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Elementos de Electrónica Industrial

Capítulo 3: Capacidade e Indutância

Ernesto Martins
evm@ua.pt
DETI (gab. 4.2.38)
Universidade de Aveiro

Elementos de Electrónica Industrial – 2022/2023

Sumário
 Redefinição de elemento activo e passivo;
 Condensador e capacidade;
 Resposta ao degrau do circuito RC;
 Bobina e indutância;
 Combinação de bobinas e combinação de condensadores.

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-2


Elementos de Electrónica Industrial – 2022/2023

Elementos activos e passivos

 A capacidade e a indutância são propriedades de dois


novos elementos de circuito: o condensador e a bobina,
respectivamente;

 Apesar de passivos, este dois elementos têm a


capacidade de armazenar e fornecer quantidades finitas
de energia, pelo que a sua introdução requer uma
definição mais rigorosa de elemento activo e passivo.

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-3

Elementos de Electrónica Industrial – 2022/2023

Elemento activo e passivo – NOVA DEFINIÇÃO

 Elemento activo – é capaz de fornecer uma potência


média > 0 durante um período de tempo infinito;

 Elemento passivo – não é capaz de fornecer uma


potência média > 0 durante um período de tempo infinito.

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-4


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Condensador

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-5

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Condensador fisico

 Constituído por duas superfícies condutoras paralelas separadas


por um isolador.

+
+q ++++++++++++++++++
___________________ v
q

 Quando submetido a uma tensão, v, o condensador carrega com


uma quantidade de carga, q, determinada pela sua capacidade, C.

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-6


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Condensador fisico

Dielétrico isolante com permitividade ε

Eléctrodo metálico
com área A

A
C 
d

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Condensador – modelo matemático


 A capacidade do condensador define-se como:

q
C i(t)
v +
1Coulomb / 1Volt  1 Farad v(t)
q(t) –

 Uma relação idêntica é:


Símbolo

dv
iC
dt

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Condensador – modelo matemático i(t)


+
dv v(t)
iC q(t) –
dt
Símbolo

 Desta relação podemos desde logo concluir que:


 Uma tensão constante aos terminais de um condensador
corresponde a uma corrente nula – o condensador é pois um
circuito aberto para DC;

 Uma variação brusca de tensão aos terminais de um condensador


requer uma corrente infinita. Como não temos nunca correntes
infinitas, segue-se daqui que um condensador não permite
variações bruscas de tensão.
E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-9

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Relação corrente-tensão
dv 1
iC  dv  idt
dt C
 Integrando ambos os lados da igualdade entre um instante inicial,
t0, e t, obtém-se

t
v (t )
1
t
1
t
1
 dv   idt  v (t )  v (t 0 )  t idt v(t )   idt  v(t0 )
v ( t0 )
C t0
C 0
C t0

 Em muitas situações pode seleccionar-se, t0= -  e v(-) = 0, o que reduz


o integral a

t
Note-se que todas estas relações
1 assumem a Convenção de Sinais de
v(t )   idt Elemento Passivo – a corrente entra
C  no condensador pelo terminal
marcado pela polaridade (+).
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Exemplo 1
Calcular a tensão no condensador, v(t), sabendo que v(t = 0) = -0.5V.

i(t), (A)
+
2
i(t) C=2F v(t)
0 1 2 t(s)
-2 –

 Consideremos primeiro o intervalo 0 a 1s:


t
1 1
t
v1 (t )   idt  v(0)   2dt  0.5
C0 20
v1 (t )  t  0.5 0  t 1
E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-11

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Exemplo 1
i(t), (A)
+
2
i(t) C=2F v(t)
0 1 2 t(s)
-2 –

… e agora o intervalo 1 a 2s:


t
1 1
t
1
v2 (t )   idt  v1 (1)    2 dt  0.5   2t  2   0.5
C1 21 2

v1 (1)  1  0.5  0.5V v2 (t )  t  1.5 1 t  2


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Exemplo 1
 Obtemos então
i, (A)

2
C=2F +
i(t) v(t)
0 1 2
– t(s)
-2

v, (V)
 0.5 t0
0 .5
t  0.5 0  t 1
v(t ) 
 t  1.5 1 t  2 0 1 2
t(s)
 0.5 t2  0.5

 v(1) é igual à área do primeiro rectângulo de corrente x 1/C mais v(0).

