Você está na página 1de 12

Paulo Vianna Sant Anna

O ARROZ NO RS E SEU CONTEXTO ATUAL

Resumo

Paulo Vianna Sant’Anna*

Este trabalho busca dar continuidade a uma pesquisa realizada no período de


2001/02 sobre a crise orizícola no município de Camaquã e suas
conseqüências econômicas ante a população camaqüense. Ao longo do ano
de 2003 e do corrente a orizicultura vem retomando o seu crescimento e essa
recuperação incipiente será trabalhada nesta investigação. Aqui serão
abordadas as técnicas que estão sendo utilizadas para a obtenção de maior
produtividade na lavoura arrozeira bem como seus reflexos na economia
gaúcha.

Palavras-chave: orizicultura, crescimento, recuperação, produtividade e


economia.

Este projeto tem por base continuar uma pesquisa feita no Município de Camaquã no
período de 2002/2003 em que foram relatadas as enormes dificuldades em que os orizicultores
daquela região vinham atravessando desde o governo Fernando Collor de Mello. Nesse
período suas cadernetas de poupança e suas contas correntes foram confiscadas em março de
1990, dificultando o plantio do cereal.

Esta investigação tem como finalidade relatar a lenta, porém realista, recuperação do
setor orizícola no Rio Grande do Sul que vem se esboçando ao longo do governo do atual
presidente; Luis Inácio Lula da Silva, que vem fazendo um trabalho em que prioriza a
agricultura como principal fonte para o “Programa Fome Zero”, destinado à população
carente do país.
Paulo Vianna Sant Anna
O arroz é considerado o alimento vegetal mais antigo e o mais consumido do mundo e
esta tendência ao consumo vem aumentando. Presume-se que dentro de vinte anos a sua
produção terá de dobrar para que se possa atender a toda a população mundial.

Para que isso seja possível se faz mister uma política agrária que venha satisfazer os
anseios da cadeia produtiva no que tange a regularização de dívidas, subsídios para insumos e
sementes como também projetos que visem o aumento da produtividade, gerando lucro e
renda tanto para o produtor gaúcho como para o próprio Estado.

A orizicultura é uma das principais economias primárias rio-grandense, se não a


principal, sendo responsável por 50% da produção nacional e esteve, durante muitos anos,
totalmente marginalizada pelos governos estadual e federal. No entanto, hoje, este setor já
demonstra sinais de recuperação tanto pelo valor comercial do saco de arroz de 50kg, pelo
aumento da produção por hectare como pelas políticas adotadas pelo governo gaúcho.

Este trabalho busca abordar a atual situação dessa classe, limitando-se a uma
abordagem acerca das técnicas que estão sendo utilizadas pelos orizicultores e pautada em uma
bibliografia especializada neste setor.

Este Estado é o maior produtor de arroz do Brasil e nunca esteve, de fato, em vias de
aumentar a sua capacidade de produção como ocorre hoje, pois estão sendo feitas várias
pesquisas acerca da possibilidade de uma maior rentabilidade produtiva para o campo
orizicultor.

Até o momento, a grande dificuldade encontrada concerne na coleta de dados acerca


deste tema, pois, se tratando de um tema muito atual, a bibliografia se torna escassa. Portanto,
foi preciso recorrer, na maioria das vezes, à documentação eletrônica e a revistas especializadas
e atualizadas, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), ao CONAB, à
Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EMBRAPA) e outros órgãos do ramo.

Encontraram-se, também, dificuldades ao acesso a outras fontes como, por exemplo,


livros atualizados acerca deste assunto. Mas, apesar das dificuldades, buscou-se trabalhar em
um quesito que aqui se considera de extrema importância para a classe orizicultora gaúcha:
formas possíveis de obtenção de maior produtividade e lucro para as suas lavouras.
Paulo Vianna Sant Anna
A pesquisa também se baseou na análise e discussão de textos publicados por
pesquisadores da área, bem como no exame de relatos feitos pelos integrantes da cadeia
produtiva a propósito do impacto desta pesquisas sobre a lavoura orizícola do Rio Grande do
Sul.

