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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO


PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO
FACULDADE DE MEDICINA
DISCIPLINA: INTERAÇÃO COMUNITÁRIA I
DOCENTE: PROF. DR. NEUDSON MARTINHO

VISITA DOMICILIAR- Marcos


históricos, finalidades, importância
e barreiras.

Prof. Neudson Martinho


Especialista em Saúde da Família
Mestre em Saúde Comunitária
Doutor em Educação / Educação em Saúde
MARCOS HISTÓRICOS

 pré-científico ou religioso: enfoque assistencialista, caridade


com pobres e doentes;
Século XVI → criação do Instituto das Filhas de
Caridade (Itália) → irmãs prestavam assistência a pobres
e doentes em seus domicílios.

 científico: +/- 1850 → sistematização dos procedimentos da


visita domiciliar (VD). Surge o Serviço de Enfermagem Distrital
na Inglaterra.
 +/- 1900 → começa-se a pensar na capacitação
profissional para o desenvolvimento desta atividade.
NO BRASIL
 1921 → Chegam ao Brasil enfermeiras Norte - Americanas
para orientar e assistir o processo de assistência aos
tuberculosos tratados nos dispensários e estudar a possibilidade
de formar enfermeiras visitadoras no país;
 O serviço de enfermeiras visitadoras Norte Americanas vem
ao Brasil com o objetivo da PREVENÇÃO e TRATAMENTO DA
TUBERCULOSE através da visita domiciliar;
 1922 → Funda-se a Escola superior de Enfermagem Ana Nery
no Rio de Janeiro→ influência de Nightingale → visava a
formação de enfermeiras de assistência primária. Estas também
são convidadas a dar palestras para futuros médicos em escolas
de medicina sobre Visitas domiciliares.
CONCEITUAÇÃO DE VD
Conceitos sobre Visita Domiciliar(VD)
 A visita domiciliar é uma “forma de atenção em Saúde Coletiva
voltada para o atendimento ao indivíduo, à família ou à
coletividade que é prestada nos domicílios ou junto aos diversos
recursos sociais locais, visando a maior equidade da assistência
em saúde” (Ceccim e Machado, s/d, p.1).

 A visita domiciliar é um conjunto de ações de saúde voltadas


para o atendimento, seja ele assistencial ou educativo. É uma
dinâmica utilizada nos programas de atenção à saúde, visto que
acontecem no domicílio da família (Mattos, 1995).

 A visita domiciliar “ é vital para a educação em saúde”


(Tyllmann e Perez, 1998, p. 2).
OBJETIVOS DA VD

Finalidades da VD
 Conhecer o ambiente familiar e as microáreas de moradia dos
usuários do centro de saúde, ampliando o nível de informações e
conhecimentos relativos ao auto-cuidado, ao uso dos recursos
sociais, à ação política em saúde ou, ainda, como atitude
complementar às ações de vigilância em saúde.

 Prestar de cuidados de saúde no domicílio;

 Educação em saúde para família,

 Supervisão dos cuidados delegados à família.

 Orientações à família, quanto a cuidados domiciliares de saúde


a pacientes acamados e/ou com morbidades crônicas;

 Coleta de informações sobre as condições sócio sanitárias da


família, para consolidação epidemiológica.
TIPOS DE VD

Tipos de VD
 VISITA CHAMADA → é um atendimento realizado na casa do
indivíduo ou família, por este ou esta possuir algum tipo de
limitação, por exemplo, doença aguda ou agudização de um
problema crônico ou por outro tipo de limitação (seqüelados de
AVE, amputação, cirurgias recentes).

 VISITAS PERIÓDICAS → são feitas para indivíduos ou


famílias que necessitam de acompanhamento periódico, por
exemplo, pacientes crônicos, acamados, idosos, doentes mentais,
egressos de internações hospitalares, pode haver até coleta de
exames. Marcado com periodicidade semanal, quinzenal ou
mensal.
TIPOS DE CUIDADOS DOMICILIARES
 INTERNAÇÕES DOMICILIARES → são indivíduos ou famílias
que escolheram realizar o tratamento em casa, geralmente são
necessárias para pacientes terminais de câncer, quando grande
parte dos cuidados pode ser realizado pelos familiares. A equipe
apoia e maneja a situação para promover a qualidade de vida
neste momento.

 HOME CARE → Cuidados domiciliares prestados por equipe


interprofissional de saúde. Porém, com diferenças da internação
domiciliar;

 Os variados tipos de visita domiciliar são dinâmicos, podendo-


se modificar durante o processo. Um chamado pode se tornar
uma internação domiciliar, após a alta pode-se necessitar se
tornar um home care.
QUEM REALIZA A VD

QUEM DEVE FAZER VD?


