Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abel Ernesto
Célia Adriano
Martinho Rosário
0
Universidade Mussa Bin Bique
Faculdade de gestão e contabilidade
Abel Ernesto
Célia Adriano
Martinho Rosário
MA.
A primeira parte do livro, (da natureza da cultura ou da natureza à cultura), traz um breve
histórico do desenvolvimento do conceito de cultura, desde os iluministas até os autores
modernos e está dividida em seis abordagens referentes à visão sobre cultura, conforme
detalhamento adiante: Capítulo 1: O determinismo biológico; Capítulo 2: O determinismo
geográfico; Capítulo 3: Antecedentes históricos do conceito de cultura; Capítulo 4: O
desenvolvimento do conceito de cultura; Capítulo 5: Ideia sobre a origem da cultura; Capítulo 6:
Teorias modernas sobre cultura
Na segunda parte do livro (como opera a cultura) há uma divisão em cinco aspectos relacionados
à operação da cultura, conforme detalhamento a seguir: Capítulo 1: “A cultura condiciona a
visão de mundo do homem”; Capítulo 2: “A cultura interfere no plano biológico”; Capítulo 3:
“Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura”; Capítulo 4: “A cultura tem uma lógica
própria”; Capítulo 5: “A cultura é dinâmica”.
Traz ainda, em anexos, dois textos independentes que enriquecem o conteúdo da obra, além de
uma vasta bibliografia, caso o leitor queira aprofundar mais seus conhecimentos sobre o tema.
2
Capítulo 1: O Determinismo Biológico
Para Laraia, são velhas e persistentes as teorias que atribuem capacidades específicas inatas a
"raças" ou a outros grupos humanos. Contudo, os antropólogos estão totalmente convencidos de
que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais.
Segundo Felix Keesing, “não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres
genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais. Qualquer criança humana normal pode
ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de
aprendizado”. Nesse sentido, enfatiza Laraia que compartilha do pensamento de que as diferenças
genéticas/somáticas não determinam diferenças culturais, isto é, que o determinismo biológico
não influencia o aprendizado e o engendramento de determinada cultura, processo denominado
pelo autor como endoculturação.
3
homem como membro da sociedade”, (Laraia, 2001, P. 25), aludindo que tal conceito é uma
síntese de vários pensamentos com a mesma linha ideológica, os quais se desenvolveram em
vários estudos como os de John Locke, Turgot, Rousseau, autores que tentavam quebrar o
raciocínio da relação entre natural e cultural, como domínios que se interagem directamente.
No quarto capítulo, o autor expõe a visão de Tylor sobre o campo da Antropologia Cultural
equiparado às ciências naturais, isto é, segundo ele, de acordo com o estudo das culturas, pode-se
verificar que esta também possui leis e características de ordem natural, organizadas e embasadas
em alicerces elementares, como por exemplo, a “unidade psíquica da humanidade”. Nesse
contexto, Tylor defende que a Antropologia Cultural tem um objecto de estudo científico, assim
como as demais ciências. A grande diversidade de culturas então seria explicada pelo grau
desigual do processo de evolução, mas que mesmo assim apresentariam semelhantes
características essenciais. Tais conclusões seriam descobertas através de uma análise comparativa
histórica, levando-se em consideração os efeitos das condições psicológicas e meios ambientes,
método mais tarde chamado de “particularismo histórico” por Boas. Ainda no mesmo capítulo, o
autor expõe as ideias de Kroeber e sua visão do ser humano como único ser capaz de criar seu
próprio processo evolutivo, ao “superar o orgânico”. Segundo Krober, ao invés de mudar o
aparato biológico, a cultura é que seria adaptada aos diferentes ambientes ecológicos.
Neste capítulo, o autor começa a problematizar a origem da cultura como parte unicamente do ser
humano. Nesse ponto, expõe algumas teorias, como a de Leackey e Lewin e o desenvolvimento
da visão eteroscópia, bem como a capacidade de pegar os objectos com as mãos (factores
resultantes de uma vida arborícola); a de Pilebam e o bipedismo; Oakley e o desenvolvimento de
um cérebro mais volumoso e complexo; Lévi-Strauss e a teoria da invenção da primeira norma;
White e a elaboração dos símbolos; Ao final, o autor critica que tais teorias induzem a um
aparecimento espontâneo do início da cultura, sendo partidário de que o aparecimento da cultura
se deu contínua e lentamente, juntamente com o próprio equipamento biológico.
4
Capítulo 6: Teorias modernas sobre cultura
As teorias modernas com a missão de restabelecer o conceito de cultura são explanadas no sexto
capítulo da obra. O autor se vale do esquema proposto por Keesing, que divide as teorias em dois
grandes grupos: as que tratam da cultura como sistema adaptativo (cultura como sistemas de
padrões de comportamento socialmente transmitidos, analogia entre mudança cultural e selecção
natural, tecnologia e economia de subsistência como bases e reguladores da cultura); e as teorias
idealistas de cultura (cultura como sistema cognitivo, como sistemas estruturais, como sistemas
simbólicos). O autor finaliza com a idéia de que delimitar o conceito de cultura é conhecer a
própria natureza humana, revelando, pois, uma tarefa de perene reflexão humana.
Nesta segunda, Laraia se dispõe a mostrar, de início, como a cultura condiciona a visão do mundo
do homem. Para o autor, “o modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa,
os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma
herança cultural, ou seja, o resultado de uma acção de uma determinada cultura”.
Este capítulo como inicial da segunda parte traz diversos exemplos de como o ser humano, em
decorrência da cultura, pode ter comportamentos diferentes, possuindo o mesmo aparato
biológico. A princípio, alguns comportamentos fisiológicos básicos deveriam ser iguais por
questões somáticas, como acontecem com os outros seres vivos, mas apresentam grandes
diferenças em determinadas culturas, em decorrência do próprio processo de endoculturação,
como por exemplo o riso, a sexualidade, o parto, o modo de comer, a própria comida e a visão do
espaço.
O quarto capítulo dedica-se a explicar os princípios de juízos e raciocínios de cada cultura como
sendo lógicos, por mais que pareçam ilógicos para as outras culturas. Acaba por tratar de que
todas as culturas possuem a sua lógica Isto porque, nas palavras do autor, Muito do que supomos
ser uma ordem inerente da natureza não passa, na verdade, de uma ordenação que é fruto de um
procedimento cultural, mas que nada tem a ver com uma ordem objectiva. (Laraia, 2001, P. 89).
Assim, a compreensão do mundo em cada cultura é lógica.
A característica do dinamismo da cultura é tratada no capítulo quinto, tendo como causa principal
a capacidade que tem o ser humano de questionar os seus próprios hábitos e modificá-los. Em
outras palavras, a cultura é sempre alterada de forma mais rápida ou mais lenta, dependendo de
cada cultura, isto porque o ser humano é capaz de rever SUS princípios e sempre busca uma
forma de aperfeiçoá-los ou transformá-los. O autor ainda alude a dois tipos de mudança cultural:
a interna (resultante de uma catástrofe, inovação tecnológica ou uma dramática situação de
contacto); e a resultante do contacto de um sistema cultural com um outro. Ao afirmar que todas
as culturas estão sempre em constante mudança, o autor demonstra a importância de se entender
tal processo, já que se poderá ser mais tolerável aos novos comportamentos e, além disso, com os
comportamentos de outras culturas.
Bibliografia
Laraia, R. B. (2007). Cultura: um conceito antropológico. (21ª ed.). Zahar: Rio de Janeiro.
6