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Universidade de São Paulo – USP

Escola de Engenharia de São Carlos – EESC

Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação

SEL0437 – Eficiência Energética


Índice está errado

Equações não estão numeradas

Nota da Escrita: 9 (veja as outras observações no texto)

Resultados relacionados à tarifa de ultrapassagem não foram apresentados de maneira clara, nem a escolha da demanda
contratada na tarifa verde.

NOTA FINAL: 7,0


ESTUDO DE CASO: ADEQUAÇÃO TARIFÁRIA

Aluno: André Ribeiro Siqueira


Nº USP: 9425622

Aluno: Bruno Ascacibas


Nº USP: 9442910

Aluno: João Pedro Pereira Guimarães


Nº USP: 9393343

Docente: Prof. Dr. José Carlos de Melo Vieira Júnior

São Carlos,​ Abril​ de 2019.


SUMÁRIO

1 Introdução e Objetivos 2

2 Materiais e Métodos 3

3 Apresentação e Análise dos Resultados 3

4 Conclusões 3

5 Referências Bibliográficas 3
1 Introdução e Objetivos

No sistema de Distribuição de energia elétrico brasileiro, o documento que estabelece


todas condições gerais, bem como estrutura tarifária aplicada é resolução normativa
414/2010 da ANEEL. Visto, além de quantificar os tributos, as normas visam também
classificar os consumidores em grupos e subgrupos com modelos matemáticos de
cobrança específicos, visando assim promover um maior grau de eficiência energética.
Um dos preceitos dessas normas é a possibilidade, por parte do cliente, de migrar de
subgrupo, com o objetivo de cortar custos, de maneira que um estudo analítico deve ser
empreendido para que se saiba qual o melhor modelo a ser escolhido. Assim,
conhecendo-se as normas e também os valores médios de demanda e consumo de uma
instalação, é possível realizar as simulações necessárias para a análise, que é justamente o
objetivo principal deste trabalho: O estudo de caso da eficiência energética de uma
instalação de acordo com os valores de consumo registrados.

2 Materiais e Métodos

Após receber a planilha contendo os dados da fatura anual de energia da indústria a


ser estudada, o projeto foi dividido em três partes, sendo elas: a análise do cenário atual da
indústria, simulações aplicando diferentes modelos tarifários, e por fim análise comparativa e
conclusão dos resultados.

Primeira etapa: Cenário atual

A indústria em questão foi classificada como grupo “A” segundo as normas da


ANAEEL, que abrange todos os consumidores cuja tensão de fornecimento seja maior ou
igual a 2,3 kV e também aqueles que possuem este valor de tensão menor do que 2,3 kV,
porém atendidos por rede de distribuição subterrânea. No caso, como a instalação ainda foi
previamente definida como pertencente ao subgrupo “As”, sabe-se que se trata do segundo
caso anteriormente enunciado, cabeamento subterrâneo.
Além dessa definição, foram também fornecidos os dados médios, mês a mês, da
demanda e consumo da indústria nos horários de ponta e fora de ponta, que podem ser
visualizados a seguir:
Consumo na
Consumo Fora de Demanda Fora de
Mês Ponta Demanda Ponta (kW)
Ponta (kWh) Ponta (kW)
(kWh)
Jan 28.068 36.148 54,5 92,5
Fev 33.534 42.456 50,1 86,2
Mar 27.139 33.085 57,3 80,1
Abr 30.853 37.082 53,3 85,1
Mai 32.052 39.121 58,1 91,4
Jun 34.328 45.225 56,8 97,2
Jul 33.026 42.619 47,4 84,9
Ago 28.481 35.510 57,0 92,2
Set 32.729 42.311 57,0 95,6
Out 35.526 43.840 57,9 92,2
Nov 39.777 45.235 68,9 95,6
Dez 35.932 44.972 57,7 93,3
TOTAL 391.446 487.604 676 1.086
Tabela 1 - Dados de consumo e demanda, nos horários de ponta e fora de ponta, mês a mês, no intervalo de um ano.

Identificado o subgrupo específico no qual está classificada, o próximo passo foi então
estudar o modelo tarifário aplicado para então calcular o gasto médio anual da empresa.

