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CLARK, Mary K. Homesc Católico
CLARK, Mary K. Homesc Católico
Sobre a capa
A
capa deste livro é uma fotografia de Nossa Senhora do Bom Conse-
lho, doada pelo Sr. João S. Cla Dias, fotógrafo e autor de um livro
belissimamente ilustrado, Nossa Senhora do Bom Conselho de Ge-
nazzano. Sou-lhe grata pela generosidade.
Muitos anos atrás, descobri este afresco miraculoso e desde então passei
a ter uma devoção especial pela Virgem Santíssima sob este título. É espe-
cialmente apropriado às mães homeschoolers ou que pretendem iniciar o
homeschooling pedir o aconselhamento da Virgem ao tomar decisões que
afetarão as vidas de suas famílias.
O afresco miraculoso encontra-se na pequena cidade de Genazzano, na
Itália. Muitos milagres lhe são atribuídos. Ele é feito de material não iden-
tificável e, há cinco séculos, sustenta-se sem apoio. Ele tem sido objeto de
veneração por papas e santos.
Surpreendentemente, milagres vêm sendo associados não apenas ao ori-
ginal, mas também às suas cópias. Rogo para que Nossa Senhora do Bom
Conselho opere milagres nos corações dos pais católicos que tiverem o pre-
sente livro em mãos, orientando-os a tomar o melhor caminhos para que
suas famílias possam viver a autêntica vida católica.
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Sumário
Agradecimentos 11
Prólogo 15
Prefácio 21
Introdução 33
Capítulo 1
Por que homeschooling católico? 39
Capítulo 2
O que é homeschooling católico? 63
Capítulo 3
Ensinamentos da Igreja sobre matrimônio e educação 79
Capítulo 4
Como iniciar o homeschooling católico 121
Capítulo 5
Homeschooling em uma família numerosa 149
Capítulo 6
A vida sacramental 185
Capítulo 7
O papel do pai no homeschooling 215
Capítulo 8
Disciplina na família católica homeschooler 237
Capítulo 9
Administração doméstica na família católica homeschooler 269
Capítulo 10
Homeschooling em famílias com pai ou mãe ausente 283
Capítulo 11
Ensinando crianças com demandas pedagógicas diferentes 291
Capítulo 12
Homeschooling para crianças com necessidades especiais 301
Capítulo 13
O problema da socialização 313
Capítulo 14
Grupos de apoio católicos 341
Capítulo 15
Respondendo às autoridades 351
Capítulo 16
Homeschooling e catequese 373
Capítulo 17
O homeschooling católico em nossa democracia americana 387
Capítulo 18
O futuro do homeschooling católico 395
Apêndice
A Carta às Famílias de João Paulo II 405
Bibliografia 411
HOMESCHOOLING
CATÓLICO
Um guia para pais
Revisão
Camila Hochmüller Abadie
Diagramação
Priscila Esteves Peres
Renan Martins dos Santos
Gustavo Abadie
ISBN
Realização
Agradecimentos
A
gradeço aos meus pais, John e Jacqueline Lynch, de Cleveland, Ohio,
por minha educação católica, que me levou a educar meus filhos em
casa e posteriormente a escrever este livro.
Agradeço, igualmente, àqueles que me ajudaram a escrever este livro, em
especial meus filhos Kevin e John.
Sou também imensamente grata àqueles que contribuíram com capítulos:
Dr. Mark Lowery, pai homeschooler e professor de Teologia Moral; Ginny
Seuffert, mãe homeschooler de doze filhos, com muitos anos de experiência
como educadora domiciliar; Kenneth Clark, meu filho mais velho e advo-
gado especializado em homeschooling da Seton Home Study School; Cathy
Gould, especialista em Deficiência de Apredizagem e consultora da Seton;
e Cathy Rich, mãe homeschooler com um filho portador de Deficiência de
Aprendizagem.
Agradeço, ademais, a meu marido Bruce e aos meus sete filhos, Kenneth,
Kevin, Daniel, Paul, John, Jim e Timothy, por sua cooperação ao longo dos
anos, que, além de me ajudar a crescer espiritualmente, possibilitou minha
intensa dedicação ao trabalho junto às famílias homeschoolers.
Agradeço ainda aos padres: John Hardon e Charles Fiore, já falecidos;
Paul Marx, Robert Fox e Matthew Habiger; e ao consultor da Seton Home
Study School, Pe. Constantine Belisarius. O apoio destes sacerdotes é de cru-
cial importância ao homeschooling católico e ao meu trabalho.
Agradeço à equipe da Seton, que com espírito cooperativo trabalha para
tornar o homeschooling possível a tantas famílias católicas.
Por fim, agradeço a todas as famílias da Seton, que me deram o privilégio
de participar de sua experiência homeschooler.
Agradecimentos especial aos
colaboradores da edição brasileira
P
ais, talvez alguns de vocês sintam-se inclinados a pensar que o conte-
údo deste livro, Homeschooling Católico, é exagerado ou distorcido;
permitam-me, pois, enquanto sacerdote, compartilhar com vocês algu-
mas experiências.
Eu sei o que é servir a mesma paróquia como padre assistente e depois
como pároco, em ambos os casos dando aulas regularmente a alunos da
primeira à décima segunda série. Eu sei o que é ensinar em uma escola
católica onde as crianças costumavam aprender os princípios básicos da
Fé Católica, para, anos mais tarde, após o Concílio Vaticano II, retornar e
descobrir que as crianças desta mesma escola agora sabiam praticamente
nada sobre o Catolicismo. Eu sei o que é ser nomeado pároco de uma
comunidade e descobrir, logo à minha chegada, que os adolescentes da
Confraternidade da Doutrina Cristã (CDC) não viam diferença entre o
Catolicismo e as “grandes religiões mundiais”, a saber, Islã, Budismo e
Hinduísmo. Eu sei o que é ser responsável por ainda outra paróquia onde
os professores do CDC entendiam como “ecumenismo” não ensinar que a
Igreja Católica é a Verdadeira Igreja. Eu sei o que é ministrar um workshop
de dois dias a um público de padres, tendo como tema a educação religio-
sa dos jovens, em uma das universidades católicas de maior prestígio dos
Estados Unidos, e ter de ouvir alguém de dentro da universidade dizer que
eu não tinha o direito de insistir que se ensinasse à juventude que a Igreja
Católica é a Verdadeira Igreja.
Fui professor, em minha comunidade paroquial, desde minha ordenação,
ensinando turmas da primeira à décima segunda série ao longo de todo o
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1 In: htttp://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decl_19
651028_gravissimum-educationis_po.html
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Prefácio
O
“O homeschooling é academicamente eficiente? Se sim, eu estou à al-
tura de praticá-lo?” Sem dúvida, essas são questões preocupantes para
muitos pais que estão considerando iniciar o homeschooling. A Dra.
Mary Kay Clark escreveu Homeschooling Católico em grande medida para res-
ponder a essas que são questões de primeira ordem – e também, é claro, para
esclarecer quais as razões espirituais para se praticar o homeschooling.
O objetivo deste prefácio é acrescentar um ponto de exclamação a tudo o
que a Dra. Clark diz em seu livro e responder com um sonoro “sim” às duas
questões colocadas acima.
Em primeiro lugar, por que o homeschooling pode ser muito eficiente do
ponto de vista acadêmico, isto é, educativo? Como mestre em educação e
ex-professor que, por duas vezes, foi responsável por turmas de sexta série
exclusivas para crianças com deficiência, primeiro em uma escola católica,
depois em uma pública; tendo sido também, por dois anos, professor de
inglês em uma escola pública de ensino médio e professor universitário de
filosofia, igualmente por dois anos; já tendo conhecido professores bons,
maus e medíocres, e presenciado coisas boas e más serem feitas em nome da
educação; já tendo obtido bons resultados após um trabalho árduo e plane-
jamento inteligente; já tendo visto todos os erros possíveis serem cometidos
impunemente por professores “certificados” pelo Estado e tendo precisado
reanimar intelectualmente alunos que por anos foram vítimas de má instru-
ção – em posse de tais credenciais eu acredito poder dizer, com um certo grau
de autoridade, que o homeschooling pode ser academicamente eficiente, e
isto por oito motivos básicos:
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MARY KAY CLARK
ou três dentro dessa rotina, para que os maus hábitos sejam eliminados,
porém a quantidade extra de trabalho, mais a diminuição do tempo livre,
cedo ou tarde farão com que a criança perceba que o fracasso não é mais
uma possibilidade. Em pouco tempo utilizando esse método você colocará
o aluno teimoso no caminho do sucesso. A melhora no desempenho é uma
experiência prazerosa, que o motivará – e a batalha está ganha.
7. Um dos segredos de sucesso do homeschooling é o incentivo à leitura.
Noventa e nove por cento da vida acadêmica resume-se à leitura. Quando
ensinava inglês1, eu costumava pedir um livro por semana, além de todo o
conteúdo restante da disciplina – ou, nas turmas de sexta série para alunos
especiais, além de todas as demais tarefas. Havia choro e reclamações por
cerca de duas semanas, mas, como eu permitia que os alunos lessem o que
quisessem, desde que fosse um livro decente, eles rapidamente acatavam a
ideia. A avaliação era simples, sempre feita em cartões 3x5 entregues ao
fim de cada mês. Ocasionalmente, os alunos tinham de comentar o livro em
voz alta para o resto da turma, e cerca de uma vez por mês o comentário
sobre o livro coincidia com o trabalho escrito da semana. Eu dava créditos
pela leitura de livros extras. O aluno médio consegue facilmente ler mais
de um livro por semana e ainda fazer as outras tarefas. Os resultados dessa
prática são inacreditáveis: aumenta o vocabulário, aumenta a compreen-
são de texto, aumenta o interesse pela escola, aumenta a capacidade de
escrever boas frases, aumenta a habilidade psicossomática de ler cada vez
mais rápido com cada vez mais compreensão, aumenta o acúmulo de co-
nhecimento, aumenta a habilidade de soletração, aumenta o interesse nos
mais variados assuntos e aumenta a confiança dos alunos em seu potencial
para aprender. Você pode alcançar resultados incríveis com seus filhos, e
implementando o programa de leitura “um livro por semana” – mesmo que
você seja o pior professor do mundo – eles superarão com folga o melhor
desempenho que pudessem ter na melhor das escolas formais. Faça deste
simples programa de leitura a “rede de proteção” do seu homeschooling e
não há como não dar certo.
8. O homeschooling elimina a frivolidade e as bobagens que as crianças
aprendem com os colegas. Ao invés de seus filhos espelharem-se em algum
engraçadinho bobalhão, terão você como modelo, e sua educação comporta-
mental será guiada por um adulto. O resultado final serão crianças de com-
1 Note-se que, sempre que se fizer referência à disciplina de inglês ao longo do livro, não se trata
de simples aulas do idioma, mas de uma disciplina equivalente à nossa de português, engloban-
do gramática e literatura. (N. da T.)
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se tomar por descomunal o que é desconhecido. Pense que, assim que você
começar o trabalho, ele não será mais desconhecido e seu medo de ensinar
seus filhos em casa desaparecerá. Tudo o que você precisa fazer é arregaçar
as mangas e entregar-se ao trabalho. Se você tiver alguma dificuldade, peça
a ajuda de outros pais homeschoolers. E, é claro, o excelente livro da Dra.
Clark também ajudará a esclarecer muitos problemas.
Se, de algum modo, eu puder acrescentar minha voz de incentivo à da
Dra. Clark, afirmo que você não precisa de um diploma universitário para
ser um excelente professor, embora precise dedicar-se muito para chegar a
sê-lo. Você não precisa ser excepcionalmente inteligente para ensinar seus
filhos; basta desejar que eles atinjam seu pleno potencial. Você não precisa de
cursos sofisticados sobre pedagogia para saber como dar aulas, embora seja
muito útil pedir o aconselhamento de outros professores (homeschoolers
ou não) sobre pontos particulares da prática. Em suma, o que eu gostaria
de dizer a vocês, pais e mães, é o seguinte: “Vocês conseguem!” Mesmo que
sua formação se restrinja ao nível secundário (ou menos que isso): “Vocês
conseguem!”
Há um princípio básico em toda educação: o professor sempre aprende
mais do que o aluno. Você vai aprender os conteúdos das disciplinas que en-
sinar aos seus filhos e isso fará de você uma versão melhor de si mesmo. Mais
ainda, você passará a ter muito em comum com seus filhos, o que ajudará
a transformar sua casa em uma pequena universidade do conhecimento hu-
mano. Ao invés de esquivar-se dessa função, você deve abraçá-la e encará-la
como uma estupenda experiência de aprendizagem. O homeschooling não
apenas pode funcionar para os seus filhos; na verdade, ele tem uma proba-
bilidade muito maior de funcionar do que quaisquer das outras alternativas
educacionais disponíveis. Então, o que você está esperando?
Reze pedindo orientação – especialmente a Nossa Senhora do Bom Con-
selho, através do Santo Rosário –, leia este livro, converse com outros pais
homeschoolers e mergulhe nesta empreitada com confiança.
Thomas A. Nelson
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Apresentação à edição brasileira
Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação
de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como seus primeiros
e principais educadores. Esta função educativa é de tanto peso que, onde
não existir, dificilmente poderá ser suprida. Com efeito, é dever dos pais
criar um ambiente de tal modo animado pelo amor e pela piedade para
com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação pessoal
e social dos filhos. A família é, portanto, a primeira escola das virtudes
sociais de que as sociedades têm necessidade.
D
esde cedo escuto que o problema central no Brasil reside na edu-
cação. Trata-se de uma questão ampla que, não raras vezes, quer
significar não somente a educação dada ou recebida nas escolas. In-
cluso no conceito amplo de educação está certamente o modo como alguém
se porta diante das situações em sociedade. Creio que este segundo ponto se
trate de um falso problema.
Não é necessário muito tino para entender que o modo como alguém se
porta em suas relações com outrem é derivado necessariamente do modo
como foi educado. A meu ver, educação não é um conceito restrito a escolas
ou à escolarização, como defendem alguns políticos.
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Pai nosso que estais no céu
Introdução
A
história de como tornei-me diretora da Seton Home Study School
é, em muitos sentidos, a história de uma típica família católica bus-
cando, em tempos confusos, viver de forma autenticamente católica.
Tive a oportunidade de conhecer várias cidades nos últimos anos, e sempre
me surpreendeu como são similares as histórias das famílias católicas que
lutam para manter a Fé.
Sou a mais velha de uma família de nove filhos e cresci durante as dé-
cadas de 1940 e 50 em Bethesda, Maryland, um subúrbio de Washington,
D.C. Meus pais eram politicamente ativos no Partido Republicano e cons-
tantemente militavam por melhores leis para a educação e questões relativas
à família. Eles preocupavam-se com as escolas públicas de nossa região e
queriam uma educação de melhor qualidade; certa vez meu pai chegou a
concorrer para a diretoria da escola local. Eles eram ativos na Igreja e na
escola paroquial. E, nos anos 50, lutavam contra a pornografia, dando pa-
lestras a grupos de pais.
Em Cleveland, Ohio, durante o ensino médio, conheci Bruce, que viria a
ser meu marido; antes, porém, estudei por quatro anos em uma faculdade
católica. Bruce e eu nos casamos no mês em que me formei, e eu continuei
minha educação na Western Reserve University e na Catholic University,
onde obtive meu título de mestre. Meu marido era do exército enquanto eu
cursava a universidade, e mais tarde, depois de nos casarmos, ele foi convo-
cado por ocasião da Crise de Berlim. Meu primeiro filho, Kenneth, nasceu
quase um ano após nosso casamento.
Nos primeiros anos da década de 60, embora eu fosse casada, estivesse
grávida, trabalhasse como bibliotecária e fosse graduanda em bibliotecono-
mia na Western Reserve University, também era ativa na Igreja e em ativida-
MARY KAY CLARK
des políticas, junto com minha mãe. Após a publicação da encíclica Pacem
in Terris, nós duas íamos a conferências ouvir “católicos” dizerem que pre-
cisávamos “viver em harmonia” com socialistas e comunistas, e a palestras
em que mulheres “católicas” davam sua própria versão do que significava ser
uma mulher católica moderna.
Durante os anos 60, a fé das famílias sofreu um primeiro golpe com os
“novos” textos religiosos adotados pelas escolas e cursos paroquiais. Os no-
mes das editoras entraram no vocabulário rotineiro das casas, pois tornou-se
comum, por todo o país, os pais compararem trechos de textos com parentes
e amigos. Minha mãe fundou o grupo Pais Preocupados de Cleveland, um
grupo dedicado à resistência à nova religião que vinha sendo promovida
nas escolas católicas. Essa batalha estava em curso quando me mudei para
Columbus, Ohio, com Bruce e nossos três filhos pequenos. Lá, fui convidada
por um grupo de pais a analisar um material didático destinado ao catecis-
mo. Após muitas horas de pesquisa na livraria de um seminário, debruçada
sobre os ensinamentos da Igreja, convenci-me de que os “novos” textos reli-
giosos não continham verdades católicas.
O problema fundamental daqueles novos materiais didáticos sobre re-
ligião era que não ensinavam sobre Pecado Original, pecado atual, Confis-
são, os Dez Mandamentos, o Santo Sacrifício da Missa como reprodução
do sacrifício de Cristo no Calvário, nem nada disso. A ênfase era em cada
indivíduo poder tomar suas decisões pessoais segundo seu melhor interesse;
a verdade era subjetiva. As crianças não aprendiam que a Igreja Católica é a
Verdadeira Igreja, nem que o Papa é o vigário de Cristo na Terra. Verdades
eclesiásticas, quando mencionadas, eram apresentadas como simplesmente
mais um ponto de vista entre muitos possíveis.
A organização Católicos Unidos pela Fé foi criada durante esse período
turbulento, com o objetivo de avaliar os materiais didáticos religiosos utili-
zados no país. O jornal The Wanderer tornou-se muito popular, acolhendo
todos os que, como nós, sentiam-se sozinhos.
Os pais católicos de Columbus, como os de outras cidades por todo o
país, não estavam dispostos perder a batalha sem lutar. Nossa primeira me-
dida foi imprimir os trechos questionáveis dos novos materiais religiosos e
distribuí-los em todas as Igrejas Católicas, durante os horários de Missa, ao
longo de todo um fim de semana.
Essa iniciativa causou um verdadeiro fusuê, que resultou na formação de
uma organização municipal, a Pais Católicos de Columbus, que dentro de
pouco tempo já contava com pais de todo o estado. Nós publicávamos um
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querem que seus filhos sejam alvos de risadas e abusos verbais da parte de
professores e colegas, para os quais o uso do escapulário é ridículo. Por fim,
os pais não querem que seus filhos sejam submetidos à degradação dos pro-
gramas de educação sexual.
As mães que praticam o homeschooling oferecem amor e estabilidade
aos seus filhos, bem como uma vida espiritual, ensinando-lhes o hábito de
recorrer a Jesus e Maria quando necessitarem de respostas e de tornar a vida
sacramental real e ativa no seio do lar.
Sempre que possível, as famílias que praticam o homeschooling reúnem-
-se umas com as outras para ir à Missa, recitar o Rosário, visitar santuários
marianos, confeccionar coroas do Advento, decorar altares de Maio e para,
de modo geral, transformar as crenças, a fé e os costumes tradicionais da
herança católica em uma parte integral de suas vidas. Por meio de seus prin-
cípios e atividades, as famílias homeschoolers têm preservado a Fé Católica
e se tornado uma resistência piedosa em tempos difíceis, inclusive porque
incentivam as vocações para a vida religiosa. Sobretudo, no entanto, elas es-
tão plantando as sementes -- através da formação de seus filhos -- para uma
nova primavera da Fé Católica.
Os pais de hoje percebem que vivemos em uma sociedade pagã na qual
os valores cristãos, particularmente aqueles relativos à vida em família, estão
sendo destruídos pela mídia e por políticas governamentais. Eles também
percebem que nossas crianças católicas têm perdido a Fé por culpa das esco-
las católicas em que antes podíamos confiar e que foram construídas com o
suor e o dinheiro de nossos pais e avós.
Os pais sabem que não podem mais delegar a terceiros a responsabilida-
de de transmitir a Fé a seus filhos. Chegou a hora de parar de pedir a padres
e bispos que apresentem soluções aos seus problemas. Os pais não duvidam
de que a Igreja sobreviverá, como prometeu Cristo. Contudo, eles têm des-
coberto que parte da promessa de Nosso Senhor consiste em providenciar a
graça para a revitalização da Igreja através de famílias católicas fortes. Os
pais homeschoolers estão respondendo a esta graça.
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Capítulo 1
Por que homeschooling católico?
O
s motivos pelos quais as famílias católicas optam pelo homescho-
oling são tão variados quanto as próprias famílias. No entanto, ao
mesmo tempo em que cada família pode explicar seus motivos de
diversos modos, podemos identificar também algumas tendências. Há pais
com uma excelente formação, que acreditam ser mais capacitados para edu-
car seus filhos do que as escolas. Outros pais, por viverem em função do
bem-estar dos filhos, estão dispostos a dar o passo gigantesco de responsabi-
lizar-se por sua educação. Há ainda os pais que veem o homeschooling como
um modo de fortalecer seus laços familiares e de manter sua família unida,
num momento histórico em que metade dos matrimônios do país terminam
em divórcio.
Outros pais estão insatisfeitos com as escolas, sejam públicas, privadas
ou católicas. Muitas delas têm adotado uma agenda social anti-família, que
é despejada sobre as crianças através de professores e livros didáticos. O ho-
mossexualismo e os “casamentos entre o mesmo sexo” têm sido apresenta-
dos em muitas escolas como uma alternativa aceitável. Alguns pais também
recorrem ao homeschooling por receio das armas e facas, das brigas e da
violência física que fazem parte do cenário diário de muitas escolas hoje em
dia. Às vezes é necessário ocorrer algum ato de violência mais sério para que
os pais decidam que foi a gota d’água e recorram homeschooling.
MARY KAY CLARK
Alguns pais estão insatisfeitos porque percebem que as escolas são to-
talmente submissas à burocracia e aos regulamentos estatais. Ao invés de
investir em um ensino que alcance todas as crianças, algumas escolas pa-
recem mais interessadas em obter boas notas nas avaliações oficiais, o que
representa uma pressão enorme sobre professores e alunos.
E o pior é que mesmo as escolas católicas têm desapontado as famílias. O
sistema de ensino paroquial dos Estados Unidos teve uma excelente reputa-
ção por muitos anos. É um consenso entre católicos e não católicos que, nas
escolas paroquiais, é menor o número de alunos problemáticos e, devido à
base religiosa do ensino, os problemas comportamentais não são tão grandes
e o progresso educacional dos alunos é maior. Não há dúvida de que tudo
isso foi e ainda é verdade. O trabalho de muitas escolas paroquiais, especial-
mente nas cidades do interior, é nada menos do que heroico. Elas oferecem a
muitas crianças uma alternativa ao horripilante sistema de escolas públicas.
Contudo, mesmo sendo melhores do que as escolas públicas, a escolas
católicas nem sempre demonstram toda a integridade que se espera delas.
A partir da década de 1970, modificações fundamentais começaram a ser
implementadas nas escolas católicas paroquiais, na mesma época em que
os catecismos começaram a ser modificados: a doutrina foi diluída, alguns
dogmas sequer eram ensinados. Por volta dos anos 80, quando a educação
sexual foi introduzida nas escolas católicas, os pais se rebelaram em massa.
Havia uma enorme preocupação com a superficialidade dos novos catecis-
mos, mas o pior pesadelo dos pais eram mesmo os programas de educação
sexual. Quando as famílias começaram a protestar e, à medida que fun-
davam próprias escolas de pequeno porte, o ensino paroquial começou a
decair; cada vez menos pais confiavam à igreja a educação de seus filhos e as
escolas paroquiais começaram a fechar.
Por outro lado, o próprio sucesso das escolas católicas gerou um novo
problema. Muitos não católicos, hoje em dia, frequentam escolas católicas
e muitas delas têm professores ou mesmo diretores não católicos, de modo
que é impossível, para pais católicos, discutir o conteúdo das aulas com tais
educadores. Isto levou à perda da identidade católica em algumas escolas.
Em uma delas, localizada na Costa Leste, uma professora protestante incen-
tivava os alunos a frequentar um culto protestante. Os pais protestaram, o
pároco a dispensou, mas o bispo da região insistiu (provavelmente por moti-
vos ligados a leis trabalhistas) e manteve no cargo a professora protestante.
Isto reforça o ponto de que as escolas têm muitos eleitorados a que agradar.
Os direitos dos pais e alunos católicos acabam ficando para o fim da lista.
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Educação Sexual
Cada vez mais pais têm optado pelo homeschooling por conta da adoção,
pelas escolas, de programas de “educação sexual” explícita, que na verdade
não é apenas educação sexual, mas o incentivo politizado da agenda ho-
mossexual, que promove uniões civis ao invés do casamento e demanda o
reconhecimento legal de seus modos de vida imorais. É lógico que, a partir
do momento em que casamentos homossexuais forem declarados legais em
um estado, como já ocorreu em alguns, o currículo de educação sexual terá
de ser modificado para incluir as práticas homossexuais. Diante disso, é de
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farinha ou ovos e os levar aonde quer que vão. Elas são forçadas a tratar esses
objetos como bebês recém-nascidos; de modo que, por exemplo, só podem ir
ao banheiro caso alguma amiga aceite “vigiar o bebê”. Algumas escolas têm
inclusive bonecos especialmente confeccionados para essas aulas, que choram
sem parar, entre outros comportamentos estressantes. Outras escolas fazem
as crianças carregarem pesos em seus abdomens, para simular o desconforto
da gravidez. As alunas são bombardeadas com todos os pontos negativos da
gestação e da criação de filhos, sob o pretexto de prevenir a gravidez na ado-
lescência; ao mesmo tempo, contudo, é reforçada a mensagem de que filhos
são um problema a ser evitado, não um dom a ser apreciado.
Formação de caráter
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Desempenho escolar
O maior problema relatado pelos pais com relação ao ensino nas escolas
é que as crianças não estão aprendendo a ler. Em vez do método fônico, de
comprovada eficácia na alfabetização, a maioria das escolas utiliza o método
olhar-e-dizer, ou a novidade do momento, o método da linguagem global.
Independentemente de qual seja o método mais recente, ou de como ele é
chamado, se não for fônico, as crianças não aprenderão a decodificar sons
para ler palavras. Outros métodos podem funcionar por alguns anos, mas
lá pela quinta ou sexta série sua ineficiência virá à tona. E é óbvio que, se
uma criança não souber ler, suas notas em todas as disciplinas despencarão
rapidamente.
Os Estados Unidos são hoje a 49a. nação do mundo em desempenho edu-
cacional e 39a. em alfabetização. Um entre cada quatro alunos americanos
jamais chegará ao ensino médio; e um entre cada quatro que cursam o ensino
médio jamais concluirá o nível superior. O Departamento de Educação dos
EUA realizou uma Pesquisa de Alfabetização Nacional, que estimou, em 1993,
que entre 40 e 44 milhões de adultos no país são analfabetos funcionais.
Além das falhas educacionais dos sistemas escolares, os inúmeros casos
de alunos homeschoolers bem sucedidos também têm feito uma ótima pro-
paganda para o homeschooling. Com o sucesso das crianças homeschoolers
em concursos nacionais de soletração, geografia e redação, os pais passam a
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sejam designados para auxiliar seus colegas mais atrasados. Assim, pais que
ensinaram aos seus filhos um comportamento moralmente reto e que os mo-
tivam a buscar um bom desempenho acadêmico sentem que a educação que
lhes seria de direito está sendo roubada.
Quando Jesus disse essas palavras às mães, Ele não se referia às crianças
que perdem suas vidas físicas, mas às que perdem suas vidas espirituais,
suas almas.
Jesus disse certa vez a Seus Apóstolos: “Em verdade vos digo, meus ami-
gos, não temam aqueles que matam o corpo (...) porém não podem matar a
alma. Temam, sim, aquele que tem o poder de destruir tanto a alma quanto
o corpo no Inferno.”
Como diretora da Seton Home Study School, recebo todos os dias muitos
telefonemas de pais e mães. Os relatos que escuto sobre alunos que sofrem
violência física nas escolas me entristecem. Mas os telefonemas mais per-
turbadores são os de pais que dizem: “Cinco de meus filhos estudaram em
escolas públicas e todos perderam a Fé. Tenho apenas minha caçula em casa
agora, e quero fazer o homeschooling para tentar salvá-la.”
As almas dos bebês não podem ser destruídas pelos abortistas, porém as
almas das crianças podem ser destruídas pela escola.
Ouvindo todos os dias as histórias tenebrosas relatadas pelos pais sobre
as escolas públicas, é difícil não chegar à conclusão de que o ensino público
desta nação é seu principal inimigo, e inimigo de todas as suas crianças. As
escolas e sua promoção das drogas através de programas de “conscienti-
zação”, sua disseminação do analfabetismo através de métodos de alfabe-
tização equivocados, seu endossamento da contracepção e do aborto, seu
endossamento do homossexualismo e apresentação do casamento gay como
um “estilo de vida alternativo”, sua propagação de conceitos inapropriados
e deprimentes que podem levar a desequilíbrios psicológicos e mesmo ao
suicídio – esses são os verdadeiros campos de treinamento dos inimigos de
Jesus Cristo e Sua Igreja.
A Carta dos Direitos da Família, publicada pelo Papa João Paulo II em
1982, declara que os pais não devem enviar seus filhos a nenhuma escola que
se posicione contra suas convicções religiosas e morais.
Bem, e o que fazer quando todas as escolas disponíveis vão contra a mo-
ral católica e as convicções religiosas da sua família?
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A necessidade do homeschooling
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Para o aluno
Os benefícios para o aluno são óbvios. O desenvolvimento espiritual e
moral, que pode ser direcionado pelos pais de acordo com valores católicos,
é o mais importante e duradouro de todos os benefícios. No ambiente do-
méstico, nada compete com a influência dos pais, sejam colegas, livros didá-
ticos, freiras modernas ou professores de mentalidade secular. Crianças ho-
meschoolers tendem a ser inocentes e maduras seguindo seu ritmo natural,
sem precisar frequentar aulas de sexualização e discussões que transcendam
seus interesses naturais e nível de maturidade.
O desenvolvimento pessoal é pleno, pois as crianças crescem em uma
situação familiar estável. A personalidade do homeschooler é moldada pela
família, a unidade básica e natural da sociedade, e não por horas de intera-
ção com outros jovens de mesmo nível de imaturidade. Em consequência da
destruição de tantas famílias, crianças que ainda vivem com pais casados
costumam ser minoria nas salas de aula. Filhos de famílias que seguem um
modo de vida cristão pautado pelo sacrifício, e não pela gana materialista,
sentem-se como alienígenas nas salas de aula.
Outro ponto benéfico é proteger a criança do materialismo crescente que
tem sido despejado sobre a juventude desde a mais tenra idade, especialmen-
te através de anúncios publicitários agressivos. A pressão para se ter o que
é mais novo e mais caro, desde roupas até telefones celulares, começa antes
dos dez anos de idade. Tal pressão faz com que a criança associe seu valor
próprio aos objetos que possui e não ao seu caráter, o que será catastrófico
mais tarde, quando a vida lhe exigir sacrifícios.
O desempenho acadêmico do aluno homeschooler é sem dúvida superior.
Nos Estados Unidos, a ideia de que a escola não é um lugar onde se aprende já
é uma espécie de consenso. Após o Departamento de Educação dos EUA inves-
tigar a situação acadêmica das escolas do país, em 1983, publicou o panfleto
“Uma Nação em Risco”, onde afirmava que um desastre tão terrível sucedera às
escolas americanas, que nossa nação corria sério risco de perder sua liberdade.
Os autores, pedagogos burocratas que sempre defenderam o sistema, chegaram
ao ponto de dizer que, se uma potência estrangeira houvesse ofendido este país
como fizera o establishment educacional, seria considerado um ato de guerra!
Socialização
Outro benefício para o aluno homeschooler é o desenvolvimento social.
