Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Política de diversidade no Brasil e diretrizes curriculares nacionais para a educação escolar quilombola
CITAÇÕES LÊ
0 37
3 autores:
Álvaro Talavera
37 PUBLICAÇÕES 71 CITAÇÕES
VER PERFIL
Todo o conteúdo desta página foi enviado por Juan G. Lazo Lazo em 22 de janeiro de 2023.
DOI: 10.46932/sfjdv4n1-009
Álvaro Talavera
Doutorado em Engenharia Elétrica
Instituição: Departamento de Engenharia, Universidad del Pacífico
Endereço: Gral Jr. Luis Sánchez Cerro, 2141, Jesús María, Lima Peru
E-mail: ag.talaveral@up.edu.pe
RESUMO
A Educação Escolar Quilombola (EEQ) tem sido uma das principais diretrizes das reivindicações do
movimento desde o Primeiro Encontro Nacional de Quilombos do Brasil, realizado em 1995. Mas só se
tornaria questão de política pública, a partir de 2003, com o decreto presidencial 4.887, que estabeleceu
novas regras para o reconhecimento das comunidades quilombolas como população com direito a políticas
públicas diversificadas. Motivado pelo decreto, o censo escolar anual do INEP (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) passou a contabilizar, a partir de 2004, escolas
localizadas em territórios quilombolas ou que atendem crianças desses territórios. Com isso, a EEQ
passou a contar com uma ferramenta administrativa e censitária de identificação e avaliação, o que
contribuiu para o reconhecimento dessa modalidade de ensino. Em 2012, foram aprovadas as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, que passaram a orientar o recém-criado
sistema de ensino que começava a se estruturar. Este trabalho traz ao debate uma análise das Diretrizes,
baseada na abordagem por competências, e aponta alternativas no desenvolvimento de currículos em
escolas quilombolas. A pesquisa que deu origem ao presente artigo foi orientada pela metodologia
qualitativa, com observação participante, trabalho de campo etnográfico, análise de fontes escritas e orais.
Embora a abordagem baseada em competências não tenha sido considerada na elaboração das Diretrizes,
este trabalho demonstra que é possível fazer aproximações teóricas e práticas (ou pragmáticas) entre o
texto das diretrizes e a proposta de currículos escolares baseados em competências. Além disso,
recomenda a abordagem baseada em competências como uma alternativa poderosa na organização dos
currículos nas escolas quilombolas.
142
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
ABSTRATO
A Educação Escolar Quilombola (EEQ) tem sido uma das principais reivindicações do movimento desde o I Encontro
Nacional de Quilombos do Brasil, realizado em 1995. Mas só se tornaria questão de política pública, em 2003, com o
decreto presidencial 4.887, que estabeleceu novas regras para o reconhecimento das comunidades quilombolas como
população com direito a políticas públicas diversificadas. Motivado pelo decreto, o censo escolar anual do INEP (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) passou a contabilizar, a partir de 2004, as escolas
localizadas em territórios quilombolas que atendem crianças desses territórios. Portanto, a EEQ dispõe de uma
ferramenta administrativa e censitária de identificação e avaliação, o que contribuiu para o reconhecimento desta
modalidade de ensino. Em 2012, foram aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar
Quilombola, que passaram a nortear o sistema de ensino entrante que começou a ser estruturado. O presente trabalho
traz ao debate uma análise das Diretrizes, a partir de uma abordagem baseada em competências, e aponta alternativas
no desenvolvimento de currículos em escolas quilombolas. A investigação que originou o presente artigo foi orientada
pela metodologia qualitativa, com observação participante, trabalho de campo etnográfico e análise de fontes escritas
e orais. Embora o foco nas competências não tenha sido considerado na elaboração das Diretrizes, este trabalho
demonstra que é possível realizar aproximações teóricas e práticas (ou pragmáticas) entre o texto das diretrizes e a
proposta de currículos escolares baseados em competências. Além disso, recomendo focar nas competências como
uma alternativa poderosa na organização dos currículos nas escolas quilombolas.
1. INTRODUÇÃO
educação pública no Brasil. Tem como foco o estudo do desenvolvimento de diretrizes curriculares
padrões nacionais para a educação escolar quilombola e sua relação com a abordagem baseada em competências. Para isso,
É importante explicitar dois termos centrais do trabalho: quilombos e educação escolar quilombola.
trajetória histórica própria, dotada de relações territoriais específicas, com presunção de ancestrais
negações no campo das subjetividades (preconceitos, racismo), dos direitos sociais e humanos,
pelo Estado, como promotor da cidadania através de políticas. A negação também atinge
o direito de conhecer a própria história e origem, o direito a uma educação que expresse
demandas dessa população e contribuir para reverter positivamente o estigma construído sobre o
quilombolas brasileiros.
