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Natureza
Claudete Daflon
seja como mundo físico ou mundo não feito por humanos. Retoma,
então, os gregos, assim como outros autores ao se debruçarem sobre
o tema, para localizar a origem de “natureza” no vocábulo physis,
que, entre os pré-socráticos, significava o ser como um todo (Böhme,
2002). Pierre Hadot observa, todavia, que a physis pode significar
tanto a “constituição, a natureza própria de cada coisa” quanto “o
processo de realização, de gênese, de aparição, de crescimento de
uma coisa” (2006, p.27). Nos complexos desdobramentos de usos
e significados, passando pela concepção platônica da physis como
uma arte divina, analogia à qual Aristóteles acrescenta aspectos as-
sociados ao fato de que a natureza seria um “princípio de movimento
interior a cada indivíduo” e constituiria “uma arte interior às coisas”,
Hadot demonstra a tendência à sua personificação, a partir da trilha
deixada pelos estoicos, que a identificavam a Deus. Assim, Plínio,
no século I a.C., irá caracterizá-la como uma deusa a ser invocada
(Hadot, 2006, p.43-46).
Ainda na tradição representada pela antiguidade clássica,
o que seria natural no humano é contraposto à capacidade para
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a linguagem, bem como à “sociabilidade, racionalidade, razão e,
em sentido geral, a alma humana” (Böhme, 2002, p.4). A reflexão
sobre a natureza se apresenta, desse modo, como parte da auto-
compreensão humana. Recuperando filósofos como Aristóteles,
Descartes, Kant e Heidegger, Gernot Böhme discute a existência
de um programa destinado à emancipação da natureza que viabi-
liza a definição do ser humano como animal rationale, de modo
que a “essência dos seres humanos estaria em tudo aquilo que os
distingue dos demais seres vivos” (2002, p. 4). A autoformação
como humanos residiria na superação do que neles seria natureza
de maneira que passassem a ser o que são de fato e o que devem
ser, ou seja, racionais. Böhme considera ser esse um projeto edu-
cacional e político-tecnológico historicamente bem sucedido.
(Orgs.) José Luís Jobim . Nabil Araújo . Pedro Puro Sasse .
6 Kesselring observa que “Não foi apenas Francis Bacon (1561-1626) quem
propagou, como fim das Ciências Naturais e experimentais, a aspiração de
poder sobre a Natureza; já antes dele, Roger Bacon (1212-1292) havia feio
isso” (2000, p. 158).
(Orgs.) José Luís Jobim . Nabil Araújo . Pedro Puro Sasse .
thinkable depth of affinity and who still keeps her essential independence
from us as limited, empirical beings. Thus, imaginative nature remains an
intermediary between subject and object, the interior and the exterior, ac-
tivity and passivity; a realm where this difference is itself kept in abeyance.”
15 “writing poetry is an – always partial and fragmentary – attempt at rea-
ding nature as poem, at deciphering a forgotten language.”
(Orgs.) José Luís Jobim . Nabil Araújo . Pedro Puro Sasse .
18 A associação conta com uma página ativa, onde é possível acessar con-
teúdo diverso relacionado à ecocrítica: https://www.asle.org/.
19 “This sourcebook, consisting of both reprinted and original essays, looks
backward to origins and forward to trends”.
(novas) palavras da crítica
36 “‘Post-’ here does not mean after, but ‘reaching beyond’ the limitations of
pastoral whilst being recognizably in the pastoral tradition. It is not temporal
but conceptual and therefore can refer to a work in any time”.
(Orgs.) José Luís Jobim . Nabil Araújo . Pedro Puro Sasse .
Referências