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FIGURAS COMPLEXAS DE REY E DE

TAYLOR

Ministrante:

Natalie Helene van Cleef Banaskiwitz


CRP: 06/76389
Cronograma do Curso

• Figura Complexa de Rey versão A e B


versão brasileira e versão “original”

• Figura Complexa de Taylor


versão simplificada com estudos preliminares brasileiros
Referências
FIGURAS COMPLEXAS
“Objetivam avaliar as funções
neuropsicológicas de percepção visual e
memória imediata, isto é, em suas duas
fases, de cópia e de reprodução de
memória; seu objetivo é verificar o modo
como o sujeito apreende os dados
perceptivos que lhe são apresentados e, o
que foi conservado espontaneamente pela
memória”

Segundo Caffarra,Vazzadini, Dieci, Zonato


e Venneri (2002), é um teste
neuropsicológico para investigar a memória
visual e algumas funções de planejamento e
execução de ações.
FIGURAS COMPLEXAS DE REY
Avaliam percepção visual, organização visuoespacial, funções
motoras e memória visual (Chervinsky & cols, 1992 in Spreen &
Strauss, 1998).
FIGURAS COMPLEXAS DE REY
As figuras reúnem características
como:

- Ausência de significado evidente;


- Realização gráfica fácil;
- Estrutura do conjunto
suficientemente complicada, para
solicitar uma atividade perceptiva
analítica e organizadora.
FIGURAS COMPLEXAS DE REY

O modo como o sujeito copia a figura nos dá informações sobre sua


atividade perceptiva, de construção e de planejamento. A reprodução após
retirada do modelo nos dá indicações sobre a extensão e a fidelidade de sua
memória visual.

CONTUDO, só a reprodução não nos diz sobre sua memória. É preciso ter
certeza de que ele percebeu normalmente os dados a serem fixados na
memória.
FIGURAS COMPLEXAS DE REY

Se o indivíduo é incapaz de elaborar o estímulo oferecido à sua fixação:


conservará dele apenas uma imagem vaga, incoerente e não conseguirá
reproduzi-la.

Cometeríamos um erro se considerarmos essa lembrança defeituosa como


uma insuficiência mnêmica. Portanto, ele registrou e conservou, na sua
memória, um evento caracterizado pelo insucesso de uma elaboração
perceptiva satisfatória.
FIGURAS COMPLEXAS DE REY

Inversamente, se ele organiza os dados numa estrutura definida


em que cada parte tem uma função com o todo, mas após tal
percepção, ele seja incapaz de evocar ou reproduzir o estímulos,
poderíamos então responsabilizar a memória.
FIGURAS COMPLEXAS DE REY
A elaboração perceptiva pode ser insuficiente por falta de
conhecimento ou método, seja porque o indivíduo não os adquiriu,
seja porque foi incapaz de formá-los ao longo de seu
desenvolvimento.

Se temos certeza de que o sujeito desenvolveu no passado (plano


escolar, profissional, cultural e social), uma atividade normal, sua
insuficiência representa provavelmente uma regressão.
Tipos de Cópia

Estão classificados do mais ao menos racional:

I Construção a partir da armação: A figura é desenhada com base no grande


retângulo, que serve de referência e de ponto de partida. É característica do
adulto (56%). Contudo está presente desde os 4 anos, aumentando ao longo
das idades.
FIGURAS COMPLEXAS DE REY
Tipos de Cópia

II Detalhes incluídos na armação: Inicia por um ou outro dos detalhes próximos ao


retângulo grande (por exemplo, a cruz superior esquerda), ou traça esse retângulo
grande incluindo nele um ou outro detalhe (como o quadrado no canto inferior
esquerdo do retângulo grande), depois termina a reprodução de retângulo central,
utilizando-se em seguida como armação de seu desenho. Aparece aos 6 anos,
desenvolve-se regularmente até os 12 anos, quando atinge sua maior frequência
(42%), diminuindo em seguida até a fase adulta.
Tipos de Cópia

