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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS E POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ERIVAN MARCOS N DA SILVA

FRANSUELA DINIZ DA SILVA

GENILDA MARIA DE OLIVEIRA PINHEIRO

MARIA APARECIDA DE SOUZA DANTAS

PAULO CESAR DE FIGUEIREDO

TADEU VIEIRA CARNEIRO

GÊNERO E SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: ATIVIDADES DE MENINOS


OU DE MENINAS?

CAICÓ, RN
2022
ERIVAN MARCOS N DA SILVA

FRANSUELA DINIZ DA SILVA

GENILDA MARIA DE OLIVEIRA PINHEIRO

MARIA APARECIDA DE SOUZA DANTAS

PAULO CESAR DE FIGUEIREDO

TADEU VIEIRA CARNEIRO

GÊNERO E SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: ATIVIDADES DE MENINOS


OU DE MENINAS?

Projeto de Intervenção pedagógica apresentado


à Disciplina Práticas Curriculares II, do Curso de
Licenciatura em Educação Física-EAD, da
Universidade Federal Rio Grande do Norte-
UFRN, para fins de avaliação da referida
disciplina sob orientação da professora Rubiane
Giovani Fonseca.

CAICÓ, RN
2022
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Título: Gênero e sexualidade na Educação Física: Atividades de meninos ou de


meninas?
Tema: Gênero e sexualidade
Duração: Uma semana

1. INTRODUÇÃO

As relações de gênero e a sexualidade, são amplamente detectadas e


discutidas na sociedade, nas diversas relações e movimentos sociais e institucionais
e portanto, também estão presentes no cotidiano escolar, nas relações interpessoais
dos atores escolares, manifestando-se nos espaços coletivos de ação e interação e
em todas as atividades desenvolvidas neste ambiente educativo.
As instituições escolares responsáveis pela formação de crianças e jovens,
meninos e meninas, caracteriza-se como um espaço essencial para dinamizar
temáticas relevantes para a formação do cidadão e da sua identidade, com base nos
discursos, símbolos, representações, práticas, regras e representações sociais.
De acordo com a concepção de GOELLNER et al. (2009), no combate às
práticas discriminatórias de gênero e sexualidade, precisamos problematizar alguns
discursos amplamente disseminados no seio social e questionar as práticas que
reforçam atitudes sexistas e racistas e desconstruir preconceitos como o que enfatiza
que a menina que gosta de jogar futebol ou de lutar tem tendência a ser homossexual.
Diante disso, as possibilidades de reflexão sobre a problemática da identidade
de gênero no ambiente escolar e tendo como objeto de estudo as aulas de Educação
Física de uma Creche Municipal de Ensino Fundamental da cidade de Caicó, nos
reportamos a uma série de questionamentos sobre os quais nos debruçamos nesse
projeto: Como ocorre as brincadeiras das crianças nas aulas de Educação Física?
Existe diferenciação entre atividades de meninos e meninas?
Dessa forma, essa temática apresenta-se de suma importância visto que
vislumbra a possibilidade de trabalhar as questões de gênero nas aulas práticas de
Educação Física objetivando nortear concepções, abordagens e práticas pedagógicas
e esportivas direcionadas à diversidade, buscando à equidade de gênero nas práticas
esportivas e demais atividades escolares e também para o combate ao preconceito
aos grupos minoritários à discriminação de gênero e a discriminação étnico-racial no
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ambiente escolar. Além de impulsionar o desenvolvimento de atitudes de respeito e


valorização a diversidade dos sujeitos em ambientes diversificados.

2. CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR


Aulas de Educação Física, Práticas Esportivas, Gênero e sexualidade,
Cooperação, Socialização, etc.

3. PÚBLICO-ALVO
O público alvo do projeto supracitado será alunos de uma turma de 3º ano do
Ensino Fundamental de uma Escola Pública Municipal da cidade de Caicó-RN e será
desenvolvido nas aulas de Educação física da referida turma.

4. OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Diagnosticar como os conteúdos e práticas sobre gênero e sexualidade se
manifestam nas aulas de Educação Física de crianças de uma Escola de Ensino
Fundamental I da cidade de Caicó-RN.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Problematizar com base nas práticas educativas da Educação Física em sala
de aula a influência da temática de gênero, sexualidade e étnico-racial no que
concerne a vivência escolar, o preconceito e aceitação dos educandos.
 Estimular o desenvolvimento do respeito a diversidade social entre a
comunidade escolar por meio do estimulo educativo através da elaboração de
uma página no Instagram que aborde as temáticas transversais de gênero e
étnico-racial.
 Elaborar um projeto educativo utilizando-se da mídia social como ferramenta
de disseminação da informação produzida em sala de aula por meio da
pesquisa grupal entre alunos e o conhecimento interdisciplinar entre outros
campos de saberes como História, Geografia, Português e Matemática
direcionado ao ensino fundamental I de uma escola da cidade de Caicó-RN.

5. DEFINIÇÃO DA SEQUÊNCIA DE TAREFAS E ETAPAS


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Para o desenvolvimento do referido projeto, a princípio, serão realizadas


observações do contexto escolar, de sala de aula, das práticas pedagógicas e
atividades físicas da referida escola objetivando conhecer e diagnosticar de que forma
são abordadas as temáticas que envolvem o gênero, sexualidade e relações étnico-
racial.
A segunda etapa seria construir uma temática mais específica direcionada a
pesquisa entre alunos e alunas em sala de aula, como por exemplo, existe
diferenciação entre atividades de meninos e meninas dentro da atividade esportiva
que atrapalhe ou melhore o exercício da educação física? Quais atletas do sexo
feminino mundial e local mais se destacaram dentro do esporte e contribuíram para
formação histórica e social da sociedade. Quais esportes as meninas se interessam
mais e quais os meninos mais gostam?
Logo depois, os alunos se dividirão em grupos e procurarão fotos, vídeos e
mensagens que estejam atreladas a cada assunto perguntado. O Instagram será
criado pelo educador e ficará de sua responsabilidade o conteúdo a ser postado,
assim como também a comunidade que terá acesso a tal página.
O nome do Instagram, as cores e os símbolos serão selecionados
conjuntamente numa votação, assim cada aluno terá direito a três postes que são
resultados da pesquisa feitas anteriormente.

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

É fato que ao longo da vida o ser humano passa por diferentes processos de
evolução como também de adaptações que muitas vezes acaba por dificultar o
processo o qual seria necessário dentro de uma nova realidade. Assim acontece
quando por exemplo pensamos o nosso tempo enquanto estudante e o que podemos
vivenciar hoje enquanto professores ou formadores também de um novo ensino
(novas práticas) que nos permite fugir de um tempo e apresenta-se a nova realidade.
Quando refletimos sobre aquilo que vivenciamos lá no ensino fundamental ou até
mesmo no ensino médio podemos pensar nas aulas de Educação Física desenvolvida
por um professor graduado em outra área e que voltava seu ensino onde meninos
jogavam bola (futsal ou futebol) enquanto às meninas eram dispensadas de tal aula
uma vez que não se tinha ou não era pensada práticas para a inclusão das mesmas.
Porém é preciso pensar que mesmo diante de novas práticas e estudos desenvolvidos
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para proporcionar um novo ensino ainda existe um certo trancamento quando nos
colocamos no seio de instituições e nos deparamos com velhas práticas que acabam
por separando e diferenciando pessoas por sexo, raça e até mesmo por questões
LGBTQIA+. Diante a isso é que se faz necessário pensar em questões centrais da
prática educativa da atualidade a qual o sujeito se insere e se faz presente em sua
realidade, apresentando-se diante de das diferenças e das desigualdades sexuais e
de gênero, em suas articulações com outros "marcadores sociais", como raça, etnia,
classe. A instituição escolar vem a desenvolver um papel fundamental, porém é
preciso lembrar que o sujeito está inserido nos mais diversos contextos e espaços.
Vejamos o que nos apresenta LOURO,1997, p.2
aqui, especialmente para as práticas cotidianas, rotineiras e comuns. Entende
que são precisamente os gestos e as palavras banalizados que devem se
tornar alvos de atenção renovada, de questionamento e de desconfiança. A
tarefa mais urgente seria desconfiar do que é tomado como "natural". Desta
forma, currículos, normas, procedimentos de ensino, teorias, linguagem,
materiais didáticos e processos de avaliação são colocados em questão.

