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Resumo
Este projeto tem por base continuar uma pesquisa feita no Município de Camaquã no
período de 2002/2003 em que foram relatadas as enormes dificuldades em que os orizicultores
daquela região vinham atravessando desde o governo Fernando Collor de Mello. Nesse
período suas cadernetas de poupança e suas contas correntes foram confiscadas em março de
1990, dificultando o plantio do cereal.
Esta investigação tem como finalidade relatar a lenta, porém realista, recuperação do
setor orizícola no Rio Grande do Sul que vem se esboçando ao longo do governo do atual
presidente; Luis Inácio Lula da Silva, que vem fazendo um trabalho em que prioriza a
agricultura como principal fonte para o “Programa Fome Zero”, destinado à população
carente do país.
Paulo Vianna Sant Anna
O arroz é considerado o alimento vegetal mais antigo e o mais consumido do mundo e
esta tendência ao consumo vem aumentando. Presume-se que dentro de vinte anos a sua
produção terá de dobrar para que se possa atender a toda a população mundial.
Para que isso seja possível se faz mister uma política agrária que venha satisfazer os
anseios da cadeia produtiva no que tange a regularização de dívidas, subsídios para insumos e
sementes como também projetos que visem o aumento da produtividade, gerando lucro e
renda tanto para o produtor gaúcho como para o próprio Estado.
Este trabalho busca abordar a atual situação dessa classe, limitando-se a uma
abordagem acerca das técnicas que estão sendo utilizadas pelos orizicultores e pautada em uma
bibliografia especializada neste setor.
Este Estado é o maior produtor de arroz do Brasil e nunca esteve, de fato, em vias de
aumentar a sua capacidade de produção como ocorre hoje, pois estão sendo feitas várias
pesquisas acerca da possibilidade de uma maior rentabilidade produtiva para o campo
orizicultor.
1
KLEIN, Odacir. Entrevista. In: Revista Lavoura Arrozeira. Porto Alegre, v. 52, n 435, março 2004. p 4.
Paulo Vianna Sant Anna
ação certos direitos que os orizicultores haviam “esquecido” ao longo dos anos. Entre eles está
a Política de Garantia de Preços Mínimos, que vem sendo restabelecida, o que dá garantias ao
produtor nos momentos em que o saco do arroz entra em queda, resultado de uma grande
safra ou, o que é mais provável, das situações oscilantes do mercado. Para o arroz, que é o
nosso tema de interesse, os preços mínimos superam os gastos de produção, o que leva a crer
na boa intenção do governo de estimular o cultivo do arroz.
A partir, então, da década de 60, o governo federal começa a intensificar o seu apoio às
indústrias de bens de consumo duráveis, injetando na economia nacional o capital estrangeiro.
É a partir deste pressuposto que este trabalho busca retratar os problemas acerca da
atividade orizícola gaúcha, ao longo das décadas de 60-70. Hoje esta mecanização, atrelada ao
empenho do governo estadual em dinamizar a indústria gaúcha, levou os produtores gaúchos a
entrarem e “permanecerem” em uma situação pouco ou nada favorável a eles em vista da
marginalização por parte deste mesmo governo.
O arroz no Estado passou por várias crises ao longo do século XX. No entanto, apesar
de trabalhar-se a mecanização e suas conseqüências, se faz importante analisar a chamada
“Segunda Estagnação” da lavoura arrozeira no RS, que se dá no período de 1955/67, onde a
área e a produtividade obtiveram um crescimento bastante irrisório em detrimento a outros
períodos.
Para o governo gaúcho o aumento da produtividade lhe era interessante, visto que, isso
traria para o Estado um aumento na receita tributária, gerando maiores investimentos em
outras áreas como a indústria, energia elétrica e outros.
Paulo Vianna Sant Anna
O segundo capítulo é dedicado às novas políticas aplicadas ao setor orizícola e as
técnicas e projetos que estão sendo desenvolvidos pelos órgãos de pesquisa estadual e federal a
fim de sanar os problemas que urgem soluções imediatas, como a baixa produtividade das
lavouras de arroz irrigado.