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i(t)
Energia armazenada num condensador
+
 A potência fornecida ao condensador é:
C v(t)
__
dv
p  vi  vC
dt
 Como p = dW/dt, a energia armazenada no campo eléctrico é:

dv v (t )
dw   pdt   vi dt  C  v
W (t )
dt  C v ( t )vdv
t
dw  pdt  
t t

W ( t0 ) t0 t0 t0 dt 0

v (t )
 v2  1
 
W (t )
W (t0 )dw  C  2   W (t )  W (t0 )  2 C v(t ) 2  v(t0 ) 2
v ( t0 )

 Se seleccionarmos t0 de forma a que a tensão 1


W (t )  Cv (t ) 2
e a energia sejam ambos zero: 2
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Condensador ideal – aspectos a reter


 Se a tensão aos terminais de um condensador não varia com o tempo,
então a corrente através dele é nula – o condensador é um circuito
aberto em DC;

 Uma quantidade finita de energia pode ser armazenada num


condensador mesmo quando i = 0;

 É impossível variar instantaneamente (i.e. em tempo zero) a tensão aos


terminais de um condensador pois isso requer uma corrente infinita;
Um condensador resiste a uma variação abrupta de tensão tal como
uma mola resiste a uma mudança brusca no deslocamento;

 Ao contrário da resistência, um condensador não dissipa energia;


apenas a armazena.

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-15

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Resposta ao degrau do circuito RC

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-16


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Resposta ao degrau do circuito RC


t=0
R i
 O fecho do interruptor gera uma
variação brusca da tensão no circuito +
RC: um degrau de tensão;
V vc C
__
 O condensador vai carregar
gradualmente de 0 até V volts.

dvc
Aplicando KVL : -V  Ri  vc  0 com iC
dt

 vc  V  RCdvc  V  vc dt 
dvc RC
dv  dt
RC
dt V  vc  c
vc ( t ) t
1
 RC 
0
V  vc
dvc   dt
0

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Resposta ao degrau do circuito RC

vc ( t ) t
1 1 1
RC 0
V  vc
dvc   dt
0
 a  bx b lna  bx 

  RC lnV  vc  0c
v (t )
t0
t

V  vc (t )
  RC ln V  vc (t )   ln V   t
t
 ln 
V RC
V  vc (t ) t
  e RC
V


vc (t )  V 1  e t   em que   RC
é a constante de tempo do circuito

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Resposta ao degrau do circuito RC


t=0
R i
 Também chamada de resposta transitória.

 
+
t 
vc (t )  V 1  e V vc C

  quantifica a velocidade do circuito a __

responder ao degrau;

 Para t =  a tensão no condensador está


a 63% do valor final. V vc (t )
t vc/V
0.63V
 0.632
2 0.865
3 0.950
4 0.982
5 0.993 0  t (s)

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-19

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Resposta ao degrau do circuito RC

 Mais genericamente, a variação da tensão num condensador pode ser


obtida por

vc (t )  Vcf  Vci  Vcf e t 


em que Vci – Tensão inicial no condensador (t = 0);
Vcf – Tensão final no condensador (t = ).

 Exemplo:
10

+
vc vc (t )  10e t 
__ 0.5
3.7

Vci = 10V; Vcf = 0V


0  t (s)
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Bobinas

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-21

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Bobina física

i
I

 Constituída por um certo


número de espiras de fio
condutor enroladas.

 Quando atravessada por uma corrente, i, a bobina produz um


campo magnético com intensidade de fluxo, Φ, determinada pela
sua indutância, L.

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-22


Elementos de Electrónica Industrial – 2022/2023

Bobina física

área A

N2A
L
h
N espiras
h
Expressão
aproximada, válida só
quando h >> diâmetro

Nucleo de permeabilidade 

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-23

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Bobina – modelo matemático


 A indutância da bobina define-se como:
i(t)
 +
L v(t)
i –
1Volt.1Segundo / 1Ampére  1 Henry
Símbolo

 Uma relação idêntica é:

di
vL
dt

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-24


Elementos de Electrónica Industrial – 2022/2023

Bobina – modelo matemático i(t)


+
v(t)
di
vL –
dt
Símbolo

 Desta relação podemos desde logo concluir que:


 Tensão é proporcional à taxa de variação da corrente;

 Se a corrente é constante a tensão é nula - bobina é um curto-


circuito para DC;

