Você está na página 1de 6

Latour – Vida de Laboratório (1979!!!!!

) (mais de 40 anos, ANTES DA MAIORIA NASCER)

1) Pra Isabel:
A gente SÓ aprende por meio das leituras? A gente APRENDE por meio das leituras? (Ex.: eu
voltando ao texto do Bourdieu, querendo saber quem era o Antropólogo Marc Augé de não-lugares,
refazer trajetórias; como o fichamento já poderia ser pensado relacionando com nossos temas...) O
tempo e a produtividade a custa da singularidade (crianças).

CAPÍTULO 1 - A ETNOGRAFIA DAS CIÊNCIAS :.


“Dir-se-ia que 0 trabalho de todos eles e guiado por um campo invisível”
**O que isso tem a ver com automatização e falta de reflexão sobre a prática?

“Eles estudavam outras culturas e outras praticas com urn respeito meticuloso.
mas com urn fundo de ciência.”
** Lembrei do Feyerabend e dessa demarcação entre ciência e pseudociência ou ciência menor.

“Jean Rivier, recebe-me de bra90S abertos e, em seguida, me introduz


aos livras de contabilidade do grupo: cillculos de credito, quem deve
quanta a quem; quem e 0 melhor; quem e 0 mais citado: quem rouball a ideia de quem; quanta
custara a proxima experiência. Achei que estava na Bolsa.”
** Artigo Maturana (competição e patriarcado) e Bourdieu: campo científico – como campo de
batalha.

“Era neles, e nao nos ratos, que se faziam experiencias sobre hormonios.”

“estudam a sociabilidade dos habitantes, mas nao ana-


lisam as coisas feitas pelos urbanistas, pelos engenheiros do metro
ou pela camara municipal; quando penetram de salto alto em uma
fabrica, estudam os openirios, que ainda se parecem urn pOlleD corn
os pobres ex6ticos e mudos que os etn6logos tern 0 habito de sufo-
car sob seus comentarios, mas nao as engenheiros e os patroes.(…) Ciencia da periferia, a
antropologia nao sabe voltar-se
para 0 centro. 2”
** Lembrei de Machado de Assis

“Uma socio10gia dos saberes superpoe-se, mistura-se a uma epistemologia.”

IDEIAS::::
Pensar a etnografia da vida acadêmica a partir das aulas. Flavya e a escrita objetiva, sua surpresa qd
falei de autocuidado no cronograma, o episódio do conceito no meio do semestre, a parcialidade do
lugar de doutoranda, Isabel e as trezentas páginas em duas semanas que são moleza (20 horas de
dedicação hein!), como se fazer doutorado fosse somente leituras (ué, não é?). E a reflexão sobre as
leituras? E os descaminhos? E a revisão de artigos? E a escrita? E os eventos? E a vida refletida?
Produtividade, competição. A quantidade que quase sempre sacrifica a qualidade (desde a infância).
A gente não lê e não precisa dizer isso pra eles. Isso é “coisa de aluno” ou “coisa de professor”?????
A gente faz assim: formula as perguntas que queremos que os outros grupos façam pra gente. Isso é
sobrevivencia. É o funcionamento do possível diante da dança das exigências do doutorado com as
exigências da vida. Esgarçamento. (relatos do mestrado: Aline, Bruno). Oralituras das aulas. Análise
dos discursos (mesclar com Letras). Como eu sou inconveniente pra quem só quer passar. Sentidos.
A maternidade aí (no mestrado ainda dava tempo de participar de congressos, agora com duas
filhas...)
“Quantos etnólogos interrogam as pessoas que sao mais for-
tes, mais falantes, mais ricas e mais influentes em seu proprio mundo
universitário?”

“Fazer sociologia para compreender por que os franceses acreditam na astrologia, mas não para
compreender por que eles acreditam na astronomia, isso e assimétrico. (...) Ou bem e possível fazer
uma antropologia do verdadeiro, assim como do falso, do cientifico, como do pré-científico
(pseudociência), do central, como do periférico, do presente, como do passado, ou então é
absolutamente inútil dedicar-se a antropologia, que nunca passaria de um meio perverso de
desprezar os vencidos, dando a impressão de respeitá-los, como o mui ilustre O pensamento
selvagem, de Levi-Strauss (1962).” (p. 23).
EUROCENTRISMO não questionado como uma cosmogonia possível.

tratar igualmente e nos mesmos termos a natureza e a sociedade.

