio.

Eu tinha atenuado a história, e à Fabíola, a coisa toda tinha soado mais como o caso de
amor entre Electra e Agamemnon que eu havia ilustrado no começo dessa história. Sem
falar da parte do sexo, eu havia contado a ela que era muito apegada a Roque desde
criança e que o via mais como um homem, um alvo romântico e não necessariamente
apenas o meu progenitor.

— Bem, você sabe os danos psicológicos que relacionamentos com pessoas tão mais
velhas que você pode causar, não é? Esses homens têm mais experiência, um ritmo
diferente, projetos de vida que você, como uma adolescente, ainda não pode
acompanhar.
E trepam muito melhor também, pensei na hora, cruzando as minhas pernas e sentindo a
cabeça divagar um momento.

— O que acha que a sua mãe diria se soubesse que você planejava ter um caso com esse
rapaz, o Rodrigo?

Eu sabia que a minha mãe vivia em outra sintonia que a minha e que nós raramente nos
entendíamos, embora tentássemos conviver normalmente como mãe e filha. Eu nunca
havia aparecido com nenhum namorado dentro de casa durante todos aqueles anos e
sabia que Roque era o meu único modelo de homem desde que ainda usava fraldas.

— Eu não sei dizer… Nós duas nunca conversamos sobre os meus relacionamentos.
Acho que ela ficaria feliz de saber que eu estaria em boas mãos, acompanhada de um
cara mais maduro, com um bom emprego e filho de uma família respeitável.
Sinceramente, eu imagino que ela gostaria de que Rodrigo fosse o seu genro.

Sim, eu estava maluca por ele a nível de planejar em minha mente toda uma vida de
casal a seu lado, com nós dois morando em uma casa confortável com vista para o mar,
um carro do ano na garagem, uma conta milionária no banco e os nossos filhos lindos
correndo pela casa. Eu não podia pensar naquele tipo de coisa com o meu próprio pai…
Seria nojento! Embora num passado não muito distante eu já tivesse planejado arrancá-
lo de minha mãe, ter filhos com ele estava fora de cogitação.

Em agosto daquele ano em que eu me via fissurada por Rodrigo Monterey, eu


encomendei várias bugigangas pela internet a fim de sanar a minha carência sexual e na
total falta do que fazer em meu quarto à noite, depois das aulas, além dos variados
pintos de borracha, eu importei da China alguns equipamentos fotográficos que
chegaram em minha casa um mês depois.

Eu andava realmente muito entediada, além de tarada, e aquilo me fez começar a


considerar a ideia de me exibir pela internet em showzinhos particulares para um
público cativo. Em meu ócio, eu tinha lido inúmeras matérias jornalísticas sobre as
chamadas “cam girls”, meninas de várias idades e classes sociais que se exibiam nuas
ou seminuas diante de câmeras em salas privadas e que ganhavam grana por expor as
suas intimidades.

Eu passava boa parte do meu tempo sozinha naquela casa grande e confortável de classe
média alta, e no geral, não tinha nada mais para fazer além de papear com os amigos,
assistir filmes — muitos deles pornôs —, levar o meu cachorro Steve para passear pelo
condomínio, ficar largada no sofá e claro, me masturbar. Me masturbar MUITO.

Depois da reunião anual dos Castilho, minha mãe tinha praticamente abolido o sexo
incestuoso dentro de casa em sua presença e embora ela não soubesse o que eu, meu
paizinho e a Kelly tínhamos feito em sua ausência, a “lei seca” retornou para mim e
Roque, o que me levou a apelar para meios alternativos de sentir prazer.
Como eu tinha dito, transar com meninos com menos de dezoito anos era entediante e
eu já tinha perdido o tesão que antes sentia pelo meu primo Pedro ou qualquer outro
garoto como ele, há muito tempo.

Me tornar uma Cam Girl e me exibir seminua diante de uma câmera semiprofissional
para que punheteiros de todo o país — e às vezes gringos — assistissem a eu me
masturbar com os meus dildos foi uma saída fácil que arranjei para resolver o meu
tédio, a minha carência por falta de atenção e a minha falta de grana, tudo de uma vez.
Já naquele mês de setembro, criei uma conta, forjei uma identidade falsa para me fazer
passar por maior de idade e passei a me apresentar em alguns finais de semana diante da
minha câmera importada. Eu e os meus companheiros de borracha. Era bastante
satisfatório.

Naquele mesmo mês de setembro, próximo ao dia da Independência do Brasil, rolou a


festa de aniversário da Kelly e a sua mãe bancou uma festa cheia de pompa em um
galpão na Vila Madalena. Eu e a minha família tínhamos sido convidados com muita
antecedência, dada a proximidade recente entre a minha mãe e a dona Claudia Ferraz, e
nem preciso dizer o quanto fiquei empolgada para aparecer por lá.

Todas as pessoas que eu amava também tinham sido convidadas e por ser uma festa à
fantasia, todo mundo apareceu muito bem trajado, tornando a pista de dança um
verdadeiro desfile de gente bonita e personificada.

Eu tinha escolhido uma fantasia de Misty, personagem que era uma das parceiras de
batalha Pokémon do Ash na animação japonesa, e como não podia ser diferente, escolhi
o modelo mais ousado que a loja tinha a seu dispor. A versão sexy da Misty dispunha de
um shortinho bem agarrado, um suspensório e uma blusinha justa que acentuava meus
seios. Prendi os meus cabelos em duas marias-chiquinhas e fui um dos grandes
destaques da comemoração, já que estava muito gostosa.

Por sua aproximação com Claudia, naquela tarde, mamãe ficou incumbida pessoalmente
de buscar a aniversariante na portaria de seu prédio no Itaim Bibi, uma vez que a
publicitária estaria envolvida desde cedo com os preparativos finais da festança. Roque
dirigiu o seu carro até o bairro e nós demos uma carona para Kelly e Nicole, que estava
morando temporariamente com as Ferraz.

Kelly não me contou de início o motivo da nossa amiga loira estar morando no
apartamento que ela dividia com Claudia por ser um assunto bastante delicado, mas
algum tempo depois, eu iria descobrir que Nicole tinha sido expulsa de casa pela mãe
Silvana ao ser flagrada transando com o próprio padrasto aonde os três moravam no
Itaim Bibi.

Sem o conhecimento de mais ninguém — além deles mesmos, da Kelly, que era sua
melhor amiga/confidente e também do primo de Nicole, Igor —, a menina vinha
mantendo um caso secreto com o homem que era um professor de academia e que tinha
se tornado o marido de Silvana há mais de um ano. O cara havia estuprado a enteada em
uma noite de plantão que a mãe enfermeira fazia, e depois disso, após vários abusos,
Nicole tinha aceitado que se tornasse consensual.

Com toda a minha história de sexo incestuoso, eu via com bastante naturalidade outras
relações parentais como a que eu tinha, mas confesso que quando soube do estupro de
Nicole, fiquei um tanto quanto sentida por ela. Por mais que eu encarasse que toda
forma de amor fosse bem-vinda, uma relação baseada na violência não me agradava
nem um pouco.

Na tarde do aniversário de Kelly, ela e Nicole desceram bastante alegres até a portaria e
nós seguimos todas juntas dentro do carro de papai. A aniversariante estava usando uma
fantasia de Princesa Peach, do jogo de videogame Super Mario Bros., já a Nic, estava
uma graça vestida da fadinha Tinker Bell, do desenho Peter Pan. Meu pai secou a Kelly
pelo retrovisor a viagem toda do Itaim à Vila Madalena e deu para sacar que o
pervertido havia ficado louco pela menina desde o ménage em nossa casa.

Quando soube que Rodrigo era um dos convidados e que ele estaria presente no salão de
festas, eu fiquei bastante eufórica, mas durante toda aquela noite, foi praticamente
impossível arranjar um momento a sós com o gato. Através de Kelly, eu tinha
descoberto que a relação entre ele a Natalie Schneider tinha ficado estremecida por
razões desconhecidas e a minha xota chegou a piscar só em imaginar que ele estaria
soltinho na pista e o mais importante: em abstinência sexual.

Apesar do fogo em meu rabo, não rolou nenhuma chance com o jovem Monterey e eu
acabei ficando na seca. Em dado momento da festa, enchendo o meu tanque de álcool
— que apesar de aquela ser uma festa de adolescentes, a dona Claudia havia liberado
sem problemas —, vi a minha libido se exceder quase que 100% e fui obrigada a saciar
minha vontade de dar com o meu primo Cleber, que tinha ido vestido de Cosme dos
Padrinhos Mágicos.

De peruca verde, roupinha de “fado”, o menino me pegou atrás da picape do DJ que


comandava a festa, e ali mesmo, escondidos por uma base de uns quatro metros de
altura, entre cabos de energia, suportes de madeira e um baita barulho de música
eletrônica ribombando nos ouvidos, eu tentei resolver o meu problema dando a buceta
para meu primo.

O Cleber até que sabia pegar com algum jeitinho, mas naquela noite, eu precisava de
mais do que aquele pauzinho “M” que ele tinha entre as pernas. Quando voltei para a
pista de dança, apesar de ter gozado, eu ainda estava sedenta por sexo e pouco depois,
acabou rolando a minha terceira vez com a Kelly, a aniversariante.

Como eu tinha dito, minha relação com a garota de cabelos alourados tinha se tornado
mais íntima depois da nossa primeira vez juntas na cama e nos deixamos levar numa das
áreas VIPs do camarote, no andar de cima da casa de festas. Entre beijos quentes,
dedadas e sexo oral, nós duas elevamos a nossa temperatura aproveitando o ambiente
escuro e a privacidade que achávamos que tínhamos ali. Tinha sido maravilhoso dentro
do quarto reservado para que os convidados especiais pudessem se arrumar ou
descansar ali em cima, mas quando decidimos esticar nossas carícias para o lado de
fora, sobre o sofá instalado no corredor da passarela do camarote, acabamos sendo
flagradas em nossa intimidade pela mãe da aniversariante, que ficou chocada ao nos ver
juntas.

Passado o susto do momento, Claudia acabou aceitando com certa maturidade que a sua
filha única estivesse se relacionando amorosamente com a sua amiga de escola, e algum
tempo depois da festa de Kelly, nós meio que assumimos um namoro.

Sim, eu, a ruiva que adorava uma piroca bem dura entre as pernas, tinha decidido
resolver parte da minha carência na companhia de uma xaninha rosada e aquilo, por um
tempo, foi divertido.

As semanas seguintes foram regadas de muito carinho entre eu e Kelly e nós duas nos
tornamos unha e carne. Minha mãe também não havia se posicionado contra a meu
relacionamento homossexual — embora eu me considerasse bissexual, à época — e nós
duas tivemos relativa liberdade para levar à frente o nosso namoro.

Embora andássemos sempre juntas para todos os lugares, trocássemos carícias menos
ousadas em público e nos déssemos muito bem, ninguém além de nossas amigas Nicole
e Michele sabiam que nós duas estávamos nos pegando. Para os demais alunos de nossa
turma e nossos professores, éramos apenas amigas muito grudadas uma à outra.
Capítulo 25 – Atitudes egoístas

NO MÊS DE OUTUBRO, enquanto a minha relação com Kelly evoluía cada dia mais, a
minha carência sexual foi sendo resolvida à base de muita esfregação de buceta,
chupadas e algumas sessões de exibicionismo noturno com o meu trabalho de Cam Girl.

Várias semanas depois da festa de Kelly, nós duas tínhamos sido convidadas para uma
pool party na residência dos meus primos Pedro e Priscila, os filhos do tio Mauro, e
vimos ali uma ótima chance de extravasar um pouco a tensão do mês anterior.

Os irmãos Castilho tinham sido criados com a mesma liberdade que eu com meus pais,
e os dois sabiam promover uma boa festa regada a sexo, drogas e música boa. Naquele
dia, o tio Mauro e a tia Solange estavam em viagem pela região centro-oeste do país e
nós tínhamos a casa linda em que eles moravam todinha só pra gente.

Além de Kelly e Nicole, Priscila também tinham convidado a Michele — que tinha
começado a se pegar com o Pedro durante a festa de aniversário da minha namorada e
agora vivia grudada ao meu primo — e dois dos irmãos Ferreti, que além de também
terem sido convidados para o aniversário de Kelly, eu havia conhecido durante o
campeonato intercolegial de vôlei que o meu colégio Dom Pedro II tinha participado.

Em quadra, Aline Ferreti, que era uma garota linda com cabelos pretos, pele clara e um
corpo sarado, tinha sido rival das minhas primas Janete, Cleide e Priscila, mas
resolvidas as diferenças delas no voleibol, tinham ficado amigas. Ou algo parecido com
isso.

O irmão de Aline, Diogo, que tinha dezesseis anos, tinha conhecido melhor a Priscila
também na festa de Kelly e por incrível que aquilo pudesse parecer, os dois tinham se
dado bem. Eu conhecia a minha prima bem demais desde muito nova e sabia que ela
não era de se amarrar a ninguém por muito tempo. Diogo, que era o menos interessante
dos quatro irmãos Ferreti, baixo, magro e com uma tremenda cara de punheteiro, por
sua vez, não parecia fazer o tipo físico de Priscila, mas sabe-se lá por qual razão, ele era
o cara que estava servindo a menina sexualmente naquele período.

Aquela pool party serviu para que a Kelly se livrasse de vez das inibições que, às vezes,
a deixava desconfortável por estar namorando tão abertamente alguém do mesmo sexo,
e após transarmos num dos quartos da casa luxuosa dos Castilho, eu e ela decidimos
explorar melhor novas oportunidades, bebendo álcool mais livremente e aproveitando
até mesmo para “dar um tapa” no cigarrinho de maconha que estava rolando na roda de
amigos. Nós estávamos nos sentindo bem e aquilo era tudo que nos importava.

Na semana seguinte à pool party, eu convidei Kelly para assistir à apresentação musical
que meu pai faria num bar e casa de shows chamado Simmons Rock Bar num sábado à
noite, e minha namorada ficou bastante animada com o convite. Aquela seria a primeira
vez que saíamos juntas para curtir um show e eu tratei de caprichar no visual, já que
além de ter a companhia da minha loirinha, eu também estaria prestigiando o meu pai
em uma atividade que não era a sua mais costumeira.

Enquanto experimentava aquela inédita sensação de “fim de namoro” com a sua


filhinha, papai precisou conter os seus desejos proibidos por mim e acabou ocupando a
cabeça com os ensaios de sua antiga banda de Rock. Em sua juventude, na época de
faculdade e até mesmo antes de seu casamento, ele tocava guitarra na garagem de
alguns amigos que haviam montado um conjunto musical, e embora aquilo fosse apenas
um hobby, alguns dos garotos levavam bem a sério.

A banda deles se chamava “Kisses” e como não podia deixar de ser, exceto pelo visual
extravagante dos sujeitos mascarados e bizarros, os cinco homenageavam o Kiss, o
grupo de Rock preferido do papai. Aquela noite, quando ouvi os primeiros acordes do
alto do camarote, ao lado de Kelly, eu senti que aquele seria um show muito
empolgante, como acabou sendo realmente.

Fora os momentos em que decidia desempoeirar o instrumento em seu escritório e


tocava alguns acordes, eu nunca tinha visto meu pai tocar a sua guitarra pra valer e
achei bastante emocionante assisti-lo pela primeira vez em cima de um palco. O bar
estava cheio naquela ocasião e tanto a minha mãe quanto a tia Elisa e o tio Peterson, que
haviam nos acompanhado, piraram com a “sonzeira” do Kisses. Rock nem de longe era
o meu estilo de música preferido, mas confesso que tinha adorado a apresentação e
cantei todas as letras das músicas que eles tocaram.

A Kelly estava uma tremenda gostosa aquela noite e como era uma “noite de Rock,
bebê”, tratou de caprichar no visual escuro e na maquiagem. Eu tinha ficado cheia de
tesão durante o show de meu pai sentindo o cheiro bom do perfume que ela usava a meu
lado e depois de trocar beijos e carícias com ela no camarote. Como tinha ficado tarde,
surgiu a ideia de ela dormir aquela madrugada em minha casa na Saúde e depois de ligar
para a mãe no Itaim pedindo autorização, ela acabou aceitando.

A tia Elisa e o tio Peter seguiram viagem até Moema na hora da saída do bar e minha
mãe guiou o carro, já que o meu pai tinha bebido um pouco após o show maravilhoso.
De uma forma ou de outra, eu sabia que aquela madrugada acabaria sendo intensa entre
nós duas, tendo em vista que Kelly também havia ficado excitada em minha companhia,
mas seja por conta da agitação ou do chope que eu havia experimentado no camarote,
acabei apagando no ombro da garota na viagem de volta para casa.

Eu acordei de madrugada sentindo a Kelly me acariciando sobre a minha cama, nua e os


cabelos molhados após um banho em meu chuveiro. Toda a excitação que havia sentido
por ela havia sido reativada em poucos instantes a vendo ali toda soltinha e cheia de
vontade de transar. A filha de Claudia sabia acender o meu fogo como ninguém e tão
logo o meu pavio começou a queimar, foi difícil apagá-lo de novo. Passamos a primeira
noite juntinhas em minha cama e mal posso explicar como aquela trepada foi deliciosa.
Depois de tanto tempo nutrindo meus desejos doentios por meu pai e tendo ele como a
única personificação possível de companhia romântica, eu tinha finalmente entendido
que o meu caso incestuoso com ele era um momento específico de minha vida que
podia ser superado com bastante terapia e força de vontade. Não tinha como negar que
ainda sentia tesão por ele e que, às vezes, me pegava sentindo falta do seu cheiro, do seu
gosto e da sua virilidade. Eu tinha sido a sua amante por anos e só tinha a ele como
referência. Sentir saudades era quase natural.

Depois que Rodrigo Monterey apareceu, apresentado a mim por Kelly, percebi que,
embora pensasse diferente, haviam opções além do que eu tinha em minha própria casa,
a um quarto de distância, e senti inveja do amor entre o tio Digo e a prima adolescente
da sua namorada. Custei a admitir, mas eu toda aquela atração que eu sentia por ele se
dava, acima de tudo, porque eu invejava a relação bonita entre ele e Kelly. Eu queria me
sentir amada daquele jeito e também queria amar um cara como a garota dizia que o
amava. Por isso era tão importante separar os dois, para que eu passasse a ter o que era
exclusividade dela.

Egoísmo? Claro.

Inveja? Sim, com certeza.

Eu nutri aqueles sentimentos horríveis por muito tempo e mesmo enquanto dividia a
cama com Kelly, ainda assim, ansiava pelo dia em que estaria nua e completamente
realizada na companhia de Rodrigo Monterey outra vez. A minha obsessão não havia
desaparecido agora que eu tinha um relacionamento fixo com outra pessoa, ela apenas
havia sido contida.

Depois de um tempo, eu passei a me odiar por tratar Kelly daquela maneira, feito um
objeto de substituição, mas demorou até que eu caísse em si que a minha atitude a faria
sofrer no futuro.
Capítulo 26 – Lançando a isca

ERA DIFÍCIL EXPLICAR, mas o meu namoro com a Kelly funcionava como uma
maneira de eu não me sentir tão sozinha amorosamente falando. Como eu tinha dito,
sexo era a coisa mais fácil de conseguir. Eu era linda, tinha um corpo atraente para a
minha idade e a meu redor, haviam várias pessoas que me desejavam e que ficariam
comigo com um estalar de dedos. O sentimento de companheirismo e de carinho, no
entanto, era algo raro e com Kelly, eu meio que havia comprado aquilo.

Kelly era uma garota sensível e muito romântica que tinha visto em mim uma chance de
ter todo o amor e o carinho que sempre ansiou, mas que fora o que Rodrigo lhe dava, ela
nunca teve de verdade. Eu havia aparecido em um momento de carência e a nossa
aproximação acabou servindo ao propósito de ambas. Ela queria amor e carinho, eu
queria companhia e sexo.

Era óbvio que aquilo acabaria dando merda, de um jeito ou de outro.

Eu não era lésbica e nem estava a fim de me relacionar com uma garota para o todo e
sempre. Kelly era maravilhosa na cama, me fazia subir até as estrelas e era uma parceira
muito talentosa, mas estava mais do que claro para mim que o que eu mais gostava era
de piroca. De preferência grossa, grande e com muitas veias saltando.

“Você é uma piranha, Micaela! ”.

Tudo bem se você pensa assim, mas infelizmente, aquela era a minha realidade. Sexo
era bom de qualquer jeito, eu sabia satisfazer mulheres muito bem sob os lençóis, Kelly
era uma delícia, mas eu ainda estava fissurada em apenas uma pessoa: Rodrigo
Monterey.

Com acesso fácil ao celular de minha namorada, não foi difícil, ainda naquele mês de
outubro, conseguir o contato do herdeiro da construtora rival da Suares & Castilho, e
numa noite bem quente em meu quarto, eu chamei o gato para um bate-papo informal.

— Adivinha quem é? 😎

Ele não tinha o meu número em sua agenda e eu havia trocado momentaneamente a
minha foto de perfil no chat para o de um desenho da Misty, do Pokémon. Ele demorou
algum tempo para me responder e eu esperei pacientemente em cima do meu lençol de
linho.

— Quem é?

— Tenta adivinhar — escrevi —, você tem duas chances de acertar.

— Tenho alguma dica?


Ele estava respondendo com intervalos curtos de tempo. Àquela hora, pelo que sabia de
sua rotina, ele já devia estar em seu apartamento na Vila Mariana relaxado no sofá
espaçoso ou em seu escritório, no final do corredor.

— Tem — respondi —, “Vermelho”.

A última vez que tínhamos ficado juntos tinha sido há bastante tempo e desde então,
muita coisa havia acontecido em nossa vida. Eu tinha me aproximado mais da Kelly,
havia compartilhado o meu pai com ela, nós duas tínhamos assumido um namoro e eu
tinha virado Cam Girl. Ele, por sua vez, tinha rompido temporariamente o seu
relacionamento de anos com a fotógrafa loira gostosa, tinha visto Claudia, sua antiga
peguete, começar a namorar outro cara e agora devia estar na maior seca, já que também
não estava mais recebendo visitas regulares de sua “sobrinha” favorita.

— Ficou fácil… 😄

— Ah, é? Então, quem sou eu?

— Mica.

Apesar da distância e dos rumos diferentes que havíamos tomado todo aquele tempo, ele
ainda parecia se lembrar de mim, o que me deixou estranhamente eufórica em meu
quarto e com o coração saltitando dentro do peito.

Caracas! Ele acertou com uma dica? Só foi eu falar “vermelho” para ele relacionar
comigo?

Eu estava crente que ele ainda se lembrava com carinho das nossas transas.

— Parabéns! Estou impressionada. Você ainda lembra de mim! 😍

Ele mandou emojis risonhos e eu me derreti toda. Mesmo por mensagem, aquele cara
me deixava num estado de graça que eu não conseguia explicar.

— A cor vermelha é muito característica em você, não dá para negar — disse ele —,
seus cabelos, as sardinhas do rosto…

Os pelos da minha xota que você chupa tão bem, pensei eu, excitada.

— Mas confesso que a sua foto de perfil também ajudou um pouco… A sua fantasia no
dia da festa de aniversário da Kelly…

Ele se lembra! Eu mexi as pernas de maneira infantil em cima da cama e abri um sorriso
olhando para a tela do celular.

— Nossa! Você merece um prêmio por ser tão observador.


Troquei então a minha foto de perfil. Eu tinha tirado uma selfie recente em que aparecia
de óculos escuros, cabelos molhados e biquíni cobrindo os seios. Eu estava uma baita
gostosa, ele elogiou:

— Essa foto em seu perfil é mais bonita que a anterior!

— Gosta? 😏

Me deitei de bruços e fiquei esperando sua resposta. Naquele momento, Kelly me


mandou uma imagem via mensagem e eu demorei um instante para ver o que era.

— Gosto — respondeu Rodrigo —, uma graça!

Eu tinha vontade de falar várias coisas com ele, dizer como me sentia em sua ausência,
da saudade que tinha daquele corpo gostoso e como estava louca para revê-lo em um
local mais íntimo, mas achei melhor me conter. Ansiosa para continuar falando com
Rodrigo, dei atenção a Kelly e vi que ela havia me enviado a foto de um livro sobre
genética com a legenda “estou estudando cromossomos, mas queria estar deitada de
conchinha com você”. Mandei emojis de coração em resposta e voltei rápido para o chat
com o Digo.

— Saudades da sua ruiva preferida?

Estava me oferecendo, tentando criar intimidade.

— Como sabe que você é a minha ruiva preferida?

Dei risadinhas e escrevi:

— Duvido que você conheça outra ruiva mais linda e mais gostosa do que eu!

Sim, eu adorava ser safada e sabia que aquele homem curtia isso.

— É, dei uma olhada rápida aqui em minha agenda de contatos e realmente, não tenho
tantas ruivas na lista além de você!

— Lista? 😠 Quer dizer que existe uma lista de ruivas em seu celular?

Ele tinha entrado rápido no clima bem-humorado e respondeu:

— Sim, tenho. Mas você está em segundo lugar, não se preocupe.

— Segundo lugar, senhor Monterey? 😡😠

Ele tinha mexido com os meus brios e mesmo sabendo que estava apenas me
sacaneando, fiquei com um pouco de ciúmes.

— A primeira é a Marina Ruy Barbosa!


Por mais que ele fosse um cara bonito, rico e bem-sucedido, até para ele, eu achava a
atriz global um pouco demais e sabia que estava segura em meu posto de sua ruiva
preferida. Estávamos conversando há pouco tempo, mas podia sentir que existia mesmo
uma sintonia entre nós dois e que aquilo não era só coisa da minha cabeça de
adolescente. Se não era amor, pelo menos, ele devia estar a fim de me comer de novo.

— Sabia que ando pensando bastante naquele dia aí no seu apartamento?

Ele esperou algum tempo para responder e nesse ínterim, Kelly mandou mensagem.

— Está ocupada, amor? Estou lendo esse livro chato de biologia para aquele nosso
trabalho, mas fico me distraindo pensando em você. ❤🖤

Kelly estava cada dia mais melosa e por mais que fosse gostoso sentir alguém tão
carinhoso comigo, às vezes, tanto mel me cansava.

— Também estou pensando em você, bebê. — Menti. — Quando será que vamos poder
transar de novo? 😩

A mensagem de Rodrigo chegou:

— Estou em um coquetel aqui num salão de festas em Moema, mas gostaria de estar em
casa — disse ele no texto —, essas reuniões de negócios são um saco!

Meu palpite estava errado e ele ainda não estava em seu apartamento.

— Ai, que peninha! Me fala o endereço desse coquetel. Quem sabe eu apareça aí para te
animar um pouco? 😏

Ele mandou risadinhas.

— Menor de idade não entra — ele brincou —, você é muito neném para esse tipo de
festa regada a bebida alcóolica e altas doses de nicotina.

Adorava quando ele me tratava feito criança. Aquilo era esquisito, admito, mas era a
maneira que ele ficava excitado.

— Me acha tão neném assim?

Para uma noite de negócios, ele até que parecia bastante desocupado e me respondeu
rápido:

— Acho.

— Então você gostou de me dar de mamar?


Eu realmente estava ficando molhada só em falar aquelas putarias e o clima começou a
esquentar.

— Não posso negar…

— E quando vai me dar de mamar de novo? Sou um neném faminto, gosto de leitinho
quente!

Ele mandou risadinhas. Kelly também enviou uma mensagem:

— Assim, eu começo a pensar que eu sou só uma boneca de sexo para você, Mica… 😔

Ela tinha começado com o sentimentalismo barato, então, tentei contornar a situação
para evitar drama.

— Claro que não, Kel… Você sabe que eu te amo! ❤

Abri a resposta de Digo com ansiedade.

— Comporte-se, Mica… Você agora é uma moça comprometida!

Ele já estava sabendo do meu relacionamento com a Kelly e não me admirava que a
notícia tivesse corrido por toda a família, ainda mais depois do flagra de Claudia no dia
da festa de aniversário. Respondi:

— Só porque tenho uma namorada, você não pode mais me dar leitinho? — Joguei,
mantendo o clima lascivo na conversa. — Aposto que ela também não se importaria de
mamar em sua mamadeira grande e grossa de novo!

Eu estava pegando fogo e não resisti em acariciar a minha xota por cima da calcinha
enquanto digitava aquelas putarias. O imaginava ficando de pau duro bem no meio do
tal coquetel chamando a atenção das pessoas finas e elegantes a seu redor. Queria muito
ver a cena!

— Faz muito tempo que não vejo ou falo com a Kelly. Eu e a prima dela estamos dando
um tempo e isso acabou afastando nós dois também…

Aquela era a mensagem típica de quem estava carente. Sem Nat, sem Claudia e
principalmente sem Kelly, o meu gato devia estar subindo pelas paredes, o que me
deixava ainda mais com vontade de dar para ele.

— Mas você sempre vai ter a mim, sabe disso. Se quiser, a gente pode se encontrar essa
semana pra conversar um pouquinho, dar umas risadas…

E trepar, trepar muito até assar a minha xota, pensei, louca de desejo.
— É bem difícil, Mica… Tenho trabalhado muito esses últimos dias. A construtora está
passando por um momento delicado e eu tenho sido bastante requisitado por lá…

Em abstinência sexual e exausto de tanto trabalhar. Rodrigo estava em um estado


emocional perfeito para ser fisgado por uma garota cheia de amor para dar como eu.
Lancei a isca:

— Olha, eu saio da aula mais ou menos o mesmo horário que você deixa a construtora.
Abre uma exceção dia desses e sai comigo. Prometo não te estressar com nenhuma
chateação. A gente dá umas risadas. Se quiser, eu até faço uma massagem… Sou ótima
com as mãos e você deve estar muito tenso ultimamente.

Eu era uma vagabunda bastante persuasiva.

— Faria isso por mim?

Macaco quer banana? Pensei.

— Aham, faria. Você consegue sair em seu horário pelo menos uma vez essa semana?

Ele demorou algum tempo para responder e então:

— Vou ver se consigo. Se der certo, mando mensagem, OK?

O peixe havia engolido a isca com anzol e tudo. Naquela semana de outubro, fiquei
ainda mais alvoroçada com a hipótese de rever o meu tio Digo e de fazer com ele tudo
que estava a fim há tanto tempo. Eu mal podia esperar.
Capítulo 27 – Questões no divã

O MEU RELACIONAMENTO AMOROSO casual com Kelly tinha virado assunto em


uma das minhas próximas sessões de análise com a doutora Fabíola, mas desde o início,
eu havia relatado a ela como eu enxergava aquele namoro. Para mim, mesmo gostando
muito daquela garota e curtindo todas as vezes que estávamos juntas, no fundo, eu a
estava usando para suprir um momento de carência e apenas isso. Minha indiferença aos
seus reais sentimentos tinha ficado clara para a psicóloga, que me chamou a atenção:

— Como você se sentiria se os papéis estivessem invertidos e fosse a Kelly a tratá-la


como um passatempo, Micaela? Qual seria a sua reação ao descobrir?

Aquela pergunta tinha me pegado de jeito e eu me senti contra a parede, sem saber ao
certo o que responder.

— Ninguém gosta de ser tratado como um objeto… — disse a mulher à minha frente —
algo que é colocado num lugar apenas para suprir uma ausência. Tenho certeza que
ficaria muito magoada caso algo assim acontecesse com você, por isso, é importante
que reflita sobre a maneira que está conduzindo o namoro com a sua parceira.

Cada dia que passava, eu via que o meu lance com Kelly estava mesmo fadado ao
fracasso se eu continuasse agindo daquela maneira; usando-a como uma válvula de
escape passageira e correndo o risco de ferir os sentimentos verdadeiros que eu sabia
que a garota nutria por mim. Apesar disso, continuei “tapando o sol com a peneira”
preenchendo a falta de amor com sexo intenso e quente, que era a maneira como eu
sabia lidar com a situação.

Numa das últimas semanas de outubro, como eu tanto esperava, Rodrigo mandou
mensagem numa tarde dizendo que conseguiria arranjar um tempo no trabalho e que
sairia em seu horário de costume depois das dezoito horas.

Eu já tinha saído de casa, havia estado no colégio a tarde toda e não me sentia arrumada
o suficiente para encontrar com ele, foi quando apelei para a discrição e obediência de
meu motorista Valmir para me ajudar com aquilo.

Eu ainda estava em aula quando recebi a confirmação de Rodrigo para o encontro via
texto. Pouco depois, entrei em contato com o Valmir antes de ele aparecer para me
apanhar à porta do Dom Pedro e mandei que o homem fosse até o meu quarto em minha
casa, com ajuda de Lourdes, a empregada, para pegar em meu closet um vestido florido
e justo que eu havia separado em um cabide. Dei todas as instruções por ligação no
corredor da escola para não alarmar Kelly ou levantar suspeitas, e Valmir pareceu
entender.
— E traz também um par de sapatos de salto que eu deixei perto da porta do closet —
disse ainda durante a ligação —, é um preto com duas tiras. Peça para a Lourdes ajudar,
ela sabe qual é.

Rodrigo queria me pegar em frente a um bistrô da Vila Mariana e para estar no local
escolhido a tempo, eu precisava me trocar ainda no carro, o que deu algum trabalho.
Kelly tinha ficado em meu pé a tarde toda e precisei ser bastante discreta para sair do
prédio do colégio sem que ela quisesse vir junto para dar um passeio ou algo do tipo.
Saí o mais rápido que consegui e como previsto, Valmir estava a bordo do Mercedes à
minha espera. Pedi que ele começasse a tocar da Avenida Paulista para a Vila Mariana e
ordenei, enquanto trocava de roupa no banco de trás:

— Não olha pra trás, Valmir!

O motorista havia trazido exatamente o vestido e o par de sapatos que eu havia


ordenado que trouxesse e sem muito tempo a perder, comecei a tirar ali mesmo o meu
uniforme escolar. De sutiã e calcinha, feito uma doida inconsequente, me pus a trocar de
roupa à vista de quem quisesse olhar, mas para a minha sorte, o trânsito estava suave
àquele horário e o vidro do carro era bem escuro. Coloquei o vestido com jeito, calcei os
sapatos e comecei a reforçar a maquiagem com o kit que estava na bolsa. Dei uma
olhada pelo retrovisor e percebi o Valmir a rir de maneira marota, encarando o meu
decote.

— São só peitos, Valmir… Conhecendo bem a minha família, você já deve ter visto
muitos iguais pelo espelho, dirigindo pra gente todos esses anos!

Ele não disse nem que sim e nem que não, mas desfez o risinho no rosto. O relaxei um
pouco dizendo que estava brincando e nem precisei pedir para que ele fosse discreto
quanto à minha rápida troca de roupa ou sobre o meu encontro de mais tarde. Eu tinha
certeza que meu segredo estava a salvo com ele e além do mais, tinha muitas dúvidas se
meus pais estariam interessados naquela história, mesmo que ele contasse.

— Demorei?

Eu saltei do Mercedes tão logo chegamos ao endereço do bistrô e encontrei com


Rodrigo cerca de meia-hora após sair da Avenida Paulista. Depois do trecho principal,
Valmir havia enfrentado tráfego pesado, mas não houve qualquer queixa por parte de
Digo. Entrei no Jeep, sentei no banco do passageiro, afivelei meu sinto e pedi para
guardar a minha carteira em seu porta-luvas. Ele sorriu, esperou um instante e então,
colocou o carro em movimento. Me elogiou logo em seguida:

— Você está linda.

Eu brinquei:

— Errado. Eu SOU linda.


Ele deu um risinho e aquilo serviu para quebrarmos o gelo depois de tanto tempo sem
nos vermos pessoalmente.

Rodrigo foi um perfeito cavalheiro naquele começo de noite e conversamos alegremente


enquanto experimentávamos o tempero da comida indiana de um restaurante chamado
Palácio Vishnu. Em minhas viagens pelo Brasil ou mesmo para o exterior, eu já tinha
comido em muitos restaurantes diferentes na companhia de meus pais, mas confesso
que nunca tinha colocado na boca nenhuma iguaria da Índia.

Dono de uma cultura ímpar e cheio de informações sobre a culinária oriental, ele me
explicou pacientemente sobre cada prato que era servido ali, além de detalhar alguns
segredos da cultura indiana que eu nem sonhava em saber. Sair com caras mais velhos
como ele era algo totalmente diferente e era como se mergulhássemos quase que o
tempo inteiro num mar de conhecimento que nenhum moleque da minha idade teria
para oferecer. Pelo menos, não os idiotas que estudavam no Dom Pedro II.

Após o jantar no Palácio Vishnu, ainda demos uma passada numa delicatéssen fina que
ficava nos arredores do restaurante indiano e onde ele me comprou uma caixa de
bombons parisienses de presente.

— Você tem que experimentar o bombom de licor chambord — recomendou ele com
um sorriso na cara —, é uma sensação indescritível no paladar. Vai adorar!

Agradeci o presente e agarrei o seu braço enquanto saíamos da loja, deixando a moça do
balcão de olho em nós dois. Estávamos mesmo parecendo um casal feliz de namorados
e tínhamos causado uma boa impressão na moça da delicatéssen.

— Desse jeito, vou achar que você quer me ver gorda me dando todos esses bombons!

Ele deu uma risada gostosa e em seguida disse, já caminhando ao meu lado sobre a
calçada:

— Mesmo gordinha, ainda assim, eu amaria a sua companhia!

Eu tinha ganhado o meu dia e se não estivéssemos em público, eu teria pulado em seu
pescoço àquela hora e aberto as minhas pernas para ele ali mesmo. Estava cada hora
mais louca por Digo.
Capítulo 28 – Desejos proibidos

O PASSEIO PELA VILA MARIANA e regiões próximas durou até perto das nove da
noite, quando ele começou a rumar para o seu apartamento. Ao vê-lo embocar o Jeep
em direção ao estacionamento do prédio onde morava e a cabeça calva do porteiro
Alcides do lado de fora, eu quase nem consegui conter a minha euforia a seu lado no
passageiro e ele deve ter percebido.

Rodrigo não era nenhum santo e eu sabia que não podia esperar que ele fosse um
cavalheiro a noite inteira, como bem tinha sido até então. Por isso, quando me convidou
para entrar em sua casa, eu sabia muito bem o que podia esperar a partir dali. Eu tinha
me produzido para ele, estava vestindo a minha melhor calcinha e tinha feito o papel de
boa moça em público, agora, queria a minha compensação.

— Quer beber alguma coisa?

Seu esperma, quentinho na minha língua, se possível, pensei, sedenta.

— O que você quiser me servir, Digo. — Respondi educadamente, em vez de alguma


baixaria.

Eu me sentei de pernas cruzadas em seu sofá confortável e o esperei voltar com as


bebidas. Não queria parecer tão afoita, mas naquela noite, não estava conseguindo
controlar a minha ansiedade. Fiquei batendo de leve o salto do sapato no chão enquanto
o esperava.

O que é isso? Parece até que estou prestes a perder a virgindade e que nunca vi um
pau na minha frente? Nem eu estava me reconhecendo.

Rodrigo me serviu uma taça de um champanhe francês de nome impronunciável e tive


certeza que ele tinha más intenções para comigo, o que era ótimo.

Primeiro, bombom de licor, agora champanhe? Ele quer me embebedar para poder me
deixar mais solta!

Mal sabia o moço que eu já estava praticamente aberta para ele, mesmo antes de beber
uma só gota de álcool.

— Agora que chegamos, lembrei que podíamos ter visitado a agência de design da sua
mãe em frente à construtora. Estava tão perto e eu a achei adorável quando a conheci
melhor durante a festa de aniversário da Kelly.

A última coisa que eu queria naquele momento era falar da minha mãe, mas fui gentil:

— Tenho certeza que ela adoraria a sua visita.


Os dois tinham se conhecido no bufê da comemoração em setembro, e na ocasião,
minha mãe tinha comentado que Rodrigo era um rapaz muito educado e bonito. Apesar
de trabalhar na construtora que era a principal concorrente da Suares & Castilho, a
empresa da nossa família, Carla havia dito que ele tinha sido bastante gentil, tratando a
rivalidade entre as famílias de modo discreto.

O que mamãe diria se eu aparecesse um dia em casa de mãos dadas com o herdeiro dos
Monterey, o apresentando como o genro dela?

Oi, mãe. Lembra do Rodrigo? Então, eu estou dando pra ele? Não é o máximo?

A velha teria um infarto!

Após tomarmos juntos meia garrafa daquele champanhe maravilhoso, não demorou
muito para que eu começasse a me soltar, mais pelo fogo intenso que ardia em mim do
que pelo álcool propriamente dito. Como ele não sabia disso, eu podia usar o
champanhe como desculpa.

— Eu adorei a bebida, Digo, mas confesso que ainda estou pensando naquele leite que
você ficou de me dar…

Vocês acreditam que eu mandei essa NA LATA?

Normalmente, eu já era uma putinha, mas perto dele, eu me tornava a rainha de todas as
putas!

Ele desviou o olhar um instante com um falso sorriso tímido na cara, depois, voltou ao
assunto que tínhamos começado por mensagem, há alguns dias.

— E a Kelly? O que ela pensaria sobre isso?

Deixei a taça sobre a mesa de centro e deslizei o quadril para perto dele. O perfume
francês exalava de sua pele e os primeiros pelinhos de seu peito já apareciam por cima
dos botões abertos da camisa azul-celeste que ele usava. Adorava enfiar meus dedos por
eles e sentir o suor que os impregnava depois que terminávamos de transar. Achava
sexy.

— Acho que ela não se importaria que o seu tio Digo alimentasse a namorada dela. Na
verdade, acho até que ela incentivaria a minha amamentação!

Eu decidi deixar de conversa e parti para o ataque. Deslizei a mão esquerda para dentro
de sua camisa e acariciei o seu peito, sentindo os pelos em meus dedos. Encostei os
seios em seu corpo e então, avancei para um beijo. Caprichosamente, ele me deixou
tocar os seus lábios com os meus, mas quando já estava pronta para usar a língua, houve
uma esquiva.
— Esse é um jogo perigoso, Mica — alertou, me encarando de olhos bem abertos a
milímetros do meu rosto —, a Kelly é uma garota sensível, ela pode acabar tendo os
sentimentos feridos por nós dois.