O trabalho teve o auxílio da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Município


de Camaquã, com informativos da Revista Planeta Arroz e com o IRGA das cidades de Bagé,
Rio Grande e Camaquã.

Até o momento tem-se verificado que o Instituto Rio-Grandense do Arroz (IRGA)


está bastante imbuído em projetos que beneficiam os arrozeiros no que concerne ao aumento
da produção da lavoura e diminuição dos inços, entre esses, o arroz vermelho, considerado a
pior praga dentro da lavoura. O IRGA está trabalhando em conjunto com os produtores
gaúchos no chamado Projeto 10, ou seja, um “pacote” que contém, teoricamente, soluções
para as atuais intempéries pelas quais estão passando esses produtores.

Acreditando nessa perspectiva de revitalização do setor, buscou-se trabalhar em cima


de cada projeto desenvolvido pelo (IRGA) a fim de se não esclarecer, ao menos, esboçar as
reais possibilidades capacitivas de beneficiamento ao produtor rural que os mesmos buscam
alcançar.

O Governo estadual também tem trabalhado muito para o crescimento da lavoura


arrozeira no RS, através de incentivos financeiros, principalmente para a agricultura familiar,
hoje, de grande importância para a economia gaúcha. Em uma entrevista para uma revista
especializada em arroz, o secretário da Agricultura e Abastecimento do Rio Grande do Sul,
Odacir Klein afirma que: “[...] a orizicultura é prioridade deste Governo.” 1(LAVOURA
ARROZEIRA, 2004:05), se assim for, é possível crer, de fato, na recuperação total do setor,
que anda desacreditado, depois de só ouvir promessas e não ver de fato alguma coisa sendo
feita para a sua melhoria.

O governo federal também tem a sua parcela no revigoramento da lavoura arrozeira


brasileira, de tal maneira que através de seu plano agrícola 2003/2004, tratou de colocar em

1
KLEIN, Odacir. Entrevista. In: Revista Lavoura Arrozeira. Porto Alegre, v. 52, n 435, março 2004. p 4.
Paulo Vianna Sant Anna
ação certos direitos que os orizicultores haviam “esquecido” ao longo dos anos. Entre eles está
a Política de Garantia de Preços Mínimos, que vem sendo restabelecida, o que dá garantias ao
produtor nos momentos em que o saco do arroz entra em queda, resultado de uma grande
safra ou, o que é mais provável, das situações oscilantes do mercado. Para o arroz, que é o
nosso tema de interesse, os preços mínimos superam os gastos de produção, o que leva a crer
na boa intenção do governo de estimular o cultivo do arroz.

No primeiro capítulo do trabalho realizado, são analisados os impactos que as crises de


1960/70 refletiram e ainda refletem sobre o complexo orizícola gaúcho e o papel da
tecnificação no desenvolvimento da orizicultura. Apesar de ter havido uma expansão de área e
produtividade nas décadas de 1960/70, isso não contribuiu para o agravamento da crise no
setor, culminando na insatisfação e indignação por parte dos produtores que acreditaram serem
apoiados pelo governo estadual, fato que não ocorreu.

A partir, então, da década de 60, o governo federal começa a intensificar o seu apoio às
indústrias de bens de consumo duráveis, injetando na economia nacional o capital estrangeiro.

É a partir deste pressuposto que este trabalho busca retratar os problemas acerca da
atividade orizícola gaúcha, ao longo das décadas de 60-70. Hoje esta mecanização, atrelada ao
empenho do governo estadual em dinamizar a indústria gaúcha, levou os produtores gaúchos a
entrarem e “permanecerem” em uma situação pouco ou nada favorável a eles em vista da
marginalização por parte deste mesmo governo.

O arroz no Estado passou por várias crises ao longo do século XX. No entanto, apesar
de trabalhar-se a mecanização e suas conseqüências, se faz importante analisar a chamada
“Segunda Estagnação” da lavoura arrozeira no RS, que se dá no período de 1955/67, onde a
área e a produtividade obtiveram um crescimento bastante irrisório em detrimento a outros
períodos.