Há documentos papais enfatizando repetidamente o valor e a importância
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Para a mãe
O homeschooling traz benefícios para a mãe católica, permitindo-lhe
cumprir a responsabilidade, inerente à sua vocação matrimonial, de edu-
car seus filhos. Ele promove um processo de amadurecimento para a jovem
mãe, que deve servir às pequenas criaturas que buscam sua orientação com
olhos cheios de amor. Isto faz com que a mãe deseje conhecer a Verdade,
para transmiti-la a essas almas que têm plena confiança em sua capacidade
e conhecimento.
Muitas vezes, quando uma jovem se casa, ela ainda não viveu a experi-
ência de se sacrificar pelos outros. Mas, com a chegada dos filhos, quando
ela assume a responsabilidade de acordar no meio da noite para acalmar
bebês que choram ou cuidar de crianças doentes, à medida que ela abre mão
de si mesma para servir aos mais fracos, ela inicia um evidente processo de
amadurecimento. O homeschooling é uma continuação desse processo, que
abrange desenvolvimento intelectual, social, pessoal e espiritual.
Se as mulheres católicas pudessem expressar suas emoções com pala-
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MARY KAY CLARK
Para o pai
O homeschooling católico também beneficia o pai, que pode prover as
necessidades de sua família e protegê-la em seu próprio lar. As crianças não
ficam dispersas por diferentes escolas ao longo do dia, nem se dispersam à
noite, em eventos promovidos pelas escolas, nem tampouco, após o jantar,
dispersam-se na companhia de colegas ou em atividades sociais longe de
casa.
Os pais trabalham duro para sustentar suas famílias e, ainda assim, em
nossos dias, é comum serem privados da alegria de conviver com seus filhos.
Quando a família pratica o homeschooling, o pai pode compartilhar das
alegrias que seu trabalho possibilita. Chega a ser cruel que os pais sejam
privados dessa alegria por conta de atividades escolares. Pais com filhos na
escola até podem passar algum tempo com eles, mas os pais homeschoolers
têm muito mais oportunidades de convívio familiar, pois os horários das
crianças são bem mais flexíveis.
Quando os filhos estão em casa à noite com seu pai, ou quando fazem
qualquer atividade em sua companhia, está sendo colocado em prática o
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Para a família
Além dos benefícios do homeschooling para membros individuais da fa-
mília, há benefícios para a família como um todo. O homeschooling tem
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MARY KAY CLARK
Para a comunidade
Crianças educadas em casa beneficiam a comunidade porque seus va-
lores não são moldados por colegas, mas por pais que lhes transmitem
os ensinamentos da Igreja a respeito dos problemas atuais de nossa so-
ciedade. Quando crescem, é comum esses jovens tornarem-se ativistas so-
ciais, militando especialmente contra o aborto. Entre os jovens cristãos,
são os homeschoolers os que mais denunciam clínicas de aborto e vão a
comícios pró-vida. Esse ativismo entre os jovens resultará, no futuro, em
uma geração de líderes católicos, educados, dedicados e ansiosos para
promover a mudança em nossa sociedade. Mesmo hoje, alunos egressos
do homeschooling já são líderes em nossa comunidade. Enquanto isso, os
católicos que frequentam escolas não apenas se omitem, mas alguns pais
inclusive me confidenciaram que seus filhos não concordam com eles e
rejeitam seus valores pró-vida e pró-família. Alguns pais também me con-
fidenciaram, com tristeza que seus filhos casados recusam-se a ter filhos,
ou vivem em pecado.
Para a Igreja
A Igreja Católica já vem colhendo os benefícios do homeschooling.
Quando os pais passam a ensinar seus filhos em casa, é comum aprofunda-
rem sua compreensão sobre o dom de ter filhos.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Para a nação
As deficiências da educação pública já foram repetidamente denunciadas.
Embora muitos já tenham defendido a ampliação do poder de escolha dos
pais como um modo de contornar o problema, a burocracia educacional
neste país não o permite. A única escolha reconhecida pelos burocratas da
educação é a que permite aos pais escolherem entre várias escolas públicas,
que são 99% idênticas. Mesmo as escolas cooperativas, que também são pú-
blicas, apenas com menos camadas de burocracia, têm sido implacavelmente
atacadas pelos sindicatos de professores.
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MARY KAY CLARK
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
61
Capítulo 2
O que é homeschooling católico?
J
á viajei por todo o país para participar de encontros sobre homeschoo-
ling. Conheci pais e alunos, além de padres e outros religiosos, e acabei
percebendo que a maioria das pessoas não sabe o que se quer dizer com
“homeschooling católico”. Ora, simplificadamente, o homeschooling católi-
co põe em prática, na rotina escolar da família, as orientações que a Igreja e
a Bíblia nos dão sobre educação. E, ao mesmo tempo, é a oportunidade para
que a família viva de forma autenticamente católica, transformando o lar em
uma verdadeira “igreja doméstica”.
Há uma incompreensão fundamental acerca da educação católica. A
maioria das pessoas pensam que educação é algo que deve ocorrer dentro
de uma escola, com professores diplomados e durante um número fixo de
horas todos os dias. Porém, de acordo com a Bíblia e documentos eclesiásti-
cos, “educação” é uma palavra que designa primeiramente a formação dada
pelos pais aos seus filhos em casa, num processo constante, sem interrupções.
Tal formação inclui também a educação religiosa e todas as demais discipli-
nas que devem ser ensinadas segundo o ponto de vista católico.
Por que a Igreja fundou as escolas católicas? No princípio, estas deve-
riam ser apenas um auxílio e não um substituto para os pais. Nos Estados
Unidos, no início do século XIX, houve um movimento em prol da educação
compulsória das crianças. Isto significava que todas as crianças com idades
MARY KAY CLARK
entre 7 e 16 anos eram obrigadas por lei a frequentar a escola todos os dias.
Como a maioria da população do país era protestante, as escolas eram muito
influenciadas pelo protestantismo. O sistema de escolas católicas paroquiais
foi criado porque as crianças católicas estavam recebendo uma educação
protestante nas escolas públicas. No entanto, a existência das escolas católi-
cas não anula o direito e a responsabilidade dos pais de transmitir a Fé aos
seus filhos.
A cultura e os ensinamentos católicos são um tesouro maravilhoso que foi
preservado para nós por milhares de anos. A Fé e o modo de vida católicos
são bastante distintos tanto do modo de vida secular quanto do protestan-
te. Assim sendo, o homeschooling católico deve ser igualmente distinto do
homeschooling simples, abarcando as riquezas particulares do catolicismo.
64
HOMESCHOOLING CATÓLICO
de vida inscrito nos dogmas eternos da lei moral. Somente vivendo em con-
formidade com essas verdades pode o homem cumprir o propósito de sua
criação. A religião deve necessariamente permear toda a vida e a educação
humanas. Seus ensinamentos constituem a própria medula e o fundamento
sobre o qual deve sustentar-se toda a educação que vise ao verdadeiro, ao
bom e ao belo.
Algumas pessoas pensam o homeschooling católico é algum tipo de no-
vidade. Na verdade, os homeschoolers católicos simplesmente estão, ou de-
veriam estar, seguindo a orientação da Igreja para que preenchamos nossas
vidas e nossa educação com a Fé e os valores católicos.
Em gerações passadas, considerava-se que a educação mantinha uma co-
nexão íntima com a religião. Havia uma compreensão geral de que as duas
coisas dificilmente poderiam ser separadas. No entanto, nossa sociedade mo-
derna tem alardeado a ideia de que a educação pode e deve ser separada da
religião. Aproximá-las de novo é, hoje, um conceito radical, e com frequên-
cia os pais me perguntam como isso pode ser feito. Neste capítulo, explicarei
como a Seton Home Study School ajuda os pais a alcançarem este objetivo,
por meio de seu programa de homeschooling católico. (Utilizo a Seton ape-
nas como exemplo. Outros programas ou famílias que não utilizam progra-
mas podem proceder de outros modos.)
Aritmética
As pessoas riem quando mencionamos nossa intenção de tornar católi-
cos nossos cursos de matemática – mas o fazemos ainda assim. Nenhuma
disciplina pode ser apartada de Deus, porque Deus é a Verdade e, mais do
que isso, é o Criador da Verdade. Portanto, Ele é o Criador da matemática.
Precisamos deixar isso muito claro para nossas crianças, o tempo todo.
Quando criamos a Seton Home Study School, em 1980, começamos com
um material didático protestante para o ensino de matemática, pois não
havia materiais católicos disponíveis. Nos últimos anos, temos utilizado dois
programas de matemática: um que é aceitável para católicos e que foi utili-
zado por muito tempo em escolas católicas; e o programa Saxon, que tem
sido nacionalmente aclamado, pois é associado a uma melhora drástica no
desempenho dos alunos em matemática.
No entanto, nosso objetivo é dispor de um material de matemática ca-
tólico. Se utilizamos a matemática em nossa vida diária, e se é verdade que
nossa vida diária deve ser vivida com Jesus Cristo, então nossos cálculos
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MARY KAY CLARK
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Arte
Não há motivo para que a maioria, se não a totalidade, dos projetos de
arte produzidos durante o homeschooling católico não tenham por tema
nossa Fé e o ano litúrgico. Mesmo simples desenhos de árvores e flores nos
remetem à bondade e à generosidade de Deus. O ano litúrgico é imensamen-
te rico, celebrando os santos e os eventos religiosos e oferecendo possibilida-
des quase ilimitadas na área de projetos de arte criativos.
Na Seton School, oferecemos ideias e algumas orientações para projetos
de arte e artesanato. Em nosso livro para a sexta série, as crianças apren-
dem a desenhar utilizando um retângulo gradeado. Elas desenham uma
imagem de São Miguel matando o dragão e outra de um anjo da guarda.
Elas aprendem sobre a paleta de cores e depois desenham vitrais para jane-
las. Elas também aprendem sobre os escudos dos cavaleiros, especialmente
o de Joana D’Arc, e aprendem a desenhar a insígnia dos escudos de cruza-
dos famosos.
As crianças devem trabalhar em projetos de arte e artesanato o tempo
todo. Para a festa do Sagrado Coração, elas aprendem a confeccionar um
coração estufado de veludo vermelho, partindo de um modelo de cartolina.
Depois, pedimos que coloquem seus corações no altar da família.
H. Reed Armstrong e sua esposa Roxolana, dois artistas de fama interna-
cional, tiveram a gentileza de escrever um livro sobre arte e artesanato para
a Seton. A Sra. Armstrong também trabalhou ao lado de uma professora de
religião católica para produzir um segundo livro de arte e artesanato para
nós. Ao mesmo tempo em que os livros ensinam as técnicas, as crianças
aprendem sobre a Fé, a arte e a cultura católicas.
Além disso, pela dificuldade de acesso às artes católicas, alguns anos atrás
a Seton iniciou um projeto de reprodução das grandes obras católicas em
livros de apreciação artística para nossos alunos. O livro da quinta série
trata dos mistérios do Rosário. Na sétima, o foco é a arte religiosa de James
Tissot, conhecido sobretudo por seus detalhes e pela precisão na reprodução
da Terra Santa e por seu retrato da Paixão. Para a oitava série, a grande arte
religiosa é ensinada em ordem cronológica, apresentando os trabalhos de
luminares como Fra Angelico, Leonardo da Vinci, Raphael e Michelangelo.
Além dos livros de arte, a capa e a contracapa de todos os livros didáti-
cos da Seton sempre mostram grandes obras católicas de arte e arquitetura,
assim como as ilustrações no interior dos livros.
67
MARY KAY CLARK
Inglês
Os católicos que frequentaram as escolas católicas até antes de 1960 cer-
tamente conhecem o material da Universidade Loyola voltado ao ensino de
inglês para católicos. Ele sintetiza o que de melhor pode ser feito para que a
grade curricular seja permeada por valores católicos. Sem dúvida, ali havia
excelentes ferramentas para o ensino de gramática e redação. Os católicos
sempre valorizaram essas áreas, pois reconhecemos sua importância para
nossos objetivos espirituais. Consequentemente, Deus abençoou os acadêmi-
cos católicos com uma habilidade fora do comum, não apenas para escrever
de forma concisa e correta, mas também para pensar logicamente.
A Seton está agora produzindo um material de ensino de inglês para ca-
tólicos segundo as orientações da Igreja. Em uma lição sobre abreviações, o
aluno lerá: “Ele não leu sobre Sta. Isabel?” Em uma lição sobre terminações
verbais: “Santa Joana D’Arc estava vencendo a batalha”. Em uma lição so-
bre advérbios: “O nobre sinceramente arrependeu-se de seus pecados.” Tare-
fas de redação têm por tema histórias da Bíblia e também as vidas dos santos
e da Sagrada Família.
A disciplina de inglês deve ensinar nossas crianças a valorizar a Fé Católi-
ca e sua prática, ao mesmo tempo em que ensine a importância de se manter
um padrão de excelência em gramática e redação.
Caligrafia
Nos materiais didáticos seculares sobre caligrafia, os alunos praticam o
desenho das letras escrevendo frases ou parágrafos que quase sempre pro-
movem valores do humanismo secular.
Na Seton, os livros de atividades voltados à caligrafia não apenas contam
com diversas figuras e pinturas religiosas, mas também os trechos que os
alunos copiam falam sobre os santos, a cultura católica e sobre a Bíblia. Na
terceira série, os alunos praticam a letra V escrevendo a frase: “O Véu de Ve-
rônica é uma relíquia preciosa do Vaticano.” Para a letra D, escrevem: “Davi,
o menino pastor, matou o gigante Golias.” Na quarta série, os alunos prati-
cam escrevendo trechos da Bíblia, um trecho belíssimo sobre o Escapulário
do Carmo e um parágrafo sobre Santa Margarida Maria. Estes são apenas
alguns exemplos retirados de um livro repleto deles.
No quinto livro sobre caligrafia, trabalhado na série em que os alunos
aprendem sobre a história americana, eles transcrevem parágrafos sobre san-
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
História
Nossos livros de história consideram que o evento central da história é a
Encarnação de Jesus Cristo e que aqueles que seguiram Seus foram fundamen-
tais ao desenvolvimento da história do mundo e da cultura de seu tempo.
Na primeira série, no livro História Americana para Jovens Católicos, as
crianças aprendem sobre Cristóvão Colombo, o primeiro Dia de Ação de
Graças, a Beata Kateri Tekakwitha, Junipero Serra, a Beata Rose Philippine
Duchesne, a Madre Cabrini e outros santos que influenciaram a história
americana. Na segunda série, em Grandes Santos da História Mundial, as
crianças aprendem sobre os santos patronos dos países do mundo e como
eles influenciaram a cultura desses países. Elas aprendem sobre São Tomás
Apóstolo, São Denis da França, São Nicolau, São Patrício, São Bonifácio,
Santo Estêvão e muitos outros. Na terceira série, as crianças leem A Fé Cató-
lica Chega às Américas. Elas aprendem sobre São Martin de Porres e Santa
Rose de Lima, sobre os mártires norte-americanos, sobre Padre Francisco
Kino e Padre Antônio Margil, sobre a atuação dos católicos na guerra pela
independência, o trabalho dos missionários com os índios, as freiras que
trabalhavam como enfermeiras e assim por diante.
Na quarta e na quinta séries, as crianças utilizam textos históricos pro-
duzidos para escolas católicas. A história americana é ensinada com ênfase
em figuras católicas que tiveram um papel importante para o desenrolar dos
fatos. Contudo, a Seton está atualmente escrevendo novos livros didáticos
para essas duas séries, continuando a enfatizar as contribuições católicas à
história americana.
Na sexta série, utilizando livros de história católicos, os alunos apren-
dem a compreender a história mundial, as Cruzadas e a Idade Média. Eles
aprendem que a Civilização Ocidental foi moldada pela Igreja Católica. Na
sétima série, o livro produzido pela Seton, Cultura Mundial Católica, escri-
69
MARY KAY CLARK
to pela Dra. Anne Carroll, apresenta a cultura católica através das vidas e
contribuições de músicos, artistas, arquitetos, reis e rainhas católicos. Os ca-
pítulos tratam de Santa Isabel, santa patrona e rainha de Portugal; de Santa
Clotilde e seu marido Clóvis, rei dos Francos; do Arcebispo Oliver Plunkett
da Irlanda, um fora-da-lei e um herói em seu país, entre muitos outros santos
e líderes católicos.
Na oitava série, são introduzidos conceitos mais avançados sobre a Améri-
ca e a importância dos católicos e dos conceitos católicos na vida e no governo
americano. Um capítulo é dedicado à liderança espiritual da Igreja Católica. O
conteúdo de História Americana para Jovens Católicos voltado à oitava série
inclui História Colonial, a batalha pelo continente, disputas com a Inglaterra,
a Constituição, a Igreja nos primeiros anos da América, a colonização ociden-
tal, a democracia jacksoniana, as duas Guerras Mundiais, a Guerra Fria, o
Presidente Kennedy e questões católicas, Vietnam e Presidente Reagan.
Nossos dois livros de História voltados ao ensino médio – Cristo Rei,
Senhor da História e Cristo e as Américas – enfatizam não apenas o papel
dos católicos, mas também das ideias católicas que atuaram sobre o governo
e os eventos políticos.
Consideramos a história uma das disciplinas mais importantes para as
famílias homeschoolers. Vivendo em uma sociedade pós-cristã, nossos filhos
precisam aprender com o passado a abrir caminho para as mudanças neces-
sárias ao futuro, com a finalidade de trazer Cristo de volta para o centro da
vida de nosso país e do mundo.
Música
A música é importante para as crianças como um meio de assimilar a
mensagem cristã e também como um modo de elas expressarem suas crenças
católicas através de canções.
Nossos livros seguem o ano litúrgico, sugerindo canções não apenas para
o Natal e a Páscoa, mas também para o Dia de São Patrício, a Festa de São
José e outros dias especiais. Livros para séries mais avançadas ensinam Can-
to Gregoriano.
A cultura católica é riquíssima em arte e música. Precisamos comparti-
lhar com nossas crianças esses tesouros espirituais. A grande maioria da arte
e da música de nossa sociedade moderna é destituída de beleza. Nossos filhos
precisam ter a oportunidade de aprender, ver e ouvir a grande música e as
artes católicas.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Fônica
A Seton possui vários livros publicados sobre fônica para o homeschoo-
ling católico, que ensinam fônica e cultura católica ao mesmo tempo. Nosso
livro para o jardim da infância segue um sistema fonético completo, que é
o melhor método de alfabetização disponível. Contratamos uma artista que
trabalhou incansavelmente na produção de imagens para as letras e sons,
como a de um padre rezando a Missa para o M, o desenho de uma freira
para a letra F, a figura de um papa para o som do P e Jesus próximo a um
lago com os apóstolos em um barco para o som do J. Além disso, consta do
livro uma maravilhosa rima católica sobre o alfabeto. Ao fim de cada capítu-
lo, há um poema que deve ser lido pelos pais para que as crianças escutem os
sons rimados. As ilustrações mostram crianças indo à Missa e à Comunhão,
esperando na fila para a confissão e acendendo velas ao lado da estátua de
um anjo ajoelhado em adoração.
Neste momento, os livros para a primeira, a segunda e a terceira séries
ainda estão em processo de revisão de seus conteúdos católicos. O livro Fô-
nica 4 para Jovens Católicos contém lições católicas aplicadas ao estudo de
palavras e sons. Por exemplo, o aluno deve encontrar um sufixo entre as
palavras da seguinte frase: “As freiras continuaram ativas por muitos anos,
ensinando e trabalhando como enfermeiras.” Ou então: “Carregamos uma
bela estátua da Mãe Santíssima na procissão.”
O livro de Fônica 5 inclui as seguintes frases, que contribuem com o
ensino da Fé e da cultura católicas: “É pecado mentir [som do I]. Ao mesmo
tempo em que devemos evitar o pecado, devemos sempre amar o pecador
[som do O]. Nossa fé é um dom insubstituível dado por Deus [prefixos]. O
tio-avô ensinou as crianças a rezar [palavras compostas].
É um trabalho que demanda tempo e esforço, porém que alegria é poder
transmitir aos nossos filhos a Fé Católica e os valores familiares, “oportuna
e inoportunamente”, como diz a Bíblia.
Educação física
Essa é outra área de que as pessoas riem, quando afirmamos que os es-
portes podem ser “católicos”. Na verdade, os papas, especialmente o Papa
João Paulo II, que foi tão atlético em sua juventude, já escreveram abundan-
temente sobre os esportes e sobre como tais atividades podem nos ensinar
lições espirituais. Os papas comparam a autodisciplina do esportista com a
71
MARY KAY CLARK
que é necessária à vida espiritual. São Paulo também comparou a vida espi-
ritual à disputa de uma corrida.
Assim sendo, quando orientamos a prática de certos exercícios físicos, os re-
metemos à vida espiritual, seguindo a orientação de São Paulo e dos papas. Na se-
gunda série, após um exercício, dizemos às crianças: “Isto ajudará você a ter uma
postura ereta, como é a vontade de Deus.” Ou então: “Isto ajudará a fortalecer
os músculos do estômago que Deus lhe deu.” Ou ainda: “Mesmo quando nos di-
vertimos, devemos agradecer a Jesus por nos dar boa saúde para as brincadeiras.”
São comentários que nos ajudam a ter gratidão por nossa saúde e a per-
ceber que Deus deseja que cuidemos bem de nossos corpos, os templos do
Espírito Santo.
Literatura
Obviamente, na área de literatura, não há limites para a quantidade de
materiais católicos que podemos oferecer aos nossos filhos, se conseguir-
mos encontrar obras impressas que sejam adequadas ao seu nível de leitura.
O currículo regular da Seton utiliza a série de leitura Fé e Liberdade, que
nas primeiras séries tem como foco a vida familiar católica. Nas séries mais
avançadas, as histórias ensinam às crianças os valores das famílias católicas
que imigraram para várias partes da nação americana recém-fundada. Na
sexta série, as histórias tratam dos católicos da Europa no passado, relacio-
nando-os ao estudo da História do Velho Mundo.
Ao menos dois relatórios de leitura por ano devem ser sobre biografias
de santos. Para os demais relatórios, recomendamos livros que reforcem os
valores católicos.
Além de livros de literatura, a Seton produziu os livros de atividades Lei-
tura para Compreensão e Habilidades de Leitura e Pensamento, que exaltam
os valores católicos, normalmente através de histórias de santos. Os livros
para a quarta série contêm uma variedade de histórias de santos e de artigos
sobre a cultura católica.
O livro Habilidades de Leitura e Pensamento para a quinta série contém
diversas atividades cognitivas, como classificação de palavras, listas e ciclos
cronológicos, análise do significado de palavras e assim por diante. E, ao
longo de todo o livro, conta-se a história de Santa Thérèse, a Pequena Flor,
durante os anos de sua infância.
O livro Leitura para Compreensão para a quinta série consiste em uma
longa história sobre um menino judeu e um menino egípcio durante o tempo
72
HOMESCHOOLING CATÓLICO
de Moisés. O aluno aprende sobre como era a vida naquele período e sobre
como viviam os judeus na época do Antigo Testamento. Veja, a seguir, um
trecho do livro que se passa quando o povo judeu seguia Moisés pelo deserto:
Eles conduziam seus animais pelo leito seco do mar. Contemplavam nervosa-
mente as paredes ondulantes de água, ao mesmo tempo maravilhados com as
façanhas do Senhor Deus. As ondas do mar acima de suas cabeças quebravam
como címbalos, enquanto eles se aglomeravam uns sobre os outros, inconfor-
mados diante daquele estranho fenômeno.
Jacó e Set mantinham suas famílias próximas às paredes d’água, temendo
aglomerar-se em meio à multidão em polvorosa. Os dois pais posicionaram-se
entre suas famílias e o povo que seguia adiante às pressas, as mães e crianças
pequenas protegidas entre os pais e os rapazes maiores. Joe e Pepi caminha-
vam a passos rápidos, próximos ao lado direito da parede d’água.
Joe e Pepi não resistiam a tocar com as mãos a água das paredes, e não eram
os únicos! Joe mergulhou seu braço até o cotovelo, molhando-se todo en-
quanto caminhava – e Pepi o imitou! A parede continuava na posição vertical.
Os rapazes mostraram suas mãos molhadas a seus pais.
Jacó disse: “O Senhor Deus é poderoso – Sua força transcende nossa compre-
ensão – mantendo o mar longe de nós!” “Amém!”, disse Set.
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MARY KAY CLARK
“Tu sabes”, disse Cristo, “o que fiz contigo? Eu te dei os Estigmas, que são as
marcas da Minha Paixão, para que tu sejas meu Estandarte. E, assim como
Eu desci ao Limbo no dia de Minha morte, libertando de lá todas as almas
pelos méritos de Meus Estigmas, concedo-te a cada ano, no aniversário de tua
morte, visitares o Purgatório e, por virtude de teus Estigmas, libertares todas
as almas que lá encontrares, pertencentes às tuas três Ordens – Frades Me-
nores, Irmãs e Penitentes –, bem como outras que tenham tido por ti grande
devoção, as quais levarás contigo para a glória do Paraíso.”
Religião
A religião é o coração da educação católica. Nosso texto-base é o Cate-
cismo de Baltimore, que, como bem disse o Pe. Bourque na Rede de Televisão
Palavra Eterna, está contido nas páginas do Catecismo da Igreja Católica. O
Catecismo de Baltimore, edição St. Joseph, compreende todas as doutrinas
básicas: o Credo, os Dez Mandamentos, os Sacramentos e as Orações. Ele
inclui perguntas e respostas para estudo, exercícios a serem respondidos e
referências bíblicas.
Outros materiais vão sendo acrescentados à medida que a criança evolui
para novas séries, como livros de histórias bíblicas, exceto na oitava série,
em que utilizamos um livro sobre a História da Igreja. A Seton produziu um
material suplementar para o estudo da religião, com livros de atividades,
todos certificados com um imprimatur (a comprovação pelo bispo de que
o livro não contém erros doutrinais). Trata-se de explicações adicionais às
lições do Catecismo de Baltimore, com a facilidade de permitir que o aluno
responda as questões no próprio livro. São, ademais, livros repletos de pin-
turas religiosas.
Ciências
No passado, os livros católicos sobre ciências eram muito pouco católi-
cos. Muitas vezes, de católico havia apenas o nome do autor. Temos traba-
lhado para produzir livros didáticos de ciências que reflitam verdadeiramen-
te o pensamento católico.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
O livro de ciências utilizado na oitava série, cujo tema é a vida, foi escrito
pelo pai de uma família numerosa, o qual também era pró-vida e professor de
ciências do ensino médio. Ao dar uma explicação sobre as células, diz o autor:
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MARY KAY CLARK
O corpo inteiro é muito mais do que apenas uma célula ou grupos de células.
Fazendo um paralelo, considere que nós, enquanto membros da Igreja Cató-
lica Romana, somos membros do Corpo de Cristo. Alguns têm a vocação da
ordenação sacerdotal, outros são chamados a ser religiosos, outros são ma-
ridos ou esposas e alguns permanecem solteiros. Para que o Corpo de Cristo
cresça na terra, cada um de nós deve levar adiante sua vocação da melhor
forma possível.
Ortografia
O conteúdo dos livros seculares de ortografia consiste nas palavras a se-
rem estudadas, nas regras gramaticais e em uma seleção de excertos para lei-
tura, nos quais constam as palavras estudadas. Os excertos são sempre frases
ou parágrafos promovendo a agenda politicamente correta ou refletindo de
algum modo o pensamento da cultura secular.
A série Ortografia para Jovens Católicos, produzida pela Seton, muitas vezes
ensina as mesmas palavras, além de outras presentes em nossa cultura católica,
porém seus excertos para leitura refletem valores católicos. No livro para a se-
gunda série, por exemplo, enquanto as crianças aprendem a soletrar palavras
com o som do O curto, leem um parágrafo sobre Santa Bernadete. No livro para
a terceira série, enquanto aprendem a soletrar palavras com a letra E, leem frases
como “Jesus está verdadeiramente presente na Santa Eucaristia.”
O livro para a quarta série contém histórias bíblicas sobre Abraão, a Arca
e o Tabernáculo, Rei Saul, Davi e Salomão. O livro para a quinta série con-
tém histórias sobre São Nicolau de Tolentino, Santo Eduardo, o Confessor,
Santo Isidoro, o Lavrador, Santo Hugo de Lincoln, Santa Maria Madalena
de Pazzi, Beata Margarida de Castello, Santa Clara de Montefalco, Santa
Zita, Santa Rita e muitos outros.
O livro de ortografia para a oitava série fala sobre Santa Joana D’Arc, o
Cardeal John Henry Newman, Nossa Senhora de Czestochowa, a Universi-
dade de Paris e São Lourenço.
Vocabulário
O material utilizado pela Seton para aquisição de vocabulário é secular,
pois não há nenhuma série católica disponível. Há, contudo, um novo mate-
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Conclusão
Em suma, é possível produzir um currículo verdadeiramente católico. Não
somente é possível, mas é mesmo imprescindível caso desejemos ser auten-
ticamente católicos e, em última instância, se quisermos que a Cristandade
sobreviva. Alguns dizem que a utilização de materiais católicos não é de suma
importância ao homeschooling, pois os pais podem acrescentar conteúdos ca-
tólicos ou advertir seus filhos sobre pontos problemáticos; desde que sejam
conteúdos verdadeiros e de qualidade – dizem –, não precisam ser católicos.
Devo discordar desse ponto de vista. É verdade que há bons materiais se-
culares disponíveis, que não precisam ser completamente banidos. Contudo,
o objetivo do homeschooling católico é transmitir a Fé. Não é contraditório
considerar a Fé tão importante, ao ponto de os pais se darem ao trabalho
de educar seus filhos em casa, e depois dizer que a utilização de materiais
católicos não é obrigatória? A marca distintiva do homeschooling católico
deve ser sua identidade religiosa. É difícil manter uma identidade católica se
os livros utilizados forem integralmente seculares.
O homeschooling católico destina-se às famílias que querem viver a fé
todos os dias, segundo os ensinamentos de Jesus, e que desejam ter a certeza
de que seus filhos crescerão como católicos praticantes. Os homeschooling
católico destina-se, enfim, a todos aqueles que percebem que, na ausência de
famílias cristãs fortes, o futuro de nosso mundo é verdadeiramente sombrio.
77
Capítulo 3
Ensinamentos da Igreja sobre
matrimônio e educação
S
endo a educação dos filhos uma responsabilidade inerente à vocação
matrimonial, é fundamental compreendermos os ensinamentos da Igre-
ja Católica acerca do matrimônio e da educação.
A Igreja Católica ensina de forma clara e absoluta que o matrimônio foi
promovido a Sacramento por Jesus. Isto se baseia no Evangelho de São Ma-
teus, capítulo 19, versículos 4 a 9:
Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por
isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois
formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto,
não separe o homem o que Deus uniu.
É óbvio que Jesus deseja que os casais tenham filhos e os levem até Ele
não apenas física, mas também espiritualmente – o que é o próprio funda-
mento de nossa responsabilidade como educadores, inerente a nossa voca-
ção matrimonial.
Não foi por acaso que o primeiro milagre de Jesus ocorreu durante uma
festa de casamento, nem que a realização do milagre em questão tenha sido
um pedido de Sua própria Mãe. Jesus deseja que compreendamos que o
matrimônio é uma vocação sagrada e um Sacramento, e que se cumprirmos
Sua vontade no que diz respeito às responsabilidades da união matrimonial,
receberemos uma abundância de graças e bênçãos, muitas delas pela interse-
ção de Sua Mãe Santíssima.
De acordo com a Igreja Católica, a finalidade primeira do casamento
consiste em duas responsabilidades equivalentes: a procriação e a educação
da prole.
São responsabilidades equivalentes.
São igualmente importantes.
A educação dos filhos é um dever dos pais, uma grave responsabilidade
que emana da vocação para o Sacramento do Matrimônio. Por meio de
diversos escritos papais, sabemos que esta educação abrange a formação
diária das crianças, cuja finalidade é que sejam bons católicos, porém os pais
também devem garantir que, na educação acadêmica de seus filhos, seja em
casa ou na escola, a Fé Católica “permeie todos os ramos do conhecimento”.
É disso que se trata o homeschooling.