“Ninguém gosta de ser tratado como um objeto, algo que é colocado num lugar apenas
para suprir uma ausência”, naquele momento impróprio, me lembrei das palavras da
psicóloga em uma de nossas sessões e me senti levemente culpada… porém, não o
suficiente para perder o tesão.

— Você não me quer?

Usei um tom entre o infantil e o malicioso, e aquilo foi o bastante para abalá-lo. Fui me
afastando devagar fazendo cena de menina pura e ingênua e até ajeitei a alça de meu
vestido que havia caído para o lado. Os olhos dele, no entanto, deram aquela encarada
em meu decote, em meus seios firmes que o vestido privilegiava.

— Não é o que eu quero, Mica, mas o que as demais pessoas podem sentir se souberem
o que estamos fazendo…

Daquela vez, ele estava parecendo mais culpado que antes e por um momento breve,
achei que a noite de sexo safado que eu tanto sonhava tinha subido no telhado. Eu não
era boba de achar que estava sendo rejeitada e que aquele homem à minha frente não
estava louco para rasgar a minha roupa inteira e me foder até gastar o pinto, por isso, me
mantive firme e tudo que tive de fazer foi usar as palavras certas.

— O meu lance com a Kelly é algo mais de pele, não tem a ver com sentimentos. Eu a
amo do meu jeito e ela sabe o que esperar de mim. Por isso, tenho certeza que qualquer
coisa que rolar aqui hoje não vai ser nenhum crime. Nós não estaremos ferindo os
sentimentos de ninguém.

O fato de ele ter me arrastado até o seu apartamento àquela hora, às vistas do porteiro,
indicava que a situação com a namorada dele não era nenhum impedimento, já que eles
realmente pareciam estar dando um tempo. Quando a questão com Kelly foi esclarecida,
ele pareceu, enfim, aceitar que não magoaríamos ninguém e cedeu.

— Você parece mesmo ter resposta para tudo…

Eu sorri, já tirando a máscara de mocinha boba. Enlacei meus braços em torno de seu
pescoço.

— Eu tenho outras qualidades além do meu corpinho bonito…

As suas mãos pesadas agarraram a minha cintura me trazendo para mais perto e a voz
soou como um sussurro:

— Um corpinho muito bonito!


Depois daquilo, não demorou muito para que Rodrigo estivesse pedindo para que eu
caminhasse na frente até o seu quarto. Enquanto o esperava se juntar a mim, ele botou
uma música bastante sensual para tocar no home theater da sala.

♪ This is no ordinary love. No ordinary love♫.

Aqueles versos soavam insistentes no alto-falante e enquanto eu ouvia a voz sexy da


cantora, comecei a sentir o meu estômago gelar de ansiedade. Nós já tínhamos feito
aquilo três vezes, duas delas na frente de uma outra pessoa e eu continuava parecendo
uma virgem prestes a ser deflorada todas as vezes que o via muito perto de mim.

♪ Keep trying for you. Keep crying for you. Keep flying for you. Keep flying, I'm falling

Como na música, eu também estava chorando, só que não pelos olhos. Quando ele
apareceu à porta da suíte, já sem a camisa social sobre o corpo e a calça levemente
aberta, eu sorri. Estendi os braços sentada com as costas eretas sobre o seu colchão e
movi as mãos, o chamando para mais perto. Os versos de “No Ordinary Love” — que
depois daquele dia se tornou o toque de meu celular — continuavam soando lá fora e
quando ele se aproximou, vi que tinha trazido morangos e chantilly. A minha reação foi
apenas arregalar os olhos e gemer. Nem tinha começado e eu já sabia que aquela seria a
noite mais incrível da minha existência.
Capítulo 29 – Inebriada de prazer

RODRIGO DESPIU O MEU vestido com toda a delicadeza do mundo e depois de me


privar de meu sutiã, me deitou sobre a cama para começar a lambuzar certas partes do
meu corpo de chantilly. Eu o esperei por um instante de olhos fechados e quando tornei
a olhar para ele, já estava sem a calça e só de cueca.

— Fecha os olhos.

O pedido foi um sussurro suave que eu obedeci. Enquanto tentava me manter relaxada,
ele começou a pincelar morangos no creme que havia espalhado em meus seios, em
minha barriga e em minhas coxas. Cada toque da fruta em minha pele era um arrepio
em uma região diferente que eu sentia e achei aquela brincadeira uma das mais
excitantes que já tinham feito comigo.

— Tá gelado, Digo!

Ele me torturou mais um pouquinho, em seguida, me deu um morango na boca.


Enquanto eu ainda mastigava, senti seus lábios colarem aos meus e minha vagina pulsou
de desejo.

Ele quer acabar comigo! Pensei, acesa.

O deslizar dos morangos sobre o chantilly em meu corpo ainda se prolongou um tempo
e ele pedia o tempo todo que eu me mantivesse de olhos fechados. Queria testar meus
outros pontos sensoriais e confesso que estava adorando o joguinho. Quando ele lambeu
todo o creme de cima dos bicos dos meus seios, senti algo quente escorrer entre as
pernas e percebi que ele tinha me feito gozar sem encostar um dedo sequer em minha
xana.

Filho da puta! Como ele consegue fazer isso comigo?

Quando ele desceu a minha calcinha, eu já estava encharcada, e então, ele quis misturar
chantilly com o meu mel.

— Vamos ver se consigo deixar você ainda mais docinha!

Ele borrifava chantilly entre as minhas pernas, passava a língua, voltava a me encher de
creme e repetia todo o processo, me fazendo suspirar a cada vez que eu sentia aquela
língua entrar em minhas dobras. Tinha caprichado na área do meu grelinho e naquela
hora, fui obrigada a implorar:

— Chega, Digo! Eu não aguento mais essa tortura… Me come!


Ele, enfim, tinha deixado eu abrir os meus olhos e notou as lágrimas que já enchiam os
dois. Eu estava no ápice do desejo e não estava mais aguentando a espera. Precisava
dele dentro de mim e logo.

A lata de chantilly e a bacia dos morangos foram deixadas de lado. Rodrigo percorreu
toda a extensão dos meus pelos ruivos até a minha boca me presenteando com um beijo
úmido, quente, e deliciosamente sufocante. Gentilmente, enxugou uma lágrima que
escorria do meu olho direito e me encarou de maneira terna enquanto eu arfava, quase
sem fôlego.

— Não seja mau… Come a sua ruivinha… Por favor!

Ele não podia resistir ao meu apelo.

Digo se deitou sobre mim logo em seguida e sem usar as mãos, deixou a sua glande
achar o caminho sozinha, fazendo-a escorregar para dentro da minha vagina. Eu estava
ensopada lá embaixo e não houve qualquer dificuldade naquela tarefa. Estática estalou
entre nossos corpos quando ele escorregou o pau duro em meu interior e soltei um
gemido.

— Ahhh, assim… Que gostoso! Humm!

Ele então soltou o peso sobre mim e ficou me encarando quase sem piscar. Comecei a
me desfazer de prazer sob seu corpo assim que seu pênis passou a entrar e sair de mim
com delicadeza. Nós já tínhamos feito aquilo antes, eu já havia sentido a sua espessura,
sabia o quão bem ele usava aquela coisa, mas foi como se eu estivesse sendo
desvirginada.

— Ai, Digo… Eu tô… Ai, isso é… Ahhh!

Veio o primeiro orgasmo e ele ainda nem estava se esforçando. Meteu só até a metade e
continuou fazendo movimentos suaves de vai e vem. Quando embalou o ritmo, enterrou
tudo e aí tive que dar um grito. Digo estava se divertindo me vendo toda desmanchada
embaixo dele e pagaria um milhão de Reais para saber o que ele tinha pensado de mim
naquele momento exato enquanto eu gemia de olhos fechados, quase morrendo de tanto
prazer.

Cara, eu estou mandando muito bem!

Ei, essa novinha nunca sentiu um pau dentro dela?

Ela está fingindo orgasmo para me agradar?

Eu não tinha ideia, mas todas as minhas reações eram genuínas. Seja pela carência, seja
pela atração magnética que eu sentia por ele ou porque simplesmente aquele puto fodia
muito bem mesmo, a ruiva aqui estava totalmente entregue a ele e aproveitou cada
segundo.
Depois do papai e mamãe, Digo quis me comer de quatro em cima da cama e não perdi
a chance de oferecer aquilo que ele comia tão bem.

— Fode o meu cuzinho, tio Digo.

Cuidadosamente daquela vez, ele desceu da cama um segundo e trouxe um lubrificante


que fez questão de besuntar no meu buraquinho. O olhei por sobre o ombro com cara de
cadelinha e ele não demorou a enfiar em mim, como sempre, do seu jeitinho especial.

— Come o meu cuzinho, tio Digo… Só você sabe comer o meu cuzinho desse jeito…
Humm, que gostoso!

Em comparação, meu pai já teria me dado três ou quatro tapas no rabo àquela hora
enquanto mandava ver em meu buraco, mas eu tive que pedir para que Rodrigo me
batesse um pouco. Seja por educação ou pela falta de intimidade, ele evitava fazer
qualquer coisa mais violenta comigo, mas como eu tinha pedido, em alguns instantes, os
tapas estavam ecoando na minha bundinha.

— Gosta de tapa, sua safada?

— Gosto, tio Digo. Bate no meu bumbum, bate!

Aquele dia, senti que entrou até o talo e era muito gostoso sentir aquelas bolas macias
beijando a minha bunda cada vez que o grandão socava meu cuzinho. Comecei a dar
gritinhos de excitação e aproveitei para empinar bastante o meu quadril, o deixando se
servir à vontade.

Depois daquela posição, me ofereci para sentar de costas em seu colo e continuamos o
sexo anal, agora comigo dando uma surra de bumbum naquele cacete duro. Eu estava
muito além do êxtase e não queria parar de dar, assim como ele parecia não querer parar
tão cedo de me comer.

— Caralho, Mica… Você é maravilhosa!

Estava suada e os meus cabelos já estavam molhados a cair em meu rosto. Parava de
sentar para olhar as expressões deliciosas de tesão na cara dele, sorria, e então, voltava a
castigá-lo, no controle da situação.

Como eu sonhei com aquele momento! Quase nem acreditava que estava na cama com
o meu tio Digo de novo.

Depois de socar muito em meu buraquinho, ele segurou o meu quadril com força e fez
eu me sentar em seu rosto. Como se não bastasse todo o prazer que já havia me feito
sentir dentro daquele quarto, o moço ainda me presenteou com a melhor mamada de
buceta do universo e eu só não esguichei em seu rosto porque não tinha mais forças.

— Humm, toda vermelhinha… Tão docinha! Que delícia!


Ele rosnava enquanto me chupava e eu estava ali sentada quase não conseguindo conter
os gritos.

Ainda bem que não mora mais ninguém nesse andar. Deus! Ele tá acabando com a
minha xota! Como chupa bem! Oh, Deus!

Eu balançava o meu quadril tentando suportar todas aquelas ondas de prazer que iam e
viam entre as pernas e num dado momento, estava com as mãos apoiadas no colchão e
estava praticamente esfregando a buceta no rosto dele sem que sua língua saísse de
dentro de mim.

— Ahh, tio, Digo… Eu não aguento!

Meu cuzinho também ganhou alguma atenção e eu fui obrigada a reclinar o corpo para
trás, em desespero. Aproveitei para masturbá-lo, tentando lhe dar alguma compensação,
e aquele pau maravilhoso ainda estava duraço entre as suas pernas.

Me virei em posição “69” e não resisti em cair de boca. Ele gostava dos meus lábios e
eu tentei manter o ritmo das chupadas enquanto a sua língua não descansava da minha
xota. Quando gozava, gemia alto e esfregava mais em seu rosto. Ele me deu alguns
tapas no rabo durante esse processo e eu dei gritinhos safados.

— Ai, tio Digo!

Voltei a engolir o seu pau com muito desejo e chegava a suspirar com ele na boca.
Tinha um gosto afrodisíaco e quanto mais eu mamava, mais queria que ele descesse
pela minha goela inteiro, até os testículos. Quem dera fosse possível. Era enorme!

Senti suas bolas pulsarem em meus dedos e percebi que ele estava prestes a ejacular. Eu
já o havia sentido duas vezes dentro de mim e não me importava que acontecesse pela
terceira vez. Afoita, me virei de frente para ele e sentei em seu colo. Digo ergueu o
tronco, deslizou a mão em minhas costas e agarrou minha nuca.

— Goza na sua ruivinha, tio Digo… Jorra esse leitinho dentro de mim… Faz um neném
em mim!

Aquela era uma péssima hora para falar dos três filhos de cabelinhos castanhos e olhos
verdes que eu queria fazer com ele, mas nem dei tempo para que o Digo broxasse com a
ideia. Agarrei aquele pau imenso e o coloquei eu mesma dentro da xota. Logo depois,
comecei a sentar, com as coxas bem firmemente presas ao seu corpo e com as mãos em
seus ombros fortes. Sua pele estava suada, os pelinhos do tronco brilhavam molhados e
ele estava com uma cara de tarado. Eu adorava quando ele me fodia com aquela cara de
pervertido.

Eu acabei gozando mais uma vez antes dele e quando aquele homem lindo agarrou a
minha bunda e começou a meter com tudo em minha xota, a sensação do jorro
esguichando dentro de mim foi ainda mais gostosa do que das outras vezes. Deu para
sentir com detalhes. Ele devia estar segurando tudo aquilo por muito tempo, porque foi
uma gozada daquelas!

— Assim, meu tio Digo lindo… Bastante leitinho… Goza gostoso dentro da minha
bucetinha… Goza! Goza!

Meninas que estiverem lendo esse relato, não façam isso em casa se não tiverem
tomando um anticoncepcional seguro…

Naquela hora, apesar de todos os riscos, a última coisa que eu estava pensando era em
engravidar e francamente, se acontecesse, eu iria adorar.

— Ah, Mica! Você é… Muito gostosa! Que bucetinha apertada e deliciosa!

Ele se esvaiu em porra dentro de mim e eu quase não consegui conter a minha
felicidade. Fiquei olhando os nossos sexos em contato por um tempo ainda e vai se
decepcionar quem acha que ele parou de meter só porque tinha gozado. O danado ainda
ficou me fodendo um tempão e como eu queria, gastou de maneira caprichada a minha
xota. Eu preciso dizer que estava realizada?
Capítulo 30 – Momento de ternura sobre lençóis de seda

O PÓS-TRANSA COM Rodrigo sempre era um momento à parte em nossa relação e eu


me sentia extremamente solta em sua companhia na cama, depois que fazíamos o que
tínhamos que fazer ali.

— Um ídolo.

— Hum, eu tenho vários, deixa eu pensar um pouco…

Ele estava deitado de lado com o cotovelo direito apoiado no colchão e eu estava de
bruços, com as pernas flexionadas. Levei um tapa na bunda.

— Não vale, você está roubando. É pra dizer a primeira coisa que vem à mente.

— Ai, Digo… Tá bom, tá bom! — Eu ri, segurando a mão que já ameaçava me bater de
novo. — Tá, Ok, Benedict Cumberbatch. Amo ele naquela série “Sherlock”.

Era a minha vez de perguntar no jogo rápido.

— Uma atriz.

— Marina Ruy Barbosa.

Ele nem pestanejou. Eu emburrei.

— Quer dizer que você realmente gosta dessa ruiva, é? Assim fico com ciúmes!

Ele me roubou um selinho e respondeu:

— O que posso fazer? Eu realmente acho ela uma atriz muito boa.

Ele tinha dado ênfase ao “boa” e eu lhe dei um tapa na coxa.

— Para! Vou ficar brava.

Ele riu e fez sinal de que pararia.

— Uma viagem inesquecível.

Titubeei e ele foi mais rápido. A mão encaixou em minha bunda novamente. O estalo
ecoou no quarto.

— Ai, tio Digo, esse doeu!

Dei um gritinho cheio de manha. Ele então se inclinou, deu um beijo em meu bumbum
depois alisou, carinhoso.
— Tá demorando muito para responder, garota!

— Tá, tá bom! — Eu comecei a rir — Aspen, pronto falei. Eu e meus pais fomos juntos
há uns dois anos e eu adorei conhecer essa parte dos Estados Unidos.

— Ainda não conheço, mas tenho vontade. — Disse ele, não querendo afastar a mão do
meu bumbum, fazendo carícias. Me arrepiei toda. — Daqui a algumas semanas vou
viajar para Las Vegas, quem sabe dê tempo de estender o passeio até o Colorado?

Minha cabeça foi longe e comecei a imaginar nós dois juntos esquiando na neve,
fazendo bonecos com bracinhos de galhos secos e nariz de cenoura… Eu, ele e mais
ninguém para nos impedir de viver o nosso amor.

— Sua vez de perguntar.

Eu tinha perdido o interesse em nosso joguinho. Com os olhos levemente marejados, eu


me mexi sobre o colchão e aninhei a minha cabeça em seu peito. O coração dele estava
batendo acelerado. Digo começou a me fazer carinho entre os cabelos.

— Não quero mais jogar. Só quero ficar aqui abraçadinha contigo.

Eu não tinha o costume de ser daquele jeito mais dengosa com ninguém além dele.
Desde criança, eu tinha sido condicionada a achar gangbang, gozadas dentro e tapas na
bunda coisas normais e naturais na relação afetiva das pessoas. Ninguém havia me
ensinado que carinho, toques delicados e gentilezas na cama eram para ser o trivial
dentro de um relacionamento bem construído. Rodrigo tinha sido o único a me mostrar
que o sexo nem sempre precisava ser agressivo e que dava para equilibrar as coisas sem
apelar sempre para pancadaria e brutalidade. Ele me tratava diferente de todos os
demais, por isso, eu o amava.

— Tio Digo…

Ele continuou mexendo no meu cabelo e ergueu o meu rosto segurando de leve o meu
queixo.

— O que foi, Mica?

Senti os olhos arderem e deixei meu coração falar por mim, como nunca antes tinha
feito.

— Namora comigo?

Sua expressão passou de lívida para surpresa. Então, ele deu um riso envergonhado
antes de beijar a minha testa.

— Mica, você sabe que a gente não pode ficar junto.


Me apertei ainda mais forte a ele e deslizei a mão em seu abdômen. Deu para sentir os
gominhos delicados e a sua rigidez.

— Eu estou muito apaixonada… Eu… Eu nunca me senti assim antes com ninguém…
Você… Você faz eu sentir coisas que ninguém faz…

Ele ergueu o tronco e me fez imitá-lo. Me sentei na cama ainda nua, sem qualquer
vergonha ou pudor em sua frente. Sua mão direita segurou meu rosto com leveza
tocando a minha orelha. Estava me olhando nos olhos.

— Você ainda é uma menina, Mica. É linda, tem um fogo delicioso de sentir, mas você
está confundindo as coisas entre a gente.

Balancei a cabeça em negação. Segurei com firmeza os seus pulsos, mas ele não me
deixou falar.

— Eu também senti essa magia boa que rola entre mim e você… Seria hipócrita de
dizer que não aconteceu. É gostoso demais, mas nós dois somos diferentes, temos vidas
em momentos diferentes, eu tenho quase dez anos de idade a mais que você…

“…Você sabe os danos psicológicos que relacionamentos com pessoas tão mais velhas
que você pode causar, não é? Esses homens têm mais experiência, um ritmo diferente,
outros projetos de vida que você, como uma adolescente, ainda não pode
acompanhar”.

A voz agourenta de Fabíola estava ecoando novamente em minha mente e foi como se
ela estivesse falando no lugar de Rodrigo. Eu sabia que tínhamos poucas chances de dar
certo como um casal, mas ouvi-lo falar foi bastante duro. Me senti uma criancinha inútil
e tive vontade de correr, me trancar no banheiro e chorar.

— Eu… Amo tanto você… Quero ter um bebê seu — eu passei a mão pela barriga,
agora sentada sobre as pernas flexionadas. Ele observou o movimento —, quero ser a
sua mulher, a sua única mulher…

Ele então me trouxe para perto dele. Beijou carinhosamente o topo da minha cabeça, me
fez uma carícia no ombro e disse, com tom suave:

— E eu adoraria se tudo isso acontecesse, minha ruivinha. Numa outra situação, num
outro momento de nossas vidas talvez… Agora, você sabe que é impossível.

Sem poder me segurar, eu chorei e as minhas lágrimas começaram a molhar o seu peito.
Feito um verdadeiro cavalheiro, ele não me soltou um só segundo. Ficou lá por bastante
tempo esperando até que eu me acalmasse e a razão voltasse a minha mente. Eu sabia
que estava sendo ridícula me expondo daquela maneira, mas depois que o desespero
passou, eu não me senti mal em ter aberto meus sentimentos para ele. Era a primeira vez
que fazia algo do tipo e percebi que eu era mais do que apenas a boneca sexual que
todos pensavam que eu era desde mais jovem.

— Você é muito especial para mim, Mica — e ele depositou um selinho em meus lábios
—, há pouco tempo, a gente nem se conhecia, mas hoje, eu percebo que você é uma
menina que possui muito valor e que tem um coração bastante generoso batendo nesse
peito.

— No meu peito lindo… Rosado e sardento?

As lágrimas ainda escorriam nos olhos, mas eu já estava forte o suficiente para exalar o
meu sarcasmo de novo. Ele riu.

— Isso. Dentro desse peito lindo, rosado, sardento e extremamente macio.

Me abri, envaidecida e balancei os ombros para que meus seios descem pulinhos. Abri
um sorriso e me projetei para abraçá-lo outra vez.

— Esses peitos lindos, rosados e sardentos vão estar esperando por você daqui a alguns
anos, caso sinta saudades da sua ruiva, viu? Eu nunca vou te esquecer.

Ele me apertou forte contra o peito. Eu escutei seu coração tamborilar e foi muito bom
sentir o seu cheiro tão de perto. O silêncio disse por nós mais do que qualquer outra
palavra poderia dizer naquele momento.
Capítulo 31 – Um apanhado de confusão e indecisão

O ÚLTIMO ENCONTRO COM O herdeiro dos Monterey havia mexido demais com a
minha cabeça e eu simplesmente não conseguia parar de pensar naquele rapaz e em tudo
que ele tinha começado a representar em minha vida.

Eu tinha óbvios complexos junguianos para resolver antes que pudesse assumir um
relacionamento mais sério com quem quer que fosse, e naquele mês, as minhas
consultas com a minha psicóloga entraram num ciclo repetitivo de temas como
“Complexo de Electra”, “dependência afetiva” e “desapego emocional”.

— Como você se sentiu após ser rejeitada por esse rapaz, Micaela?

Eu estava frente-a-frente com a doutora Fogaça em seu consultório aquela tarde e torci o
lábio antes de responder sem nenhuma firmeza:

— Não me senti rejeitada… foi mais como se a gente estivesse dando um tempo.

Era muito comum que eu me auto-sabotasse daquela maneira para continuar acreditando
que Rodrigo e eu ainda tínhamos uma chance, mesmo que remota, de ficarmos juntos
num futuro próximo. Eu preferia pensar daquela maneira do que aceitar o fato que não
era nem a número quatro na vida sexual atribulada que o moço parecia levar com as
Schneider e o seu poliamor.

— Eu vou pedir que faça um exercício em casa e me traga o resultado na próxima


consulta, Micaela, tudo bem?

Acenei que sim e me mexi curiosa na poltrona a dois metros da profissional.

— Eu quero que liste de um a cinco quem, na sua opinião, são as pessoas mais
importantes no mundo para você e quero também que determine três qualidades em
cada uma delas que a fazem ter certeza de que são essenciais na sua evolução como
pessoa. Entendeu bem?

Fiz que sim e da saída do consultório até a minha casa, comecei a procurar um sentido
para que a doutora tivesse me pedido aquela lista. A minha mente estava uma bagunça
só e tive que organizar as minhas ideias em um bloco de notas para que elas fizessem
algum sentido. Naquele momento, eu só conseguia colocar Rodrigo em primeiro lugar,
mas já não sabia se o que sentia por ele estava me fazendo evoluir como pessoa ou se só
estava me fazendo sofrer ainda mais.

O ritmo de trabalho na Suares & Castilho e na A3 – Design e Arquitetura foi bastante


intenso no mês de outubro daquele ano e como consequência disso, eu fiquei ainda mais
tempo sozinha em casa à espera de meus pais superocupados e com cada vez mais
tempo livre para o meu trabalho como Cam Girl.
Na falta de um homem que pudesse chamar de meu e com a vida sexual estagnada —
apesar dos amassos que continuavam rolando frequentemente com a Kelly no banheiro
do colégio —, as minhas exibições nas salas privativas se tornaram o meu grande
divertimento daquele período e eu estava faturando alto encarnando a personagem
“Érika Baby” durante as noites e madrugadas de meus finais de semana.

Para apimentar as minhas apresentações em frente à câmera semiprofissional que eu


havia importado da China, além da minha coleção variada de dildos e vibradores, eu
encomendei também algumas fantasias eróticas de uma loja especializada e a Érika
Baby começou a aparecer para o seu público cativo — e cada dia mais tarado — usando
roupinha de enfermeira safada, de diabinha, de vampira e até coelhinha, com direito a
plugue anal de pompom.

Eu estava cada dia mais à vontade com o meu papel de entertainer porque sabia que
tinha tudo aquilo que deixava os caras malucos por mim. As salas ficavam cada vez
mais lotadas de todos os tipos de pervertidos existentes no mundo. Eles me pagavam
verdadeiras fortunas para que eu arrancasse a minha roupa e esfregasse a minha xota na
internet e aquilo me conferia um poder irreal de domínio, mas que alimentava o meu
ego e me fazia bem, mesmo que temporariamente.

Das fantasias mais básicas, eu passei logo a me vestir como personagem de animes e
mangás e foi ali que eu conquistei o meu público. Aquelas personagens orientais de
cabelos coloridos e olhos grandes exigiam uma produção mais caprichada antes das
minhas apresentações e eu tive que investir uma grana boa em maquiagens e acessórios
para satisfazer os desejos doentios que meus “clientes” tinham em se masturbar para
bonecas japonesas vivas.

Numa remessa de compras pela internet, eu encomendei quase uma centena de perucas,
adornos, enfeites e acessórios diversos como espadas de plástico, pistolas ou adagas que
aquelas personagens de desenho usavam nos episódios dos animes e as entregas não
paravam de chegar no portão do condomínio. Era um verdadeiro malabarismo inventar
histórias para explicar ao porteiro o que continham as caixas de variados tamanhos que
chegavam aos montes em meu nome, mas como eu vivia praticamente sozinha dentro da
minha casa, aquela não era nenhuma tarefa impossível. Ninguém precisava ficar
sabendo a real natureza das minhas comprinhas.

Num final de semana bastante intenso em que me vesti de Saya Takagi, uma
personagem de cabelos longos cor-de-rosa com uma roupinha colegial japonesa em tons
de verde de um anime chamado “Highschool Of The Dead”, eu recebi pedidos bastante
ousados pelo chat do MacBook que iam de “introduza a espada em seu cuzinho” até
“lamba seus próprios mamilos” e meus espectadores se divertiram bastante enquanto eu
os obedecia. Terminei aquela sessão quase que totalmente pelada em frente à câmera e
claro que os elogios a meu corpo me encheram de vaidade.
Conforme a Érika Baby se tornava cada vez mais conhecida e requisitada no site de
Cam Girl onde eu me apresentava todo final de semana — abrindo até exceções para
segundas-feiras, às vezes —, o meu chat privativo começou a bombar com mensagens
de meus clientes que não se intimidavam em me elogiar um pouco mais além das
apresentações. Alguns eram tão ousados, que começaram a pedir meu número de celular
para conversas particulares e tinham até aqueles que queriam marcar encontros pessoais
comigo no mundo real de tão interessados que haviam ficado.

— Você é muito fofo — respondi a um deles que vinha insistindo já há quase duas
semanas para que eu saísse com ele —, mas eu não faço esse tipo de programa.

Eu estava seminua em cima da cama e ainda usava a maquiagem de uma personagem de


anime que se assemelhava a um híbrido de gato e mulher. Tinha me dedicado a
responder gentilmente alguns de meus espectadores costumeiros pelo notebook, mas
aquele em específico tinha me chamado a atenção por sua insistência.

— Garanto que vai ser num lugar bastante discreto e que vai te deixar muito à vontade,
Érika.

Eles não sabiam o meu verdadeiro nome ou qualquer outra informação que revelasse
quem eu era na vida real por trás das fantasias e todo o clima de luxúria que eu criava
diante da câmera. Respondi:

— Seria muito bom, mas eu realmente não faço esse tipo de coisa, gatinho.

A foto no chat não dizia nada sobre aquele cliente — era um pôr-do-sol em alguma
praia caribenha —, mas eu gostava de tratar todos os meus fãs da maneira mais íntima
possível para que eles se sentissem importantes e dignos do meu tempo. Ele insistiu:

— Eu sei que deve estar com medo de se encontrar com um completo estranho que
conheceu pela internet, mas eu prometo que você estará totalmente segura comigo no
apartamento que tenho de frente para a Avenida Paulista. A vista da minha janela é
linda e todo o ambiente é extremamente confortável.

A localização para o tal encontro tinha me chamado a atenção e pensei que devia ser
bem perto do colégio onde eu estudava.

— Você deve ser bem rico para ter um apartamento nessa região…

Havia mais uma dezena de mensagens a responder piscando no chat, mas aquele moço
— quem quer que ele fosse — tinha mesmo me deixado curiosa. O seu português era
perfeito, não usava gírias, emojis e nem abreviações. Parecia ser realmente alguém com
certa posição social e não apenas algum adolescente tarado querendo afogar o ganso
pela primeira vez comigo.

E se ele for um velho pervertido de sessenta anos? Pensei, levemente preocupada.


— Se aceitar o meu convite, vai poder conhecer o lugar. Tenho certeza que vai ficar
encantada, Érika.

— Não sei… ainda acho perigoso — respondi verdadeiramente receosa —, eu nem sei
quem você é, gatinho!

Logo em seguida, surgiu um número de telefone na mensagem e o tal “userdog5758” —


o nome de usuário dele no chat — pediu para que eu o adicionasse em minha lista de
contatos.

— Se tiver interesse, podemos conversar de maneira mais adequada por outro meio.
Trocamos algumas ideias, você vê algumas fotos minhas e aí vai me conhecer um pouco
melhor. Que tal?

Eu não sabia dizer o que era, mas tinha ficado instigada a conhecer aquele cara e
respondi que iria pensar no caso alguns minutos antes de ficar off-line na sala de bate-
papo. Não demorou nem meia-hora, eu já o tinha adicionado em meu aplicativo de
mensagens e dei uma olhada em sua foto de perfil. Era um verdadeiro colírio para os
olhos!

Nos dias que se seguiram àquela conversa do chat, eu comecei a conhecer melhor o
moço que seguia firme em seu intento de me levar para a cama após ficar fascinado por
me ver pelada em frente à câmera, e sem nada melhor para fazer em minhas noites
tediosas, lhe dei corda.

Raphael Volfgang era um advogado recém-formado de vinte e cinco anos que


trabalhava com o pai representando legalmente uma empresa de construção civil. Era
alto, tinha cabelos loiros, olhos azuis e um corpo esguio, sem ser muito ossudo ou muito
definido. Em nossa primeira conversa por WhatsApp já tinha me mandado uma foto dele
sem camisa numa praia da Espanha e tinha feito uma enorme propaganda do patrimônio
que guardava dentro das calças. Dizia que não era nada mal e que eu ia ficar
impressionada quando o visse pessoalmente.

— Ah, é mesmo? — O instiguei por mensagem de texto — Eu não me impressiono


fácil, gatinho. Vai ter que ser mesmo algo espetacular!

— Então quer dizer que vai aceitar o meu convite para um drinque em meu
apartamento?

Eu ainda não estava segura quanto aquela parte da nossa interação e respondi apenas um
“talvez”, o deixando sonhar mais um pouco.

Para Raphael, eu ainda era a Érika Baby e mesmo por WhatsApp, eu revelava pouco
sobre a minha vida pessoal a fim de que ele não soubesse com quem realmente estava
falando. Ele dizia que havia construído uma imagem de uma moça feroz e dominadora
em sua mente conforme assistia a meus shows pela internet, mas que tinha se
surpreendido pelo lado mais carismático e gentil que eu o estava apresentando em
nossas conversas agora quase diárias. Apesar de não falar nada sobre a Micaela Alencar
Castilho a ele, nós dois falávamos bastante sobre a vida, costumes e nossos anseios para
o futuro. Aquilo tinha dado a ele uma base de quem eu realmente era.

Ele ficaria decepcionado em saber que sou na verdade um apanhado de confusão e


indecisão, pensei, levemente chateada por achar que precisava me esconder atrás de
uma personagem para que as pessoas gostassem minimamente de mim.

Mais carente que o normal e ainda buscando um sentido para a minha própria
existência, eu estava me sentindo abandonada pelas pessoas que mais amava. Um dia
antes de retornar ao consultório de psicologia, me peguei tendo dificuldades de montar a
lista que a doutora Fogaça havia me encomendado. Eu não fazia ideia quem era a pessoa
mais importante da minha vida naquele momento e não conseguia colocar nada no
papel.
Capítulo 32 – “userdog5758”

A DOUTORA FABÍOLA FOGAÇA levou alguns minutos analisando a lista que eu


havia entregue em suas mãos assim que iniciamos a nossa sessão de cinquenta minutos
aquele dia. A janela do consultório estava entreaberta ao meu lado esquerdo e um sol
agradável ainda refletia contra o vidro com a tarde pronta para se tornar noite lá fora.

— O seu pai é a pessoa mais importante na sua vida — disse a mulher de cabelos
escuros na poltrona em frente, de olho na folha de papel em sua mão direita —, você
acrescentou aqui “incentivo”, “determinação” e “carinho” como as três palavras que
fazem dele um motor para o seu crescimento pessoal. Quer falar um pouco sobre isso,
Micaela?

Desde que eu me conhecia por gente, meu pai tinha sido o maior incentivador dos meus
talentos que eu conhecia e ele nunca deixava de apoiar os meus sonhos, mesmo os mais
malucos.

Nós dois assistíamos ao Pokémon quando eu era criança e eu era louca por aquela
animação. Dizia que quando eu crescesse, ia me tornar uma treinadora Pokémon e é
claro que ele me apoiava em minhas fantasias infantis.

— Quando você completar seus dez anos, eu vou matricular você num curso para
treinadores Pokémon, Mica. Você vai ter a chance de disputar o seu próprio torneio.

— É verdade, papai?

Estávamos os dois sentados no sofá da sala enquanto um dos episódios do anime era
exibido na TV. Os sons dos relâmpagos do Pikachu explodiam nas caixas acústicas do
nosso sistema de home theater e eu estava realmente empolgada com a possibilidade de
me tornar uma treinadora como a Misty, a Sabrina ou a Cynthia.

Papai me deu um beijo na testa e confirmou:

— Sim, é verdade. Você pode fazer o que você quiser, meu amor e o papai vai sempre
te apoiar em tudo. Nunca se esqueça disso.

Embora eu raramente soubesse o que fazer da vida ou qual caminho devia seguir, eu
tinha em meu pai a força motriz que me fazia seguir em frente sempre de cabeça
erguida, com determinação. Aquela conversa sobre treinadores Pokémon era apenas
uma das inúmeras parecidas que havíamos tido ao longo da minha infância e
adolescência. Roque parecia sempre disposto a apoiar os meus sonhos e nunca me
repreendia em nada ou sequer podava os meus devaneios. Ele me deixava voar o mais
longe que eu conseguisse e eu comentei aquilo com a doutora.
— A sua mãe ficou em quarto lugar em sua lista, Micaela — disse a doutora, cruzando
as pernas e firmando os olhos castanhos na minha direção —, você colocou a sua
namorada Kelly e o seu amigo Rodrigo acima dela. Quer comentar algo sobre isso?

A minha mãe e eu andávamos cada dia mais distantes uma da outra e dava para contar
nos dedos as vezes que ela tinha assumido o seu papel de conselheira amorosa ou que
estivesse aberta para que eu desabafasse sobre os meus problemas com ela. Eu vivia
com a nítida impressão que não éramos amigas como tantas outras mães e filhas do meu
círculo de convivência pareciam ser. Era mais como se fossemos eternas rivais e que
disputássemos dia a dia a atenção de Roque. Eu odiava que as coisas funcionassem
daquela maneira entre nós duas, mas eu realmente não a via como um ponto de
equilíbrio espiritual ou como se ela pudesse me ajudar a crescer pessoalmente. Aquilo
era extremamente triste, mas era o que eu sentia.

Na sexta-feira daquela semana, a minha mãe estacionou o seu carro na garagem de casa
por volta das onze da noite e quando ouvi o freio de mão ser acionado no andar de
baixo, eu tinha acabado de concluir mais uma sessão de exibições como Cam Girl.
Ainda estava toda maquiada e paramentada como a ninfa de cabelos verdes de um
anime obscuro sobre magia e comecei a jogar tudo de lado quando ouvi os passos de
Carla escada acima.

— Mica? Ainda está acordada?

Ela deu dois toques na porta e quando corri para atender, tinha acabado de jogar a
peruca dentro do closet e havia me enfiado dentro de uma camiseta branca comprida até
as coxas. Apareci entre a fresta.

— Tô sim, mãe. Tô acordada.

Carla estranhou a minha maquiagem colorida sobre as pálpebras e têmporas.


Comprimiu os lábios e franziu o cenho.

— Ainda está cedo para o Dia das Bruxas, Mica.

Estávamos na segunda semana de outubro. Dei uma risada sem graça.

— É, eu estava só testando algumas makes que comprei pela internet antes de dormir.

Seu semblante relaxou e então ela disse:

— O seu pai está ensaiando com a banda e só vai voltar mais tarde. Como amanhã é
sábado, pensei se não podíamos estourar pipoca para assistirmos juntas a alguns filmes
na sala até de madrugada. O que acha?

Estava exausta após as três sessões seguidas de masturbação com meus pintos de
borracha diante da câmera. Assistir filme era a última coisa que eu queria aquele fim de
noite.
— Eu estou com um pouco de sono, mãe. Só vou passar um demaquilante pra tirar isso
tudo da cara — e fiz um gesto em frente ao rosto — e já vou entrar embaixo das
cobertas.

Carla ficou visivelmente decepcionada e abaixou os olhos.

— Tudo bem então, filha. Boa noite.

Acenei retribuindo o seu desejo de boa noite, e em seguida, me pus a arrumar a bagunça
que ficava em meu quarto após as sessões de exibicionismo a que eu me propunha nos
finais de semana em troca de dinheiro. Enquanto recolhia partes das fantasias, pares de
sapatos, acessórios fálicos e meus equipamentos de filmagem, me bateu uma angústia
dentro do peito e o rosto cabisbaixo de minha mãe voltou feito um flash em minha
mente.

Eu sou uma péssima filha, pensei comigo mesma, entristecida.

Ainda naquela madrugada, incapaz de dormir apesar das horas de sexo solitário para
entreter o meu público cada vez mais crescente nas salas do site de Cam Girl, eu recebi
uma mensagem de Raphael pelo aplicativo de conversa e ele renovou o seu convite para
que eu conhecesse o seu apartamento.

— Depois da apresentação de hoje, fiquei ainda mais animado para te conhecer


pessoalmente, Érika.

Eu tinha muitos seguidores e os usuários das salas privadas que frequentava nem
sempre se identificavam com os mesmos nomes no chat. Eu não tinha prestado a
atenção se o “userdog5758” tinha ficado online aquela noite, mas agradeci a seus
elogios.

— Você estava particularmente gostosa com aquele seu maiô preto cavado.

Mandei emojis de coração e tornei a agradecer.

— Aliás, amo as suas sardinhas. Nunca saí com nenhuma ruiva natural assim como
você. Não vejo a hora de resolver essa falha.

Eu estava deitada de costas para a cama e recolhi as minhas pernas por baixo do lençol.
O ar-condicionado estava ativado dentro do quarto e a temperatura ambiente estava em
menos de 15°. Meus mamilos estavam até duros por baixo da blusa.

— Não vai descansar enquanto não me conhecer pessoalmente, né, gatinho?

— Não mesmo — respondeu rapidamente —, essa virou a minha meta de vida.

Ri por trás da tela e mandei uma sequência de “k” como resposta.


— E se eu não for exatamente o que você espera de mim? Não tem medo de se
decepcionar com quem eu sou na vida real?

Ele demorou algum tempo para me responder. Depois, disse:

— A vida é curta demais para nos escondermos atrás de medos, Érika. Além disso, acho
muito difícil que você me decepcione de qualquer maneira. Muito difícil mesmo!

Eu sabia que estava me arriscando demais em marcar um encontro quase às cegas com
um cara que tinha me conhecido através de um site de pornografia ao vivo e que me
idealizava como a personagem safada e fantasiada que eu interpretava todas as noites ao
bel prazer de um sem-número de pervertidos. Porém, no dia seguinte àquela conversa
com o advogado, pedi para que o Valmir me levasse de carro até um shopping da região
da Avenida Paulista, depois, dei um perdido de lá até a portaria do prédio onde Raphael
estava me esperando.

Raphael media um metro e oitenta e um de altura, seus olhos brilhavam quase verdes
dependendo da luz que incidia no par e ele era extremamente cheiroso. Me recepcionou
perto dos elevadores de acesso aos apartamentos e me conduziu até o décimo quinto
andar onde ele se hospedava.

O lugar era um apart-hotel de luxo com uma vista linda para a cidade e a primeira coisa
que fiz foi me debruçar na sacada para olhar a Avenida Paulista lá de cima.

— Eu não disse que a vista era impressionante? — Perguntou ele estacado ao meu lado
enquanto o vento despenteava os meus cabelos — Eu moro nos Jardins, mas esse
apartamento é o meu xodó. Sempre que tenho negócios na cidade, gosto de me hospedar
aqui para relaxar após o expediente. É ótimo.