Esta “Segunda Estagnação” se deu em detrimento à atenção despendida pelo governo


federal à industrialização do país. Com o advento da Segunda Guerra Mundial, onde o governo
exportou para os Aliados, terminou gerando o surgimento de divisas para o país, favorecendo-
o para o crescimento de sua indústria.
Paulo Vianna Sant Anna
Ainda referente à “Segunda Estagnação”, o arroz produzido no RS, estava voltado
basicamente para o consumo interno do país. Havia, nesta época, um forte estímulo para a
produção e o consumo de bens duráveis que estava diretamente relacionado com a inserção de
capital estrangeiro. Isso fez com que o governo federal centralizasse o capital, ocasionando na
diminuição da renda gerada pelo trabalho rural, o que afetou direta e negativamente a
produção orizícola gaúcha e é claro ao produtor.

A acumulação de capital que, nesta época, era o estopim para o desenvolvimento,


estava em voga no círculo empresarial brasileiro, o que não agradava a comunidade produtora
gaúcha que, vendo o seu “ganha pão” ficar a mercê das decisões federais, busca, através de
políticas agrícolas associadas ao governo gaúcho, um novo conceito de desenvolvimento para a
agricultura. Isso culminaria na associação do setor agrícola com o setor industrial já em meados
dos anos sessenta e início dos anos setenta com o incremento da tecnificação das lavouras
gaúchas.

A partir de então, o governo aproveitando-se do crescimento industrial, trata de


estimular a agricultura, visando maiores rendas para o Estado, incentiva os agricultores a
financiarem a compra de novos implementos agrícolas a fim de acompanharem o
desenvolvimento das agroindústrias resultando no aumento da produtividade arrozeira.

Estimulados pelo apoio governamental, os produtores de arroz do RS começam a


implementar novos maquinários em suas lavouras o que lhes rende uma produtividade maior,
porém, isso termina aumentando os custos no preparo da terra, diminuindo a sua margem de
lucro.

Como conseqüência, esta mecanização, na orizicultura gaúcha, trouxe o êxodo rural e,


paralelamente a isso, o aumento do contingente urbano, acarretando na intensificação do
trabalho informal.

Para o governo gaúcho o aumento da produtividade lhe era interessante, visto que, isso
traria para o Estado um aumento na receita tributária, gerando maiores investimentos em
outras áreas como a indústria, energia elétrica e outros.
Paulo Vianna Sant Anna
O segundo capítulo é dedicado às novas políticas aplicadas ao setor orizícola e as
técnicas e projetos que estão sendo desenvolvidos pelos órgãos de pesquisa estadual e federal a
fim de sanar os problemas que urgem soluções imediatas, como a baixa produtividade das
lavouras de arroz irrigado.

Torna-se pertinente dizer que as crises pelas quais a orizicultura gaúcha tem passado
estão diretamente relacionadas com o modelo político-agrícola adotado pelos governos
estadual e federal, que buscando uma dinamização maior dos setores produtivos, Sudeste e
Centro-Oeste, culminou no desleixo da Região Sul, em especial ao Rio Grande do Sul, que
antes era chamado “Celeiro do Brasil”. Hoje o Estado gaúcho se encontra em uma situação
periférica em relação aos demais Estados produtores de arroz, como, por exemplo, o Mato
Grosso, que está colhendo em torno de 10.000 quilos por hectare, enquanto o RS colhe na
faixa de 6.000 a 6.500 quilos por hectare. Infelizmente, na história da orizicultura gaúcha,
sempre existiu o descaso do governo, principalmente federal, em relação a essa situação.

Dentro deste quadro de desilusão, que vem se esboçando ao longo dos anos, o atual
governo gaúcho, Germano Rigotto, em uma iniciativa para reerguer a classe orizícola, tratou de
incentivar a pesquisa científica e, paralelamente, vem implantando políticas com o intuito de
sanar os anseios dos orizicultores gaúchos.

Naquela época, não havia produção em pesquisas que viesse a beneficiar o arrozeiro no
que diz respeito ao aumento de produtividade, tendo o próprio produtor arcar com despesas
“extras” a fim de melhorar a qualidade de suas terras e por fim, aumentar a produção em sua
lavoura arrozeira. Isso fez com que aumentasse o custo do preparo da lavoura, muito pesado e
arriscado para o agricultor, pois este se viu na necessidade de buscar financiamento a bancos
com a intenção de melhorar sua produção.

