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DÍODOS
CAPÍTULO 3
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ELECTRÓNICA I - DÍODOS
DEEC - FCTUC
Considerações gerais
O díodo constitui o elemento de circuito não-linear mais simples.
Tal como uma resistência, o díodo tem dois terminais; contudo, ao contrário da
resistência que tem uma relação linear entre a corrente que a percorre e a tensão aos
seus terminais, o díodo tem uma característica i-v não-linear.
Das muitas aplicações dos díodos, o seu uso no projecto
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O DÍODO IDEAL
O díodo ideal pode ser considerado o mais básico elemento não linear.
Símbolo
Corte ou
Díodo inversamente polarizado
Condução
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O DÍODO IDEAL
Da descrição anterior deve concluir-se que, quando o díodo está em condução, o circuito externo
deve ser projectado para limitar a corrente do díodo, e quando está em corte, para limitar a tensão
inversa do díodo. A fig. 2 mostra dois circuitos que ilustram este ponto.
V 10 Díodo em corte
i= = = 10mA
R 1k
i=0A
Fig. 2
NOTA:
Como, certamente, já se tornou evidente, a característica i-v do díodo ideal é altamente não linear,
pois consiste de dois segmentos de recta perpendiculares entre si. Uma curva não linear que
consiste de segmentos de recta diz-se que é de segmentos (tramos) lineares.
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Uma aplicação fundamental do díodo, que faz uso da sua característica não linear, é o circuito
rectificador. Admitamos que o díodo é ideal e que a tensão de entrada vI é uma sinusóide (ver fig.3b).
Fig. 3
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EXEMPLO
Resposta
Resposta
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EXERCÍCIO (CONT.)
Para o circuito da figura 3a, determine o valor de pico da corrente iD assumindo vI = 10 V e R = 1kΩ.
Determine, também, a componente dc de vo.
EXEMPLO
A figura 4 ilustra um circuito para carregar uma bateria de 12 V. Se vs é uma sinusóide com 24 V de
valor de pico, determine (a) a fracção de cada ciclo em que o díodo conduz. (b) determine o valor de
pico da corrente e (c) a tensão máxima de polarização inversa que surge aos terminais do díodo.
a)
v (t ) = Vm sin (ωt + φ )
φ = 30º
Fig.4 φ
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EXEMPLO (CONT.)
24 − 12
b) ID = = 0.12 A
100
c) - v +
Dr
vDr = 24+12 = 36 V
-
+
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Pode-se usar díodos e resistências para implementar funções lógicas digitais. As fig. 5(a-b)
mostram duas portas lógicas com díodos.
Discussão
Para ver como estes circuitos funcionam, consideremos
um sistema de lógica positiva em que valores da tensão
próximos de zero correspondem ao valor lógico 0 e
valores da tensão próximos de +5 V correspondem ao
valor lógico 1.
O circuito da fig. 5(a) tem três entradas, vA, vB e vC. É fácil
ver que díodos ligados a entradas de +5 V conduzirão,
impondo, assim, para vY um valor igual a +5 V. Esta tensão
positiva na saída manterá os díodos cuja tensão de
A entrada é baixa (cerca de 0 V) em corte. Assim, a saída
B Y será 1 se uma ou mais entradas forem 1 e, portanto, o
C
circuito implementa a função lógica OR, que em notação
booleana se exprime por,
Fig. 5
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Analogamente, o circuito da fig. 5(b), como facilmente se mostra, implementa a função lógica AND,
Y=A.B
Fig. 5
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Fig. 6
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VB = 0 e V = 0
I = 1 mA
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VB = 0 e V = 0
I = – 1 mA.
impossível
A suposição inicial está incorreta.
Correcta
Solução:
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O estudo seguinte refere-se às características dos díodos reais - especificamente, díodos de junção
de semicondutor, feitos de silício. Os processos físicos que explicam as características terminais dos
díodos e o nome “díodo de junção”, serão estudados no final do capítulo.
Fig. 6
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A figura 7 representa a mesma característica da fig. 6 com algumas escalas expandidas e outras
comprimidas para pôr em evidência alguns pormenores.
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Fig. 7
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(
i = I s e v / nVT − 1 )
À temperatura ambiente (20°C) o valor de VT é 25,2 mV.
Em cálculos aproximados, tomaremos VT ≅ 25 mV à temperatura ambiente.
A constante n tem um valor entre 1 e 2, dependendo do material e da estrutura
física do díodo.
Díodos realizados pelo processo normal de fabrico de circuitos integrados têm n= 1
em condições normais de funcionamento.
Díodos discretos, normalmente têm n = 2.
Em geral assume-se n =1, quando nada é especificado em contrário.
i
i ≅ Is e v / nVT
⇒ v ≅ nVT ln
Is
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I1 = I s eV1 / nVT
Analogamente, se a tensão for V2, a corrente do díodo I2 será:
I 2 = I s eV2 / nVT
Estas duas equações podem ser combinadas, resultando:
I2 I
= e (V −V ) / nV
2 1 T ou V2 − V1 = nVT ln 2 ou na forma de logaritmo base 10
I1 I1
I
V2 − V1 = 2.3 n VT log 2
I1
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I
V2 − V1 = 2.3 n VT log 2
I1
Esta equação estabelece, simplesmente, que para uma variação de uma década
(factor de 10) na corrente, a queda de tensão no díodo varia de 2.3nVT, que é,
aproximadamente, 60 mV para n = 1 e 120 mV para n = 2.
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Díodos com diferentes correntes nominais de operação (ou seja, com áreas
diferentes e, consequentemente, IS diferentes), exibem esta queda de 0.7V.