III Contorno geral: Realiza inicialmente o contorno integral da


figura, sem diferenciar nele o retângulo central. Não é dominante em
qualquer idade, mas se mantém ao longo de toda a evolução. Exceto
aos 10 anos, quando tem sua frequência máxima (35%), ela diminui de
maneira geral a partir dos 6 anos e se torna totalmente sem importância
no adulto.
Tipos de Cópia

IVJustaposição de detalhes: Sobrepõe os detalhes uns aos outros, procedendo, pouco


a pouco, como se estivesse montando um quebra cabeça. Sua frequência cresce dos 4
aos 7 anos, atinge seu máximo aos 8 anos (70%), para diminuir de maneira regular até a
fase adulta.

V Detalhes sobre fundo confuso: Grafismo pouco ou não estruturado, no qual não
consegue reconhecer o modelo, mas certos detalhes deste são claramente
reconhecíveis. É mais frequente aos 4 anos (50%), mas deve desaparecer aos 8 anos.
Tipos de Cópia

VI.Redução a um esquema familiar: Associa a figura a um esquema familiar (casa,


peixe, igreja, etc). Reação presente aos 4 e 5 anos, mas sempre muito rara e que
desaparece aos 6 anos.

VII.Garatuja: Quando não se consegue reconhecer nenhum dos elementos do modelo,


tampouco sua forma global.
Além do tipo de cópia, a exatidão e o grau de
acabamento deve ser avaliada.
Além do tipo de cópia, a exatidão e o grau de acabamento deve ser avaliada.
A duração da cópia e da reprodução pode nos
interessar: é sempre útil saber se um trabalho
completo e bom ou ruim e incompleto foi executado
lenta ou rapidamente
Versão americana

4 etapas:

• Cópia
• Evocação Imediata
• Evocação tardia (30 minutos)
• Reconhecimento
Versão “original”
Tabelas americanas
Versão “original”

Como fazer a análise da evocação tardia e reconhecimento?


Versão “original”

Como fazer a análise da evocação tardia e reconhecimento?


Considerações para interpretação

Cópia claramente inferior


Tempo de cópia longo: pouco evoluído do ponto de vista intelectual; dispraxia de
construção gráfica, percepção visual confusa, dificuldade de análise visuoespacial.
Em crianças pequenas essas dificuldades são normais.
Levar em conta o meio cultural, o treinamento escolar, o valor dado pela escola e pela
família ao desenho livre.
Tempo de cópia anormalmente curto: resulta da cópia de um único elemento fácil
ou, então, o sujeito se contenta com uma garatuja rápida.
Considerações para interpretação

Cópia claramente superior


Tempo de cópia longo: sujeito cuidadoso/dedicado/empenhado/minucioso;
dificuldade de analisar rapidamente e racionalmente as estruturas espaciais.
Tempo de cópia curto, traçado em geral fácil e firme: certos sujeitos dotados
para o desenho, às vezes copiam a figura de forma pouco racional, mas procedem
com segurança, avançando pouco a pouco.
Considerações para interpretação

Considerando a reprodução feita de memória


Processo de cópia normal ou superior, mas a reprodução claramente
insuficiente: traduz a lembrança visual; poderemos pensar num bloqueio possível
por um capricho/cuidado exagerado; em certos casos pode-se pensar em simulação
mnêmica.
Processo de cópia claramente insuficiente, a reprodução é muito pobre: não se
pode esperar mais da lembrança do que da percepção; a insuficiência da reprodução
confirma o nível inferior da elaboração visuoespacial. Mas, se não há perda de
conteúdo, podemos inferir boa memória.
Considerações para interpretação