Torna-se pertinente dizer que as crises pelas quais a orizicultura gaúcha tem passado
estão diretamente relacionadas com o modelo político-agrícola adotado pelos governos
estadual e federal, que buscando uma dinamização maior dos setores produtivos, Sudeste e
Centro-Oeste, culminou no desleixo da Região Sul, em especial ao Rio Grande do Sul, que
antes era chamado “Celeiro do Brasil”. Hoje o Estado gaúcho se encontra em uma situação
periférica em relação aos demais Estados produtores de arroz, como, por exemplo, o Mato
Grosso, que está colhendo em torno de 10.000 quilos por hectare, enquanto o RS colhe na
faixa de 6.000 a 6.500 quilos por hectare. Infelizmente, na história da orizicultura gaúcha,
sempre existiu o descaso do governo, principalmente federal, em relação a essa situação.
Dentro deste quadro de desilusão, que vem se esboçando ao longo dos anos, o atual
governo gaúcho, Germano Rigotto, em uma iniciativa para reerguer a classe orizícola, tratou de
incentivar a pesquisa científica e, paralelamente, vem implantando políticas com o intuito de
sanar os anseios dos orizicultores gaúchos.
Naquela época, não havia produção em pesquisas que viesse a beneficiar o arrozeiro no
que diz respeito ao aumento de produtividade, tendo o próprio produtor arcar com despesas
“extras” a fim de melhorar a qualidade de suas terras e por fim, aumentar a produção em sua
lavoura arrozeira. Isso fez com que aumentasse o custo do preparo da lavoura, muito pesado e
arriscado para o agricultor, pois este se viu na necessidade de buscar financiamento a bancos
com a intenção de melhorar sua produção.
O trabalho também analisou opiniões de agentes ambientalistas que lutam por uma
agricultura mais orgânica e de não-agressão ao meio ambiente. Acontece que a situação dos
orizicultores não está preparada para esta nova proposta de produção, pois se torna difícil para
um Estado onde a maior parte da produção é feita em terras arrendadas, ocasionando, quase
sem exceção, na pressão do proprietário em obter maior produtividade. Levando-se em conta
Paulo Vianna Sant Anna
que o lucro do proprietário está em uma porcentagem em torno de 15% em média da
produção, isso acarretaria num incremento de produtos químicos que visam uma
produtividade maior gerando aumento nos gatos de produção.
Faz-se mister dizer que talvez tal iniciativa possa ser possível para o pequeno produtor
proprietário. Em razão da atual situação pela qual passam os orizicultores gaúchos esta
iniciativa se torna totalmente inconcebível visto que a sua área de plantio é de larga escala e a
sua produção está voltada para o mercado nacional e mais recentemente internacional, o que
torna tal projeto a beirar em plano utópico.
As tendências para uma nova agricultura em harmonia com o meio ambiente fazem
parte de projetos elaborados para a agricultura familiar ou como vem sendo chamada a
“pequena agricultura”. Para tais projetos serem incorporados a grande economia arrozeira será
preciso que o governo estadual dinamize uma política agrícola beneficiando também o grande
produtor de arroz.
Paulo Vianna Sant Anna
A busca por uma orizicultura sustentável e dentro dos padrões exigidos pelo novo
conceito de agricultura, ou seja, a orgânica tem feito com que governos estadual e federal, hoje
trabalhem juntos, a fim de expurgar da classe orizícola o demônio tanto das políticas agrícolas
insatisfatórias quanto dos problemas ocasionados pelo alto consumo de insumos químicos nas
lavouras arrozeiras do Estado.
Este programa nasceu da idéia de juntar projetos que antes “agiam” separados e formar
um único modelo: o Projeto 10/RS, hoje, Programa Arroz RS. Surgiu em Dom Pedrito como
um programa-piloto na safra 2001/2002, chamado apenas como Projeto 10, onde trabalhou o
IRGA e produtores da região. Esse projeto foi assim chamado, pois, busca aumentar a
produção de 5.000 quilos por ha para 10.000 quilos por há. Os projetos abordados neste
artigo são considerados os mais importantes e que respondem de imediato as necessidades dos
orizicultores.