O trabalho também analisou opiniões de agentes ambientalistas que lutam por uma
agricultura mais orgânica e de não-agressão ao meio ambiente. Acontece que a situação dos
orizicultores não está preparada para esta nova proposta de produção, pois se torna difícil para
um Estado onde a maior parte da produção é feita em terras arrendadas, ocasionando, quase
sem exceção, na pressão do proprietário em obter maior produtividade. Levando-se em conta
Paulo Vianna Sant Anna
que o lucro do proprietário está em uma porcentagem em torno de 15% em média da
produção, isso acarretaria num incremento de produtos químicos que visam uma
produtividade maior gerando aumento nos gatos de produção.

O que acontece então? O arrendatário, que neste caso se torna um empregado do


proprietário, não tem como produzir uma lavoura livre de insumos agrícolas e obter a mesma
produtividade que teria em uma lavoura com tais insumos, pois o processo de aumento de
produtividade em uma lavoura livre de agentes químicos acarreta anos de preparo da terra para
que ela se torne tão produtiva quanto, pois é através de substâncias naturais como o
excremento do gado e outros agentes não tóxicos à terra que irão gerar a produtividade
desejada pelo proprietário das terras.

Além deste fator, ainda há o financiamento com o banco, a água a pagar, os


funcionários, o frete, a estocagem, entre outros, o que não torna para o arrendatário
interessante, visto que ele necessita da alta produtividade para efeito imediato e não para daqui
a dois ou três anos. A realidade da orizicultura gaúcha não condiz com os projetos elaborados
por entidades a favor do meio ambiente, pois estes projetos são para longo prazo. Esta
iniciativa só poderia ocorrer com os proprietários que plantam em suas terras e ainda que
possam contar com algum capital de giro, não precisando contar com o financiamento
bancário.

Faz-se mister dizer que talvez tal iniciativa possa ser possível para o pequeno produtor
proprietário. Em razão da atual situação pela qual passam os orizicultores gaúchos esta
iniciativa se torna totalmente inconcebível visto que a sua área de plantio é de larga escala e a
sua produção está voltada para o mercado nacional e mais recentemente internacional, o que
torna tal projeto a beirar em plano utópico.

As tendências para uma nova agricultura em harmonia com o meio ambiente fazem
parte de projetos elaborados para a agricultura familiar ou como vem sendo chamada a
“pequena agricultura”. Para tais projetos serem incorporados a grande economia arrozeira será
preciso que o governo estadual dinamize uma política agrícola beneficiando também o grande
produtor de arroz.
Paulo Vianna Sant Anna
A busca por uma orizicultura sustentável e dentro dos padrões exigidos pelo novo
conceito de agricultura, ou seja, a orgânica tem feito com que governos estadual e federal, hoje
trabalhem juntos, a fim de expurgar da classe orizícola o demônio tanto das políticas agrícolas
insatisfatórias quanto dos problemas ocasionados pelo alto consumo de insumos químicos nas
lavouras arrozeiras do Estado.

Antes de começarmos a falar sobre esses projetos, é necessário esclarecer no que


consiste o “Programa Arroz RS”, como ele foi gerado e quais são seus focos principais. O
programa foi desenvolvido com o objetivo de colocar a orizicultura gaúcha no caminho da
retomada do crescimento.

Este programa nasceu da idéia de juntar projetos que antes “agiam” separados e formar
um único modelo: o Projeto 10/RS, hoje, Programa Arroz RS. Surgiu em Dom Pedrito como
um programa-piloto na safra 2001/2002, chamado apenas como Projeto 10, onde trabalhou o
IRGA e produtores da região. Esse projeto foi assim chamado, pois, busca aumentar a
produção de 5.000 quilos por ha para 10.000 quilos por há. Os projetos abordados neste
artigo são considerados os mais importantes e que respondem de imediato as necessidades dos
orizicultores.

