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UFJF_ICH_CSO

Disciplina: Teorias Antropológicas Contemporâneas


Docente: Cristina Dias da Silva
Discente: Davi de Almeida Esteves

Hibridez e Simetria, e o Embate Sócio – Antropológico

Esse trabalho popoe-se de forma raza, efetuar


uma análise dos conceitos de Hibridização e
Simetria presentes no texto de Bruno Latour,
“Jamais fomos modernos: ensaio de
antropologia simétrica”

Julho 2019

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Introdução

Em “Jamais fomos modernos”, Bruno Latour, discorre acerca das armadilhas em


torno da concepção moderna que, visa de forma “atropelativa”, apagar todo um
constructo baseado no tripé “Transcendentalidade, Humanidade e Natureza.” O intuito,
é prover uma ordem, de cunho simétrico, nas pesquisas sócio - antropológica afim de
justificar e validar uma “nova era” nessas ciências. Latour, no entanto busca negar tal
ordem ao perceber, que os “vencedores” buscavam incutir um novo viés alienante aos
“vencidos” impondo, uma nova ordem instrumentativa de pesquisa ás ciências humanas
e naturais, sob a “fumaça” da modernidade.
A evolução humana é dinâmica e fluída, marcada por períodos de transição,
Sendo, a modernidade, um desses períodos, que delineia uma ruptura no tempo baseada
em fenômenos, costumes, e ideologias. Zygmunt Bauman conceituou a modernidade
como um processo liquido em constante transformação. Latour, percebe que, por conta
dessa “dinâmica e liquidez”, ha, á tentativa de engessar a modernidade renegando-a
concepções que a demarcaram, imprimindo a ela, e as condições sócio – antropológicas
que a constituíram, um caráter simétrico e uniforme, sob o falso discurso de
humanização, jogando por terra, todas as pesquisa cientifica de cunho comparativo e
impondo as ciências, aos pesquisadores, estudiosos e cientistas sociais, um “cabresto”
ideológico e instrumentativo, negando-lhes, sua intectualidade cientifica enquanto
pensadores da vida, da natureza, das sociedades e das relações entre elas.

Palavras chave: Assimetria, Modernidade, Hibridez

Hibridização

“O buraco, na camada de ozônio aumentou


perigosamente.” (Latour, 1994, p.7)

A frase, descrita por Latour, expressa bem o conceito por ele cunhado e
denominado de hibridização que une, em uma só ocorrência, duas ou mais concepções
distintas e porque não inseparáveis do mundo moderno, oriundo das relações sociais,
cientificas e humanas em conluio com os fenômenos da natureza. Do artigo midiático
descrito no texto, Latour, extrai outros eventos que se religam a vários outros
acontecimentos relacionais.
Latour vai dizer que esses eventos ou , como ele descreve, hibridização, é uma
mistura de “reações químicas e políticas.” Onde, em “ Um mesmo fio conecta a mais
esotérica das ciências e a mais baixa política.” (Latour,1994,p.7)
Latour exemplifica a hibridização sob a ótica de como as noticias se embrenham
em um mesmo espaço, numa forma alucinante de prover informação, que impõe, uma
paranóia globalizante ao individuo pós-moderno onde, se tem de tudo para todos, em
um só lugar.
Esse, emaranhado de informação em um só local, se constitui, a forma
totalizante que os vencedores modernos, subjetivam sua dominação. As páginas do
periódico revelam a selvageria determinista do sistema capitalista, que renova sua
ganância materialista sem o mínimo de escrúpulos. “Basta que o padrão da tela seja
alterado por umas poucas linhas e bilhões de francos, milhões de televisores, milhares
de horas de filmes centenas de engenheiros, dezenas de executivos dançam.” (Latour
1994, p.8)

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Constituição
“A constituição explicava tudo, mas, esquecia-se
do que estava no meio.” (Latour, 1984, p.51)

A constituição moderna de ideologia humanista, foca nos embates entre o


natural e o social, num tipo de ótica assimétrica e unidirecional.
Para os modernos, a constituição deve se embasar em direcionamentos e regras
especifica de acordo com sua natureza. Já para Latour (1984) ela deve ser escrita por
aqueles que dominam sua arte, para que não recaia numa escrita seca e simétrica,
devendo-se, levar em conta, a universalidade das relações e o hibridismo de suas
concepções, tipo, cada qual no seu quadrante, mas, não deixando de considerar o seu
entorno. Latour dá o exemplo do etnólogo que, “é capaz de escrever na mesma
monografia a definição das – diferentes – forças – ali - presentes.” (Latour, 1984, p.20)
A constituição moderna, defendia efetuar uma purificação do objeto estudado, a
fim de extrair toda sua essência e então entender sua constituição, tal ideologia acabava
por negar o determinismo antropológico que tinha como tarefa analisar o todo para
extrair o essencial.
“A tarefa da antropologia do mundo moderno
consiste em descrever da mesma maneira como se
organizam todos os ramos de nosso governo,
inclusive os da natureza e das ciências exatas, e
também em explicar como e por que estes ramos se
separam, assim Como os múltiplos arranjos que os
reúnem.” (Latour, 1984, p.20 e 21)

