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IPH 212 B - Semestre Acadêmico 2023/01 Capítulo 7 Gino Gehling

7. ESTAÇÕES DE BOMBEAMENTO DE ESGOTOS


Vídeo: https://youtu.be/K94KWpBzrFQ (6:32)
O conteúdo deste capítulo será complementado por uma palestra, talvez por vídeo
conferência, a ser proferida por um fornecedor de bombas para água e esgotos. As
Estações de Bombeamento de Esgotos (EBE) também são referidas como ELE
(Elevatórias de Esgoto).

7.1 FINALIDADE DAS EBE

As EBE se destinam à elevação de esgotos de níveis baixos para níveis altos, de forma a
evitar o aprofundamento excessivo de tubulações, encaminhando esses efluentes para
cabeceiras de rede, onde o recobrimento é mínimo. Também são adotadas para reversão
de esgotos de uma bacia de contribuição para outra, para descarga em interceptores,
emissários, ETE ou em corpos receptores, quando não for possível utilizar apenas a
gravidade.

O esgoto que chega às EBE carreia muitos sólidos indesejáveis, indevidamente lançados
às redes de coleta de esgoto sanitário. Para evitar que estes causem danos aos
equipamentos, nos pontos em que o esgoto cai no poço da EBE, adotam-se cestos para
retenção de resíduos sólidos. Periodicamente equipes de manutenção devem proceder a
retirada dos resíduos retidos pelos cestos. Esta atividade, assim como aspectos relativos
ao funcionamento de EBE, você pode apreciar no vídeo 3D da empresa Águas Claras:
https://www.youtube.com/watch?v=BZvlxM7WaFw (2:15)

7.2 CÁLCULO DO VOLUME ÚTIL DO POÇO

De acordo com a P-NB-569, Anexo 1, o volume mínimo do poço de sucção deve ser:
QB  t
4
V
Onde:
V = volume útil do poço, em m3 (vol. entre níveis operacionais min. máx.)
QB = vazão da bomba, em m3/minuto;
t = intervalo de tempo entre duas partidas consecutivas de uma bomba, mínimo de
10 minutos (6 partidas por hora).

Adotando-se bombas com velocidade do rotor constante, que ainda são o tipo
predominante, para decidir o tempo “t” entre partidas consecutivas da mesma bomba,
recomenda-se consultar os fabricantes de equipamentos sobre o número máximo de
partidas por hora, qualquer que seja a potência do motor, a fim de estabelecer para o
projeto o tempo de ciclo “t”.

Substituindo os valores, considerando t = 10 min, resulta:


Q  t Q  10 min
V B  B  2,5 min  QB , para uma bomba operando
4 4

Se duas bombas puderem ser operadas alternadamente, resultará:


V  1,25 min  QB

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O tempo “t” resulta de duas parcelas: tp e tf, sendo:


tp = tempo de parada, ou necessário para o nível de água subir do mínimo de operação
até o nível máximo (bomba desligada):
V
tp  , onde Qa é vazão máxima afluente ao poço (m3/min);
Qa

tf = tempo de funcionamento, ou gasto para o nível de água descer desde o máximo até
o mínimo, quando desligará:
V
tf 
Q B  Qa
Assim:
V V
t 
Qa Q B  Qa

Exemplo: Dimensionar o volume do poço de sucção de uma estação elevatória de


esgotos, representada em perfil na Figura 7.1, sabendo que:
Qmáx= 80 L/s; Qmed = 44 l/s; Qmín = 22 L/s

A capacidade de bombeamento de cada bomba é de 100 L/s, sendo uma bomba


operativa e outra de reserva.

Figura 7.1: Perfil de uma EBE com bombas de poço úmido.

Solução:
a) Determinação do volume útil (“V” na Figura 7.1) do poço de sucção, para
funcionamento sempre da mesma bomba (adotando t = 10min para tempo de parada
entre 2 partidas sucessivas, ou ciclo de bombeamento):
V = 2,5 min . QB = 2,5 min . 0,100m3/s . 60s/min = 15 m3

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b) Determinação do volume útil do poço de sucção, para funcionamento alternado das


duas bombas:
V = 1,25min . QB = 1,25min . 0,100 m3/s. 60s/min = 7,5 m3

c) Verificação: nas demonstrações que seguem adota-se a convenção:


tf = tempo de funcionamento de uma bomba
tp = tempo de parada da bomba
t = tempo entre entradas em operação de uma mesma bomba

c.1) Para operação sempre da mesma bomba (Figura 7.2)


V 15
tp    3,125 min
Qa 0,080  60
V 15
tf    12,5 min
QB  Qa (0,100  0,080)  60

t = tp + tf = 3,125 + 12,5 = 15,625 min (ok)

Saiba que a situação com acionamento sempre da mesma bomba, sem alternância, é
algo superado. Esta situação existia quando para mudar a bomba a entrar em operação
era necessário que um operador acionasse uma chave. Alguns prédios de aprtamentos
antigos ainda mantém este sistema para elevar água do reservatório inferior para o
superior.

Figura 7.2: Situação operacional com acionamento sempre da mesma bomba.

c.2) Para operação alternada das duas bombas (Figura 7.3):


V 7,5
tp    1,56 min
Qa 0,080  60
V 7,5
tf    6,25 min
QB  Qa (0,100  0,080)  60

t = tp + tf =1,56+6,25 =7,81 min (tempo entre entradas em op. alternada das bombas)

Logo, os tempos de detenção máximos no poço serão:

● 15,625 minutos com operação sempre da mesma bomba, ou

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● 7,81 minutos com duas bombas operando de forma alternada. Já faz algum tempo
que a operação das bombas é feita de forma automatizada, com a alternância das
bombas, como na figura abaixo.

Figura 7.3: Situação com operação alternada de bombas.

Para entrada em operação sempre da mesma bomba, o tempo transcorrido será:

t = tf B1 + tp + tf B2 + tp

t = 6,25 + 1,56 + 6,25 + 1,56 = 15,62 min

Bombas de velocidade do rotor constante sofrem menos desgaste quando o tempo


parado de cada uma aumenta. Note na figura acima que o tempo parado (t) da bomba
B1 é:

t = tp + tf B2 + tp

t = 1,56 + 6,25 + 1,56 = 9,37 min

Com a operação sempre da mesma bomba o tempo parado da mesma era 1,56 min. Com
a operação alternada o tempo parado de cada bomba passa a ser 9,37 min

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