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“Rei Édipo”
Temas Universais e Impacto Contínuo
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“Rei Édipo” – Temas Universais e Impacto Contínuo
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“Rei Édipo”
Temas Universais e Impacto Contínuo
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“Rei Édipo” – Temas Universais e Impacto Contínuo
Índice
Introdução ......................................................................................................................... 6
Metodologia ...................................................................................................................... 6
4. As personagens ........................................................................................................ 12
4.1. Édipo.................................................................................................................... 12
4.3. Jocasta.................................................................................................................. 13
Conclusão ....................................................................................................................... 20
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Índice de figuras
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Introdução
Metodologia
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O presente trabalho pretende analisar “Rei Édipo” enquanto uma das peças teatrais
atenienses mais influentes do século V a. C.
Desta forma, foi empreendida uma análise a partir de um estudo da evolução do teatro
grego, do desenvolvimento artístico de Sófocles e do teor teórico da peça, sendo realizada
uma avaliação do drama, das personagens que o formam e dos reflexos sociais atenienses
transferidos para o enredo.
A metodologia adotada consistiu no procedimento da leitura na íntegra de “Rei
Édipo”. Esta permitiu uma reflexão sobre a obra, o trabalho do autor e, consequentemente,
o impacto que a mesma possui. Como instrumento de estudo, de preparação e, por fim,
de formulação do trabalho, foi também recorrido à utilização de estudos publicados sobre
a obra, tanto livros, como artigos e trabalhos académicos, o que permitiu a agregação de
conhecimentos às ponderações já retiradas através da leitura da tragédia sofocliana.
1. O teatro grego
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Édipo revela a Jocasta que, durante um banquete em Corinto, reino do qual era
oriundo, um homem teria afirmado que o rei Pólibo e a rainha Mérope, pais de Édipo, o
teriam adotado, e que este, atormentado com as palavras do desconhecido, fora a Píton
consultar Apolo que lhe teria profetizado que se tornaria o assassino do pai que o gerou e
se uniria à mãe, o que resultou na sua fuga de Corinto para evitar a concretização da
profecia. Decidem os dois chamar o único servo sobrevivente que presenciou o
assassinato de Laio para apurar a situação.
Entretanto, um mensageiro vindo de Corinto chega a Tebas e dá a notícia que Pólibo,
pai de Édipo faleceu. Além desta notícia, conta que recebeu Édipo em bebé dos braços de
um pastor. Édipo quer entender melhor esta história e chama então o pastor ao palácio,
mas a sua esposa opõe-se a tal pois já deduziu o final da história, acabando por sair da
cena.
O pastor entra em cena e explica que quem lhe entregou o bebé nos braços foi a esposa
de Laio, ou seja, Jocasta.
O rei entende então a profecia de Tirésias e toma consciência da tragédia que é a sua
vida. Jocasta, esposa-mãe de Édipo, decide, entretanto, tira a própria vida e Édipo acaba
por cegar-se e exilar-se juntamente com uma de suas filhas-irmãs, Antígona.
“O vosso pai matou o próprio pai; fecundou a mãe por quem ele próprio nasceu.”
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4. As personagens
4.1. Édipo
Édipo não é um homem perfeito pois tem um temperamento violento e irritável que
sob a ação da cólera ou do desespero profere palavras terríveis e impensadas (Fialho,
2022). Também é bastante teimoso recusando-se muitas vezes a ouvir os conselhos dos
outros, particularmente da sua esposa, Jocasta, facto que levou à descoberta da profecia
trágica que rege a sua vida.
Apesar do seu temperamento é um homem com uma capacidade de amar profunda que
depois de cego quando se prepara para o exílio a sua única preocupação é o futuro sombrio
das suas filhas. (Fialho, 2022).
Na qualidade de rei exercia a sua função perfeitamente sendo acarinhado pelo seu
povo. Mostrava bastante responsabilidade em relação ao estado do seu reino, tendo
enviado Creonte ao oráculo de Delfos para descobrir informações sobre a peste.
Já a sua cegueira, como autopunição, representa o assumir de responsabilidade do
herói (Fialho, 2022), servindo também enquanto metáfora para o estado de negação, em
relação ao assassinato de Laio, que Édipo nos apresenta durante o decorrer da peça
(Fergusson, 2007).
Figura 3 - Édipo
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4.2. Creonte
Figura 4 - Creonte
4.3. Jocasta
Mãe biológica de Édipo que acaba por perder o contacto com o filho depois de
acreditar na sua morte.
Após ficar viúva de Laio, assassinado pelo próprio Édipo, acaba por se casar com o
filho, desconhecendo a sua verdadeira identidade, e gerando dele quatro filhos, Polinices,
Etéocles, Antígona e Ismena.