143
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
Quilombolas. O currículo dessas escolas visa estimular práticas pedagógicas baseadas na valorização
respeitar sua cultura e relação com o meio ambiente; além de garantir formação diferenciada de
Neste trabalho é realizada uma análise das diretrizes, juntamente com material de campo e entrevistas, com
o objetivo de fazer aproximações teóricas entre o texto da política e o debate sobre competências,
apontando as competências como uma alternativa poderosa na organização dos currículos nas escolas
Quilombolas.
Consistiu nas seguintes etapas: 1) análise de documentos oficiais que se referem ao tema educação
pelas relações étnico-raciais e pela educação escolar quilombola; 2) análise bibliográfica sobre o
participação em audiências públicas convidadas pelo governo e entrevistas semiestruturadas com lideranças
para o Brasil na capacidade de desenvolver currículos diferenciados, rompendo, desta forma, com a
círculo vicioso na adoção e reprodução de currículos universais, que Mignolo (Mignolo, 2003)
intitulado colonialismo do conhecimento.
divulgado em 2020, indica a existência no Brasil de 6.023 localidades quilombolas, distribuídas por 1.674
municípios, ou seja, 30% dos municípios do país, localizados em quase todas as unidades da federação.
negra, presente no Brasil há mais de trezentos anos. Contudo, a origem da palavra “quilombo” é
O próprio conceito africano do tronco linguístico banto, que foi modificado através do
144
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
séculos. Significa acampamento guerreiro na floresta, ainda sendo entendido em Angola como
Os quilombos, segundo Munanga (Munanga, 1995), surgiram na África entre os séculos XV e XV.
XVI como uma necessidade político-militar das etnias bantu que precisavam ocupar territórios
desabitadas em seus processos migratórios. Com o tempo, outros grupos étnicos, localizados na região
Tem um caráter multiétnico. Isso explicaria, segundo o autor, a facilidade com que o modelo
Palmares no Brasil do século XVI (Reis e Gomes, 1996), a presença de crioulos negros foi significativa
(designação dada pela historiografia aos negros nascidos no Brasil), aos índios e, em menor escala, aos
reinvenção e readaptação daquela forma de organização social denominada quilombo, obtendo diferentes
denominações: Cimarone na América espanhola, Marrones no Haiti e ilhas francesas do Caribe, Maroons
na Jamaica, Suriname e sul dos EUA, Palenques na Colômbia e Cuba, Cumbes na Venezuela, Quilombo
ou Mocambos no Brasil.
Arruti (2003), referindo-se ao grande número de comunidades negras rurais existentes no Brasil,
Afirmo que sempre se soube da grande parte da população negra que compõe o campesinato e o
proletariado rural brasileiro, mas que nunca, até meados da década de 1990, deu particularidade a isso
população, tanto à frente da história, de organizações civis pelos direitos dos negros, como
de políticas públicas.
A situação de invisibilidade de tais comunidades era tal que até recentemente não parecia
existir negros no campo ou pelo menos isso não foi considerado, nem do ponto de vista empírico, nem do ponto de vista
do ponto de vista analítico ou teórico, pela grande maioria da literatura sobre o campesinato no Brasil.
antropologia.
Se, no Brasil, na década de 70, existiam “estudos sobre comunidades rurais que apresentavam a
particularidade de ser negro”, na década de 80, com os estudos sobre etnia, a questão se inverteu para
“estudos sobre comunidades negras que tinham a particularidade de serem camponesas” (Arruti, 2006).
remanescentes das comunidades quilombolas que estão ocupando suas terras, seus
145
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos", desta forma estes
aplicação e regulamentação do Artigo 68, o governo foi obrigado a definir o objeto da política,
A Antropologia (ABA) foi convidada para realizar estudos. Significados foram disputados nos campos
Os grupos que desenvolveram práticas de resistência na região são considerados remanescentes de quilombos.