Eu tinha caprichado na produção aquele dia para que ele não pensasse que eu era mais
nova que a idade que ele imaginava que eu tinha. Tinha apostado numa blusa decotada
sem alças, estava usando uma saia evasê preta acima dos joelhos e tinha calçado um par
de sandálias Clarita Stiletto prateada nos pés. A minha maquiagem era suave e eu só
havia carregado no batom, com um vermelho mais escuro. Ele estava visivelmente
encantado por mim.

— Você é ainda mais linda pessoalmente, Érika.

Agradeci ao elogio, pouco depois, retornamos para a sala. Nos acomodamos em um sofá
de couro com três lugares, ele me ofereceu um drinque, ficamos conversando
amenidades por uns vinte minutos e eu lancei um olhar pela decoração minimalista e
estilizada do apartamento. Aquele lugar me lembrava em quase tudo outro ambiente que
eu havia visitado há algum tempo e onde havia vivido uma das experiências mais
incríveis da minha vida.
Será que nem na companhia de outro cara eu paro de pensar no Rodrigo? Divaguei,
enquanto sorvia em goles pequenos o Dry Martini que ele havia me oferecido.

Eu não sabia até que ponto Raphael havia mesmo caído na minha história de que eu era
uma estudante de Moda que trabalhava como Cam Girl nos fins de semana para custear
a faculdade, mas ele pareceu falar sério quando se ofereceu para pagar os meus estudos
e se pôs à disposição para bancar qualquer outro luxo que eu desejasse naquele
momento.

— Você não faria isso… — disse, o encarando dentro dos olhos azuis.

— Eu não sabia disso até vê-la materializada na minha frente, ao alcance das minhas
mãos — Raphael deslizou o dorso de seu indicador direito na pele do meu braço,
segurando a taça do Martini com a outra mão —, mas agora vejo que não há nada que
eu não faria por você.

O advogado avançou antes que eu pudesse me esquivar. Experimentou meus lábios com
os dele por um tempo, tocou a minha coxa esquerda com os dedos, depois, suspirou
forte antes de me depositar um beijo na boca. Deixei escapar a taça que se espatifou no
chão da sala fazendo um estrago, mas ele nem sequer se abalou. Sorveu o resto da sua
bebida, pousou a sua taça sobre a mesa de centro e segurou a minha cintura com as duas
mãos. O segundo beijo foi ainda mais envolvente.

No momento em que Raphael me segurou com mais firmeza, eu percebi na hora o


motivo pelo qual eu havia ficado empolgada para conhecê-lo pessoalmente, ignorando
até mesmo o radar que apitava em minha cabeça avisando o tamanho do perigo que eu
estava correndo ali no apartamento de um completo desconhecido.

Não era só o seu apartamento que me fazia lembrar de Rodrigo. Quase tudo nele me
despertava sensações semelhantes a que eu experimentava com o herdeiro dos
Monterey, incluindo a pegada, os beijos e o seu cheiro. De repente, nós dois estávamos
nos atracando sobre o sofá de couro da sala de estar de design limpo, e eu me vi
transportada de volta ao apartamento de Rodrigo na Vila Mariana, ao local onde eu mais
tinha sido realizada sexualmente.
Capítulo 33 – A Cam Girl

DUAS HORAS TINHAM SE PASSADO desde a minha chegada ao apartamento de


Raphael e ele estava deitado completamente nu ao meu lado na cama. Como havia
propagandeado, o advogado bonitão realmente tinha uma ferramenta considerável entre
as pernas, e além disso, ele sabia bem o que fazer com ela. Tinha resolvido todos os
meus problemas de carência das últimas semanas durante aquela transa e eu estava com
uma agradável sensação de satisfação sobre os seus lençóis enquanto conversávamos.

— Quem é “Digo”?

Eu estava com a cabeça enfiada num travesseiro de pena de ganso a encarar o teto
branco do quarto escuro quando me virei em sua direção. Ele se posicionou de bruços,
apoiou os cotovelos sobre a cama e aguardou a minha resposta. Eu nem sabia o que
dizer.

— Digo? Como assim “Digo”? Por que está me perguntando isso?

Meu coração começou a saltitar dentro do peito. Puxei o lençol para cima dos meus
seios, deslizei o quadril e me sentei no colchão da king size. Ele respondeu:

— Você me chamou por esse nome enquanto transávamos. Quem é Digo?

Eu não costumava ficar enrubescida com facilidade, mas naquele momento, senti meu
rosto ferver de vergonha.

— Eu não chamei. Eu disse Rapha… Te chamei de Rapha.

Ele fez que não com um sorriso debochado no rosto. Seus olhos agora pareciam faróis
brilhantes em minha direção.

— Eu ouvi bem. Na hora do orgasmo, você arranhou os meus ombros e me chamou de


“Digo”.

Nunca tinha dado um fora daquele em minha vida inteira, o que só evidenciava o
tamanho do tríplex que o jovem empresário Monterey havia alugado na minha cabeça.

— Foi impressão sua, gatinho.

Eu não quis dar o braço a torcer e continuei negando que tivesse chamado Raphael de
“Digo”. A fim de fazê-lo esquecer daquele assunto, pouco depois, o beijei na boca e nós
começamos o segundo round do que mais tarde eu acabei chamando para mim mesma
de “transa de compensação pelo vacilo”.

Eu passei toda a tarde na companhia de Raphael e após toda a gentileza do moço tanto
como anfitrião como amante de cama, afastei da mente a ideia de que estava correndo
algum risco em sua presença. Eu havia mesmo me arriscado muito em sair da segurança
que o outro lado da câmera das salas de pornografia ao vivo me conferia, mas assim que
deixei o apartamento do advogado, percebi que havia valido a pena. Eu estava passando
por um momento de abstinência sexual e carência afetiva muito grande e pelo menos
naquele quesito, o advogado gato havia servido para alguma coisa.

Só não sei como vou fazer para me livrar dele se o cara continuar insistindo em querer
ser o meu Sugar Daddy!

Aquele era um problema que eu não estava a fim de resolver tão cedo.

Naquele mesmo mês, as minhas escorregadas para fora do meu namoro com a Kelly
começaram a pesar na minha consciência e eu tentei compensar a garota estando mais
presente em sua vida. Além do carinho que lhe dava pessoalmente após as aulas e pelas
mensagens que trocávamos diariamente, eu queria deixá-la ciente de que tinha em mim
mais do que apenas uma companheira sexual, mas também uma amiga com a qual ela
podia contar sempre.

Aquele final de ano estava sendo marcado pela despedida de Nicole de São Paulo e a
partida da loirinha para o Espírito Santo estava deixando Kelly arrasada. Ainda mais
carente que o normal por achar que estava sendo abandonada pela menina — embora
nós duas soubéssemos que a nossa amiga não estava indo embora porque queria — a
minha namorada andava à flor-da-pele emocionalmente falando e eu tive que pisar em
ovos ao seu lado para não a magoar ou a deixar triste, mesmo sem querer. Ensaiei
durante todo o mês de outubro para lhe contar sobre o meu lance de Cam Girl por achar
que ela merecia saber sobre o meu trabalho, mas preferi deixar para outra oportunidade.

Foi só no primeiro final de semana de novembro que eu tive coragem de me abrir com
Kelly e preparei todo o terreno ao convidá-la para uma visita casual à minha casa no
bairro da Saúde. Ela chegou toda arisca à minha porta e eu a trouxe para dentro fazendo
mistério sobre as minhas reais intenções.

Steve, o Lulu da Pomerania que criávamos em casa, levantou a cabeça quando farejou
visita e veio andando apressado com suas patinhas curtas em direção a nós duas assim
que entramos. Kelly se abaixou e fez afagos no cachorro que já a conhecia de outras
visitas que ela tinha feito à casa.

— Oi, Steve fofinho!

Eu tinha deixado o som ligado em meu quarto enquanto recebia a visita no portão e um
reggaeton que eu adorava ecoava do andar de cima. Kelly fez um último afago entre as
orelhas do Steve, se ergueu e olhou ao redor, estranhando a ausência de meus pais.

— Cadê a tia Carla e o tio Roque?

— SURPRESA! Estamos sozinhas em casa!


Kelly abriu um sorriso após a revelação, logo depois, avançou em minha cintura e colou
o seu corpo ao meu.

— Humm… então era isso que você queria me mostrar pessoalmente? Safadinha!

Nós trocamos um beijo assim que ficamos cara a cara uma com a outra e a senti afoita
para que começássemos logo a nossa farra ali mesmo na sala, aos olhos do pequeno
Steve. Apesar de excitada com as suas carícias, eu ainda tinha uma missão a cumprir
antes que nos entregássemos ao prazer e tomei a sua mão indicando o alto das escadas:

— Tem mais uma coisa pra você ver. Vem!

Kelly deixou a bolsa pequena que trazia em mãos de lado e se sentou sobre a minha
cama. Aquele era um dia quente do lado de fora, mas dentro da casa o termômetro batia
menos de vinte graus por conta do ar-condicionado. Assim que Kelly se acomodou na
minha queen size, eu desapareci dentro do closet do quarto e deu para ouvir a sua voz
soar lá de fora enquanto eu puxava o que queria lhe mostrar:

— Se for outro pinto de borracha eu não vou ficar surpresa, amor!

— Não é! — Respondi, bem-humorada.

Eu saí do armário empurrando o tripé onde fixava a minha câmera digital 4K


semiprofissional, depois, armei um iluminador para ensaios fotográficos que eu usava
no intuito de manter a minha imagem diante da lente a mais nítida possível e sem
sombras. Gostava de proporcionar a melhor experiência possível a meus seguidores,
afinal, eles me pagavam muito bem por isso.

— Tcharam!

Kelly se levantou para ver o equipamento caro de gravação à minha frente e pareceu
boquiaberta à primeira vista.

— Quando você comprou isso tudo, Mica?

— Tem uns três meses. Comprei em agosto, mas chegou quase trinta dias depois.
Importei da China para ficar mais em conta.

Kelly me olhou com as sobrancelhas inclinadas.

— E o que você tem feito escondida com essa câmera e esse iluminador aqui dentro do
quarto?

Era o momento de agir com cuidado e então tomei a mão de Kelly, fazendo-a se sentar
ao meu lado na cama.

— Eu precisei juntar uns três meses de mesada para poder comprar isso tudo com o meu
dinheiro. Com um mês de trabalho, eu já consegui recuperar todo o valor do
investimento.
— Trabalho? Que trabalho?

Eu queria lhe mostrar algo antes de continuar a explicação, então, apanhei o meu
iPhone rosa em cima da cama. Digitei o endereço do site que eu costumava usar nas
noites e madrugadas para os meus shows, depois mostrei a ela. Seus olhos verdes iam
de um canto a outro da tela. Seus dedos se mexiam rápidos na barra de rolagem
deslizando para baixo, desvendando mais conteúdo. Não parecia saber bem o que dizer.

— Eu sou uma Cam Girl, Kelly.

Kelly continuou com os olhos na tela um instante. Olhou. Olhou. Olhou e olhou.
Devolveu o meu telefone assim que cansou.

— Você fica se mostrando na internet por dinheiro?

Acenei que sim.

— Pelada? — Ela perguntou, incrédula.

— Na maioria das vezes — respondi sem qualquer vergonha —, depende do que me


pedem na hora. Tem cara que me pede para que eu me masturbe, tem outros que querem
me ver acariciando meus peitos, outros querem ver apenas minha reação enquanto me
masturbo… depende muito do tipo de cara que aparece na sala.

— Você tira a roupa pra um monte de estranhos por dinheiro?

Kelly parecia um pouco nervosa agora. Precisei acalmá-la.

— Olha, Kel, eles pagam muito bem só pra ter uma menina pelada em frente à câmera
se mostrando! É muito dinheiro que entra só por meia-hora de exibicionismo. Eu tô
ganhando pra fazer o que eu faço no banho de graça! Tenta ver por esse lado.

— E quem disse que você precisa desse dinheiro, Mica? Seu pai é engenheiro, a sua
mãe arquiteta… os Castilho estão montados na grana… pra que você precisa se expor
desse jeito?

Kelly estava transtornada.

— Eu não quero depender dos meus pais pra sempre, Kel! Eu arranjei um jeito de
levantar uma grana fazendo um negócio que eu gosto, que eu curto. Eu adoro me
mostrar, adoro me sentir desejada. Você sabe disso! Você me conhece mais que
ninguém.

Kelly se levantou e caminhou até a porta do meu quarto. Ficou de costas para mim por
um instante, resmungou alguma coisa para si mesma, passou as mãos pelos cabelos
alourados, os soltou e tornou a prendê-los. Estava pensativa.
— Em um mês, umas quatro sessões, uma por semana, eu levantei quase que o dinheiro
total que eu usei para comprar os equipamentos. Imagina esse valor em dois meses…
seis meses… um ano?

Kelly se virou em minha direção.

— E sempre são homens?

— Na maioria — respondi sem pensar —, uns velhos tarados, às vezes, uma molecada
virgem… mas em grande parte são caras na casa dos trinta ou quarenta anos. Eles têm
grana para pagar, isso que importa!

— Você tira a roupa, se masturba… só isso?

— Em geral, eu uso os meus consolos de borracha. Eles pedem para eu me penetrar com
eles. Não passa disso.

A expressão no rosto de Kelly era parecida com a de minha mãe na noite em que me
recusei a assistir filme com ela na sala.

— Eu te chamei aqui no sábado porque, em geral, é o dia em que consigo mais


audiência. Os dias com mais acessos são as sextas à noite, os sábados e os domingos à
noite. De semana não costuma rolar. Meus seguidores têm me pedido para eu aparecer
na sala com uma amiga, alguém mais ou menos com o meu shape. Claro que pensei em
você!

Ela mexeu nos cabelos mais uma vez, parecendo desconcertada.

— Eles ficam pirados quando me veem na tela assim toda branquinha, cabelos ruivos,
olhos verdes, toda empezinha — disse a ela me enchendo de vaidade —, até as minhas
sardinhas eles elogiam! Ninguém nem desconfia que eu ainda não tenho dezoito anos.
Eu satisfaço as fantasias deles. Quem gosta de novinhas, recebe uma novinha. Quem
gosta de mais velhas, recebe uma mais velha. Sem frescura! Se eles virem você, vão
ficar malucos! Esse seu corpinho magrinho, essa carinha de neném, bucetinha rosada…
vão ficar doidos!

Ela agora estava num misto de decepção com o meu trabalho e curiosidade. Andou pelo
quarto em frente à cama, depois, me perguntou:

— E como funcionaria se eu topasse?

— É simples — disse a ela —, eu crio uma sala e permito os acessos. Aí uma vez lá
dentro, os caras começam a fazer pedidos pelo chat. Como eles estão pagando, a gente
obedece! Se eles pedirem beijo, a gente se beija. Se pedirem sexo oral, a gente se
chupa… essas coisas!

— E quanto tempo? — Kelly queria saber.


— Pode ser vinte minutos, meia-hora, — respondi — mas os que pagam mais são os de
uma hora completa. A gente faz em frente a uma câmera o que a gente já faz em nossa
intimidade, só que recebendo por isso!

Eu não sabia de antemão se a minha namorada ia topar aparecer em frente à câmera


comigo depois das revelações que tinha feito sobre o meu trabalho, mas algum tempo
depois, ela estava convencida a tentar e se viu disposta a ter aquela experiência inédita
ao meu lado. Eu não podia ter ficado mais animada.
Capítulo 34 – Érika Baby está online

NÓS DUAS TÍNHAMOS DUAS HORAS para preparar todo o ambiente antes que
meus pais chegassem da rua e trabalhamos juntas para otimizar aquele tempo. Assim
que a senti confiante o bastante, mostrei à Kelly como eu costumava armar o cenário no
meu quarto para as exibições e ela passou a me ajudar.

Eu botava a câmera e o tripé ao lado da cama para que além de mim sobre os lençóis, o
enquadramento favorecesse também o canto mais arrumado do meu quarto e para que
eu não acabasse entregando muito da minha localização na Zona Sul de São Paulo pela
janela.

Apesar de que eu mostrava o rosto e meu corpo inteiro aos usuários, era muito
importante preservar a minha real identidade, além do local onde morava.

— A conexão de internet está maravilhosa hoje — comentei, debruçada diante de meu


MacBook, local por onde eu acompanhava o chat e os pedidos que meus clientes me
faziam enquanto eu me mostrava para eles —, dificilmente vamos ter oscilação durante
a sessão.

Kelly estava ajustando o iluminador a dois metros da cama quando a percebi me


encarando com um ar levemente arredio. Me levantei da cama e perguntei:

— Você se depilou, né?

Ela fez que sim.

— Ótimo! — Fui até o meu closet e trouxe de lá uma lingerie fina na frente com um fio
atrás. — Usa essa calcinha aqui. Vai valorizar o seu bumbum!

— E em cima? — Ela tocou os seios pontudos por sobre a blusa que vestia — Uso
alguma coisa?

— Algo fácil de tirar — respondi de imediato.

Em uma hora, nós duas estávamos prontas para trabalhar. O ambiente em torno da
minha casa era sempre muito tranquilo, além de que a porta do quarto costumava isolar
os sons internos do restante da casa. Mesmo que o Steve latisse lá de baixo — coisa que
ele raramente fazia —, ainda assim, não teríamos perturbações no áudio captado pelo
microfone do meu MacBook.

— Eu já tenho um perfil no site com meu rosto e algumas fotos comigo de biquíni —
disse à Kelly enquanto eu começava a acessar o site para abrir uma sala —, eles me
procuram lá dentro e se eu estiver online, eles pagam e entram.

Estávamos ajoelhadas sobre a cama de olho na tela do meu MacBook. Eu estava vestida
com uma calcinha cor-de-rosa de lacinhos nas laterais e um cropped transparente em
cima. A Kelly usava uma regata curta e larga dos lados. Os seios cônicos elevavam o
tecido chamando as atenções para os dois. Ela estava uma tremenda gostosa.

— Quando arredondar vinte, a gente começa — eu disse, animada. Em poucos minutos


de sala aberta, dezoito pessoas haviam pagado o acesso e eu decidi aguardar até que
mais espectadores se amontoassem ali para nos assistir — a média é de vinte e cinco
mais ou menos — continuei dizendo —, a minha melhor noite foi de trinta assinantes
online, foi um espetáculo.

Kelly estava tensa no momento em que eu a apresentei diante da câmera como a amiga
que tanto eles pediam que eu trouxesse, mas foi se soltando depois, à medida que as
carícias trocadas iam aumentando.

Haviam vinte e três membros no grupo aquela noite e os pedidos variavam de beijos de
língua, carícias nos seios à masturbação. Em vinte e cinco minutos de sessão, Kelly já
estava completamente nua em cima da minha cama e como eu tinha previsto, a
audiência masculina ficou enlouquecida com o corpo delicado da minha gata.

Além de elogios — dos mais simples aos mais sujos — rolavam muitos pedidos de sexo
oral com o foco em Kelly como a passiva. “Chupa a loirinha”, “passa a língua no
grelinho da magrinha”, “chupa o grelinho dela”, “enfia a língua dentro”. Embora
estivesse sempre de olho nos pedidos do chat a fim de atender meus clientes, eu não
deixei de caprichar enquanto levava Kelly ao prazer máximo. Todos os gemidos que ela
havia emitido em frente à tela tinham sido genuínos e houve zero fingimento por parte
da Cam Girl novata. Os seguidores gostavam do sorriso de menina de Kelly e ficavam
pedindo para que ela sorrisse em direção à câmera. Ela obedeceu muitas vezes, pelo
menos quando não estava gozando.

Uma hora depois, a sessão foi encerrada e eu me apressei em acessar a conta virtual que
havia criado para que os depósitos fossem feitos. Em quinze minutos, eu sabia o valor
exato de quanto havia entrado só por àquela hora:

— Oito mil. Em uma hora, levantamos oito mil! Mesmo tirando a porcentagem disso
que fica para o site de hospedagem… ainda assim, é um ótimo número! Quer
comemorar comigo?

Toda a tensão por conta da sua estreia em frente à câmera parecia ter se esvaído assim
que ela entendeu melhor como funcionava o meu trabalho. Suas neuras quanto à
maneira como eu vinha me expondo para um monte de caras desconhecidos tinham se
amenizado e ela topou comemorar o sucesso da nossa primeira noite juntas como Cam
Girls. Enquanto Kelly engatinhava em minha direção sobre a queen size, eu a chamei
com as mãos:

— Vem, minha boneca! Chupa a minha bucetinha, chupa!

Ela só podia obedecer.


Eu ouvi o motor do SUV de meu pai soar na garagem abaixo de nós quinze minutos
depois que Kelly se abaixou entre as minhas pernas e começou a me fazer um oral.
Peladas, nós duas saltamos rápido da cama e eu sussurrei, angustiada:

— Rápido! Desconecta a câmera e o iluminador. Esconde tudo lá dentro enquanto eu


fecho as janelas abertas aqui no Mac. Não quero que meus pais saibam desse meu lance.

— Nosso lance! — Emendou Kelly, já empurrando o tripé.

— Você aprende rápido, garota!

Ela me piscou o olho de maneira faceira.

Assim que deu, eu cobri a minha nudez com um roupão de banho e desci as escadas
para distrair os meus pais lá embaixo enquanto a Kelly terminava de desmontar tudo no
quarto. Era importante que não ficasse nenhuma prova evidente do que nós havíamos
aprontado ali nas últimas duas horas e principalmente que Carla e Roque continuassem
na ignorância quanto a Érika Baby, a Cam Girl ruiva de olhos verdes que eu
personificava na internet.

Eles tinham que chegar tão cedo? Eu nem consegui gozar!

Eu estava um tanto quanto mal-humorada quando atingi o sopé da escada, e assim que
me aproximei, comecei a prestar a atenção na sala. Era muito comum que o Steve
fizesse festa sempre que ouvia a minha mãe chegar da rua, mas aquela noite, o bicho
nem tinha se mexido do seu cantinho.

Ué, será que o papai chegou sozinho?

Enquanto eu me indagava, pensamentos pervertidos inundaram a minha mente com a


possibilidade de que a minha mãe não havia retornado da rua com o papai e as minhas
suspeitas se concretizaram quando ele entrou pela porta da sala solitário.

— Oi, meu bebê! Tudo bem aqui na minha ausência?

Eu me sentei no último degrau e respondi:

— Tudo maravilhoso, daddy! Cadê a mamãe? — Preferi ser direta para acabar logo com
aquele mistério.

— Resolveu ficar mais um pouco na casa da sua tia Elisa — respondeu ele fechando a
porta —, pediu para eu voltar lá daqui a uma hora para buscar ela de carro.

Roque deixou a chave do SUV sobre a mesa de vidro fixada na parede que levava ao
corredor da cozinha e da despensa. Tirou o tênis e caminhou até mim, depositando um
beijo em minha testa.
— Tá precisando falar com a sua mãe, baby? — Indagou ele, em pé de frente para mim.
Me levantei do degrau para igualá-lo em altura. — Liga lá pra ela. Deve estar fazendo
vários nadas com sua tia agora!

Eu não estava esperando que papai chegasse sozinho em casa àquela hora, mas quando
o vi adentrar a sala desacompanhado, uma porção de coisas sujas começaram a poluir a
minha mente. Rapidamente me lembrei de outro momento em que eu, ele e Kelly
tínhamos ficado a sós sob aquele mesmo teto e eu não tinha como não querer um replay
daquele dia delicioso.

Obstruí a sua passagem até o andar de cima colocando o meu braço na frente e comecei
a usar o meu tom mais malicioso para falar com ele.

— Me deixa esse tempo todo aqui nessa casa sozinha e tudo que recebo é um beijo na
testa?

Toquei os ombros do meu pai já sentindo toda a rigidez que ele vinha conquistando com
o treino intenso na academia que frequentava. A camiseta que ele estava usando era
justa e contornava bem seus músculos. Fazia muito tempo que eu não os sentia daquela
forma tão próxima.

— Que foi, Mica? Por que todo esse dengo? O que está querendo hoje?

Dedilhei o dedo médio e o indicador em seu peito simulando as pegadas de um bípede,


em seguida, disse:

— Não consegue imaginar o que eu quero?

Ele franziu o cenho e respondeu:

— A gente não tinha combinado de maneirar um pouco por causa da mamãe, baby?

Usei o meu ar mais infantil:

— Mas por que a gente não aproveita que a mamãe não está aqui pra brincar um pouco,
só eu, você… e a Kelly?

Foi como oferecer droga a um dependente químico e naquele segundo de revelação,


todos os sentidos de meu pai devem ter se aguçado na mesma hora. Eu tinha dito as
palavras mágicas ao mencionar Kelly. Ele tinha ficado doido por ela desde a última vez.

— Sua namoradinha está aqui?

— Quem você acha que me entreteve todo esse tempo em que estive sozinha?

A fim de instigá-lo ainda mais, eu abri o meu roupão por um instante e me exibi pelada
por baixo dele. Nós dois não nos encostávamos de uma maneira mais íntima há bastante
tempo e eu já sentia saudades daquelas nossas brincadeiras bobas e gostosas.
— Vamos fazer assim então — disse ele diminuindo o tom de voz agora que sabia que
havia mais alguém dentro de casa —, você vai na frente e prepara a sua namoradinha.
Eu me junto a vocês em alguns minutos.

Eu tinha ficado animada só em saber que ele tinha topado participar de outro momento a
sós entre nós três, então depositei um selinho em seus lábios. Corri escada acima já
fechando o meu roupão e quando alcancei o topo, sussurrei a ele lá embaixo:

— Mas vê se não demora! Tô com muita vontade!


Capítulo 35 – Outra vez os três

CERTA DE QUE ELA NÃO HAVIA ouvido o meu diálogo com o meu pai graças ao
isolamento acústico do meu quarto, eu retornei para a companhia de Kelly como se nada
tivesse acontecido. Ela já tinha tornado a vestir a roupa com que chegara em minha casa
e não havia mais nada ali que indicava que havia ocorrido uma sessão pornô ao vivo
entre eu e ela há pouco menos de meia-hora.

— E seu pai? E sua mãe? Eles vão vir aqui?

— Eu enrolei os dois — respondi já me aproximando de Kelly — agora vem aqui que


você tem que terminar um negócio mal terminado!

Kelly não tinha percebido que eu não tinha passado a chave na porta e se entregou
novamente ao momento confiando em mim. Antes que ela se abaixasse entre as minhas
pernas para retomar o ponto de onde tinha parado, eu fiz questão de tirar o short jeans
que a menina usava e a deixei só de calcinha outra vez. Ela ainda estava vestida com a
peça fina de renda que havia usado no vídeo e aquilo me acendeu.

— Nossa… vou querer você sempre com essa calcinha! Que delícia!

Kelly fez cara de safada e avançou para me beijar na boca. As suas mãos ágeis abriram
rápido o meu roupão e seus lábios começaram a tocar a minha pele nua por baixo dele.

— Aqueles tarados gostam das suas sardinhas, gostam?

— Adoram! — Respondi, excitada.

Kelly passou a língua sobre os meus seios e lambeu o conjunto de sardas da região.

— Eles gostam dos meus biquinhos rosadinhos também! — Falei, cheia de malícia.

Kelly então ergueu os seus olhos e também passou a língua em meus bicos rijos.

— Mas eles amam a minha bucetinha! — Eu bati de leve em minha própria vulva com
dois dedos. Em seguida, arreganhei os lábios de baixo e expus ainda mais a minha flor
rosada. — Eles ficam loucos com essa delícia aqui!

Kelly deu um gemido de desejo, e em seguida, se ajoelhou no chão ao pé da cama para


começar a chupar a minha vagina

— Eu também… Amo — e ela me chupou — essa delícia — beijou — de buceta


vermelhinha — beijou, depois me chupou.

— Então vai, sua putinha — respondi enlouquecida de prazer —, cai de boca, cai! Me
chupa com vontade!

Eu arreganhei as minhas pernas e agarrei o rabo de cavalo nos cabelos de Kelly, a


forçando a ficar com a cara enfiada em minha vagina. A filha de Claudia se agarrou às
minhas coxas e não parou de chupar. Chegou a perder o fôlego me sentindo pressionar a
sua nuca contra o meu sexo, e sem opção, acabou salivando, me deixando toda escorrida
de cuspe.

— Me chupa, vai! Acaba comigo!

Kelly cravou as suas unhas em minha pele e fui obrigada a gemer. Enquanto sentia uma
onda de prazer começar a queimar meu corpo inteiro, eu rebolei em cima da minha
queen size e apertei ainda mais a cabeça de Kelly em meu ventre.

A língua se mexia frenética em contato com os meus lábios internos. Os meus pelinhos
ruivos estavam encharcados num misto de saliva e mel. O local exalava um cheiro
muito forte de cio. Eu estava me desmanchando em gozo sobre a cama no momento em
que a porta do quarto se abriu quase sem ruído. Pé ante pé, ele caminhou até bem perto
da cama e ficou assistindo a cena. Olhou obcecado para a bunda empinada de Kelly,
com ela de quatro no chão com o rosto enfiado entre as minhas pernas. Naquele
momento, eu lhe abri um sorriso. Disse bastante ofegante:

— Ainda bem que chegou paizinho! Eu já tava ansiosa!

Eu parei de exercer força contra a nuca da Kelly e só então a garota conseguiu tomar um
fôlego ao ver que não estávamos mais sozinhas. Parte de seu rosto agora estava melado
de saliva e do meu suco. Correu a língua pelos lábios tirando o excesso de líquido da
região e arregalou os olhos quando me ouviu dizer:

— O papai veio brincar com a gente!

Como era de se esperar de sua natureza pervertida, papai se aproximou já


completamente nu e exibia uma ereção completa entre as pernas. Cheguei a salivar
enquanto encarava aquele negócio duro apontando para cima, mas a Kelly ficou um
pouco assustada.

Ela tinha acabado de me levar às estrelas com um tremendo de um sexo oral e os seus
lábios ainda estavam úmidos do meu néctar. Papai circundou a menina de maneira bem
natural e lhe acariciou os cabelos alourados. Deu para ver a pele de Kelly se arrepiar
inteira conforme ela encarava o pau de Roque e ele disse, canalha:

— Parece que já começaram a festinha sem mim!

Papai estava com aquele sorriso pervertido que eu adorava. Saltavam veias dos seus
braços agora musculosos e seu corpo estava inteiro depilado, como eu mais gostava.
Tinha virado um verdadeiro amante de academias e fazia jus ao apelido de “deus grego”
com que eu o chamava em meus devaneios mais imundos. O meu Agamemnon.

— Nossa, paizinho! — Falei toda empolgada — Já tão duro?


Kelly o olhou reticente. Seus olhos se perderam no mastro em riste imenso quase ao
alcance das suas mãos. Ela ainda estava na mesma posição com que tinha me chupado e
permanecia ajoelhada no chão.

— Vim preparado para aguentar o fogo das duas bebês!

Meu pai era um cafajeste e antes que Kelly tivesse escolha, ele estava enfiando aquela
vara grossa em sua boca, segurando em sua nuca para penetrar-lhe mais fundo. Kelly
ainda tentou engolir tudo desavisada, mas não havia maneira anatômica de fazer aquilo.
Engasgou.

— M-Muito grande, tio Roque! — Choramingou.

Papai puxou o rosto dela mais uma vez em direção a seu falo e o efeito foi o mesmo.
Com os cabelos sendo puxados, ela segurou nas coxas rígidas do homem para tentar
evitar que ele enfiasse aquele pênis imenso inteiro goela abaixo, visivelmente incapaz
de aguentar a pressão. Foi então que ele se voltou para mim sobre a cama:

— Mostra pra ela como o papai gosta, filhinha!

Depois que Kelly se engasgou uma terceira vez, eu fiquei de quatro sobre a cama e só
tive que esperar até que Roque direcionasse o seu pau em minha boca. De olhos
fechados, fiz esforço para engoliu aquela maravilha roliça quase inteira na frente de
Kelly e enquanto o mamava, fazia pausas apenas para retomar o fôlego. Eu estava
sedenta de vontade e não queria mais largar o pênis de Roque agora que o estava
sentindo novamente em minha língua.

Algum tempo depois das preliminares, eu senti que meu pai estava louco para pegar a
minha namorada de jeito e aquilo não deixou de ser excitante. Depois de virá-la de
bruços na cama, o safado arrancou a sua calcinha pequena com bastante violência,
depois, enfiou o rosto no meio de suas nádegas e começou a chupar o seu ânus com
intensidade.

— Que delícia de cuzinho! Humm! Abre mais pro titio, abre!

Kelly se posicionou de quatro em cima da cama para obedecê-lo e ele não parou mais de
lamber a sua região anal. Do nada, ele espalmou sua mão grande no bumbum delicado
da menina e lhe deu um tapa enquanto a mandava abrir mais o ânus.

Eu e Kelly tínhamos experimentado alguns momentos mais intensos dentro daquele


mesmo quarto há algum tempo e eu tinha entendido que a danada gostava de apanhar de
vez em quando. Aproveitei para confessar o seu segredo para o meu pai:

— Pode bater, papai. Ela gosta de levar uns tapas, essa safada!

O gemido que Kelly deu foi bastante alto e denunciou todo o tesão que ela devia estar
sentindo em mais uma vez estar prestes a ter os seus desejos íntimos atendidos. Durante
a nossa relação, não tinham sido raras as vezes que eu propagandeava o quão gostoso
Roque sabia ser em cima de uma cama e ela mesma já havia me confessado que tinha
adorado o nosso primeiro ménage à trois, que não via a hora de repetir. Aquela noite era
como um presente a ela e eu queria muito que a minha namorada sentisse todo o prazer
que fosse possível receber.

Algum tempo depois da sessão de palmadas, Roque posicionou Kelly em cima de seu
colo e começou a prepará-la para a penetração. Ela ainda estava ofegante, e agarrada a
seus ombros, disse, com voz minguada:

— Faz devagarzinho, tio Roque.

Papai a olhou cheio de desejo e lhe lambeu a boca indecentemente, respondendo em


seguida:

— Eu faço sim, meu amor. Bem devagarzinho.

Roque agarrou Kelly pelo quadril e a fez se sentar em seu pênis. Deixou deslizar a
cabeça para o interior da vagina da menina e então apertou suas nádegas. Ela fechou os
olhos enquanto sentia a primeira estocada e choramingou:

— T-Tá doendo… tira um pouquinho, tio…

— Relaxa, Kellynha! Já vai ficar bom. Relaxa!

Deu para ver a rola entrar inteira dentro de Kelly, e então, a menina começou a ser
sacudida em cima dele, enquanto tentava se segurar em seus ombros fortes. Ficou de
olhos fechados o tempo todo e meu pai não parou de bombar, circundando os braços
rijos em torno da cintura fina da garota. Eu estava cheia de vontade só em assistir os
dois naquele frenesi todo e não conseguia parar de me masturbar. Quando chegou a
minha vez, assumi o lugar da minha namorada no colo dele com certa afobação e foi
delicioso.

Depois da festa em minha vagina, meu pai não quis desperdiçar o tempo que aquela
visita de minha mãe à casa da tia Elisa em Moema estava nos proporcionando e quis se
deliciar em meu ânus. Como fazia muito tempo que ninguém visitava aquela região, tive
que me esforçar um pouco para não desistir antes que entrasse tudo, mas aguentei de
maneira firme.

Depois de mim, foi a vez de Kelly experimentar o pau de Roque em seu ânus e ele a
botou de lado na cama para lhe cobrir com força, inclinado sobre ela dizendo as suas
obscenidades costumeiras.

O corpo de Kelly tremia ante a força das arremetidas em sua traseira e ela soltava
gemidos baixos virada em direção à parede lateral do meu quarto. Meu pai parecia cada
vez mais obcecado metendo na minha namorada sem parar e nem comigo, no início das
nossas relações, eu o via tão tarado e com o olhar tão obsessivo. Ele curtia realmente
transar com ela e eu quase conseguia sentir ciúmes de o ver tão à vontade em cima da
cama com a Kelly e ela com ele.
Por causa de nós duas, Roque atrasou em quase uma hora o momento de ir buscar a
minha mãe na casa da tia Elisa, mas quis que o seu grand finale fosse com Kelly e não
comigo. Antes de penetrar a menina uma última vez, ele pediu que eu o lubrificasse
oralmente e sussurrou enquanto eu me esforçava lá embaixo, entre as suas pernas:

— Bem babado, filhinha, porque quero terminar dentro da Kellynha!

Kelly foi deitada sobre a cama e sentiu todo os quase noventa quilos daquele ruivo
cheio de sardas em cima de seu corpo esguio. Ele direcionou a cabeça cheia do meu
cuspe na entrada rosada da garota e exigiu:

— Abre bem essa bucetinha pro tio!

Mais uma vez ela obedeceu e abriu bem as pernas sobre a cama. Roque começou já com
muita força e ela nem teve tempo de tomar fôlego.

— Mais devagarzinho, tio Roque… tá muito forte...

Ela reclamou, ao que ele respondeu:

— Já vai acabar, meu amor. Só mais um pouquinho!

Kelly foi penetrada naquele mesmo ritmo por mais dez minutos e deu para ver o
momento em que as fincadas se tornaram mais ritmadas e a resistência de papai
começou a diminuir.

Os trancos contra ela começaram a diminuir, diminuir, diminuir. Até que pararam.
Como às vezes gostava de fazer comigo em nossos dias mais selvagens, ele ejaculou
tudo na vagina da garota e ficou gemendo em cima dela. Ele odiava usar camisinha, mas
mesmo assim, não tinha se preocupado nem um pouco em saber se a minha namorada
estava em dia fértil ou se ela tomava algum tipo de anticoncepcional. Para a sua sorte,
eu sabia que ela usava, mas não quis dizer nada naquela hora para não estragar o clima.
Capítulo 36 – Isolada

NA SEGUNDA-FEIRA APÓS o ménage à trois entre mim, meu pai e a Kelly, a


professora de Biologia passou para a turma a última tarefa do semestre no colégio e as
meninas se organizaram na hora do intervalo para dividir as tarefas, bem como acertar
os detalhes da feitura do trabalho que seria apresentado diante de toda a classe.

A minha cabeça ainda estava focada nos momentos excitantes que havia vivido dentro
do meu quarto e as obscenidades que papai havia dito a mim e à Kelly ainda ecoavam
na minha mente pervertida, me deixando a ponto de molhar a calcinha por baixo do
uniforme escolar.

Além de mim, Kelly também pareceu bem avoada durante todo o horário de aula aquele
dia e até mesmo a Michele e a Nicole perceberam o quanto ela estava distraída.

— O que está acontecendo, Kelly? Você parece que tá no mundo da Lua hoje! Estamos
falando do trabalho! — Lhe chamou a atenção a Michele, que era outra das nossas
colegas de sala que tinha ficado mais próxima de nós após o torneio intercolegial do
começo do semestre.

— A gente quer saber como você prefere fazer a divisão da apresentação. Sorteamos
quem fica com cada parte ou você quer escolher? — Indagou Nicole à amiga, em
seguida.

Kelly parecia pensativa. Eu provoquei, botando ainda mais lenha na fogueira:

— Ai, deixem a menina em paz! Ela teve um final de semana maravilhoso. Ainda deve
estar nas nuvens!

Eu dei uma risada debochada e só eu e Kelly entendemos do que eu estava falando.


Michele e Nicole se entreolharam com um ponto de interrogação pairando sobre as suas
cabeças. Logo em seguida, Kelly resolveu dizer alguma coisa:

— Me desculpa, gente! Eu tava viajando aqui realmente! Perdão. — Ela parecia


desconcertada em admitir aquilo. — Mas acho melhor sortear mesmo as partes que cada
uma vai falar no seminário. É mais democrático.

Pouco antes do soar do sinal que avisava os alunos sobre o horário de saída do colégio,
eu resolvi ter um particular com a minha namorada e me aproximei dela em sua carteira.
A garota arrumava seu material já aguardando para ir embora e me ouviu cochichar
próximo do ouvido:

— E aí? Tá conseguindo sentar direitinho hoje?

Kelly deu uma olhada em volta para se certificar que os outros alunos que se
espalhavam dentro da sala não podiam ouvir a conversa. Havia um grupo sentado sobre
as mesas a menos de dois metros de nós e só depois de ter certeza que eles estavam
distraídos o suficiente é que ela admitiu, parecendo tímida:

— Um pouco…

Me debrucei na carteira vaga atrás de onde ela estava sentada e disse:

— O papai mandou perguntar quando você volta lá em casa. Ele adorou o nosso sábado.
Já quer de novo!

Eu não tinha sacado na hora, mas Kelly não estava nada confortável em falar sobre
aquele assunto. Alguma coisa que havia acontecido em minha casa a tinha desagradado,
mas ela não quis se abrir de imediato comigo. Em vez disso, deu uma desculpa:

— Vou ver se a minha mãe deixa. Ela ficou um pouco brava por eu ter dormido de novo
na sua casa no sábado.

— Bobagem! A tia Claudia e eu somos assim — e eu esfreguei a lateral dos dois


indicadores um no outro — se eu pedir, ela deixa você dormir lá outra vez sem
problemas.

Kelly continuou arredia e foi enfática em responder:

— Melhor não, Mica. Prefiro deixar a poeira abaixar um pouco. Não quero levar outra
bronca.

Ao longo de toda aquela semana, o nosso grupo de estudos se empenhou para que o
último trabalho avaliativo do semestre ficasse a contento e eu fui obrigada a deixar de
lado as minhas preocupações fúteis a respeito de sexo para me concentrar na execução
da minha parte na tarefa.

Kelly e Nicole agora viviam de segredinhos pelos cantos e nenhuma das duas queria
inteirar a mim ou a Michele sobre o que estava acontecendo de verdade. A minha
namorada andava cada dia mais cabisbaixa e vez ou outra chegava com verdadeiras
olheiras na aula, como se não dormisse há semanas.