O primeiro projeto selecionado é o “Projeto de Desenvolvimento de Cultivares com


Tolerância ao Frio”. Este projeto consiste em gerar um arroz mais resistente principalmente
em sua época de floração, assim chamada pelos arrozeiros, que dura em torno de 24h, onde a
temperatura baixa faz com que ocorra a diminuição de grão por espiga, chama-se esse arroz de
“falhado” porque não há grão apenas casca. A solução então estava em climatizar a semente do
arroz para que isso não viesse a acontecer novamente.

Outro projeto que está sendo considerado pelos pesquisadores como de extrema
importância é o “Projeto de Capacitação e Treinamento para o Manejo da Lavoura de Arroz
Irrigado”, feito através de um convênio com o SENAR-RS tem por objetivo capacitar
técnicos, produtores e trabalhadores da lavoura orizícola. Sabe-se que um dos grandes
problemas que ocorre nas lavouras é a falta de mão-de-obra especializada para lidar com novas
tecnologias o que sempre termina gerando “gastos extras” para o proprietário da lavoura.
Paulo Vianna Sant Anna
Outro projeto que visa contribuir para o aumento da produtividade das lavouras
gaúchas é o “Projeto de Sistematização do Solo”. A sistematização de solos elimina o
problema do arroz vermelho que atinge, hoje, cerca de 95% das lavouras gaúchas. Ele é da
mesma espécie que o arroz comercial, porém com um ciclo precoce de desenvolvimento, o
que ocasiona o abafamento no crescimento do arroz plantado.

O problema que tem impossibilitando os produtores de plantarem com a


sistematização é o elevado custo, no primeiro ano de implantação, por haver grande
movimentação de terras, acarretando em um investimento mais elevado. É um projeto que
busca aumentar gradualmente a área de plantio atingindo em torno de 25.000 hectares.

A falta de rotação de culturas nas lavouras gaúchas é em grande parte também genitor
do arroz vermelho. Para corrigir esta lacuna, o IRGA criou o “Projeto de Rotação de Culturas
em Solo de Várzea” a fim de gerar mais renda para o produtor rural e, conseqüentemente
conseguindo a limpeza da terra. Para isso, o Instituto está investindo em novas tecnologias de
cultivares de sorgo, milho e soja, para que se consiga conciliar o período de cultivo do arroz
com as demais.

Em uma parceria, o IRGA e a multinacional BASF, desenvolveram o chamado


“Projeto CLEARFIELD – Cultivares com Resistência a Herbicidas”, também chamado entre
os produtores, de “IRGA 422 CL”. Essa cultivare não é transgênica, como possa parecer à
primeira impressão. Aqui o IRGA apenas adaptou-a as condições dos solos gaúchos.

Esse projeto visa, em médio prazo, atingir, em todas as regiões gaúchas, o índice de
10.000 quilos por há, no entanto, os produtores estão informados de que para se implantar
esse projeto em suas lavouras, o custo da mesma tende a aumentar, porém em um percentual
menor, ocasionando em maior lucratividade e produção.

A euforia por parte dos produtores é muito grande, se for analisar o contexto geral pelo
qual estavam passando, a saber: baixa produtividade, preço do saco de 50Kg encontrando-se
aquém do custo mínimo, acúmulo de dívidas a credores, falta de políticas governamentais para
o setor, entre outros, que vinham se acumulando desde o período do então presidente
Fernando Collor de Mello.
Paulo Vianna Sant Anna
No terceiro ano de implantação do Projeto CLEARFIELD, o IRGA contou com a
participação de 285 produtores e 9.197 há de lavoura cultivados e os números finais
apresentaram resultados otimistas.

É preciso lembrar que a política trabalhada pelo governo gaúcho com o intuito de fazer
com que a orizicultura cresça, tem sido de extrema importância, na avaliação da cadeia
produtiva. Acredita-se que até o final do mandato do atual governador, Germano Rigotto, o
RS consiga alcançar a meta estipulada entre três e cinco anos de obter 10.000kg por há em
todas as lavouras arrozeiras. Para que isso ocorra o governo vem estimulando e incentivando a
cadeia produtiva e seus órgãos pesquisadores para a obtenção de maior produtividade e
rentabilidade na produção.