 Uma variação brusca de corrente requer tensão infinita. Como


não temos tensões infinitas, segue-se que uma bobina não permite
variações bruscas de corrente.
E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-25

Elementos de Electrónica Industrial – 2022/2023

Relação corrente-tensão
di 1
vL  di  vdt
dt L
 Integrando ambos os lados da igualdade entre um instante inicial,
t0, e t, obtém-se

t
i (t )
1
t 1
i (t )   vdt  i (t0 )
t
1
 di   vdt  i (t )  i (t0 )   vdt
i ( t0 )
L t0 L t0 L t0

 Em muitas situações pode seleccionar-se, t0 = -  e i(-) = 0, o que


reduz o integral a

t Note-se que todas estas relações


1
i (t )   vdt
assumem a Convenção de Sinais de
Elemento Passivo – a corrente entra
L  na bobina pelo terminal marcado pela
polaridade (+).
E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-26
Elementos de Electrónica Industrial – 2022/2023
i(t)
Exemplo 2
+
 Efeito da velocidade de 3H
v(t)
variação da corrente na i, (A)
__
tensão da bobina 1

-1 0 1 2 3 t(s)
 No intervalo -1 < t < 0 a tensão será:

di 1A
v1  L 3  3V v, (v)
dt 1s 3 v = 0 porque
i = constante

 No intervalo 2 < t < 3 a tensão será:


-1 0 1 2 3
t(s)
di - 1A
v2  L  3  3V
dt 1s -3

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i(t)
Exemplo 3
+
 Se a corrente variar mais rapidamente teremos 3H
v(t)
na bobina tensões de:
__

di 1A
v1  L 3  30V ; i, (A)
dt 0.1s
v2  30V 1

 É por este motivo que a abertura -1 0 1 2 3


-0.1 2.1 t(s)
de um interruptor num circuito
indutivo causa, em geral, o 30
v, (V)
aparecimento de um arco eléctrico
– devido à tensão elevada que
surge. -1 0 1 2 3
t(s)

-30
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Curiosidade
 O aparecimento de um tensão elevada devido à interrupção da corrente numa
bobina constitui o principio de funcionamento das lâmpadas fluorescentes:

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-29

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i(t)
Energia armazenada numa bobina +
 A potência fornecida à bobina é: L
v(t)
di
p  vi  L i __
dt
 Como p=dW/dt, a energia armazenada no campo magnético é:
W (t ) t t di i (t )
dw  pdt   dw   pdt  L  i dt  L  idi
W ( t0 ) t0 t0 dt i ( t0 )

i (t )
W (t )  i2 
W (t0 )dw  L 2 
i ( t0 )

W (t )  W (t0 ) 
1
2

L i (t ) 2  i (t0 ) 2 
 Se selecionarmos t0 de forma a que a corrente 1
e a energia sejam ambos zero:
W (t )  Li (t ) 2
2
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Bobina ideal – aspectos a reter

 A tensão aos terminais duma bobina é zero se a corrente que a atrave-


ssa não varia com o tempo – a bobina é um curto-circuito em DC;

 Uma quantidade finita de energia pode ser armazenada numa bobina


mesmo quando v = 0 (i.e. a corrente é constante);

 É impossível variar instantaneamente (i.e. em tempo zero) a corrente


aos terminais de uma bobina pois isso requer uma tensão infinita;
Uma bobina resiste a uma variação abrupta de corrente assim como
uma massa resiste a uma mudança brusca na velocidade;

 Ao contrário da resistência, uma bobina não dissipa energia; apenas a


armazena.

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-31

Elementos de Electrónica Industrial – 2022/2023

Combinação de bobinas e condensadores

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-32


Elementos de Electrónica Industrial – 2022/2023

Combinações de bobinas
Bobinas em série

Leq  L1  L2  L3  ...  LN

1 1 1 1 1
Bobinas em paralelo     ... 
Leq L1 L2 L3 LN
Nota: Para N=2 a indutância
equivalente é dada por:

L1.L2
Leq 2 
L1  L2
E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-33

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Combinações de condensadores
Condensadores em série
1 1 1 1
   ... 
Ceq C1 C2 CN

Nota: Para N=2 a capacidade


equivalente é dada por:

C1.C2
Ceq 2 
C1  C2
Condensadores em paralelo

Ceq  C1  C2  ...  C N

E. Martins, DETI Universidade de Aveiro 3-34

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