Série “Manso e Humilde”
Estudo 19: Rico em misericórdia
Efésios 2. 1 – 6
Ao falarmos sobre a misericórdia de Deus,
parece que estamos falando de algo extremamente
abstrato. Durantes muitos estudos, falamos sobre a
compaixão, o amor, a graça e misericórdia de Deus e
pode ter ficado a pergunta em sua mente:
O que isso quer dizer no meu desânimo diário?
Ou o que isso quer dizer no meu cansaço de viver uma
vida cristã? Ainda, o que isso quer dizer na minha
solidão das noites que ninguém vê? Ou o que isso
quer dizer na minha vida que está em pecado?
São perguntas necessárias para fazer com que
a misericórdia e o amor de Deus se tornem mais
concretos em nossa vida diária e o vejamos como rico
em misericórdia.
1. Efésios 2
Este é um capítulo icônico. Lembramos dele
com frequência, mas talvez não tenhamos notado a
grandeza da verdade contida nele. Os primeiros seis
versículos são um retrato importante para
entendimento da riqueza da misericórdia de Deus.
Os versículos 1 a 3 revelam o problema do
coração humano. Ele está morto sem Cristo. Os versos
5 e 6 apresentam a solução: Deus nos dá vida, em
Cristo. O verso 4 é como uma dobradiça que nos
revela a razão: estávamos mortos sem Cristo e porque
Deus é rico em misericórdia, ele nos deu vida.
Efésios 2 é o retrato da justiça de Deus, ele é
rigoroso, mas também é a revelação da
misericórdia transbordante. Isso significa que o amor
divino não é tolerância, longanimidade ou paciência. O
amor de Deus é imenso ao ponto de satisfazer sua
justiça com todo rigor e estabelecer misericórdia com
todo amor.
2. A necessidade da rica misericórdia
Não temos a compreensão clara e objetiva do
texto de Efésios 2. Talvez ele tenha se tornado um
texto que comumente lemos, sem dar a devida
atenção. Portanto, olhe para a beleza das palavras de
Paulo. Ele diz que Cristo não foi enviado para
endireitar pessoas machucadas, ou acordar quem
estava dormindo, ou para alertar desavisados, ou para
inspirar entediados, ou para tirar preguiçosos do lugar,
ou, por fim, educar ignorantes tão somente.
Jesus veio para dar vida aos mortos. Paulo não
tem problema nenhum em dizer e identificar o pecado
como morte. Totalmente diferente dos nossos dias que
mascaram o pecado com frases do tipo: “eu
escorreguei”, “não era o que eu queria fazer” ou “estou
lutando com isso”. Pecado não confessado é morte
espiritual e não traz vida.
Nisto, compreendemos a necessidade urgente
da rica misericórdia de Deus, pois o pecado não é um
lapso, mas é o total afastamento de Deus. Em outras
palavras, sem a misericórdia de Deus fazíamos a
vontade da nossa carne e gostávamos de fazê-la. Isso
vale para aqueles que dizem ter uma vida moralmente
correta também, pois podemos ser mortos imorais ou
morais. De uma forma ou de outra, sem Cristo,
estamos mortos.
3. A incorporação da rica misericórdia
A misericórdia de Deus se tornou uma Pessoa.
Como o apóstolo Paulo diz em Tt. 2. 11: “a graça de
Deus se manifestou”. Richard Sibbes, puritano inglês,
afirmou que “Cristo nada mais é que a pura graça
revestida de nossa natureza”. Jesus revela a
misericórdia de Deus em carne e osso. Em outras
palavras, se Cristo é vencedor e está livre de alguma
coisa, nós somos vencedores e estamos livres de todas
o as coisas.
Nossa segurança não está em algo passageiro
ou de fácil conquista. O amor de Deus manifestado em
Jesus é invencível, como diria Thomas Goodwin,
membro da Assembleia de Westminster. Isso resulta de
que o nosso pecado, apesar de ser sujo e ter grandes
danos, não pode vencer a misericórdia de Deus.
Creio que Dane Ortlund define isso de uma
maneira linda: “para você eu digo que a prova da
sua misericórdia de Cristo para com você não é a sua vida.
A prova da sua misericórdia para com você é a vida
dele – ele foi violentado, mal compreendido, traído e
abandonado, eternamente, no seu lugar”.
Para aplicar
O desânimo diário se desfaz diante da boa
notícia da misericórdia de Deus sobre a nossa vida.
Podemos até nos cansar, mas nunca desanimar,
porque sempre o poder salvador de Deus está sobre
nós.
Cansaço da vida cristã ou minha vida em
pecado possuem solução. Não é o fim. Não permita
que os seus olhos vejam apenas o pecado à sua frente,
como se ele fosse invencível, ele não é. O amor de
Deus é invencível e reconstrói as histórias mais
ultrajantes. Sempre é tempo de se arrepender.
Por fim, adore a Deus por sua rica misericórdia.
Se não fosse por ela, pela vontade soberana de Deus,
não haveria vida e comunhão com ele. Se há motivo
maior para adorar, continuar e perseverar, é Cristo e a
sua salvação. Deus, em Cristo, é a essência da
adoração.