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AS TRAJETÓRIAS GEOGRÁFICAS DO PIONEIRO

ANDRÉ MAGGI NO CONTEXTO DA ABERTURA DA


FRONTEIRA DO OESTE PARANAENSE

Henrique Mendonça dos Santos¹

Resumo: O texto faz referência a uma importante figura que atuou nas interações
comerciais que possibilitaram o crescimento e a continuidade da dinâmica desejada
na fronteira do estado do Paraná. Essa figura trata-se de André Maggi, que passou
por um longo processo durante sua vida e tudo começou quando decidiu sair de sua
cidade natal para tentar algo novo com sua família em uma região que estava
chamando atenção de diversos forasteiros que desejavam novas oportunidades de
vida, principalmente com o crescimento do comércio de madeira-de-lei que estava
em constante crescimento na região da fronteira paranaense. Maggi era
extremamente visionário e quando se via em uma situação que não o favorecia,
logo pensava em uma maneira de mudar seu cenário e provou que pode dar certo
de qualquer maneira quando se refuncionalizou com a produção de grãos,
principalmente a soja.

Palavras-chave: André Maggi; Fronteira do estado do Paraná; Madeira-de-lei; Soja.

Abstract: The text refers to an important figure who acted in the commercial
interactions that made possible the growth and continuity of the desired dynamics on
the border of the state of Paraná. This figure is André Maggi, who went through a
long process during his life and it all started when he decided to leave his hometown
to try something new with his family in a region that was attracting the attention of
many outsiders who wanted new opportunities for life, mainly with the growth of the
hardwood trade that was in constant growth in the border region of Paraná. Maggi
was extremely visionary and when he found himself in a situation that did not favor
him, he soon thought of a way to change his scenario and proved that it can work
anyway when he refunctionalized with the production of grains, mainly soybeans.

Key Words: André Maggi; Border of the state of Paraná; Hardwood; Soy.

1. Introdução

Na década de 30 durante no início Argentina em um projeto político que


do governo Vargas, o presidente levava o nome de “marcha para o
objetiva a nacionalização e ocupação oeste” região onde se encontravam
dos limites paranaenses, limites esses trabalhadores rurais donos de terra.
que se depararam com o Paraguai e a Todavia, diversos problemas surgiram

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na institucionalização desse projeto de mais atraente para o aumento da
nacionalização pois, havia uma grande população e também trazer
necessidade de mão-de-obra que trabalhadores para as indústrias
geralmente era derivada dos visando o aumento da economia local.
paraguaios somada a distribuição da Mas, nem tudo deu certo nessa
estrutura fundiária que na época tinha tentativa, as pessoas tinham que
boa parte pertencente a latifundiários enfrentar condições adversas
de fora do país. Apesar disso tudo, diferentes de seus estados de origem
ocorreram diversas transformações na com a questão do ecossistema local
localidade, principalmente após o que possuía muitos insetos e pragas.
declínio do comércio da erva-mate e Uma das tentativas de solucionar o
baixa importação argentina por conta problema foi derrubar as matas, um
das guerras mundiais. Finalmente, nos trabalho que geralmente ficava sob a
anos 40 outro produto teve destaque responsabilidade dos paraguaios por
no mercado paranaense, a serem mais habituados. Muitas
madeira-de-lei que possibilitou a famílias estiveram presentes e
abertura da fronteira do Paraná. decidiram ocupar a fronteira, uma
dessas famílias foi a de André Antônio
2. O comércio da madeira-de-lei Maggi.