O ESPECIALISTA E O ETNÓGRAFO:
Essa ideia de que um bacharel em ciências exatas pode falar com maior intimidade
sobre o mundo da pesquisa do que um observador que nele se imiscuiu durante vários
anos é claramente um preconceito que derrubamos sem o menor pesar. (Latour e
Woolgar 1997:27)

SIMETRIA como BASE MORAL

A acusação de relativismo ou de autocontradição só é pesada para aqueles que acham que a verdade
se enfraquece quando dela se faz uma construção ou um relato. Nós, que só buscamos os materiais
dessa construção e a natureza dos relatos, consideramo-nos em igualdade de condições com
aqueles que estudamos.

Bachelard nao cessava de ridicularizar os pseudo-sábios do seculo XVll~ para opo-los a ciência
correta,

O TERRITÓRIO E A REDE

CARTOGRAFIA
O leitor deve apreender o conteúdo e o contexto no mesmo movimento. Como o próprio etnógrafo,
ele deve penetrar às apalpadelas na selva dos fatos, sem possuir mapa ou bússola. (Latour e
Woolgar 1997:34)

CAPÍTULO 2 – VISITA DE UM ANTROPÓLOGO AO LABORATÓRIO

“Por que razao os animais forammortos? Qual a relação entre a utilizaçao desses maleriais e a
alividade de escrever??”
** Desvalorizaçao do trabalho prático (técnico) em relação ao acadêmico (“doutores”, escrever
artigos e publicar) e uma certa alienação.

O laboratório aparece como um sistema de inscriçao literaria cuja finalidade é convencer que um
enunciado é um fato. E um fato é que o que se escreve em um artigo.
Assim, oculta-se a sua construção social e a historia dessa construção.

A MESA:
Como eixo central, uma vez que é sobre ela que se fabricam novos esboços de artigos.

INSCRITORES:
Construiu-se, com a ajuda dos inscritores, uma realidade artificial, da qual os atores falam como
se fosse uma entidade objetiva. Essa realidade, que Bachelard (1953) chama de “fenômenotécnica”,
toma a aparência do fenômeno no próprio processo de sua construção pelas técnicas materiais.
(Latour e Woolgar 1997:61)

“Inscriçao”: A escrita não era tanto urn metodo de transferencia de


informa9ao, mas urna opera9ao material de cria9ao da ordem.

MITOLOGIA:
O termo “mitologia” não tem qualquer conotação pejorativa. Cumpre entendê-lo como
um quadro de referência no sentido amplo, no interior do qual se podem localizar as
atividades e as práticas de uma cultura particular (Barthes, 1957). (Latour e Woolgar
1997:48)

* FEYERABEND e conto de fadas.

OBJETO e OBJETIVIDADE no LABORATÓRIO:


Utiliza-se aqui a noção de “objeto” porque ela tem uma raiz comum com a
“objetividade”. O fato de que um enunciado dado seja objetivo ou subjetivo não pode
ser determinado fora do contexto do laboratório. Este trabalho tem exatamente por
finalidade construir um objeto sobre o qual se pode afirmar que existe além de qualquer
subjetividade (ver capítulo 4). Como diz Bachelard, “a ciência não é objetiva, ela é
projetiva”. (Latour e Woolgar 1997:87 nota 20)

https://www.laspa.slg.br/2021/04/16/a-vida-de-laboratorio-latour-e-woolgar-1997-1988/

CAPÍTULO 3 - A CONSTRUÇAO DE UM FATO: o CASO DO TRF (H)

como urn fato adquire uma qualidade que


acaba por faze-Io escapar as explica,oes sociologicas e historicas.

a estabilização de um fato "duro" , de um enunciado.

Urn fato ereconhecido enquanto tal quando perde todos os seus


atributos ternporais e integra-se em urn vasto conjunto de CONHECIMENTO.

uma vez que se es-


colheu uma estrutura purificada e apenas uma unica entre todas as estruturas igualmente
prováveis, produziu-se uma transforma9ilo decisiva
na natureza do objeto construído.

Frações impuras, problemáticas (as que só eram ativas durante os testes, incomodas e nilo
confiáveis).
*** O NOVO de Bacon. Os casos particulares que fogem às NOÇÕES HABITUAIS.

TRF: tem umespectro “similar a” Pyro-Glu-His-Pro-NH2, Os atores passaram a dizer, desse


momento em diante, que o TRF é Pyro-Glu-His-Pro-NH2.

Capítulo 4 - MICRO-SOCIOLOGIA DOS FATOS

paradoxo contido na noção de fato

É pouco verossímil que os leitores - e sobretudo os cientistas em atividade - adotem por muito
tempo 0 ponto de vista de que os
fatos são socialmente construidos. Eles terao pressa em voltar para a
conceplYao de que os fatos existem e que seu oflcio consiste precisa-
mente em revelar a existencia deles.
Nao basta mostrar
que algo é uma ilusao, como aconselhava Kant. É preciso tambem compreender por que a ilusao é
necessária.