A identidade é definida por uma referência histórica comum, construída a partir de experiências e valores
quilombos de que trata o Art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. De acordo
Com sua definição, remanescentes de quilombo são considerados “grupos étnico-raciais, segundo critérios de
autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotada de relações territoriais específicas, com
educacionais, especialmente formais, a fim de aprimorar seus diálogos e negociações com o sistema
jurídico e governamental; o que, de certa forma, exigiu que as organizações quilombolas pensassem em um padrão
persistência de temas como identidade, diversidade e diferença, embora não de forma centralizada. Embora
existe persistência, isso não significa que haja um consenso sobre o uso desses conceitos na área
observaram pelo menos três significados nessas políticas educacionais: a) inclusão social; b) ações
146
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
Para Moehlecke, a expressão diversidade, ao mesmo tempo que pode indicar “a percepção
quase óbvio da própria variedade humana, física, social e ambiental, existente em nossa sociedade, traz
ciências sociais, o termo é usado, em geral, para descrever a heterogeneidade de culturas que
Ocidental, que se afirmava “no pressuposto de uma homogeneidade cultural organizada em torno
Mesmo com base nas leituras de Moehlecke, a diversidade, capturada na sua dimensão cultural, é
articula a demanda por reconhecimento na esfera pública e política de grupos definidos como
aprovou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), nº. 9.394/1996, que definiu o
a educação básica como nível de ensino escolar no qual foram inseridas as seguintes modalidades:
educação de jovens e adultos, educação especial, educação profissional, educação indígena, educação
intrínseco aos processos de ensino e aprendizagem no que diz respeito às especificidades do público a que se dirige.
a que se destina – jovens e adultos, pessoas com deficiência, populações indígenas e rurais e,
debate, no campo jurídico, da diversidade cultural como questão transversal e a escola foi inserida como
e o racismo, e a sua ação, neste sentido, deve ser intencional, sistemática, constante e obrigatória.
processo, lei nº. 10.639/2003, que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de História e
pela lei nº. 11.645/2008, que institui a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro.
que define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação
Básico.
147
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
A reforma educacional iniciada na década de 1990 no Brasil foi enquadrada pela Lei de
diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígenas,
Lei nº. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes para inclusão no
currículo oficial das redes de ensino públicas e privadas, a obrigatoriedade da disciplina “História
e Cultura Afro-Brasileira". Esta lei altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
9.394, de 20 de dezembro de 1996. Neste mesmo período, foram criadas duas secretarias estratégicas
país: a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), criada em março
2003, gerou e coordenou o Programa Brasil Quilombola (PBQ), 2004; e o Ministério da Educação
da Diversidade e Inclusão Educacional. É importante ressaltar que o texto da Lei 10.639/2003 não
referência a “quilombos” ou “comunidades remanescentes de quilombos”. Já o texto das Diretrizes Curriculares Nacionais
Há, no entanto, nestes textos, uma ausência de uma abordagem mais específica e singular do tipo
da educação escolar para as comunidades quilombolas, uma vez que focam apenas na
Em 2006, a SECAD/MEC lançou as Diretrizes e Ações para a Educação das Relações Étnico-Étnicas.
Racial. Nessas diretrizes, a educação escolar nas comunidades quilombolas passou a ser uma questão
específico. Essa abordagem foi mantida, em 2009, no Plano Nacional de Implementação da Lei 10.639/2003, no qual a
específico para as ações principais. Ou seja, a discussão sobre a educação escolar quilombola venceu
Pela primeira vez em 2010, o governo brasileiro organiza a Conferência Nacional de Educação
(CONAE 2010) com o objetivo de discutir o desenvolvimento do Plano Nacional de Educação. Nesta
148
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
para atender às demandas das comunidades quilombolas, visto que a Lei 10.639/2003 não trata do
especificidades da educação quilombola. Essa diretriz gerou a formação de um Grupo de Trabalho para
de 13 de julho de 2010, que define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica
Em 2010, o CNE realizou o I Seminário Nacional de Educação Quilombola em Brasília, que teve como objetivo
Em dezembro de 2010 foi publicada a Resolução CNE/CEB nº 7/2010, que estabelece Diretrizes
educação escolar quilombola, produziu impactos relevantes. Primeiro, os textos legais consolidam uma
vocabulário que passa a orientar não apenas as políticas oficiais, mas também os debates e polêmicas
relações étnico-raciais (Lei 10.639/2003) e as demandas pela educação escolar das comunidades
Quilombolas. Terceiro, impactam as práticas pedagógicas das escolas localizadas em território quilombola –
Em alguns estados foram realizados cursos de formação continuada para professores, quilombolas e não
quilombolas, com investimentos do governo federal, de alguns governos estaduais e de municípios. Entre
Estes incluem o desenvolvimento de materiais pedagógicos sobre e com base nas experiências destes
escolas.
