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Avaliação das Habilidades Visuais, Espaciais

e Práxicas
Shirley Lacerda
Neuropsicólogo do Hospital Israelita Albert Einstein

Contato: shirley.lacerda@einstein.br
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Testes do Protocolo de Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas

– Teste da Figura Complexa de Rey

– Teste de Desenho do Relógio

– Teste de Cubos (WAIS-III/WASI)


Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas

Teste da Figura Complexa de Rey


(TFCR)
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste da Figura Complexa de Rey
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste das Figuras Complexas de Rey
– O TFCR foi idealizado por André Rey em 1942 para auxiliar o "diagnóstico
diferencial entre a debilidade mental constitucional e o déficit adquirido em
consequência de traumatismo crânio-encefálico" .

– O TFCR possuem duas formas:


• Forma "A” - direcionada à avaliação de pessoas com idade entre 5 e 88.
• Forma "B" - utilizada na avaliação de crianças pequenas, com idade entre 4 a 7 anos
Rey, 1999.
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste da Figura Complexa de Rey
– O TFCR tem como objetivo:
• Avaliar a atividade perceptiva e a memória visual, nas fases de cópia e reprodução de
memória.
• Verificar o modo como o sujeito apreende os dados perceptivos que lhe são apresentados e o
que foi conservado espontaneamente pela memória.

– O TFCR pode ser utilizado para avaliar memória visual, habilidade visuoespacial e
algumas funções de planejamento e execução de ações.
Lezak, 1995; Oliveira, Rigoni, Andretta e Moraes, 2004
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• Teste da Figura Complexa de Rey
– A aplicação do TFCR apresenta duas partes.
• Na primeira parte, solicita-se que o paciente reproduza a cópia da figura, em uma folha
branca na posição horizontal.

• Alguns autores preferem que o examinando utilize alternadamente lápis coloridos, durante a
cópia, e que o examinador solicite a troca de lápis de acordo com a sequência dos elementos
copiados para avaliar o desenvolvimento da estratégia de cópia do examinando.
Jamus e Mader, 2005

• Em seguida, o paciente terá que reproduzir de memória a figura copiada. O intervalo entre
essas duas partes do processo de aplicação varia de acordo com o interesse de investigação
do aplicador, porém não deve exceder 3 minutos.
Rey, 1999
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• Teste da Figura Complexa de Rey
– A figura compõe-se de 18 itens, os quais juntos formam o todo da figura.
– A figura é pontuada de 0 a 36 pontos, que variam de acordo com a precisão e o
bom posicionamento de cada item da figura tanto na memória quanto na cópia.
Rey, 1999

– Além da análise quantitativa, alguns autores realizaram análises qualitativas do


teste.
• Em 1945 Osterrieth desenvolveu a primeira análise qualitativa da cópia da figura, analisando
os métodos utilizados pelos examinandos para desenhar e os erros que eles cometiam na
cópia da figura.
Rey, 1999
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• Teste da Figura Complexa de Rey
– Considerando hábitos intelectuais, rapidez da cópia e precisão dos resultados,
Osterrieth identificou sete procedimentos diferentes ao copiar a figura:
• 1. iniciar o desenho a partir do retângulo principal e depois adicionar os detalhes;
• 2. começar com um detalhe ligado ao retângulo principal, ou fazer o retângulo incluindo nele
outro detalhe e depois terminar o retângulo;
• 3. começar com o contorno geral da figura sem diferenciar os detalhes do retângulo principal;
• 4. realizar justaposição de detalhes um a um, sem estrutura organizada;
• 5. copiar partes discretas da figura sem organização;
• 6. associar a figura com um esquema familiar, como barco, casa;
• 7. o desenho é uma garatuja, onde não se consegue reconhecer os elementos da figura.
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• Teste da Figura Complexa de Rey
– A análise qualitativa descrita por Osterrieth avalia a maneira como o indivíduo
planeja a construção da figura.

– Outros estudos relatam que há uma significativa relação entre a maneira como o
indivíduo planeja a construção da figura e o seu potencial para evocá-la
posteriormente.
Deckersbach et al., 2000; Meyers e Meyers, 1995

– A evocação da memória no TFCR é melhor desempenhada, quando a cópia da


figura é realizada de forma organizada.
Oliveira, Rigoni, Andretta e Moraes, 2004
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• Teste da Figura Complexa de Rey
– O TFCR pode ser utilizado na avaliação de pacientes com lesão cerebral com
diferentes resultados alcançados por pacientes com lesão no hemisfério
esquerdo e direito.
Lezak, 1995

– Podem demonstrar quando há algum tipo de lesão no lado direito do cérebro e é


sensível a alguns tipos de danos cerebrais, como disfunções no lobo temporal.
Fernando, Chard, Butcher e Mckay, 2003
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• Teste da Figura Complexa de Rey
– Pacientes com lesões no HE tendem a mostrar preservada a memória da
estrutura global da figura, porém com simplificação e perda de detalhes.
– Já os pacientes com lesões no HD e que apresentam dificuldades na cópia da
figura, mostram problemas ainda maiores na recordação da figura, perdendo
muitos elementos do desenho e fazendo reproduções crescentemente
empobrecidas da figura original.
Jamus e Mader, 2005