O homeschooling é uma reafirmação do casamento entre marido e mu-
lher. É um estilo de vida que pode trazer muitas mudanças positivas a casa-
mentos nos quais, por exemplo, a esposa andava distante.
Esta afirmação pode parecer absurda, mas é absolutamente verdadeira. É
verdadeira porque, quando os esposos se valem de suas graças sacramentais
para cumprir a vocação matrimonial de ensinar seus filhos, eles recebem novas
graças, tanto santificantes quanto atuais. Essas graças lhes permitem vivenciar
um casamento e uma vida familiar autenticamente católicos. Eles passam a en-
tender melhor suas crenças e valores religiosos ao transmiti-los aos seus filhos.
O comprometimento e o sacrifício diário ajudam os pais homeschoolers
a crescer espiritualmente. O ato de educar os próprios filhos mantém ínti-
mo vínculo com os objetivos do matrimônio, com a vocação matrimonial.
Quanto mais nos dedicamos a ensinar nossos filhos, melhor compreendemos
nossa vocação e maiores são as chances de sermos bem-sucedidos como edu-
cadores.
80
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Um testemunho público
Casti Connubii
Nesta encíclica, o Papa Pio XI, inspirado pelo Espírito Santo, instrui os
casais cristãos a respeito das graças que recebemos pelo Sacramento do Ma-
trimônio, que nos auxiliam a obedecer aos deveres da vocação matrimonial.
81
MARY KAY CLARK
82
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Pio XI prossegue explicando por que alguns pais não conseguem cumprir
com seus deveres:
Assim como é lei da providência divina, na ordem sobrenatural, que o ho-
mem não colha o fruto completo dos Sacramentos, recebidos depois do uso
da razão, se não cooperar com a graça, assim também a graça própria do
matrimônio permaneceria em grande parte talento inútil sepultado na terra
se os cônjuges não aproveitassem as forças sobrenaturais, cuidando de culti-
var e fazer frutificar as preciosas sementes da graça. Mas, se, ao contrário, se
esforçam quanto podem por ser dóceis à graça, poderão suportar os encargos
do seu próprio estado, cumprir os deveres e sentir-se-ão, por virtude de tão
grande Sacramento, fortificados, santificados e como que consagrados.3 (Ên-
fase da autora)
O poder de educar
3 Idem.
83
MARY KAY CLARK
No verão de 1991, o Pe. John Hardon, que foi um grande teólogo cató-
lico, deu um curso de verão no Christendom College sobre o Sacramento
do Matrimônio, onde tratou dos princípios cristãos básicos acerca do tema.
Sua exposição foi tão bela, que todos que a ouviram sentiram uma profunda
gratidão a Deus por tamanho dom.
Pe. Hardon começou falando sobre a Lei Divina segundo a qual todo
casamento deve ser monogâmico, ou seja, o homem deve ter apenas uma es-
posa e a mulher, apenas um marido, até que um dos dois morra. E todo casa-
mento entre pessoas batizadas é intrinsecamente indissolúvel. Não importa
o quanto vociferem os não cristãos, os ortodoxos orientais, os protestantes
ou mesmo os católicos – não pode haver e jamais haverá qualquer mudança
nesta Lei Divina. A unidade e indissolubilidade do matrimônio foi sempre
um ensinamento universal da Igreja de Jesus Cristo.
4 Idem.
84
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Graças
85
MARY KAY CLARK
86
HOMESCHOOLING CATÓLICO
O casamento é permanente
87
MARY KAY CLARK
Caridade sobre-humana
Em termos práticos
Pessoas casadas sabem muito bem que não é fácil obedecer ao comando
de Cristo de “dar a outra face”. O difícil não é perdoar nossos inimigos: o
difícil é perdoar nosso cônjuge! E às vezes nossos filhos!
O Pe. Hardon dizia que o segredo para se ter um casamento e uma vida
familiar pacíficos e felizes é perceber que nossos cônjuges, nossos filhos, nos-
sos pais e demais familiares são todos potenciais veículos da graça para nós.
88
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Não há outras criaturas que nos sejam mais próximas, mais constantes e
mais providenciais. Não importa quão difíceis ou exigentes sejam nossos
familiares, eles são um dom de Deus, um dom de Sua amável providência,
uma oportunidade para que cresçamos espiritualmente.
Contudo, perceber qual a vontade de Deus e escolher cumpri-la requer
oração constante e diária. O Pe. Hardon nos lembrava que, além de viver
uma vida santa em nossa vocação para o casamento católico, nossa fa-
mília deve, em meio à sociedade pagã atual, dar o testemunho de Cristo
e Seus ensinamentos. Em um mundo que “abandonou Cristo, O ignora
e chega a confrontá-Lo abertamente”, nós e nossas famílias devemos ser
uma fonte de graça para nossa sociedade, que está “literalmente lutando
para sobreviver”. Nosso apostolado evangelizador deve agir de família
para família.
Humanae Vitae
Note-se, mais uma vez, que o Papa enfatiza o fato de que maridos e espo-
sas, tendo recebido o Sacramento do Matrimônio, são consagrados para que
cumpram os deveres próprios do estado conjugal.
5 http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_25071968_huma-
nae-vitae.html
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90
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Escolas do governo
91
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
93
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6 In: http://w2.vatican.va/content/pius-xi/pt/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_31121929_di-
vini-illius-magistri.html
94
HOMESCHOOLING CATÓLICO
palmente enquanto estas têm relação com a religião e a moral..” Esta é uma
fala importante, que os pais devem trazer na memória, pois nos lembra que
as graças sacramentais vêm sempre ao auxílio dos pais-professores em todas
as disciplinas acadêmicas.
Educação familiar
Estas são palavras fortes proferidas pelo Papa. Quando as crianças são
deformadas e corrompidas em escolas sem Deus, trata-se de uma versão
mais real e mais terrível do massacre dos inocentes narrado na Bíblia, diz o
Papa. Vale notar que essa fala data de muito antes de que crianças da quinta
série aprendessem a colocar camisinhas em bananas em sala de aula.
Seguem-se, nas próximas páginas, trechos da encíclica Acerca da Educa-
ção da Juventude, do Papa Pio XI.
É portanto da máxima importância não errar na educação, como não errar na
direção para o fim ultimo com o qual está conexa intima e necessariamente
toda a obra da educação. Na verdade, consistindo a educação essencialmente
na formação do homem como ele deve ser e portar-se, nesta vida terrena, em
ordem a alcançar o fim sublime para que foi criado, é claro que, assim como
não se pode dar verdadeira educação sem que esta seja ordenada para o fim
7 Nas próximas páginas, a autora citará longamente a encíclica Divini Illius Magistri. A tradu-
ção em português de todos os trechos citados consta como documento oficial no site da Santa
Sé: http://w2.vatican.va/content/pius-xi/pt/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_31121929_divi-
ni-illius-magistri.html
95
MARY KAY CLARK
último, assim na ordem actual da Providencia, isto é, depois que Deus se nos
revelou no Seu Filho Unigênito que é o único « caminho, verdade e vida »,
não pode dar-se educação adequada e perfeita senão a cristã.
É isto mesmo que Pio X, de s. m., declara com esta límpida sentença:
“Em tudo o que fizer o cristão, não lhe é licito desprezar os bens sobrenatu-
rais, antes, segundo os ensinamentos da sabedoria cristã, deve dirigir todas as
coisas ao bem supremo como a fim último: além disso todas as suas ações,
96
HOMESCHOOLING CATÓLICO
enquanto são boas ou más em ordem aos bons costumes, isto é, enquanto
concordam ou não com o direito natural e divino, estão sujeitas ao juízo e à
jurisdição da Igreja.”
Obrigação parental
Sobre este ponto é de tal modo unânime o sentir comum do gênero humano
que estariam em aberta contradição com ele, quantos ousassem sustentar que
a prole pertence primeiro ao Estado do que à família, e que o Estado tenha
sobre a educação direito absoluto. Insubsistente é pois a razão que estes adu-
zem, dizendo que o homem nasce cidadão e por isso pertence primeiramente
97
MARY KAY CLARK
ao Estado, não reflectindo que o homem, antes de ser cidadão, deve primeiro
existir, e a existência não a recebe do Estado mas dos pais, como sabiamente
declara Leão XIII: “os filhos são alguma coisa do pai e como que uma exten-
são da pessoa paterna: e se quisermos falar com rigor, não por si mesmos, mas
mediante a comunidade doméstica no seio da qual foram gerados, começam
eles a fazer parte da sociedade civil”.
Portanto: “o poder dos pais é de tal natureza que não pode ser nem suprimido
nem absorvido pelo Estado, porque tem o mesmo princípio comum com a
mesma vida dos homens”, diz na mesma Encíclica Leão XIII.
Do que porém não se segue que o direito educativo dos pais seja absoluto ou
despótico, pois que está inseparavelmente subordinado ao fim último e à lei
natural e divina, como declara o mesmo Leão XIII noutra memorável Encí-
clica “sobre os principais deveres dos cidadãos Cristãos”, onde assim expõe
em síntese a súmula dos direitos e deveres dos pais: “Por natureza os pais têm
direito à formação dos filhos, com esta obrigação a mais, que a educação e
instrução da criança esteja de harmonia com o fim em virtude do qual, por
benefício de Deus, tiveram prole.”
98
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Com efeito nunca deve perder-se de vista que o sujeito da educação cristã é
o homem, o homem todo, espírito unido ao corpo em unidade de natureza,
com todas as suas faculdades naturais e sobrenaturais, como no-lo dão a
conhecer a recta razão e a Revelação: por isso o homem decaído do estado
original, mas remido por Cristo, e reintegrado na condição sobrenatural
de filho de Deus, ainda que o não tenha sido nos privilégios preternaturais
da imortalidade do corpo e da integridade ou equilíbrio das suas incli-
nações. Permanecem portanto na natureza humana os efeitos do pecado
original, particularmente o enfraquecimento da vontade e as tendências
desordenadas.
99
MARY KAY CLARK
100
HOMESCHOOLING CATÓLICO
A tais instruções práticas não desdenhou descer o Apóstolo das gentes nas
suas epístolas, particularmente naquela aos Efésios onde, entre outras coisas,
adverte: “O’ pais, não provoqueis à ira os vossos filhos”, o que é efeito não
tanto de excessiva severidade quanto principalmente da impaciência, da igno-
rância dos modos mais adequados à frutuosa correcção e ainda do já dema-
siado e comum relaxamento da disciplina familiar, aonde crescem indómitas
as paixões dos adolescentes.
Cuidem por isso os pais e com eles todos os educadores, de usar retamente da
autoridade a eles dada por Deus, de Quem são verdadeiramente vigários, não
para vantagem própria, mas para a reta educação dos filhos no santo e filial «
101
MARY KAY CLARK
Pois que uma escola não se torna conforme aos direitos da Igreja e da família
cristã e digna da freqüência dos alunos católicos, pelo simples fato de que
nela se ministra a instrução religiosa, e muitas vezes com bastante parcimô-
nia. Para este efeito é indispensável que todo o ensino e toda a organização
da escola: mestres, programas, livros, em todas as disciplinas, sejam regidos
pelo espírito cristão, sob a direção e vigilância maternal da Igreja católica,
de modo que a Religião seja verdadeiramente fundamento e coroa de toda a
instrução, em todos os graus, não só elementar, mas também media e superior.
“É mister, para Nos servirmos das palavras de Leão XIII, que não só em
determinadas horas se ensine aos jovens a religião, mas que toda a restante
formação respire a fragrância da piedade cristã. Porque, se isto falta, se este
hálito sagrado não penetra e rescalda os ânimos dos mestres e dos discípulos,
muito pouca utilidade se poderá tirar de qualquer doutrina; pelo contrário,
virão daí danos e não pequenos”.
102
HOMESCHOOLING CATÓLICO
103
MARY KAY CLARK
E que dizer da imensa obra, mesmo em prol da felicidade temporal, dos mis-
sionários evangélicos que juntamente com a luz da fé levaram elevam aos
povos bárbaros os bens da civilização, dos fundadores de muitas e variadas
obras de caridade e de assistência social, da interminável série de santos edu-
cadores e santas educadoras que perpetuaram e multiplicaram a sua obra,
nas suas fecundas instituições de educação cristã, para auxílio das famílias e
benefício inapreciável das nações?
São estes os frutos benéficos sobre todos os aspectos da educação cristã,
precisamente pela vida e virtude sobrenatural em Cristo que ela desenvolve
e forma no homem; pois que Jesus Cristo, Nosso Senhor, Mestre Divino, é
igualmente fonte e dador de tal vida e virtude, e ao mesmo tempo modelo uni-
versal e acessível a todas as condições do gênero humano, com o seu exemplo,
particularmente à juventude, no período da sua vida oculta, laboriosa, obe-
diente, aureolada de todas as virtudes individuais, domesticas e sociais, diante
de Deus e dos homens. (Acerca da Educação Cristã da Juventude)
104
HOMESCHOOLING CATÓLICO
A responsabilidade divina
A missão que Deus confiou aos pais de se interessarem pelo bem material e
espiritual da sua prole e de dar a ela uma formação harmônica e repassada de
verdadeiro espírito religioso, não lhes poderá ser arrebatada sem grave lesão
do direito.
Esta formação deve certamente ter por finalidade também preparar a juventu-
de para cumprir com inteligência, consciência e galhardia aqueles deveres de
patriotismo que dá à pátria terrestre a devida medida de amor, de dedicação e
colaboração. Mas por outra parte, uma formação que se esqueça, ou, o que é
pior ainda, propositalmente descure de dirigir os olhos e o coração da juven-
tude para a pátria sobrenatural, seria uma injustiça contra a juventude, uma
injustiça contra os inalienáveis deveres e direitos da família cristã, um excesso
a que se deve remediar também em favor do bem público e do Estado. (...)
As almas dos filhos que Deus deu aos pais, assinaladas no batismo com o selo
real de Cristo, são um depósito sagrado por Deus vigiado com cioso amor.
O mesmo Cristo que disse “deixai que as crianças venham a mim”, ameaçou
105
MARY KAY CLARK
também, não obstante sua bondade e misericórdia, terríveis males àqueles que
escandalizam os prediletos do seu coração. (...)
De tudo o que existe sobre a terra, somente a alma tem vida imortal. Um sis-
tema de educação que não respeitasse o recinto sagrado da família, protegido
pela santa lei de Deus, que procurasse minar-lhe os alicerces, que fechasse à
juventude o caminho que conduz a Deus, às fontes de vida e de alegria do Sal-
vador (Is 12, 3), que considerasse o apostatar Cristo e a Igreja como símbolo
de fidelidade ao povo ou a uma determinada classe, pronunciaria contra si
mesmo a sentença de condenação, e experimentaria, a seu tempo, a inelutável
verdade das palavras do profeta: “Aqueles que se afastam de ti serão escritos
na terra” (Jr 17, 13).
Concílio Vaticano II
106
HOMESCHOOLING CATÓLICO
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MARY KAY CLARK
E ainda: “...o amor conjugal não deve apenas conter seus instintos, mas
superar seus egoísmos incessantemente.”
Catechesi Tradendae12
108
HOMESCHOOLING CATÓLICO
dos os dias, vivida segundo o Evangelho. Torna-se ainda mais marcante quan-
do, ao ritmo dos acontecimentos familiares — como por exemplo a recepção
dos Sacramentos, a celebração de grandes festas litúrgicas, o nascimento de
um filho, um luto — se tem o cuidado de explicar em família o conteúdo cris-
tão ou religioso de tais acontecimentos.
Cânon 226.2:
Os pais, já que deram a vida aos filhos, têm a obrigação gravíssima e o
direito de os educar; por consequência, aos pais cristãos compete primaria-
mente cuidar da educação cristã dos filhos, segundo a doutrina da Igreja.
Cânon 774.2:
Antes de todos, os pais têm obrigação de, com a palavra e o exemplo, for-
mar os filhos na fé e na prática da vida cristã; semelhante obrigação impende
sobre aqueles que fazem as vezes dos pais e sobre os padrinhos.
109
MARY KAY CLARK
Cânon 835.4:
Também os demais fiéis, ao participarem activamente, a seu modo, nas
celebrações litúrgicas, sobretudo na eucarística, têm uma parte que lhes é
própria no múnus santificador; de modo peculiar participam neste múnus
os pais, vivendo em espírito cristão a vida conjugal e cuidando da educação
cristã dos filhos.
110
HOMESCHOOLING CATÓLICO
111
MARY KAY CLARK
tivando essas virtudes cristãs em si próprios, assim como seus filhos. O Papa
João Paulo II prossegue sua Exortação ressaltando o direito educacional
prioritário dos pais, chamando-o de “missão”:
Para os pais cristãos a missão educativa, radicada como já se disse na sua
participação na obra criadora de Deus, tem uma nova e específica fonte no
sacramento do matrimónio, que os consagra para a educação propriamente
cristã dos filhos, isto é, que os chama a participar da mesma autoridade e do
mesmo amor de Deus Pai e de Cristo Pastor, como também do amor materno
da Igreja, e os enriquece de sabedoria, conselho, fortaleza e de todos os outros
dons do Espírito Santo para ajudarem os filhos no seu crescimento humano
e cristão.
O dever educativo recebe do sacramento do matrimónio a dignidade e a vo-
cação de ser um verdadeiro e próprio “ministério” da Igreja ao serviço da
edificação dos seus membros. Tal é a grandeza e o esplendor do ministério
educativo dos pais cristãos, que Santo Tomás não hesita em compará-lo ao
ministério dos sacerdotes. (...)
A consciência viva e atenta da missão recebida no sacramento do matrimónio
ajudará os pais cristãos a dedicarem-se com grande serenidade e confiança ao
serviço de educar os filhos e, ao mesmo tempo, com sentido de responsabili-
dade diante de Deus.
112
HOMESCHOOLING CATÓLICO
É óbvio que o plano de Deus para as famílias cristãs é que os pais edu-
quem seus filhos. Não se trata de uma missão fortuita, mas de um trabalho
em tempo integral, um dever e uma ordem, que necessita ser cumprido dia
após dia. Ele abrange primeiramente a educação religiosa e a preparação
para os Sacramentos, mas também inclui a devida supervisão para que toda
a instrução se dê segundo a perspectiva católica.
Alguns pais optam pelo homeschooling por motivos acadêmicos e com
frequência julgam a tarefa demasiado difícil. Porém, aqueles comprometidos
com a Fé e com os autênticos valores católicos encontram forças para sofrer
todas as pressões e carregar tão pesadas cruzes, impostas inclusive por mem-
bros da família.
Párocos, bispos e outros religiosos devem apoiar os pais que se dispõem
a fazer tantos sacrifícios para cumprir sua missão e seu dever de educar seus
filhos em casa. O Papa João Paulo I, em setembro de 1978, falando a um
grupo de arcebispos e bispos americanos, recordou a importância da oração
em família. Ele afirmou que a igreja do lar, através da oração em família, é
capaz de liderar a renovação da Igreja e a transformação de todo o mundo.
“Um apostolado extremamente relevante” para o século XX, acreditava ele,
é a transmissão do amor de Deus de pais para filhos e o bom exemplo dos
pais como uma forma de incentivar a fé das novas gerações.
Em conclusão, o Papa João Paulo I implorou aos bispos americanos:
Queridos irmãos, queremos que vocês conheçam nossas prioridades. Preci-
samos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance em prol da família cristã,
para que nosso povo possa cumprir sua grande vocação com alegria cristã e
compartilhar de forma íntima e efetiva da missão salvadora da Igreja, que é
a missão de Cristo.
113
MARY KAY CLARK
Carta às Famílias16
Que consolo e privilégio para os pais saber que a Igreja considera seu
trabalho de educadores como um genuíno apostolado!
Após alguns parágrafos lidando com o fato de a educação ser um dom
do ser e afirmando que “a educação é, portanto, antes de tudo, uma ‘oferta’
recíproca da parte de ambos os pais”, diz o Papa:
114
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Nós, pais, somos parte do plano de Deus, designados para instruir nossos
filhos e ajudá-los a alcançar a eterna felicidade com Ele no paraíso. Desde
o momento em que concebemos os filhos criados por Deus e passamos a
criá-los com o propósito de que alcancem a eternidade com Ele, recebemos
graças que nos qualificam a ensinar-lhes tudo o que precisam saber para
obter a salvação eterna.
Os pais são os primeiros e principais educadores dos próprios filhos e têm
também neste campo uma competência fundamental: são educadores porque
pais. Eles partilham a sua missão educadora com outras pessoas e institui-
ções, tais como a Igreja e o Estado; todavia, isto deve verificar-se sempre na
correcta aplicação do princípio da subsidiariedade. Este implica a legitimida-
115
MARY KAY CLARK
de e mesmo o ónus de oferecer uma ajuda aos pais, mas encontra no direito
prevalecente deles e nas suas efectivas possibilidades o seu limite intrínseco
e intransponível. O princípio da subsidiariedade põe-se, assim, ao serviço do
amor dos pais, indo ao encontro do bem do núcleo familiar. Na verdade, os
pais não são capazes de satisfazer por si sós a todas as exigências do processo
educativo inteiro, especialmente no que toca à instrução e ao amplo sector da
sociabilização. A subsidiariedade completa assim o amor paterno e materno,
confirmando o seu carácter fundamental, porque qualquer outro participante
no processo educativo não pode operar senão em nome dos pais, com o seu
consenso e, em certa medida, até mesmo por seu encargo.
A família é chamada a cumprir a sua tarefa educativa na Igreja, participando
assim na vida e missão eclesial. A Igreja deseja educar sobretudo através da
família, para isso habilitada pelo sacramento do matrimónio com a “graça de
estado” que dele se obtém e o específico “carisma” que é próprio da inteira
comunidade familiar.
Como é estimulante ver que a Igreja deseja que os pais assumam a tarefa
de educar seus filhos! A Igreja afirma que, pelo Sacramento do Matrimônio,
os pais tornam-se capazes dessa tarefa.
Um dos campos onde a família é insubstituível, é certamente o da educação
religiosa, graças à qual a família cresce como “igreja doméstica”. A educação
religiosa e a catequese dos filhos colocam a família no âmbito da Igreja como
um verdadeiro sujeito de evangelização e de apostolado. Trata-se de um di-
reito intimamente conexo com o princípio da liberdade religiosa. As famílias
e, mais em concreto, os pais têm a faculdade de livremente escolherem para
os seus filhos um determinado modelo de educação religiosa e moral segundo
as próprias convicções. Mas ainda quando eles confiam tais obrigações a ins-
tituições eclesiásticas ou a escolas geridas por pessoal religioso, é necessário
que a sua presença educativa continue a ser constante e activa.
116
HOMESCHOOLING CATÓLICO
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MARY KAY CLARK
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
119
Capítulo 4
Como iniciar o homeschooling católico?
A
ntes de iniciar o homeschooling católico, você precisa estar convicto
de que é isto o que deseja fazer e comprometer-se integralmente com
a ideia.
Fazer homeschooling não é como comprar um casaco novo. O homescho-
oling católico é um modo de vida. Deve ser algo que você já tenha tentado em
menor medida com seus filhos, ao ensinar religião ou os Sacramentos, ao des-
ligar a TV de vez em quando e tentar levar uma vida autenticamente católica.
O homeschooling católico não é simples, nem fácil. É, em primeiro lugar,
um compromisso com Deus e, em segundo, com a família. Tendo decidido
que deseja firmar esse compromisso, você deve tentar preparar-se.
Comece rezando uma novena, isto é, nove dias de orações especiais. An-
tes de tudo, vá à Confissão. Então, reserve nove dias para rezar à Virgem
Santíssima ou ao Sagrado Coração. Vá à Missa todos os dias. Reze ao seu
anjo da guarda e aos anjos da guarda de seus filhos, pedindo que intercedam
por você. Peça ao seu santo padroeiro que lhe ajude. Reze o Terço todos
os dias, se possível. Implore pela graça de saber o que fazer, pela coragem
de tomar a decisão certa e pela força de levá-la adiante. Faça com que seu
cônjuge participe o máximo possível das orações. Você precisará ao menos
de um mínimo apoio dele ou dela. Trata-se, afinal, de uma responsabilidade
inerente à vocação matrimonial de ambos.
MARY KAY CLARK
Se, ao final dos nove dias de oração, você finalmente decidir que quer
iniciar o homeschooling, mas seu cônjuge ainda for contra a ideia, pergunte
se ele ou ela permitiria que você tentasse por um ano. Afinal, considerando a
reputação das escolas atualmente, as crianças não perderiam muito ficando
em casa por um ano, mesmo que não aprendessem nada nesse período.
Apesar do dito acima, não postergue o homeschooling até que tudo es-
teja perfeito e você não tenha mais dúvidas quanto ao projeto. Você sempre
terá dúvidas e as coisas nunca serão perfeitas. Se, num dado momento, você
sentir que é isso o que Deus lhe está chamando a fazer, apenas vá fundo!
João Paulo, o Grande, costumava dizer que às vezes é necessário “dar um
salto de fé nas profundezas”. É isto o que Nosso Senhor disse a São Pedro
no Mar da Galileia, ao que Pedro saiu do barco e pisou sobre a água. Todos
os que iniciam o homeschooling estão, de certo modo, dando um salto de fé
nas profundezas.
Como em 90% das situações são as mães que querem ensinar seus filhos
em casa, esta seção é dedicada a elas. Contudo, se você for um pai que deseja
praticar o homeschooling com seus filhos, estas ideias também podem ajudá-lo.
Alguns maridos pensam que o homeschooling é uma espécie de movi-
mento alternativo, um tipo de modinha “natureba”. Mostre ao seu marido a
maior quantidade possível de literatura sobre o assunto. Temos informações
disponíveis no portal Seton Online, www.setonhome.org. Seu marido pode
conhecer a Seton, assim como o homeschooling em geral, ouvindo em nosso
site áudios de vários conferencistas sobre homeschooling. Além do portal
da Seton, há outros muitos sites sobre homeschooling em geral e homes-
chooling católico em particular. Vá a qualquer ferramenta de busca e digite
“homeschooling católico”.
Uma boa fonte de estatísticas sobre homeschooling é o National Home
Education Research Institute (NHERI - Instituto Nacional de Pesquisa so-
bre Educação Domiciliar). Eles disponibilizam diversas tabelas simplificadas
com estatísticas sobre o número de crianças educadas em casa, níveis de
desempenho, informações demográficas e ajuste emocional e social. Estão
disponíveis em www.nheri.org.
Se você pensa em matricular-se na Seton, diga ao seu marido que se trata
de uma instituição certificada. A certificação é importante para muitas orga-
nizações profissionais, coisa que os maridos compreendem.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Se mais for necessário, há vídeos, fitas cassete e livros com o conteúdo das
conferências organizadas pela Seton. Peça ao seu marido que leia este livro,
ou leia passagens para ele. Há muitos materiais acessíveis, seja no portal da
Seton ou através da associação de homeschooling da sua região. Se possível,
vá com seu marido a encontros de homeschooling católico, onde ele conhe-
cerá centenas de pessoas adeptas do ensino domiciliar ou simpáticas à ideia.
Quando ele conhecer bons casais católicos que ensinam seus filhos em casa,
verá a possibilidade com melhores olhos. Se ele topar, leve-o aos encontros
do grupo de apoio regional, especialmente quando você souber que outros
pais estarão presentes. Esta será uma oportunidade para ele tirar dúvidas.
Vá à biblioteca ou à livraria católica mais próxima e procure por livros
sobre homeschooling. No entanto, uma maior variedade de títulos você só
encontrará nos congressos estaduais sobre homeschooling católico. Incenti-
ve seu marido a ler alguns livros e a informar-se melhor sobre o tema. Se ele
não quiser ler, então leia você mesma e discuta as ideias com ele.
Alguns pais temem que o homeschooling transforme seus filhos em de-
sajustados antissociais. Ginny Seuffert sugere que, se esse for o medo do seu
marido, você o leve a um passeio no shopping. Procure o grupo de adoles-
centes que tiverem as aparências mais estranhas – aqueles com cabelo roxo,
tatuagens e piercings – e pergunte a eles se são praticantes do homeschooling.
O capítulo deste livro escrito pelo Dr. Mark Lowery, que é pai homescho-
oler de uma família numerosa, pode ajudar seu marido.
Declaração de princípios
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MARY KAY CLARK
Assim que tiver uma declaração de princípios sobre seus motivos para
buscar o homeschooling e sobre quais são seus objetivos ao praticá-lo, co-
le-a em uma superfície que fique bem à mostra em sua casa. Você precisará
deste auxílio nos dias em que a coisa “ficar preta”, pois servirá como um
lembrete constante a todos da casa de que há bons motivos para fazerem
o que estão fazendo.
Declaração de objetivos
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Escreva um lembrete
A maioria dos pais opta pelo homeschooling tanto por motivos positivos
quanto por negativos. Os negativos costumam derivar da insatisfação com
as escolas que seus filhos frequentam. Então, talvez seja útil fazer uma lista
com as desvantagens de mandar as crianças à escola. Pode ser uma lista só
com frases, mas ainda assim é importante escrevê-la, por serem frases pesso-
ais e que fazem sentido para você. É algo que deve ser feito menos pelos seus
filhos do que por você. Seus filhos podem, com a sua ajuda, fazer as listas
deles, considerando que tenham idade suficiente para compreender a tarefa.
Passados alguns anos de homeschooling, algumas mães parecem esquecer
qual era exatamente o problema com a escola de seus filhos. Elas começam
a pensar que talvez nem fosse assim tão ruim. Algumas crianças voltam à
escola devido a frustrações e dificuldades, mas muitas delas imploram para
voltar para casa após um semestre de miséria e choque diante da cultura
cruel, bárbara e baixa das escolas. Os pais que pensam que as escolas são
boas para as crianças decerto não passam um dia inteiro em uma escola há
muitos anos. Basta visitar as salas de aula, caminhar pelos corredores, visitar
o pátio, assistir a um trecho de uma aula; basta passar um dia inteiro em
uma escola para você perguntar-se: “Eu gostaria que meu filho passasse 180
dias por ano neste lugar?”
É comum as mães telefonarem para a Seton para contar histórias terríveis
sobre o assédio emocional e psicológico que seus filhos sofrem na escola.
Após um ou dois anos em casa, elas pensam que talvez no próximo ano a
escola não estará tão ruim. E assim a pequena Susie deixa o homeschooling.
Dentro de duas semanas, ela está falando gírias degradantes e contando his-
tórias sobre pessoas que “ficam” umas com as outras, e quer vestir roupas
imodestas para não destoar das meninas da escola. Pior ainda, ela quer ter
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Mas é claro que o perigo mais sério nas escolas é o perigo espiritual. O Pe.
Hardon costumava dizer que, diante de professores que apoiam o “direito”
das mães de matar inocentes bebês não nascidos, ou que pensam que o abor-
to, a fornicação ou o homossexualismo podem ser opções justificáveis, como
você pode, moralmente, permitir que essas pessoas ensinem o que quer que
seja aos seus filhos, seja no âmbito espiritual ou puramente técnico? O que
nos aguarda no futuro, com os “casamentos” homossexuais já começando a
ser legalizados, são currículos escolares que ensinem que essas “novidades”
não apenas são moralmente possíveis, como basta alguém falar abertamente
contra elas para ser acusado de “crime de ódio”.
Na verdade, com o passar do tempo, vai haver cada vez menos “bons pro-
fessores”, pois todos serão obrigados a bombardear seus alunos com valores
imorais. Os professores piedosos sentirão cada vez mais que não podem fazer
parte de um sistema que espera deles o ensino de mentiras e imoralidades. E
assim restarão apenas os professores que concordam com a imoralidade.
Os avós
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O pároco
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Paroquianos e vizinhos
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Você deve escolher sua vizinhança com cuidado. Há regiões onde o ho-
meschooling é forte. Você deve buscar relacionar-se com pessoas católicas
que também desejam fortalecer seus laços familiares. Com alguma sorte,
você encontrará uma vizinhança onde haja outras famílias católicas homes-
choolers. Muitos de nós temos ancestrais que, à custa de grandes sacrifícios
pessoais, vieram à América por conta da intolerância religiosa em seus países
de origem. É em virtude de nossos valores familiares e religiosos que deci-
dimos ensinar nossos filhos em casa. Se seus vizinhos forem profundamente
intolerantes, inspire-se na determinação de seus ancestrais e mude-se de bair-
ro pelo bem de sua família.