Apesar dos contratempos com o cruzamento genético dos pais de Kelly que não tinha
dado certo — por razões que eu desconhecia —, a nossa apresentação sobre reprodução
humana em Biologia acabou sendo um sucesso e o nosso grupo foi um dos mais
elogiados na sala de aula. Eu tinha extrema facilidade em me apresentar em seminários
para toda a turma e expliquei a parte que me cabia na explanação de maneira muito
clara e sucinta. A professora tinha descontado meio ponto por alguns erros de digitação
que havíamos cometido na parte escrita, mas a nossa média foi a maior da sala: 9,5.

Após evitar conversas cara a cara durante os intervalos do colégio e com a desculpa de
que estava concentrada nos estudos, eu tive que me contentar em falar com Kelly via
mensagem, e mesmo por texto, a estava sentindo reticente comigo. Tentei puxar assunto
para ver se ela se abria sobre o que estava sentindo, mas outra vez colocou a culpa em
questões que nada tinham a ver com nós duas.

— A minha mãe quer que eu comece um estágio de administração para que eu aprenda
na prática um pouco sobre os negócios da família, Mica — me disse ela por mensagem
—, esse amigo dela, o Danilo, me ofereceu uma vaga como estagiária na equipe de
ADM da imobiliária do meu avô e eu vou começar a me dedicar a isso agora.

— Mas, estamos quase de férias no Dom Pedro II — argumentei —, você vai começar a
trabalhar justo agora?

— Ainda não é trabalho. É só um teste que o amigo da minha mãe vai me abrir
exclusivamente para que eu tente uma vaga em sua equipe. Só isso.

— Então não vamos nos ver esse fim de semana?

Ela foi bastante direta em me responder:

— Não. Sinto muito.

Eu passei aquele fim de semana bastante solitária em minha casa na Saúde e enquanto
minha mãe saía para se divertir em um bar com as sócias da A3, o meu pai se meteu em
um novo ensaio da banda Kisses, a mesma que tinha se apresentado há algum tempo no
Simmons Rock Bar da Vila Madalena. Roque tinha pegado gosto em voltar a tocar
guitarra com os amigos dos tempos da faculdade e agora vivia ensaiando riffs e solos
com a sua Fender sempre que tinha chance.

Sem minha mãe, sem meu pai e principalmente sem Kelly para me fazer companhia, eu
estava cada vez mais isolada e meus pensamentos acabavam se voltando a todo
momento para Rodrigo Monterey e o amor proibido que eu sentia por aquele rapaz.

Como eu queria estar em seus braços agora, meu tio Digo!


Capítulo 37 – Desconfiança

NO INÍCIO DA SEMANA SEGUINTE, eu decidi falar tudo que estava me


incomodando no novo comportamento que Kelly havia assumido após a nossa transa
com o meu pai em minha casa e fui direta em perguntar o que estava havendo.

— Não está acontecendo nada, Mica! — Ela respondeu sem meias palavras — Só estou
dando um tempo para a minha mãe parar de ficar tanto no meu pé.

— Por que então a gente não mata as três últimas aulas hoje e vai lá pra casa? Estou
com saudades da minha gatinha!

Com o objetivo de instigá-la, eu acariciei de leve o seu pescoço sentada a seu lado num
dos bancos do pátio do Dom Pedro II. Estávamos no horário do intervalo e ela se
retesou inteira.

— Não vai dar. Eu vou começar a estudar para aquele estágio que te falei semana
passada. Minha mãe vai me pegar aqui na hora da saída.

— Que chatice! — Me queixei contrariada — Você poderia ir lá em casa no fim de


semana então — abaixei o tom de voz e me aproximei do ouvido de Kelly —, o meu pai
vai estar sozinho. Mamãe vai visitar a tia Vânia e o tio Renato.

Kelly tinha se arrepiado com a entonação lasciva que empreguei em minha voz, mas ela
parecia realmente decidida a não cair mais em nenhuma das minhas investidas.

— Sem chances, Mica! Eu vou estudar a semana toda para o estágio.

Eu não sabia nada sobre o tal Danilo que era o amigo dos tempos de faculdade de
Claudia, mas descobri através de Nicole que Kelly andava bastante empolgada com as
aulas particulares sobre administração que o moço ia aplicar para ela a domicílio. Eu
entendia todo o seu engajamento em querer se tornar uma adolescente respeitável e com
vontade de honrar o legado da sua família, mas tinha que admitir que estava achando
um pouco estranha aquela história de professor particular. De repente, senti que
precisava tirar aquilo tudo a limpo e corri atrás de descobrir o que estava havendo.

Ainda na noite daquela segunda-feira, após matutar um modo de descobrir o que Kelly
andava aprontando às minhas costas, a oportunidade resolveu bater à minha porta
quando o meu telefone tocou e eu vi que era uma chamada de Claudia me convidando
para passar a noite seguinte em seu apartamento com as meninas no Itaim Bibi.

— Quero sim, tia Cau — respondi empolgada —, mas será que eu não vou atrapalhar?
A Kelly me contou que está tendo aquelas aulas para o estágio…

Claudia inspirou profundamente do outro lado e então me respondeu:


— Não vai atrapalhar em nada, Mica. Você é muito bem-vinda aqui em casa. Amanhã,
na hora da saída do colégio eu passo para apanhar as três. Se achar necessário que eu
fale com a Carla, eu posso ligar para a sua mãe…

— Nem precisa, tia Cau — a interrompi —, minha mãe vai me deixar dormir no seu
apartamento sim, não se preocupe.

A mãe de Kelly confiou na minha palavra e pouco depois, a chamada se encerrou.


Mesmo sem falar com a minha namorada, eu comecei a separar as coisas que ia precisar
para dormir fora de casa e me senti bastante animada.

No dia seguinte, na hora da saída após as aulas, Kelly e Nicole já desciam as escadas do
colégio para encontrarem Claudia ao portão, quando me aproximei das duas berrando:

— Eu vou com vocês. Me esperem, piranhas!

Kelly me olhou com uma das sobrancelhas arqueada sem entender o que havia
motivado aquela minha decisão súbita de as acompanhar até o seu apartamento e eu
mesma revelei:

— A tia Cau me convidou pra dormir lá com vocês hoje. A minha mãe já deixou!

Kelly pareceu intrigada mesmo com a minha explicação e com o convite da mãe para
que eu me juntasse a ela e à Nicole aquela noite, mas em seguida, decidiu parar de
confabular teorias e me cedeu a sua mão para que andássemos juntas até o carro. Ao
volante, Claudia estava usando uma trança nos cabelos loiros e seu rádio tocava “How
Deep is Your Love”, uma das antigas dos Bee Gees.

— ‘Bora meninas. Coloquem o cinto aí atrás — Disse a mulher, no que eu e Kelly


obedecemos no assento traseiro, enquanto Nicole seguia no banco do carona, ao lado de
Claudia.

Naquele início de noite, o tal professor Danilo chegou quinze minutos mais cedo do que
o combinado ao apartamento e ele presenteou a dona da casa com uma caixa de
chocolates de uma marca suíça. Algum tempo depois, Claudia me apresentou ao tal cara
como uma amiga da filha e eu o cumprimentei com um aperto de mão.

— Prazer em conhecer, Micaela.

Ainda aquela noite, eu descobri que Danilo era uma espécie de braço-direito do avô de
Kelly dentro da rede de imobiliárias que ele ajudava a administrar na ausência do velho,
que morava em Minas Gerais. O cara tinha começado como um corretor vendendo
imóveis por São Paulo, mas ao ganhar a confiança de Álvaro Schneider, o pai de
Claudia, conseguiu subir até o cargo de gerência, posição que ocupava desde que
Charles, o pai de Kelly, havia falecido.

Ele era bastante influente dentro da Sol Nascente, a corretora dos Schneider, mas
particularmente eu não havia visto nada demais nele.
— Nossa! Isso parece muito difícil!

A certa altura da aula que Danilo aplicava para Kelly, eu me cansei de ficar apenas
observando os dois sentados diante da escrivaninha na sala do apartamento e me
aproximei para enxergar melhor o que faziam no notebook. Me inclinei levemente atrás
da menina e massageei os seus ombros.

— Como você entende isso, Kel? — E eu apontei para a tela, ao que Kelly se virou e
respondeu:

— Eu tenho um ótimo professor, Mica!

Kelly olhou para Danilo com um sorriso estampado no rosto. O rapaz retribuiu a
gentileza com um aceno e eu fiquei de olho em sua reação. Eu já estava vestindo um dos
conjuntos de pijama que havia trazido para passar a noite no apartamento e o vi
espionando o meu decote de esguelha, enquanto a sua aluna digitava alguns comandos
de uma fórmula superconfusa de Excel na tela. Eu não tinha entendido nada das suas
explicações técnicas para Kelly e pouco depois, resolvi voltar para o meu assento no
sofá, ao lado de Nic.

— Achei esse amigo da tia Claudia feio! — Eu fiz uma careta enquanto cochichava para
a loira ao meu lado. Nic desviou a atenção da tela de seu iPhone por um segundo e me
ouviu continuar: — Ele tem um nariz grande… cabelo penteado com gel… esquisito!

— Eu acho ele simpático. — Retrucou Nicole em minha direção.

— Simpático é o mesmo que feio! — Respondi, causando um ataque de riso em Nic. —


Deve ser por isso que tá encalhado. Feio e chato!

— Até que ele é gostosinho!

Nicole estava chamando a minha atenção para o traseiro de Danilo e eu fui obrigada a
dar uma olhada mais clínica para a área guardada dentro da calça jeans. Dava para ver
os detalhes com ele ali sentado em uma cadeira giratória e eu o analisei em seguida:

— Ele é meio magrelo… mas tem uma bundinha gostosa!

Nicole arregalou os olhões azuis e em seguida, concordou comigo. Eu não tinha


entendido todo o assanhamento que, de repente, a minha namorada parecia sentir todas
as vezes que aquele cara estava por perto, mas depois que conferi com os meus próprios
olhos a interação natural entre os dois, percebi que tudo aquilo só estava acontecendo
em minha cabeça.

Não tem nada demais acontecendo aqui. Eu que tô paranoica! Pensei, conclusiva.
Capítulo 38 – O tédio dos privilegiados

ALGUNS DIAS DEPOIS DE dormir no apartamento da família Ferraz Schneider, eu


retomei a minha vida monótona e sem sentido no bairro da Saúde apenas para descobrir
que, quase literalmente, “a casa estava caindo” na construtora Suares & Castilho.
Diferente do que eu acreditava, as finanças não estavam indo bem naquele período do
ano e a empresa estava perdendo uma quantidade gigantesca de contratos de serviço
para as suas rivais de mercado, incluindo a Monterey, que tinha como CEO o senhor
Fausto, pai de Rodrigo.

Por conta daquela “corrida do ouro” atrás dos melhores clientes e acordos, o papai, que
era um dos principais engenheiros civis da empresa, e a mamãe, que prestava serviços
de arquitetura para o grupo através da sua agência A3, não estavam tendo qualquer
tempo para me dar alguma atenção em casa, o que me deixou num tédio desgraçado.

Para piorar, as coisas também não andavam boas na vida da minha namorada, e na
sexta-feira à noite após a aula no Dom Pedro II, ela finalmente me disse o que estava
acontecendo por telefone.

— … eu conversei com o Dan e ele descobriu por meio de um amigo em comum dele
com o meu pai que o seu tipo sanguíneo era “AB”, o que torna impossível que ele fosse
o meu pai biológico. Você consegue entender isso?

Ela tinha falado quase sem parar por mais de cinco minutos e eu não tinha entendido
quase nada.

— O sangue de quem é “AB”, Kel?

— Você não está prestando a atenção no que eu estou dizendo?

Naquele momento, eu estava organizando os meus brinquedos sexuais dentro do closet,


pensando em qual deles usaria mais tarde. Me sentei no chão, pousei a caixa de
acessórios ao meu lado e tentei ouvir melhor o que Kelly estava dizendo.

— Você está falando muito depressa, Kel — argumentei tentando não a deixar ainda
mais nervosa —, conta de novo com mais calma.

Segundo Kelly, durante os estudos para o nosso seminário sobre reprodução humana e
genética do colégio, a garota tinha descoberto que parte da família de seu pai Charles
pertencia ao grupo sanguíneo “AB” e que o próprio homem tinha aquele tipo de sangue
correndo em suas veias quando ainda era vivo. De acordo com os cruzamentos possíveis
do sistema ABO, “AB” com “O” — que era o tipo de sangue da sua mãe Claudia — não
tinha chances de gerar um descendente também “O” como era o caso da própria Kelly.
Depois de constatar aquilo, a menina estava a ponto de surtar.

— Que chato, amor — disse sem saber exatamente como a consolar —, e o que você
pretende fazer agora?
— Eu não sei, tô a ponto de explodir aqui. Eu não paro de pensar que a minha mãe me
enganou todo esse tempo dizendo que o Charles era o meu verdadeiro pai, mas acho que
ela saiu com algum outro cara e engravidou dele… eu nem sei o que fazer!

Era bem óbvio que ela estava tendo uma crise de nervos do outro lado da linha e ofereci
conforto a convidando para me visitar em minha casa no fim de semana. Eu achava que
próximo a mim, ela teria mais chances de esquecer aquela história e que não havia
nenhum mal que uma boa dose extra de sexo não curasse.

— Os meus pais estão trabalhando feito loucos na Suares & Castilho. Vamos estar só
nós duas aqui em casa. Você vem, eu te faço uma massagem, te dou bastante carinho e
você esquece essa história rapidinho. A sua mãe não traiu o seu pai. Você deve ter feito
o cruzamento genético errado ou vai ver, a nossa professora que não ensinou direito
esse lance.

Ouvi um suspiro do outro lado da linha.

— Vem pra cá amanhã, Kelly. A gente faz um amorzinho gostoso e você relaxa um
pouco. Estou morrendo de saudades de chupar essa sua bucetinha linda…

Eu saquei que não tinha sido muito sensível aos problemas pessoais de Kelly
oferecendo sexo para resolvê-los quando ela disse de maneira abrupta que precisava
desligar o telefone e que ia tentar colocar os pensamentos em ordem sozinha. Passei
todo o restante daquele final de semana sem mais notícias da minha namorada e amiga e
aquilo me fez buscar recreação em outro lugar.

O Valmir era o motorista particular da família Castilho e ele prestava serviço tanto para
os meus pais quanto para o meu tio Mauro. Naquele sábado, após uma comunicação
rápida por mensagem de texto, a minha prima Priscila me convidou para curtir um
solzinho à beira da piscina da casa onde morava com seus pais em Indianópolis e como
eu estava no ócio total, mandei que o nosso chofer em comum me levasse até lá.

Assim como meus pais, o tio Mauro, que era um dos diretores comerciais da Suares &
Castilho, também estava em uma jornada alucinada para manter a construtora nos
trilhos naqueles tempos difíceis e tinha deixado os filhos sozinhos em casa. A minha tia
Solange, a mãe da Priscila e do Pedrinho, era designer de interiores da empresa da
família e tinha saído logo cedo de casa para trabalhar.

Assim que cheguei na residência aconchegante dos meus primos, eu botei um biquíni e
tratei de aproveitar o que a nossa vida de luxo tinha de melhor a nos oferecer. Entre
tantos outros assuntos aleatórios, comentei brevemente com eles a situação atual dos
negócios dos Castilho e foi o Pedrinho quem disse:

— Fazia tempo que eu não via o meu pai tão estressado — meu primo estava apoiado
de costas no ladrilho da piscina e com metade do corpo submerso na água —, dia
desses, eu o ouvi gritando com o tio Renato pelo telefone e soltou vários palavrões.
Parece que a construtora está entrando em crise financeira e está todo mundo
enlouquecendo por causa disso.

A Priscila estava deitada na beirada da piscina com a bunda para cima, tomando sol.
Usava um par de óculos escuros no rosto bonito e ergueu o pescoço para interagir
comigo e o Pedrinho dentro da água.

— Na toada que as coisas vão, a gente vai acabar pobre e tendo que se mudar pra
periferia.

O comentário nos gerou risadas.

— O papai vai ter que vender o seu Volvo e a fazenda em Goiás. Vamos morar numa
comunidade e vamos ter que traficar pra manter nosso padrão de vida elevado!

Pedrinho até se inclinou para rir do próprio comentário. Éramos com certeza os três
primos mais desmiolados da família inteira e não tínhamos qualquer noção de o quanto
éramos privilegiados por fazer parte dos Castilho ou o quanto nossos pais se esforçavam
para bancar os nossos mimos.

— O bom é que você já leva o maior jeito de nóia, Pedrinho — comentou Priscila
apontando para o irmão —, vai trabalhar para o Boca e nem vai reclamar de nada. O
trampo da sua vida!

Eu olhei de um para o outro antes de retirar o excesso de água do rosto e perguntar,


curiosa:

— Quem é esse “Boca”?

Pedrinho riu e voltou para dentro da água, agora submerso até a altura do peito.

— O Boca é o nosso fornecedor. Ele atua num dos morros de Paraisópolis. Pelo menos
uma vez por mês a gente vai até lá pra comprar um fuminho e se divertir de vez em
quando aqui em casa.

Meus primos eram usuários recreativos de drogas e eu tinha ouvido a minha mãe
comentar certa vez que a Priscila já tinha sido internada numa clínica durante um
período de sua vida para desintoxicação. Apesar de ser apenas dois anos mais velha que
eu, aquela garota já tinha bastante história para contar.

— Vocês, tipo… sobem o morro pra comprar drogas?

Pedrinho colocou o dedo indicador sobre os lábios sinalizando que eu medisse as


minhas palavras. Girleia, a empregada da casa, estava sempre atrás das portas e paredes
ouvindo tudo que meus primos diziam a mando de sua mãe. Na ausência da tia Solange,
era a doméstica quem tomava conta razoavelmente dos dois irmãos e eu fui obrigada a
diminuir o meu tom de voz.
— Um amigo meu de colégio subiu uma vez comigo e eu aprendi o caminho —
Respondeu Pedrinho a menos de um metro de mim e falando num tom baixo —, desde
então, eu e a Pri nos revezamos pra comprar uma erva.

Me voltei para Priscila que agora sacudia as pernas flexionadas. A menina de cabelos
longos e pretos removeu os óculos do rosto para me falar, também em tom baixo:

— Se você quiser, eu te passo o endereço do local e já deixo o pessoal de sobreaviso


antes de você subir para a comunidade. É supertranquilo e discreto. Não tem perigo
nenhum, desde que você pague o valor acertado.

Eu já era louca suficiente sozinha e sabia que não precisava de nenhum entorpecente
para ficar bem ou para me deixar alta, no entanto, senti que precisava de um pouco de
adrenalina em minha vida e alguns dias depois da visita aos meus primos, eu decidi dar
uma volta até Paraisópolis.
Capítulo 39 – A ruiva e o dono do morro

A KELLY TINHA PASSADO o final de semana inteiro incomunicável e quando


chegou na segunda-feira, disse que havia estado gripado e que por isso não havia
respondido todas as dezenas de mensagens que eu havia lhe mandado.

Por conta de toda a história da traição de sua mãe e a incompatibilidade sanguínea entre
a mulher e o seu pai, Kelly estava emocionalmente carente e nem questionou quando eu
a chamei para me acompanhar da Avenida Paulista, onde ficava o nosso colégio, até os
arredores do Morumbi de Uber.

Naquela tarde, o Dom Pedro II estava realizando um conselho entre os professores e por
conta disso, todos os alunos tinham sido dispensados um pouco antes do previsto. Eu
tinha trazido comigo uma boa quantia de dinheiro que eu havia malocado entre os
peitos, por dentro do sutiã, e tinha memorizado o endereço sugerido por Priscila há dois
dias. Quando percebeu que tinha sido levada para uma das comunidades mais
conhecidas de São Paulo, a Kelly surtou.

— Mica… O que a gente tá fazendo aqui?

O motorista por aplicativo havia nos largado a quase uma quadra do morro que eu havia
sido orientada a subir e após conferir o pagamento da viagem, o sujeito se arrancou,
levantando poeira do chão. Tomei a mão de Kelly e enfim, revelei a minha real
motivação em estar ali com ela.

— A gente veio buscar um bagulhinho. A minha prima Priscila me indicou um


vendedor. Disse que é quente!

A paisagem daquele morro não era mesmo das mais agradáveis e era a primeira vez que
eu frequentava um local tão pobre e tão mal frequentado. Eu estava ali pura e
simplesmente para aguçar o meu espírito de aventura. A minha vida tinha caído numa
rotina muito entediante e eu ainda precisava sentir o sangue fervendo nas veias. Nada
que um pouco de adrenalina não resolvesse.

— Vem, Kelly! Deixa de ser cuzona, menina! Não tem problema nenhum. Tá tranquilo!

Eu e Kelly subimos uma rua bastante íngreme para chegar até uma escadaria mal
cimentada que dava numa outra viela. Fazia um calor dos diabos aquele dia e eu cheguei
um tanto quanto suada no topo.

A Kelly parecia em pânico trajada ao meu lado com o nosso uniforme escolar e
carregando uma bolsa em suas costas. Assim que chegamos no alto, ela perguntou:

— Mica… A gente precisa mesmo pegar esse negócio hoje?


— Já disse pra relaxar, caralho! — Disse a ela sem tirar o sorriso do rosto — As pessoas
só estão nos olhando estranho por causa do uniforme brega de escola que estamos
vestindo.

Assim que atingimos o alto, ainda haviam mais alguns metros de subida através de uma
ruela sem pavimentação que me conduziria direto ao barracão onde o tal Boca atendia a
sua clientela. Kelly chegava a tremer de medo em estar num ambiente que, para ela, era
hostil e eu decidi que não podia levá-la comigo naquele estado. Eu não conhecia os
caras que estava prestes a visitar, mas tinha certeza absoluta que a presença de uma
patricinha se cagando de medo em seu estabelecimento não ia lhes causar boa
impressão.

— Me espera aqui. Eu volto logo. Subo, pago, pego e desço.

Eu tinha sido informada que a transação costumava acontecer de maneira rápida e


discreta, por isso, não achei que teria qualquer problema em deixar Kelly ali me
esperando por poucos minutos. Antes de começar a encarar aquela subida em aclive, dei
uma última conferida no dinheiro por dentro do sutiã, sentindo o maço com a ponta dos
dedos, e rezei para que na minha vez não desse nada errado.

Era só o que me faltava eu acabar estuprada e morta por um bando de traficantes só


porque estava entediada demais e quis sair pra comprar um fumo no meio do dia!

O barracão do Boca tinha um aspecto de lugar abandonado com ripas de madeira


cobrindo buracos de bala na fachada e lama espalhada no chão da entrada. O cheiro por
ali era de esgoto a céu aberto e eu me aproximei segurando o estômago para não me
esvair em vômito.

Assim que apontei o alto do morro, a impressão que dava era que não havia ninguém
nas redondezas do barraco, mas foi só eu pensar em dar meia-volta para descer o
caminho contrário, que dois sujeitos mal-encarados surgiram do nada e se precipitaram
em minha direção.

— Aí, mina! Qualé?

Meus joelhos deram uma fraquejada ao notar que os dois estavam empunhando armas
automáticas, mas percebi que era tarde demais para bancar a cagona. Dei três passos até
os dois e disse, com a voz trêmula:

— Eu vim ver o Boca. Eu trouxe dinheiro.

Os dois sujeitos usando bermuda e camiseta me conduziram até a porta do barracão e ali
mesmo começaram a me revistar para saber se eu não estava portando algum tipo de
arma. Um deles apalpou a minha bunda só de sacanagem, logo depois, segurou o meu
ombro, indicando a porta à nossa frente.

— Anda pelo corredor e vira à esquerda, mina.


Um dos caras abriu a porta que rangeu com a sua dobradiça enferrujada. Andei uns
quatro metros por um corredor escuro e vi que haviam no alto duas câmeras de
segurança presas numa tábua, a uma distância de uns dois metros do chão. Alcancei
uma porta ainda mais fuleira na esquerda e já fazia menção de bater em sua superfície
quando ela se abriu.

— Cê que é a Micaela?

Um sujeito barbado com as escleróticas dos olhos bem avermelhadas tinha puxado a
maçaneta por dentro e enfiou a cara num vão estreito de uns dez centímetros. Acenei
que sim assustada, pouco depois, a porta se arreganhou inteira e eu fui convidada a
entrar.

— Teus primos avisaram que cê ia subir, mina. Senta aí.

O Boca era um cara de uns trinta e poucos anos, magro, pele escura e com uma cicatriz
que lhe atravessava quase todo o pescoço. Atendia numa espécie de quarto com uma
janela aberta às costas de onde se sentava, e dali, dava para ver quase toda a encosta do
morro. Ao lado de uma mesa de madeira ficava um armário de metal de uns dois metros
de altura para onde ele se encaminhou enquanto pigarreava e arrastava um chinelo sujo
nos pés.

— Bota o dinheiro na mesa.

Havia uma guimba de cigarro ainda acesa sobre um cinzeiro num dos cantos da mesa e
enquanto ele buscava a minha encomenda numa das repartições mais altas do armário,
eu saquei as notas entre os peitos e fiz como ele havia pedido. Eu o vi medindo cada um
dos meus movimentos e quando se voltou em minha direção, jogou um pacote fechado
sobre o tampo. Tinha erva ali para deixar louco um batalhão inteiro.

— Confere.

Eu segurei o pacote sem saber exatamente o que devia fazer, mas abri o papel
brevemente só para que o cara não pensasse que eu era uma completa noob no mundo
da criminalidade. Na verdade, eu era, mas eu não queria dar o braço a torcer.

— T-Tá tudo certo…

Enquanto eu segurava o pacote em mãos, o Boca apanhou o maço de notas de cem que
eu tinha deixado sobre a mesa e colocou perto do nariz. Fungou umas duas vezes e ficou
sentindo o cheiro das notas suadas com uma cara estranha.

Ele tá sentindo o cheiro dos meus peitos, é isso? Me perguntei mentalmente.

— Agora se manda daqui, ruiva.

Assim que ele disse aquilo, eu não pensei duas vezes e girei nos calcanhares para dar o
fora daquele lugar medonho. Enquanto eu atravessava a porta às minhas costas, ouvi a
sua voz me dizer que sempre que eu quisesse mais era só aparecer e confesso que soltei
alguns puns a caminho da saída do barracão de tão cagada que eu estava.

Que loucura, cara! Que loucura!

Eu não sabia quanto tempo havia se passado desde que eu havia largado a Kelly lá
embaixo e havia subido para me encontrar com o traficante, mas quando retornei para
junto dela, a menina estava uma pilha de nervos.

Resmungou o caminho inteiro que tinha ficado sozinha e que tinha sido importunada
por uns caras estranhos que a cercaram e ficaram fazendo comentários sobre a sua
bunda. Alheia ao que ela dizia e ainda um pouco assustada pelo que eu mesma tinha
tido coragem de fazer, pedi para que ela guardasse o bagulho em sua bolsa e nós saímos
de Paraisópolis sem que eu tivesse a noção exata do perigo de morte que nós duas
havíamos corrido ali.

E se bem na hora que eu estivesse comprando a droga acontecesse uma batida da


Polícia? E se rolasse um tiroteio comigo lá dentro servindo de refém? E se o tal Boca
resolvesse fazer um gangbang comigo e os seus amigos traficantes em troca da erva? O
que eu ia fazer?

Para disfarçar os meus próprios temores e para amenizar a culpa do risco a que eu havia
exposto a minha namorada, usei do meu costumeiro senso de humor negro e assim que
entramos num Uber de volta para casa, ofereci a ela:

— Quer fumar um baseadinho comigo, amor? Eu bolo um pra gente!


Capítulo 40 – Sobre o término

EU CHEGUEI AO CONSULTÓRIO da doutora Fabíola Fogaça por volta das dezenove


horas daquela quinta-feira e ela percebeu no ato que eu não estava exalando o meu
costumeiro — e ilusório — alto astral.

Tinham se passado alguns dias desde que a Kelly havia decidido dar um tempo em
nosso relacionamento para que nós duas seguíssemos apenas como as boas amigas que
éramos. Segundo ela, a subida ao morro do Paraisópolis tinha sido a gota d’água para
que ela percebesse que eu não me importava de verdade com o seu bem-estar e que era
egoísta demais para levar a sério um relacionamento mais sólido.

Um lado meu entendia a decisão da garota e até concordava com a parte de eu ser
egoísta demais para um namoro de verdade, mas eu estava longe de conseguir aceitar
aquela rejeição. Eu nunca tinha passado por nada sequer parecido com aquilo, nunca na
vida alguém havia me botado de escanteio daquela forma, e de repente, me vi sem chão.

— Como você se sentiu quando a Kelly disse que não queria mais continuar o
relacionamento, Micaela?

A doutora estava usando uma blusa de gola alta sem mangas aquele início de noite.
Tomava um chá em uma caneca e tinha me oferecido um copo também. Eu detestava
qualquer tipo de chá e recusei educadamente.

— Eu me senti mal.

Parei alguns segundos antes de continuar a exprimir o que realmente estava sentindo e
aquilo saiu muito naturalmente.

— Eu cresci muito acostumada a ter sempre o que eu queria ao alcance das minhas
mãos, sabe, doutora? — Os seus olhos castanhos não fizeram nem que sim e nem que
não — Os meus pais tinham me ensinado que era normal ter o mundo na ponta dos
meus dedos, que cada um dos meus desejos podia ser realizado a hora que eu quisesse.
Em especial o meu pai. Eu nunca aprendi a lidar com a rejeição. Nunca ninguém me
disse “não” na minha cara. Quando a Kelly me olhou com aquele semblante entristecido
e disse que não queria continuar a ser a minha namorada… eu me senti irritada, brava.
Eu não queria aceitar…

Fabíola fez uma ou duas anotações sobre a folha de papel encimando a sua prancheta
transparente enquanto eu desabafava.

— Eu sei que não a estava tratando como devia… a Kelly é uma garota sensível,
amorosa… o nosso ritmo é completamente diferente. Somos pessoas que enxergam a
vida de uma maneira muito distinta… Apesar disso, eu achei que a teria por perto
sempre, ao meu alcance, sob controle…
Deu para ouvir a esferográfica da doutora rabiscando rapidamente o papel antes de ela
dizer:

— Mas você entende que um relacionamento amoroso não deve ser baseado em
controle, em amarras, certo?

Tive que pensar um pouco para responder.

— Eu achava que sim.

Fabíola se manteve impávida e apenas ajeitou o par de óculos sobre o nariz.

— Mas a Kelly me provou que não. Ela me mostrou que eu não devia tratar as pessoas
como bens, como objetos… Porque era exatamente assim que eu a estava enxergando…
Como mais um dos meus diversos brinquedos… Eu achava que eu a podia usar e largar
quando bem entendesse e realmente a tratei dessa maneira o tempo todo.

— Você consegue entender que até mesmo o término do seu namoro com essa garota
lhe serviu como um aprendizado?

Fiz que sim à pergunta de Fabíola e emendei:

— Eu não estava nem um pouco preparada para assumir o tipo de relacionamento que a
Kelly esperava e acabei embarcando na onda porque achei divertido na época. Ela
estava toda empolgada comigo, nós duas tínhamos nos dado bem em vários aspectos
desde o começo… Mas eu tinha ficado entediada. Ela não tinha nada a ver com a minha
falta de perspectiva de vida, mas eu acabei descontando na coitada as minhas
frustrações…

Aqueles cinquenta minutos da minha sessão de quinta-feira acabaram sendo poucos


para que eu conseguisse desabafar com a doutora o quanto havia ficado magoada pelo
fim do meu primeiro relacionamento amoroso mais sério e eu voltei para casa na carona
do Valmir bastante reflexiva e distraída.

Eu e Kelly continuamos nos vendo pessoalmente por conta das aulas que se seguiram
firmes por mais alguns dias no colégio e até participamos juntas das festas de fim de ano
letivo que serviram para que a nossa amiga Nicole se despedisse da nossa turma. Depois
disso, a filha de Claudia ainda me convidou para uma festa do pijama que ela mesmo
promoveu em seu apartamento para que nós duas nos distraíssemos assistindo filme no
quarto e falássemos um monte de besteiras na cama com a Nic, mas claramente a minha
— agora — ex-namorada estava mantendo uma distância emocional segura de mim.

Eu não sabia o quanto, mas nos dias que se seguiriam, eu ainda sentiria uma falta
gigantesca da presença física de Kelly e aquele sentimento de impotência começou a me
corroer por dentro.

Meus pais continuaram naquela pegada insana de trabalho na Suares & Castilho por
quase todo o final do mês de novembro e eu quase podia dizer que estava morando
sozinha naquela casa enorme no bairro da Saúde, já que não via a cara dos dois por mais
do que algumas horas do final de semana. Isolada de tudo e de todos, tinha a companhia
fiel e diária apenas do Steve que se deitava em meu colo conforme eu assistia a algum
filme na sala, ou da Lourdes, que de vez em quando, fazia a minha comida e aparecia
para saber se eu estava precisando de alguma coisa.

As férias escolares tinham chegado de uma maneira bastante melancólica e sem o


refúgio da bagunça com os amigos durante as aulas ou mesmo da companhia dos meus
primos que andavam tão tensos quanto eu por conta dos problemas financeiros da
empresa que levava o nome da família, eu comecei a me ver cada vez mais deprimida e
nem mesmo os meus shows como Cam Girl estavam elevando o meu moral.

Eu o tinha bloqueado em meu aplicativo de mensagens para que não tivesse mais que
lidar com ele após aquele nosso primeiro encontro no apartamento da Avenida Paulista,
mas estava tão entediada naquele período, que resolvi desbloqueá-lo para lhe mandar
um “oi” na maior cara de pau. Raphael Volfgang até que tinha sido um bom amante e já
que o meu objetivo era sair do tédio, nada melhor que fosse fazendo sexo com um
advogado bonito e gostoso.
Capítulo 41 – Material de descarte

RAPHAEL LEVOU MAIS DE um dia para me responder, obviamente chateado com o


meu sumiço do WhatsApp e também do chat do site pornô onde ele tinha me mandado
centenas de mensagens após a nossa transa. Não parecia muito interessado em me dar
bola, mas usando o meu charme irresistível, o acabei convencendo a marcar um novo
encontro entre nós dois, e para isso, usei o mesmo esquema de antes. Valmir me deixou
a uma quadra do shopping, caminhei a pé até a sua portaria e ele me levou para cima.

As passadas de mão e beijos mais quentes começaram mais cedo do que da outra vez e
ele nem sequer me serviu um drinque para molhar a garganta antes. Abriu o meu vestido
por trás, me deitou sobre o sofá de couro com as pernas afastadas, puxou a minha
calcinha de lado e começou a passar a língua em minha vagina, me tirando ofegos de
puro prazer.

O apartamento de Raphael era bastante iluminado e era realmente gostoso transar com
toda aquela luz incidindo da janela ao lado bem na minha cara. Haviam prédios enormes
bem diante da vista linda que o ambiente permitia e me excitava a possibilidade de que
algum voyeur tarado pudesse estar nos vigiando daquela distância enquanto a gente se
amava.

— Nossa, Rapha… quanta vontade!

Os olhos azuis miraram os meus lá de baixo e ele deu uma risada sacana com os lábios e
a língua lambuzados do meu suco. O bonitão ainda ia me devorar por uns bons vinte
minutos além dos quase quinze que tínhamos ficado ali nas preliminares e eu parei de
contar os meus orgasmos no terceiro. Estava morrendo de vontade de transar.

Raphael botou uma das minhas pernas sobre o seu ombro e começou a me macetar sem
qualquer pena ainda em cima daquele sofá. O material sob o meu corpo produzia sons
esquisitos em contato com a minha pele suada, mas estava longe de querer prestar a
atenção nisso. Usando preservativo como na nossa primeira vez, o advogado grunhia
conforme me penetrava sem pausas e gostava de olhar para os meus peitos sacudindo
conforme se projetava contra mim.

— Você é tão gostosa, Érika! Um tesão!

Eu sorria envaidecida e segurava os peitos entre os dedos para que ele ficasse os
encarando em detalhes.

— Gosta dos meus peitos rosados e sardentos?

Eu o instiguei a dizer um “sim” efusivo com seus olhos semicerrados a encarar os meus
mamilos, mas aquela minha frase me levou de volta ao momento de despedida entre eu
e Rodrigo Monterey. O momento onde eu tinha percebido que eu era só uma pirralha
qualquer sem importância para ele e que nós não poderíamos ficar juntos como eu
desejava.

“Esses peitos lindos, rosados e sardentos vão estar esperando por você daqui a alguns
anos, caso sinta saudades da sua ruiva, viu? Eu nunca vou te esquecer”.

De certa forma, eu nunca o havia esquecido mesmo e me pegava pensando nele até
mesmo enquanto outro cara me comia.

Caralho! Por que fui me lembrar dele justo agora?

A minha lubrificação natural secou enquanto Raphael me traçava em cima daquele sofá
e os próximos trinta minutos senti como se ele estivesse enfiando uma lixa roliça dentro
da minha xota. O que estava bom, ficou maçante e o moço acabou percebendo o meu
desinteresse por ele.

A segunda vez com o cara que eu tinha conhecido através dos meus shows como Cam
Girl não tinha sido legal e o clima entre nós ficou azedo assim que ele gozou e
caminhou em direção ao banheiro para tirar a camisinha. Fiquei estirada no sofá por
mais algum tempo ainda pelada e pensando no que havia acontecido de errado daquela
vez. Quando retornou lá de dentro, Raphael estava contando algumas notas de dinheiro
em suas mãos.

— Não sei quanto você cobra, mas isso deve bastar.

Ele colocou umas seis notas de cem sobre os meus peitos e à princípio, achei que fosse
alguma brincadeira sem graça que ele estava fazendo comigo. Me sentei, segurei o
maço de dinheiro entre os dedos e me voltei em sua direção.

— O que é isso, Rapha? Por que me entregou esse dinheiro?

O advogado foi até a cozinha e se demorou um instante por lá. Naquele meio tempo,
procurei a minha calcinha atirada no chão e comecei a me vestir. Ouvi o som de gelo
tilintando em vidro e o vi em pé na entrada da sala a segurar um copo de uísque. Já tinha
vestido um calção, mas continuava sem camisa.

— É pouco? Desculpa. A gente não combinou o valor antes. Eu vou pegar mais lá
dentro.

Eu tinha finalmente entendido que ele não estava brincando. Senti o meu rosto ferver e
me voltei furiosa em sua direção.

— Você está querendo me pagar pela nossa transa, é isso? Tá me chamando de


prostituta?
Raphael deu de ombros antes de tomar um gole da bebida em seu copo. Atirei o
dinheiro sobre a mesa de centro e em seguida, comecei a recolher o restante das minhas
roupas do chão, pronta para terminar de me vestir.

— E-Eu não sou a vagabunda que você está pensando…

Raphael não disse mais nenhuma palavra e foi até a janela, onde ficou admirando a vista
através do vidro enquanto eu me vestia. Calcei os meus sapatos carregada de um ódio
profundo e antes de sair batendo a porta, disse, segurando o choro:

— Pois saiba que você é um otário! Eu estava aqui porque realmente achava que a gente
tinha química. Você é um escroto!

A porta tremeu atrás de mim e quando cheguei junto ao elevador, não consegui mais
conter as minhas lágrimas. Nunca ninguém havia me tratado de maneira tão
desrespeitosa e enquanto eu descia os quinze andares até o térreo, comecei a me sentir
um monte de lixo descartável.

O que está acontecendo comigo? Primeiro o Rodrigo diz que eu sou muito criança pra
ele, depois a Kelly, que tem a mesma idade que eu, me rejeita e agora sou tratada feito
uma qualquer por esse cara que eu mal conheço? Por que estou passando por tudo
isso, por que?

O meu celular tremulou entre os dedos ao discar o número do Valmir e quando pedi que
ele viesse me buscar, a voz saiu trêmula.

— Vem me pegar, Valmir. Não demora, por favor.

Eu nunca tinha me sentido tão arrasada em toda a minha vida.


Capítulo 42 – Em busca de um objetivo

DEPOIS DA HUMILHAÇÃO SOFRIDA no apartamento do advogado metido a besta,


eu estava decidida a sossegar o meu facho e resolvi usar a minha própria casa como
retiro espiritual. Assim que deu, me livrei dos vários gramas de maconha que havia
comprado no morro, encerrei a minha conta no site de Cam Girl, joguei fora as fantasias
eróticas que havia comprado na internet para as minhas exibições e me mantive
trancada dentro do quarto a maior parte do tempo.

Por conta da chegada do fim do ano e das festas costumeiras, parei de fazer terapia por
um tempo e tinha me interiorizado um pouco mais, descobrindo facetas minhas que
nunca antes eu havia prestado a atenção. Eu tinha vivido quase toda a minha
adolescência cercada de muita festa e zoeira, mas estava na hora de deixar de lado os
meus exageros para descobrir, enfim, qual seria o meu verdadeiro caminho a partir de
então.

Após fazer um teste vocacional online, eu percebi que já tinha aquele talento inato
dentro de mim e revelei o meu novo objetivo à minha mãe.

— Teatro, Mica? De onde você tirou essa ideia?

Estávamos nós duas sentadas à mesa do café da manhã naquele domingo e ela me
encarou com seus olhos castanhos arregalados enquanto mastigava uma torrada.

— Eu fiz um teste vocacional e constou que eu tenho talento para as artes cênicas, mãe
— argumentei sentada de frente para ela —, o teatro tem tudo a ver comigo. Eu sempre
gostei de aparecer, tenho boa desenvoltura diante de plateias e nenhuma timidez para
me apresentar seja onde for.

— Isso eu tenho que concordar — disse a dona Carla com um sorrisinho na cara —,
desde pequenininha você sempre adorou ser o centro das atenções. Eu lembro daquela
peça de teatro que você fez no segundo ano, “A Rosa e a Dália”, você interpretou a
Rosa, que era a protagonista, e todas as outras mães a elogiaram pra mim dizendo que
você estava maravilhosa em cima do palco, que levava jeito para a atuação. Aquilo me
encheu de orgulho.