 Todos os membros da equipe de saúde: enfermeiros, médicos,
auxiliares/técnicos de enfermagem, assistentes sociais,
psicólogos, dentistas, acadêmicos e agentes comunitários de
saúde → cada um em seu campo específico, mas agindo de forma
interprofissional.

 Agentes Comunitários de Saúde:

 faz a ligação entre a comunidade e o serviço de saúde;

 São mais presentes nas VDs;

 fazem cadastramento, acompanhamento e trabalho educativo básico;

 realiza, no mínimo, 1 VD/mês/família, em alguns casos a frequência é


maior.
VANTAGENS DA VD

QUAL A IMPORTÂNCIA DAS VD?


 Proporciona aos profissionais o conhecimento sobre o indivíduo
(contexto de vida, meio ambiente, condições de habitação,
relações afetivo-sociais da família), para possibilitar a prestação
da assistência integral à saúde.

 Facilita a adaptação do planejamento da assistência


interprofisisonal de acordo com os recursos que a família dispõe.

 Melhora relacionamento do grupo familiar com o profissional


de saúde, por ser sigiloso e menos formal.

 Dar maior liberdade a família para expor os mais variados


problemas, tendo-se um tempo maior do que nas dependências do
serviço de saúde.
ALGUMAS BARREIRAS COM RELAÇÃO AS VDs

 Método dispendioso, pois demanda custo de pessoal e de


locomoção.

 Ocorre um gasto de tempo maior, tanto na locomoção como na


realização da visita.

Médicos e outros profissionais de nível superior que se negam a


fazer as VDs, achando que só os ACS devem fazê-la.

 Contratempos advindos da impossibilidade de marcar a visita:


não ter ninguém em casa, o endereço não existir, a pessoa não
residir mais naquele endereço.

 Os afazeres domésticos das donas de casa podem impedir ou


dificultar a realização da visita domiciliar.
PLANEJAMENTO DA VD
1º) Estabelecer critérios epidemiológicos e populacionais.

2º) Seleção das pessoas, famílias ou microáreas que serão


visitadas (observando as prioridades).

3º) Planejamento específico: definido o objetivo da visita, deve-


se analisar as informações referentes ao sujeito da VD no
serviço de saúde.

4º) Execução: início, desenvolvimento e encerramento.

5º) Registro: em prontuário (e-SUS) na UBS.

6º) Avaliação: do profissional que realizou a VD.

7º) Discussão: em reunião com a equipe, referente aos problemas


encontrados pelo visitador.
PLANO DE VD

1º) Dados de identificação do sujeito a ser visitado.

2º) Justificativa.

3º) Objetivo.

4º) Plano de ação.

5º) Recursos.

6º) Avaliação.

7º) Registro no prontuário da família.


REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
CECCIM, Ricardo Burg; MACHADO, Neusa Maria. Contato Domiciliar em Saúde Coletiva. Porto Alegre: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, s/d. 7p.
MATTOS, Thalita Maia de. Visita Domiciliária. In: Enfermagem Comunitária. São Paulo: Editora Pedagógica e
Universitária, 1995. p.35-39.
MAZZA, Márcia Maria Porto Rosseto. A Visita Domiciliária como Instrumento de Assistência de Saúde. Revista
Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano. São Paulo: USP, jul/dez 1994. Disponível no site:
http://www.fsp.usp.br/MAZZA.HTM.
OLIVEIRA, Francisco J. Arsego; BERGER, Carla B. Visitas Domiciliares em Atenção Primária à Saúde: Equidade e
Qualificação dos Serviços. Revista Técnico-Científica do Grupo Hospitalar Conceição. v.9. n.2. Porto Alegre, jul/dez
1996. p. 69-74.
PADILHA, Maria Itayra C. S.; CARVALHO, Maria Teresa C. de; SILVA, Mariangélica O. da et al. Visita Domiciliar – Uma
Alternativa Assistencial. Revista de Enfermagem UERJ. v.2. n.1. Rio de Janeiro, maio 1994. p.83-90.
ROESE, Adriana; LOPES, Marta Julia Marques. A Visita Domiciliar na Modalidade de Busca Ativa como Instrumento de
Coleta de Dados de Pesquisa e Vigilância em Saúde: Estudo Desenvolvido com Famílias de Adolescentes Vítimas de
Homicídio em Porto Alegre de 1998 a 2000. 2002. 38 f. Trabalho de Conclusão (Graduação) – Escola de Enfermagem,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.
TYLLMANN, Gládis; PEREZ, Sílvia Maria Santos. Entrevista e Visita Domiciliar. SSMA, Santa Rosa, 1998. 6p.

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