Se você está considerando mudar-se e tem em vista algumas opções de
locais, verifique antes com outros homeschoolers. A internet, especialmente
os fóruns para troca de mensagens, é uma excelente ferramenta para quem
busca informações sobre diferentes comunidades.
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Regulamentos estatais
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quando tiver de lidar com distritos escolares. Afinal, seu direito de educar
seus filhos em casa vem de Deus, não de legisladores do estado ou de distri-
tos escolares.
Editoras católicas
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A grande controvérsia
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Escolas de homeschooling
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Flexibilidade
Planos de aula
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ticos completos e planos de aula diários prontos para ser colocados em prá-
tica. Os planos de aula abrangem não apenas tarefas diárias, mas também
dicas pedagógicas, diagramas, informações suplementares, atividades de en-
riquecimento do conteúdo, links da internet, gráficos e assim por diante. Os
planos de aulas de inglês para o ensino médio da Seton, com duração de um
ano, chegam a cerca de duzentas páginas, contando com os apêndices que
contêm análises de livros e explicações detalhadas das tarefas de leitura e de
redação de parágrafos. Tanto o pai quanto o aluno homeschooler podem
utilizar as informações necessárias e ignorar as desnecessárias.
Uma mãe homeschooler cujos filhos estejam inscritos em um programa
tem a vantagem de contar com uma pessoa de carne e osso ajudando a ava-
liar os trabalhos escolares e/ou testes das crianças. Os professores não ape-
nas corrigem os trabalhos do aluno, mas fazem comentários que o ajudam
e incentivam. Adesivos e selos, muitos deles de temas religiosos, são dados
como recompensa por trabalhos bem feitos. “Certificados de Bom Desem-
penho” são emitidos para incentivar as crianças que fazem suas tarefas com
excelência. Muitas vezes as crianças sentem-se mais motivadas ao saber que
sua família faz parte de uma escola católica – e que seu trabalho será avalia-
do por um professor com experiência naquela determinada série.
Outra vantagem da inscrição em um programa é o serviço de aconselha-
mento, que é e tem de ser parte integral do serviço oferecido pelas escolas
de homeschooling católico. Algumas escolas, como a Seton, contam com
especialistas em dificuldade de aprendizagem e professores secundários com
formação em áreas específicas, muitos dos quais possuem titulações altas
ou são professores universitários atuantes. Outras escolas talvez ofereçam
serviços similares que podem ser úteis à sua família
O serviço de aconselhamento, na Seton e provavelmente nas outras es-
colas, é oferecido não apenas por correio e telefone, mas também por fax,
em fóruns na internet e por e-mail. A tecnologia atual oferece aos alunos
serviços rápidos e às vezes instantâneos.
A inscrição em um programa, especialmente para pais sem diplomas uni-
versitários, costuma ajudar na hora de evitar problemas com autoridades
escolares, como diretores de escolas e superintendentes. Em geral, tais auto-
ridades não gostam de famílias que educam os filhos em casa. Porém, quan-
do os alunos estão inscritos em um programa de homeschooling, há menos
chances de os pais serem incomodados, pois os burocratas da educação sa-
bem que há terceiros supervisionando o trabalho.
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Certificação
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Caso seu filho ainda frequente a escola quando você decidir iniciar o
homeschooling, tente fazer a transição no início do ano letivo, ou nas férias
semestrais, ou durante um feriado longo, como Natal ou Páscoa. Academi-
camente, para os alunos das séries fundamentais, faz pouca ou nenhuma
diferença em que momento do ano deixarão de ir à escola, porém emocio-
nalmente é mais fácil para as crianças passar por isso durante um intervalo
que deixe bem claro o fim de uma fase. Já no ensino médio o aluno pode
perder créditos ao sair antes do fim do semestre. Ainda assim, a situação nas
escolas costuma ser tão séria, que os pais acabam trazendo seus filhos para
casa imediatamente.
É melhor instruir seus filhos para que não comentem que estão deixando
a escola enquanto ainda a estiverem frequentando. Professores, diretores,
pais e alunos às vezes têm reações negativas quando sabem que um aluno
está deixando a escola para estudar em casa. Muitos acreditam sinceramen-
te que um homeschooler nunca poderá ter uma boa educação. Às vezes, os
burocratas do ensino público se ressentem porque cada aluno perdido repre-
senta uma quantidade de verba estatal que eles deixam de receber.
Quando estiver pronto para iniciar o homeschooling, notifique o diretor
da escola por escrito, a não ser que você tenha um bom relacionamento com
ele e queira dar a notícia pessoalmente. Escreva uma carta breve e a envie de
forma registrada, dizendo sem rodeios que você decidiu matricular seu filho
em uma escola católica privada e que em breve essa nova escola entrará em
contato solicitando a documentação do seu filho. Essa última afirmação é
importante porque dá veracidade ao fato de seu filho estar matriculado em
uma escola. É menos provável que a escola pública exija mais explicações,
tendo a expectativa de ser contatada pela sua nova escola.
Às vezes os alunos saem da escola depois de algum desentendimento en-
tre seus pais e a direção, e nesse caso os pais podem sentir a tentação de
“fazer um barraco”. É melhor, porém, resistir. Isto não lhe trará nenhum
benefício, e é sempre salutar evitar novos inimigos.
A escola de homeschooling costuma enviar um formulário aos pais, in-
titulado “Pedido de Transferência de Documentação”, que precisa ser assi-
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
O currículo
Se você é católico, seu desejo naturalmente será que sua pedagogia reflita
sua Fé. Isto está de acordo com as instruções de Roma, contidas em diversas
encíclicas e outros documentos. A Igreja afirma claramente que o currículo
escolar deve ser permeado pelos valores católicos.
Ao mesmo tempo, isso é um problema, pois é difícil encontrar livros
didáticos católicos. Nos últimos dez anos, com o esforço editorial da Seton,
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Quanto tempo?
Uma das perguntas mais comuns feitas pelas mães antes de iniciar o ho-
meschooling é “Quanto tempo por dia devo dedicar às aulas?”
Não há uma resposta simples. Uma menininha da primeira série que está
ansiosa para aprender tomará obviamente menos tempo do que um meni-
ninho que não tem interesse na escola e quer passar o dia na rua brincando.
Um menino da sexta série que ainda não sabe ler tomará mais tempo do que
um que iniciou o homeschooling na primeira série. Alunos com menos moti-
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
vação e menos instruídos tomam mais tempo do que seus opostos. Crianças
com dificuldade de aprendizagem demoram mais a aprender. Sua filosofia
educacional será em grande medida pautada pela quantidade de tempo que
você utilizará. Por exemplo, muitos pais acham que as disciplinas importan-
tes podem ser finalizadas ao meio-dia, com algumas atividades divertidas
programadas para a tarde. Se você deseja que seus filhos vão à universidade,
porém, será uma boa ideia investir mais tempo em disciplinas estritamente
acadêmicas, sobretudo no ensino médio.
O programa da Seton oferece, como sugestão, um tempo estimado para
cada disciplina, mas este obviamente varia de criança para criança. Matemá-
tica e leitura devem tomar cerca de uma hora por dia, enquanto ortografia e
vocabulário normalmente podem tomar 20 minutos por dia cada um. inglês,
religião, história e ciências são aulas de normalmente 30 a 40 minutos. Aulas
do ensino médio demandam cerca de 50 minutos cada para a maioria dos
alunos, sem contar o tempo de leitura para relatórios sobre livros.
Dito isso, é possível afirmar que a maioria das crianças das séries primá-
rias (primeira a terceira) provavelmente conseguem finalizar seu trabalho
em cerca de três horas, embora sejam três horas espaçadas ao longo do dia.
Alunos das séries intermediárias conseguem finalizar a parte principal do
trabalho em quatro horas, sendo que leituras extras para relatórios sobre
livros, por exemplo, podem tomar mais uma hora à noite. Alunos do ensino
médio devem reservar de 45 minutos a uma hora por dia por disciplina, com
talvez uma hora à noite ou fins de semana reservados para leitura extra ou
pesquisas. Alunos que desejam ser admitidos em faculdades muito seletivas
deverão reservar um tempo maior para disciplinas ou projetos específicos.
Por exemplo, o aluno pode passar um tempo maior aprendendo uma língua
estrangeira ou treinando suas habilidades musicais.
Tudo isso diz respeito à quantidade de tempo necessário para as aulas em
si, mas há também uma certa quantidade de tempo a ser reservado para os
pais fazerem preparativos. Isto também varia. Normalmente, com as primeiras
séries, não é necessária qualquer preparação, pois em geral você simplesmente
prosseguirá com as lições à medida que a criança for aprendendo. Contudo, nas
demais séries, é necessária certa quantidade de preparativos, pois você dará au-
las mais substantivas. É recomendável que você separe uma ou duas horas por
semana para organizar o que você precisará fazer na semana seguinte.
Para as aulas do ensino médio, o tempo necessário para auxiliar seus fi-
lhos depende de eles já praticarem o homeschooling desde as primeiras séries
ou não. A maioria dos alunos que acabou de sair da escola não possui boas
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estratégias de estudo e precisam de mais ajuda dos pais. Alunos que prati-
cam o homeschooling há vários anos conseguem fazer praticamente todas
as suas tarefas do ensino médio sem ajuda. No entanto, é importante que os
pais discutam os trabalhos escolares com seus filhos do ensino médio, espe-
cialmente em religião, literatura e história, para transmitir-lhes a perspectiva
católica apropriada. Se você está aprendendo o conteúdo de uma disciplina
de ensino médio junto com seu filho, como matemática, isto pode tomar uma
quantidade considerável de tempo.
Un-schooling
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Preparando a casa
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Se possível, você deve reservar alguma área específica da casa para a prática
do homeschooling. Algumas famílias montam uma sala de aula no porão, com
painéis coloridos, prateleiras para os livros e uma boa iluminação. Em algumas
casas, uma saleta de visitas é a sala de aula; em outras, a garagem. Conheço uma
família que transformou um pequeno prédio da propriedade em sala de aula.
É difícil utilizar a sala de jantar ou a sala de estar como sala de aula
principal. É preciso haver um lugar permanente para livros, globos, enciclo-
pédias e carteiras. Se você utilizar a sala principal da casa para as aulas, pre-
cisará constantemente mover livros e materiais para dentro e para fora dali.
Como seu tempo será gasto ensinando, você não terá mais tanta disponi-
bilidade para trabalhos domésticos como cozinhar e limpar. Recomendamos
que você faça uma grande faxina geral antes de iniciar o homeschooling. Jo-
gue fora tudo o que puder e, quando achar que já se livrou de muitas coisas,
jogue ainda mais! Estabeleça um limite para o número de itens da cozinha,
especialmente pratos e copos. Você precisará de espaço para livros e outros
materiais pedagógicos, além de atividades como projetos de ciências e arte.
Em outro capítulo, trataremos mais especificamente do trabalho doméstico.
Sabemos que se trata de um verdadeiro sacrifício para aquelas mulheres que
gostam de manter suas casas em perfeita ordem, mas sabemos também que
essas mesmas mulheres são mães dispostas a fazer sacrifícios por seus filhos.
O homeschooling é um modo de vida. A casa cedo ou tarde será redeco-
rada. Mapas serão colados nas paredes e de repente surgirá um globo, ou um
telescópio, ou o modelo de um coração. Se você não tiver um altar ou local
para orações, providencie um. Além disso, prepare espaços para colagem de
desenhos e amostras de trabalhos bem feitos.
Você decidirá se é melhor ensinar todas as crianças no mesmo espaço ou
cada uma em um local diferente. A maioria das famílias acaba fazendo uma
combinação, com crianças estudando matemática e inglês, por exemplo, em
salas separadas, mas reunindo-se para outras aulas, como religião e música.
Isto pode ser modificado ao longo do ano. Mais detalhes sobre dar aulas em
grupo para as crianças encontram-se no capítulo “Homeschooling em uma
família numerosa”.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Outros materiais
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Conclusão
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Capítulo 5
Homeschooling em uma
família numerosa
A
s pessoas costumam ficar intimidadas diante da ideia de ensinar mui-
tos filhos em casa. No entanto, o homeschooling não é mais difícil
para uma família numerosa – é difícil, sim, mas até menos do que
em famílias menores, pois a mãe de muitos filhos pode contar com a ajuda
de seus mais velhos.
O motivo básico pelo qual o homeschooling é menos difícil em famílias
numerosas é que há pessoas para ajudar com o serviço doméstico, as tarefas
escolares e mesmo com a manutenção da disciplina entre as crianças. Além
disso, os filhos mais velhos e já bem disciplinados podem servir como mode-
lo para os mais novos.
A mãe professora
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
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MARY KAY CLARK
É justamente nos tempos de maior dificuldade que seus filhos devem estar
mais próximos de você, de Jesus, da vida católica tradicional. Em tempos
difíceis, seus filhos serão instrumentos da graça para você, e você será um
instrumento da graça para seu esposo e seus filhos. O homeschooling oferece
a oportunidade e o tempo para esse fluxo de graça se faça sentir. Confie que
Deus, através do homeschooling, lhe providenciará tempo e espaço.
Deus lhe deu graças para compreender a necessidade do homeschooling,
agora tenha fé de que também não lhe faltarão graças para continuar sua
missão educadora. Ele sem falta ajudará você a disciplinar-se e disciplinar
seus filhos.
Lembre-se de que a mais alta manifestação do amor é você doar-se e
sacrificar-se, como fez Jesus ao sofrer e morrer por nós. O homeschooling
é um ato contínuo de doação e sacrifício pelas melhores pessoas do mundo
– seus próprios filhos. Treine-se, discipline-se para a doação e o sacrifício.
Quando o sofrimento vier, devemos ter em mente que se trata de um dom
de Deus. O sofrimento nos ensina a ser humildes e nos ensina o significa-
do do amor, pois aprendemos a nos sacrificar pelos outros mesmo quando
aparentemente não recebemos nada em retorno. Deus permite o sofrimento
para que nos aproximemos Dele. Ele disse isso à Irmã Josefa, segundo expli-
ca o livro O Caminho do Amor Divino (The Way of Divine Love). Ele disse
a ela que precisa permitir a existência de doenças e problemas para que as
pessoas se voltem a Ele quando estiverem angustiadas, já que tantos de nós
O esquecemos quando as coisas vão bem.
Na Rede de Televisão Palavra Eterna, a Madre Angélica tem o costume
de entrevistar pessoas com problemas – problemas médicos, filhos envolvi-
dos com drogas, um cônjuge alcoólatra, adolescentes grávidas fora do casa-
mento e assim por diante. São histórias de crescimento espiritual! É por isso
que Deus permite o sofrimento.
Precisamos entender que o homeschooling – especialmente em uma famí-
lia numerosa, em que os desafios e tribulações, as dificuldades e frustrações
prolongam-se por muitos anos – é uma bênção especial! Você descobrirá que
pode ser verdadeiramente feliz, mesmo com frustrações diárias.
São Paulo nos encoraja em sua primeira epístola aos coríntios: “Meus
amados irmãos, sede firmes e inabaláveis, aplicando-vos cada vez mais à
obra do Senhor. Sabeis que o vosso trabalho no Senhor não é em vão.” E, na
epístola aos filipenses: “Tudo posso Naquele que me fortalece.”
Devemos ser como a Mãe Santíssima, que teve fé e confiou Nele. Em
Caná, ela disse aos empregados: “Fazei segundo Ele vos disser!” Ela tinha fé
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
de que Ele providenciaria o que fosse necessário, pois em casa Ele já demons-
trara Seu modo de proceder.
Confie em Jesus e em Sua Mãe Santíssima. Quer tenha você uma família
numerosa ou pequena, quer tenha um cônjuge ou não, motive-se, seja disci-
plinada, confie na Palavra e acredite: “Tudo posso Naquele que me fortalece.”
Aulas em grupo
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MARY KAY CLARK
Pelas séries em que estão as crianças da família Kelly, é óbvio que as da quinta
e da sexta séries podem frequentar algumas aulas juntas. As mães não demoram
a perceber que, em geral, as meninas podem frequentar aulas mais avançadas
de literatura, ortografia e vocabulário, enquanto os meninos têm facilidade com
matemática e ciências. (É claro que esta é uma regra geral aberta a exceções.)
As aulas mais fáceis para agrupamento de alunos são religião, ciências e
história. A criança mais nova pode seguir a mais velha, mas também não será
prejudicial à mais velha fazer uma revisão ou trabalhar o mesmo tópico da
tarefa da mais nova. Depois de duas semanas de homeschooling, em média,
a mãe consegue avaliar o nível de cada criança, disciplina por disciplina.
Se ambas as crianças lerem os textos das tarefas, alternando parágrafos, a
mais nova conseguirá acompanhar. Além do mais, elas aprenderão a trabalhar
juntas, talvez até se tornem amigas e aprenderão um pouco mais sobre os vários
dons que Deus dá a cada indivíduo. Elas também aprenderão a praticar as vir-
tudes da caridade, paciência e compreensão, trabalhando e aprendendo juntas.
Em uma família numerosa, em que há menos tempo disponível para cada
criança, certifique-se de que todas estejam em níveis nos quais se sintam
confortáveis, pois assim não precisarão de muita ajuda. É melhor começar
com tarefas mais fáceis, que a criança consiga realizar, do que começar em
um nível mais alto e ter que dedicar mais tempo a uma só criança, correndo
ainda o risco de ambos, você e ela, se frustrarem.
Outra vantagem de ter crianças trabalhando juntas é que elas tendem a
estimular o progresso uma da outra, e assim a mãe não precisa supervisioná-
-las tão de perto. Ela deverá, é claro, estar disponível para explicar conceitos
e ajudar quando necessário, para ouvir a pronúncia de leitura ao menos duas
vezes por semana e discutir o que está sendo estudado em religião. A partir
da quinta série, os alunos podem ajudar a dar notas aos seus trabalhos diá-
rios e aos de seus irmãos.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Quando uma criança tem dificuldade em alguma matéria, uma boa ideia
é colocá-la para ajudar um irmão mais novo nessa mesma matéria. Ensinar
os conceitos ou técnicas em um nível mais baixo reforçará o fundamento da
disciplina e fortalecerá o domínio geral da criança que está tendo dificuldade.
Além disso, a criança mais velha aprenderá a ser paciente e bondosa com
seu irmão ou irmã menor, deste modo praticando a maior das virtudes, a
caridade. A criança mais nova, por sua vez, aprenderá a valorizar a ajuda
que recebe de seus familiares, a ser humilde ao receber favores e a reconhecer
o valor de seus irmãos e irmãs mais velhos. As virtudes da humildade e da
confiança são assim assimiladas desde cedo.
Tanto a criança da pré-escola quanto a da segunda série podem ajudar a crian-
ça pequena que está aprendendo a andar, por exemplo, brincando de escolinha e
ensinando-lhe letras e números. Incentivar desde cedo as boas ações para com o
próximo resultará em atos caridosos de misericórdia mais tarde. Faça com que
seus filhos recordem das palavras ditas por Cristo quando lavou os pés dos Após-
tolos: “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós.”
Algumas mães gostam de utilizar as férias de verão para alfabetizar um
dos filhos que ainda não saiba ler. Concentrando-se nesse objetivo durante
um período específico, menos tempo precisa ser gasto durante o ano regular,
quando há também as demandas das demais crianças.
Às vezes as mães querem adiantar uma criança mais nova à série de uma
mais velha, mas temem que seja um salto grande demais. Nesses casos, con-
sidere a possibilidade de trabalhar durante o verão com a criança mais nova,
em matérias como literatura, ortografia e vocabulário, para que, no início
do período letivo, ela possa ter aulas com o irmão mais adiantado. Nas pri-
meiras séries, contudo, um verão costuma ser pouco tempo para as crianças
absorverem conceitos abstratos.
Ensino médio
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
o que gosta e a negligenciar o que não gosta. Por isso, você certificar-se de que
as crianças estão cumprindo suas obrigações em todas as áreas, todos os dias.
Problemas às vezes ocorrem quando o jovem inicia o homeschooling na
nona série, pois ele não possui a base acadêmica, as estratégias de estudo,
nem a motivação necessárias. Além disso, os professores da escola talvez o
tenham acostumado a não utilizar todo o seu potencial.
Nas escolas é comum acontecer de algumas crianças serem pressionadas
por seus colegas para que não demonstrem sua inteligência ou tenham um
bom desempenho. Nesses casos, a mãe precisará trabalhar com o aluno da
nona série por mais tempo do que planejara.
A mãe homeschooler deve ter em mente que um de seus objetivos é aju-
dar o aluno a desenvolver estratégias de estudo, para que possa continuar
seu aprendizado de forma mais independente. A Seton possui um mini-curso
sobre técnicas de estudo, que é enviado aos nossos alunos da sétima à décima
segunda série. Ele também está disponível gratuitamente em www.setonhome.
org. Oferecemos orientações sobre a organização de um espaço de estudos,
a montagem do cronograma, a importância de ter livros e outros materiais
de estudo sempre à mão, técnicas para evitar distrações e assim por diante.
O curso também ensina a tomar notas de leitura, resumir um capítulo de
livro, identificar detalhes importantes e memorizar fatos. Uma vez domina-
das essas técnicas, o aluno terá muito mais facilidade para aprender.
Se tudo se encaminhar bem, na décima série a mãe precisará apenas su-
pervisionar algumas disciplinas, embora recomendemos o envolvimento
contínuo dos pais nas discussões.
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Um adolescente rebelde
Agrupamento parcial
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Por exemplo, suponha que você tem filhos na quarta, quinta e sétima sé-
ries e não quer ensinar três níveis diferentes de religião, ciências ou história,
porém sente que as diferenças de habilidades entre eles são tais que não é
possível uni-los em suas tarefas diárias. Um modo de lidar com essa situação
seria reunir todas as crianças para uma discussão ou explicação sobre um
tópico em particular. Sua fala provavelmente seria voltada à criança do meio,
utilizando o livro didático ou as lições da criança do meio. Mais tarde, po-
rém, ou no dia seguinte, cada criança resolveria a tarefa de seu próprio livro,
em seu nível. Assim, a criança da quarta série pode trabalhar memorizando
os fatos do catecismo sobre o Quarto Mandamento, a da quinta série pode
responder algumas perguntas factuais e a da sétima pode escrever um pará-
grafo sobre uma situação mais complexa, digamos, de um adolescente que é
desobediente com seus pais ou alguma outra figura de autoridade.
Embora os membros da família em que você costuma confiar mais para aju-
dar com o homeschooling sejam seus próprios filhos, seu marido também deve
ajudar. (Isto será tratado mais especificamente no capítulo sobre o papel do pai.)
Outros familiares que também podem ajudar são os avós. Eles costu-
mam ter tempo livre e energia para ajudar, seja tomando conta de crianças
pequenas, seja ensinando. Peça a ajuda inclusive dos avós desfavoráveis ao
homeschooling, pois, na maioria dos casos, quanto mais eles participam da
rotina de estudos da família, mais a apoiam.
Os avós podem ser excelentes professores para os seus filhos. Eles têm
experiência, conhecimento e sabedoria sobre a vivência católica. Eles são um
verdadeiro tesouro para os seus filhos, pois tendem a ser muito pacientes,
sensíveis, compreensivos e amáveis com os netos. A segurança e a profunda
ternura que eles transmitem criam um ambiente saudável tanto para o cres-
cimento espiritual quanto intelectual das crianças.
Os avós são excelentes professores para as crianças mais novas, porém
sua sabedoria e experiência podem ser de grande valia aos adolescentes, que
tendem a pensar que sabem tudo. Em uma sociedade pagã que tem aceitado
a eutanásia e promovido o utilitarismo em detrimento da virtude moral, os
avós podem ensinar lições inestimáveis para a família homeschooler. Esse
aprendizado multi-geracional é uma das experiências ausentes nas escolas.
Jovens cursando o ensino médio ou a faculdade são excelentes profes-
sores para seus irmãos mais novos, especialmente em matemática e inglês.
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Flexibilidade
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
muitos pais o fazem. Por outro lado, você também pode ajustá-las, aumen-
tando o número de tarefas orais e diminuindo o de escritas, ou encurtando
uma tarefa sobre um tema que o aluno aprendeu com facilidade. Você pode
aumentar a carga de leitura de uma tarefa, por exemplo, pedindo à criança
que pesquise em uma enciclopédia sobre um artista mencionado em um tex-
to do livro.
Materiais suplementares
Seja flexível em suas aulas diárias, utilizando, sempre que possível, mate-
riais suplementares para enriquecê-las. Prepare as aulas da semana seguinte
durante o fim de semana. Se tiver acesso à internet, tente encontrar sites
com materiais interessantes. A internet modificou para sempre o processo de
aprendizado, ao disponibilizar uma quantidade inacreditável de informação
ao alcance dos seus dedos. Pode ser difícil encontrar online exatamente o que
você procura, por isso recomendamos que você aprenda a utilizar muito bem
as ferramentas de pesquisa. Quando encontrar boas fontes, salve as páginas
para que possa visitá-las novamente. Os navegadores da internet permitem
que você organize seus sites favoritos em categorias como ciência, história,
religião etc.
Algumas famílias preferem não ter acesso à internet, por medo de que
seja uma porta de entrada a más influências em sua casa. É uma preocupação
compreensível, e cabe a cada família decidir o que fazer a respeito. Em geral,
a internet é uma ferramenta e, como tal, pode ser utilizada para o bem e para
o mal. O fato é que, depois de ter acesso a ela, será difícil imaginar como
você vivia antes dela.
Se possível, visite bibliotecas e pesquise por livros, brochuras, CDs, DVDs
e obras de referência que possam ser úteis às suas aulas. Peça ao bibliotecário
que lhe explique sobre todos os recursos e materiais disponíveis. Pergunte
sobre a possibilidade de emprestar livros de outras bibliotecas através da
ferramenta de empréstimo entre bibliotecas. A maioria das bibliotecas per-
mitem que suas obras de referência circulem, normalmente as edições mais
antigas de enciclopédias. Além disso, pergunte ao bibliotecário se eles não
têm interesse em vender a cópia mais antiga de uma enciclopédia. Você pro-
vavelmente conseguirá comprar o conjunto completo por $25,00. Também é
possível tentar comprar uma enciclopédia no eBay. Existe a possibilidade de
utilizar uma enciclopédia virtual, porém os alunos gostam de livros físicos.
Livros são essenciais ao aprendizado. Muitas crianças gostam de folhear en-
163
MARY KAY CLARK
ciclopédias para aprender sobre tópicos diversos, o que não é possível fazer
com materiais virtuais.
Pergunte ao bibliotecário sobre outras fontes onde seja possível obter
informações e materiais de estudo. Os governos municipais e estaduais em
geral disponibilizam toneladas de materiais gratuitos. Pesquise em sebos por
enciclopédias e outras obras de referência, como enciclopédias de ciência
ilustradas.
Os professores das escolas, limitados por tempo, espaço, localização e
uma enxurrada de outros problemas, não conseguem oferecer aos seus alu-
nos nem um milésimo da quantidade quase ilimitada de recursos disponíveis
à família homeschooler.
Cronograma
164
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Começando o ano
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MARY KAY CLARK
fas do programa e assim por diante. Se seu filho mais velho cursar o ensino
médio, ele deverá familiarizar-se com os materiais didáticos e o modo de
utilizá-los. Essa primeira semana pode servir para estabelecer um modelo de
rotina para as próximas.
Na segunda semana, comece as aulas do segundo filho mais velho, ou,
se já tiver iniciado o segundo, dos dois próximos, e trabalhe, na medida
do possível, sem interrupções das demais crianças. Você pode seguir esse
procedimento a cada início de ano letivo. Algumas mães gostam de seguir
assim até o feriado do Dia do Trabalho18, e desse modo o programa integral
começa em setembro.
Certifique-se de que todos saibam o que fazer caso a mãe (ou o pai) não
esteja disponível quando necessário. A criança deve ser instruída a a) conti-
nuar da melhor forma possível a tarefa em que esteja trabalhando, passando
às questões seguintes à medida em que for terminando; ou b) ler para um
relatório sobre um livro; ou c) fazer a tarefa de outra disciplina. Não permita
que seus filhos percam tempo esperando até você estar disponível. Você pode
aplicar um castigo do tipo “sentar sem fazer nada” até que eles entendam o
valor do tempo.
Sextas-feiras
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
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19 Ver: http://www.4-h.org/
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Minha família
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três aulas antes do lanche matinal, depois duas ou três aulas antes do almoço
e assim por diante. O aluno só poderá fazer as refeições depois de concluir
a aula ou tarefa.
É claro que, independentemente de sua família ser numerosa ou pequena,
quando estiver montando seu cronograma, deve haver horários fixos para
as orações da manhã e da tarde, para o Terço e quaisquer outras atividades
religiosas de acordo com o ano litúrgico.
Aulas curtas
É melhor para as crianças mais novas que as aulas sejam curtas. Normal-
mente, elas aprendem mais matemática em três aulas de 20 minutos do que
em uma aula de uma hora. A aula de leitura pode ser dividida em uma sessão
de leitura, seguida pelo livro de exercícios ou a redação de um texto.
Não programe um dia escolar muito longo. O homeschooling é uma ex-
periência de aprendizado muito mais intensa do que a escola, portanto não
ultrapasse cinco ou seis horas diárias. As crianças mais novas em geral con-
seguem fazer seu trabalho em poucas horas. É melhor ter aulas durante as
manhãs de sábado, ou prolongar seu ano escolar, do que ter uma rotina di-
ária longa demais. Após uma certa quantidade de aulas formais, as crianças
simplesmente param de absorver conteúdo, de forma que continuar torna-se
inútil. É sem dúvida mais interessante incluir atividades práticas para variar
a rotina. Utilizar instrumentos de medida culinários, por exemplo, ajuda a
diversificar o processo de aprendizado da matemática, quando uma criança
ajuda a preparar uma refeição.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Potenciais interrupções
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MARY KAY CLARK
Avaliação e notas
Os pais às vezes reclamam do tempo que gastam dando notas aos traba-
lhos de seus filhos. Um modo de economizar tempo é incentivá-los a pontuar
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Biblioteca doméstica
Atividades extracurriculares
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Enriquecimento adicional
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Pense em tudo o que você fizer como uma possível oportunidade de ensi-
nar algo aos seus filhos.
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Avaliações e notas
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MARY KAY CLARK
ta, mas o mais seguro é você informar-se junto à instituição onde seu filho
deseja estudar. É claro que, no caso das faculdades privadas, elas fazem suas
próprias regras e têm uma abertura maior para admitir alunos apenas com
base nas notas do SAT.
Muitas famílias optam por não ter televisão em casa, porém eu recomen-
do que tenham, caso seja possível sintonizar a RTPE, o canal católico da Ma-
dre Angélica. Alguns dos programas ali transmitidos podem ser incluídos na
rotina diária de homeschooling da sua família. Se sua região não tiver acesso
a esse excelente canal católico, recomendamos que você adquira uma antena
parabólica. O canal funciona 24h por dia, sete dias por semana. Você pode
providenciar uma antena para ter acesso à RTPE. Ela levará para dentro da
sua casa os melhores fiéis católicos, que sem dúvida inspirarão você e seus
filhos a viver catolicamente.
A RTPE apresenta a Fé Católica de forma viva, vibrante, cheia de signifi-
cado e relevância para nossos filhos. São programas que apoiam a fé e a cul-
tura que estamos tentando transmitir-lhes, mas que frequentemente parecem
“esquisitas” no seio de uma sociedade pagã.
Conclusão
182
HOMESCHOOLING CATÓLICO
criança. No fim das contas, disso resultará uma geração de adultos católicos
que reconhecem o valor de um processo de aprendizagem que respeita os
indivíduos, bem como o valor de cada indivíduo enquanto filho de Deus.
Daí renascerá uma sociedade cristã mais forte, tanto intelectual quanto es-
piritualmente.
183
Capítulo 6
A vida sacramental
A
mais importante chave para o sucesso do homeschooling é viver em fa-
mília a autêntica vida sacramental católica. A vida sacramental abran-
ge não apenas a recepção regular dos Sacramentos da Santa Eucaristia
e da Penitência, mas também a utilização diária dos sacramentais como uma
ajuda para se viver a vida de oração e celebrar as festas do ano litúrgico.