O início do processo da abertura 3. Os caminhos de Maggi


da fronteira deu-se com a colonização
que ocorria, principalmente, nas Maggi chegou a na fronteira
margens dos rios da localidade o que paranaense no ano de 1955 e foi uma
apresentava uma emergência na importante figura na economia da
estrutura fundiária da região por conta região. Ele nasceu na cidade de
do grande número de colonizadores. Torres no estado do Rio Grande do
Esses colonizadores possuíam o Sul e morou com seus avós até que
poderio sobre milhares de hectares eles morreram e ele foi viver com seus
em terra com o principal intuito de tios onde posteriormente montaram
vendê-las posteriormente. Com o um pequeno engenho de farinha e
desenvolvimento do processo, além disso André também plantava.
começaram a surgir diversas Alguns anos depois conseguiu juntar
empresas nativas do Rio Grande do dinheiro e comprar parte do terreno
Sul dentre elas a mais importante a dos seus tios, e logo se casou com
madeireira Maripá que tinha sede no outra importante figura: a dona Lúcia.
estado gaúcho de onde se derivou a André Maggi era bastante visionário e
maior parte de sua mão-de-obra, estava sempre procurando novas
essas pessoas vinham para o Paraná oportunidades. Com o interesse de
em busca de uma melhor qualidade de acumular dinheiro, entrou uma jornada
vida e terra. É evidente que um dos com sua família composta por duas
objetivos existentes no projeto de crianças e outra que ainda estava
nacionalização e abertura da fronteira sendo gerada no ventre da mãe.
do estado do Paraná era tornar o local Percorreu um vasto caminho por

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dentro do estado de Santa Catarina estava sobre os domínios da Serraria
até chegar no povoado de Gaúcha na Cacique que era pequena e ficava aos
fronteira do Paraná, onde se fundos da fazenda. A vida de Maggi foi
estabeleceu e passou por diversas melhorando aos poucos, até que se
dificuldades financeiras em uma área tornou um líder político influente na
que estava constantemente sofrendo região que já tinha se tornado um
com as transformações do comércio município emancipado: o município de
da madeira-de-lei, porém a questão São Miguel do Iguaçu. Seus ideia na
intrigante era muitos colonos política eram claros e não visava se
chegavam a região sem saberem da beneficiar financeiramente no poder
questão da madeira. político, mas uma maneira de projetar
o município na economia nacional.
4. A ascensão dos Maggi
5. Mudança de setor
Sem recursos financeiros, Maggi
se vê obrigado a trabalhar na Serra de Em decorrência do surto colonial e
São Pedro, lugar onde estava sendo do desmatamento exagerado, uma
oferecida uma grande quantidade de série de problemas na economia da
emprego. Na Serra de São Pedro região se iniciaram. A serraria dos
Maggi encontrou trabalho em uma Maggi teve de ser vendida nos anos
serraria onde logo ficou responsável 70. Como um grande visionário, André
pela administração mas as já procurava uma maneira de se
dificuldades financeiras não cessaram sobressair daquela situação, então
e ele teve que voltar para o Rio voltou suas atividades para a
Grande do Sul. Porém Dona Lúcia agricultura e se afastou da polícia.
teve um papel importantíssimo nesse Dentro do campo da agricultura foi um
período, pois por ter uma dos pioneiros na mecanização
personalidade forte demandou que agrícola e viu algo significante na
sua família não andaria para trás e produção de grãos como café e milho,
suas vidas teriam de ser construídas mas seu trunfo viria ser a produção de
na fronteira paranaense, algo que soja. A partir da expansão do mercado
marcou a vida deles para sempre. da soja André percebeu que poderia
Estando de volta na serraria Maggi foi fazer uma grande exploração nessa
promovido a gerente do área de produção de sementes. O
estabelecimento e além de trabalhar negócio foi dando certo e ele começou
durante a semana também trabalhava a fornecer para outros produtores da
nos fins de semana coletando madeira região em forma de financiamento.
para vender, assim poderia Todo esse processo ocasionou
complementar a renda da sua família diversas mudanças no âmbito das
e juntar algum dinheiro. Trabalhando interações comerciais do município. A
intensamente, após dois anos e meio produção de soja para os Maggi
saiu da região de São Pedro, e com cresceu tanto, que chegou ao ponto
dinheiro suficiente ele comprou a de preparação para a abertura de uma
fazenda de São Vicente que antes nova filial, demarcando o sucesso e a

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importância da persistência de André
Maggi.

6. Referências

SILVA, Carlos Alberto Franco da.


Corporação e redes em áreas de
fronteira. Cuiabá: Editora Entrelinhas,
2003.

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