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MEDICINA TRADICIONAL
DOS ÍNDIOS FULNI-Ô (ÁGUAS BELAS – PE).
Alessandra Menezes Machado de Freitas1, Jemerson Caetano de Sá2 e Cláudio Galvão de Souza Júnior3
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1. Primeiro Autor é aluno matriculado no Curso de Licenciatura em Pedagogia da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Av. Bom Pastor, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55290-000. E-mail: alessanra.menezes.machado@hotmail.com
2. Segundo Autor é pós-graduando do Curso de Educação e Desenvolvimento Sustentável da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Av. Bom Pastor, s/n, Garanhuns, PE, CEP 55290-000.
3. Terceiro Autor é Professor Adjunto da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Bom Pastor, s/n,
Garanhuns, PE, CEP 55290-000.
contribuir para colaborar com os estudos históricos e ecologia, entre outros do gênero), acompanhada de
antropológicos assim como com a efetiva transmissão pesquisa de campo e análise de dados que visam à
de conhecimento entre as gerações da etnia no que diz preservação da cultura medicinal e do meio ambiente Fulni-
respeito às informações sobre a medicina tradicional da ô. Outrossim, realizou-se formação continuada com
cultura Fulni-ô. professores das Escolas Indígenas a fim de criar
alternativas de elaboração da “Cartilha Medicinal no
B. Onde
Idioma Nativo Yaathe”, planejamento para construção de
Os Fulni-ô habitam o interior do estado de um viveiro para produção de mudas de plantas medicinais
Pernambuco, no município de águas Belas, que é para uma proposta de “Programa de adoção de espécies
relativamente próximo à divisa com o estado de medicinais” com as crianças das escolas indígenas;
Alagoas. Águas Belas localiza-se entre as coordenadas divulgação de material de arborização com espécies nativas
9º 06’ 45’’ S e 37º 07’ 15’’ W, distando da Aldeia sede, e estudos a fim de construir um “Banco de
aproximadamente 315 km da capital pernambucana sementes das espécies da flora Fulni-ô”, na escola
tendo como vias de acesso as BR 232 e 423 [5]. Bilíngüe Antônio José Moreira, Aldeia Sede.
Posicionado na região do agreste meridional (transição
do agreste e sertão do Estado), este município faz parte
Resultados
da bacia hidrográfica do Rio Ipanema e apresenta um
Considerando os dados do levantamento geral, as 10
clima semi-árido quente e úmido, com temperatura
plantas nativas a seguir gozam de maior prestígio e
média de 25ºC e vegetação do tipo Caatinga [6]. O
importância na Mata do Ouricuri: aroeira, alecrim do mato,
município apresenta uma população de 35374
babão, catingueira, quixabeira, bom nome, juazeiro, jurema
habitantes em uma área total de 886 km2 [5]. O
(roxa e preta) imburana de cheiro e imburana de cambão.
Território indígena possui uma área de
Das plantas citadas, pelo menos a aroeira, o alecrim, a
aproximadamente 11500 ha e dista 500 metros do seu
jurema preta, o juazeiro e a quixabeira, foram consideradas
centro geográfico representado pela cidade de Águas
de alta prioridade de conservação local. Esse fato pode
Belas [6]. Atualmente a comunidade Fulni-ô é
sinalizar para um contexto favorável de conservação e
composta por 3665 pessoas na aldeia sede, 137 pessoas
sensibilização, uma vez que são plantas-chave no sistema
na aldeia Xixiakhlá e 517 pessoas desaldeiadas que
médico Fulni-ô;
moram na cidade de Águas Belas, em sítios ou na Serra
Os fortes sinais de extrativismo em duas das espécies de
do Comunati [1]. A área de estudo dista 60 km da
grande importância para os Fulni-ô, Myracrodruon
Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG), Extensão da
urundeuva (aroeira) e Sideroxylon obtusifolium (quixaba),
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
indicam que as duas devem receber atenção imediata em
C. Quem termos de planos de manejo, em especial a primeira por já
Foram atores do projeto: alunos dos cursos de aparentar comprometimentos ao nível populacional.