Carla nunca tinha me dito aquilo, e na época, eu tinha ficado superinsegura achando que
ela tinha odiado a peça e que a menina morena que fazia a coprotagonista tinha sido
muito melhor que eu em cena. O coração chegou a ficar quentinho com ela finalmente
admitindo que tinha sentido orgulho de mim.

— Pois então — disse eu erguendo os braços —, eu já tenho um talento nato para


brilhar em cima de um palco. Só preciso começar a frequentar as aulas de teatro e
aprender na teoria o que eu já sei na prática.

Mamãe riu limpando os lábios com um guardanapo de papel.


— Vai com calma, Fernanda Montenegro — caçoou ela —, eu ainda tenho que falar
com o teu pai a respeito desse seu novo desejo de fazer aulas de teatro. Por causa da
situação caótica na Suares & Castilho, nós estamos sendo obrigados a apertar um pouco
as nossas despesas e ainda tem as mensalidades do seu colégio — que é bem caro — e o
seu curso de idiomas. Se você parar de gastar com besteira e não estourar o seu cartão
de crédito todo mês, talvez ele tope te matricular num curso de teatro.

Cada um dos meus gastos com compras pela internet ficava registrado nas faturas do
meu cartão de crédito que papai pagava todo mês e por mais razoável que ele fosse ao
fechar os olhos para o meu espírito consumista exacerbado, era bem óbvio que ele sabia
cada uma das porcarias que eu havia comprado na época em que estava querendo
produzir os meus shows como Cam Girl.

— Eu juro que dou uma segurada nos gastos excessivos a partir desse mês, mãe.
Promete que vai conversar com jeitinho com o papai?

Ela tomou um gole de seu suco natural de goiaba, depois disse:

— Prometo. Só espero que essa vontade de fazer teatro não seja fogo de palha que nem
foi com as aulas de Karatê, as aulas de desenho artístico ou o balé, dona Micaela!

Fiz que não, e em seguida, corri para abraçá-la, aplicando um beijão em sua bochecha
direita. Depois de tanto tempo, sentia que finalmente estava começando a me entender
com a minha mãe e isso era muito bom para a minha nova fase good vibe.

Eu ainda estava me adaptando à minha rotina mais séria e compenetrada quando a


minha prima Priscila me ligou no meio da segunda semana de dezembro e disse que
estava dando uma festa em sua casa na ausência dos pais. O seu tom de voz já estava
levemente pastoso ao telefone e eu percebi no ato para que tipo de festa ela estava
querendo me arrastar mais uma vez.

— Eu estou tentando mostrar para os meus pais um lado mais centrado, mais sério, Pri
— argumentei pelo celular —, não sei se uma festa regada a álcool e drogas vai me
fazer bem à essa altura.

— Drogas porra nenhuma, meu — respondeu ela aumentando o volume da voz para se
fazer ouvir enquanto uma batida eletrônica rimbombava de fundo —, eu e o Pedrinho só
encomendamos algumas bebidas pra calibrar a galera, nada muito exagerado. Não tem
nem vinte pessoas aqui. Vai me fazer essa desfeita?

Mal tínhamos chegado à hora do almoço e o sol raiava alto no céu azul daquela
primavera. Eu tinha pena dos vizinhos da casa do tio Mauro.

— Não sei não, Pri…

— Vem logo, vadia e para de frescura!


Como de costume, o Valmir me conduziu da Saúde até Indianópolis na encolha, ciente
de que não devia falar sobre a tal festinha dos meus primos a nossos pais e eu cheguei
por volta das duas da tarde em frente ao portão dos Castilho.

A piscina estava tomada de gente àquela hora e mais uma porção de amigos de Pedro e
Priscila desfilavam pela área recreativa da casa empunhando garrafas de vodca, latas de
cerveja e até copos de uísque.

O tio Mauro vai enfartar quando souber que abriram a garrafa de Macallan da sua
adega particular para uma festinha adolescente, pensei na mesma hora que vi alguns
moleques virando no gargalo a bebida cara e preciosa que o tio Mauro sempre oferecia a
meu pai quando ele o visitava.

— Você veio!

A Priscila correu em minha direção assim que me avistou passando pelo corredor largo
que desembocava na área da piscina e me beijou o rosto. Estava com os cabelos
molhados a escorrer água entre os seios e vestia um shortinho jeans apertado por cima
de um biquíni.

— Tá bem animado aqui, hein?

Eu já tinha participado de um sem-número de comemorações na casa de meus primos,


mas tinha que confessar que fazia tempo que não via tanta gente reunida em um mesmo
lugar. Sem precisar contar, dava para perceber que tinham em torno do quintal da sua
casa bem mais do que as tais vinte pessoas que a morena havia me dito por telefone e
aquilo me surpreendeu.

— São todos amigos nossos do colégio. Vem, eu pego uma cerveja pra você.

A Priscila me arranjou uma lata de Heineken geladinha tirada do freezer e enquanto me


acompanhava de volta pelo caminho até a piscina, disse que queria aproveitar cada
segundo que a grana de seu pai ainda lhes podia proporcionar de luxo. Segundo ela, os
próximos meses seriam de muito aperto financeiro por causa da demissão do tio Renato
da diretoria da Suares & Castilho e que agora que o seu pai seria o único diretor da
empresa, abaixo apenas do CEO que dava o primeiro nome à companhia, as coisas iam
mudar para todos eles.

— Eu quero aproveitar muito essa vida boa enquanto o papai ainda tem dinheiro para
nos bancar — disse ela, mais alcoolizada do que aparentava pelo telefone mais cedo —,
depois que o cinto apertar, eu vou ser a primeira a ter que trabalhar pra poder conseguir
o meu próprio sustento e não vou ter qualquer tempo pra curtir um pouco de farra!

Priscila soltou uma gargalhada desafinada e em seguida, começou a sacudir os quadris


já entrando no ritmo de um grupo de meninos e meninas que dançavam passinhos bem
coreografados de uma batida eletrônica alucinante a estourar nas caixas de som
espalhadas além do terraço.
Entre os convidados de Pedrinho da pool party de meio de semana, eu acabei
encontrando a minha amiga de colégio Michele agarrada ao pescoço do meu primo e a
cumprimentei.

— Achei que você fosse viajar com os seus pais no final do ano, Mi! — Disse a ela,
lembrando de um assunto que havíamos discutido pouco antes do término de nosso ano
letivo no Dom Pedro II.

— E eu ainda vou — respondeu ela enquanto o Pedrinho alisava a sua cintura e


encarava seus peitos médios aparecendo pelo decote do biquíni com que a garota os
tentava cobrir —, o meu pai ainda não conseguiu tirar licença do trabalho e estamos
esperando por ele antes de embarcar para Montevidéu.

Era costume que os meus pais também viajassem no final do ano, mas por conta da crise
na Suares & Castilho, tinha minhas dúvidas se iríamos a algum lugar além da casa de
praia dos Castilho no litoral Norte.

— E a Kelly? Por que ela não veio com você?

Michele e Nicole eram as únicas que sabiam do meu namoro com Kelly, e após a
partida da loirinha para o Espírito Santo, o mais próximo que eu tinha de uma amiga era
mesmo a garota à minha frente. Apesar disso, ela não sabia que o meu namoro com
Kelly havia terminado e eu fui evasiva:

— Não consegui falar com ela.

Algum tempo depois, ainda mais convidados tinham chegado à festa e o local já estava
apinhado de uma gente que eu nunca tinha visto na vida. Priscila e Pedro estavam
doidos de tão bêbados e o menino iniciou uma perigosa competição de mergulho com
ele e os colegas saltando de cima do telhado da casa direto para a piscina. Eu estava
vendo a hora de aquilo dar uma merda federal e alguém acabasse se ferindo gravemente,
mas antes que eu pudesse gastar mais neurônios com essa preocupação, senti o meu
celular vibrar no bolso traseiro do short que eu usava.

O meu coração acelerou dentro do peito quando eu vi a foto de Kelly no display do meu
smartphone e atendi de imediato, já de costas para a piscina e só ouvindo o som dos
corpos dos meninos batendo com força na água atrás de mim. Faziam quase duas
semanas inteiras que a gente não se falava e eu estava muito feliz com aquele contato
inesperado.

O som da música eletrônica ainda era alto àquela altura e eu tive dificuldades para ouvir
o que ela estava dizendo do outro lado.

— Espera, Kel! Não tô entendendo nada! Você tá o que?

Cobri o meu ouvido esquerdo com o indicador na esperança de abafar um pouco a


zoeira da festa e comecei a me afastar da área da piscina para conseguir me comunicar.
Kelly aumentou o volume da voz e a única coisa que ouvi, de repente, foi:
— Grávida, Mica! Eu acho que tô grávida!
Capítulo 43 – Reconciliação

ASSIM QUE ALCANCEI O QUARTO do meu primo Pedro, eu me tranquei lá dentro e


só então consegui entender melhor o que Kelly estava dizendo. Os gritos e o “splash” da
água da piscina agora estavam abafados pela porta grossa do cômodo e eu pude
perceber todo o desespero no tom de voz da menina pela ligação de telefone.

— Você falou “grávida”? — Tornei a perguntar, preocupada — Como assim? De


quem? Quando?

— A-Aquele dia na sua casa, Mica… Com o seu pai! — Ela respondeu com a voz
trêmula — E-Eu pedi pra ele pegar leve… M-Mas ele fez dentro. Ele gozou em mim!

— Mas você falou que tomava pílula! Como isso foi acontecer?

— E-Eu não sei, Mica… — Eu conseguia ouvir as fungadas típicas de quem estava
chorando. Kelly estava prestes a desabar — Eu tô muito desesperada. Me ajuda!

— Fica calma, Kel. Você já tem certeza? Fez o teste de gravidez?

— E-Eu tô atrasada tem mais de um mês… E tem os enjoos. Eu tenho enjoado muito
ultimamente. Não tinha parado para prestar a atenção nas coincidências.

Eu nunca tinha passado por nada sequer parecido com aquilo para que pudesse orientar
Kelly e me lembrei das várias vezes em que havia deixado que meus companheiros
sexuais terminassem todo o serviço dentro de mim e de cada uma das vezes que a
injeção anticoncepcional que eu tomava regularmente poderia ter falhado. A gravidez
naquele período da vida era algo que afetava e muito as estatísticas de natalidade no
país, mas era algo com a qual eu, particularmente, nunca tinha me importado.

— Ok. Vamos fazer o seguinte: — Disse, de maneira sensata — Eu tô numa festa aqui
na casa da Priscila. Eu vou sair daqui agora e vou me encontrar com você. A gente
passa numa farmácia e compra um desses testes instantâneos. Vai ficar tudo bem, você
vai ver. Meu pai não te engravidou. Fica tranquila.

Eu inventei uma desculpa qualquer para a Priscila antes de me ausentar da sua pool
party e encontrei com o Valmir do lado de fora da garagem a bater um papo com um
dos seguranças particulares dos Castilho. Eu estava com um raro semblante de seriedade
no rosto e antes de me abrir a porta de trás para que eu entrasse no Mercedes, ele
indagou se estava tudo bem comigo.

— Está sim, Valmir. Me leva até o Itaim Bibi. Nós vamos apanhar a Kelly.

O Valmir era um dos funcionários mais discretos que tínhamos à nossa disposição em
todos aqueles anos de serviço, mas apesar de confiar em seu silêncio quanto aos vários
trajetos duvidosos pelos quais, às vezes, ele era obrigado a me conduzir ao volante,
daquela vez, a coisa era séria demais para que eu corresse o risco de que ele desse com a
língua nos dentes. Com tudo planejado em mente, em vez de conduzir a abalada Kelly
direto até uma farmácia de rua, eu mandei que o motorista nos levasse até um shopping
onde lá dentro, de maneira discreta, eu e ela compraríamos os testes de gravidez. Aos
olhos do chofer, estávamos apenas fazendo compras como tantas vezes já havíamos
feito e nem ele suspeitaria de nada.

Kelly estava com uma cara muito abatida de quem já havia chorado por várias horas
seguidas e eu a acompanhei direto para uma farmácia do terceiro piso do shopping
assim que adentramos o local. Eu nunca tinha precisado comprar qualquer teste de
gravidez ou consultar o seu preço junto aos balconistas, mas tinha cara de pau suficiente
para tal missão.

— Me espera aqui fora. Você tá com cara de choro. Vão sacar na hora que o teste é pra
você. Eu compro. Volto logo.

Eu entrei com toda a calma do mundo dentro da drogaria e me dirigi imediatamente a


gôndola onde esses testes eram vendidos. Dei uma olhada em três diferentes e em
dúvida de qual deveria ser o mais eficiente, acabei levando logo todos até o caixa.
Quando saí, Kelly tinha botado os cabelos claros em frente ao rosto para esconder seu
abatimento e eu lhe passei a sacola com as compras.

— Esses testes não são 100% confiáveis. Comprei três. Você faz com todos. Depois a
gente analisa os resultados.

Ela me olhou agradecida por entre os fios loiros e respondeu:

— O-Obrigada, Mica…

— Agora vem! Vamos comprar umas blusinhas pro Valmir não desconfiar de nada e
acabar dando com a língua nos dentes para meus pais.

Algum tempo depois de deixá-la à porta do condomínio onde morava, eu pedi que a
garota me comunicasse assim que descobrisse o resultado do teste de gravidez e mandei
que o Valmir seguisse dali até a Saúde. No caminho até em casa, as lembranças
voltaram para o dia em que o meu pai havia feito sexo com Kelly e do momento exato
em que ele, de maneira bastante intensa, se esvaiu em esperma dentro da menina.

“Abre bem essa bucetinha pro tio! ”, dizia ele enquanto bombava em cima dela. “Mais
devagarzinho, tio Roque… tá muito forte...”, respondeu a coitada, sendo traçada feito
uma boneca de pano embaixo dele. “Já vai acabar, meu amor. Só mais um pouquinho!
”.

Eu nunca tinha pensado naquele dia como algo além de uma envolvente tarde de sexo a
três onde todas as partes pareciam incrivelmente satisfeitas, mas em retrospecto e me
lembrando das palavras exatas da minha amiga sendo macetada embaixo daquele
homem de quase noventa quilos, eu não conseguia mais pensar que a Kelly realmente
estava gostando de estar ali.
Quando cheguei em casa e me deitei sobre a minha cama, eu comecei a ponderar que o
meu namoro com a Kelly tinha começado a ruir a partir daquele dia com o meu pai.
Embora eu resistisse a pensar por esse ângulo, Roque havia violentado a minha amiga
da mesma maneira que ele e todos os meus tios também tinham me violentado em meu
primeiro contato sexual na casa de praia dos Castilho, diante de todo o restante da
família. Fechei os meus olhos e tudo que conseguia enxergar era a expressão de
angústia no rosto bonito de Kelly, com ela suplicando “Mais devagarzinho, tio Roque…
tá muito forte...”.

E se o meu pai engravidou a minha melhor amiga? E se naquela tarde de sexo, o meu
próprio pai acabou engravidando a Kelly em seu ímpeto animalesco? O que eu vou
fazer? O que nós todos vamos fazer?

No dia seguinte, após uma noite praticamente insone de pensamentos conflitantes e


aflitivos, o meu celular vibrou em cima da escrivaninha e em mensagem de texto, veio o
alívio:

— Deu negativo nos três testes, Mica. Eu não tô grávida 😰

Eu soltei todo o ar que havia prendido enquanto lia a mensagem e soltei um grito em
comemoração. Aquela era a melhor notícia do ano.

Poucos dias depois daquele susto que havíamos tomado juntas, as coisas pareceram se
amenizar entre nós duas e a Kelly se sentiu confortável até mesmo em me convidar para
um passeio ao litoral que o novo namorado da sua mãe, Claudia, havia organizado para
apresentar a irmã caçula dele à nova família.

Minha mãe ainda estava reticente quanto aos gastos excessivos em meu cartão de
crédito e papai ainda estava analisando a possibilidade de eu começar a frequentar uma
escola de teatro após o ano novo, mas como Claudia estava envolvida, a dona Carla
decidiu autorizar a minha descida ao litoral com as Ferraz.

— Vê se te comporta por lá, Mica — recomendou minha mãe pouco antes de eu entrar
no Mercedes onde o Valmir me conduziria até o Itaim —, a Claudia é a minha amiga e
eu não quero saber de você dando dor de cabeça pra ela.

— Relaxa, dona Carla — disse, já me acomodando no banco de trás do carro preto —,


eu sou um anjo, você sabe disso. Eu nunca dou trabalho a ninguém.

Eu soltei uma gargalhada em seguida e vi minha mãe acenar em minha direção do


portão de nossa casa. Eu estava incrivelmente empolgada com aquela descida para o
litoral e mais ainda com a possibilidade de reatar os meus laços com a Kelly e de tê-la
outra vez em minha vida. Embora não gostasse de admitir, aquela garota tinha mesmo
feito diferença na minha trajetória e eu não queria mais abrir mão da sua companhia.

O caminho até a casa alugada na praia serviu para que eu conhecesse melhor tanto o
namorado de Claudia quanto a irmã do cara, que era uma garota bastante carismática
que tinha praticamente a mesma idade que eu. Comunicativa e faladeira, Rachel
Vecchio ficou sentada a viagem toda entre eu e Kelly no banco de trás do Peugeot e me
conquistou de uma maneira muito rápida com o seu alto-astral. Do signo de escorpião,
ela esbanjava uma energia muito parecida com a que eu tinha como leonina e nós nos
demos bem logo de cara. Além da personalidade agradável, ela também era muito
bonita e seus cabelos tão castanhos quanto seus olhos contrastavam lindamente com o
seu tom de pele mais claro.

Ao volante, dirigindo de maneira bastante cautelosa pela estrada que nos conduziria até
o litoral, o irmão de Rachel fazia o tipo engraçado e não era raro ouvi-lo soltando algum
comentário mais cômico em direção à namorada ao seu lado ou a nós três na parte de
trás do veículo. A animosidade entre Kelly e ele era quase palpável e eu tinha percebido
no momento em que os vi juntos que a minha amiga detestava o cara com todas as suas
forças.

Eu, por outro lado, havia simpatizado com ele tanto quanto com a sua irmã, e não tinha
como negar que o dono de agência de viagens Vecchio Tour era um tremendo de um
“pedaço de mau caminho”, como costumava dizer a minha avó Vilma.

Ralph Vecchio tinha algo em torno de vinte e três anos, era sarado na medida, braços
definidos, cabelos castanhos escuros espetados e esbanjava um tremendo charme. Se
mostrava um cara inteligente, culto, centrado e ainda tinha uma voz que devia deixar
qualquer mulher mole ao sussurrar sacanagens em seu ouvido.

Eu tinha disfarçado o máximo que eu conseguia em respeito à Claudia, mas era quase
impossível não encarar aqueles olhos castanhos pelo espelho retrovisor de vez em
quando. Enquanto eu pensava safadezas a respeito do cara que era o candidato mais
imediato a padrasto de Kelly, eu fui obrigada a mudar o foco do meu fogo por vários
momentos ao longo da viagem.

Sossega esse fogo no rabo, Micaela!

Algumas horas depois da nossa saída de São Paulo, o carro dirigido por Ralph, enfim,
alcançou a praia e foi a primeira vez que eu vi a casa onde íamos passar os próximos
dias. A propriedade tinha dois andares, espaço duplo na garagem, frente ampla, quintal
com piscina e bastante verde ao redor. Ficava a uns dezoito metros da praia mais
próxima, e dali, dava para ouvir o som agradável das ondas quebrando na areia. Era
realmente um lugar perfeito para a companhia perfeita.

Fazia algum tempo que eu não aproveitava o meu tempo ao lado de pessoas com quem
eu realmente queria estar e tive certeza absoluta que aquele seria um dos melhores finais
de semana da minha vida.
Capítulo 44 – De volta ao litoral

NÃO DEMOROU QUASE NADA entre a nossa chegada na casa e o primeiro


mergulho em sua piscina azulzinha. Tínhamos nos instalado nos quartos do andar
superior há pouco tempo e a Rachel já estava tão empolgada quanto eu para cair na
água.

Claudia e Ralph tinham feito companhia a nós três por mais ou menos uma hora assim
que vestimos nossos biquínis para aproveitar a água fria da piscina, mas o casal parecia
levemente alvoroçado um na presença do outro, tanto que logo desapareceram no
interior da casa enquanto eu, Kelly e Rachel continuamos nadando juntas.

Como era de se esperar, Ralph tinha um corpo incrível também sem a roupa casual que
vestia ao volante de seu carro e da cintura para baixo era tão interessante quanto da
cintura para cima. O recheio de sua sunga era o que mais tinha me chamado a atenção.

— O casal já vai foder bem cedo!

O meu comentário tinha saído do nada enquanto eu batia os braços em meio à piscina e
via Claudia desaparecer no interior da casa com o namorado. Kelly arregalou os olhos
verdes em minha direção e sinalizou para que eu maneirasse nos meus costumeiros
ataques de sinceridade agora que estávamos na presença da irmã caçula do cara.

— Por que pegar leve? — Perguntei, olhando para Kelly e dela de volta para a menina
branquinha de cabelos escuros — A Rachel sabe que o irmão dela fode a tia Claudia,
não sabe?

A garota que morava em Santa Catarina a maior parte do tempo e que tinha um leve
sotaque gaúcho fez uma cara meio azeda e confessou:

— Infelizmente eu sei!

Foi a vez de Kelly parecer levemente constrangida com o comentário da outra, mas
então, Rachel procurou se retratar:

— Nada contra a sua mãe, Kelly… Não é isso! — Ela levantou as mãos, mostrando as
palmas em sinal de escusas — Ela é linda, parece que está fazendo meu maninho muito
feliz… Mas é que eu tenho um pouco de ciúmes dele. Só isso.

Kelly não tinha ficado chateada e então eu disse:

— A Kelly também está de birrinha com o seu irmão, Rachel. Ainda não aceitou que
tem alguém estacionando o carro na garagem da mamãezinha dela!

Desde que Kelly havia sido informada após a sua festa de aniversário em setembro que
Claudia estava namorando, a garota tinha tecido pouco da sua opinião sobre o assunto,
mas parecia bem óbvio que ela era contra o relacionamento da mãe com um cara quase
dez anos mais novo que ela.
— Não é isso — respondeu então Kelly —, eu aceito que a minha mãe precisa ser feliz
de novo. O meu pai já faleceu há quase oitos anos, ela não pode viver sozinha pra
sempre… mas é que eu acho o seu irmão um chato!

A maneira como Kelly disse aquilo toda cheia de marra me causou um ataque de riso.
Rachel abaixou os olhos por um instante e saiu em defesa do irmão para a minha amiga:

— Você não conheceu o Ralph tão bem. Deve ser isso. Ele tem aquele ar de menino
mimado, filhinho de papai, mas no fundo, meu irmão é um doce. Supersensível,
compreensivo, amigo, parceiro. Dá uma chance para ele! Você vai ver que a sua mãe
não se apaixonou por ele à toa.

Kelly fez que sim com a cabeça e nós três ainda ficamos um tempo nadando e se
divertindo dentro d’água.

Algum tempo depois do almoço que Ralph resolveu preparar com a ajuda de Claudia,
nós voltamos para a piscina a fim de aproveitar o restante de sol que ainda brilhava
sobre as nossas cabeças. Como naquela manhã, ficamos as três brincando juntas e até a
Kelly já tinha se rendido ao carisma hipnotizante da caçula dos Vecchio. Enquanto
nadávamos e competíamos de uma borda a outra, o Ralph resolveu se juntar a nós e foi
da sua irmã a ideia de subirmos em seus ombros para que fossemos jogadas para trás na
água.

— Tem certeza que me aguenta? — Perguntei minutos antes de ir até as suas costas e
me preparar para subir nos ombros do moço.

— Claro, Micaela. Pode confiar.

Estávamos há algum tempo em meio aquele jogo de empurra dentro d’água, mas era a
primeira vez que eu subia nele. Ralph era ainda mais rígido ao toque e tratei de
aproveitar bastante enquanto me apoiava em seu corpo para colocar as minhas pernas ao
redor de seu pescoço. Dava para sentir a sua nuca bem rente à minha xota por dentro do
biquíni que eu usava e aquela foi uma sensação muito boa. O futuro padrasto de Kelly
era realmente um gostoso sem camisa.

— Lá vai.

Eu era um pouco mais encorpada que Rachel e Kelly, mas ele me jogou para trás como
se eu não pesasse nada e eu afundei na água com o impacto. Assim que emergi, ele
ergueu a mão em minha direção e perguntou se eu estava bem.

— Não podia estar melhor. — Respondi cheia de malícia e o presenteando com um


sorriso largo na cara. Eu estava realmente empolgada com o seu corpo sarado.

A casa alugada para aquele fim de semana na praia era equipada com três quartos, sendo
dois dormitórios e um de hóspedes no final do corredor do segundo andar. O chão era
de madeira e fazia sons engraçados quando pisávamos nele. Haviam dois banheiros
funcionando perfeitamente nas dependências do lugar e um deles ficava localizado após
o último quarto.

Eu e as meninas tomamos banho juntas logo que começou a anoitecer, e diferente do


que imaginei de início, Rachel não ficou nem um pouco constrangida em ficar pelada
em nossa frente. Após a ducha e as tradicionais fofocas femininas de banheiro, nós três
fomos para o segundo dormitório onde íamos dormir, e lá dentro, ainda ficamos algum
tempo conversando sobre aleatoriedades da vida.

Claudia tinha se instalado com Ralph no único quarto da propriedade que possuía uma
cama de casal e o moço nos ajudou a organizar as camas e o colchão extra onde a sua
irmã iria se ajeitar comigo e Kelly por ali. Havia uma lâmpada com mau funcionamento
dentro do quarto e Rachel atormentou o irmão até que ele fosse consertar.

— Você sabe que não durmo no escuro. Trata de consertar!

Ralph também estava de banho tomado e entrou em nosso quarto vestindo apenas uma
bermuda. Eu estava deitada em uma das camas ao lado da Kelly e fiquei só admirando a
plástica perfeita daquele verdadeiro monumento com chassi italiano. Rascunhei cada
músculo daqueles braços definidos e cada gomo de seu abdômen riscado sem conseguir
disfarçar o quanto estava achando a vista interessante. Assim que entrou, ele puxou um
banco de quatro pernas de um canto para alcançar a lâmpada no teto, depois, ficou
resmungando alguma coisa para si mesmo enquanto se equilibrava a consertar a
luminária.

— Como ele é forte! — O meu elogio foi bastante espontâneo conforme eu encarava
aquele homem gostoso trepado naquele banquinho de madeira. Kelly ao meu lado
pareceu indignada comigo, mas foi de Rachel o comentário mais sensato:

— Meu irmão é um gato!

— Ele é! — Concordei.

— Calaboca, menina!

Um tapa direcionado por Kelly em meu braço esquerdo estalou dentro do quarto e até
Rachel achou graça. Massageei a região atingida, mas não consegui conter o meu riso.
Ralph terminou de consertar o defeito na lâmpada sem parecer afetado por nossos
comentários e em seguida, ele brincou com a irmã, fazendo voz infantil:

— Já tomou a mamadeira, neném? Quer que eu conte historinha pra mimir, quer?

Os dois pareciam ter intimidade e era bem claro que tinham liberdade para fazer certas
brincadeiras um com o outro. Rachel parecia mais excitada do que ofendida em ser
tratada como criança pelo irmão mais velho e logo em seguida, respondeu:

— Me bota pra mamar!


Eu e Kelly olhamos em direção à Rachel e percebemos a malícia em seu rosto. Aquela
não tinha sido uma brincadeira de irmãos comuns e sentimos no ar o clima lascivo de
cunho sexual daquela frase. Fiquei com aquilo na cabeça. Pouco depois, Ralph acenou
para nós três antes de sair do quarto.

— Boa noite, meninas. Juízo, hein!

“Me bota pra mamar”… Será que os dois se pegam? Pensei em seguida. Tinha certeza
que Kelly tinha ficado com a mesma impressão.
Capítulo 45 – No calor do momento

ESTAVA UM CALOR MUITO intenso naquela parte do estado aquela noite e


aproveitamos que não tínhamos qualquer previsão de sono, eu e Kelly, para conhecer
melhor a nossa nova colega catarinense. Nos juntamos as três sobre uma das duas camas
de solteiro dispostas no quarto e conversamos sobre vários assuntos, em especial, os
nossos hobbies.

Rachel tinha feito balé clássico dos seis aos dez anos de idade incentivada pela mãe
Rosália, mas agora tinha interesse no surfe. A garota nos contou que vinha insistindo em
casa que queria praticar surfe profissional, mas que o pai, um engenheiro civil, era
contra. Florianópolis tinha algumas das praias mais propícias para a prática do esporte e
até tinha sediado uma das mais importantes competições locais, a Floripa Surf Pro.

— O meu primo Jonathan participou do Circuito Profissional Catarinense de surfe em


março — Relembrei com as meninas, ajoelhada sobre a cama —, eu vi as fotos no
Instagram dele.

— Jonathan? — Perguntou Rachel próximo ao pé da cama, com os olhos arregalados de


frente para mim e Kelly — Você quer dizer o Jonathan Castilho?

Soltei um “aham” em resposta e vi o brilho nos olhos castanhos da catarinense se


intensificar.

— Oh, meu Deus! Você é prima do Jonathan Castilho?

— Sou sim! — Respondi, envaidecida — Prima de primeiro grau. Ele é o filho mais
velho do meu tio Renato. Frequento a sua casa desde bebê. O Johnny é o meu primo
favorito!

— Oh, meu Deus! — Rachel deu um gritinho e começou a se sacudir de joelhos sobre a
cama. — Eu sou muito fã! Tenho um pôster na parede do meu quarto dele encarando
aquele paredão de quase seis metros em Pipeline! Foi muito radical!

Eu não acompanhava muito a vida de esportista de meu primo mais velho, mas sabia
que ele havia ganhado um monte de títulos nos últimos anos e que despontava como um
dos melhores surfistas na sua categoria. Rachel estava mesmo entusiasmada em saber
que éramos primos.

— O meu pai quer que eu siga a carreira de engenheira como ele é. O pai dele foi e o
pai do pai dele também — Rachel parecia triste agora com aquela afirmação —, o surfe
não passa de um sonho pra mim. Algo que eu provavelmente nunca vou realizar.

Eu tinha sentido o clima pesar com aquele desabafo da garota que sonhava em ser
surfista profissional e por um instante, pensei que o meu pai jamais se oporia em apoiar
qualquer que fosse o meu sonho de carreira profissional como o pai de Rachel. Para
elevar um pouco a moral da garota, acabei contando a ela e à Kelly uma das minhas
intimidades com Jonathan e uma de minhas visitas a sua casa no Campo Belo, na época
que ele ainda morava com os pais. Percebi na hora que havia chamado a atenção da
catarinense com aquele assunto.

— Com o seu primo? Sério?

Contei detalhes da noite em que eu e Jonathan havíamos dividido a mesma cama numa
noite chuvosa e agucei a curiosidade de Rachel.

— Ele não aguentou me ver ali só de baby-doll e uma calcinha bem pequena por baixo.
Me agarrou com aquelas mãos firmes, levantou minha roupa e nós transamos de
maneira bem intensa naquele quarto.

Rachel pareceu excitada com o assunto e depois de me pedir detalhes do meu


envolvimento sexual com o meu primo, deu a deixa perfeita para que eu quisesse saber
mais sobre a relação especial que a menina morena parecia ter com o irmão.

— Mas, e você, Rachel? — Perguntei, como quem não queria nada — Não tem vontade
de fazer umas loucuras com seu irmão de vez em quando?

A morena abaixou os olhos brevemente e se sentou pensativa sobre os tornozelos na


cama. Ela estava vestindo uma regata fina e os mamilos apontavam rijos por baixo. Os
peitos de Rachel eram pequenos em formato cônico.

— Se eu contar uma coisa vocês prometem manter segredo?

O tom era de confissão. Eu e Kelly fizemos que sim com a cabeça. Logo depois, Rachel
se aproximou mais de nós duas na cama e abaixou o tom antes de confessar:

— Eu perdi a minha virgindade com um menino em Santa Catarina, mas queria que
fosse com o Ralph.

Eu conhecia muito pouco da história dos Vecchio e tudo que eu sabia era que Rachel era
a filha do segundo casamento de Júlio, o pai de Ralph. A garota tinha nascido de um
caso que o engenheiro tivera quando ainda estava casado com a mãe de Ralph e a
criança tinha sido a razão do divórcio do casal. Como sua meia-irmã, era agora óbvio o
desejo que ela parecia sentir pelo moço e eu não a podia julgar.

— Mas me conta, amiga… — Tentei instigar, insatisfeita com o que já tinha ouvido —
Você já o viu sem roupa nenhuma? Ele é gostoso?

Rachel ainda estava falando baixo e se aproximava de nós quando ia dizer algo mais
picante. Apenas uma parede nos separava do quarto onde a tia Claudia estava com o
namorado, era preciso discrição.

— Muito! — E ela suspirou — Tem um pauzão… Enorme, grosso e cheio de veias


saltando!
Nós duas começamos a rir sem qualquer controle de volume e apenas Kelly continuou
mantendo seu aparente mal humor com o nosso assunto.

— Mas vocês nunca quiseram avançar o sinal? — Eu estava curiosa. — Ele nunca
tentou nada com você?

Rachel claramente queria contar mais coisas, mas se limitou a responder o mais óbvio,
deixando uma nuvem ainda mais suspeita pairando sobre o assunto:

— Ele me respeita muito. Eu já tentei várias vezes, mas ele tem medo — Ela desviou o
olhar. — A gente é irmão! Ele deve pensar que é pecado ou algo assim!

A conversa continuou até de madrugada e em certo momento, ficamos prestando a


atenção nos sons do quarto ao lado. A casa de praia era rodeada por mata espessa e os
bichos locais emitiam seus cantos para que ouvíssemos. As ondas quebrando na praia
também podiam ser ouvidas dali, mas o som da cama batendo na parede e os gemidos
abafados chamaram mais a nossa atenção depois de um tempo. Estávamos deitadas.
Kelly ao meu lado, Rachel mais para baixo com o rosto apoiado numa das minhas
coxas. Foi dela a observação:

— Eles devem estar transando desde a hora em que o Ralph saiu aqui do quarto.

Novo silêncio em nosso quarto. Do outro lado da parede, mais gemidos contidos e sons
molhados de penetração.

— Estão ouvindo? Ele deve estar metendo bem forte na tia Cau!

Disse sem qualquer discrição, ao que Kelly me estapeou de novo o braço.

— Para de ser nojenta, garota!

Eu ri e Rachel me imitou.

— Dava um dente para ver os dois fodendo agora! Que posição será que estão fazendo?
Cachorrinho? Tesoura? Carrinho de Mão?

Rachel riu ainda mais das minhas questões e ficamos um bom tempo madrugada a
dentro prestando a atenção nos sons sexuais dos nossos vizinhos, as três morrendo de
vontade de fazer igual ao casal atlético ao nosso lado. Estava realmente uma noite muito
quente.
Capítulo 46 - Provocações

A PRAIA ESTAVA BASTANTE movimentada na manhã seguinte e fazia um calor


ainda mais intenso do que no dia anterior. Muita gente estava hospedada nas redondezas
naquela época do ano, além do que, várias excursões da cidade haviam trazido visitantes
para o litoral. Era dezembro, as famílias estavam de férias, queriam aproveitar um dia
de sol ao ar livre como nós. Saímos de casa bem cedo e fomos aproveitar.

Eu e Kelly nos divertimos muito juntas como nos nossos velhos tempos. Não era a
nossa primeira vez numa praia, mas era a nossa estreia fazendo aquilo num lugar menos
privativo como a ilha onde os Monterey possuíam uma casa de veraneio belíssima e
onde por conta da falta de vizinhança, a família e seus convidados podiam dar asas às
suas mais loucas fantasias.

Enquanto nadávamos a poucos metros de distância da areia, acompanhadas casualmente


de Rachel e da mãe de Kelly — que aliás, de biquíni, deixava pouquíssimo a dever a
qualquer garotinha de dezoito anos — nós esquecemos por algum tempo os problemas
que havíamos trazido com a gente da cidade, e pelo menos por um tempo, mesmo que
curto, tivemos a chance de brincar uma com a outra dentro d’água e de aproveitar a
nossa tão preciosa juventude.

Por volta das quatorze horas, após torrarmos no sol quase a manhã toda, nós voltamos
juntas para a casa e dava para ver o bronze em nossas peles mesmo com os litros de
protetor solar que havíamos passado. O Ralph chegou a fazer comentários de como a
irmã tinha ficado moreninha e percebi um clima de rivalidade ainda maior entre o cara e
a Kelly, que lhe caçoou algo relativo a um “jato de filtro solar na cara”.

Salgada feito um filé na brasa, tudo que eu queria era um banho morno de chuveiro e
enquanto Kelly e Rachel caíam na piscina àquela hora, eu decidi usar o banheiro do
andar de cima da casa para me refrescar.

Não tinha dado nem dez minutos de banho, eu já estava inteiramente nua e esfregava o
couro cabeludo com os dedos quando, de súbito, a porta se abriu.

— Opa, perdão!

O Ralph tinha entrado com tudo no banheiro achando que o lugar estava vago e me
surpreendeu ali pelada. Eu tinha espuma de sabonete líquido escorrendo pelo corpo todo
e ele nem conseguiu disfarçar a cara de espanto ao me ver ali de frente sem nada a me
cobrir.

— Quer dividir o chuveiro? A água tá morninha.

Eu tinha a intenção de que a frase soasse inocente, como se eu fosse apenas uma
convidada da casa chamando o anfitrião para dividir o espaço do banheiro, mas é claro
que tinha soado pervertida. Seus olhos gulosos percorreram cada milímetro do meu
corpo e ele deu uma bela conferida entre as minhas pernas.

— Me desculpa, Micaela… achei que você estava na piscina com as meninas…

Ele tinha ficado embaraçado, mas eu gostava de provocar:

— Vem cá! Não precisa ficar com vergonha. Eu não mordo não!

Ele resistiu e saiu do banheiro com uma tremenda cara de tonto, mas positivamente
impactado com tudo que tinha visto ali. Eu tinha marcado meu primeiro ponto com o
gato e nem me envergonhava de ter bancado a safada com ele.

Ao cair da noite, a tia Cau resolveu assistir a um filme com os Vecchio na sala da casa e
eu fiquei um pouco avulsa em meio à toda a animação do trio. Eu tinha pouca paciência
para sentar a bunda num sofá para assistir o que quer que fosse por muito tempo e
quando saí para a área externa a fim de tomar um ar, encontrei a Kelly sentada na
beirada da piscina a pensar na vida.

— Por que está isolada aqui em fora, Kel?

Ela estava segurando o seu smartphone tentando publicar algumas fotos que tínhamos
feito juntas na praia durante a tarde, mas o sinal ali era horrível. Me sentei a seu lado e
como ela, enfiei os dois pés descalços dentro da água.

— Fico meio enjoada vendo aqueles dois se beijando o tempo todo!

Eu tinha visto Ralph tentando uma aproximação de Kelly por várias vezes ao longo do
dia, mas ela tinha se mantido firme em seu personagem da enteada pentelha que não
gosta do padrasto. Eu o conhecia pouco, mas além do corpo lindo, conseguia enxergar
no moço vários adjetivos positivos que pareciam fazer dele uma boa pessoa como a sua
gentileza, a sua prestatividade e o carinho com que tratava Claudia. Kelly, no entanto,
nem sequer tentava reconhecer essas características.

Como não estava ali para convencê-la de nada, encaminhei a conversa para outro rumo.

— Você está melhor quanto aquele nosso assunto?

Alheia em seus pensamentos, Kelly fez menção de que não sabia do que eu estava
falando, então reformulei a pergunta:

— A gravidez falsa, amiga. Você está se sentindo mais aliviada?

Ela ainda não parecia à vontade para voltar àquele tema e tornou a encarar a tela do
celular antes de responder:

— Foi um susto bem grande! Acho que só vou dar uma relaxada quando descer pra
mim.
Ela tinha comentado por alto que a sua menstruação continuava atrasada mesmo após o
resultado negativo do teste de gravidez, mas eu não enxergava aquilo como algo
preocupante. Algumas mulheres tinham o ciclo menstrual desregulado mesmo.

— Você não está grávida, Kel, relaxa! — Disse com segurança enquanto começava a
mexer meus pés dentro d’água, causando pequenas ondulações. — O Roque também já
fez várias vezes dentro de mim e nunca aconteceu nada.

Quando parei para pensar um segundo naquela minha frase, imaginei que nem Freud, o
pai da psicanálise, conseguiria explicar algo daquele gênero partindo da boca de uma
filha com relação a seu próprio pai.

— Ele foi tão bruto comigo aquele dia…

Era a primeira vez que Kelly se abria de maneira mais íntima sobre a tarde em que eu,
ela e meu pai havíamos feito sexo sobre a minha cama. Eu imaginava que algo naquele
dia a havia traumatizado a ponto de ela nem querer mais pisar os pés na minha casa,
mas eu não tinha ideia de que podia ter sido a transa em si. Argumentei:

— Você não reclamou da outra vez, amiga. Pelo contrário, aliás!

Eu dei um risinho meio sádico, ela continuou séria.

— Eu não gosto que me batam — respondeu com tom zangado —, eu não gosto de
estupidez. Seu pai foi um grosso comigo!

Foi ali que eu percebi que as coisas que eu gostava na cama não necessariamente faziam
a cabeça da Kelly. Papai me tratava da maneira como eu tinha aprendido que era bom,
mas a Kelly vinha de um mundo onde o cara dos seus sonhos era um gentleman na
cama. Eu mesma já tinha sentido na pele como era fazer amor sem brutalidade na cama
com Rodrigo Monterey e realmente era diferente. Eu tinha experiência nos dois
sentidos, tanto na pegada mais bruta quanto na base do carinho, mas ela só conhecia um
dos mundos.