Mudança de posição do modelo


Alguns sujeitos mudam a posição do modelo antes de iniciar a cópia, e colocam o losango em
cima, com a ponta para a direita. A figura assim disposta adquire um aspecto de casinha. A
instrução exige que o modelo seja recolocado na posição original.
Entre as crianças pequenas, essa mudança de posição é relativamente frequente; entre os
adolescentes e os adultos, ela denota um estado mental bastante rudimentar. Pode ocorrer
que, a despeito da correção, o sujeito copie a figura, colocando-a verticalmente, e que ele a
assimile a uma casa com uma bandeira em cima, característica que se acentua na reprodução
de memória. Essa mudança de posição seja do modelo, seja da cópia, ou de ambos, será
considerado um sinal primitivo ou infantil
Considerações para interpretação

A partir dos 12 anos, os tipos de cópia V, VI e VII devem ser avaliados como
prováveis sinais de oligofrênicos.

Observam-se, entre os psicopatas, geralmente comprometidos intelectualmente,


acréscimos e sobreposições de elementos: alguns elementos estão em número
excessivo; existe tendência a preencher as superfícies, a adensar as linhas, passando
várias vezes o lápis por elas. O desenho torna-se pesado, carregado, cheio. Esses
fenômenos geralmente se revelam quando se passa da cópia para a reprodução de
memória.
Considerações para interpretação

Em crianças de 8 a 10 anos, com ou sem TDAH não apresentam


diferenças entre os modelos para cópia e memória.

Pacientes com danos no lobo frontal tendem a perseverar, confabular,


personalizar ou distorcer o desenho inicial ou, na etapa de memória
imediata, tendem a ser exagerados na repetição da lembrança, seguido,
geralmente, de uma cópia fragmentada (Le Gall, Truelle & Cols, 1990
in Lezak 1995).
Considerações para interpretação

Messerli e seus colegas (1979) analisaram cópias da figura de Rey tiradas por 32
pacientes cujas lesões estavam localizadas predominantemente nos lobos frontais.
Eles descobriram que, no geral, 75% diferiram significativamente do modelo. O erro
mais frequente (em 75% das cópias defeituosas) foi a repetição de um elemento que já
havia sido copiado, um erro presumivelmente resultante do fato de o paciente ter
perdido o que ele desenhou onde, por causa de uma abordagem desorganizada e não
verificando o produto final. Em um terço das cópias defeituosas, um elemento do
desenho foi transformado em uma representação familiar (por exemplo, o círculo
com três pontos foi redesenhado como uma face). A perseveração ocorreu com
menos frequência, geralmente aparecendo como hachuras cruzadas adicionais
(unidade de pontuação 12) ou linhas paralelas (unidade de pontuação 8). Omissões
também foram anotadas.
Considerações para interpretação

Pacientes com lesão no hemisfério esquerdo tendem a dividir o desenho em unidades


menores do que o normalmente percebido, enquanto a lesão no hemisfério direito
torna mais provável que elementos sejam omitidos (L.M. Binder, 1982).
No entanto, na evocação, pacientes com danos no hemisfério esquerdo que podem ter
copiado a figura de maneira fragmentada tenderam a reproduzir o contorno
retangular básico e os elementos estruturais como um todo, sugerindo que o
processamento de todos esses dados é lento, mas dado tempo, eles finalmente
reconstituem os dados como uma gestalt. Esta reconstituição é menos provável de
ocorrer em pacientes com lesão no hemisfério direito que, na evocação, continuam a
construir figuras pouco integradas. Os pacientes com dano no hemisfério direito
produziram cópias muito menos precisas do que os pacientes com dano no
hemisfério esquerdo.
Considerações para interpretação

Pillon (1981) observou que a complexidade da tarefa tende a induzir evidências de


desatenção visuoespacial esquerda em pacientes com lesões do lado direito; esses
pacientes também podem acumular elementos no lado direito da página, resultando
em um desenho confuso.
Considerações para interpretação