O lar católico foi chamado de “igreja doméstica” pelo Concílio Vaticano
II e por muitos documentos da Igreja. Para que nosso lar seja verdadeiramen-
te uma “igreja doméstica”, utilizar os sacramentais e fazer com que a vida da
família organize-se em função do ano litúrgico não é apenas recomendável,
mas é de fato o melhor modo de se viver a autêntica vida católica em família.
A Igreja oferece os sete Sacramentos como um meio direto para que seus
membros individuais recebam a Graça Santificante de Deus. Tal Graça é
necessária a cada membro da família homeschooler. Podemos receber graças
também através dos sacramentais, que são aprovados pela Igreja, mas cuja
utilização pode ocorrer em nossa própria casa.
A Santa Eucaristia
Penitência
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
é errado expor nossos filhos a valores anticatólicos cinco dias por semana.
Mas demanda uma virtude verdadeiramente heroica assumir a total respon-
sabilidade pela educação de nossas crianças em casa, para assegurar que elas
receberão a melhor educação católica que podemos lhes oferecer.
Precisamos relacionar nosso homeschooling ao Sacramento da Penitên-
cia. Nossos filhos precisam entender, primeiro, que é nosso dever como pais
ensiná-los e, segundo, que é seu dever como filhos nos obedecer e aprender
mais sobre a obediência a Deus. Se nossos filhos não nos obedecerem em
seus estudos ou em suas tarefas diárias em casa, estarão pecando. Quando
você os ajudar a recapitular seus pecados antes da Confissão, ajude-os a
compreender que a recusa a fazer suas tarefas, reclamar ou resmungar du-
rante o cumprimento de uma tarefa, fazer seus exercícios escolares de modo
descuidado ou preguiçoso, não se dedicar e procrastinar são comportamen-
tos irresponsáveis, que desagradam a Deus.
Ao longo de cada dia, devemos lembrar nossos filhos, quando eles peca-
rem, de que devem arrepender-se e mencionar o pecado na Confissão. Quando
uma criança bater em seu irmão, devemos lembrá-la de arrepender-se e con-
fessar-se. Quando uma criança é desobediente diante da obrigação de cumprir
uma tarefa, devemos lembrá-la de arrepender-se e confessar-se. Quando uma
criança recusar-se a fazer o exercício de matemática, precisamos lembrá-la de
arrepender-se e confessar-se. À noite, no momento da oração, pode-se reca-
pitular com cada criança seus pecados, respeitando suas respectivas idades, e
pode-se discutir modos de evitar que o pecado se repita. Isto não precisa ser
uma importunação constante, mas um meio de elevação espiritual.
Alguns pais acreditam que, assim como a criança deve ser corrigida no
momento da ofensa, também deve haver uma discussão sobre as implicações
religiosas do erro, quando a criança não estiver mais irritada com o que fez.
Quando uma discussão como essa for possível, autores especializados em
espiritualidade sempre recomendam um exame de consciência noturno e o
Ato de Contrição. Este é um bom hábito para todos nós, adultos e crianças.
O homeschooling dará certo em uma família católica que busque uma
vida virtuosa através do exame de consciência diário e idas semanais ou
quinzenais à Confissão.
Batismo
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MARY KAY CLARK
to do Batismo. Caso contrário, não deixe de levar seus filhos à igreja quando
estiver sendo celebrado um Batizado, para lhes ensinar sobre esse Sacramen-
to fundamental. Explique o Sacramento a partir das palavras do rito:
Vocês pediram para batizar seu(sua) filho(a). Ao fazê-lo, tomam a responsa-
bilidade de ensiná-lo(a) na prática da Fé. Será seu dever criá-lo(a) para que
cumpra os Mandamentos de Deus segundo nos ensinou Cristo, amando a
Deus e aos nossos semelhantes.
Sem dúvida, basta-nos ligar a televisão ou visitar uma escola para ates-
tarmos a proximidade do “veneno do pecado”. Perceba que os pais são ad-
moestados não apenas a manter a criança longe do pecado, mas, em concor-
dância com S. Francisco de Sales, a trabalhar positivamente no caminho do
bem, para que a prática da Fé e a vida divina “se fortaleçam cada vez mais”.
Este é o propósito do homeschooling católico.
Após discutir tudo isso com seus filhos, a família inteira pode participar
de uma cerimônia especial, seja no dia de um aniversário natalício, ou em
um aniversário de batismo, ou no dia do Batizado de um bebê, ou quando
for apropriado, com o propósito de fazer a Renovação dos Votos Batismais.
O pai pode repetir as perguntas, enquanto a família responde:
190
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Confirmação
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viver a vida mais virtuosa possível. Um filme como este é ótimo para discutir
a Confirmação.
Leve seus filhos para ver o rito de Confirmação na igreja. Se o bispo der
o tapa simbólico no rosto, explique que seu significado é que nós, Soldados
de Cristo, devemos esperar sofrer por Ele enquanto lutamos por Suas ver-
dades. A maioria dos bispos já não dá esse tapa simbólico, mas você certa-
mente pode comentar a respeito com seus filhos. Isto pode ser relacionado
a quaisquer atividades pró-vida de que você e sua família participem, assim
como ao homeschooling enquanto preparação para a vida de um Soldado
de Cristo.
Matrimônio
A Extrema Unção, ou Unção dos Enfermos, deve ser explicada aos seus
filhos por muitos motivos, porém deve sempre ser relacionada à prática do
homeschooling. Este sacramento nos ajuda a focar na eternidade. Discuti-lo
é um bom momento para ponderar a brevidade da vida e nossa presente
morada temporal. Enfatize que nosso objetivo último é sermos felizes com
Jesus no Paraíso. Tal discussão pode facilmente abordar o homeschooling,
e a ênfase nas verdades eternas pode ser contrastada com as escolas, que
valorizam sobretudo o mundo e suas fórmulas de sucesso.
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Ordem
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Os Sacramentais
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Um exemplo
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A Entronização
O ano litúrgico
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Advento
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Atividades criativas desse tipo podem ser feitas para a Festa da Imacula-
da Conceição ou a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe. São festas que po-
dem ser precedidas por uma novena ou pela Litania da Santa Virgem Maria.
A Rede de Televisão Palavra Eterna transmite a Missa de 8 de dezembro do
Santuário Nacional da Imaculada Conceição.
Não deixe de transmitir aos seus filhos o significado da Festa da Imacula-
da Conceição. O modo popular de se fazer referência a um bebê não nascido
como um “feto” pode ser a terminologia “politicamente correta”, mas não
pode ser aceito por nós. Nossos bebês são pessoas desde o momento em que
são concebidos. O uso da palavra “feto” é uma tentativa de desumanizar
nossos bebês.
Visite santuários nos dias de festa. O Catholic Almanac (Almanaque Ca-
tólico) lista os santuários católicos do país, por estados. Descubra quais você
conseguiria visitar e leve a família inteira. Se não houver um santuário pró-
ximo, visite uma igreja que as crianças ainda não conheçam. Ensine a Fé aos
seus filhos a partir das imagens, das pinturas e dos vitrais. Leve uma câmera,
para que possa lembrar da visita mais tarde e discutir os eventos ilustrados
nos vitrais das janelas. Uma câmera que grave vídeos seria excelente, pois
pode ajustar-se à luz que entra pelos vitrais. Quando sair de férias ou viajar
para outras cidades, visite santuários e igrejas históricas.
Reze uma novena antes da celebração das festas litúrgicas. Uma no-
vena são nove dias de oração, normalmente orações específicas recitadas
em relação ao santo ou festa do dia. Às vezes elas podem ser encontradas
em livrarias de santuários ou em livros de orações antigos, mas também
podem ser feitas orações originais. A TAN publica um livrinho barato
chamado 30 Novenas Favoritas (30 Favorite Novenas). Nele estão in-
clusas novenas a Nossa Senhora, a São José, a São Miguel, a Santa Ana,
entre outras.
Uma novena em preparação para o Natal deve ser iniciada em 16 de no-
vembro. No primeiro dos nove dias, você pode armar uma árvore de Natal,
na qual, durante os dias da novena, as crianças pendurem itens que repre-
sentem simbolicamente personagens do Antigo Testamento ou eventos que
precedam o nascimento de Jesus. Por exemplo, um fragmento de uma maçã
pode representar o Pecado Original de Adão e Eva, que acabou levando à
Encarnação. O estilingue usado pelo garoto Davi quando matou Golias e a
sarça ardente que Moisés viu estão entre os temas favoritos que as crianças
podem desenhar para a árvore.
200
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Após o Natal
Outros dias que podem ser celebrados com atividades ou projetos religio-
sos são dos Doze Dias de Natal20 e as Festas de Santo Estêvão, da Sagrada
Família, do Bom Rei Venceslau, de São João Evangelista, dos Santos Inocen-
tes e de Santa Elizabeth Ann Seton. Enquanto as festas litúrgicas mais impor-
tantes devem ser celebradas todos os anos, algumas das menores podem ser
celebradas uma vez a cada dois ou três anos.
Não há um modo específico para as famílias celebrarem cada festa, mas
é possível fazê-lo com uma leitura do evento bíblico ou da biografia do
santo em questão. A família pode encenar momentos da vida do santo, ou
escrever uma peça de teatro, ou fazer um show de marionetes. Convidar
uma irmã religiosa para jantar, ou um padre para fazer uma bênção especial
acrescenta reverência à celebração. Inclua o Terço, o uso de água benta,
cantar ou ouvir alguns hinos religiosos, ou assistir a um vídeo sobre a vida
do santo celebrado.
Epifania
20 Período que vai do dia de Natal até a noite de 5 de janeiro, também conhecido como Quadra
Natalícia. (N. da T.)
201
MARY KAY CLARK
em conformidade com as de Deus, não são justas, mesmo que a maioria das
pessoas concorde com elas.
Caso sua paróquia não realize uma procissão no dia 2 de fevereiro, dia da
Festa da Apresentação de Nosso Senhor no Templo, faça uma em sua igreja
doméstica. O Dia da Candelária, como também é chamado, deve incluir a
bênção das velas, mas você também pode providenciar velas previamente
abençoadas. Leia a história bíblica da Apresentação. Tente encontrar uma
meditação ou leitura sobre a Apresentação em um livro sobre os mistérios
do Rosário.
A Bênção das Gargantas, com velas abençoadas formando uma cruz, no
dia da Festa de São Brás, em 3 de fevereiro, é um belo sacramental para católi-
cos e não católicos, visando a obter boa saúde e o alívio de gargantas enfermas
ou outros problemas relacionados à garganta, além de proteção contra o mal.
As mães costumavam considerar essa bênção importante para seus bebês.
Em 11 de fevereiro, Festa de Nossa Senhora de Lourdes, tente visitar um
santuário de Lourdes, ou escreva a um santuário e pergunte como eles cele-
bram o dia da festa. Algumas orações e atividades podem ser reproduzidas
em sua igreja doméstica. A propósito, muitos santuários marianos têm ré-
plicas do santuário de Lourdes ou de Santa Bernadette, embora às vezes não
o divulguem. A devoção a Nossa Senhora de Lourdes costumava ser muito
popular em nosso país. Faça com que seus filhos leiam a biografia de Santa
Bernadette e assistam ao filme. Depois de Fátima, esta foi a maior e mais
miraculosa aparição de Nossa Mãe Santíssima.
Quarta-feira de Cinzas
202
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Quaresma
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Festividades de março
Estações da Cruz
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Domingo de Ramos
205
MARY KAY CLARK
Algumas crianças gostam de fazer cruzes com os ramos, ou fazer tranças, para
colocar nas paredes. Não as deixe esquecer que os ramos são um sacramental
abençoado. Se sua paróquia não fizer uma procissão, procure uma Igreja Bi-
zantina que faça, ou organize sua própria procissão em sua igreja doméstica
ou junto com o grupo de apoio ao homeschooling da região. Faça com seus
filhos a leitura do relato bíblico da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.
Semana Santa
206
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Sábado de Aleluia
207
MARY KAY CLARK
Páscoa
Faça com que a alegria da Ressurreição repercuta em sua casa. Você pode
alugar um DVD sobre o primeiro Domingo de Páscoa. Conte a história de
Pedro e João correndo até a Tumba e depois ao Cenáculo. Leia os relatos da
Ressurreição nos quatro Evangelhos.
A mensagem da Ressurreição é o centro de nossa Fé. Como apóstolos
de Cristo de nossos dias, desejamos transmitir Sua mensagem. Peça aos seus
filhos que escrevam “Ele Ressuscitou” em folhas de cartolina colorida e de-
pois as colem nas portas de sua igreja doméstica. Cumprimentem-se dizendo
“Ele Ressuscitou!” e respondendo “Sim, Ele Ressuscitou!”. Ensine alguns
dos hinos pascais aos seus filhos, ou os escute em CDs ou fitas.
Em muitas culturas católicas, um bolo em formato de cordeiro é servido
como sobremesa do jantar de Páscoa. É um bolo coberto com glacê branco
e coco. Você pode comprar um para ter uma ideia de como é feito e fazê-lo
você mesma no ano seguinte. Normalmente, na época da Páscoa, é possível
comprar formas em formato de cordeiro. Encomende em lojas especializadas
em confeitaria, se não conseguir encontrar uma.
Durante os quarenta dias entre a Páscoa e a Ascensão, tente infundir
sua casa da alegria dos Apóstolos quando o Senhor ressuscitado aparecia
várias e várias vezes em seu Corpo ressurreto. Essa é uma boa oportunida-
de para as crianças apresentarem seus talentos artísticos, fazendo desenhos
do Senhor glorificado e ressuscitado. Estude livros de arte e artesanato
para aprender sobre métodos e materiais para confecção artística e peça a
seus filhos que ilustrem ou representem em vivas cores os eventos gloriosos
da Ressurreição.
Ao longo deste período, discuta a instituição do Sacramento da Penitên-
cia por Nosso Senhor. Perceba quantas vezes Ele diz: “Sou eu. Não temei.”
Apresente o Sacramento da Penitência como um sacramento calmo e amá-
vel. Sempre que eu levava meus meninos à Confissão, aos sábados, era um
momento feliz. Às vezes levávamos seus amigos conosco e comíamos doces
no caminho de volta para casa.
Ascensão
Quinta-feira da Ascensão! Que evento para celebrar! Jesus nos deixa, su-
bindo aos céus em uma nuvem, enquanto os Apóstolos O observam. Porém,
contamos com a promessa de Seu retorno. Como esperamos ansiosamente
208
HOMESCHOOLING CATÓLICO
por Ele! Analise o Credo dos Apóstolos com seus filhos, explicando o sentido
de “E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai, e de novo há de vir
em Sua glória para julgar os vivos e os mortos”. Leia o relato bíblico sobre
a Ascensão.
Se você ler alguns dos relatos de santos, Doutores da Igreja ou escritores
católicos sobre a Ascensão, poderá reconstituir alguns dos eventos de fundo
que a cercaram. Ensine aos seus filhos sobre os anjos e Nossa Senhora, sobre
a tristeza e o arrependimento dos Apóstolos quando Ele estava prestes a
partir, as cento e vinte pessoas que testemunharam a cena, os muitos santos
ressurretos que decerto O acompanharam, o canto ao mesmo tempo alegre
e triste que hão de ter cantado os Apóstolos. Reconte a história da procissão
que subiu o Monte das Oliveiras, a mensagem de Jesus aos Seus apóstolos,
Sua previsão da vinda do Espírito Santo, as perguntas dos dois anjos e sua
certeza de que Ele retornaria e os Apóstolos com os corações cheios de ale-
gria ao voltar para casa, louvando a Deus o tempo todo.
Seu grupo de apoio ao homeschooling pode reunir-se na Quinta-feira da
Ascensão e reencenar a procissão da Ascensão, com orações, uma leitura do
relato bíblico e hinos. Como houve diversas ocasiões em que Jesus comeu
peixe com Seus apóstolos durante os quarenta dias antes de Sua ascensão ao
Paraíso, pode-se concluir a reunião com um piquenique com sanduíches ou sa-
lada de atum. Faça lembrar aos seus filhos que o símbolo do peixe será, ainda
por muitos anos, um sinal secreto entre os cristãos. Você pode pedir a eles que
desenhem ou recortem figuras de peixes durante o piquenique da Ascensão.
Pentecostes
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Três mil pessoas foram batizadas após o sermão de São Pedro sobre
Pentecostes. Alguns dos seus filhos podem representar diferentes culturas,
usando chapéus ou outro figurino que represente uma nacionalidade. Após
as leituras e uma ou duas canções, a família pode celebrar com um bolo do
Espírito Santo, coberto com glacê branco e línguas de fogo em vermelho
vivo. As crianças também podem confeccionar porta-copos ou suportes para
pratos em formato de língua de fogo.
Caso haja alguma paróquia do Espírito Santo pela região, verifique se
haverá alguma celebração especial a que você possa ir com sua família.
Além disso, caso tenham acesso à Rede de Televisão Palavra Eterna, vo-
cês podem assistir à Missa de Domingo de Pentecostes do Santuário Nacio-
nal da Imaculada Conceição.
O mês de maio
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Junho e julho
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A RTPE é a rede de televisão católica de nosso país. Ela leva até sua casa
eventos apropriados para o ano litúrgico e pode ajudar você e sua família
a celebrar cada festividade. A RTPE está disponível por cabo ou satélite. Se
não tiver acesso a ela via cabo, você pode adquirir uma antena parabólica.
Conclusão
Se você organizar sua vida familiar em função das festas anuais e estações
do ano litúrgico, cada membro da família aprofundará sua vida de oração,
seu estudo da Bíblia e seu conhecimento e amor por Jesus, Maria, José e a
Igreja. Todos também aprimorarão sua compreensão da importância de se
viver uma vida virtuosa. Para mais ideias sobre como celebrar as diversas
festividades católicas, procure livros que tratem dos santos ou eventos cele-
212
HOMESCHOOLING CATÓLICO
213
Capítulo 7
O papel do pai na família homeschooler
O texto a seguir é de autoria do Dr. Mark Lowery,
professor de Teologia e pai homeschooler
Introdução
M
inha esposa, Madeleine, e eu temos sete filhos com idades entre
12 anos e alguns meses de vida (o mais velho nascido em 1993).
Começamos a praticar o homeschooling quando nos mudamos
para o Texas, em 1988, pois estávamos decepcionados com a escola paro-
quial onde nosso filho mais velho, David, havia cursado o jardim de infância
e a primeira série. Hoje em dia, ensinamos em casa nossos quatro filhos mais
velhos: David na sétima série, Daniel na quinta, Benjamin na segunda e Eli-
zabeth na primeira. Utilizamos nosso próprio currículo, fruto de vários anos
de pesquisas em diversas fontes, porém somos gratos à Seton Home Study
School por ter-nos ajudado a nos organizar e estimulado nossa autoconfian-
ça quando começamos. Nosso homeschooling começou de forma irregular, e
sem a Seton provavelmente teria sido um desastre.
Como pai, foi gradualmente que aprendi todas as coisas de que desejo
falar neste capítulo, e não tenho dúvidas de que ainda há muitas descobertas
à minha espera. O mais importante para as famílias homeschoolers – e seus
pais – é ter paciência. Você não vai acertar “de primeira”; na verdade, as
coisas nunca serão perfeitas. Seja paciente, e esteja aberto a novas ideias e
sugestões, algumas das quais vou dar ao longo deste texto. Uma importan-
te ressalva, porém: o fato de que tenho sugestões a oferecer, e de que estas
podem ser úteis a outras pessoas, não quer dizer que minha família e eu te-
nhamos chegado à perfeição. Muito do que apresentarei aqui são ideais que
buscamos e alcançamos apenas de forma imperfeita. Temos nosso quinhão
de tropeços, frustração e fracasso. Assim como na vivência da fé católica,
todos devemos ser pacientes. “Para nós, só resta a tentativa”. (T.S. Eliot)
Se por um lado devemos ter paciência, por outro devemos ter constância
em nossos esforços, pois muito está em jogo; a família é “o” fundamento da
sociedade. De acordo com o ConcílioVaticano II, no documento A Igreja no
Mundo Atual21:
A família é como que uma escola de valorização humana. Para que esteja
em condições de alcançar a plenitude da sua vida e missão, exige, porém, a
benévola comunhão de almas e o comum acordo dos esposos, e a diligente
cooperação dos pais na educação dos filhos. (n. 52)
Conversão à família
218
HOMESCHOOLING CATÓLICO
Disciplina familiar
Assim como é fácil para o pai delegar a maior parte do “trabalho peda-
gógico” para sua esposa, também é fácil fazê-lo com relação à disciplina. A
velha caricatura do pai de mão pesada tem seus óbvios problemas, porém
219
MARY KAY CLARK
hoje eu vejo muitos pais, inclusive alguns bastante sinceros e dedicados, ado-
tando uma postura demasiadamente relaxada com relação à disciplina. Isto
já é um grande perigo para as famílias cujos filhos vão à escola fora de casa,
e torna-se ainda mais perigoso em lares homeschoolers. Eu trabalhei muitos
anos em salas de aula e tornei-me uma espécie de fanática pela organização
e disciplina nesses ambientes. Manter as coisas em ordem melhora o humor e
o desempenho do professor e agrada aos alunos, mesmo que aparentemente
eles queiram o oposto. Essa é uma falsa aparência – tudo o que as crianças
querem é ordem. Uma de minhas principais frustrações quanto às várias es-
colas que experimentamos para nossos filhos era o tipo (ou, melhor dizendo,
a falta) de disciplina aplicada. Quase sempre as salas de aula eram aglome-
rados de crianças rebeldes, que sugavam a energia do professor. Mesmo um
professor excepcionalmente competente e organizado acaba se frustrando
em um ambiente assim, pois os problemas de disciplina em sala de aula têm
raízes profundas na educação irregular que as crianças recebem em casa.
Daí que, no homeschooling, assim como na vida doméstica em geral, uma
educação disciplinar tão amorosa quanto firme é indispensável. Durante o
dia, a mãe será a responsável pela disciplina do ponto de vista quantitativo,
mas o pai, repito, deve estar integralmente envolvido no projeto contínuo,
exigente e muito gratificante que é criar filhos bem-comportados.
Talvez o aspecto mais importante de um bom sistema disciplinar seja
saber o que esperar de uma criança. As expectativas dos pais quanto ao com-
portamento de seus filhos costumam ser muito baixas (embora, ironicamen-
te, sejam altíssimas quanto ao seu desempenho escolar e desenvolvimento
em geral, já desde a primeira infância). As crianças conseguem comportar-se
bem. Não devemos jamais ver o mau comportamento de nossos filhos na
igreja, em um restaurante ou no shopping e dizer “são só crianças”.
A capacidade que a criança tem de comportar-se é análoga a um as-
pecto fundamental da vida moral católica. Como resultado permanente da
Queda, todos temos uma tendência a mal utilizar nossa liberdade (isto é, a
pecar), uma tendência chamada concupiscência. Porém, também temos a
capacidade de resistir a essa tendência. Como bem colocou o teólogo moral
William May, “Podemos agir como devemos”. De modo similar, as crianças
têm a capacidade de resistir à sua tendência à rebeldia. Em ambos os casos,
nos tornamos mais felizes quando vencemos nossos apetites mais baixos. E,
curiosamente, essas duas áreas de nossas vidas – comportamento e moral
– afetam-se e condicionam-se mutuamente. É claro que pode haver ladrões
bem comportados, assim como pode (talvez) haver santos mal comportados,
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
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Disciplina no homeschooling
Se o pai está longe de casa durante a maior parte do dia escolar, como ele
pode ter um papel importante na construção de um homeschooling ordena-
do e eficiente? A resposta é, mais uma vez, que, embora ele não esteja pre-
sente quantitativamente, pode estar qualitativamente. As crianças precisam
saber que por trás da mãe há o pai. Alguns métodos possíveis: faça uma lista
com regras muito claras para o homeschooling. O pai pode lê-las no começo
do dia, se possível, ou na noite anterior ao dia escolar. No meu caso, tem
sido útil ligar para casa no meio do dia e conversar brevemente com cada
homeschooler. Caso haja problemas de disciplina, eles podem ser discutidos
pelo telefone. Este é um excelente método de prevenção – o aluno sabe que
o pai vai ligar, ou que a mãe pode ligar para ele.
Cada família, é claro, tem de decidir qual será seu sistema de consequências
para maus comportamentos. Isto demanda um tanto de tentativa e erro. O
importante não é ter um sistema perfeito, mas que um programa consisten-
te exista e esteja em constante estado de aprimoramento. Em minha família,
parte do aprimoramento constante se dá por meio do “encontro conciliar da
família”, que ocorre todos os sábados após o café da manhã. Este é um mo-
mento em que os filhos mais velhos, conjuntamente comigo e com sua mãe,
podem fazer suas reclamações e relatar problemas (quanto ao homeschooling
ou qualquer outra área da vida familiar). A reunião tem como propósito fazer
um “mini-recuo”, em que todos possam parar e olhar para as dificuldades com
maior objetividade. É útil sobretudo para que as crianças saibam que podem
fazer reclamações e que estas podem ser discutidas de forma inteligente (fora
do contexto que as gerou). Quando reclamações surgem ao longo da semana,
pedimos aos nossos filhos que as anotem e coloquem em um recipiente espe-
cial a ser aberto no próximo encontro conciliar da família.
O homeschooling na prática
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
você “se insere” nas vidas dos seus filhos de um modo especial. O envolvi-
mento integral com eles é algo imensamente enriquecedor, por um motivo
que o Papa João Paulo II comentou com perfeição:
A solicitude pela criança ainda antes do nascimento, desde o primeiro mo-
mento da concepção e, depois, nos anos da infância e da adolescência, é a pri-
mária e fundamental prova da relação do homem com o homem. (FC, n. 26)
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O Papa então cita o apelo do Papa Paulo VI às mães, e em seguida aos pais:
E vós, Pais, sabeis rezar com os vossos filhos, com toda a comunidade domés-
tica, pelo menos algumas vezes? O vosso exemplo, na retidão do pensamento
e da ação, sufragada com alguma oração comum, tem o valor de uma lição de
vida, tem o valor de um ato de culto de mérito particular; levais assim a paz
às paredes domésticas: “Pax huic domui!”. Recordai: deste modo construís a
Igreja! (FC, n. 60)
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MARY KAY CLARK
Quais os passos práticos que o pai pode dar no sentido de educar seus
filhos para a castidade? Primeiro, ser um homem de verdade e mandar a
televisão para bem longe. Faça isto literalmente, se puder, mas se você for
como eu, ao menos coloque-a sobre rodinhas e a mantenha dentro de um
armário a maior parte do tempo (o rádio é melhor para ouvir beisebol, de
todo o modo). Se você só pudesse fazer uma coisa por sua família, essa seria
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Conclusão
Espero que você considere minhas sugestões como o que são – meras
sugestões. Desde que você abrace totalmente a única ideia não negociável –
envolver-se por inteiro –, todo o resto decorrerá dela à medida que você for
desenvolvendo seus métodos próprios. Como chefes de suas famílias, vocês,
pais, desempenham o papel mais importante de suas vidas. Pois, como nos
diz o Santo Padre, “O futuro da humanidade passa pela família.” (FC, n. 86)
E você pode ter certeza de que Deus lhe dará toda a força e as graças neces-
sárias para você seguir adiante.
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crianças saibam que o pai preocupa-se com seus estudos e está a apenas um
telefonema de distância de ser informado do que se passa em casa.
Algumas mães já me disseram que a simples possibilidade de telefonar
aos seus maridos para relatar problemas disciplinares diminui drasticamente
esse tipo de ocorrência. Steve Wood, um pai católico homeschooler com sete
filhos, que dá palestras sobre disciplina, conta que, no início do ano letivo,
caso sua esposa precise contatá-lo no meio do dia para relatar um problema
de comportamento, ele vai para casa lidar com a situação. Isto deixa claro
como as coisas serão ao longo do ano e as crianças percebem que seu pai
leva muito a sério a obediência à mãe.
Os pais precisam perceber que as mães homeschoolers têm algumas ne-
cessidades extras em casa. Por exemplo, eles devem providenciar uma sala
de estudos. Ter um espaço reservado especialmente ao homeschooling ajuda
as mães a manter a ordem e a disciplina, sobretudo ao longo dos anos, com
o aumento dos materiais.
Os pais, tanto quanto as mães, precisam conversar com as crianças sobre
o porquê de a família ter optado pelo homeschooling. Eles devem dar todo
o seu apoio à causa e explicar que o homeschooling é o modo de a família
viver a vida que mais agrada a Jesus.
Os pais devem preocupar-se com a socialização adequada de seus filhos
pré-adolescentes e adolescentes, especialmente os meninos. Precisam passar
tempo com eles, levá-los a atividades supervisionadas ou encorajá-los a par-
ticipar de atividades na igreja.
Nesta pesquisa, a maioria das mães não pedia aos pais que ensinassem
quaisquer disciplinas. Tendo o apoio do pai, elas sentiam que podiam dar
conta sozinhas da tarefa de ensinar.
Disciplina
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Ajuda extra
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Elaboração de projetos
Aulas
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Cuidar de bebês
Alguns pais não gostam de cuidar de bebês, mas é realmente muito útil
para a exausta mãe homeschooler ter uma noite livre para fazer algo com
suas amigas. Algumas mães podem não ter essa necessidade, mas outras sem
dúvida têm.
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São José
Essas palavras deixam claro que, porque Deus Pai ama Deus Filho, mos-
tra a Ele todas as coisas que faz, e então Deus Filho as faz também, imitando
Seu Pai.
Sendo isto verdadeiro, parece lógico que São José tenha dado a Jesus um
bom exemplo, mostrando-Lhe todas as boas coisas que fazia, e no que diz
respeito às coisas humanas Jesus imitava São José.
Embora Jesus seja a Segunda Pessoa da Santa Trindade, era a vontade de
Deus que fosse ressaltada a importância de José como chefe da Sagrada Fa-
mília. Deus enviou em sonho um anjo a José para dizer-lhe que “o que nela
foi concebido veio do Espírito Santo”. Deus enviou um anjo a José instruin-
do-lhe a “fugir para o Egito” para proteger Jesus dos soldados de Herodes.
Foi para José que o anjo apareceu instruindo-lhe a voltar com a família para
Nazaré. Percebe-se, assim, que Deus Pai teve o cuidado de fazer com que o
chefe da Sagrada Família recebesse instruções do Céu, ao invés de o próprio
Jesus instruir Seu pai adotivo. Isto demonstra o profundo respeito que Deus
deseja que esposas e filhos tenham pelos pais de suas famílias.
São José, como pai de família, era responsável por levar Jesus e Maria até
Jerusalém nos dias de festividades judaicas. Assim, é evidente a importância
de os pais se incumbirem de conduzir suas famílias às celebrações religiosas.
Quando Jesus foi encontrado no Templo e respondeu “Acaso não sabíeis
que eu me encontraria na casa de Meu Pai?”, poder-se-ia pensar que estava
iniciando sua vida pública. Mas, pelo contrário, Ele sujeitou-Se voluntária,
imediata e completamente à autoridade de José e Maria pelos dezoito anos
seguintes.
O próprio fato de Jesus sujeitar-Se a Maria e José, embora certamente
não fosse obrigado a fazê-lo, mostra que Ele desejava que nós, pais e filhos,
respeitássemos a autoridade que os pais têm sobre os filhos. Mais do que
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Capítulo 8
Disciplina na família
católica homeschooler
“
Disciplina” talvez seja uma das palavras mais rejeitadas pela nossa so-
ciedade. Com o advento da geração “faça do seu jeito”, o próprio con-
ceito de limite tornou-se uma ideia estranha e antiquada. Para aqueles
que desejam viver uma vida católica, contudo, a disciplina é de primeira
importância. “Disciplina” e “discípulo” vêm da mesma raiz. Se queremos ser
verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, precisamos ter a disciplina necessária
para seguir Seus mandamentos e ensinar nossos filhos a segui-los ao invés de
suas vontades egoístas.
A questão da disciplina afeta inclusive algumas boas e santas famílias
católicas. O motivo mais comum pelo qual as famílias católicas temem
iniciar o homeschooling ou deixam de praticá-lo é o mau comportamento
dos filhos.