Desta forma, a autora (LOURO,1997, p.3) nos convida a pensar e desenvolver


ações que possam fugir de práticas tradicionais de ensino e que venha a integrar o
sujeito de forma inclusiva quando se deve pensar além do meio o qual se apresente
o sujeito e em seu modo de pensar e viver. Busca-se uma prática a qual se possa
conhecer e perceber todas as diferenças, é desta forma que os aportes teóricos mais
relevantes para a construção de sua argumentação vêm

fundamentalmente do campo dos Estudos Feministas, mas, também, dos


Estudos Culturais, dos Estudos Negros, dos Estudos Gay e Lésbicos.
Voltados todos para as "diferenças", para as formas como estas são
constituídas e fixadas, valorizadas ou negadas, esses vários campos têm,
seguramente, múltiplos pontos de contato. São todos, também, espaços de
uma produção teórica fértil, crítica e engajada.

Sendo assim, passa a existir um convite para que se possa pensar as nossas
atitudes e ensino através de atitudes críticas sobre o que podemos vivenciar no campo
o qual passamos a conhecer e de forma que venha a privilegiar e buscar o algo a mais
para aqueles que convivemos na prática para que os mesmos também desenvolvam
em seu cotidiano atitudes inovadoras e cruciais para que também sejam sujeitos
transformadores. Desta forma quando pensamos e voltamo-nos em como era as
nossas aulas de educação física, é preciso pensar e ver o que LOURO, 1997, p.8 nos
diz:
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A profundidade e amplitude com que são tratadas as questões da mulher


neste livro nos coloca o desafio de nós (professoras/es, atores e atrizes da
educação brasileira) de fato repensarmos nossas práticas educacional,
sindical e cotidiana e nos abastecer de uma nova teoria científica que leve
em conta as mulheres como sujeitos. O que nos propõe Gênero, Sexualidade
e Educação é muito mais do que contar a história do feminismo ou da
visibilidade à opressão sexista, em si, que recai sobre a mulher ao longo da
história.

Assim quando a autora traz a questão de gênero abre a possibilidade de


refletimos na prática o que podemos encontrar na nossa prática e nos convida a fazer
um exercício dentro daquilo que fará e faz parte da nossa vida. Vejamos o que propõe
LOURO, 1997, p. 9.

Um pensamento plural, que analise a fundo as representações sociais e


escape dos argumentos biológicos e culturais da desigualdade, os quais
sempre têm o masculino como ponto referencial. O exercício que se propõe
aqui é um rompimento com pensamento dicotômico: feminino em oposição
ao masculino; razão/sentimento; teoria/prática; público/privado, etc. "Os
sujeitos que constituem a dicotomia não são, de fato, apenas homens e
mulheres, mas homens e mulheres de diferentes classes, raças, religiões,
idades, etc., e suas solidariedades e antagonismos podem provocar os
arranjos mais diversos perturbando a noção simplista e reduzida de homem
dominante e mulher dominada.