Por exemplo
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EXEMPLO
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De acordo com
(
i = I s e v / nVT − 1 )
Se v < 0 e é diversas vezes maior do que VT em amplitude ⇒ o termo
exponencial da expressão da corrente no díodo torna-se desprezável ⇒ i ≈ – IS : a
corrente de polarização inversa é constante e igual a IS.
Em díodos reais: a corrente inversa >> IS . Por exemplo, um díodo cujo Is seja da
ordem de 10-14 a 10-15 A, pode apresentar uma corrente inversa de 1nA.
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Fig. 9
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Considere-se o circuito da fig. 10, que consiste de uma fonte contínua VDD, uma
resistência R e um díodo.
Objectivo: cálculo da corrente ID e da tensão VD do díodo.
I D = I S eV D / nVT
(1)
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Fig. 11
I D = I S eV D / nVT
Ponto de operação
Q
Recta de carga
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Resolução 1ª Iteração
Usa-se, agora, a equação do díodo para obter uma melhor estimativa para VD,
na forma:
I
V2 − V1 = 2.3 n VT log 2 Para este caso: 2.3 n VT = 0.1 V
I1
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Assim,
2ª Iteração
Assim, a segunda iteração conduz a ID = 4,237 mA e VD = 0,762 V. Uma vez que estes valores não são
muito diferentes dos valores obtidos após a primeira iteração, não se justifica continuar, pelo que a
solução será ID = 4,237 mA e VD = 0,762 V.
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(3)
Característica Recta B
exponencial
Valores aproximados
Recta A
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O modelo de rectas lineares descrito pelas Eqs. (3) pode ser representado pelo
circuito equivalente da fig. 13. Note-se que se incluiu um díodo ideal para impor que
a corrente iD flua apenas no sentido directo.
Fig. 13
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EXEMPLO 3.5
Repita-se o exemplo 3.4 utilizando o modelo de rectas lineares cujos parâmetros são
dados na fig. 12 (VD0 = 0,65 V, rD = 20 Ω). Note-se que as características
representadas nesta figura são as do díodo descrito nesse exemplo (1 mA a 0,7 V e
0,1 V/década).
Substituindo o díodo do circuito da fig. 10 pelo modelo equivalente da fig. 13, resulta
o circuito da fig. 14, do qual resulta para ID a seguinte expressão:
Fig. 14
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que não é muito diferente dos valores obtidos com os modelos mais elaborados.
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Projecte o circuito mostrado, por forma a proporcional uma tensão de saída de 2.4 V.
Assuma que os díodos possuem uma queda de tensão de 0.7 V a 1mA e que
∆V=0.1V/década de variação da corrente.
Solução: R ≅ 760 Ω
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Procedimentos
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Sinal triangular
Tensão no díodo = VD
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ou
iD (t ) = I S eVD / nVT e vd / nVT iD (t ) = I D e vd / nVT (4)
n VT
rd = resistência para pequenos sinais, rd
ID
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EXEMPLO 3.6
(a)
Considerando apenas valores dc e admitindo que VD=0,7 V.
≅ 1 mA VD = 0.7 V
Ponto de operação
n VT
rd =
ID
rd 0.0538
vd = Vs =1 = 5.35mV
R + rd 10 + 0.0538
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regulação de tensão
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Considere o seguinte circuito, constituído por três díodos, para providenciar uma
tensão de 2.1 V.
Determine a variação, em percentagem, desta tensão regulada devido a:
(a) Uma variação de ±10% na tensão da fonte.
(b) Ligação de uma carga de 1kΩ
Assuma n=2.
SOLUÇÃO: (a)
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n VT Para n=2
rd =
ID
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Símbolo
A corrente flúi do cátodo para o ânodo e o cátodo é positivo em
relação ao ânodo.
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Exemplo.
Um zener de 6,8 V, 0,5 W pode funcionar em segurança com correntes até um
máximo de 70 mA.
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Modelização
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Modelização EXEMPLO
Determine:
a) Cálculo de VZO.
5 mA
6.8 V 20 Ω
VZO = 6.7V
Assim,
Regulação de linha
(c) Quando se liga uma resistência de carga que é percorrida por uma corrente de
1 mA, a corrente no Zener decresce desse valor. A correspondente variação da
Tensão no Zener é:
∆V0
∆VO= rz ∆Iz = 20 x (-1m) = - 20 mV Regulação de carga ≡ = −20 mV/mA
∆I L
Com a carga ligada, a corrente de carga será aproximadamente 6,8/2 k = 3,4 mA.
Assim, a variação da corrente do zener será ΔIZ=-3,4 mA e a correspondente
variação na tensão do zener, será:
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e) RL = 0,5 kΩ.
A corrente na carga seria 6,8/0,5 k = 13,6 mA.
Isto não é possível. A corrente I através de R é apenas 6,35 mA (para
V+=10 V). Isto é, o facto de a carga pedir uma corrente superior à que o
circuito pode fornecer, é indicador de que o zener deve estar em corte.
Admitindo que assim é. Então VO é determinada pelo divisor formado
por RL e R, i.e.,
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Para que o zener esteja no limiar da região de ruptura, i.e. IZ = IZK = 0,2 mA e VZ ≅
VZK ≅ 6,7 V. Neste ponto, a corrente fornecida através de R é (9 - 6,7)/0,5k = 4,6
mA, pelo que a corrente na carga não pode exceder 4,6m-0,2m =4,4 mA. O
correspondente valor de RL é,
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Efeito da temperatura
O valor do TC depende da tensão de Zener e, para um dado díodo, varia com a corrente do
Uma técnica habitualmente usada para obter uma referência de tensão com baixo coeficiente
díodo em condução directa. Uma vez que o díodo em condução directa tem uma queda de tensão
≅ 0,7 V e um TC de cerca de -2 mV/°C, a combinação série dos dois permitirá obter uma tensão
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