FATOS e ARTEFATOS:
Os fatos e os artefatos não correspondem a enunciados respectivamente verdadeiros e
falsos. Os enunciados situam-se sobre um continuum em que sua posição depende do
grau em que eles apelam para as condições de sua construção. Não queremos dizer que
os fatos não são reais ou que eles são puramente artificiais. Não afirmamos apenas que
os fatos são socialmente construídos. Queremos mostrar também que o processo de
construção põe em jogo a utilização de certos dispositivos pelos quais fica muito difícil
detectar qualquer traço de sua produção. (Latour e Woolgar 1997:192-3; itálicos no
original)

A discussao entre pesquisadores transforma alguns enunciados em puros produtos da imaginaçao


de uma subjetividade individual, e outros, em fatos da n~tureza.
CAPÍTULO 6 - A ORDEM CRIADA A PARTIR DA DESORDEM

Construtivismo e Delimitação
SE um problema maior surge da afirmação de que a atividade científica é feita da construção e da
defesa de pontos de vista ficcionais, que, por vezes, são transformados em objetos estabilizados –
qual será o estatuto da nossa própria construção da atividade científica?

A CRIAÇAO DE UM LABORATORIO: AS PRINCIPAlS ELEMENTOS DE NOSSA


ARGUMENTAÇAO

1) Construção

“as diferenças entre


objeto e sujeito e entre fatos e artefatos nao deveriam ser 0 ponto de
partida do estudo da atividade cientifica. Ele deveria ser, antes, 0 acom-
panhamento das opera~oes pr!tticas que transformarn um enunciado seja
. em fato, seja em artefato.”

→ Construção do pensamento crítico: o que faz com que demarquemos tais enunciados como
fatos e outros como artefatos?

2) Agonística

“caracteristicas do conflito social (controvérsias, relações de força e alianças) e explica os


fenornenos descritos ate aqui ern termos epistemologicos (prova, fato e validade, por exemplo).”

As várias posições que já constituem o campo influenciam as chances que um argumento tem de
produzir um efeito.
→ A força da hegemonia.
→ Campo científico como campo sociológico. Mesma desordenação que a política.

“Desse modo, a area da neuroendocrinologia corn-


preende inurneros enunciados e varias substancias tern existencia ape-
nas local. 0 fator de liberal'ao do MSH, por exemplo, so existe em
Louisiana, na Argentina, em urn laborat6rio canadense e em urn outro,
na Franya.”

3) Materialização ou reificação (Sartre/ Marx/ Lukács)

COISIFICAÇÃO: Dissolução da dicotomia entre equipamento “material” e componentes


INTELECTUAIS. Estes serão integrados como peça de um aparelho, alguns anos mais tarde.
(fator tempo).

4) Credibilidade (Bourdieu o campo científico)

“sintese das no~oes econômicas


(como 0 dinheiro, 0 or~amento e 0 rendimento) com as no~oes epistemológicas (certeza, dúvida e
prova).”

* Relação com o crédito, as credenciais e as crenças.


5) Circunstâncias

O contexto não é o que está ao redor, mas ligado à prática científica.


“a ciência é inteiramente produto das circunstâncias.”

As conversas diárias tornam presentes circunstancias locais ou idiossincráticas. O peso do


acontecimento em si. A micropolítica.

Eliminar quaJquer traço de circunsti'i.ncia. Desse modo, a tarefa de S6crates, em Apologia de


Socrates, de Platao, consiste em eliminar as circunstancias fomecidas peJo artista, peJo homem
de lei etc. A tarefa de reconstruir as circunstancias é fundamentalmente entravada peJa herança da
maior parte de nossa tradição filosífica.

O autor relembra a Apologia de Sócrates, de Platão, em que a tarefa de Sócrates consiste em


eliminar as circunstâncias fornecidas pelo artista, pelo homem de lei etc. A tarefa de reconstruir as
circunstâncias é, dessa maneira, obstada pela herança da maior parte de nossa tradição filosófica.

6) Ruído
toda diminuição de ruído da opera~ao de urn ator eleva a capacidade que urn
outro ator tern de fazer com que 0 ruido diminua tamhem em outro
lugar.

O CUSTO DE UMA OBJEÇÃO:


Tudo o que foi aceito, seja por que razão for, será reificado, de modo a aumentar o
custo das objeções que poderiam ser levantadas. […] A regra do jogo é avaliar o custo
dos investimentos com relação à sua capacidade de produzir efeitos de retorno. (Latour
e Woolgar 1997:277-8)

================================
A ordem a partir da desordem

você

Mea culpa

Você também pode gostar