Neste projeto, temos como objetivo diagnosticar como os conteúdos e práticas


sobre gênero e sexualidade se manifestam nas aulas de Educação Física de crianças
de uma Escola de Ensino Fundamental I da cidade de Caicó-RN. O gênero é
entendido aqui como um construtor social. Assim, as diferentes formas de feminilidade
e masculinidade são constantemente atualizadas e permeiam as interações sociais,
tornando-se parte constituinte da identidade dos sujeitos. Pensar em sexualidade na
escola implica em, muitas vezes, reconsiderar posições, conceitos e pré-conceitos.

Nesse sentido, a educação escolar representa o caminho para o


estabelecimento de uma Educação Sexual que visa, ao mesmo tempo que o respeito
à livre orientação sexual em consonância com relações igualitárias de gênero, classe,
raça/etnia, a construção de um ambiente pedagógico onde os conhecimentos
científicos acerca deste assunto possam ser difundidos com domínio e propriedade.

A necessidade de trazermos o tema para o interior das instituições de ensino


se justifica pelo intuito maior de proporcionar a toda a comunidade escolar, o acesso
a informações sérias e interpretações críticas acerca de diversos assuntos e situações
que permeiam a sociedade contemporânea. Entendemos que a compreensão da
realidade em que estamos inseridos é fundamental, pois é por meio do conhecimento
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que nos emancipamos; é por meio do conhecimento que nos damos conta de que as
questões afetas à sexualidade são tratadas de forma diferenciada, de acordo com o
momento histórico em que se manifestam. Podemos afirmar que a sexualidade e suas
formas de expressão são produções humanas e, como tais, estão sujeitas a uma série
de determinantes socioeconômicos. Assim, as desigualdades de direito e de fato que
observamos quando falamos de mulheres e homens são produções históricas, e,
portanto, passíveis de mudanças. Da mesma forma, é possível a superação de outros
tipos de preconceito sexual.

A identidade, ponto de referência da subjetivação, pode ser considerada como


aquilo que permite ao sujeito diferenciar-se dos outros membros do grupo: é com base
nessa diferenciação que o sujeito passa a se referir a “si mesmo”. Essa diferenciação
e, portanto, a separação do grupo é que permitem, paradoxalmente, uma identificação
com esse mesmo grupo. Percebe-se, assim, um duplo movimento na construção da
identidade: individuação e identificação aos membros do grupo. Esta noção torna-se
mais clara se recorrermos à origem etimológica do termo “si mesmo”, se, em grego,
que, por um lado, significa individualidade e, por outro, pertencer a um grupo restrito
(BENVENISTE, 1995). Nesse sentido, evidenciar o gênero na construção da
identidade significa reconhecer a feminilidade e a masculinidade constituindo o sujeito.
Sujeito que possui corpo, linguagem, história, cultura.

7. MATERIAIS NECESSÁRIOS
Para o desenvolvimento e execução do referido projeto, será utilizado materiais
didáticos e pedagógicos e recursos tecnológicos como: computador, smartphone,
caderno, lápis, etc. além de recursos esportivos para aulas de educação física como
bambolês de cores diversificadas, bola, corda, cones, etc.

8. PRODUTO FINAL
O referido projeto subsidiará a criação de uma página na rede social Instagram
com o objetivo de orientar, estimular e oferecer suporte pedagógico para o
desenvolvimento de atividades físicas que valorizem a promoção das diversidades e
inclusão no campo da Educação Física na perspectiva interdisciplinar, favorecendo a
diversidade e a equidade de gênero e raça tanto nas aulas de educação física como
em todas as atividades e ambientes da escola e da sociedade.
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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOELLNER, Silvana Vilodre et al. Gênero e raça: inclusão no esporte e lazer. 2009.

BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral I. Campinas, SP: Pontes, 1995.

LOURO, Guacira Lopes. Uma leitura da história da educação sob a perspectiva


do gênero.

Projeto História, São Paulo, v. 11, p. 31-46, nov. 1994.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-


estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.

_______. Corpo, escola e identidade. Educação & Realidade, v. 25, n. 2, p. 59-75,


jul./dez. 2000.

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