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COMENTÁRIOS E PERGUNTAS DA UNIDADE 5 – CIÊNCIA

Camila de Souza Costa

O texto “A etnografia das ciências” me surpreendeu muito, pois pela


primeira vez no curso de ciências sociais não estamos vendo a etnografia de
uma tribo exótica (como o autor mesmo diz que iria estudar os cientistas e o
laboratório como se fosse uma), mas de um espaço que é nosso e que se
mostra tão pouco estudado. Esse é um ponto levantado pelo autor e que me
chama atenção especialmente nesse momento de pandemia, onde viagens e
estudos estão sendo mais limitados – ou, em alguns casos, apenas diferentes -
e onde espaços de convivência (entre amigos, famílias, outros.) se tornam
também espaços de confinamento. Como certas dinâmicas de relacionamento
e construções podem ser transformadas?

De volta ao texto, gostaria de falar também de algo que Latour e


Woolgar chamam atenção: na literatura sobre as instituições científicas, a
evolução das disciplinas, a sua psicologia e a concorrência entre os
pesquisadores, não há a união entre contexto social-histórico e descoberta
científica. Os autores, então, falam de David Bloor e que de acordo com ele,
nenhum estudo poderia merecer o nome de sociologia ou de história das
ciências caso não levasse em conta tanto o contexto social quanto o conteúdo
científico, e isso também nas ciências teóricas, como a matemática (Bloor,
1978), o que implica que as explicações de desdobramento científico devem
ser simétricas. Esse conceito de simetria é algo que eu gostaria que fosse mais
desenvolvido em aula, pois não tenho certeza de que o compreendi direito,
achei por um momento que se referia ao não isolamento da dimensão cognitiva
e os fatores sociais, porém o autor fala sobre o tratamento de vencidos e
vencedores da história da ciência e como ele deve ser simétrico. Estaria
errado, portanto, a minha primeira compreensão? E ademais, como seria feito
esse tratamento simétrico nos trabalhos?

No mais, é incrível a ideia de utilizar métodos etnográficos de descrição


densa e observação em um laboratório que está desenvolvendo uma pesquisa
científica, colocando em cheque objetos que muitas vezes temos como
pressupostos, mas que na verdade são construídos socialmente.

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