O texto “A etnografia das ciências” me surpreendeu muito, pois pela
primeira vez no curso de ciências sociais não estamos vendo a etnografia de uma tribo exótica (como o autor mesmo diz que iria estudar os cientistas e o laboratório como se fosse uma), mas de um espaço que é nosso e que se mostra tão pouco estudado. Esse é um ponto levantado pelo autor e que me chama atenção especialmente nesse momento de pandemia, onde viagens e estudos estão sendo mais limitados – ou, em alguns casos, apenas diferentes - e onde espaços de convivência (entre amigos, famílias, outros.) se tornam também espaços de confinamento. Como certas dinâmicas de relacionamento e construções podem ser transformadas?
De volta ao texto, gostaria de falar também de algo que Latour e
Woolgar chamam atenção: na literatura sobre as instituições científicas, a evolução das disciplinas, a sua psicologia e a concorrência entre os pesquisadores, não há a união entre contexto social-histórico e descoberta científica. Os autores, então, falam de David Bloor e que de acordo com ele, nenhum estudo poderia merecer o nome de sociologia ou de história das ciências caso não levasse em conta tanto o contexto social quanto o conteúdo científico, e isso também nas ciências teóricas, como a matemática (Bloor, 1978), o que implica que as explicações de desdobramento científico devem ser simétricas. Esse conceito de simetria é algo que eu gostaria que fosse mais desenvolvido em aula, pois não tenho certeza de que o compreendi direito, achei por um momento que se referia ao não isolamento da dimensão cognitiva e os fatores sociais, porém o autor fala sobre o tratamento de vencidos e vencedores da história da ciência e como ele deve ser simétrico. Estaria errado, portanto, a minha primeira compreensão? E ademais, como seria feito esse tratamento simétrico nos trabalhos?
No mais, é incrível a ideia de utilizar métodos etnográficos de descrição
densa e observação em um laboratório que está desenvolvendo uma pesquisa científica, colocando em cheque objetos que muitas vezes temos como pressupostos, mas que na verdade são construídos socialmente.