— Eu percebi que você não tinha curtido muito — disse, com um tom um pouco mais
sério que o meu usual —, na verdade, eu meio que sabia que você não ia mais querer
voltar lá em casa depois daquilo. Eu gosto de sexo mais pesado, eu sempre peço umas
palmadas pra ele. Acho que meu pai achou que com você ia ser igual.

Ficamos as duas em silêncio depois disso. Passou um minuto. Dois. Cinco. Então eu
reforcei o que tinha dito antes:

— Você não está grávida, Kel. Você não vai me dar um irmãozinho.

Eu tinha decidido que Kelly precisava sair daquele poço de tristeza e preocupação sem
fim imediatamente a fim de que aproveitasse melhor o fim de semana na praia. Assim
que a deixei menos trombuda com as minhas piadas idiotas, decidi testar a sua
resistência e comecei a investir com meus carinhos como sempre fazia quando
estávamos juntas.

— Você ainda pensa em nós duas, Kel?

Seus olhos verdes estavam brilhando quase azuis àquele horário incidindo a iluminação
do luar na piscina e eles me fitaram enquanto seus lábios se curvavam num breve
sorriso.

— Nós tivemos bons momentos, não dá pra negar.

Deslizei o meu quadril alguns centímetros mais para perto dela e então senti o cheiro da
sua pele aproximando o nariz de seu ombro. A roupa que usava não conseguia esconder
a rigidez dos bicos dos seus peitos por baixo dela.

— E de quais momentos você lembra com mais saudade?

Deslizei a mão esquerda por trás das suas costas e a senti arrepiar com o meu toque. Os
pelinhos das coxas eriçaram e ela mexeu os pés com intensidade dentro d’água.

— Do carinho, dos olhares, da cumplicidade… — Ela me respondeu.

— Ah, é? Só isso?

Percorri a língua de maneira ousada em seu ombro. Ela se mexeu um tanto quanto
arredia, mas eu alcancei o seu pescoço assim mesmo. Os cabelos alourados estavam
jogados para trás e eu ganhei espaço até a sua orelha, onde sussurrei depois que chupei
o seu lóbulo:

— E das nossas transas?

Kelly fez um som chiado com a boca, em seguida, virou o rosto em direção ao meu.
Estávamos agora a poucos centímetros uma da outra. Nos encaramos por alguns
segundos, percebi seu lábio inferior se torcer, então, decidi arriscar.

— Mica… o que você…?

Toquei os meus lábios nos seus, movi a ponta da língua na intenção de penetrar a sua
boca, mas ela resistiu.

— Para, Mica…

Outra tentativa e essa foi bem-sucedida. Kelly cedeu por um instante, mexeu a língua de
maneira delicada em contato com a minha, virou o rosto para se encaixar melhor e
correspondeu. Se afastou alguns centímetros, me encarou dentro dos olhos e sorriu de
maneira tímida. Obviamente queria mais, mas não queria dar o braço a torcer.

— Já chega por hoje.


Depois do beijo, eu e Kelly ainda ficamos um bom tempo do lado de fora da casa
conversando sobre aleatoriedades sem mais rompantes maliciosos de nenhuma das
partes. Enquanto isso, a sua mãe, o novo namorado e a irmã dele assistiam filme na TV
da sala. Quando decidimos entrar, a sessão pipoca já tinha se encerrado e
aparentemente, todos já tinham se recolhido no andar superior.

Kelly comentou que queria tomar um banho antes de dormir e assim que ela se dirigiu
até o banheiro que ficava no térreo, eu subi as escadas e me encaminhei até o quarto
onde eu e ela estávamos instaladas desde o primeiro dia. Os lençóis das duas camas
estavam inalterados como se ninguém tivesse passado ali o dia todo e estranhei a
ausência de Rachel àquele horário.

— Achei que ela tivesse subido pra dormir…

O meu iPhone estava totalmente carregado numa tomada lateral à porta e eu o saquei do
carregador no momento em que ouvi sussurros abafados ecoando do final do corredor.
O quarto de Claudia e Ralph ficava no início do corredor e até onde eu sabia, o último
cômodo, o de hóspedes, não estava sendo utilizado por ninguém uma vez que a irmã
caçula do cara tinha preferido ficar comigo e Kelly.

A curiosidade agora estava me matando sobre o que podia estar acontecendo ali e decidi
averiguar. Caminhei descalça até a porta tomando o cuidado necessário para que a
madeira do chão não rangesse com o meu peso sobre ela e vi que o trinco nem tinha
sido passado no ferrolho. Forcei a vista para enxergar o que estava havendo e foi aí que
eu os vi com bastante nitidez.

— Não, para, maninho! Por favor não para! Tá muito bom!

Por puro reflexo e sem saber ao certo o que faria com aquele material, eu apontei a
câmera do iPhone para o espaço dentro do quarto e comecei a filmar Ralph e Rachel
juntos em cima da cama.

— Ai, Deus! Que grosso! Vai meter ele todo em mim?

Eu tinha ficado muito intrigada sobre aquela história de que a menina sentia tesão pelo
meio-irmão e duvidava veementemente de que nada havia acontecido entre os dois
desde que a menina tinha passado a visitar a casa onde ele morava com a mãe e a outra
irmã, Rarissa, no bairro de Perdizes, em São Paulo.

Olha só que safados! Estão trepando com gosto! Pensei, enquanto a câmera em minha
mão continuava gravando a cena de sexo explícito sendo protagonizada entre os dois
irmãos.

— Ai, maninho… será que cabe? Será que não vai doer?

Enquanto eu me perguntava onde estaria Claudia enquanto o seu namorado macetava a


irmã caçula no quarto de hóspedes, eu só pensei no tamanho do estrago que a revelação
daquela minha gravação poderia causar no relacionamento dos dois e a tremenda arma
de barganha que eu tinha em mãos a partir de agora.
Capítulo 47 – Ideias diabólicas

KELLY E EU TÍNHAMOS DORMIDO juntas na mesma cama durante a noite, mas


embora eu quisesse transar com ela como antigamente, a garota estava insensível a
qualquer tentativa minha de avançar o sinal, preservando a sua nova política de não-
envolvimento amoroso.

Pouco antes de nos deitarmos, Rachel tinha chegado esbaforida no quarto com a
desculpa esfarrapada de que havia ido correr na praia à noite e que por isso tinha ficado
ausente por bem mais do que uma hora após a sessão de cinema na sala da casa.

— Tá um calor, né? A praia tava uma delícia!

Eu tinha em meu celular a prova cabal de que a menina estava mentindo


descaradamente para mim e para Kelly, e passei aquela noite quase insone matutando o
que poderia fazer com o vídeo de sacanagem entre os irmãos Vecchio em mãos.

Se eu usasse esse vídeo para acabar com o namoro da tia Cau com o empresário
adúltero, pensei eu, a Kelly pode retomar a confiança que tinha em mim, já que ela
odeia o cara. De repente, a garota até topa voltar a me namorar. Eu sinto a sua falta.

Eu tentei me enganar por algum tempo pensando que o meu objetivo com a exposição
do momento íntimo entre irmãos era pura e simplesmente no intuito de me acertar com
a Kelly, mas a verdade estava bem longe de ser aquela.

Eu tinha sentido inveja da maneira carinhosa como o cara tratava Claudia e como ele se
esforçava para se aproximar de Kelly na esperança de selar a paz entre as duas famílias.
Eu sabia o quanto a menina Ferraz podia ser geniosa e teimosa, mas tinha certeza que
Ralph, um dia, ia acabar a conquistando, o que me afastaria de vez de qualquer convívio
com ela.

Eu quero ter para mim um pouco daquilo que ele dá para a Claudia, pensei, com a
inveja me corroendo cada vez mais por dentro, eu preciso conseguir isso antes que ele
acabe conquistando tanto a mãe quanto a filha. Eu preciso agir depressa.

Quando amanheceu, eu tinha a ideia perfeita do que iria fazer com o filminho erótico
guardado em minha galeria.

Na mesa do café da manhã seguinte, era nítido o bom-humor que tanto Rachel quanto
Claudia exalavam e não precisei ser nenhuma detetive para sacar logo que depois da
irmã no quarto de hóspedes, o Ralph também tinha dado um trato na senhora Ferraz. O
gato devia ter uma resistência invejável na cama!

— Acordou bem-humorada hoje, tia Claudia. A noite foi boa?


Todos os olhos se voltaram em minha direção enquanto Claudia quase se engasgou
assim que abocanhou o pedaço de uma torrada. Eu não estava sendo nada discreta e
corri meus olhos dos verdes da moça para os castanhos do seu namorado.

— Que pergunta, Micaela! Não seja indiscreta, menina! — Disse Claudia.

— Ué, a gente não pode falar abertamente de sexo à mesa do café?

Kelly estava visivelmente incomodada com o assunto e me deu um tapa no braço.


Rachel fechou o cenho e ficou apenas observando a cena da cabeceira contrária a que
Claudia estava sentada.

— A gente pode falar sobre qualquer assunto à mesa, mas eu fico um pouco sem jeito
em abrir minhas intimidades assim em público.

Claudia limpou a boca com um guardanapo e eu continuei:

— Achei que a gente tinha ficado mais íntima depois daquele dia na casa de praia do
Rodrigo, tia Claudia. Aquele dia foi massa demais!

Eu estava me referindo à viagem que eu, Kelly e Claudia havíamos feito juntas para a
casa de praia da família Monterey, há alguns meses, e sobre todas as coisas pervertidas
que tínhamos feito por lá praticamente uma na frente da outra. A mãe de Kelly não era
nenhuma santa e eu sabia disso. Quem não parecia saber era o seu namorado, que
perguntou, confuso:

— O que aconteceu na casa de praia do Rodrigo?

Kelly tentou cobrir a minha boca na intenção clara de me impedir de continuar e foi ela
mesma quem respondeu ao candidato a padrasto:

— Nada! Não aconteceu nada! A Micaela que fala demais, só isso.

Kelly e Claudia trataram de mudar rapidamente o rumo da prosa depois do meu


rompante de sinceridade, mas deu para ver na ruga em sua testa que Ralph tinha ficado
cabreiro com a citação ao outro passeio à praia que ele parecia desconhecer. Meu
objetivo estava completado.

Algum tempo depois, ainda à mesa do café, surgiu um papo de que a comida que tinham
trazido para os três dias de folga havia acabado antes do previsto e eles começaram a
discutir o que iriam fazer a partir de então. Kelly queria mostrar os seus dotes culinários
para as visitas e mencionou que precisaria de ingredientes especiais que não haviam
disponíveis na despensa da casa.

— Tudo bem — se prontificou então Ralph —, eu vou até o mercado da cidade comprar
alguma coisa.

— Leva a Kelly — recomendou Claudia de imediato —, é ela quem quer preparar o


almoço hoje. Vai saber bem o que comprar.
A menina fez uma careta ao meu lado, depois revirou os olhos, birrenta:

— Ah, mãe! Não quero ir não!

Vi a oportunidade de ouro surgir diante dos meus olhos.

— Deixa eu ir, tia! Eu sei o que a Kelly quer comprar. Eu posso ir com o tio Ralph.

Eu tinha forçado ao chamá-lo de “tio Ralph” e sabia que aquilo iria provocar tanto a
Kelly quanto a própria Claudia.

— Tem certeza, Mica? — Perguntou Claudia — Devem ser uns trinta minutos de carro
até a cidade. Você detesta ficar parada muito tempo num lugar só.

— Mas é de carro! — Respondi — A gente vai pegando um ventinho, ouvindo música.


Vai ser legal!

A própria Kelly fez uma lista dos ingredientes que precisava para preparar o almoço
daquele dia e me entregou o papel anotado em mãos pouco antes de eu embarcar com
Ralph em seu Peugeot. Nem ela e nem Rachel sequer desconfiavam das minhas más
intenções ao ficar a sós pela primeira vez com o jovem empresário, mas o veneno
chegava a escorrer pelo canto da minha boca.

Eu tinha ficado muito atraída pelo herdeiro dos Vecchio assim que o vi a primeira vez e
depois da maneira como ele tinha olhado para o meu corpo quando me flagrou nua no
banho, eu tinha 75% de certeza que ele tinha ficado louco para me comer. Aquele
passeio até a cidade vizinha serviria para me dar respostas sobre os outros 25%.
Capítulo 48 – A chantagem

A CIDADEZINHA DE São João do Amparo ficava a trinta quilômetros de distância da


casa alugada por Ralph, e uns cinco minutos depois de sairmos pela garagem, eu quis
assumir o controle do rádio. A playlist que ele ouvia do seu celular tinha uma variedade
de músicas chatas de MPB, Rock e Hip Hop, mas eu queria algo mais dançante.

— Você só tem essas músicas de velho pra tocar? Me deixa procurar algo mais
animado?

Eu conectei o meu iPhone via bluetooth ao rádio e logo em seguida, começou a tocar a
batida latina de um reggaeton nas caixas de som do carro. Eu comecei a sacudir o meu
corpo embalada pela batida envolvente da música e comecei a me exibir para Ralph.
Tinha colocado um short jeans curto embaixo e um top que evidenciava os meus peitos
pelo decote. Mesmo presa ao cinto, consegui fazer movimentos com os ombros que
chamassem a sua atenção para os dois e ele não resistiu em me dar algumas secadas.

Apesar da minha tentativa de animar um pouco mais a nossa viagem até São João do
Amparo soltando comentários mais engraçados ou cantando num espanhol errático
algumas das letras das minhas canções preferidas que ribombavam nas caixas acústicas
do Peugeot, Ralph permaneceu atrás do volante sério e compenetrado com o trânsito. Eu
odiava ser ignorada, mas pelo menos sabia que tinha despertado algum interesse no
cara, já que volta e meia ele ficava olhando para as minhas coxas

Disposta a riscar logo cada um dos itens da lista que Kelly havia feito, eu ajudei Ralph a
encontrar todos os produtos sugeridos no mercado de vila e como estávamos em
público, me comportei muito bem ao lado do moço.

O meu visual ruivo com sardas na pele e olhos verde-jade chamou a atenção dos locais
que perambulavam pelos corredores do mercadinho àquela hora e aquilo só serviu para
aguçar ainda mais a minha já inflada vaidade.

— Não esquece o leite de coco, tio Ralph. Acho que tem ali naquela gôndola!

Eu tinha gostado de tratá-lo daquela maneira e tentando causar mais intimidade, eu o


tocava no braço cada vez que falava com ele. Me fingindo de distraída, eu conseguia ver
todos os momentos que seus olhos percorriam o meu corpo, parando estrategicamente
em meus peitos ou em minhas coxas. Ele parecia mesmo vidrado no meu shape mais
curvilíneo e aquilo me animou.

— Acho que pegamos tudo — disse a ele com um sorriso no rosto e vendo o cesto que
ele segurava quase cheio —, riscamos todos os itens da lista da Kel.

Enquanto colocávamos os produtos do cesto sobre o balcão junto ao caixa, a moça atrás
da máquina registradora perguntou com um sorriso no rosto se eu era a filha de Ralph
depois de elogiar a cor dos meus olhos. O agarrei pelo braço na mesma hora e respondi,
sorridente:

— Não, imagina! Eu tenho idade para ser a irmã dele!

A atendente devolveu o sorriso, vi Ralph se mexer meio incomodado ao meu lado e em


seguida, ele pagou tudo com cartão de crédito. Eu tinha usado o termo “irmã” de
propósito e acho que ele percebeu.

Depois que saímos do mercado e alcançamos o seu carro, já sentados em seu interior, eu
decidi ser mais direta e entrei logo no assunto:

— Você e a Rachel sempre fazem aquelas coisas?

Ele já havia guardado as sacolas no porta-malas e tinha botado o par de óculos escuros
sobre o rosto. Ligou o motor, saiu com cautela do estacionamento do mercado, ganhou a
pista contrária de volta para casa e só então indagou, se fazendo de besta:

— Coisas? Que coisas?

— As coisas que eu vi os dois fazendo no quarto de hóspedes ontem.

O seu rosto se empalideceu ao meu lado e ele voltou a ajeitar os óculos acima do nariz.
Continuei apertando:

— Pareciam bem treinados, como se já fizessem faz tempo!

Eu não queria lhe dar tempo de inventar desculpas esfarrapadas, então, saquei meu
iPhone, o conectei no rádio do carro e comecei a usar as caixas de som para reproduzir
só o áudio do vídeo que eu havia capturado na noite anterior. A voz de Rachel
intercalada por sussurros e gemidos dos dois ecoaram dentro do carro. “Não, para,
maninho! Por favor não para! Tá muito bom! Ai, Deus! Que grosso! Vai meter ele todo
em mim? ”.

Ele ficou em choque e tentou me tomar o smartphone das mãos. Eu me desviei.

— O que é isso, menina? Como você gravou isso? Desliga agora!

Dei um riso malicioso e continuei executando o vídeo mais um tempo. “Ai, maninho…
será que cabe? Será que não vai doer? Ai, Deus! Que grosso! ”.

— Uau! Eu achei uma performance muito interessante! — Comentei, desviando os


olhos da tela do iPhone para a expressão zangada no rosto dele — Fiquei até com calor,
confesso! A tia Cau sabe que você fode a sua irmãzinha desse jeito?

— P-Pra que você gravou isso? O que você quer?

Pausei o vídeo tornando a encarar Ralph.


— É muito simples. Eu fiquei assistindo esse videozinho pornô caseiro depois que saí
de frente da porta do quarto e tenho que admitir… que delícia, tio Ralph!

Ele exalava tensão por cada um dos poros. Tinha ficado puto comigo.

— Eu também quero experimentar tudo isso que vi no vídeo — falei com toda a
sinceridade possível —, quero que você me pegue igual pegou a sua irmã… me coma
bem gostoso… ou eu deixo o vídeo vazar pra tia Cau e pra Kelly. Imagina a cara da
minha amiga quando descobrir o padrasto tarado que a mãe dela arranjou!

Ele sabia que estava encurralado e pelo que eu tinha demonstrado mais cedo durante o
café, ele também sabia que eu não tinha medo de contar detalhes mais sórdidos das
pessoas na cara delas.

— Então é isso? Você fez tudo isso pra transar comigo? Pra ir pra cama comigo?

— Você não precisa encarar dessa forma — respondi, sem conseguir conter um sorriso
sádico —, eu gosto de joguinhos. Tenta ver como se fosse um jogo. Tipo o “mestre
mandou”, sabe? Eu mando, você obedece!

— E como vou ter certeza que você não vai mostrar o vídeo para as duas mesmo depois
de transar comigo? — Perguntou ele com uma mão no volante e a outra sobre a coxa
direita.

— Meu Deus! Que pervertido! Você tá mesmo considerando a possibilidade de me


comer? Como você é tarado!

E eu gargalhei, o deixando ainda mais bravo.

— Eu adorei isso! Eu sei que eu não precisava te chantagear para você querer me
comer, mas eu não quis arriscar. De repente, sua tara é só em irmãs novinhas, sei lá!
Preferi assegurar minhas chances com um vídeo incriminatório.

— Eu quero muito te dar um tapa, garota! Você não sabe o quanto!

Aumentei o volume da voz e admiti:

— Aiiii, adoro um tapa na bunda! Você dá? Promete?

— Me diz logo o que você quer. Minha paciência está acabando!

— Ei, calma! Não precisa ficar assim tão bravinho! O que eu quero é bem simples. Eu
quero transar contigo. Bem gostoso. Eu vi você de sunga, te vi sem nada pelo vídeo.
Fiquei até com inveja da tia Cau. Delícia total!

Dava para ver a sua pele suando ao meu lado. Ele estava a ponto de explodir.

— A tia Cau e a Kelly querem ir pra praia hoje à tarde de novo, depois do almoço. Eu
vou fingir que fiquei menstruada, que fiquei com dor de barriga, alguma coisa assim.
Você dá um jeito de voltar pra casa também e a gente se pega. Eu já bolei tudo aqui — e
toquei a têmpora esquerda com o indicador —, você me come, me faz gozar bem
gostosinho e eu até apago o vídeo na sua frente. Ninguém precisa saber de nada.

— E como vou saber que você já não mandou o vídeo pra nuvem ou publicou em algum
lugar?

— Bom, aí você vai ter que confiar em mim um pouquinho. Se você caprichar, eu até te
dou meu celular pra você checar. Quem sabe?

Um reggaeton da minha playlist pessoal voltou a soar nos autofalantes do Peugeot no


momento em que ele acelerou para chegar mais rápido em casa. Sabendo que o tinha em
minhas mãos, continuei sacudindo os quadris sensualmente ao som da música e o
provoquei:

— Eu vi como você ficou me olhando depois de me flagrar pelada no banho. Gostou do


que viu?

Eu afastei levemente as pernas para que ele me olhasse mais e chamei a sua atenção.

— Nem precisa dizer, tá na sua cara! Você curtiu meu salmãozinho rosado. Ficou
babando pra provar. Pode dizer. Eu não conto pra ninguém.

Ele não respondeu nada. Ainda estava tenso.

— E o salmãozinho da Kelly? Você já viu? — Instiguei novas revelações. — Ele é


rosadinho igual o meu! Você também tem vontade de comer?

Ralph parecia uma bomba prestes a explodir, mas até o final da viagem de retorno, não
disse mais nada que o incriminasse ainda mais. Eu tinha descoberto um lado meu que
era bastante maquiavélico, mas tinha adorado experimentar aquela sensação de poder
que comecei a ter sobre ele. Assim que estacionou o carro de volta na garagem da casa
de férias, ele foi enfático em me pedir:

— Nada de insinuações até o horário da praia. Fica quietinha que eu faço o que você
quer, ouviu?

Eu simulei um zíper correndo a mão de um canto a outro da boca e depois, ainda o


ajudei a levar as sacolas para dentro. Kelly, Claudia e Rachel jogavam cartas na sala e
de repente, eu estava me sentindo mais eufórica do que esperava pela tarde que viria.
Capítulo 49 – Assim como nós caímos em tentação

DEPOIS DE TODA A PROPAGANDA que tinha feito sobre os seus talentos


gastronômicos, Kelly preparou praticamente sozinha a receita de Moqueca de Cação
que havia aprendido certa vez para um almoço em família. Eu nunca tinha
experimentado o tal prato, mas tinha que admitir que a menina levava jeito para a
cozinha.

— E então? — Perguntou ela ansiosa enquanto experimentávamos a sua comida pela


primeira vez em torno da mesa.

— Nossa, filhota! Ficou ainda melhor de quando você fez na casa do seu tio Augusto! O
pimentão deu um gostinho mais amarguinho, mais saboroso!

— Opinião de mãe não conta! — Ela brincou, fazendo Claudia chiar. — E vocês? Mica,
Rachel, Ralph? O que acharam?

— Amiga… ficou bom pra cacete! — Respondi com toda sinceridade — E olha que eu
nem gosto muito dessas comidas muito apimentadas!

— Que pimenta, maluca! — Riu Kelly. — Não tem pimenta aí!

Uma risada coletiva explodiu em torno da mesa.

— Está muito bom, Kelly! — Disse Rachel — Sem defeitos. Já pode participar do
Master Chef!

Kelly abriu um sorriso largo lisonjeada e ficou olhando para Ralph, aguardando a sua
opinião.

— Muito gostoso, parabéns!

Kelly tinha mesmo acertado no ponto do prato e enquanto Ralph saboreava mais uma
porção da moqueca e se lambuzava, decidi provocar:

— Espere até comer o salmão dela. Você vai adorar!

Eu dei uma risada histriônica à mesa e ninguém mais entendeu exatamente qual tinha
sido a graça. Ralph era o único ali que tinha captado a mensagem muito bem e em
seguida, o seu rosto endureceu. Eu tinha prometido parar com as insinuações, mas não
consegui resistir.

Depois do almoço caprichado e de uma descansada de pouco tempo no sofá da sala,


Kelly e os outros começaram a se preparar para voltar à praia a fim de curtir o último
dia no litoral. Eu já tinha todo o ardil planejado em minha mente e comecei a atuar logo
que a minha amiga se aproximou perguntando porque eu ainda não tinha vestido o
biquíni.
— Desceu pra mim, Kel. Eu não estava esperando que chegasse hoje, mas não vou
poder usar biquíni pra acompanhar vocês à praia.

Ela torceu o lábio já se compadecendo do meu suposto estado, mas em seguida, sugeriu:

— Bota um shortinho então. Ninguém vai reparar em nada…

— Bem que eu queria — e fiz uma careta levando uma das mãos sobre o ventre —, mas
é que eu estou com uma cólica dos diabos me atentando desde cedo. Acho melhor eu
ficar aqui em casa descansando um pouco.

— Não vou te deixar sozinha aqui. Fico com você então.

Kelly já estava retornando para a sala onde pretendia anunciar que ficaria em casa
comigo enquanto os outros se divertissem na praia.

— Não, Kel! Nem pensar! Não vou estragar o seu último dia no litoral. Você tá
precisando se animar um pouco para esquecer os problemas. Pode ir com a sua mãe. Eu
fico aqui de boas assistindo alguma coisa na TV. Está tudo bem.

Ela franziu o cenho.

— Tem certeza, Mica?

Fiz que sim e logo em seguida, a discussão deu-se por encerrada.

A mentira sobre a menstruação tinha servido perfeitamente para que eu conseguisse


ficar sozinha dentro da casa aquela tarde enquanto os demais iam se juntar à vizinhança
na areia da praia. Eu não fazia ideia como o Ralph faria para se afastar da namorada e
da enteada para que retornasse o tempo suficiente para que nós dois transássemos, mas
eu tinha certeza que tinha mexido o bastante com a sua cabeça para que ele arranjasse
um jeito, nem que precisasse mentir descaradamente para Claudia.

Nós não tínhamos combinado nenhum lugar específico dentro da casa para que nos
encontrássemos, mas como eu queria algo mais ousado, decidi esperá-lo completamente
nua em cima da cama de casal que o cara estava dividindo com a namorada aqueles
dias. Joguei minhas roupas num canto, me deitei de bruços e enquanto o esperava,
fiquei revendo a sua performance sexual no vídeo que eu tinha gravado em meu celular.

Fiquei ansiosa quando se passou mais quarenta minutos sem nem sinal do sujeito, mas
quando ouvi passos apressados ecoando da parte térrea da casa e o escutei me chamar,
minha xota chegou a se acender com o calor.

— Mica?

Eu tinha deixado a porta escancarada.

— Oi, tio Ralph. Tinha certeza que você ia vir!


A luz estava acesa, a persiana da janela estava encostada e eu mantive as pernas
suficientemente afastadas para que ele pudesse dar uma checada em meu material.
Mordi o lábio inferior e dei uma palmada em minha própria bunda.

— Tá a fim de comer um salmãozinho agora?

Eu tinha cedido completamente ao meu papel de femme fatale e não quis perder tempo.
Assim que ele se aproximou da cama, eu engatinhei até ele e disse:

— Vai funcionar assim, gato: Eu mando e você obedece, tá bom? Só vai valer se você
fizer tudinho que a sua ruiva pedir.

Ele fez que sim quase não resistindo em descer os olhos para os meus peitos.

— Agora anda! Tira essa bermuda. Mostra ele pra mim, mostra!

Ralph estava agora só de sunga na minha frente a menos de um metro da cama. Levei
minhas mãos em direção ao cós da roupa e puxei para baixo com tudo. Mesmo meia-
bomba, a visão daquele pau ficando duro era impressionante.

— My God! A tia Cau passa muito bem à noite! Por isso acorda tão feliz todo dia!

Eu desci da cama já afoita para agarrar aquela gostosura roliça. Eu só tinha visto uma
prévia dele pelo vídeo, mas ao vivo era infinitamente melhor. Quando me ajoelhei à sua
frente e experimentei com a boca, senti todos os meus pelos se arrepiarem.

— Nossa! Que pau gostoso! Olha que duro! Humm!

Eu estava realmente impressionada levando em conta que já fazia algum tempo que eu
não apreciava um daquele tamanho tão de perto e tratei de fazer do jeito que os homens
costumavam gostar mais. Masturbei, dei abocanhadas famintas na glande, chupei e lhe
arranquei suspiros excitados.

— Oh, Senhor! Que egoísmo da tia Cau não querer compartilhar essa delícia!

Eu tinha os meus pontos fortes na hora de enlouquecer um homem e não me poupei de


usar nenhum deles enquanto fazia sexo oral em Ralph. Ele era com segurança um dos
caras mais bem-dotados que eu já havia visto e não o queria decepcionar. Sempre que
podia, o encarava lá de baixo saboreando cada instante das suas expressões de prazer
desesperado e tentei engolir o máximo que podia, engasgando a maioria das vezes. Ele
também estava curtindo e então lhe pedi, ainda de joelhos aos seus pés:

— Agarra meus cabelos, tio Ralph. Agarra pra eu mamar, agarra!

Feito um fantoche, ele me obedeceu direitinho e fiquei ainda um tempo chupando o seu
pau, repetindo cada um dos movimentos que eu havia notado que ele mais curtia.
Quando eu terminei aquele boquete, o safado estava totalmente entregue a mim.

— Tô com muita inveja da tia Claudia. Vadia sortuda!


A brincadeira de ele fazer só o que eu mandasse foi bastante excitante no começo e me
peguei lhe dando palmadas nas mãos várias vezes enquanto o coitado tentava avançar
seus dedos afoitos nas minhas saliências. Após o boquete, eu quis experimentar o seu
beijo e era tão quente que eu quase me derreti toda com os braços em torno do seu
pescoço.

Algum tempo depois, eu quis parar de torturar e engatinhei de volta para a cama. Me
deitei de frente, abri as minhas pernas, apoiei a cabeça num travesseiro e passei um
dedo entre os meus pelinhos ruivos. Olhando em seus olhos, perguntei:

— Quer olhar meu salmãozinho mais de perto? Quer sentir o gosto dele?

Ele parecia mesmo um boneco agindo sob os meus comandos. Se aproximou rápido da
cama, se debruçou entre as minhas pernas e ficou encarando a minha vagina antes de
tomar qualquer atitude.

— Nossa! Que cara de tarado! — Levei o dedo indicador à boca depois de brincar em
minha própria xota — Anda! Cai de boca! Prova meu salmãozinho antes que morra de
vontade!

Ralph era extremamente talentoso no estímulo oral e não demorou nada para que fosse a
minha vez de me ver totalmente entregue à sua manipulação. Ele me alisava a parte
interna das coxas enquanto percorria a língua de norte a sul do meu sexo e passou bons
minutos apenas sugando o meu sininho e me arrancando gemidos altos dentro daquele
quarto.

Vendo que tinha me dominado, ele exagerou nos carinhos e eu comecei a espasmar
sobre a cama, incapaz de controlar o meu próprio tesão.

— Oh, Deus! Que delícia… eu quero gozar…

Ele insistiu em esfregar meu grelo e enquanto passava a sua língua nos meus lábios
internos, eu gozei a primeira vez.

— Faz de novo, tio Ralph. Faz eu gozar de novo, faz! Me deixa toda babada, vai!

Ele obedeceu feito um cãozinho amestrado e repetiu a dose. Gozei feito uma louca em
cima daqueles lençóis.

Eu já não estava mais aguentando de vontade quando dei o sinal que ele tanto queria.
Afastei as minhas pernas à sua frente e pedi, devassa:

— Quero que me coma igual comeu sua irmã aquela noite.

Eu queria na mesma posição em que tinha visto os dois fazendo, então, deslizei meus
pés em seu peito até que minhas pernas estivessem em seus ombros e ele chegou a
percorrer a língua nos beiços, dando uma conferida no meu salmão.
Na primeira pincelada, senti como eu estivesse sendo arreganhada e percebi na mesma
hora que eu teria trabalho para engolir aquela rola. Ele acariciou as minhas pernas,
depositou um beijo na esquerda e se posicionou melhor para empurrar para dentro.

— Eu quero que você me coma igual a Rachel. Quero igualzinho! Se quiser, você pode
até me chamar de maninha. Eu deixo! Agora anda! Enfia dentro de mim, anda! ENFIA
TUDO!

Estava sendo ainda melhor do que eu tinha imaginado. Ralph tinha uma pegada incrível
e assim que a minha xota se acostumou com a sua espessura, o filho da mãe começou a
me macetar com vontade, no pelo, na pele, sem qualquer obstáculo entre nós dois.
Segurava as minhas pernas com força e me encarava feito um pervertido enquanto meus
peitos sacudiam em meu torso, comigo maluca de desejo por ele.

Certa de que não havia ninguém em torno da casa que nos pudesse ouvir em nosso cio,
eu não me poupei dos gemidos mais altos e até os meus gritos ecoaram pela propriedade
vazia.

— Não para, por favor! Mete em mim, mete em mim! Por favor! Não para!

Uma lágrima escorria em meus olhos no momento em que eu decidi mudar de posição e
lhe servir a minha buceta comigo de quatro na cama. Ele soltou um gemido ao olhar a
bunda que ele tanto queria pegar desde que tinha chegado ao quarto e eu o instiguei:

— Vem, seu gostoso! Vem! Mete em mim por trás! Pega na minha bunda agora, pega!
Eu sei que tá doido pra agarrar a minha bunda. Vem, seu safado!

O olhei por sobre o ombro e ele estava vidrado encarando o meu rabo.

— Olha que tarado! Olha que cara de pervertido! Gosta do meu rabo, gosta?

Ele começou a me apertar as nádegas fazendo que sim com a cabeça, no momento
seguinte, estava me macetando de novo e dessa vez com ainda mais vontade, sem parar
de me pegar toda.

Como tínhamos insinuado no carro mais cedo, eu o deixei me dar palmadas na bunda e
ele caprichou, sem nunca parar de meter. Assim como os meus gemidos e os ofegos
dele atrás de mim, os tabefes ecoavam dentro do quarto e seria impossível esconder o
que estávamos fazendo juntos ali se alguém chegasse de surpresa e subisse até o andar
superior.

Eu não sabia o que ele havia dito para Claudia a fim de que pudesse se ausentar da praia
para me encontrar, mas sem que notássemos, ficamos mais de uma hora trepando em
cima daquela cama. Eu sentia cada um dos meus músculos doloridos, a minha bunda
ardia de tantos tapas que havia levado, mas ainda não estava completamente satisfeita.

Me sentei de frente para ele em seu colo, circundei meus braços em torno do seu
pescoço, e suada, gotejando, o desafiei:
— Eu quero que goze lá dentro. Tem coragem?

Ele massageava a minha bunda por baixo. Me olhou dentro dos olhos enquanto sarrava
a vara dura entre as minhas pernas e perguntou se eu estava falando sério.

— Eu te fiz uma pergunta antes. Responde! Tem coragem ou não?

Ele deu um risinho, me apertou com mais força, depois respondeu:

— Tenho. É claro que tenho!

Pelo tanto de tempo que estávamos ali juntos, eu desconfiava que ele já estava no fim da
sua resistência e estava decidida a dar tudo de mim naquela sentada. Ele me agarrou a
bunda, ergueu o meu quadril o suficiente para encaixar a glande dentro de mim e fez eu
soltar todo o meu peso. Gemi sentindo mais uma vez aquela sensação de preenchimento
e então recomeçamos a brincadeira.

FLAP! FLAP! FLAP!

— V-Você é muito gostoso!

Ele cravou os dedos na minha bunda e me deixou sentar em cima com força. O som
molhado da penetração agora se sobressaía a nossos gemidos e ele não desencravava os
seus olhos dos meus.

— Finge que eu sou a Kelly, finge! Imagina que é ela aqui no seu… colo… e goza
olhando nos meus olhos. Vai, goza! Goza!

Ele ficou levemente embaraçado quando mencionei o nome de Kelly, mas seja pelo
calor do nosso momento especial ou porque ele realmente tinha vontade de pegar a
enteada, o danado começou a me macetar ainda mais rápido.

— Isso, garanhão! Goza tudo, vai! Não segura não. Pode gozar em mim, goza!

Ralph retesou os músculos antes de começar a liberar um jato intenso de esperma dentro
da minha caverna ruiva. Eu tinha perdido todo o meu controle e enquanto sentia os
esguichos em meu interior, comecei a gemer alto, de maneira descompassada. Em meu
desespero, eu o tinha arranhado inteiro os ombros e braços, mas não estava preocupada
em como ele explicaria as marcas avermelhadas na pele para a namorada. Enquanto
lacrimejava, continuei movimentando a minha pélvis contra a dele, mastigando com a
minha vagina todo o alimento que ele ainda podia me proporcionar.

Tinha sido uma experiência fantástica.


Capítulo 50 – O segredo de Carla

QUANDO EU RETORNEI DA minha viagem para o litoral, eu encontrei um clima


mais ameno dentro de casa. O ritmo de trabalho insano a que tanto meu pai quanto a
minha mãe estavam condicionados devido à crise na Suares & Castilho tinha diminuído
e eu achei favorável uma reaproximação minha da dona Carla.

Ela e Claudia tinham se tornado boas amigas desde que eu e Kelly havíamos ficado
mais íntimas e sempre que podiam, viviam de fofoquinhas pelo telefone. Sem que eu
tivesse dito nada a ela, minha mãe estava totalmente inteirada sobre tudo que havia
acontecido na casa de praia alugada no último final de semana, depois me encheu de
perguntas a respeito do novo namorado da sua amiga publicitária.

— Por que tanto interesse no Ralph, mãe? Algum motivo especial?

Ela deu um riso nervoso, depois, respondeu, tentando imprimir casualidade:

— Nada demais, Mica. Só estou curiosa a respeito desse “boy” misterioso da Cacau.

— Ele não tem nada de misterioso — respondi com bom-humor —, ele é bonito,
inteligente e parece ser um empresário muito bem-sucedido. Ele estava na festa de
aniversário da Kelly em setembro. Você deve ter visto o cara por lá.

Eu tinha conhecido Ralph Vecchio mais intimamente e ainda me pegava suspirando


pelos cantos relembrando o nosso momento caliente dentro daquela casa de veraneio. A
nossa transa tinha sido quase tão intensa quanto as que eu tinha com Rodrigo Monterey,
e aquele era um ponto a se considerar. O toque, as palmadas, os beijos… me molhava só
em pensar naquilo tudo, mas minha mãe não podia nem sonhar que eu havia traído a sua
nova melhor amiga. Ela me deserdaria na hora.

A uma semana do Natal e das festas de Ano Novo, minha mãe resolveu me tirar do
tédio da minha vida cotidiana e me levou para passar um dia inteiro junto com ela na
agência de arquitetura que ela gerenciava. Eu tinha pouco interesse — para não dizer
nenhum — pelo trabalho que ela e as sócias desenvolviam ali dentro, mas confesso que
achava interessante a maneira como tudo na empresa era organizado e como as amigas
de Carla eram competentes.

A A3 – Design e Arquitetura tinha sido fundada alguns anos depois que mamãe havia se
formado na faculdade. Ela e suas duas melhores amigas, Nana e Duda, tinham aceitado
o desafio de erguer do nada uma companhia que visava bater de frente com marcas já
consolidadas no mesmo ramo sem se sentirem temerosas pelo que viria pela frente em
nenhum momento.

Para começar a realizar o seu sonho de se tornar uma arquiteta de sucesso, mamãe se
valeu de parte da grana que lhe cabia na partilha de bens da herança deixada por meu
avô Jaime Castilho, e encarou os desafios da profissão de peito aberto. Eu nunca tinha
pensado muito no assunto, mas a sua coragem em levantar aquela empresa do zero
absoluto devia servir de inspiração para várias jovens empreendedoras como ela.

Além das duas sócias, a equipe de mamãe era bem reduzida no andar que a agência
ocupava num prédio da Vila Mariana. Tinha a secretária Nádia que agendava e
organizava os contratos de serviços dos clientes, um projetista freelance gay que
aparecia de vez em quando para apresentar seus trabalhos num programa 3D de
arquitetura, um segurança grandalhão que vigiava o andar inteiro a partir da saída do
elevador e uma copeira que trabalhava meio-período servindo cafezinho.

Nana e Duda eram muito simpáticas e tinham um humor muito parecido entre si. Eram
falantes, vibrantes e acima de tudo desbocadas, característica que eu mais gostava nas
duas. Enquanto minha mãe atendia clientes através de videoconferências em sua sala
aquele dia, eu fiquei um bom tempo me revezando entre o ambiente de trabalho que as
duas ocupavam. Foram elas que mais me mostraram os detalhes de como a agência
funcionava.

— A A3 trabalha diretamente com uma porção de construtoras e empreiteiras — me


explicou a Duda, que era uma morena de cintura fina, cabelos castanhos escuros e lábios
grossos —, na maior parte do tempo, são elas que nos procuram em nosso escritório
para nos passar o briefing do seu negócio e pedir um orçamento do trabalho. Quando há
acordo entre as duas partes, nós desenvolvemos o projeto em algumas semanas e
pedimos uma revisão do contratante. Se a coisa estiver ao gosto do cliente — e ela riu
de maneira debochada — a próxima etapa é orientar as equipes de construção direto no
local. É o que chamamos de “botar a mão na massa”.

— E a agência tem muitos clientes? — Perguntei curiosa, sentada de frente para a moça
em sua mesa.

— Vários — respondeu com um sorriso —, aqui nunca falta trabalho. Além dos clientes
fixos que já nos conhecem e que por isso confiam sempre na nossa assinatura, sempre
tem gente nova oferecendo serviço na área. A gente não para nunca aqui, little ginger!

Após o horário do almoço em que minha mãe me levou para experimentar a comida
refinada de um restaurante francês que havia nas redondezas da Vila Mariana, nós
passamos algum tempo juntas em sua sala e eu pude apreciar mais de perto o quanto ela
era uma arquiteta talentosa. Além de decoração e design, ela manjava várias coisas
sobre cálculos supercomplexos, e às vezes, tirava medidas de ambientes de cabeça, sem
nem usar uma calculadora. Eu não entendia nem metade das coisas que ela e as sócias
conversavam entre si, mas o clima animado da agência era bastante contagiante. Todas
elas pareciam muito à vontade em trabalhar ali.