Sabe-se que, para a estrutura tarifária convencional, que fora utilizada no cenário atual
da indústria, são aplicadas tarifas de demanda de potência (kW) e/ou consumo de energia
(kWh) independente da época do ano ou período do dia, e o valor do VPF, valor parcial da
fatura de energia elétrica (R$), pode ser calculado pela seguinte equação:

1
V P F = (CF .T C + DF .T D).( 1 − ICM S
)

onde:

CF - Consumo (kWh): quantidade de energia elétrica ativa faturada;

TC - Tarifa de Consumo (R$/kWh) : preço único para o consumo de energia elétrica;

DF - Demanda (kW): quantidade de demanda faturada;

TD - Tarifa de Demanda (R$/kW): valor cobrado por unidade de demanda;

ICMS - Índice do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços

Com a equação vista acima, foi possível calcular os valores parciais de cada mês e
somá-los para obter o gasto anual médio da empresa aplicado a esta tarifa.
Ainda, para terminar a análise primária do cenário, era necessário calcular também a
despesa que a empresa teve sendo tarifada por ultrapassar a demanda contratada, através da
seguinte relação:

V P F U ltrapassagem = (DM i − DC i ).2.V Ri

Sendo,

i - Índice que define o “horário de ponta” ou “fora de ponta”;

DM - Demanda medida;

DC - Demanda contratada;

VR - Valor referência equivalente às tarifas de demanda de potência aplicáveis aos subgrupos


do grupo A;

Dessa maneira, o valor que pretendemos achar com intuito comparativo para este
modelo tarifário é subtração do valor achado pela primeira equação subtraído do encontrado
pela segunda.

Segunda etapa: Simulações das possíveis alternativas

Para obter os melhores resultados econômicos, foram simuladas duas adequações


tarifárias possíveis, a transferência para as estruturas tarifárias horo-sazonal verde e azul,
seguindo exatamente o mesmo método utilizado acima para a tarifa convencional.

Por definição, a estrutura horo-sazonal leva em conta fatores como consumo dentro e
fora dos horários de ponta e também épocas do ano, divididas entre período úmido e seco. O
objetivo principal desse modelo é incentivar o consumo de energia é mais barato,
promovendo maior eficiência energética.

Simulação 1: Modalidade azul

Para a modalidade azul, são estipulados dois valores distintos para demanda de
potência, e 4 para consumo de energia. Para potência (R$/kW), existe um valor de tarifa para
horário de ponta (P) e um para horário fora de ponta (P), e com relação ao consumo de
energia (R$/kWh) os valores são as combinações de horário de ponta com possibilidade de
período seco ou úmido.

Ainda, as equações que governam de maneira quantitativa essas estipulações são:


Para o período Seco:
1
V P F = (CF f s .T C f s + CF ps .T C ps + DF f .T Df + DF p .T Dp ).( 1−ICM S
)

Para o Período Úmido:


1
V P F = (CF f u .T C f u + CF pu .T C pu + DF f .T Df + DF p .T Dp ).( 1−ICM S
)

onde,

f- indica horário fora de ponta;

p- indica horário de ponta

s- indica período seco

u- indica período úmido

Simulação 2: Modalidade Verde

A modalidade verde se parece com a azul, se diferenciando na tarifa de demanda de


potência, que possui valor único, e com a mesma diferenciação para tarifas de consumo de
energia. As relações dessa modalidade são governadas por:

Para o período Seco:


1
V P F = (CF f s .T C f s + CF ps .T C ps + DF .T D ).( 1−ICM S
)

Para o Período Úmido:


1
V P F = (CF f u .T C f u + CF pu .T C pu + DF .T D ).( 1−ICM S
)

Terceira etapa: Análise comparativa

Com essas relações e com os custos por ultrapassagem de demanda solicitada, que são
os mesmos para as estruturas estudadas, foi possível montar uma planilha com os resultados
finais de custo para a indústria estudada, e os resultados foram contemplados pela seção 3
deste documento.
3 Apresentação e Análise dos Resultados

Inicialmente, sabendo que a indústria está alocada no subgrupo “As”, sabe-se então que a
demanda para este grupo é tarifada em R$ 34,00/kW, enquanto o consumo é tarifado em R$
160,86/kW.
A partir desses valores e dos números mostrados na Tabela 1, foi possível calcular o
gasto mensal da indústria, baseando-se na demanda contratada de 90kW, ou seja, caso a
demanda necessária seja inferior à contratada, o valor pago é referente a 90kW. Caso o
consumo ultrapasse a demanda contratada em até 5%, o valor cobrado será o proporcional, e
para um consumo maior que 94,5kW (5% acima da demanda contratada), o valor cobrado é a
soma da demanda contratada com a tarifa referente à ultrapassagem V P F U ltrapassagem . Os

valores mensais e o total anual está descrito na Tabela 2.

