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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes

Departamento de Antropologia

Discente: José Rolfran de Souza Tavares

Professor: Jean Segata

Teoria Antropológica II

O ENCONTRO DO MITO E DA CIÊNCIA

Este trabalho tratasse de uma resenha descritiva sobre o capítulo “O Encontro


do Mito e da Ciência”, presente no livro “Mito e Significa”, publicado em Lisboa a
septuagésima edição no ano 2000, de autoria de um dos antropólogos mais
renomado da história e considerado o pai da corrente estruturalista, o francês
Claude Lévi-Strauss.

Neste trabalho o autor tenta elucidar os paradigmas da ciência ocidental que,


aproximadamente durante os séculos XVII e XVIII, cristalizou a idéia da separação
entre pensamento mítico e científico.

Logo nas primeiras linhas do seu trabalho o antropólogo reafirma o seu lugar
de homem da ciência, porém destacando que tal colocação não o faz alienasse a
ponto de querer se limitar nesse espaço, então ele começa a questionar as rupturas
que existem entre o conhecimento da lógica do concreto e a ciência.

Fazendo um resgate do debate já em voga na idade clássica (mas pra o autor


ainda muito atual), Levi-Strauss procura um meio intermediário entre a discussão de
empiristas e racionalistas. Em um dos exemplos mais emblemáticos deste texto ele
questiona como seria dada/gerada a percepção das formas, observando que: na
história da ciência o assunto é polarizado entre os que acreditam que os seres
humanos são tabuas rasas que assimilam e relacionam os objetos, versus os que
acham que tudo já está feito em um plano ideal e o que acontece é uma
sobreposição das idéias sobre a matéria para produzir cópias similares, ele começa
a problematizar usando como exemplo as últimas pesquisas da área de
neurofisiologia, nisto indaga como as diferentes culturas educam a visão dos seus
membros para se sensibilizarem a certos traços que acham mais relevantes,
fazendo com que seu sistema nervoso se construa para determinados fins. Tal
assimetria põe em descompasso a rigidez das leis científica e com isso o capítulo
mostra mais evidentemente os sinais que o autor enxergar como a falência da
dicotomia: experiência sensível X ciência.

Entendendo que o meio científico estabelece um conjunto de leis que precisa


de códigos para ser compreendido, Lévi-Strauss começa a desenvolver sua tese
relacionando este campo e seus signos com uma comunidade e a sua língua nativa,
nisto ele coloca o desafio da ciência romper com sua caixa dizendo que para que se
haja aproximação de povos diferentes é necessário um trabalho de tradução,
trabalho este que exige uma descodificação do dialeto do grupo que se quer
entender e para isto é preciso que se entenda a realidade na qual aqueles signos
linguísticos fazem sentido, sendo assim seria preciso que o meio científico para
dialogar com o tido como mito aceitasse se dá a aproximação tradutora de ir além da
mera ressignificação de códigos (já que para determinadas lógicas certos códigos
não têm logos), mas ao alargamento de horizontes.

Finalizando o texto, dá para se entender que o autor sugere que o papel da


antropologia é conciliar as diferentes lógicas de sentido – já que para ele o caos é
uma possibilidade remota – nos pontos que elas podem convergir. Seguindo essa
linha, ele conclui dizendo que houve um divorcio, em certo tempo necessário, entre
a ciência e a lógica do concreto, porém entendendo que ambas as áreas possuem
ordens uteis, essa separação já pode ser abolida.

É possível notar a importância deste trabalho para antropologia centrando a


atenção na discussão principal que visa o rompimento de um paradigma até hoje
muito discutido, já que as discussões sobre o limite da ciência e do “conhecimento
popular” ainda são pauta de inúmeros trabalhos acadêmicos e congressos que
visam problematizar essas fronteiras. Tal debate também tem fortes adornos
políticos, já que essa discussão é muito apropriada para certos grupos de interesse
que querem legitimar seu domínio através da sectarização e hierarquização do
conhecimento, sendo assim tencionar sobre essas questões também tornasse
necessário para se pensar holisticamente.

Referencias:

LÉVI-STRAUSS, Claude. “O Encontro do Mito e da


Ciência” In: ______. Mito e Significado. Lisboa: Edições 70, 2000, p. 10-17.

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