SOBERANIA ALIMENTAR E CAMPESINATO:

DISPUTAS TEÓRICAS E TERRITORIAIS

Henrique Mendonça dos Santos¹

Resumo: A compreensão dos desdobramentos territoriais é essencial visto que

mesmo após tantos avanços no âmbito técnico da agricultura, problemas como a
fome insistem em sua permanência. O ponto chave a ser tratado é a soberania
alimentar que basicamente é responsável por regular a produção e a distribuição
dos alimentos, o que enfatiza o papel da reforma agrária como uma arma contra a
desigualdade social.

Palavras-chave: Agricultura; Soberania alimentar; Reforma agrária.

Abstract: Understanding territorial developments is essential since even after so

many advances in the technical field of agriculture, problems such as hunger persist.
The key point to be addressed is food sovereignty, which is basically responsible for
regulating the production and distribution of food, which emphasizes the role of
agrarian reform as a weapon against social inequality.

Key Words: Agriculture; Food sovereignty; Land reform.

1. Introdução

A diminuição da pobreza e a pela FAO em Istambul. Houve a

erradicação da fome tem sido pauta afirmação do crescimento dos
nas principais necessidades da investimentos nos setores públicos e
humanidade a todo momento, estando privados para a produção de
presente em diversos debates e alimentos, a partir disso, pode-se
eventos como o East Agre realizado entender o importante papel

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desempenhado pela política e a agroecologia, é possível argumentar
ciência, pois a segurança alimentar e que ela possui capacidade de
a soberania alimentar são conceitos alimentar uma população mundial
cruciais nesse contexto, exigindo uma crescente e promover uma soberania
reflexão crítica sobre as estratégias alimentar sustentável.
territoriais adotadas. A concentração
de terras e a especialização produtiva 3. Necessidade de manutenção
representam ameaças à agricultura de
pequena escala. Compreender essas É nítida a necessidade de
questões é fundamental para examinar a interação entre as técnicas
questionar os consensos dominantes modernas e a concentração de capital,
e buscar soluções mais abrangentes. questionando a exclusão da pequena
Esse fato dá-se a partir da análise da propriedade e a viabilidade da reforma
sociedade capitalista a partir da agrária. A dependência técnica em
dinâmica das classes sociais e as relação ao modelo capitalista, a
nuances geopolíticas que têm impacto racionalidade técnica e o mercado
direto no território. fortalecem o projeto da burguesia,
dificultando a busca por outras
2. Agroecologia alternativas. A soberania alimentar é
apresentada como uma abordagem
A defesa da agroecologia como que entra em conflito com a lógica da
base para uma terceira revolução acumulação de capital. O debate
agrícola é extremamente importante. sobre o desenvolvimento é
São destacados os benefícios da contextualizado como uma estratégia
agroecologia na recuperação de geopolítica.
recursos naturais, produção de
alimentos saudáveis e valorização do 4. Lutas
conhecimento local, sustentabilidade e
soberania alimentar e tecnológica. As lutas dos camponeses são
Além disso, é criticado o controle uma forma de ir contra com o modelo
corporativo do conhecimento científico capitalista e seu modo de acumulação
e as limitações da abordagem de riquezas, e por outro lado as lutas
convencional do progresso técnico. dos trabalhadores enfraqueceram
Apesar do ceticismo em relação à devido às políticas neoliberais. A

2
expropriação de terras e recursos se
enquadra como um obstáculo para o
capital, mas uma condição essencial
para os camponeses. A geopolítica
desempenha um papel na proteção
dos interesses capitalistas. Desse
modo, para buscar a emancipação no
campo, é necessário fazer uma
análise das políticas públicas
estabelecidas. A tecnologia está, de
certa forma, ligada à acumulação e
contribui para a fome e a degradação
ambiental. A lógica camponesa,
baseada na soberania alimentar,
oferece potencial para uma alternativa
civilizatória.

5. Referências

PAULINI, Eliane. SOBERANIA

ALIMENTAR E
CAMPESINATO: DISPUTAS
TEÓRICAS E TERRITORIAIS.
Rio de Janeiro: Revista
GEOgraphia, 2015.