Mês Valor Consumo Total Valor Demanda Total Valor Total

Jan R$ 10.329,79 R$ 3.145,00 R$ 16.432,67

Fev R$ 12.223,75 R$ 3.060,00 R$ 18.638,72

Mar R$ 9.687,63 R$ 3.060,00 R$ 15.545,89

Abr R$ 10.928,02 R$ 3.060,00 R$ 17.058,57

Mai R$ 11.448,89 R$ 3.107,60 R$ 17.751,82

Jun R$ 12.796,90 R$ 3.794,40 R$ 20.233,29

Jul R$ 12.168,25 R$ 3.060,00 R$ 18.571,04

Ago R$ 10.293,59 R$ 3.134,80 R$ 16.376,09

Set R$ 12.070,93 R$ 3.631,20 R$ 19.148,94

Out R$ 12.766,81 R$ 3.134,80 R$ 19.392,21

Nov R$ 13.675,03 R$ 3.631,20 R$ 21.105,16

Dez R$ 13.014,22 R$ 3.172,20 R$ 19.739,53

TOTAL R$ 141.403,82 R$ 38.991,20 R$ 219.993,93


Tabela 2- Gasto mensal e anual da indústria com a modificação

Observando a Tabela 1, nota-se que, nos meses de Fevereiro, Março, Abril e Julho, a
demanda consumida foi inferior à contratada. Nos meses de Junho, Setembro e Novembro, a
indústria ultrapassou a demanda contratada em mais de 5% e, portanto, teve que pagar a tarifa
de ultrapassagem. Nos demais meses, a demanda total esteve dentro da tolerância permitida
em relação à demanda contratada e foi pago apenas o proporcional.
A primeira tentativa de diminuição dos gastos com energia baseou-se em alterar a
demanda contratada para um valor ótimo, com objetivo de diminuir o acréscimo devido a
ultrapassagem. Assim, após a análise com vários valores, a demanda contratada que resulta no
menor custo final de energia é de 93kW. Com este valor, não ocorre ultrapassagem em mais
de 5% da tarifa contratada em nenhum mês, em contrapartida, todos os meses, exceto Junho,
Setembro, Novembro e Dezembro, o valor pago é o da demanda contratada, já que esta é
maior que a total do mês. Em suma, o gasto total anual fica em R$219.119,05, gerando uma
economia de R$ 874,88 neste período.

A segunda forma cabível para tarifação desta indústria é a mudança para a Tarifa
Horo-Sazonal Verde. Desta forma, os valores para o consumo variam de acordo com o
horário e com período do ano, porém, os valores referentes às épocas do ano não foram
informados e, portanto, foram desconsiderados na análise. Assim, apenas os horários
influenciam no valor final, sendo R$ 771,32/MWh em horário de ponta e R$ 144,39/MWh
fora de ponta. O cálculo da demanda não se altera em relação à tarifa convencional e, neste
caso, custa R$ 8,78/kW. A tabela a seguir detalha os gastos nesse tipo de tarifação.
Qual a demanda contratada? Foi a mesma usada no caso anterior?

Valor Consumo de Valor Consumo Fora Valor Demanda


Mês Valor Total
Ponta de Ponta Total

Jan R$ 21.649,41 R$ 5.219,41 R$ 816,54 R$ 33.762,63

Fev R$ 25.865,44 R$ 6.130,22 R$ 816,54 R$ 40.014,89

Mar R$ 20.932,85 R$ 4.777,14 R$ 816,54 R$ 32.349,43

Abr R$ 23.797,54 R$ 5.354,27 R$ 816,54 R$ 36.546,76

Mai R$ 24.722,35 R$ 5.648,68 R$ 816,54 R$ 38.033,62

Jun R$ 26.477,87 R$ 6.530,04 R$ 853,42 R$ 41.294,30

Jul R$ 25.473,61 R$ 6.153,76 R$ 816,54 R$ 39.565,75

Ago R$ 21.967,96 R$ 5.127,29 R$ 816,54 R$ 34.038,77

Set R$ 25.244,53 R$ 6.109,29 R$ 839,37 R$ 39.259,98

Out R$ 27.401,91 R$ 6.330,06 R$ 816,54 R$ 42.132,33

Nov R$ 30.680,80 R$ 6.531,48 R$ 839,37 R$ 46.404,45

Dez R$ 27.715,07 R$ 6.493,51 R$ 819,17 R$ 42.716,77

TOTAL R$ 301.929,36 R$ 70.405,14 R$ 10.068,90 R$ 466.119,69


Tabela 3 - Gasto mensal e anual da indústria com tarifa verde
Nota-se que, devido ao consumo da indústria, a Tarifa Horo-Sazonal Verde resulta em
um valor anual muito alto (R$ 466.345,61), inviabilizando este tipo de tarifação para o
exemplo analisado.