foi realizada em junho de 2012 pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação e
aprovado pelo Ministro da Educação em novembro do mesmo ano. Estas Diretrizes foram
construído a partir de consultas públicas oficiais nos estados do Maranhão, Bahia e Brasília,
realizadas pelo CNE/MEC, bem como consultas públicas nos demais estados, a partir de iniciativas
parceiros, teve a missão de estruturar uma proposta de política educacional com diversidade local
149
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
Embora as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola não tenham sido
concebido com base no conceito de competências, é possível estabelecer uma ligação entre a concepção
5 DIRETRIZES E COMPETÊNCIAS
Um dos conceitos atuais de competição mais influentes foi estabelecido por Philippe
Perrenoud - competência em termos de conhecimento em ação ou conhecimento em uso. Esta ideia de Perrenoud está associada ao
A teorização de Tardif (Tardif, 1996). A concepção de competência que se discute hoje na educação
afasta-se de uma visão técnica segmentada, sem se reduzir a uma aplicação funcionalista do conhecimento
anteriormente adquirido. Essa concepção se constitui como um sistema complexo de conhecimento que
É nesse sentido que Perrenoud também trabalha esse conceito no campo da educação, em
particularmente ao explicar competência como conhecimento em ação. A competição se distingue pela capacidade
ativo e atuante.
Quilombola foi um processo de aprendizagem, tanto para os quilombolas quanto para os gestores públicos,
consultores, pesquisadores, organizações sociais de defesa dos direitos da população negra. Para o
Ao mesmo tempo, as audiências eram espaços onde os quilombolas podiam apresentar seus conhecimentos
de si mesmos, suas experiências, suas demandas por escola/educação, seus modos de vida, e identificar o que eles
singulariza Esses espaços exigiam que os quilombolas e suas organizações organizassem seus
Esta não é a primeira vez que se tenta encontrar o formato segmentado do currículo escolar.
relevância social dos temas de estudo, entre outros. Essas ondas de reunião de significado ocorrem
diversas formas e com diversos padrões teóricos e até ideológicos. No entanto, o que importa aqui
150
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
destaque é a tradução de uma insatisfação com o distanciamento do currículo vivenciado nas escolas, por um lado
por um lado, e a sua utilização eficaz e eficiente, por outro. Os alunos tendem a passar pelo conhecimento que integram
currículo sem que, muitas vezes, eles percorram o conhecimento, ou mesmo toquem nele ou
especificidades históricas, socioculturais e tecnológicas de cada comunidade. Esta intenção foi apresentada no
processo das audiências, na medida em que os quilombolas expressaram suas experiências, seus contextos e
dos currículos das escolas quilombolas. Este trabalho considera que estes princípios e eixos,
construídos em articulação com os sujeitos da política, devem ser os grandes pilares do currículo escolar
por competências, correspondendo a unidades para as quais um conjunto deve convergir e entrelaçar-se
Destacando-se como princípios e eixos das diretrizes a serem utilizados como pilares do
currículo escolar por competências: memória coletiva; práticas culturais; tecnologias e formas de
produção de trabalho; celebrações, costumes e tradições; territorialidade, entre outros. A seguir é apresentado brevemente
exemplo na tabela 1:
151
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
6. CONCLUSÕES
quilombolas (2011-2017) apresentou um cenário ainda bastante desafiador, visto que ainda não atende a
realidade sociocultural e étnica dos alunos, tanto em relação ao currículo formal quanto às práticas
adolescente quilombola, nem o desenvolvimento positivo de sua autoestima, apesar da existência de algumas práticas
pedagógicos, uns mais e outros menos integrados aos princípios em que se baseiam as diretrizes. A cultura
a escola não é favorável, nem contempla a cultura dos alunos quilombolas, baseada na
tradição oral, através de uma variedade linguística excluída do padrão culto da Língua Portuguesa.
