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PROVA 1ª SÉRIE ITA INTERPRETAÇÃO DE TEXTO PROF FLÁVIO MARTINS

Texto I para as questões 1 e 2.


O paradoxo da promessa
Em que circunstâncias alguém se exalta e defende com ardor uma opinião? “Ninguém
sustenta fervorosamente que 7 x 8 = 56, pois se pode demonstrar que isso é uma verdade”,
observa Bertrand Russel. O ânimo persuasivo só recrudesce e lança mão das artes e artimanhas
da retórica apaixonada quando se trata de incutir opiniões que são duvidosas ou
demonstravelmente falsas.
O mesmo vale para o ato de prometer alguma coisa. O simples fato de que uma
promessa precisa ser feita com toda a ênfase indica a existência de dúvida quanto à sua
concretização. Só prometemos acerca do que exige um esforço extra da vontade. E quanto mais
solene ou enfática a promessa – “Te juro, meu amor, agora é pra valer!” – mais duvidosa ela é:
protesting too much (‘proclamar excessivo’), como dizem os ingleses. “Só os deuses podem
prometer, porque são imortais”, adverte o poeta.
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 26)

1. Deve-se entender, segundo a fundamentação apresentada no texto, que uma promessa


(A) vale muitas vezes mais do que uma opinião que não possa ser comprovada.
(B) produz seus efeitos toda vez que formulada com recursos de uma retórica vibrante.
(C) terá cumprimento à medida que seu sujeito tenha vontade de cumpri-la.
(D) costuma indicar não o seu cumprimento, mas a dificuldade de efetivação dele.
(E) é por vezes tão frágil em si mesma que os próprios deuses não têm como cumpri-la.

2. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto


em:
(A) dúvida quanto à sua concretização (2o parágrafo) = projeção da fé em sua efetividade.
(B) quanto mais solene ou enfática (2o parágrafo) = tanto mais sincera quanto consciente.
(C) se exalta e defende com ardor (1o parágrafo) = arrebata-se e sustenta com paixão.
(D) ânimo persuasivo só recrudesce (1o parágrafo) = intenção retórica só se arrefece.
(E) lança mão das artes e artimanhas (1o parágrafo) = exclui a força artesanal convincente

Texto II para as questões 3 e 4.


Em Atenas, um devedor, ao ter sua dívida cobrada pelo credor, primeiro pôs-se a pedir-lhe
um adiamento, alegando estar com dificuldade. Como não o convenceu, trouxe uma porca, a
única que possuía, e, na presença dele, colocou-a à venda. Então chegou um comprador e quis
saber se a porca era parideira. Ele afirmou que ela não apenas paria, mas que ainda o fazia de
modo extraordinário: para as festas da deusa Deméter, paria fêmeas e, para as de Atena,
machos. E, como o comprador estivesse assombrado com a resposta, o credor disse: “Mas não
se espante, pois nas festas do deus Dioniso ela também vai lhe parir cabritos.”
(Esopo. Fábulas completas. Tradução de Maria Celeste Dezotti. São Paulo: Cosac Naify, 2013, p. 22)

3. Observa-se a elipse de um substantivo no seguinte trecho:


(A) Ele afirmou que ela não apenas paria, mas que ainda o fazia de modo extraordinário
(B) Mas não se espante, pois nas festas do deus Dioniso ela também vai lhe parir cabritos
(C) um devedor, ao ter sua dívida cobrada pelo credor, primeiro pôs-se a pedir-lhe um
adiamento
(D) para as festas da deusa Deméter, paria fêmeas e, para as de Atena, machos
(E) como o comprador estivesse assombrado com a resposta.

4. Como não o convenceu, trouxe uma porca, a única que possuía, e, na presença dele,
colocou-a à venda. Em relação ao trecho que o sucede, o trecho sublinhado tem sentido de
(A) conformidade.
(B) condição.
(C) causa.
(D) consequência.
(E) comparação.
Texto III
“O homem é confinado nos limites estreitos do corpo, como numa prisão, mas a
matemática o liberta e o faz maior do que todo o universo... É levado pela tempestade das
paixões a um canto e a outro, sem nenhuma meta, mas a matemática lhe restitui a paz interior,
resolvendo harmoniosamente os movimentos opostos da alma e reconduzindo-a, sob a
orientação da razão, ao acordo e à harmonia.”
Bertrand Russell.
5. No pensamento de B. Russel há a utilização de linguagem figurada; o segmento que
exemplifica, ao contrário, o emprego de linguagem lógica.
(A) paz interior.
(B) como numa prisão.
(C) a matemática o liberta.
(D) tempestade das paixões.
(E) maior do que todo o universo

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