Por fim, a Tarifa Horo-Sazonal Azul foi analisada como possível alternativa para
tarifação desta indústria. Com variação por horário e época do ano tanto no consumo quanto
na demanda (novamente, a variação sazonal foi desprezada), os valores referentes a este tipo
são de R$ 8,78/kW para demanda fora de ponta, 32,17/kW para demanda em horário de
ponta, R$ 237,31/MWh para o consumo em horário de ponta e R$ 144,39/MWh para o
consumo em horário fora de ponta.
Para este tipo de tarifação, é necessário contratar não só uma demanda, mas sim um valor
para horário de ponta (foi mantida a demanda contratada para as outras análises: 90kW) e um
valor de demanda para horário fora de ponta (56kW foi um valor ótimo encontrado
heurísticamente). O gasto final implementando este tipo de tarifação é detalhado na tabela
abaixo:

Valor
Valor Consumo Valor Consumo Valor Demanda
Mês Demanda Fora Valor Total
de Ponta Fora de Ponta de Ponta
de Ponta

Jan R$ 6.660,82 R$ 5.219,41 R$ 1.801,52 R$ 816,54 R$ 17.680,84

Fev R$ 7.957,95 R$ 6.130,22 R$ 1.801,52 R$ 816,54 R$ 20.373,46

Mar R$ 6.440,36 R$ 4.777,14 R$ 1.843,34 R$ 816,54 R$ 16.923,63

Abr R$ 7.321,73 R$ 5.354,27 R$ 1.801,52 R$ 816,54 R$ 18.651,29

Mai R$ 7.606,26 R$ 5.648,68 R$ 1.869,08 R$ 816,54 R$ 19.439,71

Jun R$ 8.146,38 R$ 6.530,04 R$ 1.827,26 R$ 853,42 R$ 21.167,18

Jul R$ 7.837,40 R$ 6.153,76 R$ 1.801,52 R$ 816,54 R$ 20.255,14

Ago R$ 6.758,83 R$ 5.127,29 R$ 1.833,69 R$ 816,54 R$ 17.727,25

Set R$ 7.766,92 R$ 6.109,29 R$ 1.833,69 R$ 839,37 R$ 20.182,03

Out R$ 8.430,68 R$ 6.330,06 R$ 1.862,64 R$ 816,54 R$ 21.268,19

Nov R$ 9.439,48 R$ 6.531,48 R$ 3.046,50 R$ 839,37 R$ 24.215,64

Dez R$ 8.527,02 R$ 6.493,51 R$ 1.856,21 R$ 819,17 R$ 21.580,38

TOTAL R$ 92.893,81 R$ 70.405,14 R$ 23.178,49 R$ 10.068,90 R$ 239.464,74


Tabela 4 - Gasto mensal e anual da indústria com tarifa azul

A partir desses dados, nota-se que a variação no valor da demanda é desvantajosa para
este exemplo da indústria, porém o valor do consumo em horário de ponta é
consideravelmente menor (menos de um terço) que o da Tarifa Horo-Sazonal Verde,
resultando em uma economia de 48,6% entre esses dois tipos de tarifação.

4 Conclusões

Em suma, a melhor forma de tarifação para esta indústria é a Tarifa Convencional, porém
com uma modificação na demanda contratada. Com a demanda contratada de 93kW, menos
acréscimos foram embutidos no valor final em relação aos 90kW contratados inicialmente.
Pode-se concluir também que as tarifas Horo-Sazonais não são efetivas para redução dos
gastos em casos como este: o consumo da indústria é consideravelmente alto, principalmente
em horários de ponta, resultando em gastos muito elevados na análise final. Assim, este tipo
de tarifação deve ser indicado para consumidores que possuem uma rotina mais maleável
referente ao gasto energético com objetivo de reduzir custos, mas se mostra extremamente
desvantajoso financeiramente para consumidores que dependem da energia em horários de
ponta.

5 Referências Bibliográficas
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, Resolução Normativa 414/2010

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