– Pacientes com lesão no HD, que apresentam dificuldades ao copiar a figura,


revelam problemas ainda maiores com a memória.
Evert e Oscar-Berman, 1997
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• Teste da Figura Complexa de Rey
Itens Cópia Memória
1. Cruz lateral à esquerda do retângulo
2. Retângulo grande
3. Cruz diagonal (Cruz de Sto. André) – dentro do retângulo
4. Linha horizontal – dentro do retângulo
5. Linha vertical – dentro do retângulo
6. Pequeno retângulo 0 dentro do retângulo maior (à esquerda)
7. Linha pequena – acima do retângulo pequeno
8. 4 linhas paralelas – dentro do retângulo maior
9. Triângulo acima do retângulo maior
10. Pequena linha vertical no retângulo maior
11. Circulo pequeno dentro do retângulo maior
12. Cinco linhas paralelas dentro do retângulo maior
13. Lados do triângulo à direita do retângulo maior
14. Losango pequeno na ponta do triângulo
15. Linha vertical dentro do triângulo
16. Linha horizontal dentro do triângulo
17. Cruz abaixo do retângulo maior
18. Quadrado pequeno abaixo do retângulo maior
TOTAL
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Teste do Desenho do Relógio


(TDR)
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste do Desenho do Relógio (TDR)
– O TDR foi criado por Critchley, em 1953, como uma testagem funcional.
– Atualmente, o TDR é amplamente utilizado como teste de rastreio, de simples
aplicação e de rápida execução, que avalia diversas dimensões cognitivas, como
memória, função motora, função executiva e compreensão verbal.
Aprahamian, Martinelli, Cecato, Izbicki, & Yassuda, 2011

– Por avaliar a memória e outras funções cognitivas, o TDR é aplicado em idosos


com suspeita de síndrome demencial, auxiliando na investigação diagnóstica.
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• Teste do Desenho do Relógio (TDR)
– Os sinais de declínio cognitivo no TDR são mais evidentes no momento em que o
paciente indica de maneira errada o horário, principalmente quando se exige o
horário de onze horas e dez minutos ou vinte para as quatro, em que é
necessário o pensamento abstrato para a execução da tarefa.

– Muitos pacientes com demência não conseguem executar o horário exigido.


Shulman, Shedletsky e Silver, 1986
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• Teste do Desenho do Relógio
– Instrução:
• Nesta folha eu quero que você desenhe um relógio, coloque todos os números dentro e os
ponteiros marcando vinte para as quatro.
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste do Desenho do Relógio (TDR)
Itens Pontuação
Contorno
1. Desenho do contorno aceitável
2. Contorno com tamanho médio
Números
3. De 1 – 12 sem adição ou omissão
4. Só arábicos
5. Ordem Correta
6. Papel não é rodado quando se escreve
7. Posição correta
8. Todos dentro do contorno
Ponteiros
9. Com dois ponteiros e/ou marcas
10. Hora indicada de alguma maneira (marca)
11. M inutos indicados de alguma maneira (marca)
12. Na proporção correta (minutos maior)
13. Sem marcas supérfluas
14. Ligados (ou até 12 mm de proximidade)
Centro
15. Centro desenhado, inferido, ou extrapolado onde os ponteiros se encontram • Freedman et al. 1994
TOTAL
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• Teste do Desenho do Relógio
– Normas para correção
TDR 20-69 70-79 80-90
Média DP Média DP Média DP

14,7 0,6 13,68 1,84 13,34 2,9

– Fórmula
• Escore Z= (Pontuação no teste – Média esperada para a idade)/Desvio Padrão
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• Teste do Desenho do Relógio
– Exemplos de erros