Se as políticas, as pesquisas e todo o aparato utilizado para o aumento e beneficiamento


da produtividade arrozeira no Estado permanecer, de fato, auxiliando no desenvolvimento das
lavouras, é fácil pressupor-se que a cultura orizícola conseguirá finalmente sair do
estrangulamento pelo qual se encontra atualmente. A proposta está lançada, agora é seguir
trabalhando nesta idéia e cuidar para que novos embates não sejam empecilhos para o
crescimento desta cultura.

Ao longo do trabalho procurou-se fazer um levantamento num sentido bem amplo


acerca das causas que geraram o atual panorama da orizicultura gaúcha e suas perspectivas para
com a classe produtiva. Foram analisadas as décadas de 1960/70 e suas políticas
governamentais, com ênfase na abertura do país para o capital estrangeiro e o conseqüente
crescimento da indústria de bens de consumo.

Atualmente, o governo estadual se apercebeu da situação caótica em que o setor


orizícola gaúcho se encontra. Para tentar reerguer a classe orizícola de um colapso maior
incentiva a pesquisa e coloca em ação as políticas que favorecem os produtores.

O importante é que eles sejam aplicados em todo o Estado o mais rápido possível,
evitando assim, o aumento do endividamento orizícola gaúcho e a insatisfação por parte dos
produtores acarretando na desistência por parte de alguns e na diminuição da produção deste
cereal que é uma importante fonte de riqueza para o Estado.
Paulo Vianna Sant Anna
No entanto ficam questões intrigantes a serem debatidas em outra ocasião como é o
caso do experimento com a Cultivar 422 CL, esta que vem sendo plantada e a área aumentada
aos poucos pelos arrozeiros, parece ser a solução mais plausível no que tange à eliminação do
arroz vermelho e aumento de produção.

A questão é: o que levou o RS a ficar tão atrasado em relação à produtividade orizícola


quando confrontado com o estado do Mato Grosso que produz hoje em torno de 8.000 a
9.000kg por hectare enquanto nós produzimos 5.500 a 6.000kg por hectare? Em relação a esta
e outras questões já se está fazendo um levantamento de dados/informações, a fim de se
produzir um novo trabalho relacionado a esta causa. Mas isso fica para mais tarde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALFONSIN, Ricardo Barbosa et alli. Crédito Rural; Questões Polêmicas. Porto Alegre:
Livraria do Advogado Editora, 2000. 405p.

CORDERO, Eloy. Informe Especial. In: O Arroz do Pampa: Tecnologia, produção e


consumo. Zero Hora. Porto Alegre. P. 11. 30 abr. 2004.

CYRANKA, Lúcia Furtado de Mendonça et alli. Orientações para a Normalização de


Trabalhos Acadêmicos. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 1997. 60p.

DACANAL, José Hildebrando, GONZAGA, Sergius (orgs). RS: economia e política. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1979. 424p.

ECO, Humberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1989.168p.

ENCARNAÇÃO, Fátima Luvielmo. Guia para apresentação de trabalhos científicos para


os acadêmicos do Curso de Direito. Rio Grande. Editora da Furg, 2003. 57p.

GOMES, Algenor da Silva; JÚNIOR, Ariano Martins de Magalhães (Editores Técnicos).


Arroz Irrigado no Sul do Brasil. Brasília, DF, Embrapa Informação Tecnológica, 2004.
899p.
Paulo Vianna Sant Anna
KLEIN, Odacir. Entrevista. In: Revista Lavoura Arrozeira. Porto Alegre, v.52, n. 435, março
2004.

RUSHENSKY, Aloísio. Terra e Política: a luta social do MST pela Reforma Agrária no Sul
do País. Rio Grande: Editora da FURG, 2000. 269p.

SALOMON, Décio Vieira. Como Fazer Uma Monografia. 9.ed. São Paulo, Martins Fontes,
1999. 412 p.

CYRANKA, Lúcia Furtado de Mendonça et alli. Orientações para a Normalização de


Trabalhos Acadêmicos. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 1997. 60p.

DACANAL, José Hildebrando, GONZAGA, Sergius (orgs). RS: economia e política. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1979. 424p.

Você também pode gostar