Junto a isso, os jovens quilombolas vivenciam uma tensão entre permanecer e migrar das comunidades,
Castilho e Santana (2019) apud Arruti (2022), avaliam com base na pesquisa realizada
Mato Grosso (Gepeq/UFMT) que, o redirecionamento pedagógico (de políticas voltadas para
Os professores começaram a desenvolver seus próprios materiais com base nas experiências de pesquisa em seus
É recorrente nas demandas educacionais dessas comunidades que a escola esteja envolvida em
a vida social da comunidade, pois para eles a escola só faz sentido se for integrada e
condições de vida das pessoas e traz melhorias, seja a nível material/económico, cultural ou ético.
Essa forma de pensar a escola quilombola a aproxima da abordagem das competências sob medida.
que ressignifica os sentidos da escola e a situa num contexto gerador de demandas. Conhecimento
Disciplinar absolutamente é coisa de especialista, que tem o conhecimento como fim; para o
152
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
competências na medida em que exige conhecimento interdisciplinar entre diferentes setores que
Deve ser implementada como uma política pública educacional e estabelecer interface com as políticas existentes.
para os povos rurais e indígenas, reconhecendo seus pontos de importância política, histórica, social,
quilombola acessa saberes e saberes variados sem os quais não consegue se manter em uma situação
território que é ancestral, cultural, econômico, religioso, político. Discutir escola quilombola é discutir
dimensões da vida de grupos étnico-culturais que entendem a escola como parte dessa vida, que
não está congelado no tempo, que se relaciona e dialoga, que também precisa oferecer respostas para
problemas específicos do cotidiano. Isso foi perceptível diante das reivindicações quilombolas no
os públicos: as demandas relacionadas à educação eram todas articuladas e abordavam saúde, lazer,
profissionalização, religiosidade, território, agricultura, tecnologia, entre outros. Dessa forma, a Educação
A Escuela Quilombola, renova e alimenta o debate sobre a função social da escola, o significado da
conteúdo curricular, bem como a conexão e integração entre ele e o contexto social dos alunos.
estudantes.
153
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
REFERÊNCIAS
Arruti, JM (2003). O quilombo: entre dois governos. Tempo e Presença. V.25, N.330, pp. 10-16.
Arruti, JM (2006). Mocambo: antropologia e história do processo de formação quilombola. São Paulo: Edusc.
Barth, F. (2000). As etnias e suas fronteiras. Ó guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro:
Contra Capa Livraria.
Brasil, 1988. (2008). Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: promulgado em 5 de outubro de 1988" .
CONAE. (2010). Conferência Nacional de Educação (CONAE). Documento definitivo. Brasília: MEC, SEA.
http://conae.mec.gov.br/images/stories/pdf/pdf/documetos/documento_final_sl.pdf
Diretores Curriculares Nacionais de Educação das Relações Étnico-Raciais e de Ensino de História e Cultura Afro-
brasileira e Africana. (Brasil, Brasília: junho, 2005). http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/10/
DCN-s-Educacao-das-Relacoes-Etnico-Raciais.pdf
Salão, S. (2003). Da Diáspora: Identidades e meios culturais. Belo Horizonte: UFMG: Representações da UNESCO no
Brasil.
Leia não. 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. (Brasil, 20 de dezembro de 1996). http://
portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/diretrizes.pdf
Mignolo, V. (2003). Histórias globais/ projetos locais: colonialidade, conhecimento subalterno e pensamento liminar.
Belo Horizonte: UFMG Editora.
Miranda, SA de. (2012). Educação escolar quilombola em Minas Gerais: entre faltas e emergências.
Minas Gerais: Revista Educacional Brasileira. V. 17 n. 50 de maio a agosto. 2012.
Moehlecke, S. (2009). As políticas de diversidade na educação não governadas por Lula. Cadennos de pesquisa.
São Paulo, v.39, n.137, pp. 461-487.
Munanga, K. (1995). Origem e História do Quilombo na África. Revista USP - Dossiê Negro - 300 anos do Povo, São
Paulo.
Ver CNE/CEB nº. 16/2012. (2012). Diretores Curriculares Nacionais de Educação Escolar Quilombola. http://
www.seppir.gov.br/portal-antigo/arquivos-pdf/diretrizes-curriculares
Reis, JJ, Gomes, F. dos S. (org.) (1996). Liberdade por um fio. História de dois quilombos no Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras.
154
Machine Translated by Google
South Florida Journal of Development, Miami, v.4, n.1. p.142-155, 2023. ISSN 2675-5459
Roldão, M. do C. (2009). O lugar das competências no currículo – ou o currículo como lugar das
competências? Revista Educação Matemática Pesquisa. São Paulo, v.11, n.3, pp.585-596.
155