Tais concepções, identificadas por Latour (1984) ao estudar Steven Shapm e


Simon Schaffer, que, destrincharam um “combativo” estudo teórico cientifico entre
Hobes e Boyle.
“Ao invés de uma assimetria e de divisão – Boyle,
com a ciência, Hobbes com a teoria política -,
Shapm e Schaffer traçam urn belo quadro: Boyle
possui uma ciência e uma teoria política; Hobbes
uma teoria política e uma ciência.” (Latour, 1984,
p.22)

Inimiga em sí

A modernidade ao verte-se em pós, tornou-se sua maior inimiga afogando-se em


sua egocêntrica pretensão, ao tentar se construir de forma autônoma e independente,
“apagando” as pegadas e resquícios de sua origem, tentando se purificar em si mesma.
Latour (1984) vai dizer que, os coletivos trouxeram os híbridos que se
multiplicaram de tal modo, que a purificação, se tornou acuada em sua concepção.

“Este modo de apreensão do coletivo/social deriva


de uma abordagem dicotômica da realidade
característica das ciências modernas, cujo efeito,
dentre os mais visíveis, é a separação dos objetos e
dos saberes.” (Escossia, 2005)

Assim como os quase objetos constituídos pela dialética do social e do natural na


esteira moderna de negar o passado.

3
“A grandeza da dialética esta em ter tentado
percorrer uma ultima vez o circulo completo dos
pré-modernos, englobando todos os seres divinos,
sociais e naturais, a fim de evitar a contradição do
kantismo entre o papel da purificação e o da
mediação. Mas a dialética enganou-se quanto à
contradição.” (Latour, 1984, p.51)

Simetria Assimétrica

“Para compreender esta simetria no repertorio


moderno, devemos compreender porque Shapin e
Schaffer permanecem assimétricos em sua analise,
porque eles atribuem maior e capacidade
explicativa a Hobbes do que a Boyle, quando seria
preciso ter levado a simetria ate o fim, Sua
hesitação, na verdade, revela as dificuldades da
antropologia comparada.” (Latour, 1984, p.51)

A assimetria do passado, negada e convertida em simetria pelos modernos, foi,


criticada por Latour (1984), haja vista a necessidade que todo pesquisador, seja ele
antropólogos, etnólogo e sociólogo, deveria “navegar’ pelas distintas arquiteturas
sociais, cientificas e ambientais, modernas e não modernas. Assim, como “velejar”,
pelas diversas correntes do pensar humano e não humano, buscando dar as pesquisas,
uma ênfase generalizada, não direcionada, mas, focada no objeto de estudo.
Os estudos e descobertas das ciências humanas demonstram que, a analise
cientifica deve-se, por conta, do todo ambiental e humano, analisar a perspectiva nativa
e sua constituição sócio – ambiental que, só se tornam possíveis por conta das
generalização empreendida pelo pesquisador em analisar o todo para extrair o uno.
Entender as especificidades de uma tribo, de um evento ou até mesmo de uma
sociedade, só é possível se, não levar em conta somente, suas concepções individuais e
isoladas ou ainda, em sua forma pura. Tal postura de analise, com concepção hibrida e
assimétrica, demarca toda uma aura das pesquisas sociais e humanas.

Referencias:

ESCOSSIA; KASTRUP, Liliana e Virgínia, “O conceito de coletivo como superação da


dicotomia individuo/sociedade”,Psicologia em Estudo, Maringá, v. 10, n. 2, p. 295-304,
mai./ago. 2005, Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/pe/v10n2/v10n2a17.pdf > Acessado
em 09 de julho de 2019

LATOUR, Bruno, “Jamais fomos modernos : ensaio de antropologia simétrica” { Bruno Latour;
tradução de Carlos lrineu cia Costa. _ Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994 152 p. (Coleção TRANS)
Traduiio ae: Nous n'avons jamais etc: modernes ISBN Bibliografia 85_85490_38_1 1.

LIBERDADE, Gzdiario, “Por que “Jamais fomos modernos”?”, postado em Março de 2017,
Disponível em < https://gz.diarioliberdade.org/opiniom/item/133171-por-que-jamais-fomos-
modernos.html > Acessado em 03 de julho de 2019

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