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4.4. Tirésias
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Figura 6 - Tirésias
Tirésias faz uso recorrente da ironia e do sarcasmo, dizendo que Édipo poderia
desconsiderá-lo, mas que, no entanto, aqueles que o geraram (referindo-se a Laio e a
Jocasta) lhe atribuíram sensatez e legitimidade e que Édipo, sendo aquele que resolveu o
enigma da Esfinge, não deveria ter qualquer dificuldade em decifrar as suas palavras
«enigmáticas e obscuras» (Fialho, 2022).
A cegueira de Tirésias, natural e literal, contrasta com a de Édipo no final da peça,
assim sendo, o profeta, apesar de cego, serve uma visão mântica da verdade.
4.5. Coro
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progresso dos seus problemas e reafirma o tema principal e os caminhos que a peça vai
tomando após cada diálogo.
O coro consiste de doze a quinze anciões tebanos, os líderes de Tebas, representando
a sociedade e as suas normas na Grécia Antiga. O teatro é a ágora de Tebas, assim sendo
o coro representa a cidade e a sua perspetiva e, por analogia, o público ateniense
(Fergusson, 2007).
5. Representação do rei
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Desta forma, a figura do rei na peça representa o herói que irá salvar a população das
pragas que assombram Tebas. Também o casal real deve representar fertilidade
influenciando as culturas e a produção da sua cidade. Neste caso, como o casal é
incestuoso, e, consequentemente considerado ilícito, os campos não são agraciados com
terras férteis, logo os infortúnios tebanos são fruto das ações inconscientes dos monarcas
(Asaad).
6. Representação da morte
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A morte de Laio, pai de Édipo, é o ponto de início do desenrolar da ação. Laio não é
uma personagem atuante pois quando a peça se inicia ele já se encontrava morto. A sua
morte ocorre numa encruzilhada e a escolha deste local representa «a centralização do
mundo» (Dias, Botton, 115) e a passagem desse mesmo mundo para outro. A morte desta
personagem mostra a impossibilidade humana de evitar o destino, visto que Laio tenta
contornar a profecia que lhe é feita ao abandonar Édipo à nascença, resultando,
inevitavelmente, no parricídio.
Além disso, a morte também é explorada na peça através do suicídio de Jocasta, uma
morte considerada «infame» e «suja » bem como não heroica, visto que esta última não
estava reservada às mulheres na tragédia grega (Dias, Botton, 117). Contudo existem
também diferenciações nas mortes reservadas às mulheres, havendo uma distinção
quando se aborda o suicídio de uma mãe, sendo mais comum «suicídio pela lâmina»
(Dias, Botton 117) visto estar relacionado com o parto, e o suicídio de uma jovem virgem,
ao qual é usualmente atribuído o enforcamento.
Desta forma, quando Jocasta se enforca, ela está a marcar uma posição. O
enforcamento associado à virgindade é observável em Antígona quando, no final da peça,
a jovem filha do casal incestuoso retira a própria vida utilizando este mesmo método.
Logo, segundo Haynes (2021), ao decidir morrer desta forma, Jocasta não está só a
colocar um fim à maldição da sua vida, mas também a mostrar o seu desejo de voltar atrás
no tempo, para uma época anterior ao seu casamento com Laio e à conceção de Édipo.
Ainda hoje conseguimos ter acesso ao legado deixado pela obra de Sófocles, desde o
seu papel no teatro, na literatura até à sua influência fundamental na psicanálise.
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O impacto literário foi, talvez, um dos maiores e aquele que a influência ainda é sentida
atualmente.
A criação de arquétipos que seguem sendo utilizados no mundo da ficção seja no
cinema, na televisão ou na literatura demonstram o nível do impacto cultural que esta
peça tem no mundo artístico.
O herói trágico, a profecia inescapável e o poder do sobrenatural são instrumentos
artísticos utilizados em várias obras que hoje são consideradas clássicas, mas que são
posteriores a esta peça.
Na área da psicologia, também encontramos uma clara inspiração. Sigmund Freud
aproveitou o mito para conceber e desenvolver uma das mais famosas teorias, a do
Complexo de Édipo.
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se no ato inconsciente de Édipo de contração de matrimónio com a própria mãe para dar
nome à sua teoria.
Conclusão
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Referências Bibliográficas
Beer, J. (2004). Sophocles and the Tragedy of Athenian Democracy. Londres: Praeger.
Botton, F. V., & Dias, L. L. (2009). Formas de Tânatos em Édipo Rei. Todas as Musas.
Haynes, N. (2021). Pandora's Jar: Women in the Greek Myths. Londres: Picador .
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