Numeração Deslocada Números Invertidos Perseveração em Espelho


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• Teste do Desenho do Relógio
– Exemplos de erros
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste do Desenho do Relógio
– Caso 1
• Idade: 66 anos
• Escolaridade: 12 anos
• Queixa: Dificuldade de Memória
há 5 anos com piora há 2 anos
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste do Desenho do Relógio (TDR)
Itens Pontuação
Contorno
1. Desenho do contorno aceitável 1
2. Contorno com tamanho médio 1
Números
3. De 1 – 12 sem adição ou omissão 0
4. Só arábicos 1
5. Ordem Correta 0
6. Papel não é rodado quando se escreve 1
7. Posição correta 0
8. Todos dentro do contorno 0
Ponteiros
9. Com dois ponteiros e/ou marcas 1
10. Hora indicada de alguma maneira (marca) 1
11. M inutos indicados de alguma maneira (marca) 1
12. Na proporção correta (minutos maior) 0
13. Sem marcas supérfluas 1
Escore Z= (10 – 14,7)/0,6
14. Ligados (ou até 12 mm de proximidade) 1 Escore Z= -7,83
Centro Percentil= <0,1 - Inferior
15. Centro desenhado, inferido, ou extrapolado onde os ponteiros se encontram 1
TOTAL 10
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• Teste do Desenho do Relógio
– Caso 2
• Idade: 79 anos
• Escolaridade: 16 anos
• Queixa: Dificuldade de memória
há 7 anos com piora progressiva
há 5 anos
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste do Desenho do Relógio (TDR)
Itens Pontuação
Contorno
1. Desenho do contorno aceitável 1
2. Contorno com tamanho médio 1
Números
3. De 1 – 12 sem adição ou omissão 0
4. Só arábicos 1
5. Ordem Correta 1
6. Papel não é rodado quando se escreve 0
7. Posição correta 0
8. Todos dentro do contorno 1
Ponteiros
9. Com dois ponteiros e/ou marcas 1
10. Hora indicada de alguma maneira (marca) 1
11. M inutos indicados de alguma maneira (marca) 0
12. Na proporção correta (minutos maior) 0
13. Sem marcas supérfluas 1
14. Ligados (ou até 12 mm de proximidade) 1
Escore Z= (10 – 13,68)/1,84
Centro Escore Z= -2
15. Centro desenhado, inferido, ou extrapolado onde os ponteiros se encontram 1 Percentil= 3 – Limítrofe
TOTAL 10
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• Teste do Desenho do Relógio
– Caso 3
• Idade: 58 anos
• Escolaridade: 8 anos
• Queixa: Dificuldade de memória
há 3 anos com piora há 1 ano e
mudanças de comportamento.
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste do Desenho do Relógio (TDR)
Itens Pontuação
Contorno
1. Desenho do contorno aceitável 1
2. Contorno com tamanho médio 1
Números
3. De 1 – 12 sem adição ou omissão 0
4. Só arábicos 1
5. Ordem Correta 1
6. Papel não é rodado quando se escreve 1
7. Posição correta 0
8. Todos dentro do contorno 1
Ponteiros
9. Com dois ponteiros e/ou marcas 1
10. Hora indicada de alguma maneira (marca) 1
11. M inutos indicados de alguma maneira (marca) 1
12. Na proporção correta (minutos maior) 1
13. Sem marcas supérfluas 1
14. Ligados (ou até 12 mm de proximidade) 1
Escore Z= (13 – 14,7)/0,6
Centro Escore Z= -2,8
15. Centro desenhado, inferido, ou extrapolado onde os ponteiros se encontram 1 Percentil= <0,1 – Inferior
TOTAL 13
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Teste de Cubos
(Cubos – WAIS-III)
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste de Cubos (WAIS-III)
– Pertence à Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS) que foi
desenvolvida por David Wechsler em 1955

– Tem como objetivo avaliar a habilidade viuoespacial e práxica através da


reprodução de desenhos construídos com cubos coloridos

– Junto com o teste de Vocabulário compõem o escore de QI estimado


Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste de Cubos (WAIS-III)
– Material necessário
• Protocolo de respostas
• Cubos (9 cubos)
• Caderno de estímulos
• Cronômetro
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste de Cubos (WAIS-III)
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste de Cubos (WAIS-III)
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste de Cubos (WAIS-III)
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste de Cubos (WAIS-III)
– Regras
• Início pelo 5° desenho
• Se o examinando obtiver 0 ou 1 ponto no modelo 5 ou 6, aplicar os modelos 1 a 4 na ordem
inversa, até que o examinador obtenha a pontuação máxima (2 pontos), em dois itens
consecutivos.

– Instrução para os desenhos do 1° ao 5°


• “ Irei juntar estes cubos e montar uma figura. Agora faça exatamente como esta (modelo).
Diga-me quando tiver terminado” .
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste de Cubos (WAIS-III)
– Instrução a partir do 6° desenho
• “Olhe a figura e use estes cubos para fazer uma exatamente igual. Tente trabalhar o mais
rápido que puder. Diga-me quando tiver terminado”.

• A cada novo item misturar os cubos, não permitir rotação com o livro de estímulos.
• Rotação de um modelo em aproximadamente 30o é considerada fracasso. Apenas 1 rotação
poderá ser corrigida durante a aplicação do subteste, e dizer:
• “ Veja, ele deve ficar nesta posição (demonstrar a posição correta)”.
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste de Cubos (WAIS-III)
– Pontuação
• Modelos 1 ao 6
– 0, 1 ou 2 pontos

• A partir do 7° modelo
– A pontuação varia do 0 ao 7 dependendo do tempo gasto para a execução correta do desenho
– Cada modelo tem um tempo limite para a realização do desenho. Passado este tempo a pontuação
é0
– Após 3 erros consecutivos o teste é interrompido
Avaliação da Habilidades Visuais, Espaciais e Práxicas
• Teste de Cubos (WAIS-III)
– O escore final é a soma da pontuação obtida em cada modelo
– O escore é convertido em percentil de acordo com a tabela do WAIS-III ou WASI
Obrigado!!!

Contato: shirley.lacerda@einstein.br

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