A certa altura daquela tarde, eu me sentei na poltrona presidencial de Carla atrás da sua
mesa e me inclinei diante de seu iMac para fuçar alguns projetos em 3D que ela havia
desenvolvido para uma concessionária com quem a A3 vinha negociando serviço há
alguns meses. Estava bastante distraída tentando entender a lógica do ambiente virtual
onde um prédio inteiro aparecia desenhado à minha frente e o funcionamento do
software com que ele havia sido construído quando senti algo vibrando embaixo de uma
pasta de papel. Mamãe estava do lado de fora revisando outros projetos com a Duda e
eu me senti curiosa.

O iPhone prateado estava com a tela bloqueada, mas a notificação de uma mensagem de
texto do WhatsApp era visível através do display.

“No mesmo lugar de sempre hoje à noite, amor? ”.

Levei alguns segundos para processar aquela mensagem e o meu primeiro pensamento
foi que ela e meu pai tinham se reconciliado e voltado a se chamar de “amor”, como era
antes da crise em seu casamento. Peguei o smartphone e tentei ver o nome do
remetente, mas não havia nenhuma identificação além da letra “g” no cabeçalho.

Intrigada, botei o aparelho de volta embaixo da papelada desorganizada em cima da


mesa e tentei voltar a minha atenção ao projeto gráfico na tela do computador. Meus
pensamentos começaram a inundar a minha cabeça de maneira avassaladora e meu
primeiro impulso foi sacar o meu próprio iPhone do bolso da calça e verificar se meu
pai estava online àquela hora. Roque não abria o aplicativo de mensagens desde as oito
horas da manhã.

Aquela cisma sumiu da minha cabeça por um tempo e depois do expediente de Carla,
nós ainda passamos em uma delicatéssen a fim de comprar os chocolates de licor
chambord pelos quais eu tinha ficado viciada desde que o Rodrigo me havia
presenteado com eles, há alguns meses. Minha mãe também gostava dos bombons
parisienses e quando me perguntou como eu tinha conhecido aquela loja e aquela marca
específica de trufa, inventei uma desculpa qualquer.

— Uma amiga do colégio que me apresentou, mãe.

Perto de chegarmos em casa a bordo do Tiguan branco que ela dirigia, eu tentei uma
última jogada para ver se aquela nuvem de preocupação se dissipava sobre a minha
cabeça e resolvi insistir para que nós duas fizéssemos uma sessão pipoca em casa aquela
mesma noite. Não eram nem vinte horas, mas enquanto ela manobrava para entrar na
garagem de casa, sua expressão ficou mais séria, e ela disse, sem me encarar:

— Hoje não vai dar, Mica. Marquei um barzinho com umas amigas. Vou voltar tarde.

A desculpa coincidia com a mensagem que ela havia recebido no celular, mas a maneira
como a tal pessoa intitulada de “g” a havia chamado de “amor” ainda me intrigava. Eu
precisava tirar aquela história a limpo.

Michele Souto, a garota que andava dando uns pegas em meu primo Pedrinho e que
também era minha amiga do colégio morava há vários quilômetros da Saúde, mas
quando lhe mandei mensagem dizendo que estava precisando de companhia para um
“trabalho de espionagem”, ela nem sequer titubeou em dizer que topava.
Naquele dia, eu dispensei os serviços de Valmir por achar que o que eu encontraria na
rua envolveria segredos de família que, talvez, nem ele pudesse ficar sabendo. Saí de
casa antes de minha mãe já na companhia de Michele e dei a desculpa de que ia até uma
lanchonete do bairro para pegar um combo de sanduíche com batata frita para nós duas.
Andamos até uma esquina a uma quadra da minha casa e embarcamos num táxi. Pedi
para que o motorista desse a volta no quarteirão a fim de que ficasse a uma distância
segura do portão da minha garagem e mandei que ele aguardasse ali. Michele estava em
cólicas ao meu lado no banco de trás sem saber exatamente o que eu estava planejando.

— Fica fria — respondi a ela —, eu só estou tentando tirar uma cisma da minha cabeça,
mais nada.

Levou menos de dez minutos até que o Tiguan de mamãe estivesse dando ré na calçada
em frente à nossa casa e ela começasse a seguir em direção oeste para tomar uma
avenida que deixava o bairro da Saúde. Mandei que o motorista do táxi fedendo a
cigarro seguisse o veículo branco de perto e o cara obedeceu sem argumentar nada.
Minhas mãos estavam até geladas de tensão.

O trajeto de carro levou menos de vinte minutos aquele horário da noite. Pelo para-brisa
do táxi, eu e Michele vimos o Volkswagens de Carla estacionar a uma quadra da estação
Vergueiro do metrô num conjunto de prédios residenciais e mandei que o motorista
parasse a uma distância segura dela. Esperamos algum tempo ansiosas e então, a minha
mãe saltou do carro quando um rapaz começou a vir em sua direção pela calçada.

— Quem é aquele? — Perguntou Michele, de olhos arregalados para o lado de fora do


táxi.

Eu estava roendo o canto de uma unha e respondi que não sabia enquanto observava
bem a cena prestes a se desenrolar.

Nós vimos o tal rapaz usando uma camiseta justa e calça jeans se aproximar de Carla
demonstrando intimidade e então, os dois se cumprimentaram de maneira discreta como
se estivessem com medo que alguém os visse. Andaram juntos até a entrada de um
prédio cuja frente era fechada com um portão elétrico e ela o abriu com uma chave que
pareceu tirar da bolsa.

— O que tem dentro daquele prédio?

Michele parecia tão curiosa quanto eu. Dei uma olhada para o alto do edifício de poucos
andares e identifiquei sacadas típicas de apartamentos residenciais, o que combinava
com os outros prédios que ladeavam aquele em que Carla estava entrando. Logo em
seguida, o casal desapareceu pelo portão elétrico e o meu estômago gelou no mesmo
instante assim que eu constatei toda a verdade.

A minha mãe havia alugado um flat para encontros casuais com um cara qualquer e
estava botando um par de chifres na cabeça de papai. Aquela era a única resposta
possível para o que eu tinha acabado de presenciar e essa ideia permaneceu fixa em
minha mente por um bom tempo.
Capítulo 51 – Escapada pré-natalina

AS SUSPEITAS DE ADULTÉRIO que pairavam sobre a minha mãe ecoaram em


minha mente um bom tempo ainda depois do dia em que a segui até aquele endereço na
Vergueiro, mas não deixei que as desconfianças refletissem em meu estado de espírito
pré-natalino. Assim que a data especial começou a se aproximar, eu parei de me
preocupar com o que tinha visto e foquei nas comemorações que estavam por vir.

Por conta da demissão do tio Renato na Suares & Castilho e a correria para que a
família conseguisse manter a porcentagem mínima de ações que ainda a tornava parte
do grupo da construtora, não haveriam viagens para a Europa ou para os Estados Unidos
naquele fim de ano e papai organizou apenas um fim de semana sem grande luxo em um
resort de férias no interior do estado.

Acostumada a todos os mimos que o nosso dinheiro podia me proporcionar desde o meu
nascimento e pouco interessada nos problemas financeiros da construtora, eu já estava
de olho nos presentes de Natal que ganharia aquele ano e foi a dona Carla quem decidiu
segurar um pouco a minha onda.

— Vai ser um presente de cada e nada mais, Mica. Esse ano não temos condições de
esbanjar como nos anos anteriores.

Eu estava grandinha demais para toda aquela história de Papai Noel ou presente
surpresa embaixo da árvore, por isso, eu sabia de antemão que ia ganhar um par de tênis
da Balenciaga da minha mãe e um conjunto de blusa e short da Gucci do meu pai. Para
o ritmo em que a situação financeira da família estava caminhando a passos rápidos, eu
podia esperar bem menos que isso para o outro ano, e se antes não estava ligando para
aquela questão de falta de dinheiro, foi aí que eu comecei a ligar.

Na véspera de Natal, em uma conversa casual via WhatsApp com Rachel Vecchio sobre
presentes e viagens, eu descobri que o seu irmão mais velho tinha ido morar sozinho
num apartamento da Vila Mariana há algum tempo, e seja pelas boas lembranças
vividas com ele no litoral Norte ou pelo meu extremo fogo no rabo, senti uma vontade
muito grande de lhe fazer uma visita surpresa.

A fim de atiçar ainda mais os desejos do namorado da mãe de Kelly, procurei em meu
closet um look que me parecia mais atraente aos olhos, calcei um par de botas de salto
baixo nos pés, dividi os meus cabelos em duas marias-chiquinhas, caprichei no
delineado dos olhos e mandei um “zap” para o Valmir, que em pouco tempo, estava
com o Mercedes estacionado na frente da casa, pronto para me levar até o endereço que
eu havia conseguido com Rachel.

— Os seus pais vão precisar dos meus serviços mais tarde, dona Micaela — disse o
homem ao volante com semblante preocupado por trás do par de óculos escuros que
usava —, eles me pediram para estar a postos até as dezoito horas.
Eu estava conferindo a minha maquiagem pela câmera frontal do iPhone no banco de
trás quando respondi com a maior naturalidade do mundo a ele:

— A gente não vai demorar, Valmir. O que eu tenho pra fazer é rapidinho.

O prédio de apartamentos para onde Ralph havia se mudado ficava localizado numa
área arborizada e tranquila da Vila Mariana a poucos quilômetros de distância do prédio
comercial onde ficava a A3 e do complexo industrial da Construtora Monterey. Era um
local simpático de vizinhança gentil que eu não tive problema algum em encontrar,
mesmo de dentro do carro.

Valmir estacionou do outro lado da rua e eu mandei que ele me esperasse enquanto eu
“visitava uma amiga” para lhe desejar um feliz Natal antecipado. Como sempre, sabia
que podia contar com a sua discrição e me encaminhei até a portaria do prédio onde fui
atendida pelo seu Moacir, o porteiro.

— O Ralph está?

Eu sabia que podia enfrentar certa resistência junto à portaria quanto a seus empregados
revelarem o número do apartamento e o andar de um de seus hóspedes para uma
estranha qualquer da rua, por isso, usei do meu charme para convencer o moço atrás do
balcão. Eu estava usando uma blusa sem alças com um decote considerável na frente e
não foi difícil fazer com que ele se perdesse entre os meus peitos enquanto dizia:

— O seu Ralph Vecchio do 145? Ele está sim, moça. Quer que eu interfone pra ele?

Acenei que sim abrindo um sorriso exagerado. Pouco depois, o morador do décimo
quarto andar estava autorizando a minha entrada. Joguei mais um charme ao porteiro
dizendo que ele era muito gentil e o homem até me ofereceu um chiclete como
agradecimento. Eu não me cansava de ser uma vadia persuasiva.

Eu não tinha pensado em nenhuma desculpa boa o suficiente que justificasse a minha
presença ali sem que ele tivesse sequer me chamado, mas quando Ralph abriu a porta,
eu apenas sorri e saltei em seu pescoço forçando a maior intimidade do mundo.

— Sei que ainda está cedo, mas feliz Natal, gatinho!

Ele aceitou o abraço, deslizou as mãos pelas minhas costas levemente e depois me viu
caminhar até o meio da sua sala. O apartamento era bastante ajeitado e tinha uma bela
vista do centro da cidade pela janela. Fiz de conta que já estava em casa.

— O seu porteiro é bem simpático — comentei —, ele me ofereceu até um chiclete,


olha!

Abri a boca e botei a língua para fora para lhe mostrar a goma de mascar. Ele franziu a
testa antes de perguntar:

— Mica, o que está fazendo aqui? Como descobriu o meu endereço?


— A Rachel me disse — respondi de imediato —, ela me falou por mensagem em qual
bairro você morava, a quadra e a cor do prédio. Meu motorista me ajudou a procurar e
eu nem precisei adivinhar o seu andar. Foi só eu perguntar por “Ralph” na portaria que
o seu porteiro foi logo entregando o serviço. — Abri um sorriso antes de dar uma
gargalhada. — É o poder do decote!

Encostei os cotovelos à frente do torso comprimindo ainda mais os meus peitos pelo
decote da blusinha de couro fechada na frente por um zíper. Ele me deu aquela secada e
o senti agitado.

— É véspera de Natal, Mica — ele então argumentou —, você não devia estar com a
sua família em alguma ilha, ou em algum país que seu pai comprou?

Ele estava sendo irônico. Provavelmente, já sabia sobre a fortuna dos Castilho e estava
tentando jogar aquilo na minha cara.

Se ele soubesse da crise nos negócios da família, não faria essa brincadeira, pensei,
antes de responder:

— Eu vou passar a ceia de Natal com os meus pais e os meus tios na casa da minha avó
em Moema. Todo ano é igual. A gente costuma viajar só no réveillon.

Dei mais uma conferida na decoração do apartamento e após observar tudo de perto,
disse:

— Adorei o seu apê, tio Ralph! Bem minimalista, bem arrumadinho. Só faltou alguns
vasos de plantas assim na entrada, talvez ali naquele canto — e apontei para a junção
das paredes que antecediam um corredor de dormitórios — ia ajudar a harmonizar
melhor o ambiente!

Haviam sacolas de presentes sobre o sofá. Ele estava arrumado para sair e tinha passado
até perfume. Tinha quase certeza que ia dali para a casa da mãe em Perdizes e que
levaria os presentes para a sua família. Brinquei:

— Presentes de Natal. Que fofinho! Você parece ser um filho e um irmão bastante
amoroso.

Me virei para ele e o flagrei de olho na minha bunda por baixo da saia. Fingi que não vi.

— A Kelly me contou que vocês viajaram juntos para Minas Gerais. Foi divertido?

Eu tinha conversado brevemente com Kelly via mensagem algum tempo depois da sua
viagem para Betim, local onde o avô da menina morava há algum tempo. Claudia havia
organizado aquele passeio há várias semanas e Kelly tinha se queixado comigo sobre ter
que aturar Ralph o caminho todo de avião até lá. Conversamos pouco sobre o assunto
depois disso e tudo que eu sabia era que havia rolado uma trégua entre os dois em
Minas Gerais. Perguntei, curiosa:

— E vocês… tipo… se entenderam? Já ficaram mais… próximos?


— Por que? Ela te contou alguma coisa?

Percebi a tensão em seu rosto e então, me aproximei dele junto ao balcão da cozinha
americana, no canto leste do apartamento.

— Ficou interessado, hein? Quer saber o que ela me falou sobre o que rolou entre vocês
dois lá em Minas? Quer?

Eu não sabia de nada. Estava apenas jogando verde para ver se colhia maduro. O
pressionei tocando o seu peito e deslizei as mãos até o seu abdômen riscado.

— Não aconteceu nada entre eu e ela em Minas. Não fique fantasiando coisa que não
existe, Mica!

— Porque ela é burra! — Eu sabia que tinha poucas chances de ele me recusar, por isso,
decidi usar a minha arma mais poderosa. Abri o fecho do zíper da minha blusinha
devagar. — Se tivesse experimentado o que eu experimentei naquela casa de praia, —
disse, cheia de malícia — ela tinha sentado gostoso em você na casa dos avós em
Minas!

Sem mais delongas, eu me despi da minha blusa e a joguei de lado, expondo os meus
peitos. Seus olhos vidraram em meus mamilos tão logo eles ficaram ao alcance das suas
mãos, e em seguida, eu me atirei em seus braços.

— Mica, o que está fazendo? Tá doida?

Eu estava agora com as pernas em torno do seu quadril e suas mãos me apoiavam pela
bunda. Avancei em sua boca e lhe roubei um beijo. Estava sedenta por aquele gostoso
desde o nosso último rolo.

— Tô. Doida por você, tio Ralph! — A minha língua dançou com a dele. — Você me
deixou doidinha aquele dia na cama! Fiquei cheia de vontade de gozar daquele jeito de
novo!

Um tesão súbito nos tomou sem que pudéssemos controlar. Ralph me conduziu agarrada
a ele até o seu quarto e me jogou em cima de uma king size de colchão macio e estrutura
resistente. Tirou a camiseta e a calça antes de chegar perto de mim e quando subiu na
cama, tinha o tesão brilhando dentro dos olhos castanhos.

— É sexo que você, quer, sua safada? — Fiz que sim com a cabeça em resposta a ele.
— Então é o que você vai ter!

Beijando e chupando os meus seios, Ralph não esperou nada para me livrar da calcinha
minúscula que eu vestia por baixo da saia. Se deitou por cima de mim, ajeitou logo a
glande no caminho abaixo dos meus pelos ruivos e não fez questão de ser gentil. Eu não
precisava de muito esforço para ficar molhada e quando entrou, eu só consegui gemer
em seu ouvido:

— Aii, como você é duro! Bota tudo dentro! Bota tudo!


Arreganhei as minhas pernas para que ele se servisse à vontade de mim e o boy não
decepcionou. Começou a me castigar da maneira que eu mais gostava e me senti uma
boneca embaixo dele sendo torada.

— É assim que você quer, sua safada? Bem forte, bem grosso?

— É… assim… mesmo… não para, por favor, não para!

Sem conseguir me conter, tornei a arranhar os seus ombros e as suas costas como tinha
feito na casa de praia há algumas semanas e não parava de dizer sacanagens em seu
ouvido. Ele me brocou sem qualquer pena sabendo que eu aguentava e comecei a sentir
o primeiro orgasmo do dia chegando cedo.

O som das socadas dentro de mim ecoava no quarto e num ofego mais forte, acabei
engolindo o meu chiclete. Eu tinha parado de reagir às fincadas embaixo dele, o que o
levou a perguntar se estava tudo bem comigo. Contei o que tinha acontecido e ele riu.
Perdeu o ritmo um instante, mas o beijei na boca para não o deixar parar.

— Não para agora. Não para!

Eu tinha chegado ao apartamento por volta das quinze horas, mas quando o vi se esvair
em esperma em direção à minha barriga, se contorcendo todo, eu não tinha mais
qualquer noção de tempo.

Quanto tempo tinha estado naquele quarto trepando com aquele gostoso? Uma hora?
Duas horas? Três?

Enquanto pensava no compromisso dos meus pais às dezoito horas e o emprego que o
Valmir perderia por minha causa, eu vi meu amante deitar ao meu lado suado e
ofegante. Mesmo murcho, o seu pau ainda era um dos maiores que eu já tinha visto e
nunca era demais observá-lo um pouco mais entre as pernas.

Algum tempo depois de descanso e de conversa fiada trocada no pós-coito, Ralph


voltou ao assunto do vídeo incestuoso que eu havia registrado com o meu iPhone entre
ele e a irmã caçula, e perguntou, levemente preocupado:

— O que você fez com o vídeo, Mica? Aquele que fez na casa de praia.

Me virei de bruços e respondi com um riso frouxo a escapar da boca:

— Eu não preciso mais dele. Nunca precisei. Eu apaguei.

— E como eu posso ter certeza disso? — Perguntou ele.

— Eu nunca tive a intenção de usar aquele vídeo contra você, Ralph — respondi sincera
—, mesmo que você se recusasse a transar comigo, que me desse um tapa na cara, me
xingasse de puta… sei lá! Eu nunca mostraria ele para a tia Claudia ou para quem quer
que fosse. Eu só vi uma oportunidade de fazer um joguinho contigo. Só isso! Não sou
tão vaca assim!
— Foi um jogo bem sujo. Isso não dá pra negar!

Concordei, acenando com a cabeça.

— Jogos sujos são os meus preferidos! — Admiti — Ainda bem que eu já sabia que
você tava doido para me comer desde que me viu no banho. Seus olhos entregavam seu
desejo. A ameaça de expor o vídeo de incesto só deu um tempero a mais no clima que
tava rolando entre a gente.

Avancei num beijo que ele não recusou em seguida. Ficamos mais dez minutos de
chamego em cima da cama, mas percebi que a minha visita fora de hora já tinha ido
longe demais.

— Me mostra onde é o banheiro e vem tomar um banho comigo. Não quer chegar na
casa da sua mãe com o meu cheiro em você, quer?

Ele fez que não. Pouco depois, estendeu a sua mão, eu a peguei e fomos tomar um
banho juntos. Ralph era um amante incrível.
Capítulo 52 – O lamento de Agamemnon

A CEIA DE NATAL na casa da minha avó Vilma em Moema foi uma das mais
constrangedoras dos últimos anos e ninguém ali estava muito no clima de festa. Os
empregados da casa tinham preparado um jantar maravilhoso, a mesa estava regada dos
mais variados pratos típicos da época, havia muito bebida sendo servida, a vovó estava
bastante saudável em vista dos problemas de saúde que tivera nos últimos meses, mas
definitivamente, era nítido que muitos dos convidados não queriam estar ali naquele dia.

Por conta da sua demissão na Suares & Castilho, o tio Renato havia se mudado com a
esposa Vânia para uma residência perto da casa de praia dos Castilho, no litoral Norte, e
tanto o casal quanto seus três filhos não quiseram comparecer à ceia. Jonathan, meu
primo surfista, estava na casa de uns amigos que ele tinha em São Paulo, Janete, a
segunda filha de Renato e Vânia, estava no Rio de Janeiro curtindo as férias com duas
amigas e a minha prima Jéssica, que era apenas um ano mais velha que eu, tinha sumido
desde que seus pais haviam se mudado para o litoral.

Com todo o peso nas costas de ter que gerenciar todos os problemas da construtora
agora sozinho, o tio Mauro não estava no seu melhor humor e ficou a comemoração
quase inteira em torno da mesa com a cara amarrada, parecendo alheio a tudo que estava
acontecendo ali. Mesmo as piadas do tio Peterson e os comentários engraçadinhos do
meu primo Pedrinho não estavam conseguindo animar o povo e o clima era um dos
piores possíveis.

A certa altura do pós-ceia, a tia Solange veio até mim na sacada da casa enquanto eu
tomava um vinho e encarava o bairro tranquilo em torno da casa luxuosa onde a minha
avó morava praticamente sozinha com os empregados. Dali, dava para ouvir o falatório
na sala entre os meus primos Pedro, Priscila, Cleide e Cleber, que quando se juntavam,
sempre faziam bastante bagunça. Os adultos, porém, continuavam amuados.

— Tomando um ar, Mica?

Acenei que sim, em seguida, ergui a taça em sua direção:

— E saboreando esse vinho maravilhoso que o tio Mauro trouxe da adega.

O tio Mauro possuía uma adega em sua propriedade em Indianópolis e sempre que
havia alguma comemoração em família, ele cuidava para que todos estivessem sempre
apreciando as bebidas importadas que ele tão bem colecionava lá dentro. Solange se
debruçou ao meu lado no balaústre e observou:

— O clima não está dos melhores lá dentro, não é?

Ela tinha ficado um pouco mais sisuda. Os olhos castanhos encaravam a rua lá embaixo.

— Nunca vi a família tão abatida quanto esse ano — comentei.


— Nem eu — disse ela —, parece mais um velório do que uma ceia de Natal!

O comentário tinha um leve tom de humor, mas nós não rimos.

— Os seus pais também parecem distantes — ela se virou para mim enquanto eu
terminava de beber o líquido em minha taça —, eles estão brigados ou algo assim?

Já tinha algum tempo que Roque e Carla não estavam se entendendo como um casal
dentro de casa. Conviviam cada vez menos por conta do trabalho e mesmo nos
momentos de folga não se curtiam mais como antigamente. O estranhamento entre eles
agora parecia óbvio para quem estava de fora também.

— Eles andam brigando bastante — respondi sem querer estender muito o assunto —,
mas espero que façam as pazes logo.

Alguns dias após a ceia, meu pai nos levou para passar um tempo de folga em Itu, numa
colônia de férias de luxo chamada Grand Club Resort, numa clara tentativa de reanimar
o seu casamento com Carla. Ali, longe dos problemas da cidade, distante das questões
de trabalho e principalmente da sensação claustrofóbica que a metrópole cinzenta que
era São Paulo exercia em todos nós, ele tentou reavivar os sentimentos da esposa, mas
novamente não foi bem-sucedido.

O resort no interior do estado era um local delicioso dotado de piscinas climáticas,


sauna, parque aquático e mais uma grande variedade de opções para quem queria — e
precisava — relaxar, e eu aproveitei a maioria dos ambientes quase à exaustão. Carla
também se esbaldou com as salas de massagem, os banhos aromatizantes nas banheiras
de hidromassagem e na fonte termal que o local disponibilizava a seus hóspedes, e pelo
menos nesse quesito, a viagem foi de grande valia para ela.

Depois do primeiro dia, eu me reencontrei com o papai no quarto onde ele tinha ficado
hospedado com Carla e o encontrei mexendo em seu celular com cara de poucos
amigos. Me aproximei vestida com um roupão felpudo branco por cima de um biquíni e
chamei a sua atenção.

— Ainda preocupado com a sua vida em São Paulo, seu Roque? — Ele me olhou um
instante, sorriu e me recebeu com os braços abertos. Havia uma caixa de correio
eletrônico aberto na tela de seu smartphone. Me sentei em seu colo na beirada da cama
de casal — Larga um pouco desse telefone. Aproveita o dia de folga.

Ele me beijou o rosto e escorregou a mão em minha cintura. A testa sardenta estava
franzida.

— Só estava checando uns e-mails enviados pelo meu chefe de setor, Mica — ele então
botou o celular de lado, sobre o colchão —, e você? Aproveitando bastante o resort?

Abri um pouco a gola do meu roupão e cedi o meu pescoço para que ele me cheirasse.
Ele deu uma fungada próxima da minha pele e me esperou dizer:
— Tá sentindo? É da banheira de hidromassagem aromatizada. Uma delícia o cheirinho,
né?

Ele fez que sim sem desfazer o semblante meio tristonho. Segurei firme em seu ombro,
me ajeitei melhor em seu colo e decidi botar logo o dedo na ferida.

— Você e a mãe ainda não se acertaram, né?

Ele abaixou os olhos, alisou de leve a minha coxa esquerda por cima do roupão e
assentiu.

— Estou tentando me reaproximar dela, meu amor, mas eu sinto que o que se quebrou
em nosso casamento com as últimas brigas não tem mais conserto. A Carla
simplesmente não deixa mais que eu me aproxime. Me evita sempre que pode. Prefere
se manter longe emocionalmente. Eu acho que ela não me ama mais.

O abracei de maneira terna e ele ficou algum tempo com a cabeça em meu ombro sem
dizer nada. Eu nunca tinha visto o meu pai chorar na vida, mas tinha certeza que se
passasse mais alguns minutos ali, ele estaria molhando o meu roupão com as suas
lágrimas.

— Conversa com ela, papai. Deve haver alguma coisa que você ainda possa fazer para
que o casamento de vocês dois não acabe dessa maneira… eu… eu não quero que isso
aconteça.

Depois de tanto tempo vivendo em pró daquele meu desejo doentio por meu pai e das
minhas várias tentativas de torná-lo inteiramente meu, sem a interferência da minha
mãe, eu tinha finalmente entendido que aquela minha vontade de separá-los não passava
de egoísmo puro, um sentimento ruim que costumava me cegar para todo o restante do
mundo ao meu redor. Eu tinha plena consciência que antes do meu nascimento, Roque e
Carla eram felizes, que formavam o típico casal perfeito e que tinha sido eu quem havia
causado uma ruptura entre a felicidade dos dois. Eu agora me sentia inteiramente
responsável pelo esmaecimento do amor que havia entre eles e precisava dar um jeito de
consertar o mal que tinha causado.

Eles não podem se separar. Eu não quero mais que isso aconteça, pensei, angustiada.

Depois de tantos meses de envolvimentos sexuais diversos com os caras que tinham
passado em minha vida, o meu Complexo de Electra estava finalmente sendo superado e
eu não pensava mais que devia ser a amante de meu próprio pai. Ele já tinha a sua
Clitemnestra, a mulher que ele havia desposado e escolhido partilhar a sua vida, e era
com ela que ele devia ficar. Cabia a mim tirar o amante Egisto do caminho e aquele
passou a ser o meu principal objetivo nas semanas seguintes.
Capítulo 53 – Em busca da paternidade

APÓS O PERÍODO DE FESTAS de fim de ano e da semana de folga que meus pais
haviam tirado para relaxar no resort do interior do estado, eu estava focada em meu
intento de descobrir, afinal, quem era o rapaz com quem minha mãe estava se
encontrando regularmente naquele flat da rua Vergueiro e a Michele estava me
ajudando com as minhas investigações.

Em meio a isso, quem resolveu dar as caras novamente foi a Kelly, que aflita com os
últimos acontecimentos envolvendo o possível caso de adultério em sua própria família,
me pediu ajuda para investigar a pista de um antigo amante que a sua mãe Claudia havia
tido no Rio de Janeiro quando era mais jovem e que agora morava em São Paulo.

Ainda estávamos na primeira semana do ano quando me encontrei com a garota de


cabelos alourados e nos dirigimos juntas até um escritório de advocacia localizado em
Pinheiros. Kelly estava usando pouca maquiagem no rosto abatido, vestia camiseta e
calça jeans, calçava um tênis claro nos pés e parecia bastante nervosa quando entrou no
carro da minha família, com o Valmir ao volante.

Desde que havia me dito que o homem a quem tínhamos de visitar era advogado e
prestava serviços para o escritório de advocacia que víamos pelo lado de fora da janela
do Mercedes, eu tinha acessado o site do lugar e visitei a sua página “Quem Somos”
para conhecer um pouco mais sobre a firma. Li em voz alta:

— “CASAVETTE & MONTANARO - ADVOGADOS é um escritório sério e competente


cuja excelência em defesa do cliente atravessa gerações. Radicado na Itália há mais de
60 anos, o escritório nacional foi idealizado a partir das necessidades apresentadas
pelo mercado empresarial brasileiro, que vem se transformando constantemente com
as mudanças político-econômicas enfrentadas nos últimos anos...”

Segundo Kelly, o tal amante da sua mãe a tinha conhecido durante a sua juventude no
Rio de Janeiro, local onde grande parte dos Schneider ainda viviam, e os dois tinham
sido namoradinhos na adolescência. A sua teoria era a de que eles tinham se
reencontrado depois de crescidos e Claudia havia caído em tentação enquanto ainda
namorava Charles, o homem que ela acreditava ser o seu pai até então.

— Para de ler isso, Mica, por favor!

Kelly estava sentada a meu lado batendo o pé nervosamente no assoalho do carro.


Estávamos paradas do outro lado da avenida que cortava a frente do escritório há vários
minutos e eu já estava impaciente.

— Vai aguardar mais um pouco ou quer que eu dê uma volta pelo quarteirão, senhorita
Micaela?
O Valmir me encarou pelo retrovisor aguardando a minha resposta e então, vendo que
Kelly estava sem qualquer coragem de encarar o seu suposto verdadeiro pai de frente,
eu tomei a decisão por ela.

— Não, Valmir. A gente vai descer agora, não é, Kelly?

Antes que ela pudesse responder, eu a puxei pelo braço e nós descemos do carro pela
porta de trás. Havia uma faixa de pedestre a poucos metros da calçada onde pisamos e
eu me abaixei junto à janela para dar a ordem ao motorista:

— Espera a gente na esquina do prédio, Valmir.

Kelly tinha me dito que o nome do tal advogado havia surgido durante uma conversa
casual com a sua avó Eva na viagem recente que ela, Claudia e Ralph Vecchio haviam
feito para Minas Gerais. A mulher experiente havia contado que após o falecimento de
Charles, a publicitária havia chegado a apresentar o homem como seu namorado e que
ninguém da família havia aprovado aquela decisão. Claudia tinha ficado depressiva após
a morte do marido e todos achavam que aquele seu novo relacionamento era precoce
demais para alguém que até pouco tempo andava sofrendo pelos cantos, de luto.

Kelly não fazia ideia se a sua pista tinha algum fundamento, mas estava a fim de
descartar de uma vez a possibilidade de que o advogado fosse o seu pai biológico.

O prédio do escritório de advocacia seguia uma cacetada de protocolos de segurança na


entrada antes de permitir que visitantes subissem aos andares superiores e eu precisei
me valer de uma carteira de identidade falsa que Pedro e Priscila haviam me arranjado
certa vez para me passar por maior de idade junto à portaria.

Seguimos juntas até o terceiro andar e encontramos uma sala de atendimento onde
algumas dezenas de pessoas aguardavam sentadas o chamado no balcão para que
pudessem se consultar com os advogados. Arthur Cintra, o tal cara que havia dado uns
pegas em Claudia, era advogado criminalista e eu precisei colocar à prova todo o meu
talento cênico com as balconistas para que conseguíssemos uma reunião a sós com o
homem.

— Tem horário agendado? — Perguntou uma das duas moças por trás do balcão.

— M-Moça… É caso de vida ou morte! A gente é prima — e eu indiquei Kelly a meu


lado, simulando uma tremedeira nas mãos —, o pai dela ameaçou matar a minha mãe. A
gente precisa muito falar com um dos advogados de vocês para ele emitir uma medida
protetiva. Por favor, moça!

Eu e Kelly não tínhamos combinado nada antes de eu começar a atuar, mas a menina
entrou logo no seu papel de coadjuvante. Assentia a tudo que eu dizia ao meu lado no
balcão e foi muito convincente.

— Moça, procura se acalmar.


— E-Eu não agendei horário… T-Teve o recesso de final de ano… As festas… M-Meu
tio tentou matar a minha mãe no réveillon… E-Eu tô muito nervosa!

Ninguém ali sabia o que estava acontecendo de verdade. As lágrimas começaram a


descer pelos meus olhos como se eu realmente estivesse passando por uma situação de
desespero. As duas atendentes se viram, de repente, chocadas com o meu drama e uma
delas até me ofereceu um lencinho de papel para que eu enxugasse as lágrimas.

— Quem emite medidas protetivas é a Polícia ou o Ministério Público, mas nós


podemos falar com nosso encarregado para ele indicar a você um dos advogados
criminalistas… — resumiu uma delas, ao que eu me interpus:

— A-Arthur Cintra, moça… Me indicaram ele. Disseram que é o melhor da região…


Oh, Deus! Eu estou com tanto medo!

As pessoas sentadas atrás de nós nas longarinas de espera pareciam realmente


consternadas com o meu falso sofrimento. Deu pra ver no momento em que abracei a
Kelly e ela ficou me dando palmadinhas nas costas, tentando me confortar.

— O doutor Cintra ainda está em recesso. Só volta na segunda-feira. — Era uma quinta-
feira, o sexto dia útil do ano — Nós podemos indicar o doutor Fasano…

— Moça, você não está entendendo! Eu preciso falar com o doutor Cintra hoje ainda. É
urgente! Meu tio vai matar a minha mãe!

Não havia mais dúvidas que eu e Kelly tínhamos mesmo passado por uma situação de
violência familiar, e mesmo sabendo que estariam fugindo dos seus protocolos usuais de
atendimento junto ao balcão, as moças concordaram em nos passar o contato de Arthur
Cintra com um cartão de visitas em seu nome. Saímos da sala de atendimento devagar,
ainda encarnando os nossos personagens de primas em sofrimento e a catarse de toda a
minha atuação só aconteceu quando voltamos ao carro que Valmir dirigia. Eu explodi
em risos no banco de trás.

— Sua maluca! — Disse Kelly, ainda espantada com a minha encenação — Por que não
me avisou que ia dar todo aquele show?

— Você viu a cara das recepcionistas me vendo chorar? Mano! Eu sou muito boa!

Valmir começou a dirigir e enxergou o meu rosto inchado cheio de lágrimas pelo
espelho.

— Está tudo bem, senhorita Micaela? Quer alguma coisa?

— Eu tô bem, Valmir. Está tudo bem! — E enxuguei as lágrimas com o dorso das
mãos, ainda me refazendo da gargalhada. — Eu não estava chorando de verdade.
Relaxa!
— Cara! Você é muito doida! — Disse Kelly — Todo mundo tava acreditando no seu
desespero. De onde você tirou essa história de tio querendo matar a mãe? Que
maluquice!

Valmir olhou por cima dos ombros. Não estava entendendo nada.

— Inspiração pura. Inventei na hora. Precisava acreditar na minha própria história para
poder me emocionar. Deu certo! — E eu ri mais ainda, realmente extasiada com a
verdadeira cena de novela que eu havia acabado de protagonizar.

O carro já tinha passado do prédio da Casavette & Montanaro e agora seguia uma pista
que ia mergulhar direto na Rua Cardeal Arcoverde, rumo à Avenida Pedroso de Morais.
Eu queria saber qual decisão a minha amiga iria tomar agora que estava com o contato
do advogado em mãos e lhe perguntei:

— Mas e agora, Kelly? O que você vai fazer?

Ela não me respondeu nada de início. Pegou o cartão de visitas no bolso da calça, ficou
encarando o pedaço de papel e me ouviu reforçar:

— Liga para o homem. O máximo que pode acontecer é ele desligar na sua cara e todo
meu trabalho de atuação ter sido em vão!

Kelly só tomou a decisão no dia seguinte e mais uma vez pediu a minha ajuda depois de
marcar um encontro via telefone com o advogado. Ele mesmo tinha sugerido uma
lanchonete que costumava visitar a caminho do trabalho e nós chegamos mais cedo para
nos familiarizarmos com o ambiente.

O estabelecimento estava razoavelmente movimentado aquela tarde chuvosa de sexta-


feira e eu me vi faminta por conta da ansiedade. Pedi um sanduíche e um milk-shake
junto ao balcão e quando retornei à mesa onde tinha deixado a Kelly sozinha, ela já
estava acompanhada de Arthur.

— Oi, eu sou A Micaela. Prazer em conhecer!

O advogado era um cara de sobrancelhas grossas e negras sobre os olhos castanhos.


Tinha o nariz fino, pontudo, lábios grossos, barba desenhada conectada às costeletas e
estava sisudo. Em aparência, não se assemelhava em nada com os traços delicados de
Kelly e eu percebi logo que as chances de ele ser o seu verdadeiro pai eram quase zero.
Ele me cumprimentou, eu me sentei ao lado da minha amiga do outro lado da mesa e ele
foi taxativo:

— Podemos ir direto ao assunto?

A Kelly continuava totalmente travada como na tarde anterior, e vendo que ela não
tomava a iniciativa de dizer logo o que queria quando marcou o encontro com o homem
à nossa frente, eu tomei a frente:

— A Kelly quer saber se tem alguma chance de você ser o pai dela.
Sem esboçar qualquer sinal de simpatia, ele quis saber a idade de Kelly e enquanto eu
tomava o meu milk-shake pelo canudo de maneira barulhenta, ele respondeu seco que
não havia tido qualquer contato mais íntimo com a Claudia no período que compreendia
à sua gestação ou mesmo antes disso.

— Você morava no Rio de Janeiro nessa época, certo? — Indagou Kelly, ao que ele
acenou que sim. — Minha mãe viajava com frequência pra visitar os parentes em
Ipanema. Tem certeza que não se encontraram por lá?

— Eu morava em Botafogo nessa época… — Ele parecia puxar da memória aquelas


informações há muito tempo intocadas — Tinha me mudado de Ipanema há alguns
meses… eu não encontrei a Claudinha nesse período. Só depois, quando me mudei para
São Paulo.

Arthur ainda mantinha o sotaque praieiro adquirido nos anos em que viveu no Rio de
Janeiro.

— Nem um encontro casual, uma saída, uns beijinhos? — Eu quis saber, ainda no
assunto. Kelly me repreendeu.

— Ainda não entendi o objetivo desse encontro! — Disse ele, com os olhos acusadores
cravados nos de Kelly. — Você me chamou aqui dizendo que tinha algo urgente para
conversar. Por que essas perguntas indiscretas sobre o passado?

— Há algumas semanas — respondeu Kelly —, eu descobri que o tipo sanguíneo de


minha mãe e de meu pai são incompatíveis e que por causa disso, eu não posso ser filha
de um deles.

— Você é a cópia exata da Claudinha na sua idade. Impossível você não ser filha dela!

— Todo mundo diz isso! — Confirmou Kelly — Por isso, eu sei que o problema é com
o meu pai de registro. Ele tinha sangue “AB” quando era vivo e Claudia é tipo “O”.
Essa combinação jamais poderia gerar um descendente também do tipo “O”, como é o
meu caso, entende?

Kelly tinha levantado aquela possibilidade de ela não ser filha de Charles depois de um
trabalho de genética que havíamos feito juntas para o colégio. Desde então, tinha ficado
angustiada atrás de respostas. Queria saber, afinal, quem era o seu verdadeiro pai, já que
aparentemente, o sangue de Charles não coincidia com o seu.

— Mesmo que o meu tipo sanguíneo combinado com o de sua mãe pudesse gerar um
descendente com o seu tipo sanguíneo, Kelly, sinto te decepcionar, mas não há a menor
possibilidade de eu ser nada seu — explicou com certa impaciência o advogado —, a
sua mãe e eu nunca passamos de beijos e carinhos na adolescência. Jamais tivemos um
contato mais íntimo. Quando voltamos a nos encontrar, ela já estava viúva e só então
acabou acontecendo algo mais… carnal.
Arthur tinha sido bastante claro quanto à real natureza de seu antigo relacionamento
com a mãe da minha amiga e em seu rosto ficou estampado um misto de decepção com
alívio. Provavelmente ela estava pensando: “Se esse advogado não é o meu verdadeiro
pai, então quem é? ”.

Algum tempo depois, o advogado arrogante deu por encerrado o encontro naquela
hamburgueria e se mandou do estabelecimento antes mesmo que Kelly tivesse
processado tudo que havia ouvido ali dentro. Para ela, começaria um novo desafio, só
que desta vez, ela não tinha mais qualquer pista a seguir sobre a sua real paternidade.
Capítulo 54 – Verdades com sabor de sushi

ALGUNS DIAS DEPOIS do encontro com o antigo amante de Claudia Ferraz naquela
lanchonete, eu e Kelly voltamos a nos encontrar para discutir um pouco mais sobre o
seu estado emocional com a cisma de que a sua mãe havia traído o seu pai pouco antes
de eles se casarem e constituírem família. Em meio a todo aquele pesadelo familiar, a
garota tinha aceitado uma vaga de emprego numa das imobiliárias gerenciadas pelo seu
tio-avô e agora estava estagiando de segunda a sexta no escritório administrativo do
local.

