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Teste de cópia e de reprodução de Figuras Complexas (André Rey, 1959)

Esta prova foi concebida por André Rey (1942), com o desígnio de se apurar um
diagnóstico diferencial entre a debilidade mental constitucional e o défice adquirido
consequente de traumatismo craneo-cerebral. Assim, o autor apresentou uma prova
que consistia em copiar e depois reproduzir de memória um desenho geométrico
complexo, que tinha como propriedades a ausência de significado evidente, a fácil
realização gráfica e uma estrutura de conjunto suficientemente complicada, de forma a
exigir uma actividade analítica e de organização. Contudo, foi P. Osterrieth em 1945,
quem desenvolveu o trabalho de estudo genético da prova.

Este teste avalia a actividade perceptiva e a memória visual nas suas duas fases
(processo de cópia e a reprodução de memória), tendo o objectivo de analisar o modo
como o indivíduo apreende os dados perceptivos que lhe são apresentados e o que foi
conservado espontaneamente pela sua memória. Permite também estudar o
desenvolvimento mental através da observação dos diferentes tipos de reprodução e a
riqueza da representação gráfica nas diferentes idades, atrasos nesse
desenvolvimento e perturbações na estruturação espacial provocadas por certas
lesões cerebrais ou doenças mentais.

Material e Aplicação
ƒ O modelo da figura.
Existem dois modelos da figura, a Figura A (aplicada a partir dos oito anos) e a
Figura B (aplicada dos quatro aos sete anos e em adultos caso se suspeite de forte
deterioração intelectual). A Figura A é composta por dezoito elementos e a Figura B
por onze.
ƒ 2 Folhas de papel branco (1 folha de papel 21/27 cortada ao meio)
ƒ Lápis de cor
ƒ Um cronómetro

A sua aplicação incide em duas etapas: a primeira etapa constituída pelo processo
da "copia" e a segunda pelo de "memória", que são separadas por um intervalo de três
minutos.
Na primeira fase é pedido ao examinado que copie o modelo.
Na segunda fase é pedido ao examinado que reproduza de memória a figura
copiada, sem que tenha sido previamente avisado.
O examinador ao longo da realização da tarefa vai fornecendo e trocando lápis de
diferentes cores, para que o processo de elaboração possa ser identificado.

A cópia dá-nos indicações sobre a apreensão e representação gráfica dos dados


visuais, supondo uma visão correcta, um certo nível de estruturação da actividade
perceptiva e capacidade suficiente de atenção, ao passo que a segunda parte faz
apelo à memória imediata, exigindo uma capacidade mnésica suficiente e sem
perturbações.

Correcção e Pontuação
Cada prova é corrigida sob dois pontos de vista ou critérios:

1. Quantitativo (pontuação e tempo)

Para a correcção decompõe-se a figura em 18 elementos.


ƒ Cada elemento correcto e bem colocado: 2 pontos
ƒ Cada elemento correcto e mal colocado: 1 ponto
ƒ Deformado ou incompleto mas reconhecível: - Bem colocado: 1 ponto
- Mal colocado: 0,5 pontos
ƒ Irreconhecível ou ausente: O pontos

Pontuação Máxima: 36

Tanto o tempo empregue na execução, como a aferição total de pontos das duas
etapas da prova, são analisados através da comparação com os percentis da amostra
estatisticamente significativa de uma população, tendo em conta o factor idade.

2. Qualitativo

O emprego de lápis de cor permite anotar o processo que o examinado adoptou


para reproduzir o desenho e a ordem como procedeu.
Distinguem-se 7 tipos de reprodução, ordenados do mais racional ao menos,
considerando-se simultaneamente nesta apreciação os hábitos intelectuais, a rapidez
de cópia e a precisão do resultado:
Tipo I – Construção sobre a estrutura
Tipo II – Detalhes englobados na estrutura
Tipo III – Contorno Geral
Tipo IV – Justaposição de detalhes
Tipo V – Detalhes em fundo confuso
Tipo VI – Redução a um esquema familiar
Tipo VII – Garatujas

A partir da evolução dos diferentes tipos de cópia, Osterrieth, determinou três


estádios principais, caracterizados pelos tipos dominantes e secundários. Na evolução
referente à reprodução de memória distinguiu quatro estádios.
Existem certas particularidades típicas dos 4 aos 8 anos, mas que são sintoma de
anomalia ou atraso em indivíduos de maior idade. São elas:
- Deformação por interpretação
- Deformação por ausência de estruturação
- Deformação por falta de atenção
- Deformação por simplificação
- Deformação por falta de habilidade gráfica
- Deformação por tendência para a simetria

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