Diferenças entre pacientes com lesões parieto-occipitais e pacientes com


comprometimento do lobo frontal apareceram em falhas de cópia (Pillon, 1981b).
Erros cometidos pelos pacientes frontais refletiam distúrbios na capacidade de
programar a abordagem para copiar a figura. Pacientes com lesões parieto-occipitais,
por outro lado, tiveram dificuldades com a organização espacial da figura.
Considerações para interpretação
Dos pacientes com demência progressiva, aqueles com doença de Alzheimer
geralmente produzem cópias muito defeituosas, mesmo quando muitas pontuações
nos testes de capacidade ainda estejam dentro da faixa média (Brouwers et al., 1984).
Os desenhos de CFT e BVRT de pacientes com Alzheimer, mesmo pacientes com
um nível de severidade leve, eram frequentemente defeituosos, refletindo um
comprometimento visuoespacial que se correlacionava fortemente com as taxas de
perfusão cerebral na imagem SPECT e disfunção implicada nos circuitos do
hemisfério direito (Tippett e Black, 2008). CFT cópia foi entre várias medidas
neuropsicológicas que distinguiram a menor pontuação demência com corpos de
Lewy (DLB) da doença de Alzheimer e envelhecimento normal (Ferman, Smith, et al.,
2006). Outro estudo descobriu que o CFT é útil para distinguir pacientes com
comprometimento cognitivo leve de indivíduos saudáveis e não debilitados (Kasai,
Meguro, et al., 2006).
Considerações para interpretação

ADOLESCENTES USUÁRIOS DE MACONHA


Considerações para interpretação

ADULTOS COM DIAGNÓSTICO DE DEPENDÊNCIA DO ALCOOL


Considerações para interpretação

ADULTOS COM DIAGNÓSTICO DE EPILEPSIA


Figura Complexa de Taylor “Simplificada” Figura Complexa de Taylor
A avaliação de habilidades visioespaciais e de memória por tarefas como a Figura Complexa
de Taylor (FCT) é enviesada para idosos com baixa escolarização formal. Este estudo propõe
uma versão “simplificada” da FCT (FCTs) projetada para a avaliação dos idosos com baixo
nível educacional e apresentam evidências preliminares de suas propriedades psicométricas.

Métodos: Avaliaram uma amostra heterogênea de idosos saudáveis e pacientes com


comprometimento cognitivo leve e demência por Doença de Alzheimer usando a FCTs e
outras medidas neuropsicológicas.

Resultados: Os resultados sugerem que a cópia de teste, a evocação imediata e a evocação


tardia têm alta concordância entre avaliadores e elevada consistência interna, apresentam
correlações significativas com outros testes de habilidades visioespaciais, memória e
inteligência, além de documentarem diferenças significativas entre o grupo controle e os
pacientes.

Conclusão: Este estudo apresenta uma nova medida para a avaliação neuropsicológica de
idosos com baixa escolaridade, com evidências promissoras de validade e confiabilidade.
Para o desenvolvimento da versão simplificada, dois neuropsicólogos analisaram a figura
original e procuraram reduzir seus componentes.

Os critérios de exclusão do elemento envolvem curvas e elementos sobrepostos, duas


características envolvidas nos erros de “perda de perspectiva”, geralmente exibidos por
pacientes com baixa escolaridade formal em testes de desenho.

O procedimento de aplicação envolve um teste de cópia não cronometrado, seguido por


uma evocação imediata de 3 minutos e uma evocação tardia de 25 a 30 minutos.

Os procedimentos de pontuação basearam-se no procedimento de Osterrieth para o Teste


de Figuras Complexas de Rey para cada elemento: correto (precisão) e colocado
corretamente (2 pontos), correto (precisão) e mal colocado (1 ponto), distorcido /
incompleto mal colocado pontos (0,5), ausente ou não reconhecível (0 pontos). A
pontuação varia de 0 a 24 pontos.
OBRIGADA ☺

natalie@clincog.com.br

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