Quando ela chegou na praça de alimentação do shopping onde havíamos marcado de


nos encontrar, Kelly estava toda vestida com uma roupa social cafona que lhe tirava
totalmente o brilho juvenil e eu achei graça. Eu estava com meu habitual look ninfeta,
com maria-chiquinha nos cabelos, blusa decotada e saia curta. Como sempre, estava
chamando todos os olhares do ambiente só para mim.

— Como foi o seu primeiro dia naquela chatice de trabalho?

Nos sentamos à mesa e ficamos a espera que os nossos pedidos no sushi-bar da praça
ficassem prontos. Ela abiu um sorriso largo e respondeu, parecendo entusiasmada:

— Foi melhor do que eu esperava. A galera do escritório é bastante animada.

Eu realmente tinha ficado incomodada com a vestimenta de Kelly e apontei para a sua
blusa de botões fechados quase até o pescoço:

— E você precisa usar esse tipo de roupa over pra trabalhar?

— Na verdade não — respondeu ela —, mas achei que seria interessante usar um
modelo mais social no primeiro dia e tal…

Passado o constrangimento ao citar as vestes da menina, retomei logo o assunto que


tinha nos levado até ali:

— E a história do seu pai, amiga? Como ficou?

— Na mesma! — Kelly fez expressão infeliz. — Depois que risquei o nome daquele
escroto do Arthur Cintra da lista, voltei para a estaca-zero. Sem mais opções.

— Já pensou em contratar um investigador particular? — Sugeri na maior das boas


intenções — De repente, alguém mais gabaritado acaba descobrindo pra quem a sua
mãe abriu as pernas fora do casamento dela.

Kelly tinha ficado ofendida com a maneira debochada com que eu havia tocado naquele
assunto. Nem sempre eu conseguia controlar a minha própria língua sem que as minhas
palavras, na maioria das vezes ferinas, acabassem magoando as pessoas com quem eu
interagia. Em meu círculo de convivência, a minha mãe era uma das únicas pessoas que
ainda tentavam tolher aqueles meus ímpetos de sinceridade espontânea e sempre que
podia, me chamava de grossa por isso.

— Não acho que mais pessoas devam se meter nesse assunto — disse ela, ainda
levemente chateada —, de um jeito ou de outro, sinto que eu tenho que desvendar esse
mistério sozinha.

Quando o meu prato de sashimi e o de guioza de Kelly chegou à mesa, nós duas
começamos a comer de maneira faminta. Eu adorava comida japonesa e entre todas as
iguarias que já tinha experimentado de diversas culturas diferentes, aquela era com
certeza a minha preferida.

Kelly estava com um semblante preocupado no rosto e ensaiou mais de uma vez antes
de começar a dizer o que parecia estar entalado em sua garganta há muito tempo. Eu
não fazia ideia o que viria a seguir, mas quando veio, eu fiquei surpresa.

— Eu sei o que você e o namorado da minha mãe fizeram juntos na casa de praia do
litoral.

Espera… o que? Eu pensei na mesma hora. Como que ela descobriu o meu caso com o
Ralph? Eu não tinha a mais puta ideia de como aquilo tinha vazado e indaguei:

— Ele contou pra você?

— Não — respondeu ela me fitando de maneira séria —, mas você acabou de admitir.

Eu tinha sido idiota e nem havia percebido que ela só estava jogando verde para colher
maduro. O clima tinha esfriado entre nós em torno daquela mesa. Eu quis saber:

— Você não vai contar pra tia Claudia, vai?

Kelly fez que não.

— Eu só queria saber porque você faz essas coisas, Mica. Eu só queria te entender.

Poucas coisas me faziam perder o apetite. Continuei comendo as porções pequenas de


sushi de maneira natural mesmo diante do sermão de Kelly.

— Ele é o namorado da minha mãe — argumentou —, vai ser tipo o meu padrasto em
breve… Não pesa a sua consciência?

Eu tinha ficado séria. Terminei de mastigar o sushi, engoli e entrelacei os dedos das
mãos com os cotovelos apoiados sobre a mesa.

— E a sua consciência, Kelly? Não pesa quando você fica atiçando os desejos do
Ralph?

Nós tínhamos passado três dias juntos no litoral convivendo por horas na mesma casa e
eu seria muito boba se não tivesse percebido o quanto a Kelly era, sim, atraída pelo
namorado da mãe, embora não admitisse nem para si mesma. Ralph era um tremendo de
um gato e era humanamente impossível não reagir à sua beleza quando ele passava por
nós. Tanto ela quanto eu tínhamos históricos parecidos de relacionamentos com caras
mais velhos na faixa de idade do empresário. Era quase certo que ficássemos atraídas
por ele, da mesma maneira que havia acontecido com a Rachel, que era a irmã caçula do
cara. Decidi jogar com aquela informação durante a discussão.

— Eu nunca aticei nada nele… — argumentou Kelly.

— Acha mesmo que eu caio nessa historinha de você odiar o Ralph, de não suportar ver
a cara dele na sua frente? — Perguntei a ela — Eu não sou nenhuma otária, Kelly!

— A gente fez as pazes em Florianópolis — admitiu ela —, tivemos uma conversa e


decidimos dar uma trégua nas brigas…

Depois das festas natalinas e da viagem em família até Minas Gerais, Claudia tinha sido
convidada pelo pai de Ralph e Rachel a conhecer a casa de praia que ele possuía em
Florianópolis e Kelly os havia acompanhado durante o passeio. Ela não tinha me
contado quase nada acerca do que tinha acontecido por lá e aquela era a primeira vez
que mencionava a trégua entre ela e o padrasto.

— Fala sério, Kel! Eu te conheço, meu! Eu tô ligada que você ficou cheia de tesão no
seu “padrasto”. — Sinalizei aspas no ar com tom de ironia. — Eu vi várias vezes a sua
cara quando ele estava por perto sem camisa, de sunga, todo molhado. Você nem
conseguia disfarçar o desejo!

— Você tá doida, Mica! — Disse ela, ríspida. — Era você quem ficava secando o Ralph
com os olhos o tempo todo. Estava doida pra dar pra ele desde o começo!

— Não vou mentir — admiti, enfim —, fiquei com tesão sim e não vou negar: transei
com ele e foi uma delícia!

Havia reprovação nos olhos de Kelly. Aquele era um segredo entre mim e Ralph que eu
preferia levar para o túmulo, mas não dava mais para negar agora que a garota havia
descoberto. Eu não sabia onde eu havia errado ou que pista havia deixado escapar, mas
já que a verdade tinha vindo à tona, era tarde para tentar esconder.

— Você me traiu, Mica! Na minha cara! Além de mentir, inventando uma menstruação
só pra não ter que sair da casa, ainda me fez de boba. Me traiu de maneira covarde.

— Você pediu um tempo, não se lembra? Não estávamos mais juntas aquele dia.

— Mesmo assim, Mica! — E ela se exaltou à minha frente, fechando o cenho. Os olhos
verdes agora pareciam sem brilho. Havia decepção em seu rosto — Eu estava lá a
menos de um quarteirão de você. Não houve qualquer consideração por mim, nem pela
minha mãe. Você ficou com o namorado dela, poxa!

Naquele momento, eu me lembrei da minha provocação em cima do colo de Ralph. Ele


estava me penetrando de maneira intensa e em um momento de loucura, mandei que ele
imaginasse a Kelly ali no meu lugar. Eu pedi que ele me visse como ela e ele ficou
ainda mais excitado.

— Mas era com você que ele queria estar naquele momento.

— Do que você está falando, Mica?

— O Ralph. Era comigo que estava na cama, mas tenho certeza que ele preferia estar
com você.

— Não fala merda, garota! Ele é meu padrasto!

— O Victor também era o padrasto da Nic, e os dois treparam do mesmo jeito!

Há algum tempo, nós havíamos descoberto que a nossa amiga em comum, Nicole, tinha
estabelecido um relacionamento proibido com o padrasto dentro de casa enquanto a sua
mãe trabalhava. O caso tinha terminado em escândalo, e quando descobriu o adultério, a
mulher acabou botando a Nic para fora de casa embaixo de tapas e xingos. Mais
ninguém além de nós, os mais próximos, sabia daquela história, mas eu achei pertinente
trazer à mesa.

— Mas eu não sou a Nic e nem o Ralph é o canalha do Victor! — Respondeu Kelly.

— Você está se esforçando para me convencer ou para se convencer, Kel? — Perguntei,


a deixando pensativa do outro lado. — O fato é que somos bem mais parecidas do que
você quer admitir, amiga — continuei —, eu imagino que você tenha ficado bastante
bolada com essa história do seu pai não ser o seu pai de verdade e não tiro a sua razão
de querer dar o troco na sua mãe.

Kelly me fitou parecendo em dúvida sobre a que eu estava me referindo.

— Você deve ter olhado pra aquele pedaço de mau caminho e pensou: “ei, eu bem que
poderia dar uma sentada nesse gostoso pra me vingar da minha mãe por ela ter
chifrado o meu pai e agora eu nem saber de quem sou filha! ”. Fala a verdade! Tenho
certeza que você pensou nisso!

Ela não sabia o que me responder.

— Pois saiba que ele está doido pra te ajudar, amiga — disse, como se as minhas
palavras fossem a verdade mais absoluta —, eu o provoquei naquele dia. Falei que ele
podia imaginar que era você ali no meu lugar e o seu padrasto me pegou com uma
vontade ainda maior quando me ouviu dizer aquilo. O Ralph está cheio de tesão pra te
comer!

Kelly olhou em volta. Um casal que tinha se incomodado com a nossa conversa e o
nosso vocabulário chulo tinha se afastado e mudado de lugar na praça de alimentação.
Finalizei o meu raciocínio:
— Umazinha só nem vai dar nada, Kelly. Te garanto que você vai adorar. Ele é o
máximo na cama!
Capítulo 55 – Noite de Rock e uma dose extra de ciúmes

NÃO ERA NOVIDADE que o meu pai tinha voltado a pegar gosto pela música durante
o clima tenso entre ele e a minha mãe dentro de casa. Na falta de sexo, o ruivo tinha
começado a descontar a sua frustração nas cordas da sua Fender vermelha e branca e
estava cada dia mais empolgado com a sua antiga banda de garagem, a Kisses.

Ainda naquele começo de ano, o senhor Roque Alencar tinha agendado uma nova
apresentação junto aos proprietários do Simmons Rock Bar, a casa de shows na Vila
Madalena onde ele havia tocado com os colegas há algum tempo, e me falou todo
animado que eu podia convidar quem eu quisesse para assisti-lo.

A minha relação com a Kelly andava meio estremecida desde a nossa discussão no
sushi-bar, mas dotada da maior cara de pau que Deus havia me dado e sem a menor
intenção de querer me afastar da garota a quem eu tinha me apegado, eu a chamei para
me acompanhar naquela sexta-feira muito louca de Rock N’ Roll.

Assim como da outra vez, o tio Peterson e a tia Elisa foram os primeiros a se
convidarem para acompanhar a minha mãe no camarote do bar de Rock e nós fomos as
primeiras pessoas a ocuparem o lugar elevado assim que a casa de shows abriu as suas
portas. Papai estava concentrado nos bastidores preparando a apresentação com seus
amigos de banda, e ansiosa, comecei a mandar mensagens seguidas para Kelly,
querendo saber por onde ela andava.

Enquanto eu me preocupava com os problemas financeiros dos Castilho e o caso


extraconjugal da minha mãe, eu não tinha notado que a Kelly tinha começado a estreitar
o seu relacionamento pessoal com Danilo Reis, o amigo administrador que Claudia e o
falecido Charles mantinham em comum da época da faculdade. A garota me contou
toda animada que o havia convidado para estar com ela, a mãe e o Ralph durante o
show de meu pai e aquela notícia me deixou levemente insegura.

O bar se encheu muito rapidamente enquanto nós aguardávamos no mezanino pela


chegada de Kelly. Na parte de baixo do ambiente, não havia mais uma mesa desocupada
e os garçons estavam trabalhando incessantemente carregando bandejas com bebidas de
um lado para o outro. Ali em cima, o tio Peter havia começado cedo os trabalhos e já
estava em sua segunda caneca de chope.

— Vai devagar, Peterson — alertou a sua esposa, Elisa — desse jeito, vai acabar bêbado
antes que o seu cunhado pise no palco para tocar guitarra!

Meu tio ruivo deu uma gargalhada, em seguida, respondeu com seu bom-humor
habitual:

— O meu tanque é espaçoso. Ainda tem bastante espaço reservado para os litros de
álcool que eu pretendo beber hoje à noite!
A mamãe caiu no riso junto do cunhado, mas a tia Elisa ficou com uma tremenda cara
de bunda no rosto arrogante. Dentre os irmãos de minha mãe, ela era com certeza a mais
rabugenta deles e às vezes, conseguia me irritar com o ar de superioridade que sempre
tentava imprimir nas mais diversas casualidades de nossos encontros familiares.

Kelly chegou ao bar com a mãe e o padrasto faltando poucos minutos para o início do
show do Kisses e a surpreendi entrando no local de mãos dadas com o tal Danilo Reis.
Eu estava debruçada na mureta que delimitava o espaço do camarote e acompanhei com
curiosidade o quarteto andar pelo piso inferior, chegar até as escadas e vir até o nosso
encontro na parte superior do estabelecimento.

Carla foi a primeira a sair do seu assento para cumprimentar de maneira calorosa
Claudia e o seu namorado Ralph. Eu tinha ficado de extremo mau-humor ao ver a
maneira íntima com que Kelly estava tratando o amigo da mãe e senti de longe todo o
clima que estava rolando entre os dois.

Qual é! Esse cara tem idade para ser o pai da Kelly. Ele não se enxerga não? Pensei,
mais enciumada do que queria admitir.

Feitas as apresentações, Claudia, Ralph e Danilo se juntaram à minha mãe e aos meus
tios em torno da mesa. Peterson ficou fazendo comentários sobre a camiseta de banda
que o acompanhante narigudo de Kelly usava aquela noite e os dois ganharam simpatia
um pelo outro rapidamente.

Eu não via o Ralph desde que o tinha visitado em seu apartamento na véspera de Natal e
foi um tanto quanto embaraçoso voltar a vê-lo todo carinhoso e pegajoso ao lado de
Claudia depois de tudo que nós dois tínhamos feito juntos em cima da cama. Seja para
não dar na cara ou simplesmente para evitar constrangimento, ele mal me olhava
enquanto dividíamos espaço na mesa do camarote, mas eu me peguei pensando em seu
vigor sexual e em como ele era um amante extremamente habilidoso.

“É assim que você quer, sua safada? Bem forte, bem grosso? ”. “É… assim… mesmo…
não para, por favor, não para! ”

Tive que parar de pensar naquilo antes que molhasse inteira a minha calcinha por baixo
da roupa que usava.

Pouco antes do show começar de fato, Kelly e Danilo se aproximaram da mureta e


ficaram a conversar sozinhos enquanto a minha mãe tagarelava com Claudia, Ralph e os
meus tios à mesa. Minha amiga dava todos os sinais de que estava encantada pelo cara
de cabelos crespos e o tocava sempre que dizia qualquer coisa. Seus olhos chegavam a
brilhar ainda mais intensos e não era só pela iluminação acima das nossas cabeças. A
menina estava realmente de quatro pelo sujeito à sua frente e me vi na obrigação de
intervir.

— Então você é o culpado da minha amiga falar tanto de Rock ultimamente?


Eu me meti entre os dois enquanto falavam sobre os shows que ele já havia assistido em
estádios de futebol e os afastei por um tempo. Ambos ficaram surpresos com a minha
interrupção, mas ele logo abriu um sorriso no rosto magro e respondeu:

— Não sei. Eu sou?

Kelly não perdeu tempo em afastar a mão que eu caprichosamente havia espalmado
bem no peito ossudo do administrador. Depois disso, respondeu:

— Eu já gostava antes de Rock. Só não conhecia muita coisa.

O semblante de Kelly tinha ficado levemente fechado. Olhei de um para o outro de


maneira observadora e quase conseguia sentir a energia estática estalando entre eles.

Eu não acredito que ela está mesmo ficando a fim desse cara… ele é um velho! Pensei,
amargurada e morrendo de ciúmes.

— A Kelly estava cheia de dengo para ver o meu pai tocar essa noite — comentei em
direção a Danilo —, o que fez ela mudar de ideia?

Eu sabia que Kelly tinha ficado desconfortável em voltar a socializar com o meu pai
depois do que havia acontecido em minha casa entre nós três e toda aquela história da
suposta gravidez. Sabia também que a menina não queria voltar a encarar Roque por
conta da maneira desrespeitosa com que achava que tinha sido tratada por ele, mas eu
precisava tocar no assunto diante de Danilo. Ele então respondeu:

— Eu não sei o que a fez querer vir, mas eu agradeço por ela ter me convencido a
acompanhá-la. Fazia muito tempo que não assistia a um show num bar como esse!

Ele estava sorridente. Os olhos de Kelly chegaram a brilhar quando o ouviu dizer
aquilo. Tentei estragar o climinha de dia dos namorados entre os dois e disse, ríspida,
insinuando a óbvia diferença de idade entre os dois:

— Deve fazer uns trinta anos, né, tiozinho?

Depois daquela interação com Kelly e Danilo, o show do Kisses não demorou a
começar. Meu pai subiu ao palco acompanhado dos demais colegas e incendiou a
plateia do Simmons com as músicas clássicas da banda de Hard Rock que eles
homenageavam em seus shows.

Eu tinha ouvido mais de 80% da playlist escolhida para aquela noite ao longo de toda a
minha infância e adolescência e estava muito familiarizada com as canções do Kiss que
meu pai vivia ouvindo no aparelho de som de casa. Foi contagiante ouvir de novo os
acordes iniciais de “I Was Made For Lovin’ You”, os riffs de “Detroit Rock City” e os
vocais potentes de “Heaven’s On Fire” tão de perto, mas o clima no bar não era o mais
favorável aquela noite.

Diferente do primeiro show que tínhamos assistido juntas da beirada do camarote,


daquela vez, eu tinha sido botada de escanteio por Kelly, que preferiu acompanhar a
apresentação inteira praticamente agarrada a Danilo. Me afastei um pouco dos dois e
fiquei de longe só assistindo as reações de ambos enquanto cochichavam, se abraçavam
e riam embalados pela música alta que explodia nos amplificadores do palco. O barulho
dentro do bar era praticamente ensurdecedor e a plateia estava mesmo curtindo muito o
show. Eu, nem tanto.

Minha mãe, o tio Peter, a Claudia, o Ralph e até a chata da minha tia Elisa estavam
debruçados na mureta gritando e cantando cada uma das canções tocadas lá embaixo.
Apesar da minha satisfação em ver o meu pai tão à vontade tocando a sua guitarra em
frente àquelas pessoas, aquela não era uma noite alegre para mim. Ver Kelly encantada
por aquele sujeito tão sem graça, agarrada, lhe dando beijos no rosto e vibrando como se
não quisesse estar em mais nenhum lugar do mundo além do seu lado tinha me afetado
pra valer e me peguei totalmente desmotivada até o fim da exibição do Kisses.

Primeiro era o Rodrigo Monterey, depois, o padrasto Ralph… agora é esse cara? O
que ela viu nele? O que esse sujeito magrelo pode ter de tão especial? Por que ela
ficou tão encantada por ele a ponto de me deixar de lado?

Após o show explosivo que apresentaram na casa de espetáculos, o meu pai e parte dos
integrantes da banda se reuniram com o nosso grupo no mezanino e todos juntos
começaram a trocar algumas ideias. O assunto, como não podia deixar de ser, girou em
torno de música e a Kelly fez questão de se sentar bem perto de Danilo.

Durante a conversa regada a muito chope, os amigos de papai disseram que estavam
pensando em apresentar um show mais acústico para as próximas noites e foi a vez de
Danilo dizer que sabia tocar violão. Assim como papai e o tio Peter, o administrador
também havia feito parte de uma banda em sua juventude e partiu do baixista do Kisses
o convite para que o cara tocasse com eles num próximo show. Ele agradeceu o convite,
disse que ia pensar e recebeu todo o apoio moral da sua mais nova admiradora. Kelly
nem conseguia disfarçar que estava de quatro por ele.

Algum tempo depois, na hora das despedidas do lado de fora da casa de shows, eu vi o
meu pai se aproximar de maneira discreta de Kelly e lhe sussurrar algo em seu ouvido.
Eu estava de longe cumprimentando de maneira educada a tia Cau e o Ralph, e não
tinha condições de saber o teor daquele cochicho.

Logo depois de ficar extremamente desconfortável com a aproximação de meu pai,


Kelly voltou a sorrir e segurou uma das mãos de Danilo para segui-lo pela calçada em
frente ao bar. Eu então me aproximei da minha amiga para me despedir e enquanto a
abraçava, não resisti em despejar todo o meu veneno, com os ciúmes me cegando:

— Esse velho pedófilo não vai ficar com você. Para de ser tonta!

Kelly estava atônita quando nos afastamos uma da outra e o seu semblante demonstrava
que ela tinha ficado entristecida com aquele meu comentário maldoso. Algum tempo
depois, lhe dei as costas e nós não voltamos mais a nos falar por um longo período
depois disso.
Capítulo 56 – Plano ardiloso

UMA SEMANA APÓS o show do Kisses no Simmons Rock Bar e de toda a frustração
por conta da Kelly e aquele que aparentava ser o seu novo interesse amoroso, eu voltei a
me encontrar com a Michele e embora eu nem desconfiasse, a garota tinha novidades
acerca do envolvimento da nossa amiga em comum com o administrador de empresas
Danilo Reis.

Apenas um dia após o show, Kelly tinha convidado Michele para a acompanhar até a
casa do cara que ficava num bairro da Lapa, em São Paulo, e a garota tinha tido uma
crise de ciúmes por conta de uma outra pessoa que estava presente no local.

Aline Ferreti tinha conhecido Danilo durante a festa de aniversário de Kelly e os dois
tinham ficado próximos quando a jogadora de vôlei descobriu que a sua mãe, Edna, era
funcionária da Sol Nascente que o cara administrava. A Kelly não fazia ideia que os
dois se conheciam naquele nível e quando percebeu que, aparentemente, havia mais
alguém na disputa pelo coração do sujeito, ela perdeu as estribeiras.

— Nunca tinha visto a Kel com tantos ciúmes nem na época que vocês duas se
pegavam! — Disse Michele enquanto caminhávamos juntas até o ponto de táxi perto da
minha casa — Pelo que eu entendi, a Aline estava lá na casa para um almoço que ele
mesmo havia preparado para a mãe dela e mais uma das corretoras que trabalham com
eles. Rolou o maior climão entre a morena e a Kelly. Eu que tive que segurar as pontas
da menina pra não rolar barraco!

Aline Ferreti tinha começado a jogar vôlei profissionalmente após a vitória do seu time
no intercolegial em que o seu colégio e o Dom Pedro II haviam participado há seis
meses e ela era extremamente bonita, além de ter um corpo definido de dar inveja. Eu
quase conseguia entender o motivo da raiva de Kelly.

— Mas você acha que o Danilo arrasta uma asa para o lado da Aline? — Perguntei,
imprimindo o máximo de malícia possível em minha voz.

— Eu acho que não — respondeu Michele quase sorrindo em contar a fofoca —, mas a
Kelly acha que sim. A Aline ficou o tempo todo flertando com ele durante o tempo em
que eu estive em sua companhia na casa. Parece que ela também é afinzona do cara,
mas ele não demonstrou gostar dela.

Eu decididamente não entendia aquele fascínio todo por Danilo. A meu ver, ele não
passava de um magrelo narigudo feio e desengonçado.

— Mas, e a Kelly? Ela está mesmo interessada por esse cara?

Michele abaixou o tom fazendo menção de que iria contar um grande segredo:

— Totalmente interessada. Quando todo mundo foi embora, o Dan me levou de carro
até a minha casa e os dois iam ficar sozinhos na casa dele depois disso. Duvido que não
tenha rolado nada entre eles!
Aquela era a grande constatação de que eu estava perdendo cada dia mais espaço na
vida de Kelly e mal consegui conter o sentimento de inveja e rancor que me tomou o
peito.

Se ela não se sentir mais dependente emocionalmente de mim, a Kelly não vai mais ter
motivos para ser nem mesmo minha amiga… eu vou perder essa garota pra sempre!

A minha mente estava em polvorosa, mas eu não tinha tempo para pensar naquele
assunto aquele dia. Assim que Michele e eu tomamos um táxi no bairro da Saúde, o
motorista nos conduziu até a imobiliária que alugava o flat onde a minha mãe
costumava se encontrar com o seu amante misterioso, e em troca de algumas notas de
cem Reais, não foi nada difícil conseguir a informação que o lugar estava sendo
negociado em nome da A3, a agência de arquitetura de Carla, e que por isso a locação
não constava nas faturas de cartão de crédito que chegavam pelos Correios todos os
meses em minha casa.

— Agora é certeza que ela está escondendo o aluguel do flat do papai, por isso não tem
deixado rastros desse gasto em seu próprio nome — elucubrei ainda na companhia de
Michele, que perguntou:

— E como você vai fazer para descobrir quem é o cara com quem ela tem saído?

Eu não fazia ideia, mas a minha amiga parecia ter a resposta.

Na noite seguinte, eu entrei em contato com um investigador particular que atendia num
endereço suspeito perto da casa de Michele, no bairro da Água Branca. O pai da menina
era amigo do sujeito dos tempos de colégio e costumeiramente saíam para tomar cerveja
juntos. Michele só o conhecia de longe, de vê-lo na companhia de seu pai, mas sabia
com o que o cara trabalhava e quanto ele costumava cobrar por seus serviços.

— A moça tem certeza que pode pagar pelo trabalho?

Taumaturgo Vandré era um cara baixinho e calvo que atendia num escritório fuleiro
fedendo a cigarro. Tinha uma barriga estufada, usava suspensório para segurar a calça e
gostava de fazer pinta de galã de filme pornô cada vez que falava e gesticulava atrás da
mesa. Michele tinha me acompanhado até o lugar e a sua presença tinha me deixado
mais tranquila quanto a eu não ser agarrada e estuprada naquele lugar solitário dentro do
prédio praticamente deserto. O local parecia mais uma parada de molestadores do que
um escritório de detetive, mas como eu dependia daquele cara para prosseguir com
meus planos, parei de me queixar.

— Te pago quatrocentos de entrada e o restante quando terminar o serviço.

Eu tinha passado no caixa eletrônico antes de me dirigir ao escritório e tirei de dentro da


minha carteira as notas de cem, as botando em cima da mesa.

— E a moça quer o serviço completo? Fotos, vídeos…?


Eu não sabia como funcionava uma investigação na vida real e apenas assenti com a
cabeça. Se fosse como nos filmes, aquele seria um dinheiro bem gasto.

— Me dê o seu número de celular que eu te passo por mensagem todo o itinerário da


minha mãe, horário de saída do trabalho e os dados do SUV que ela dirige.

Vandré me passou o seu contato e pouco depois, começou a investigar.

Menos de uma semana depois do meu primeiro contato com o investigador particular, o
cara me chamou via WhatsApp com todas as provas que tinha conseguido do caso
extraconjugal da minha mãe com um rapaz de nome Gilson Lins. Com uma
regularidade impressionante, os dois se encontravam no flat próximo à rua Vergueiros
às terças e sextas e costumavam ficar por mais de duas horas juntos no local. Na hora da
saída, se cumprimentavam discretamente junto à calçada em frente ao prédio e seguiam
caminhos distintos: ela, rumo à nossa casa na Saúde, ele em direção ao Jardim Novo
Mundo onde morava com a mãe e a irmã mais nova.

A minha mente estava fervilhando e chamei Michele via chamada de vídeo assim que
recebi as informações do amigo de seu pai.

— A safada está de caso com um cara quase dez anos mais novo que ela, Mi — disse
em sussurro em frente a meu iPhone. Minha amiga tinha expressão séria do outro lado e
continuou me ouvindo falar, enquanto eu andava pelo quarto —, eles se encontram toda
semana e ficam horas dentro do apartamento… fodendo!

O cenho de Michele se comprimiu.

— Você sabe quem é o cara?

— Não — respondi de imediato —, procurei pelo nome nas minhas redes sociais e não
é ninguém que já tenha algum convívio com a minha família. Ele é irmão da secretária
da agência de arquitetura, a Nádia. Eu nunca o encontrei pessoalmente.

— Provavelmente, eles se conheceram lá mesmo no prédio do escritório — concluiu


Michele do outro lado.

— Ela esteve enganando o meu pai todo esse tempo, a vadia!

Eu estava exaltada e nem tinha parado para pensar no tanto de vezes que eu mesma
havia traído a minha mãe me oferecendo à noite para o meu pai, e a quantidade absurda
de vezes que nós dois havíamos nos relacionado dentro daquela casa sem o
consentimento de Carla. Meu pai era tão adúltero quanto a esposa e em nenhum
momento eu o acusava de o ser, mesmo sabendo todas as cachorradas que ele aprontava
na rua, incluindo quase engravidar a Kelly.

Por que então estou tão brava pelo fato de que a minha mãe tem dormido com outro
homem que não o meu pai?

Enquanto eu parava um segundo para refletir, Michele me perguntou:


— O que você pretende fazer com todas essas informações, Mica?

Eu não sabia a resposta de imediato, mas as próximas horas iriam me ser de grande
valia e eu armei um esquema com Michele para me aproximar do tal Gilson.

O Jardim Novo Mundo ficava a menos de seis quilômetros da minha casa, e como
estávamos de férias no colégio até fevereiro, usamos de nosso tempo livre para visitar o
bairro, mais especificamente, a academia de judô onde Gilson Lins treinava crianças e
adolescentes.

A academia ficava no piso superior de uma galeria que vendia bijuterias, aparelhos
eletrônicos e bugigangas diversas e não foi difícil chegarmos lá de carro. O Valmir tinha
me enchido de perguntas a respeito do motivo pelo qual eu não estava usando os seus
serviços ultimamente e eu dei uma desculpa evasiva de que a Michele tinha vergonha de
falar as abobrinhas dela na sua frente. Eu sabia que era uma resposta vaga e esdrúxula,
mas tinha servido a contento para aplacar as desconfianças do meu motorista.

Assim que o taxista se mandou do outro lado da rua, Michele e eu subimos o lance de
escadas que nos conduziu até a academia e falamos de preço e os benefícios da prática
do judô com o atendente de ascendência asiática que nos atendeu junto ao balcão. O
funcionário nos levou para conhecer o ambiente onde ficava o dojô de treinamento e
vimos uma dezena de crianças com idade inferior a onze anos praticando com dois de
seus mestres, entre eles, o Gilson.

Gilson era um rapaz de estatura mediana, ombros largos, pescoço grosso e cabelos
castanhos claros. Estava usando um quimono branco sobre o corpo forte quando o vi
mais de perto a primeira vez e estava descalço. Era tão bonito quanto parecia nas fotos
de redes sociais e muito, muito mais gostoso.

— Amiga… ele é uma delícia! — Sussurrou Michele a meu lado, quase babando
enquanto encarava o moço a treinar as crianças perto do tatame.

O homem que tinha cedido parte do seu tempo para nos apresentar ao dojô quis explicar
em detalhes questões como graduação, troca de faixas e a questão do uso dos quimonos,
mas eu não estava nem um pouco interessada. Estava preocupada em não ficar muito
tempo exposta diante do professor a fim de que ele não assimilasse muito da minha
aparência e não acabasse me reconhecendo posteriormente junto de minha mãe. Eu não
sabia o grau de intimidade entre os dois e se ela já havia chegado a falar de mim para
ele, mas para que o meu plano funcionasse, era necessário que nenhum deles soubesse
da minha participação nele.

Algum tempo depois da apresentação na academia, eu e Michele retornamos para o


balcão e minha amiga topou em se matricular numa das turmas de Gilson. Ela não tinha
grana para todos os trâmites financeiras que a coisa exigia e eu me propus a pagar todas
as despesas, já que tinha partido de mim a ideia de infiltrá-la na escola de judô como
aluna. Eu ainda tinha as minhas reservas que o trabalho como Cam Girl havia me
proporcionado e não foi nada difícil pagar a primeira mensalidade e ainda bancar os
custos com a compra de quimonos.

Saímos da galeria eufóricas e quando chegamos do lado de fora, expus a minha ideia:

— Você vai dar em cima do professor, vai deixá-lo louco por você a ponto de ele não se
aguentar. Quando conseguir levá-lo pra cama, eu quero que você filme tudo pra que eu
possa mostrar para a minha mãe e acabar com esse romance entre os dois.

Michele tinha certas dúvidas quanto ao meu plano maquiavélico, mas estava disposta a
me ajudar. Se nada daquilo desse certo, na pior das hipóteses, ela ainda poderia se
esfregar no judoca gostoso durante várias aulas em cima daquele tatame e tinha total
certeza que não seria nenhum sacrifício para ela.
Capítulo 57 – O sacrifício de Electra

O ANO LETIVO NO colégio Pedro II já estava prestes a recomeçar quando Michele me


mandou mensagem dizendo que o professor de judô gostoso que estava traçando a
minha mãe havia fisgado a isca e que tinha topado levar a menina a um motel.

Durante várias semanas, a minha amiga tinha usado de todo o seu poder de sedução e
persuasão no intuito de encantar o rapaz com cantadas, conversas ao pé do ouvido
durante as aulas e, posteriormente, com fotos expositivas via aplicativo de mensagem.
Como um otário — e como qualquer outro macho que só pensa com a cabeça do pau —
ele acabou não resistindo ao charme da morena e os dois marcaram de transar num dos
dias em que ele não se encontrava com a minha mãe no flat.

— Não se esquece de gravar tudo, Michele — a avisei por mensagem de áudio —, o


sucesso do meu plano depende de você produzir um vídeo na cama com o judoca.

— Vou fazer esse esforço por você, amiga — disse ela em resposta —, vou tentar não
gostar tanto enquanto aquele pedaço de mau caminho me fode loucamente em cima da
cama!

Michele era quase tão maluca e depravada quanto eu, por isso gostava tanto dela.

— Ok. Me mande notícias assim que conseguir.

Aquela quarta-feira foi uma das mais tensas da minha vida e eu nunca tinha me sentido
tão ansiosa antes. As horas se arrastavam pelo mostrador do relógio em meu iPhone
enquanto Michele não dava sinal de vida e eu quase cometi a estupidez de ligar para a
garota, quase não me aguentando com a espera.

Se eu ligar agora eu posso interromper a filmagem… não posso fazer isso!

Já tinha passado da meia-noite e o som da TV ecoava na sala de casa enquanto o meu


pai assistia a um filme sentado no sofá. O quarto do casal Alencar Castilho estava no
mais absoluto silêncio e Carla parecia dormir profundamente lá dentro. Quando meu
celular vibrou em cima do móvel, eu quase saltei sobre ele de ansiedade. Uma
mensagem de Michele piscava na tela.

“Deu certo, Mica. Eu consegui. ”

Liguei para Michele na mesma hora e ela demorou algum tempo para atender. Dava
para ouvir o som de água caindo do outro lado da ligação e ela me disse que já tinha
chegado em casa e que estava no banho.

— E aí, Michele? Como foi?

Ouvi um suspiro seguido de um riso nervoso.


— Eu tô acabada — e ela deu outro riso, desta vez, mais contido —, o namorado da sua
mãe é um deus do sexo, amiga. Consigo entender perfeitamente porque ela ficou tão
maluca por ele.

Michele perdeu alguns minutos descrevendo o professor de judô fisicamente e como ele
era na cama. Eu tinha ficado excitada só de imaginar, mas precisava saber sobre o
vídeo.

— A minha bateria quase descarregou toda enquanto eu filmava, mas ficou bem nítido.
Dá pra ver em detalhes nós dois na cama…

— Para de enrolar e me manda logo a porra do vídeo, Michele.

— Tá bom, calma.

O arquivo demorou algum tempo para carregar todo em minha tela, mas assim que o
download se completou, eu me sentei em minha cama para assistir o filminho pornô
produzido por Michele. Pelas imagens, dava para ver que Gilson era mesmo tudo que a
minha amiga tanto havia alardeado e me vi sedenta relembrando as minhas próprias
aventuras sexuais enquanto assistia ao cara pegando a menina com força por cima dela,
com ela de quatro e finalizando com ele inclinado às suas costas, a puxando de ladinho.
Era mesmo um espetáculo primoroso de se ver e a minha mente trabalhava incessante
ao pensar em como eu iria fazer uso daquele filme.

— Mica, a sua mãe me conhece. Ela vai me ver no vídeo, vai saber que sou eu. Ela vai
ficar brava comigo.

— Quanto a isso não há o que se fazer, Michele — respondi a ela por mensagem —, eu
vou blindar você de possíveis represálias por parte dela. O mais importante é que
conseguimos uma prova definitiva que esse cara é um cachorro traidor e que ele não
pode mais ficar com a minha mãe. Eu vou acabar com esse romance indecente e ela vai
ter que se acertar de uma vez por todas com o meu pai.

Em nenhum momento eu havia pensado no que a minha mãe podia estar sentindo
verdadeiramente pelo judoca sarado ou o quanto o seu casamento a estava fazendo
infeliz com as constantes puladas de cerca de papai. Elaborei mais uma vez meu “plano
santo” e sem ser crucificada esperei chegar um dos dias em que ela se encontrava com o
Gilson no flat para liberar o vídeo através de um número que ela não conhecia. Comprei
um chip novo de telefone e pedi que a Michele mesma enviasse o arquivo com a
mensagem:

“Você não sabe quem é o seu namorado de verdade”.

A partir daquele dia, eu comecei a observar de perto o comportamento de Carla dentro


de casa e ela estava cada vez mais nervosa e impaciente. Depois da fase da raiva, ficou
triste e deprimida, até que veio a fase do choro. Eu a pegava choramingando pelos
cantos da casa e sempre que eu perguntava o que estava acontecendo, ela respondia um
“nada” apressado e se afastava.

Procurando fazer o papel de boa filha — que eu cheguei à conclusão que eu nunca tinha
sido de verdade — tentei fazer com que ela se abrisse comigo para me contar sobre o
seu caso com o professor de judô ou o que tinha acontecido depois que eu havia enviado
secretamente o arquivo com o vídeo entre ele e a Michele no motel, mas ela não
colaborou. Carla sabia do meu apego por meu pai e jamais admitiria a sua traição
sabendo que eu sempre o defenderia, não importasse a circunstância.

Os dias se passaram e pelo que eu soube junto ao senhorio que cuidava do flat — tendo
que sacrificar mais uma grana para que ele abrisse o bico — o lugar não foi mais usado
por minha mãe depois do último encontro entre ela e Gilson. Carla também estava
chegando mais cedo do trabalho todas as terças e sextas e pouco a pouco, ela e o papai
voltaram a se entender. Ainda não era uma reconciliação, mas tudo parecia se
encaminhar para que fosse em breve.

O ano letivo no Dom Pedro II começou e foi a vez de eu reencontrar a minha turma e
matar um pouco as saudades dos colegas. Era o primeiro ano que não tínhamos a Nicole
por perto depois da sua mudança para o Espírito Santo, mas a classe tinha ganhado uma
porção de novos alunos.

Kelly continuou arredia comigo por mais algum tempo até as primeiras duas semanas de
aula, mas não demorou para que nós fizéssemos as pazes e ela admitisse que sentia falta
da minha amizade, apesar de eu ser cruel com ela às vezes. Confessei a ela a minha
parcela de culpa, não vi problemas em dizer à garota que estava com ciúmes da sua
relação com o tal administrador Danilo, mas ela não quis levar o assunto à diante.

— São águas passadas, Mica — disse ela —, desde que você prometa que não vai mais
tratar ninguém do meu convívio fazendo pouco caso da pessoa, nós vamos continuar
nos dando bem, como antes.

A malícia brilhou em meus olhos e eu a encarei com cara de safada:

— Exatamente como antes?

Ela deu um risinho, disfarçou e respondeu, enfática:

— Como amigas, Mica. Apenas como amigas.

No final das contas, a amizade de Kelly me bastava. Eu tinha descoberto em mim uma
fragilidade emocional muito grande por conta do que eu sentia em relação às pessoas
próximas a mim e da maneira agressiva como eu queria que essas mesmas pessoas
retribuíssem na mesma medida aqueles sentimentos. Eu havia aprendido que não dava
para controlar a maneira como os outros pensavam e já conseguia admitir a mim mesma
o quanto aquele meu comportamento controlador era tóxico. Por causa do meu jeito
egoísta em querer tudo só para mim na hora que eu decidisse, eu quase tinha perdido a
amizade de Kelly e o carinho da minha mãe, por isso, tinha entendido que precisava
mudar.

As minhas sessões com a doutora Fabíola passaram a ser mais regulares durante as
semanas seguintes e eu decidi me abrir mais para tratar aquela minha dependência
emocional. Foi sentada no divã do seu consultório que eu finalmente entendi que estava
sendo uma escrota com as pessoas que amava e que precisava aceitar as minhas
fraquezas caso quisesse evoluir como ser humano.

Eu continuei sendo a ruiva porra-louca e espevitada de sempre com o passar do tempo,


mas tinha aprendido a controlar melhor o meu gênio. Na minha luta para me tornar a
melhor versão de mim mesma, eu havia abdicado do meu desejo doentio por Roque e
estava pronta a aceitar o meu verdadeiro papel dentro de casa como a sua filha.

Como a analogia que havia usado para começar esse texto, no final da história, a Electra
abriu mão de seu amor proibido por Agamemnon, afastou Egisto do convívio de
Clitemnestra e deixou que seus pais vivessem felizes para sempre… ou pelo menos, o
tempo certo que o seu apreço um pelo outro durasse. Como tinha que ser.

FIM

23/07/2021 - 07/06/2022

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