Outro projeto que está sendo considerado pelos pesquisadores como de extrema
importância é o “Projeto de Capacitação e Treinamento para o Manejo da Lavoura de Arroz
Irrigado”, feito através de um convênio com o SENAR-RS tem por objetivo capacitar
técnicos, produtores e trabalhadores da lavoura orizícola. Sabe-se que um dos grandes
problemas que ocorre nas lavouras é a falta de mão-de-obra especializada para lidar com novas
tecnologias o que sempre termina gerando “gastos extras” para o proprietário da lavoura.
Paulo Vianna Sant Anna
Outro projeto que visa contribuir para o aumento da produtividade das lavouras
gaúchas é o “Projeto de Sistematização do Solo”. A sistematização de solos elimina o
problema do arroz vermelho que atinge, hoje, cerca de 95% das lavouras gaúchas. Ele é da
mesma espécie que o arroz comercial, porém com um ciclo precoce de desenvolvimento, o
que ocasiona o abafamento no crescimento do arroz plantado.
A falta de rotação de culturas nas lavouras gaúchas é em grande parte também genitor
do arroz vermelho. Para corrigir esta lacuna, o IRGA criou o “Projeto de Rotação de Culturas
em Solo de Várzea” a fim de gerar mais renda para o produtor rural e, conseqüentemente
conseguindo a limpeza da terra. Para isso, o Instituto está investindo em novas tecnologias de
cultivares de sorgo, milho e soja, para que se consiga conciliar o período de cultivo do arroz
com as demais.
Esse projeto visa, em médio prazo, atingir, em todas as regiões gaúchas, o índice de
10.000 quilos por há, no entanto, os produtores estão informados de que para se implantar
esse projeto em suas lavouras, o custo da mesma tende a aumentar, porém em um percentual
menor, ocasionando em maior lucratividade e produção.
A euforia por parte dos produtores é muito grande, se for analisar o contexto geral pelo
qual estavam passando, a saber: baixa produtividade, preço do saco de 50Kg encontrando-se
aquém do custo mínimo, acúmulo de dívidas a credores, falta de políticas governamentais para
o setor, entre outros, que vinham se acumulando desde o período do então presidente
Fernando Collor de Mello.
Paulo Vianna Sant Anna
No terceiro ano de implantação do Projeto CLEARFIELD, o IRGA contou com a
participação de 285 produtores e 9.197 há de lavoura cultivados e os números finais
apresentaram resultados otimistas.
É preciso lembrar que a política trabalhada pelo governo gaúcho com o intuito de fazer
com que a orizicultura cresça, tem sido de extrema importância, na avaliação da cadeia
produtiva. Acredita-se que até o final do mandato do atual governador, Germano Rigotto, o
RS consiga alcançar a meta estipulada entre três e cinco anos de obter 10.000kg por há em
todas as lavouras arrozeiras. Para que isso ocorra o governo vem estimulando e incentivando a
cadeia produtiva e seus órgãos pesquisadores para a obtenção de maior produtividade e
rentabilidade na produção.
O importante é que eles sejam aplicados em todo o Estado o mais rápido possível,
evitando assim, o aumento do endividamento orizícola gaúcho e a insatisfação por parte dos
produtores acarretando na desistência por parte de alguns e na diminuição da produção deste
cereal que é uma importante fonte de riqueza para o Estado.
Paulo Vianna Sant Anna
No entanto ficam questões intrigantes a serem debatidas em outra ocasião como é o
caso do experimento com a Cultivar 422 CL, esta que vem sendo plantada e a área aumentada
aos poucos pelos arrozeiros, parece ser a solução mais plausível no que tange à eliminação do
arroz vermelho e aumento de produção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALFONSIN, Ricardo Barbosa et alli. Crédito Rural; Questões Polêmicas. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2000. 405p.
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