É um problema muito sério que acomete a família católica contemporâ-
nea, o fato de que, mesmo rejeitando os valores culturais vigentes, ainda seja
afetada por eles. Mesmo sem se dar conta, muitos pais católicos perderam o
controle sobre seus próprios filhos.
Definição
Para nós, católicos, o treino da vontade para fazer o bem é mais im-
portante do que o treino da mente para saber. É inútil à mente saber, se a
vontade escolhe agir malignamente. Os administradores de nossas escolas
públicas acreditam que, quanto mais conhecimento tiverem as crianças,
melhor para elas. Mas, se a vontade não estiver treinada para agir corre-
tamente em relação ao saber, se ela não buscar o bem, qual o ponto de ter
conhecimento?
MARY KAY CLARK
A Bíblia tem muito o que dizer aos pais sobre a educação disciplinar
de seus filhos. Deus disse a Moisés de que modo os Mandamentos devem
ser ensinados às crianças pelos pais. Este tema perpassa o Antigo e o Novo
Testamentos.
Por exemplo, o livro dos Provérbios diz:
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Os insensatos desprezam a sa-
bedoria e a instrução. Ouve, meu filho, a instrução de teu pai: não desprezes o
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
ensinamento de tua mãe. Isto será, pois, um diadema de graça para tua cabeça
e um colar para teu pescoço.
Alguns trechos do livro dos Provérbios, que devem ser matéria de refle-
xão para os pais, são os seguintes:
Corrige teu filho e ele te dará repouso e será as delícias de tua vida.
Vara e correção dão a sabedoria; menino abandonado à sua vontade se torna
a vergonha da mãe.
Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer,
dele não se há de afastar.
Quem poupa a vara odeia seu filho; quem o ama, castiga-o na hora precisa.
Corrige teu filho enquanto há esperança, mas não te enfureças até fazê-lo
perecer.
A loucura apega-se ao coração da criança; a vara da disciplina afastá-la-á
dela.
Bebês
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Crianças pequenas
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rias para saber o que é melhor para seus filhos. Deus ordena que, em nome
de nossa vocação parental, exijamos respeito e obediência de nossos filhos,
assim como Ele os exige de nós, que somos Seus filhos.
Temos de ter confiança em nós mesmos, confiança nas graças que Deus
nos envia e em nossa própria experiência de vida e sabedoria. Nós temos a
capacidade de discernir o que é melhor para nossos filhos, e devemos exigi-
-lo sempre.
Devemos estar convictos de que, apesar da televisão, dos psicólogos mo-
dernos e dos assistentes sociais, as crianças absolutamente não sabem o que
é melhor para si mesmas – mas nós, pais, sabemos. Muitos documentos cató-
licos ensinam que os pais, pela lei natural, têm a obrigação de exigir respeito
e obediência de seus filhos.
Amor difícil
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É evidente que não podemos ter uma lista interminável, mas não é exa-
gerado ter alguns itens para cada ambiente da casa ou ocasião. Um tópico
que costuma ser ignorado na educação de crianças pequenas, e mesmo das
mais velhas, é a cortesia. É vital para o bom funcionamento da casa que as
crianças aprendam a falar e a agir de modo cortês. Caso contrário, haverá
conflitos e disputas, pois cada criança se sentirá desrespeitada pelas outras e
todas terão comportamentos defensivos e agressivos. Não é possível ter um
lar feliz cujos membros não sejam corteses uns com os outros.
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Catecismo pré-escolar
Homeschooling pré-escolar
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
você quiser que seus filhos desenvolvam uma atitude positiva em relação aos
estudos, a primeira infância é a melhor época para começar. Quanto mais a
criança se sente parte das atividades escolares da família, menos problemas
com disciplina terá no futuro.
Normalmente, as crianças pequenas absorvem informações das tarefas
de seus irmãos mais velhos, mesmo que fiquem apenas por perto durante as
aulas, brincando no chão. Elas podem não compreender tudo o que memori-
zaram de ouvido, mas o memorizam ainda assim. Quando chega sua vez de
compreender conceitos, como dois mais dois são quatro, ou “O Salvador de
todos os homens é Jesus Cristo”, elas já possuem muitos fatos na memória,
que então serão muito mais facilmente compreendidos. Assim, os problemas
de disciplina diminuem, ao mesmo tempo em que as crianças aprendem mais
fácil e rapidamente.
Caso a criança adoeça e precise ficar de cama, um irmão mais velho
pode ajudá-la a aprender letras e números ou o catecismo da pré-escola, ou
pode ler histórias para ela. Essa é uma boa oportunidade para as crianças
aprenderem a se ajudar mutuamente e para a criança pequena perceber que
precisa da ajuda de seus irmãos mais velhos. É comum crianças mimadas só
aceitarem ajuda da mãe. Incentive nos pequenos uma atitude positiva em
relação à ajuda que os mais velhos podem lhes dar com seus estudos.
Igualdade
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primeiro por conselheiros tutelares e depois por seus próprios filhos, quando
desejam afirmar e assegurar sua autoridade.
Os programas de televisão mostram famílias cujos filhos são tomadores
de decisão em pé de igualdade com seus pais. A situação melhora um pou-
co para quem tem acesso à TV a cabo e pode assistir aos antigos seriados
que mostravam pais e mães “sabendo mais”. Hoje em dia, o conceito de
família vem sendo pervertido. Sitcoms, as famosas comédias de situação,
mostram vários homens criando filhos, ou simplesmente grupos de pessoas
vivendo juntas.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
virem que seus pais são os primeiros a desobedecer aos mandamentos de Deus
e da Igreja?
Vocês devem ser aos seus filhos aqueles pais cujos modos de falar e agir sir-
vam como modelo de respeito pela autoridade legítima e de fidelidade ao
dever. A partir desse exemplo edificante, eles aprenderão qual a verdadeira
natureza da obediência cristã e como devem praticá-la no convívio com seus
pais, sendo esta uma lição muito muito mais convincente do que qualquer ser-
mão de igual conteúdo. Esteja firmemente convencido de que o bom exemplo
é a herança mais preciosa que você pode dar aos seus filhos.
Papa Pio XII, 1941, Discurso aos Recém-casados
Declaração de princípios
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paciência, humildade. E, por fim, peça-lhes que discutam outras virtudes que
lhes venham à mente.
É possível disciplinar seus filhos, isto é, treiná-los para serem obedientes
e seguir regras e regulamentos. Eles precisam compreender qual o objetivo
superior, qual a missão de cada indivíduo católico e das famílias católicas.
Explique-lhes quantas vezes for necessário que, porque os pais amam a
Deus, devem obedecer-Lhe. Obedecendo-Lhe, você, com seu próprio exem-
plo, ensinará aos seus filhos como comportar-se de acordo com as leis de
Deus e praticar as virtudes cristãs. Para educá-los corretamente, você pode,
sempre que necessário, recorrer a castigos para punir a desobediência às suas
regras.
Explique-lhes sobre o Purgatório e por que Deus demanda justiça em
reparação pelos pecados, seja neste mundo ou no Purgatório. Enriqueça sua
exposição com histórias de santos. Muitos santos jovens rezaram e ofere-
ceram seus sacrifícios e sofrimentos a Jesus em reparação pelos pecados.
Relacione histórias de jovens santos às de seus filhos, explicando-lhes o pro-
pósito da disciplina e de sujeitarmos nossa própria vontade como um ato de
reparação pelos pecados.
Ensine-lhes sobre o Inferno. Por quase dois mil anos, os pais ensinaram
sobre o Inferno e o Juízo Final aos seus filhos. Nós não devemos esconder
deles a existência do Inferno por causa das opiniões de psicólogos modernos.
As crianças precisam conhecer a consequência do pecado, especialmente do
pecado mortal. Afinal, Jesus morreu na Cruz como consequência do pecado
e pela necessidade de reparar tamanhas ofensas a Deus Pai. A discussão do
Inferno e de seus horrores pode ser adaptada ao grau de maturidade da
criança. A Virgem Maria revelou uma visão do Inferno às três crianças de
Fátima, para lembrar-lhes as consequências do pecado.
Não administre sua família como uma democracia, mas como uma dita-
dura do bem. Os pais são “ditadores” amorosos porque possuem as graças
necessárias para saber o que é melhor para seus filhos. Um problema que os
pais costumam enfrentar é ter de explicar repetidamente aos seus filhos por
que não devem fazer algo. Explique-lhes uma ou duas vezes, mas não con-
tinue a conversa indefinidamente. Tente não discutir ou aumentar sua voz,
tente não continuar falando e não se exaltar quando uma criança insistir em
fazer a mesma pergunta várias vezes seguidas.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Regras práticas
Algumas referências
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Outros dois livros bons são Linha da Vida: A Criação Religiosa de Seus
Filhos (Life Line: The Religious Upbringing of Your Children) e Criar Filhos
(Upbringing), de James Stenson. O Sr. Stenson é diretor de escola há muitos
anos, e pediu a diversos pais católicos de filhos bem comportados que conver-
sassem com ele sobre seus métodos práticos. Os capítulos abordam temas como
regras e regulamentos, responsabilidade, coragem e autocontrole. O Sr. Stenson
tornou-se um popular palestrante em conferências sobre criação de filhos.
Steve Wood dá excelentes palestras sobre disciplina baseada em princí-
pios bíblicos. Suas gravações em áudio são disponibilizadas pelo Family Life
Center, Caixa Postal 6060, Port Charlotte, FL 33949, ou em www.dads.org.
O Dr. Ray Guarendi é um psicólogo clínico e radialista que dá palestras
em conferências sobre homeschooling. Ele escreveu vários livros, incluindo
Disciplina para Toda a Vida (Discipline that Lasts a Lifetime) e Você é um
Pai Melhor do que Você Pensa (You’re a Better Parent Than You Think). Seu
site é www.drray.com.
Há alguns pastores protestantes que escreveram livros bastante popula-
res sobre disciplina, como o Dr. Moore e o Dr. Dobson. Caso você os leia,
tenha em mente que as ideias protestantes sobre disciplina são influenciadas
por uma compreensão muito sombria da natureza humana decaída, que não
condiz com a visão católica.
Castigo
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
trada, ou um closet grande. Se a criança for mais nova, alguns pais a colocam
virada para o canto, ou sentada sozinha em uma cadeira, longe dos outros
membros da família. A quantidade de tempo deve ser ajustada à idade da
criança e à seriedade do mau comportamento. Esse tipo de punição tem
como objetivo fazer a criança perceber que, como não agiu corretamente,
perdeu temporariamente o privilégio de participar das atividades da família.
A chave do sucesso para a educação disciplinar de seus filhos é, em pri-
meiro lugar, explicar as regras, depois explicar qual o castigo em caso de
desobediência (a mãe conta até três e depois a criança passa um tempo longe
da família; ou uma palmada) e por fim manter o controle e não discutir nem
exaltar-se. É importante ser firme na aplicação dos castigos.
Há um longo debate em torno da prática do castigo corporal (palmada).
Por um lado, pesquisas já mostraram que praticamente todos os pais se va-
lem desse recurso de vez em quando, mas, por outro, alguns ditos “especia-
listas em crianças” têm afirmado que apanhar dos pais é emocionalmente
maléfico para a criança. No entanto, estudos recentes, incluindo um condu-
zido pelas psicólogas Diana Baumrind e Elizabeth Owens, da Universidade
da Califórnia, em Berkeley, concluíram que a palmada não é emocionalmen-
te prejudicial. No fim das contas, qualquer que seja o caso, resta a questão
de se a palmada é efetiva, o que parece variar de criança para criança. Então,
de novo, essa é uma questão a ser decidida por cada família.
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Em uma família numerosa, é provável que você tenha um filho com essa
síndrome. Ele pode ser muito inteligente, mas com toda a atividade familiar
acontecendo ao seu redor e a atração exercida pela rua, ele tem dificuldade
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Uma das atitudes típicas da sociedade atual é considerar que nada precisa
ser memorizado. “Tudo vai mudar mesmo, então por que nos darmos ao
trabalho de memorizar algo hoje?” Muitas coisas, porém, não mudam. Os
ensinamentos católicos não mudam, a Bíblia não muda; as regras de adição
e subtração não mudam. É importante memorizar os conceitos básicos de
cada área do conhecimento.
Uma verdade muito importante, que deve ser trazida à discussão atual
sobre disciplina, é a seguinte: as crianças são mais disciplinadas em seus es-
tudos quando memorizam conceitos básicos. Além disso, o próprio trabalho
de memorização ajuda a discipliná-las, pois força a mente a tentar aprender
os fatos de maneira lógica.
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que sua neta era uma menina dócil quando estudava em casa, mas a família
se mudou e decidiu matriculá-la em uma pequena escola pública rural. A
menina sofreu uma transformação imediata, e após quatro anos havia se
tornado maliciosa, era violenta com seu irmão menor, mentia descaradamen-
te e gritava para a avó que queria que seu irmão morresse. A avó percebeu
que a neta estava manifestando as frustrações e o comportamento de que
precisava para sobreviver e ser aceita em uma escola que eliminara Deus
das salas de aula. A avó me escreveu, afirmando ter certeza de que todas as
crianças do país estavam aprendendo a rejeitar Deus, mas que ela decidira
recomeçar o homeschooling com sua neta, na esperança de trazê-la de volta
para a Fé Católica.
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Esses e muitos outros filmes infantis são analisados pelo Sr. Phillips.
Vivemos em uma sociedade pagã e o único modo de criar nossos filhos
como cristãos é mantê-los distantes de influências anticatólicas e contrárias
à família e à vida. É praticamente certo que, se as crianças forem constante-
mente expostas a essas influências, seu comportamento será problemático.
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A educação disciplinar deve ser iniciada com os bebês ou, nas palavras da
orientação papal, desde o berço. Deve ser mantida consistentemente durante
a primeira infância, até cerca dos doze anos de idade. Aos doze ou treze anos,
espera-se que a criança seja bem-comportada.
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22 http://w2.vatican.va/content/pius-xi/pt/encyclicals/documents/hf_p-xi_enc_31121929_divi-
ni-illius-magistri.html
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Bom exemplo
Com o amor guiado pela razão e a razão guiada pela fé, a educação domici-
liar não se sujeitará aos extremos deploráveis que com frequência a ameaçam:
alternar indulgência débil com severidade cruel, ir da complacência culpável,
deixando a criança sem orientação, ao castigo severo, desamparando-a. A
afeição dos pais, estando sob controle, (...) deve empregar elogios e correções
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
com igual moderação. Deste modo, será totalmente eficaz e merecerá o amor
da criança.
A Sagrada Família
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Capítulo 9
Administração doméstica na
família católica homeschooler
A Sra. Ginny Seuffert é mãe de doze filhos, pratica o homeschooling há
muitos anos e é palestrante em conferências sobre homeschooling
T
enho uma amiga mais velha que já não está bem de saúde e sente-se
frustrada quando não consegue lembrar de algum evento recente, ou
quando não encontra a palavra de que precisa para expressar um
pensamento. No entanto, ela é capaz de relatar, em detalhes vívidos, sua
infância em um lar cheio de amor. Oitenta anos depois, são memórias que
permanecem frescas e vivas. Que presente seus pais lhe deram!
Não importa que tipo de tristeza nossos filhos venham a enfrentar na
idade adulta, memórias de um lar feliz, afetuoso e bem ordenado os susten-
tarão. Um lar tranquilo é o cenário ideal para lhes transmitirmos nossa bela
crença católica. Armados com a verdadeira Fé e os valores de seus pais, nos-
sos filhos nunca estarão sozinhos diante das tribulações que ocorrem na vida
de qualquer pessoa. Eles sempre terão sua fé em Cristo, seus Anjos da Guar-
da e o conforto da Mãe Santíssima. Na rotina de uma família homeschooler,
um cronograma confiável dá aos pequenos o tempo e a oportunidade para
desenvolver uma vida de oração regular. Uma vida doméstica tranquila e
bem administrada resulta em atitudes de serenidade e confiança, que os au-
xiliam em seu desenvolvimento intelectual.
Diante disso, não é triste que a sociedade americana moderna reserve seu
reconhecimento e seu apoio apenas às conquistas profissionais que ocorrem
fora de casa? Nós subestimamos o papel insubstituível dos pais (sobretudo
das mães) em fazer de nossas casas lugares de onde surgirá a próxima gera-
ção de santos e bons cidadãos. Não deveríamos devotar aos nossos lares a
energia e criatividade que hoje reservamos ao ambiente de trabalho?
A chave para uma administração doméstica de sucesso, portanto, é res-
taurar aos lares católicos, a essas verdadeiras igrejas domésticas, o seu lugar
de direito enquanto pedra de toque da sociedade. Devemos aplicar às nossas
casas as mesmas atitudes profissionais e o enfoque em objetivos concretos
que um CEO utiliza na gestão de uma empresa citada na lista Fortune 500.
Uma rotina diária, similar à que acabei de traçar, manterá sua casa em
ordem, com refeições decentes sobre a mesa e roupas limpas nos armários.
Ao mesmo tempo, seus filhos estarão obtendo a melhor educação disponível
nos Estados Unidos hoje. Na maioria dos casos, contudo, e especialmente
em famílias numerosas, você ainda precisará dos fins de semana para dar
conta de tudo.
Eu uso os fins de semana para corrigir tarefas, preparar aulas e organizar
as atividades das crianças para a semana que vai começar. Isto é importante
sobretudo para os alunos mais velhos, que fazem sozinhos a maior parte de
seu trabalho. Mesmo os homeschoolers motivados e experientes precisam
ter seus exercícios corrigidos e seu progresso monitorado. Esse apanhado
semanal torna o fim de cada trimestre menos estressante.
Sábado também é o dia de a família debruçar-se sobre tarefas domésticas
mais pesadas, como lavar janelas, lavar o chão, esfregar os azulejos ao redor
da banheira, passar roupa e fazer compras no supermercado. Reserve o do-
mingo como um dia de adoração e visitas a familiares e amigos. É crucial que
crianças educadas em casa tenham momentos de socialização com crianças
de outras famílias católicas praticantes. As memórias dessa época feliz e as
amizades que aí se construíram durarão por toda a vida.
Este é o momento em que devo apontar um fato que muitas mulheres
cristãs trabalhadoras hesitam em admitir: não há desgraça em contratar aju-
da doméstica. No ano em que comecei o homeschooling, utilizei o dinheiro
que vínhamos gastando com a escola para contratar uma faxineira que vi-
nha duas ou três vezes por semana. Não me valho mais desses serviços, mas
272
HOMESCHOOLING CATÓLICO
sem dúvida foi o que me ajudou a passar pelo “olho do furacão” e me deu
tempo para ganhar confiança em minha capacidade de ensinar meus pró-
prios filhos e desenvolver uma rotina diária.
O homeschooling, especialmente se você tiver muitos filhos e alguns
deles nas séries mais avançadas, não é algo que pode ser feito durante
o seu tempo livre. Muitas famílias mandam seus filhos de volta para a
escola quando o fardo parece insuportável, o que pode acontecer com a
chegada de um novo bebê. Contratar ajuda doméstica pode ajudar você a
passar por esses momentos difíceis. Antes de pagar para enviar seus filhos
a escolas públicas, onde eles podem perder a Fé, experimente contratar
um serviço de limpeza. Mesmo que apenas uma vez por mês (para tirar
as teias de aranha antes que sua casa pareça mal-assombrada), será um
verdadeiro bálsamo.
Se você não puder pagar por esse tipo de serviço, seja criativa. Uma ideia
é mandar as camisas do seu marido para a lavanderia. Também é possível
pagar a crianças da vizinhança para que cortem a grama ou retirem a neve
da frente de casa. Você pode pedir a uma adolescente conhecida para olhar
as crianças por algumas horas toda semana, dando a você tempo livre para
os afazeres domésticos. Peça aos parentes, como presente de natal ou aniver-
sário, uma faxina paga.
Se nada disso for possível para você, ainda não coloque as crianças na
escola! Arregace as mangas e inicie a difícil tarefa de treinar seus filhos para
ajudar em casa.
Motivando as crianças
A chave para treinar seus filhos para cuidar da casa é começar cedo e
manter-se firme. Reze para o Anjo da Guarda deles pedindo ajuda nessa
importante tarefa. Dê-lhes o exemplo da Sagrada Família e acrescente à sua
Oferta Matinal a jaculatória “Jesus, Maria e José, rogai por nós agora e na
hora de nossa morte, Amém”.
Uma especialista em homeschooling sugere que você mantenha um cesto
no canto do berço de seu filho pequeno e o faça colocar dentro dele animais
de pelúcia e outros brinquedos de berço antes de você pegá-lo no colo. Co-
meçar mais cedo do que isso, impossível! Sem dúvida, em algum momento
entre as idades de um e dois anos, todas as crianças podem ser treinadas para
seguir instruções simples. “Pegue aquela fralda” e “Coloque isso no cesto”
são apenas dois exemplos.
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MARY KAY CLARK
A maioria das crianças de três anos adoram ajudar a mãe e são capazes
de desempenhar muitas tarefas simples. Eles podem esvaziar cestos de lixo,
desde que com ajuda, passar um pano na mesa da cozinha e nos assentos das
cadeiras e recolher a roupa suja.
Crianças de quatro anos devem ser responsáveis por colocar suas pró-
prias roupas na respectiva gaveta da cômoda, arrumar a mesa de jantar e dar
comida ao animal de estimação da família.
Aos cinco anos, a maioria das crianças já consegue varrer ou passar aspi-
rador de pó no chão (bem, talvez não seja o melhor trabalho para elas!), re-
tirar o pó dos móveis e até dobrar roupas limpas. Assim que tiver certeza de
que seu filho não colocará nenhuma substância perigosa na boca e é capaz
de compreender regras de segurança, ele pode aprender a limpar o banheiro.
A maioria dos pais dirá que o problema não é que seus filhos não sabem
fazer o serviço doméstico, mas que não querem. Eu também gostaria de vê-
-los trabalhar felizes, porém meu marido diz que isso é impossível e que, se
eles gostassem de fazer trabalho doméstico nessa idade, não precisariam de
pai e mãe. Sendo assim, compartilharei algumas dicas que podem ser úteis
para você:
1. Não permita que seus filhos discutam com você. Reclamações como
“Por que eu tenho que fazer isso o tempo inteiro?” devem ser respondidas
com “A única resposta que quero ouvir de você é ‘Sim, mãe.’”
2. Dê aos seus filhos o bom exemplo de um adulto trabalhador. Sou grata
aos meus pais, que transmitiram esse valor a mim e aos meus irmãos, princi-
palmente através de suas próprias ações. Todos os meus irmãos são pessoas
trabalhadoras que não temem novos desafios. Meu marido dá um excelente
exemplo aos nossos filhos.
3. Lembre às crianças que há trabalho para fazer, mesmo que seja pela
quinta vez, com o mesmo tom de voz que você usou da primeira vez. Comen-
tários como “Quantas vezes eu tenho que dizer que...?” feitos com um grito
agudo são compreensíveis mas ineficazes. Uma atmosfera cortês e razoavel-
mente quieta é mais difícil de manter-se em uma família numerosa, porém é
de extrema importância.
4. Lembre-se de que seus filhos lhe devem respeito e pronta obediência.
Faça-os lembrar de que a desobediência deliberada é um pecado contra o
Quarto Mandamento e deve ser confessado.
5. Agradeça aos seus filhos quando fizerem um bom trabalho, e os elogie,
de forma que eles possam ouvir, para o pai e os irmãos.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Tenho assistido a uma série de palestras de uma mulher que dirige uma
escola para ingressantes no ramo de hotelaria e administração hospitalar.
Após vinte e um anos de casamento e onze filhos, finalmente fiz as pazes com
minha lavanderia. Assim como com todo o resto, pensar no melhor modo de
desempenhar a tarefa de lavar roupas faz com que você dinamize a opera-
ção. Eis algumas ideias simples que têm funcionado para mim:
1. Peça para o seu marido afixar uma barra de pendurar roupas ao lado
da máquina de lavar, para que camisetas e calças possam ser penduradas
assim que estiverem secas.
2. Compre um pacote de alfinetes grandes e peça aos membros da famí-
lia para prender juntas as duas meias de um mesmo par antes de colocá-las
nos cestos.
3. Compre três cestos e escreva em cada um deles as palavras “claro”,
“escuro” e “branco”, para que as pessoas coloquem as roupas nos lugares
apropriados. O fato de as roupas já estarem separadas possibilitará a você
colocar uma leva de roupa na máquina com muito mais agilidade.
4. Dobre cada leva assim que estiver finalizada. Não deixe a roupa limpa
acumular!
Nem todas as ideias deste capítulo são aplicáveis a todas as situações,
porém um pouco de reflexão fará com que você chegue às suas próprias
soluções. Reze à Virgem Santíssima pedindo para que ajude você a espelhar
sua casa na dela.
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MARY KAY CLARK
Estabelecer cronogramas
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Cômodos limpos
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MARY KAY CLARK
a outras áreas da casa devem ser colocados em pilhas de acordo com a área.
Assim que o quarto estiver livre de todos esses itens, as pilhas podem ser
levadas ao cômodo a que pertencem.
As refeições
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
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MARY KAY CLARK
fato de trabalharem ou não. Além disso, quando não se exige que as crianças
façam serviços domésticos, é difícil convencê-las a cumprir suas tarefas esco-
lares. É um modo de mimá-las e prejudicar sua educação.
Os estudos são importantes para as crianças, mas o serviço doméstico
é benéfico para toda a família, além de incentivar o trabalho em equipe. Se
praticamos o homeschooling para fortalecer nossa vida familiar e nossos
vínculos, precisamos admitir que o trabalho doméstico na verdade ajuda
mais nesse sentido do que os estudos.
Algumas tarefas de cunho pessoal devem ser rotineiras, como o cuidado
com o próprio quarto. Tarefas extras como lavar o chão da cozinha, limpar
o porão e cuidar do jardim podem dar direito a uma pequena recompensa,
se assim quiserem os pais.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Conclusão
Adeque seu estilo de vida e sua casa à educação domiciliar. Faça de sua
casa um refúgio – um lugar estável, confortável e ordenado, não como o
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MARY KAY CLARK
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Capítulo 10
Homeschooling em famílias
com pai ou mãe ausente
Escrito por uma mãe solteira homeschooler
“
Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais...” (Marcos 10, 14).
Tais palavras de Cristo, o maior Professor que já existiu e existirá, ates-
tam a gravidade da responsabilidade parental de aproximar as crianças
de Deus, desde a primeira infância, desenvolvendo nelas o conhecimento, o
amor e a obediência constantes e crescentes por Nosso Senhor.
A posição católica é e sempre foi que “Os pais têm o dever gravíssimo e
o direito primário de, na medida das suas forças, darem aos filhos educação
tanto física, social e cultural, como moral e religiosa.” (Código de Direito
Canônico de 1983, 1136)
O Papa Leão XIII, em Sapientiae Christianae afirma que
Por natureza os pais têm direito à formação dos filhos, com esta obrigação
a mais, que a educação e instrução da criança esteja de harmonia com o fim
em virtude do qual, por benefício de Deus, tiveram prole. Devem portanto
os pais esforçar-se e trabalhar energicamente por impedir qualquer atentado
nesta matéria, e assegurar de um modo absoluto que lhes fique o poder de
educar cristãmente os filhos, como é da sua obrigação, e principalmente o
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
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MARY KAY CLARK
As aulas
Como faz uma mãe ou pai solteiro para ensinar seus filhos sem o apoio
de um cônjuge? Na verdade, quanto a isso, tudo se dá teoricamente da mes-
ma forma que na situação em que ambos os pais estão presentes. Na maioria
dos lares, o provedor é o pai, que deixa a maior parte ou mesmo todo o
homeschooling a cargo da mãe. Também há famílias cujas circunstâncias
requerem que ambos trabalhem, e ainda assim o homeschooling é parte inte-
gral de suas vidas. Portanto, como o ensino é normalmente tarefa de apenas
um dos pais, as situações são mais ou menos similares e o sucesso do homes-
chooling depende dos mesmos fatores.
Em primeiro lugar, seja organizado. Monte um cronograma e simplifique
seu dia. Elimine todas as saídas, visitas e eventos desnecessários, que con-
sumam seu precioso tempo. Estabeleça horários para acordar, ir à Missa,
tomar café da manhã e iniciar as aulas, e os cumpra rigorosamente. Não
atenda o telefone durante as horas de estudo. Estabeleça um determinado
horário para finalizar o dia escolar e não vá além dele, sobretudo se você
tiver de se arrumar para ir trabalhar fora. Caso haja tarefas escolares por
finalizar, elas podem esperar até o dia seguinte.
Em segundo lugar, seja flexível. Se sua situação exigir que você trabalhe
fora de casa dois dias por semana, continue o homeschooling nos três dias
restantes. Dê aulas nos fins de semana. O homeschooling pode facilmente ser
adaptado a um emprego fora de casa.
Em terceiro, não se permita desmotivar. O homeschooling é bom para
sua família. Tenha isso em mente todos os dias, sem exceção.
Em quarto, reconheça que se trata de um sacrifício e um compromisso,
mas que são, na verdade, idênticos ao sacrifício que a criação de filhos de-
manda de modo geral.
Em quinto, não dispense ajuda. As crianças, mesmo pequenas, devem ter
suas responsabilidades: uma lava os pratos, outra varre o chão, o pequenino
pode recolher as roupas para lavar, juntar brinquedos etc. Eles devem com-
preender que você não pode dar conta de tudo. Se houver parentes que con-
cordem com o estilo de vida de vocês, deixe-os ajudar de qualquer modo que
possam. No entanto, se seus familiares forem contrários ao homeschooling,
é melhor manter certa distância.
Por fim, e mais importante, devemos ser virtuosos. Devemos cultivar a
paciência, bem como a autodisciplina, que também é sinônimo de abnega-
ção. A perseverança é igualmente vital. Não perca a coragem, não pense em
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
desistir! Se o dia estiver impossível, mande seu filho ler um livro sobre a
vida de um santo. Encha as prateleiras de seus filhos com livros saudáveis e
interessantes: clássicos e boa literatura espiritual. Ou então deixe-os assistir
a um bom filme: A Canção de Bernadette, O Homem que Não Vendeu Sua
Alma, O Dia em que o Sol Dançou. As crianças estarão aprendendo algo
com esses filmes.
Console-se sabendo que, desde que seus filhos estejam em casa com você,
suas almas estão a salvo. Ensine-os a rezar, ensine-lhes os Dez Mandamen-
tos, prepare-os para os Sacramentos, instrua-os a fazer exame de consciência
todas as noites. Ao final, entender tudo sobre computadores não fará grande
diferença. O que Nosso Senhor quer de nossas crianças é que tenham um
coração puro.
Uma das coisas que você precisa compreender para criar filhos bons,
equilibrados e espiritualmente saudáveis, em uma situação na qual a unidade
da família tradicional tenha sido rompida, é que a tarefa é impossível sem a
rotina e os valores de uma família tradicional. É especialmente importante
que todos os membros da família estejam presentes às refeições. Esses de-
vem ser momentos tranquilos, em que todos sentam-se à mesa e relaxam,
você aproveita para observar possíveis comportamentos “de empréstimo” e
a televisão nunca está ligada. Também deve ser o momento para discutir os
eventos do dia, contar piadas e, de modo geral, estabelecer-se comunicação
entre os membros da família. Cozinhe os pratos favoritos de seus filhos. Evi-
te a tentação de achar que é trabalhoso demais fazer aquele prato especial só
porque apenas um deles está em casa.
Celebre todas as ocasiões especiais, principalmente os feriados tradicio-
nalmente voltados à família. Saiam todos juntos com frequência. Sempre que
possível, dê-se ao luxo de ir com todos tomar café da manhã fora. Tomar um
sorvete no shopping é sempre uma delícia e é uma daquelas poucas extrava-
gâncias que não causam tantos danos (na melhor das hipóteses) ao orçamen-
to de uma mãe ou pai solteiro. Torne os domingos especiais com um almoço
ao ar livre e uma visita ao museu (ou outro lugar gratuito e interessante). O
objetivo é ter uma vida familiar feliz e memorável apesar das circunstâncias.