Licenciatura em Pedagogia e da Pós –Graduação em Houve grande envolvimento das crianças das escolas do
Educação e Desenvolvimento Sustentável da UAG aldeamento, que se mostraram interessadas em manter os
supra citados na autoria deste resumo assim como 326 conhecimentos do povo e a sua cultura.
representantes da etnia com idade superior a 15 anos,
incluindo os que sabidamente exercem a medicina Discussão
tradicional Funli-ô na comunidade. envolvendo os Considerando que foram abordadas questões importantes
adultos acima de 15 anos. Tal parcela da comunidade que podem estar ligadas aos segredos do grupo, suas
Fulni-ô corresponde a 2120 pessoas, sendo que 1004 representações, e que são guardadas com ciosidade, o
são homens e 1116 são mulheres, daí calculou-se a pesquisador nativo foi um elemento importante e facilitador
amostragem entrevistada (326 índios). Para coleta de do processo de “rapport”. Isto evitou que o pesquisador
informações referentes ao ponto de vista ambiental, não-índio, inexperiente na cultura, e muitas vezes ignorante
cultural e da continuidade dos conhecimentos dos sinais, tabus e códigos sociais, gerasse situações
tradicionais foi selecionado um grupo de 20 jovens embaraçosas que viessem a comprometer não só os
Fulni-ô, com idades entre 14 e 30 anos, onde se resultados da pesquisa como a sua própria aceitação na
procurou analisar dentre as espécies vegetais citadas comunidade , que se caracteriza pela manutenção de cultura
pela comunidade na pesquisa comunitária, quais as que e hábitos próprios. Observando o ponto de vista ambiental
tinham um maior valor cultural, onde os conhecimentos do povo Fulni-ô, os mesmos acham que há uma imediata
tradicionais estavam sendo repassados para utilização necessidade de preservação da mata, pois ela já se encontra
de sua terapêutica entre a comunidade e quais num estágio muito elevado de devastação;
mereciam ênfase de preservação dentro do território Do ponto de vista da continuidade dos conhecimentos
Fulni-ô. tradicionais, observa-se que há um contínuo repasse desses
conhecimentos, porém esse repasse encontra-se
comprometido, devido à forte influência não-índia;
D. Como
Dentre as ações foram realizadas Pesquisa por
entrevista, e por consulta bibliográfica (livros, revistas
e artigos que tratam sobre preservação ambiental, Agro
Agradecimentos
Em especial, agradecemos aos líderes comunitários
da Associação Cultural Indígena Fulni-ô (ACIF).
Referências
[1] BRASIL 2007. Fundação Nacional de Saúde - FUNASA.
Política Nacional de Atenção Básica – 3ª Ed. – Brasília:
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção à Saúde, 61p
[2] BRASIL 2002. Fundação Nacional de Saúde - FUNASA
Política Nacional de Atenção aos Povos Indígenas – 2ª Ed. –
Brasília: Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção à Saúde, 40p.
[3] ALBUQUERQUE, UP 2005. Etnobiologia e Biodiversidade –
Recife; NUPEEA/Sociedade Brasileira de Etnobiologia e
Etnoecologia,. 78p. – (Série Estudos e Debates)
[4] SILVA, VA; Andrade, LHC; Albuquerque, UP. 2006.
Revisiting the cultural significance index: the case of the
Fulni-ô in Northeastern Brazil. Field Methods, v. 18, p. 98-
108.
[5] CONDEPE/FIDEM (Agência Estadual de Planejamento e
Pesquisas de Pernambuco). 2006. Águas Belas: Perfil
Municipal. Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de
Pernambuco. Recife, PE.
[6] CONDEPE (Instituto de Planejamento de Pernambuco). 1981.
As comunidades indígenas de Pernambuco. Instituto de
Planejamento de Pernambuco, Recife, PE,