Como fazer tudo isso quando você precisa ganhar dinheiro e ensinar seus
filhos ao mesmo tempo? Idealmente, seria bom você encontrar um trabalho
que pudesse ser feito de casa, talvez algo através da Internet ou pelo telefone.
O fato de você estar sempre ao lado de seus filhos será uma riqueza infinita-
mente maior do que qualquer salário que você ganhasse em um escritório. Se
isso, porém, não for possível, então trabalhe fora de casa no fim da tarde ou
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MARY KAY CLARK
à noite. O objetivo é que você esteja em casa com seus filhos durante o dia,
quando eles mais precisam de você.
Lembre-se das palavras do grande Doutor da Igreja, São João Crisósto-
mo: “Qual trabalho há maior do que educar a mente e formar os hábitos da
juventude?” Sempre deixe as crianças aos cuidados de um parente confiável
ou de uma babá honesta. Faça a babá ir até sua casa, pois assim também se
constrói no emocional da criança a sensação de estabilidade. Não é divertido
dormir em um lugar desconhecido e ser despertado de um sono profundo
algumas horas depois, atravessar o vento gelado da noite e ainda ter de en-
frentar mais uma viagem de carro antes de estar no conforto de sua cama.
Novamente, é preciso rezar por uma solução. Essa é uma área em que,
pressionando o Céu, Nosso Senhor responderá generosamente. Ensinar seus
filhos em casa é o que Deus quer que você faça e, se Ele vir que você está
determinado a vencer os obstáculos, Ele o recompensará abundantemente e
removerá o que quer que esteja em seu caminho.
O grande propósito é minimizar, na medida do possível, a perda de um
dos pais. Você recebeu, através do Sacramento do Matrimônio, as graças
necessárias para criar e educar seus filhos da maneira correta, mesmo que
tenha de fazê-lo sozinho.
Nosso Senhor abençoou a natureza com uma maravilhosa capacidade de
resiliência e adaptabilidade. Se ocorrer a uma pessoa a grande infelicidade de
perder algo tão necessário quanto um olho, os efeitos da tragédia serão em
certa medida minimizados pelo fato de o olho sobrevivente tornar-se mais
forte – o que ocorre por causa da perda –, e assim é possível compensar pelo
membro que não está mais lá.
Um cristão sabe que, quando somos menores, somos capazes de mais.
Quando reconhecemos nossa pequeneza, Cristo nos ensina a conquistar
grandes coisas. Pelo bem de nossos filhos, devemos recorrer a Ele todos os
dias, reconhecendo nossa fraqueza, nossas limitações, nossos erros, nossas
incertezas como pais e mães solteiros, e pedindo-Lhe que faça por nós e por
meio de nós tudo o que somos incapazes de fazer sozinhos.
***
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Capítulo 11
Crianças com demandas
pedagógicas diferentes
Por Cathy Gould
D
eficiências de Aprendizagem (DA), como Hiperatividade e Transtor-
no do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDA/H), costumam ser
chamadas de deficiências ocultas. Identificá-las desde cedo pode ali-
viar alguns problemas que são típicos de crianças com essas dificuldades,
como baixa autoestima, síndrome de fracasso e depressão.
Quando os pais educam seus filhos em casa, costumam perceber bem
cedo quando uma criança não consegue progredir com o uso dos métodos
pedagógicos tradicionais. Então começa a busca para descobrir qual a de-
manda pedagógica específica daquela criança.
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Identificando o problema
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Materiais pedagógicos
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Problemas de memória
Para crianças com problemas de memória, uma boa técnica é a que utili-
za os cue cards. Compre cartões encadernados em espiral, de tamanho 5x8
ou 4x6, ou então você pode fazer furos em cada cartão individual e prendê-
-los com um anel de caderno. Explique a lição, depois peça ao seu filho para
repeti-la com suas próprias palavras. Anote os pontos chave do que ele disser
em um pedaço de papel ou quadro negro e codifique com cores diferentes o
passo a passo do processo ensinado. Por exemplo, quando vocês estiverem
estudando a multiplicação de dois números com três dígitos (324x436), co-
difique o “6” com uma cor, desenhe flechas com a mesma cor para indicar
o que deve ser multiplicado por 6 (6x4; 6x2; 6x3) e depois utilize a mesma
cor para escrever as orientações para esse passo. Em seguida, escreva o “3”
em outra cor e desenhe flechas da mesma cor para designar o que deve ser
multiplicado por 3 (3x4; 3x2; 3x3), e escreva as orientações na mesma cor.
Faça o mesmo com o “4”. Lembre-se de escrever o sinal de multiplicação
com uma cor diferente das anteriores.
Em problemas de divisão, seu filho pode utilizar lápis coloridos para as
diferentes operações. Assim, o resultado da divisão estará em uma cor, o da
multiplicação em outra e o da subtração em uma terceira cor. As explica-
ções sobre o que fazer em cada passo devem ser escritas nas cores utilizadas
em cada passo. Essa técnica é útil para matemática, soletração de palavras,
gramática ou qualquer outra matéria. Alguns pais utilizam cue cards em
ciências ou história para ajudar a criança a memorizar listas de informações.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Métodos de aprendizado
Conhecer o método pelo qual seu filho aprende melhor será muito im-
portante quando você estiver montando um currículo voltado à deficiência
de aprendizado que ele apresenta. Por exemplo, uma criança que é predo-
minantemente um aprendiz auditório, ao invés de visual ou tátil, aprende
melhor ouvindo. Nesse caso, você deve usar materiais que ofereçam mais
possibilidades para um ensino voltado à audição. A maioria das pessoas
aprende melhor através de exposições multi-modalidade, que combinam as
modalidades auditória, visual e tátil.
Crianças com problemas de aprendizagem precisam de repetição. Seja
repetitivo. Se uma criança apresentar dificuldade com as tabuadas de mul-
tiplicação, repita-as exaustivamente, durante alguns minutos por dia, possi-
velmente muitas vezes por dia, utilizando técnicas diferentes. Use flashcards
da primeira vez, depois folhas de exercícios, depois um jogo.
Quando falo em repetitividade, também me refiro a um ensino cujo mo-
vimento seja, por assim dizer, em espiral. Se algo já foi ensinado anterior-
mente naquele ano e a criança pareceu dominá-lo, não o deixe de lado. Tente
incorporá-lo em aulas futuras, seja como parte da aula ou como revisão.
Por exemplo, se você já tiver ensinado as tabuadas de adição, subtração e
multiplicação e agora estiver ensinando as de divisão, todo o conhecimento
anterior deve estar incluso neste último. Você não precisará fazer exatamen-
te uma revisão, de modo que poderá passar normalmente de divisão para
frações, resolvendo apenas um, dois ou três problemas por dia que poderão
ser considerados revisão. Não exagere na quantidade de revisões; limite o
número de problemas a três ou cinco por dia, dependendo da criança.
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MARY KAY CLARK
Avaliação
A questão das avaliações pode ser complicada para crianças com neces-
sidades especiais. Enquanto pai ou mãe homeschooler, você pode ser mais
flexível do que um professor em uma sala de aula. A avaliação pode ser feita
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Homeschooling
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Capítulo 12
Homeschooling para crianças
com necessidades especiais
Por Cathy Rich
C
riar e educar uma criança com necessidades especiais é uma tarefa
complexa. É preciso lidar com questões educacionais e espirituais,
além do relacionamento delicado com pais e irmãos.
Sou mãe de cinco filhos. Os meninos têm 12, 8 e quase 4 anos. As meni-
nas têm 10 e 2. Meu menino de 12 tem TDA/H, sendo predominantemente
do tipo desatento. O de 8 tem TDA/H, sendo predominantemente do tipo
hiperativo-impulsivo, além de ter a síndrome do lobo temporal, problemas
de percepção visual/auditiva, problemas na fala e dificuldades de coor-
denação motora grossa e fina. O de 4 anos tem atraso na fala, e minha
suspeita é TDA/H, mas não está confirmada. Minha menina de 10 anos
tem dificuldades de memória e processamento. A de dois anos até agora
aparenta ser “normal”.
Sou mãe homeschooler há cinco anos, após ter descoberto do pior modo
possível, com meu filho mais velho, que a educação privada não funciona
nem pedagógica nem espiritualmente para crianças atípicas. Além do desafio
de educar meus filhos, tenho de administrar a extraordinária rotina de nossa
casa. O TDA/H repercute em todos os aspectos de nossas vidas.
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Vida espiritual
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
tante. Eu sei que controlar crianças atípicas durante a Missa pode ser estres-
sante. Eu sempre levo comigo estátuas de plástico de figuras religiosas, ou
livros de temas religiosos para colorir, para manter suas mãos ocupadas. Mi-
nha regra é que todos os brinquedos ou distrações sejam de temas religiosos.
Esse esquema funciona muito bem. Eu já percebi que meus filhos se compor-
tam melhor em igrejas com muitas estátuas, que distraem seus olhares. De
fato, eles tendem a ficar mais quietos quando sentamos no banco da frente,
onde há uma estátua bem diante deles, entretendo-os. Na frente eles também
podem observar os movimentos do padre mais de perto. Eu os incentivo a
acender velas na igreja. Tudo que você puder fazer para proporcionar-lhes
uma participação mais ativa na Missa será útil. Quando não vamos à Missa
várias vezes durante a semana, é mais difícil controlá-los aos domingos. A
constância é muito importante para o aprendizado do bom comportamento.
Quando estava preparando meu filho de 8 anos para sua primeira Con-
fissão e primeira Comunhão, tive levar em consideração sua singularidade e
evitar a tentação de me perguntar quando ele receberia esses Sacramentos “nor-
malmente”. Ele deve estar maduro o suficiente para atentar à gravidade dos
Sacramentos; não basta saber o catecismo e ser fisicamente capaz de seguir
os rituais. Essa é uma decisão que os pais devem tomar após considerar cada
criança individualmente. Não cabe apenas ao padre decidir, mas primeiramente
aos pais. É necessário que a criança saiba muito bem o que é o pecado em sua
vida e queira eliminá-lo. Hoje, meu filho ainda não tem plena consciência sobre
o que há de pecaminoso em sua vida, por conta do seu problema de atenção. A
outra questão é compreender o significado da Santa Eucaristia. É muito difícil
não se incomodar com o fato de seu filho receber a Santa Comunhão, quan-
do ele nem sequer consegue ficar quieto durante a Missa. É preciso discernir
quais comportamentos são intencionais e quais ele sinceramente não consegue
controlar e pelos quais, portanto, não pode responder. Não há respostas fáceis.
As bênçãos recebidas por meio da devoção dos seus filhos aos seus Anjos
da Guarda são incontáveis. Recentemente, li um livro chamado Tudo sobre
os Anjos (All About the Angels), do Pe. Paul O’Sullivan, uma obra cuja edi-
ção já está esgotada. Ainda assim, recomendo a leitura a todos. Meus filhos
ficam muito mais confiantes sabendo que seu anjo está com eles. É uma de-
voção que também ajuda a evitar o pecado, pois eles percebem que, quando
pecam, seus anjos sofrem tanto quanto eles. É uma tremenda injustiça nos-
sa para com nossos filhos não estimularmos sua devoção pelos seus anjos.
Se desejamos que eles sejam bem-sucedidos em seus estudos e no serviço a
Deus, é necessário que eles se utilizem de todas as vantagens ao seu alcance.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Humildade parental
O próximo tópico que desejo abordar é a vida espiritual dos pais de uma
criança com necessidades especiais. Há muitos subtemas envolvidos, entre as
quais os Sacramentos, o esquecimento de si, permitir-se ser instrumento de
Deus, o sofrimento e nossa obrigação diante de Deus.
Devemos cuidar para que a Fé seja o centro de nossas vidas, assim como
deve ser nas de nossos filhos. Deus deve ser nossa “rocha”, como é a deles.
Devemos nos lembrar de rezar para os anjos da guarda de nossos filhos e a
Maria e José. Somente com a ajuda de Deus os aspectos negativos das defici-
ências de aprendizagem podem ser superados e a família consegue manter-se
espiritualmente intacta.
A recepção frequente dos Sacramentos é uma de minhas “rochas” para evi-
tar o pecado e manter a sanidade. A recepção frequente da Penitência me traz
mais bênçãos do que consigo descrever. A Penitência me ajuda a evitar a tenta-
ção de irar-me quando as coisas ficam caóticas, ou de olhar apenas para mim
mesma quando a falta de compreensão ou de cooperação de uma das crianças
me frustra. É fácil sentir pena de nós mesmos, quando para os outros ensinar
os próprios filhos parece ser tão fácil. Creio que uma de nossas tentações mais
fortes é comparar nossos filhos aos dos outros. A Penitência me ajuda a morrer
para mim mesma e tornar-me um instrumento de Deus. É tremendamente fácil
pensar apenas em como está sendo o dia para nós e nossas tarefas rotineiras,
ao invés de considerá-lo pelo ponto de vista de nossos filhos.
A Missa diária é uma de minhas maiores bênçãos. Ela dá ordem e sentido
ao meu dia. Às vezes sinto-me frustrada durante a Missa, por conta do com-
portamento das crianças, e me pergunto por que me dei ao trabalho de sair
de casa. É então que me lembro de que o Santo Sacrifício da Missa é um ato
de louvor a Deus, que não tem como objetivo primeiro fazer-nos sentir bem.
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Métodos pedagógicos
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Administrando o caos
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Disciplina
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Alegrias especiais
Uma das muitas bênçãos que recebemos ao criar nossos filhos especiais
é a alegria que experimentamos com cada uma de suas conquistas. O que
para a maioria das crianças são conquistas ordinárias é quase sempre uma
batalha para os nossos filhos. Como é gratificante, então, ver seus rostos
quando finalmente aprendem ou dominam algo! É uma alegria que os pais
de crianças “normais” não conseguem mensurar.
Ter um filho com necessidades especiais é tão difícil para irmãos e irmãs
quanto para os pais. Imagine ter de amar seu irmão, mas ao mesmo tempo
odiar o comportamento imprevisível dele. Os irmãos estão sujeitos às mesmas
emoções que nós ao lidar com o TDA/H. Não é fácil para eles. É incalculável
a importância de aceitar seus sentimentos sem julgá-los. Sentimentos não são
nem certos, nem errados. É o que fazemos com eles que pode ser pecaminoso.
Devemos ensinar nossos filhos “típicos” a recorrer a Deus, aos santos e aos seus
anjos da guarda, para que também eles sejam confortados e ganhem um maior
compreensão da situação. Devemos conversar abertamente com eles, para que
ajudá-los a entender por que os pais têm formas diferentes de lidar com filhos di-
ferentes, assim como expectativas que variam de filho para filho. Do contrário,
eles presumirão que se trata de favoritismo, o que causará raiva e ressentimento.
Criar um filho com TDA/H é uma tarefa dificílima. Contudo, com a graça
de Deus, particularmente com a ajuda dos Sacramentos e de muita oração,
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ela pode ser cumprida. Deus nos honrou ao nos dar a tarefa de criar filhos
especiais. Somos verdadeiramente abençoados por termos a possibilidade
de educá-los em casa, para que eles não precisem sofrer as humilhações e
abusos que encontrariam em qualquer sistema escolar. É a consciência disso
que me mantém firme nos momentos mais difíceis.
312
Capítulo 13
A questão da socialização
D
epois de expostos os motivos positivos para se praticar o homescho-
oling, e tendo-se explicado todos os benefícios para a família, tanto
educacionais quanto espirituais, resta sempre uma última questão:
“Mas e a socialização?”
É uma triste característica de nossos tempos e de nossas instituições edu-
cacionais, que muitas pessoas, mesmo as mais cultas, mesmo os católicos,
estejam mais preocupadas com a socialização das crianças do que com sua
educação acadêmica e religiosa.
O termo “socialização” foi inventado pelos educadores porque eles já
não conseguem “vender” as escolas por sua finalidade educacional, sendo
necessário inventar outro motivo para elas existirem.
A verdade é que o propósito principal das escolas públicas nunca foi a edu-
cação. Pesquisando os escritos dos fundadores do sistema de ensino moderno
dos Estados Unidos, percebemos que a realidade que hoje testemunhamos é o
cumprimento do plano que eles tinham desde o início. O objetivo nunca foi o
“simples aprendizado”, mas a “eficiência social, a virtude cívica e o caráter”.
(Ellwood, P. Cubberley, The History of Education, p. 690. E também: Rousas
John Rushdoony, The Messianic Character of American Education, passim.)
É claro que, se as escolas buscassem a eficiência social, a virtude cívica e
o desenvolvimento do caráter utilizando a Bíblia como guia, não teríamos
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al. Duas adolescentes de uma escola católica rural me disseram que eram as
únicas virgens em sua classe. Mary Elizabeth Podles, na edição de abril de
1993 da Crisis, escreveu que sua confiança na escola católica de sua região
foi abalada quando a turma da oitava série recebeu como tarefa escrever
para a Catholic Review apoiando o recebimento de camisinhas pelos alunos
como um modo de prevenir a AIDS.
Os alunos passam por problemas tão sérios nas escolas hoje em dia, que
crianças normais são levadas a considerar-se anormais. As escolas têm in-
vestido sessões de terapia em sala de aula, para lidar com os problemas das
crianças. Após um caso de suicídio em uma escola, os professores dão “aulas
terapêuticas” abordando o tema do suicídio. Se o pai de um aluno morre
de repente, toda a escola assiste a aulas sobre a morte. As escolas têm aulas
regulares sobre drogas e experiências sexuais precoces. Há aulas para ajudar
filhos de pais divorciados, filhos de segundos, terceiros ou mais casamentos e
filhos cujos pais coabitam com novos parceiros sem ser casados.
As escolas têm dedicado tanto tempo a aulas de conteúdos clínicos, isto
é, não acadêmicos, que acabam afetando as crianças normais e saudáveis.
Crianças cristãs e equilibradas podem acabar perturbadas, perguntando-se
se talvez as anormais não são elas, que não têm todos esses problemas. Uma
mãe que me telefonou para contar que decidiu retirar seu filho pequeno da
escola quando ele foi motivo de piada por ter apenas um pai e uma mãe, os
mesmos que teve a vida toda!
Há um livro que denuncia a terrível hipocrisia da socialização nas es-
colas. A Família Importa (Family Matters), do professor secundário David
Guterson, que também é pai homeschooler, discute a obsessão que os ado-
lescentes nas escolas têm por conquistar a aceitação dos colegas. Há uma
batalha constante por status grupal, e as chamadas “panelinhas” isolam os
jovens de grupos de outras faixas etárias. A obsessão pela conformação ao
grupo através de roupas, cortes de cabelo, valores e atitudes debilita o cresci-
mento emocional e a socialização desses jovens depois de adultos.
Alguns psicólogos infantis têm reconhecido o dano social que as escolas
vêm causando às crianças. O Dr. Raymond Moore, em Crianças criadas em
casa (Home Grown Kids), discute um estudo conduzido pelo Dr. Urie Bron-
fenbrenner, da Universidade Cornell, com 766 alunos da sexta série, que che-
gou à conclusão de que a maioria deles não possuía valores sociais saudáveis.
Para o Dr. Moore, a dependência grupal é o câncer social de nossos tempos.
Nos dias de hoje, em que as crianças passam mais tempo com colegas do
que com seus pais, pois estes trabalham fora de casa por longas horas, elas
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Escolas católicas
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MARY KAY CLARK
Nós resistiríamos?
Alguns pais argumentam que querem manter seus filhos na escola para
que eles ajudem outras crianças. O bom exemplo de seus filhos mostraria
aos coleguinhas como devem se comportar. Talvez assim – pensam eles – seja
possível modificar as outras crianças.
O que esses pais não admitem é que talvez seus filhos é que mudem para
pior. O mal costuma usar disfarces convincentes e é sempre tentador. É por
isso que as boas companhias são tão importantes e as más, tão perigosas.
Não por acaso, nosso catecismo ensina que, após recebermos o Sacramento
da Penitência, devemos tomar a firme resolução de não pecar mais, o que
significa “não apenas evitar o pecado, mas evitar, na medida do possível, as
ocasiões que levam a ele”. Devemos evitar pessoas que provavelmente nos
levarão a pecar.
Será emocional ou espiritualmente bom para as crianças tentar converter
seus colegas de classe, especialmente quando as próprias figuras de autori-
dade daquele ambiente promovem valores e atitudes anticatólicos? Quanto
tempo as crianças são capazes de resistir aos livros que são obrigadas a ler
e que atacam os valores católicos que aprenderam com seus pais? Quanto
tempo elas conseguem resistir a professores que lhes são hierarquicamente
superiores, a quem, portanto, devem “obedecer”, e que ridicularizam suas
crenças católicas?
Podemos esperar que nossos filhos mantenham-se firmes por treze anos,
afirmando sua fé e vivendo uma vida católica? Realmente queremos que
nossos filhos, do jardim de infância ao ensino médio, frequentem escolas
que promovem ativamente, todos os dias, uma visão de mundo anticatólica?
A mídia tem falado muito sobre abuso sexual no local de trabalho. Diz-
-se que essa prática cria um “ambiente hostil” no qual não se pode esperar
que as mulheres tenham um bom desempenho. Ora, se alguns comentários
libidinosos aqui e ali constituem um ambiente hostil para um adulto, então
necessariamente, para as crianças cristãs em geral, uma escola pública é uma
zona de guerra. E, sinto muito precisar dizê-lo, mas o mesmo se aplica a
muitas escolas católicas.
A premissa dos educadores é que a socialização com os colegas de classe
ajudará as crianças a “adequar-se” à sociedade. Evidentemente, a ironia é
que eles estão certos! Após trezes anos de doutrinação para a indiferença
moral, qualquer criança estará perfeitamente “adequada” aos valores pa-
gãos da cultura secular, pronta para tornar-se mais um cidadão passivo de
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
A perspectiva católica
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Ensinamentos de Jesus
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Documentos da Igreja
De minha leitura das vidas dos santos, não recordo de nenhum que se
tenha beneficiado de seguir as massas, ou que tenha se tornado santo por ter
24 In: http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_
19811122_familiaris-consortio.html
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Homeschooling
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O que o Dr. Fedoryka quis dizer é que os ditos valores sociais que as
crianças aprendem na escola mudam o tempo todo, pois acompanham a
imaturidade coletiva do grupo. Por outro lado, os valores ensinados pela
mãe são estáveis e servirão à criança ao longo de toda a sua vida.
Para o Dr. Fedoryka, a socialização escolar não é apenas perda de tempo;
o tipo de socialização vivenciado pelas crianças nas escolas de hoje é pre-
judicial às suas personalidades e, consequentemente, também à sociedade.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Uma criança é como uma jóia preciosa, bruta, intocada, diz o Dr. Fe-
doryka. Cabe aos pais transformar essa jóia bruta em
um diamante esplendoroso, com facetas que reflitam a luz dos valores eternos
da verdade e da bondade. Já o sistema escolar atual não mede esforços para
polir essas pedras preciosas de tal modo, que ao final sejam todas uniforme-
mente similares umas às outras.
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
O homem moderno não é ateu por acidente. O homem moderno rejeita Deus
enquanto obstáculo à sua satisfação. Ele deseja provar que é superior a Deus,
e o faz seduzindo as crianças: fazendo com que, antes de tudo, as crianças
neguem Deus e não se entreguem a Ele.
Então, o homem moderno pode mostrar-se maior do que Deus dizendo:
“Deus, a quem essa criança pertence? Em que coração tu és Senhor e Sobera-
no? Com certeza não no dessa criança, pois ela pertence a mim, não aos seus
pais.” A criança pertence ao Homem Moderno, ao Estado, que vem declaran-
do uma guerra sistemática contra a inocência.
Ao reivindicar a posse das crianças, o Homem Moderno pensa que é superior
a Deus. O sistema escolar moderno é essencialmente hostil a Deus.
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MARY KAY CLARK
Servir ao próximo
As crianças nas escolas de hoje não têm aprendido sobre a vocação cristã
fundamental, que nos chama a servir a Deus e ao próximo. Jesus disse: “Eu
estou entre vós como aquele que serve”. E também: “Dei-vos o exemplo para
que, como eu vos fiz, assim façais também vós.”
Segundo Dr. Fedoryka, é evidente que as escolas
contrariam a vocação básica do homem enquanto ser criado para servir aos
outros. Esta é, para mim, a grande crise da nossa cultura, a grande crise do
nosso sistema educacional e o mais importante motivo pelo qual devemos
retirar nossos filhos de qualquer escola, seja pública ou privada, que se volte
contra esta vocação básica do homem.
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Casamento homossexual
Agora que um tribunal de Massachusetts decretou que este estado deve en-
dossar o casamento homossexual, é realmente apenas uma questão de tempo
até que esta seja a lei em todo o país. O eminente jurista Robert Bork escreveu
o seguinte, na edição de agosto/setembro de 2004 da First Things: “Dentro de
dois ou três anos, é altamente provável que a Suprema Corte ratifique uma sé-
rie de decisões dos tribunais estaduais, conferindo direito constitucional nacio-
nal ao casamento homossexual.” Com a nomeação dos juízes Roberts e Alito,
talvez este processo seja desacelerado. Embora sempre se possa ter esperança,
a tendência é claramente contra o casamento tradicional.
Essa mudança terá implicações profundas para o modo como a sociedade
compreende o casamento. Para as crianças nas escolas públicas, é simples-
mente impossível evitar o fato de que a educação sexual gayzista será imple-
mentada. Se já há muitos pais irritados com a educação sexual heterossexu-
al, é de se perguntar qual será sua reação à exaltação do homossexualismo.
Será que assim sua paciência chegará ao limite, ou eles se conformarão como
têm se conformado com tantas outras coisas?
Em um artigo de janeiro de 2004, o Washington Post afirmou que cada
vez mais meninas adolescentes estão tendo experiências homossexuais. Dizia
a matéria: “Você as pode ver nos pátios de escolas como a South Lakes, em
Reston, Magruder, em Rockville, ou Coolidge, no Distrito. Em 2002, na es-
cola Coolidge, um professor perdeu a paciência com meninas que trocavam
carícias em sala de aula e em outros locais públicos e ameaçou mandá-las à
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MARY KAY CLARK
Segundo a visão de mundo cristã, toda pessoa tem sua dignidade. Aí estão
inclusos os não nascidos e os idosos, bem como todas as crianças em idade
escolar. Ao ensinarmos a cada um de nossos filhos o quanto eles são impor-
tantes aos olhos de Deus e como cada uma de suas ações tem importância
para Deus, lhes ensinamos que o indivíduo possui dignidade.
Na perspectiva do humanismo secular, que é a base do ensino escolar
atual, o grupo é mais importante do que o indivíduo. Por um lado, a crian-
ça é supostamente estimulada a desenvolver seu sistema pessoal de valores,
porém, se este não estiver de acordo com os valores grupais, a criança é re-
jeitada. As crianças nas escolas costumam atrelar seu valor enquanto pessoas
à sua aceitação pelo grupo.
O motivo pelo qual os pais homeschoolers têm dificuldade para ensinar
em casa crianças que acabaram de sair da escola é que elas já substituíram a
imagem parental de si mesmas pela imagem construída a partir do grupo de
colegas. Ou seja, tornaram-se dependentes deste grupo.
Outros homeschoolers
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Rejeição
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...é que essa dor nunca vai de fato embora. Um homem pode ser hoje um
executivo de sucesso; uma mulher pode ser uma advogada bem remunerada
– porém, se na infância eles eram ridicularizados e rejeitados por não serem
populares como seus colegas, essa experiência permanece viva neles.
Um homem escreveu:
Sinto pelo protagonista do seu conto. Eu sei exatamente como ele se sentia. Já
faz 35 anos que tudo isso me aconteceu, mas lembro-me claramente de ficar
em casa sozinho após a escola e nos fins de semana, porque ninguém queria
ser meu amigo. Era uma dor tão grande, que nunca sequer tive coragem de
conversar com meus pais sobre o assunto, embora esteja certo de que eles
sabiam. Era como se minha vida não tivesse sentido.
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Apoio ao homeschooling
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A mãe fica em casa e em casa educa seus filhos. Ela os protege, reza com
eles, ensina-lhes a Fé e tenta lhes dar um bom exemplo, como Maria, a Mãe
Santíssima.
A socialização de que as crianças precisam hoje em dia é a que se dá com
seus pais e outras pessoas com valores cristãos. Os pais devem ser seus mo-
delos de conduta, devem instruí-las com palavras e por meio de exemplos,
vivendo a autêntica vida católica. Tudo de negativo que sabemos sobre as
escolas, tudo de positivo que aprendemos com as vidas dos Santos, os ensi-
namentos da Igreja Católica e da Bíblia – tudo aponta para o fato de que,
como disse o Papa João Paulo II, “o melhor lugar para a aquisição de virtu-
des sociais é o lar”. De acordo com o Concílio Vaticano II,
A família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais de que as socie-
dades têm necessidade. Mas, é sobretudo, na família cristã, ornada da graça
e do dever do sacramento do Matrimónio, que devem ser ensinados os filhos
desde os primeiros anos, segundo a fé recebida no Baptismo a conhecer e a
adorar Deus.
Se formos com efeito seguidores de Jesus Cristo, não devemos nos pre-
ocupar demais com a “socialização” ou a necessidade de nossos filhos inte-
ragirem com outras crianças de mesma idade. Não há qualquer menção a
isso na Bíblia, nos documentos da Igreja, no catecismo, nem nas vidas dos
Santos. Quando se trata de lidar com outras pessoas, eis o que os católicos
somos instruídos a fazer:
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HOMESCHOOLING CATÓLICO
Alimentar os famintos.
Dar de beber aos quem têm sede.
Vestir os despidos.
Abrigar os sem abrigo.
Visitar os doentes.
Visitar os cativos.
Sepultar os mortos.
Instruir os ignorantes.
Aconselhar os duvidosos.
Advertir os pecadores.
Suportar os erros pacientemente.
Perdoar as ofensas de bom grado.
Confortar os aflitos.
Rezar para os vivos e para os mortos.
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Capítulo 14
Grupos de apoio católicos
P
or que os pais homeschoolers precisam de grupos de apoio? A maioria
das mães homeschoolers têm a resposta na ponta da língua: porque é
necessário contar com o apoio moral de outros pais e mães católicos
– normalmente mães – que enfrentam as mesmas tensões e podem compar-
tilhar suas experiências com a educação domiciliar. Os escritos do Papa e de
muitos padres extraordinários, como o Pe. Robert Fox e o falecido Pe. John
Hardon, deixam claro que as famílias católicas devem unir-se para ajudar
umas às outras a perseverar na virtude, sobretudo vivendo em uma cultura
anticristã e hostil como a nossa.
Nós, católicos, buscamos na Igreja Católica, em nossa fé e em nossa cul-
tura as soluções para nossos problemas. Nossa crença na remissão dos peca-
dos, no sofrimento e no sacrifício é distintamente católica. Nossa atitude em
relação aos filhos, à contracepção e ao casamento é distintamente católica. A
maioria de nós somos mães marianas, que desejamos ser como Nossa Mãe
Santíssima no que diz respeito ao casamento, à família e à educação domi-
ciliar de nossos filhos. Portanto, quando nós, mães católicas homeschoolers,
nos encontramos diante de qualquer desses problemas de cunho íntimo e
familiar, queremos consultar outros católicos.
Quando o Pe. John Hardon ministrou um seminário sobre o matrimônio
no Christendom College, concluiu sua apresentação lembrando-nos de que
“Assim como os membros de uma família devem ser instrumentos da graça
uns para os outros, as famílias e matrimônios católicos o devem ser para este
mundo em que vivemos.” Ao mesmo tempo em que desejamos evangelizar
outras pessoas para que se aproximem de Cristo, precisamos nos relacionar
constantemente com aqueles que nos ajudam a fortalecer nossa fé. Um grupo
de apoio católico pode ajudar mães, pais e filhos a melhor compreender e
viver a autêntica vida católica.
Mulheres com filhos adultos e que já não praticam o homeschooling de-
vem continuar levando a sério o chamado à evangelização. Sua obrigação
primeira nesse momento da vida é servir a seus filhos e netos, porém, essas
avós homeschoolers devem estar dispostas a ajudar as novas mães, a quem
tanto podem ser úteis as palavras de mães católicas experientes.
Assim que você tiver feito contato com famílias católicas interessadas em
participar do grupo de apoio, há vários itens que precisam ser considerados.
Caso haja apenas mais uma ou duas famílias, façam algo simples, com en-
contros uma ou duas vezes ao mês; deixem as crianças brincarem enquanto
vocês discutem sobre o homeschooling e situações familiares em comum,
dentro da perspectiva católica. Tentem ir à Missa juntos antes do encontro.
E continuem com os esforços de divulgação para atrair mais famílias.
Caso o grupo cresça, abarcando mais de cinco famílias, pode ser uma boa
ideia fazer um encontro mensal apenas com as mães, ou as mães e os pais,
com o propósito de ter uma discussão mais séria sobre o homeschooling e
a vida familiar católica. Isto pode ser feito no fim da tarde. Alguns grupos
fazem um café da manhã no sábado, em um restaurante de preço razoável,
para que ninguém precise preparar comida e limpar a bagunça.
Além disso, as mães e crianças podem encontrar-se regularmente para um
dia de brincadeiras. Este é um bom momento para as crianças interagirem
com outras crianças católicas homeschoolers; as mães devem evitar discutir
assuntos sérios.
Talvez você tenha a sorte de conhecer um padre simpático à causa. Se for
o caso, peça-lhe para ser o capelão do grupo. Quando ocorrerem os encontros
para discussões sérias, ele pode ajudar a expor os autênticos ensinamentos da
Igreja. Ele não precisa comparecer a todos os encontros, especialmente quan-
do o tema em pauta for disciplina infantil ou administração doméstica.
Manutenção do grupo
Alguns grupos de apoio criam um boletim de notícias. Este pode ser uma
lista simples com os próximos eventos de interesse aos católicos homescho-
olers, talvez com um parágrafo comentando cada item – por exemplo, even-
tos marianos e pró-vida. Também pode ser um boletim mais longo, com a
publicação de um ou mais artigos, porém isso demanda um tempo precioso
e um dinheiro que pode ser gasto com as famílias e o homeschooling. Com
o acesso crescente das famílias à internet, os grupos de apoio estão aderin-
do cada vez mais às listas eletrônicas e salas de chat para conversar sobre
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Rede de contatos
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A liderança
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Conclusão
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Capítulo 15
Respondendo às autoridades
Por Kenneth Clark, Mestre e Juris Doctor
Q
uando, muitos anos atrás, eu comecei a trabalhar com as questões
jurídicas do homeschooling, era muito mais comum as famílias serem
contatadas pelas autoridades educacionais. Nos últimos anos, menos
de dez pessoas entraram em contato comigo por terem sido chamadas a con-
versar com um superintendente escolar a respeito do homeschooling. E todas
essas conversas terminaram bem.
Em casos de “conversas” envolvendo a Seton Home Study School – há
cerca de 300 todos os anos – a situação foi encerrada após a Seton enviar
uma carta às autoridades, confirmando a matrícula do aluno. Muitas vezes,
tudo o que os representantes do governo querem é algo que comprove que
o aluno é regularmente matriculado em uma instituição ou uma cópia do
certificado de credenciamento da escola de homeschooling. Nesses casos, as
famílias nunca têm de encontrar os assistentes sociais ou autoridades esco-
lares, pois é um trâmite envolvendo requerimentos burocráticos rotineiros,
aos quais a Seton responde com satisfação. Os pais que estiverem inscritos
em um programa devem contatar imediatamente a escola de homeschooling
para a resolução rápida de qualquer situação envolvendo autoridades.
Mesmo sendo bastante improvável que você tenha algum problema desse
tipo, este artigo oferecerá alguns conselhos para ajudá-lo a lidar melhor com
as autoridades governamentais. É necessário que você tenha duas coisas em
MARY KAY CLARK
mente. Primeiro: quais os seus direitos legais? Segundo: qual o modo correto
de um cristão responder a pedidos ou demandas do Estado?
A primeira seção deste capítulo lida com o sistema legislativo e judiciário
de nosso país e deverá servir como plano de fundo para a segunda seção, que
dá aos pais católicos homeschoolers algumas dicas práticas de como lidar
com autoridades educacionais, sociais e jurídicas.
Leis federais
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Leis estaduais
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Resumo
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tentativa de causar transtornos. Em geral eles nem sequer olham para o cur-
rículo, mas querem apenas ter certeza de que uma organização profissional
objetiva avaliou e credenciou nosso programa.
De maneira geral, os superintendentes são menos hostis quando a família
segue um programa formal de estudos. Eles gostam de saber que há uma ins-
tituição formal por trás do homeschooling. Eles também têm uma impressão
muito mais favorável diante de um currículo elaborado por profissionais do
que de um feito pela própria família. Para eles é importante que a família
possa buscar a assistência telefônica de um profissional de educação durante
sua empreitada pedagógica.
Quase sempre é possível resolver problemas com superintendentes regio-
nais através de uma carta ou de um telefonema da escola de homeschooling.
Na maioria das vezes, o superintendente quer apenas checar as linhas gerais
do currículo. Na Seton, consideramos que esses são casos de “objetivos e
continuidade”. Nove em cada dez “problemas” que já tivemos com superin-
tendentes foram resolvidos quando lhes mostramos os objetivos e a conti-
nuidade dos cursos que oferecemos aos nossos alunos.
3. Declaração de princípios
Escreva uma declaração de princípios filosóficos ou religiosos, isto é, os
motivos pelos quais você aderiu ao homeschooling, especialmente se forem
motivos religiosos. Mesmo que os estados não exijam que você explique por
que você fez essa opção, quando notificar o superintendente ou a direção da
escola, sugerimos que você o faça. Nossa experiência tem mostrado que as
famílias que optam pelo homeschooling por motivos religiosos têm um com-
prometimento mais forte do que aquelas que o fazem por outros motivos. Os
superintendentes também percebem essa diferença e tendem a não perturbar
os homeschoolers que têm um comprometimento religioso com sua decisão
de educar os filhos em casa.
Sua declaração de princípios deve ser basicamente uma declaração de que
você obedece às verdades da sua fé e que Deus ordena que você eduque seus
filhos. Mesmo que não inclua todos os detalhes na carta ao superintendente,
você deve escrever todos os motivos que levam você ao homeschooling e
guardar a lista para uso seu e de sua família. É bom tê-la como um lembre-
te ao qual recorrer quando necessário. Na melhor das hipóteses, você não
precisará dele.
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Contato telefônico
Tendo em mente as duas regras acima, abordemos agora os diferentes
tipos de contatos. O primeiro é o contato por telefone. Sempre peça à pessoa
que ligar para enviar seus questionamentos por escrito, em papel timbrado
comercial. Isto é necessário por vários motivos. Primeiro, você não sabe ao
certo com quem está falando. Se alguém telefona dizendo que é do Depar-
tamento Estadual de Educação, ou do escritório do superintendente, ou do
escritório do diretor da escola, você não tem como verificar a veracidade
dessa informação pelo telefone. A não ser que você conheça a voz da pessoa
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A Quarta Emenda
Você dispõe de um direito constitucional muito importante, o direito da
Quarta Emenda, que protege os cidadãos contra revistas e prisões ilegais. Basi-
camente, isto significa que a casa de uma pessoa é seu castelo. Você não é obri-
gado a permitir a entrada de quem quer que seja, sem um mandado de busca.
Obter um mandado de busca não é simples. A pessoa que deseja fazer
a revista precisa ir até um juiz e apresentar a causa provável de que algum
crime está sendo cometido. Em outras palavras, a polícia, o assistente social
ou superintendente devem ir até um juiz e afirmar: “Vossa Excelência, tenho
motivos para acreditar, com base no testemunho de um informante, que o Sr.
e a Sra. Smith estão cometendo um crime, pois praticam o homeschooling.”
Acontece que o homeschooling não é crime. Um juiz não concederá um man-
dado de busca a não ser que haja uma real evidência de um crime. Muitos
casos envolvendo acusações infundadas de “abuso infantil” começam quan-
do, mesmo sem haver mandado de busca, os pais permitem que funcionários
do governo entrem em suas casas.
Às vezes, pais e mães incorrem no erro de pedir ajuda ao Serviço Social,
vindo a descobrir que a função deste órgão não é realmente prestar auxílio,
mas controlar as pessoas. Certa vez, um pai católico estava no trabalho, en-
quanto sua mulher estava doente, de cama, e por isso ele telefonou ao Servi-
ço Social pedindo que alguém buscasse seus filhos e os levasse para casa. Os
assistentes sociais decidiram que as crianças deveriam ir para um orfanato.
Embora a mãe de fato tivesse problemas crônicos, ela era capaz de caminhar
pela casa e cuidar de si mesma e de seus filhos. Ainda assim, os pais até hoje
não têm permissão para ver as crianças, exceto nos fins de semana, e terão de
lutar com a burocracia do serviço social para ter seus filhos de volta. A lição
é clara: não acredite que as agências de serviço social existem para ajudar
você e sua família!
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A não ser que as circunstâncias exijam (isto é, que haja crianças gritando
e pedindo socorro), a não ser que haja crianças em perigo físico iminente,
ninguém tem permissão para entrar em uma casa de família sem um man-
dado de busca.
Se você conhecer casos em que os assistentes sociais ou a polícia entraram
na casa de um homeschooler com um mandado de busca, é provável que
um vizinho hostil tenha dado uma “dica” anônima da possível existência
de abuso infantil. Se você tiver problemas com funcionários na porta da
sua casa, ligue para o seu advogado, ou para qualquer advogado disponível,
imediatamente. Peça a ele que vá à sua casa o quanto antes. Não responda
quaisquer perguntas até que o advogado esteja presente. Se necessário, faça
o funcionário falar com o advogado pelo telefone. Dê-lhe o telefone pela
porta e faça-o conversar com o advogado do lado de fora, em sua varanda
ou jardim. (Assim como é necessário saber o telefone do médico para casos
de emergência, é preciso ter sempre em mãos o número do advogado.)
Obter um mandado de busca é um processo muito difícil e demorado, ex-
ceto diante de uma queixa de abuso infantil. Não se deixe intimidar, permi-
tindo que pessoas entrem na sua casa pelo simples fato de elas dizerem que
PODEM conseguir um mandado de busca ou trazer a polícia. Caso digam
isso, responda-lhes que você sente muito, mas não vai deixá-los entrar e, se
quiserem solicitar um mandado de busca, é problema deles. Se quiserem li-
gar para a polícia, também é problema deles. Fazer isso lhe dá TEMPO para
entrar em contato com o advogado ou com a associação de homeschooling
de seu estado ou região.
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Do lado de fora
Uma vez do lado de fora de casa, você não deve responder nenhuma
pergunta que não queira. Mesmo que o funcionário pergunte algo que talvez
seja de sua alçada saber, pergunte-lhe educadamente qual lei lhe dá permis-
são de inquirir sobre as notas de seus filhos em testes oficiais, ou sobre suas
credenciais de professor, ou o que seja. Peça inclusive para que ele cite a lei,
para que você ou um advogado possam pesquisar sobre. Diga que você quer
anotar o número da lei estadual para que possa pesquisar mais tarde. E de-
pois de fato pesquise.
Talvez você já conheça a lei, às vezes até melhor do que o funcionário.
Nesse caso, você precisa decidir se deixará transparecer que você conhece a
lei, ou se simplesmente deixará a pessoa falar, sem fazer comentários.
Caso você conheça a legislação do seu estado sobre o homeschooling,
você pode ou não citá-la para o funcionário. Caso ele diga: “É a lei da edu-
cação compulsória”, você pode responder: “Mas não é verdade, segundo a
seção tal e tal do código educacional, que eu não preciso ser um professor
certificado? E também não é verdade que não tenho a obrigação de submeter
meus filhos a um teste de desempenho?” No entanto, esse tipo de discussão
não costuma ser produtivo. Os funcionários do governo não gostam de ser
instruídos pela pessoa que deveriam instruir.
Alguns pais sentem-se “chamados” a ter essa discussão com o represen-
tante do governo. Se for o seu caso, tenha em mente que Deus estará com
você, faça uma oração e confie que Deus o ajudará a seguir adiante e respon-
der da melhor forma possível, de modo a convencer a pessoa, não apenas de
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que você está agindo certo, mas de que os demais homeschoolers também
estão. Da próxima vez que esse funcionário receber uma denúncia sobre
homeschooling, ele já compreenderá melhor a prática, saberá que tipo de
pessoas aderem a ela e considerará reais e legítimas as preocupações desses
pais com seus filhos.
Caso você tenha uma cópia da legislação, pode ser uma boa ideia deixá-
-la sempre à mão, para que em uma situação como essa você possa recorrer
a ela: “É isto o que diz a lei; eu tenho uma cópia.” Em geral, afirmar algo
que está escrito em algum lugar é mais convincente do que citá-lo oralmente.
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Boletins de notas são exigidos pelas escolas, caso você queira rema-
tricular seus filhos. Embora apenas alguns estados os considerem obri-
gatórios, mantê-los é uma proteção contra futuros problemas. As notas
devem ser lançadas trimestralmente. Não precisam necessariamente ser
notas numéricas.
Cerca de metade dos estados, hoje, exigem testes nacionais padroniza-
dos, como SRA, Iowa, CAT ou Stanford. Normalmente, a exigência é que os
alunos homeschoolers os façam a cada ano. As notas do teste padronizado
mostram, de forma objetiva, que a educação está acontecendo. Se você puder
mostrar que seu filho, nos últimos quatro anos, tirou notas altas em testes
padronizados, será muito difícil alguém ousar dizer que ele não está apren-
dendo nada, ou que está sendo privado de educação.
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Seja organizado
Mantenha sua rotina de homeschooling em ordem e faça com que exte-
riormente essa ordem transpareça. Você deve manter um cronograma de au-
las. Mesmo que não o siga exatamente todos os dias, é importante que você
possa demonstrar como funciona um dia típico na sua casa. Houve um caso
em que os pais perderam no tribunal por não terem conseguido demonstrar
que tinham um plano diário para os estudos. No início de cada ano, monte
um cronograma de aulas.
Há muita discussão entre os homeschoolers sobre seguir um currículo
estruturado ou não estruturado. Legalmente falando, quando ocorre de os
pais terem de prestar contas às autoridades, eles precisam apresentar algum
tipo de plano organizado mostrando que certos momentos do dia são reser-
vados às aulas. Não é incomum que se peça aos pais para explicarem como
transcorre um dia típico de homeschooling em suas casas.
Conheça a legislação
Leia, estude e conheça bem as leis do seu estado sobre homeschooling.
Tenha sempre à mão uma cópia da legislação. Conhecimento é poder. Se al-
guém for à sua casa afirmando que a lei diz uma coisa e você souber que não
é verdade, isso lhe dará confiança e uma paz reconfortante. É impressionante
com que frequência os superintendentes ou seus representantes enganam os
homeschoolers, seja por ignorância da lei ou apenas para tentar obter algu-
ma vantagem. Qualquer que seja o motivo, se você conhecer a lei, poderá
responder sem medo, no tom que lhe parecer melhor.
Você pode ter acesso a uma cópia da Constituição Estadual ou das leis
estaduais em uma biblioteca ou pela Internet. Na Constituição, na seção
sobre “Educação”, você encontrará todas as leis educacionais de seu estado,
bem como referências a casos legais. As associações estaduais de homeschoo-
ling disponibilizam um pequeno volume com todas as leis estaduais vigentes
sobre homeschooling. Todos os advogados têm uma cópia das leis estaduais.
E na Seton há cópias das leis sobre homeschooling de cada estado. O modo
mais rápido de conhecer as leis do seu estado é acessar o site da HSLDA,
www.hslda.org, onde estão disponíveis todas as leis estaduais, e em um qua-
dro de fácil compreensão elaborado pelos advogados.
Sempre verifique tudo o que você ouvir sobre a lei e que não lhe parecer
correto. Lembre-se de que a Suprema Corte americana determinou que ne-
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rintendente. Elas estão a par dos acontecimentos recentes e podem dar bons
conselhos sobre como proceder.
Se você tiver essa inclinação, considere a possibilidade de participar da
política local e incentive outros homeschoolers a fazê-lo. É muito mais difícil
para os políticos de uma localidade perseguir os homeschoolers quando es-
tes têm influência política na região. Não é difícil concorrer à administração
da escola, ao conselho municipal ou mesmo a posições menores, ou filiar-se
a alguma organização política do município.
Uma carta
No estado da Virginia, os pais gozam de uma dispensa religiosa da obri-
gatoriedade de matricular seus filhos na escola e de seguir regulamentos so-
bre homeschooling. Os detalhes da carta a seguir podem não ser perfeita-
mente compatíveis com as leis do seu estado, porém, trata-se de um exemplo
eficaz de como escrever ao superintendente regional declarando que você
não cumprirá um certo regulamento.
Além disso, é uma boa carta para o caso de você decidir seguir certos regu-
lamentos por uma questão de prudência, mas filosoficamente estiver convicto
de que seria um direito seu não os seguir. Sua carta pode começar deste modo:
“Como um gesto de cortesia, segue anexo o formulário preenchido (ou as notas
dos testes, ou o que seja). No entanto, nós (nome da mãe e nome do pai) estamos
educando nossos filhos em casa, de acordo com nossas convicções religiosas.”
A Dra. Clark enviou a carta abaixo, devidamente autenticada, ao supe-
rintendente regional e a todos os membros do conselho escolar, via correio
registrado. Ela o fez porque seu nome foi tantas vezes exposto no jornal,
por conta de sua militância a favor do homeschooling na capital do estado,
que ela acabou recebendo um telefonema do distrito escolar. Do contrário,
ela jamais teria feito qualquer tipo de contato com eles. Muitos advogados
especialistas em homeschooling recomendam que você não entre em contato
com quaisquer autoridades do distrito escolar até que e a não ser que você
seja contatado. Isso só não será possível se seus filhos tiverem frequentado
a escola pública. Obviamente, uma decisão como a de não notificar a escola
quando seu filho deixar de frequentá-la, contrariando assim a lei, deve ser
tomada após muita reflexão, oração e prudência.
Eis a carta da Dra. Clark:
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Capítulo 16
Homeschooling e catequese
Nota da editora: O artigo a seguir é parcialmente baseado no panfleto
A
afirmação de que a educação dos filhos é um direito e um dever
dos pais é fundamentada em diversos documentos da Igreja. Existe,
contudo, uma controvérsia a respeito da diferenciação entre o direito
dos pais e o direito da Igreja de preparar as crianças para a recepção sacra-
mental. Dito de outro modo, é preciso decidir se quem deve dar instrução
sistemática sobre os conteúdos da Fé são os pais ou a Igreja.
Logo após o nascimento de uma criança, os pais buscam a Igreja para
batizá-la. Esta é talvez a primeira catequese das crianças, uma importante
obra da graça para a qual cooperam os pais e a Igreja.
Após o batismo, quando a criança é pequena, cabe primeiramente aos
pais ensinar as práticas religiosas básicas, como fazer o sinal da cruz, rezar
orações simples e pedir a ajuda do anjo da guarda. O bom comportamento
também é responsabilidade dos pais, que devem instruir por meio de pala-
vras e de seu exemplo pessoal.
Ao mesmo tempo em que se dá a catequese familiar, os pais tornam pos-
sível uma segunda forma de catequese, que transcende a família e chega à
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função sua. O Código, nos Cânones acima, está apenas enfatizando que os
sacerdotes devem ajudar os pais a dar uma formação adequada aos seus
filhos. Os sacerdotes têm uma obrigação subsidiária junto à obrigação prin-
cipal dos pais de catequizar seus filhos.
O grave dever dos sacerdotes para com a catequese é enfatizado no Có-
digo, não porque eles devam supervisionar os pais que catequizam sistemati-
camente seus filhos, mas porque o dever do sacerdote é oferecer a catequese
“a todo o povo cristão”, não apenas às crianças. (CDC 773) No caso dos
adultos, o dever do padre de oferecer a catequese é mais direto. A catequese
deve ser oferecida, ou por ele mesmo, ou por catequistas que estejam sob sua
supervisão imediata – e a supervisão aqui se justifica, pois os catequistas não
têm “direito” à tarefa de catequisar do mesmo modo como o têm os pais
quanto à instrução religiosa de seus filhos.
(Seria admirável, tendo em vista a ênfase do Concílio Vaticano II no de-
senvolvimento de uma maior apropriação pessoal e maturidade da fé, se as
paróquias investissem mais tempo e esforços na catequização dos adultos.
Um dos principais objetivos de se catequisar um adulto deve ser exortar os
que forem pais a catequisar seus próprios filhos e oferecer-lhes materiais
que os ajudem nessa tarefa. De fato, os pais homeschoolers relatam o tempo
todo que só vieram a conhecer a fundo a Fé quando precisaram ensiná-la
aos seus filhos. Tendo isso em mente, talvez as paróquias necessitem tanto
de catequese para adultos quanto para crianças.)
Quando o Código fala sobre o dever catequético dos padres, também men-
ciona o dever catequético de outras pessoas, especialmente dos pais. O Cânon
843, artigo 2, diz: “Os pastores de almas e os demais fiéis, cada um segundo a
sua função eclesial, têm o dever de procurar que aqueles que pedem os sacra-
mentos se preparem...” No Cânon 773, o Código diz que os sacerdotes têm a
grave obrigação de oferecer a catequese, porém no cânon seguinte diz que “A
solicitude da catequese, sob a orientação da legítima autoridade eclesiástica,
compete a todos os membros da Igreja segundo a parte pertencente a cada um.”
(CDC, 774, art. 1) Então, no mesmo cânon, afirma-se que “Antes de todos, os
pais têm obrigação de, com a palavra e o exemplo, formar os filhos...” (CCL,
774, art. 2) O Cânon 776 diz que o sacerdote deve “promover e fomentar o
papel dos pais” na catequese. Finalmente, os cânones 890 e 914, sobre a Con-
firmação e a Eucaristia, dizem que os pais, primeiro, e depois os sacerdotes, de-
vem instruir satisfatoriamente as crianças antes da recepção dos sacramentos.
Assim sendo, se por um lado o Código menciona a obrigação que todos
os padres e membros da Igreja têm de oferecer a catequese, nunca diz que
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devem ter sua formação avaliada pelo pároco antes da recepção sacramen-
tal, os pais são obrigados a obedecer.
Alguns pontos dos regulamentos são simplesmente boas ideias que todas
as famílias devem seguir. Por exemplo, muitos afirmam que as famílias de-
vem ser ativas no cotidiano de sua paróquia. Esta é, obviamente, uma boa
recomendação, e em particular às famílias homeschoolers, pois manter um
bom relacionamento com o pároco é especialmente importante quando che-
ga a hora de seus filhos receberem os sacramentos.
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Capítulo 17
O homeschooling católico em nossa
democracia americana
T
odos os defensores da liberdade de escolha educacional já foram, em
um momento ou outro, acusados de antiamericanismo. No entanto,
as escolas públicas americanas, desde o princípio, não tinham como
objetivo oferecer às crianças uma boa educação básica, mas preparar um
certo tipo de cidadãos para este país. Desde o estabelecimento do sistema pú-
blico de educação, qualquer pessoa que questionasse o valor destes templos
da democracia era repudiada pelos burocratas da educação. Horace Mann,
o pai das escolas públicas, há muitos anos declarou sua opinião sobre os
detratores do sistema público de ensino:
Tudo aquilo que subestimar o valor de nossas escolas gratuitas vai contra os
desígnios de nossos piedosos ancestrais. Nenhum homem, que por força de
orgulho ou parcimônia permita o declínio dessas escolas, pode ser considerado
um amigo deste país. Falo sem rodeios, pois estou advogando pela causa da
humanidade e de Deus. E afirmo que qualquer homem que deseje a destruição
de nossas escolas gratuitas é um traidor da causa da liberdade e da igualdade e,
sem dúvida, se tal estivesse em seu poder, nos reduziria à vassalagem.
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O Santo Padre, Papa Leão XIII, escreveu uma carta apostólica ao Cardeal
Gibbons, em 1899, intitulada Testem Benevolentiae, com o objetivo especí-
fico de advertir contra a heresia comumente chamada de “americanismo”.
O princípio básico do americanismo, segundo definido pelo Papa, é que a
Igreja Católica deve “adaptar-se” e “abrandar seu antigo rigor, mostrando
alguma indulgência às teorias populares modernas”. Isto se aplicaria não
apenas às regras da vida, mas também a doutrinas. O Papa explica que as
doutrinas da Igreja não são teorias, mas um depósito divino que deve ser
cuidadosamente protegido e infalivelmente declarado.
Se é verdade que algumas regras de comportamento – diz o Papa – podem
ser modificadas de acordo com a diversidade do tempo e do espaço, cabe à
Igreja e não aos indivíduos julgar como adaptar-se. O Papa Leão XII explica,
mais ainda, que a Igreja detém direitos divinos, enquanto outras associações
existem em decorrência do livre arbítrio dos homens. A prosperidade pública
“deve ocorrer sem deixar de lado a autoridade e a sabedoria da Igreja”. A lei
natural e as virtudes naturais necessitam de auxílio divino e sobrenatural. Os
homens santos do passado, “por humildade de espírito, por meio da obediência
e da abstinência, tinham o dom da palavra e eram bem sucedidos em suas obras,
e prestaram grande auxílio, não apenas à religião, mas ao Estado e à sociedade.”
O próprio conceito de separação entre Igreja e Estado, segundo o com-
preendemos nos Estados Unidos, implica que verdades eternas não podem
ser tomadas como base de leis públicas. Neste país, o aborto não é conside-
rado maligno por ser um crime terrível condenado por Deus; será maligno
apenas se 51% dos eleitores assim o considerarem. Tal situação implica que
não há qualquer lei moral verdadeira e que qualquer princípio pode ser mo-
dificado por uma nova eleição. O conceito de separação entre Deus e o Esta-
do adquiriu o significado de “separação entre a Verdade e o Estado”. Como
é possível que um princípio tão fundamentalmente equivocado seja o dogma
central de uma grande e poderosa nação?
Para se compreender por que os princípios morais baseados nas leis de
Deus são tão repudiados pelo governo americano, temos de retornar aos
primórdios da história deste país. Nos primeiros dias da República, quando
todos os documentos que garantiam a liberdade religiosa foram escritos, a
separação entre a Igreja e o Estado tinha realmente o propósito de garantir
que os católicos não controlassem o governo. Não havia uma religião nacio-
nal estabelecida, nos moldes das religiões nacionais da Inglaterra e dos países
europeus; e tampouco havia leis constitucionais a ser ditadas por qualquer
poder além do próprio povo governado.
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Como sabemos, o Rei Saul foi severamente criticado pelos padres por
ir à guerra antes de consultá-los e fazer sacrifícios ao pé do altar. Ao longo
da história cristã, até a Revolta Protestante, os reis e nações submetiam-se
à autoridade do Papa, reconhecendo-o como o Vigário de Cristo. Henrique
VIII, desafiando as leis eclesiásticas que regem o casamento, pôs sua nação
inteira em conflito com a Igreja.
É, portanto, fácil compreender por que os primeiros católicos da Améri-
ca Colonial apoiaram com satisfação a separação entre Igreja e Estado. As
colônias, à época, haviam estabelecido igrejas estatais, que eram, é claro,
protestantes. Muitas das colônias, mesmo após a Revolução, perseguiam
ativamente os católicos. Estes, por sua vez, perceberam que, se alguma
igreja fosse reconhecida como a igreja oficial do país, não seria a Igreja
Católica.
Grande parte dos católicos das colônias americanas eram irlandeses, a
maioria dos quais sequer sabia, em princípio, da terrível perseguição aos
católicos que estava em curso na Irlanda de então. A maioria dos america-
nos de hoje, mesmo aqueles de ascendência irlandesa, sabem pouco sobre
as dimensões da perseguição sofrida pelos católicos na Irlanda. Era, contu-
do, uma perseguição implacável e brutal. Legalmente, os católicos irlande-
ses não tinham permissão para comprar terras, herdar propriedades, educar
seus filhos na Fé católica ou mandá-los a escolas católicas d’além mar, nem
construir igrejas católicas, e alguns sequer podiam viver em certas cidades. O
grande legislador Edmund Burke disse que as leis penais na Irlanda “serviam
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Capítulo 18
O futuro do homeschooling católico
N
ós, que fazemos o apostolado do homeschooling, sabemos que é neces-
sário estarmos atentos ao que se passa nas escolas, fazer o possível para
influenciar os legisladores e rezar para que Deus proteja os direitos das
famílias homeschoolers. Ao rezarmos, devemos confiar a Ele o futuro do homes-
chooling católico, pois Ele age de maneiras que nos são imprevisíveis. Pelo pou-
co que divisamos no horizonte, acreditamos que o homeschooling continuará
a ser uma opção educacional para as famílias católicas por ainda muitos anos.
É fato que o homeschooling está ganhando cada vez mais aceitação na
sociedade. Em discussões sobre alternativas educacionais, é raro ele não ser
mencionado. Em muitos sentidos, o homeschooling deixou de ser revolu-
cionário. Agora que todos têm um amigo ou parente que educa os filhos em
casa, esta já não é tanto uma ruptura radical, mas uma opção entre outras.
O homeschooling cresce em um ritmo satisfatório. Em agosto de 2004,
o Departamento de Educação dos EUA publicou um estudo relatando que o
número de crianças educadas em casa no país era de 1,1 milhão. O pesqui-
sador sobre homeschooling, Dr. Brian Ray, estima que o número atual esteja
entre 1,7 e 2,1 milhões. Estudos indicam que a população homeschooler vem
crescendo cerca de 7% ao ano.
Embora não possamos prever o futuro, certos fatores em desenvolvi-
mento no país têm afetado de forma positiva o homeschooling católico, ga-
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rantindo que este continue ganhando espaço. Tais fatores incluem avanços
tecnológicos, problemas crescentes com o sistema público de ensino, a qua-
lidade dos alunos egressos do homeschooling e o apoio do clero católico.
Avanços tecnológicos
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tas regras, o estado determinou que o dinheiro não pode ser utilizado para
comprar materiais educativos de cunho religioso.
É difícil afirmar que os pais estão errados em aceitar o dinheiro e abrir
mão de parte de sua liberdade e do controle sobre a educação dos filhos.
Afinal, cabe a eles decidir o que é melhor para sua família. Talvez sua ideia
seja substituir os materiais recebidos do governo por materiais católicos. E
dispor de muitos milhares de dólares extras por ano para gastar com edu-
cação pode ser útil para comprar materiais tecnológicos ou pagar aulas de
dança ou várias outras coisas.
No entanto, esse dinheiro não tem custado pouco às famílias. Nos pri-
meiros capítulos deste livro, discutimos como a educação domiciliar católica
diz respeito, primeiramente, à Fé e à família. Trata-se de transmitir a cultu-
ra católica por meio de uma vida familiar centrada em Cristo. Assim, se o
homeschooling tiver de ser amplamente secular para que o financiamento
estatal seja recebido, como é possível colocar em prática a verdadeira educa-
ção domiciliar católica? Quando as famílias têm de gastar várias horas por
dia cumprindo as exigências seculares da autoridade fiscalizadora, quanto
tempo resta para a vida espiritual?
No capítulo sobre como iniciar o homeschooling, também discutimos
a importância de estabelecer objetivos e escrever uma declaração de prin-
cípios, a qual provavelmente incluiria vários propósitos espirituais. Mas é
difícil imaginar que um dos objetivos seria receber dinheiro estatal em troca
do uso de materiais aprovados pelo governo, ou receber em casa, a cada
trimestre, um professor para entrevistar você e seus filhos e determinar se
seu progresso escolar é suficiente (como acontece no Alaska). Também é im-
provável que um dos objetivos de seu homeschooling católico seja utilizar
livros e materiais didáticos exclusivamente seculares. Assim sendo, a decisão
de matricular-se ou não em uma escola cooperativa realmente depende do
motivo pelo qual você optou pelo homeschooling e o que é mais importante
para você e sua família.
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O clero católico
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Um futuro esperançoso
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Apêndice
Carta às Famílias, de João Paulo II
O excerto a seguir é a seção sobre Educação da Carta às
Famílias do Papa João Paulo II, publicada em 199427
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Bibliografia
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